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I ANTÔNIO ANDRADE BARBOSA PLANEJAMENTO DE PREÇOS DE EXPORTAÇÃO EM PEQUENAS EMPRESAS. MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO SÃO PAULO - 2006

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I

ANTÔNIO ANDRADE BARBOSA

PLANEJAMENTO DE PREÇOS DE EXPORTAÇÃO EM PEQUENAS EMPRESAS.

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

SÃO PAULO - 2006

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II

ANTÔNIO ANDRADE BARBOSA

PLANEJAMENTO DE PREÇOS DE EXPORTAÇÃO EM PEQUENAS EMPRESAS.

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis e Financeiras, sob a orientação do Prof. Dr. Napoleão Verardi Galegale .

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

SÃO PAULO - 2006

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III

BANCA EXAMINADORA

__________________________

__________________________

__________________________

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IV

DEDICATÓRIA

Aos meus pais e avós, in memoriam, pelos ensinamentos

e exemplo de vida que souberam me transmitir.

Ao meu irmão, tios, sobrinhos, primos e demais familiares,

especialmente ao Gabriel e Gustavo, que a todos encantam.

Aos amigos com que a vida me presenteou. Na

impossibilidade de relacionar todos, ficam homenageados nas

pessoas dos praticamente irmãos Milton Reis e Silva Nunes,

Durval Falçarelli e Luiz Roberto Módolo.

À minha esposa Bernadete e amados filhos pelo apoio

que me deram nessa jornada e pelo sacrifício que deles exigi

nesses anos de estudos.

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V

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho não poderia ter sido concluído sem a participação de

muitas pessoas que de uma forma direta ou indireta contribuíram para essa

realização. Por questões práticas, impossível se torna mencionar todas. Porém,

quem de alguma forma colaborou com essa realização aceite meus agradecimentos,

independentemente da citação.

Primeiramente agradeço a Deus, pelo dom da vida e pela oportunidade de ter

concluído mais essa empreitada.

Ao Prof. Dr. Napoleão Verardi Galegale pelo espírito de colaboração ao

assumir minha orientação no momento que meu ex-orientador se desligou da PUC,

e pela orientação segura que me inspirou tranqüilidade para a conclusão do

trabalho.

Aos Profs. Drs. Carlos Alberto Pereira, da USP, e Carlos Hídeo Arima, da

PUC SP, pelas valiosas contribuições na banca de qualificação, que enriqueceram o

presente estudo.

Aos Profs. Drs. Roberto Fernandes dos Santos e Neusa Maria Bastos F. dos

Santos, coordenadores do Programa de Mestrado em Ciências Contábeis da PUC

SP, pela confiança e incentivo.

Aos professores do curso e colegas que foram peças fundamentais nessa

caminhada, especialmente ao colega de muitos trabalhos em comum e de docência,

Paulo Henrique Vaz da Silva.

À Faculdade Integração Zona Oeste (FIZO), pela oportunidade de

desenvolver-me na docência. Durante esses cinco anos em que lá leciono, pude por

em prática muita coisa aprendida no mestrado. A convivência nesse ambiente foi um

aprendizado complementar, por isso meu agradecimento a todos os colegas de

docência. Em especial ao Prof. Ms. Maurício Fernando Pocopetz, que me ajudou e

incentivou.

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VI

À Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP), pela prática da

docência, incentivo e ajuda financeira que propicia a seus professores.

Às empresas pesquisadas na pessoa de seus sócios e funcionários, que

contribuíram para ilustração desse trabalho.

A todos o meu muito obrigado.

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VII

Brilhante é a sabedoria, e sua beleza é

inalterável; os que a amam, descobrem-na

facilmente, os que a buscam encontram-na.

Ela antecipa-se a dar-se a conhecer aos

que a desejam. Aquele que, para a possuir, se

levanta de madrugada, não terá trabalho, porque a

encontrará sentada à sua porta.

Fazê-la objeto dos seus pensamentos é

prudência consumada, e aquele que vela, por

causa dela, depressa estará livre de cuidados.

Ela mesma vai à procura dos que são dignos

dela, e cheia de benevolência lhes aparece no

caminho e em todos os pensamentos vai ao

encontro deles.

Porque o seu princípio é um sincero desejo

de instruir e desejar instruir-se é já amá-la. Mas

amá-la é obedecer às suas leis, e obedecer às

suas leis é a garantia da incorruptibilidade.

E a incorruptibilidade faz que habitemos

junto de Deus. Desta forma, o desejo da sabedoria

conduz ao reino!

Se vos comprazeis, pois, nos cetros e nos

tronos, Príncipes dos povos, honrai a sabedoria e

reinareis eternamente.

Sabedoria 6: 12-21.

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VIII

RESUMO

Neste trabalho, procura-se mostrar a importância da pequena empresa no

plano econômico. Na economia brasileira, ela assume esse papel importante, porém,

no que tange ao comércio exterior, comparativamente a outros países, ela tem

deixado a desejar, mas tem potencial para desenvolver-se.

Acreditando nesse potencial de crescimento na pauta de exportação, o

presente estudo procura contribuir para esse desenvolvimento, analisando o

planejamento de preços de exportação. Discute a estratégia de formação de preços

com base na teoria econômica, de mercado e custos.

Examina os métodos de custeio e como eles devem ser utilizados nas

análises de custos para um eficaz planejamento do preço de venda de exportação.

Propõe a administração estratégica dos custos com base no Custo Meta que,

levando em consideração a visão de mercado, não perde de vista a importância do

planejamento do lucro para a perpetuação da empresa. O Custeio Kaizen traz para a

empresa a mentalidade de que sempre é possível melhorar os métodos e processos.

O sistema de Custeio Baseado em Atividade (ABC), apesar de sua difícil

aplicação na pequena empresa, é analisado sob a ótica de uma ferramenta para dar

subsídio à análise da Engenharia de Valor requerida pelo Custo Meta.

Ainda nesse contexto de administração dos custos, analisam-se os custos

específicos da exportação e seus incentivos, como forma de se ganhar vantagem

competitiva com a boa racionalização daqueles e boa utilização destes. O

planejamento tributário é também utilizado nesse raciocínio visando à economia de

impostos para a empresa.

Conclui-se o trabalho com uma análise do perfil da pequena empresa, pois é

a partir de suas características peculiares e de seu titular que se propõe um modelo

de planejamento de preço de venda para a exportação.

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IX

ABSTRACT

This essay is intended to show the importance of the small business in the

economic plan. In the Brazilian economy, it assumes a very important role; however,

in what concerns to foreign trade, and in comparison with other Countries, it still has

to grow, though it does have potential to develop.

Believing on this export plan growth potential, this present study is intended to

contribute to such development, by analyzing the export prices planning. It addresses

the price formation strategy based on costs and market economic theory.

It examines the costing methods and how they should be utilized in cost

analysis for an effective export sale price planning. It proposes the costs strategic

administration of costs based on the Target Costing, which, taking into consideration

the market vision, does not miss the importance of profit planning for the company

perpetuation. The Kaizen Costing brings to the company the thinking that it is always

possible to improve the methods and processes.

The Activity Based Costing (ABC), despite its difficult application in the small

business, is analyzed under the standpoint of a tool to supply the information to the

Value Engineering required by the Target Costing.

Still in this cost administration context, specific export costs and their

incentives are analyzed, as a way to obtain competitive edge by rationalizing the

costs and optimizing the incentives. Tributary planning is also used in such thinking

aiming at saving on taxes for the company.

The work is concluded with a small business profile analysis, because an

export sale price planning model is proposed based on this business and its owner s

peculiar characteristics.

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X

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................... 01

1. A ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO DE PREÇOS...................................... 12 1.1.A teoria econômica.................................................................. 12 1.2.Marketing e a formação de preços...........................................

13

1.3. Custos e a formação de preços.............................................. 16 1.4. O reflexo no resultado econômico/financeiro..........................

17 1.5.Conclusão................................................................................ 18

2. MÉTODOS TRADICIONAIS DE CUSTEIO: ABSORÇÃO, RKW E VARIÁVEL..................................................................................................... 20

2.1 O método de custeio por absorção......................................... 22 2.1.1 desvantagens do custeio por absorção........................ 22

2.1.1.1 Na análise de rentabilidade do mix dos produtos...................................................................... 23 2.1.1.2 Na análise de pedidos especiais..................................................................... 26 2.1.1.3 Na análise da relação Custo/Volume/Lucro....

27 2.2 RKW ou método de Custeio Integral........................................

31 2.3 Método de Custeio Variável..................................................... 31

2.3.1Vantagens do Custeio Variável......................................

32 2.3.1.1 Na análise da rentabilidade do mix de produtos...................................................................... 32 2.3.1.2 Na análise de pedidos especiais.....................

34 2.3.1.3 Na análise da relação Custo/Volume/Lucro....

36 2.4 Resumo das Vantagens e Desvantagens dos Métodos de Custeio........................................................................................... 37 2.5 Aplicação em uma empresa industrial..................................... 39 2.6 Conclusão................................................................................ 42

3. ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA DOS CUSTOS..................................

43 3.1 Gerenciamento e Custeio Baseado em Atividades..................

43 3.2 Custo Meta ou Target Costing..................................................

53 3.3 Custo Kaizen............................................................................

58 3.4 Um Estudo de Caso................................................................. 61 3.5 Conclusão................................................................................ 61

4. INCENTIVOS E CUSTOS ESPECÍFICOS DA EXPORTAÇÃO................ 63 4.1 Os incentivos............................................................................

63 4.1.1 Incentivos Fiscais..........................................................

64 4.1.1.1 A tributação da micro e pequena empresa..... 64 4.1.1.2 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interrestadual e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS)..............

68 4.1.1.3 Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS)...................................... 69 4.1.1.4 Programa de Integração Social

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XI

(PIS)............................................................................ 71 4.1.1.5 Drawback........................................................ 72

4.1.1.5.1 Modalidades................................... 72 4.1.1.5.1.1 Suspensão....................... 72 4.1.1.5.1.2 Isenção.............................

73

4.1.1.5.1.3 Restituição........................

74

4.1.1.6.1 Submodalidades..........................

74

4.1.1.6.1.1 Sem Cobertura Cambial....

74 4.1.1.6.1.2 Sem importação física.......

76 4.1.1.6.1.3 Solidário............................ 77 4.1.1.6.1.4 Intermediário......................

77 4.1.1.6.1.5 Interno ou Verde e Amarelo...............................................

78 4.1.2 Incentivos financeiros....................................................

79 4.1.2.1 Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC)...........................................................................

79 4.1.2.2 Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE)...........................................................................

79 4.1.2.3 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

EXIM........................ 79 4.1.2.4 Programa de Financiamento às Exportações (PROEX)..................................................................... 80 4.1.2.5 Letras de Exportação Exportes Notes.........

80 4.1.3 Seguro de Crédito à Exportação...................................

81 4.2 Custos Específicos...................................................................

81 4.2.1 Imposto de Exportação (IEX)........................................

81 4.2.2 Fórmulas contratuais típicas utilizadas no comércio internacional

International Commercial Terms (Incoterms) 82 4.2.2.1 EXW ex Works Na Origem........................

83 4.2.2.2 FCA Free Carrier livre no transportador..

83 4.2.2.3 FAS

Free Alongside Ship

livre no costado do navio......................................................... 84 4.2.2.4 FOB Free on Board

livre a bordo

84 4.2.2.5 CFR Cost and Freight

Custo e Frete

84 4.2.2.6 CIF

Cost, Insurance and Freight

custo, seguro e frete .

84 4.2.2.7 CPT

Carriage Paid to

transporte pago até............................................................................... 85 4.2.2.8 CIP

Carriage and Insurance Paid to

transporte e seguro pagos até

85 4.2.2.9 DAF

Delivered at frontier

entregue na fronteira....................................................................... 85 4.2.2.10DES

Delivered ex ship

entregue no navio............................................................................

86 4.2.2.11DEQ Delivered Ex Quay

entregue no cais..............................................................................

86 4.2.2.12DDU Delivered Duty Unpaid

entregue direitos não pagos.......................................................

86 4.2.2.13DDP Delivered Duty Paid

entregue direitos pagos.............................................................. 87

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XII

4.3 O planejamento tributário da empresa Vetor........................... 87 4.4 Conclusão................................................................................ 90

5. O MODELO PROPOSTO...........................................................................

91

5.1 O perfil da pequena empresa brasileira................................... 91 5.2 O modelo conceitual de planejamento de venda..................... 96

CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES............................................. 99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................

101

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XIII

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras

Figura 3.1

Alocação dos custos segundo os métodos de custeios tradicionais .

46 Figura 3.2 Alocação dos custos segundo o método de custeio ABC.........

47 Figura 4.1 Drawback suspensão................................................................

73 Figura 4.2 Drawback isenção.....................................................................

73 Figura 4.3 Drawback restituição.................................................................

74 Figura 4.4 Drawback sem cobertura cambial.............................................

75 Figura 4.5 Drawback envolvendo países................................................... 76 Figura 4.6 Drawback intermediário............................................................ 78 Figura 5.1 O modelo conceitual de planejamento de preço de venda..... 96

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XIV

Quadros

Quadro 1 - Valor exportado pelas empresas industriais, segundo porte, em anos selecionados......................................................... 08

Quadro 2 - Número de empresas industriais exportadoras, segundo o porte, em anos selecionados.................................................

09

Quadro 2.1 - custos variáveis mensais........................................................

24 Quadro 2.2 - rateio dos custos fixos aos produtos.......................................

24 Quadro 2.3 - cálculo da rentabilidade de cada produto............................... 25 Quadro 2.4 - cálculo dos custos fixos com novo rateio................................

25 Quadro 2.5 - cálculo de rentabilidade dos produtos com novo rateio..........

25 Quadro 2.6 - informações de produção e vendas........................................

28 Quadro 2.7 - demonstração do resultado do exercício

custeio por absorção .

30 Quadro 2.8 - cálculo da margem de contribuição valores unitários..........

33 Quadro 2.9 - demonstração do resultado do exercício

custeio variável (I) .

34 Quadro 2.10 - demonstração do resultado do exercício

custeio variável (II)

36 Quadro 2.11 vantagens e desvantagens do custeio por absorção............. 38 Quadro 2.12 vantagens e desvantagens do custeio variável......................

39 Quadro 2.13 cálculo do Mark-up por linha de produtos.............................. 41 Quadro 3.1 levantamento das atividades relevantes................................ 49 Quadro 3.2 custeio das atividades............................................................ 52 Quadro 3.3 Custo Meta x custos tradicionais.............................................

57 Quadro 3.4 Comparação entre custo padrão e Custo Kaizen................... 60 Quadro 4.1

Tributação dos Optantes pelo Simples federal sem convênio com Estado ou Município.......................................................

65

Quadro 4.2

Tributação dos optantes do Simples do Estado de São Paulo................................................................................... 67

Quadro 4.3

Comparação entre a tributação pelo Simples Federal, pelo Lucro Real e pelo Lucro Presumido da empresa Vetor......... 89

Quadro 5.1

Classificação das empresas segundo o porte (entidades nacionais)

92 Quadro 5.2

Classificação das empresas segundo o porte (entidades estrangeiras) .. 93

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1

INTRODUÇÃO

Contextualização

As pequenas e médias empresas têm desempenhado um papel importante na economia mundial. Nascedouro de grandes empresas, laboratório de empresários e executivos, geradoras de empregos e oportunidades, realização de sonhos: por tudo isso representam antes do que um tema de estudo, uma paixão (KASSAI,1996:19).

O Informe V da Organização Internacional do Trabalho, sobre as Condições

Gerais para Estimular a Criação de Emprego nas Pequenas e Médias Empresas,

relata que, nos Estados Unidos, no período 1989 a 1991, as pequenas e médias

empresas foram responsáveis por 57% dos empregos da população ativa dos

setores industrial e de serviços. Na União Européia, em 1.990, as Micro, Pequenas e

Médias Empresas absorviam 71,9% dos empregos formais. No caso Italiano,

continua o informe, as Pequenas e Médias Empresas são responsáveis pela

geração de emprego para 81% da população ativa dos setores industrial e de

serviços (FROMONT, 1996).

NAISBITT (1998:6 e 7) descreve o processo da necessidade das grandes

empresas se reestruturarem em unidade de negócios menores e mais flexíveis, a

exemplo das pequenas empresas. Segundo ele:

Para sobreviver, as grandes empresas atuais...estão desconstruindo a si mesmas e criando estruturas novas, muitas como redes de unidades autônomas. A desconstrução está, em voga, por ser a melhor forma de se buscar a sobrevivência...A mais fragmentada das grandes empresas globais é a ABB Asea Brown Boveri, o maior grupo mundial de engenharia elétrica. A sua receita anual excede 30 bilhões de dólares, auferidos por 1.200 empresas. Cada empresa possui em média apenas 200 empregados.

E continua citando outros exemplos das grandes empresas que estão

buscando essa versatilidade de pequena empresa. Cita declarações de executivos

dessas grandes empresas como a de Jack Welch, da GE, cuja mensagem

corporativa para os anos 90 é Pense Pequeno , diz: o que estamos tentando

implacavelmente fazer é obter aquela alma de pequena empresa

e a velocidade

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2

de pequena empresa

dentro de nosso corpo de grande empresa. Naisbitt relata

ainda a nova realidade da economia americana:

Somente 7% das exportações norte-americanas são criadas por empresas com 500 ou mais empregados. As 500 maiores empresas norte-americanas segundo a revista Fortune correspondem, agora, a apenas 10% da economia norte-americana, uma queda em relação aos 20% em 1970.Um total de 90% da economia note-americana está em outra parte: nas empresas pequenas e de porte médio. Os empreendedores individuais estão criando a grande economia global... Já 50% das exportações norte-americanas são geradas por empresas com 19 ou menos empregados.

O professor KANITZ (1995:68) endossa as afirmativas supra ao escrever:

O que fará o Brasil crescer são outras forças, como pequenos e médios empresários e jovens empreendedores, que abrem franquias nos mais diferentes pontos do país, entre outros. O importante não é mais uma grande e abrangente política econômica, e sim a eficiência gerencial de milhares de pequenas e médias empresas. Se estas falharem no seu trabalho, aí sim o Brasil não irá para frente. Mas, se o grande planejamento econômico não der certo, se a Constituição não for a melhor de todas, o efeito não será o mesmo de 40 anos atrás, quando o mundo era mais autoritário, os governos tinham mais poder e a força era exercida de cima para baixo.

No Brasil, as pequenas empresas, em 2002, representavam 99,2% do total de

empresas formais, 57,2% dos empregos formais urbanos, 26,0% de toda massa

salarial e outros rendimentos distribuídos pela totalidade das empresas privadas e

uma participação de 20% no PIB, conforme dados do IBGE (apud SEBRAE, acesso

21/12/05).

Nos Estados Unidos, as pequenas empresas respondem por 50% das

exportações (GLOBAL 21, 2005), sendo competitivas no âmbito internacional e

caracterizadas por sua cultura exportadora. Na Itália, em 1998, segundo estimativas

do Instituto Italiano per il Commercio Estero, o número de empresas exportadoras

italianas aproximava-se de 171.000, sendo que 98% delas tinham menos de 250

empregados. Estimativas mais recentes apontam para a existência de 165 mil micro

e pequenas empresas exportadoras, responsáveis por cerca de 38% das

exportações totais do País, conforme Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior (acesso em 26/12/2005). No Brasil, embora elas tenham uma

importante participação na economia nacional, conforme números já indicados, sua

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participação nas exportações brasileiras fica em torno de apenas 2,5% (dois e meio

por cento), conforme Quadro 1.

Vários são os benefícios gerados às empresas pela exportação, como

melhora na qualidade dos produtos, mudanças na estrutura das empresas,

diversidade de produtos, importação de tecnologia, tornando a empresa mais

competitiva e, com isso, trazendo benefícios para o mercado interno, devido às

melhorias incorporadas aos produtos. Essas melhorias, que começam na qualidade

do produto, vão para a organização desde o chão da fábrica até a estruturação de

um departamento de exportação, da produção, passando pela mentalidade de

gestão empresarial.

Estudos recentes têm argumentado que os mecanismos de

internacionalização são primordialmente uma conseqüência da capacidade

competitiva da empresa adquirida em seu mercado doméstico, associada a fatores

contingenciais relacionados às características econômicas, culturais e geopolíticas

do país de origem (ARRUDA, GOULART & BRASIL, 1994).

ROCHA (1987) agrupa os motivos de iniciação à exportação em dez fatores.

Os três primeiros (pedidos inesperados do exterior, existência de capacidade ociosa,

mercado saturado/muito competitivo) poderiam ser descritos como fatores que

empurram a empresa para o mercado externo. Os seis últimos (produto

singular/exclusivo, vantagem competitiva da empresa, oportunidades no mercado

internacional, melhor uso de recursos, maiores lucros, desejo da gerência) podem

ser descritos como fatores que puxam a empresa para este mercado. Há ainda os

incentivos governamentais, os quais podem ser vistos como um caso intermediário .

Os fatores motivadores do processo ou relacionados à iniciação da

internacionalização podem ser também caracterizados como fatores racionais,

ligados às características da empresa e de seu ambiente, como a competitividade de

seus produtos, oportunidades e riscos da exportação, problemas com o mercado

doméstico, capacidade ociosa, entre outros; ou não-racionais, ligados às

características do perfil dos responsáveis pela tomada de decisão, como a

propensão do executivo-chefe a delegar, a distância psicológica que ele percebe

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4

entre seu país e os mercados externos, o orgulho em ver seu produto

comercializado internacionalmente, entre outros.

Os motivos de iniciação à exportação podem também ser agrupados em dois

fatores. Internos: características peculiares da própria empresa, objetivos e desejos

da administração, recursos, etc.; e externos: pedidos vindos do exterior, apoio

governamental do país de origem ou do hospedeiro, etc.

Entre as pequenas empresas, as percepções do mercado externo afetam

fortemente seu comportamento com relação à exportação. Percepções positivas

levam a comportamentos otimistas, enquanto percepções negativas das

possibilidades no mercado externo são um forte impedimento para o

desenvolvimento das exportações dessas empresas (BURPITT & RONDINELLI,

1998).

Assim, por falta de conhecimento e orientação, as pequenas empresas

acabam se acomodando e se limitando ao mercado interno, mesmo até quando

existe possibilidade de participarem do mercado externo. É verdade que muitos são

os obstáculos a serem vencidos na competição internacional, exigindo do

empresário a busca constante de muita informação, participação em feiras e eventos

internacionais, para subsidiar suas tomadas de decisões.

Para SILVA (2001:24), dentre as tomadas de decisões na pequena empresa,

uma das cruciais diz respeito às decisões quanto aos preços a serem praticados para os bens e/ou serviços postos à disposição dos clientes. Este problema envolve a necessidade de conhecimento do mercado, dos concorrentes que atuam no ambiente próximo ou remoto à empresa e da capacidade de pagamento pelos clientes.

O SEBRAE constatou que cerca de 86% das MPEs (Micro e Pequenas

Empresas) afirmam que não conhecem a composição dos custos do principal

produto ou serviço que oferecem ao mercado. E mesmo quando elas têm disponível

alguns instrumentos de controle de custos, estes não são necessariamente

utilizados para tomada de decisão estratégica, visando uma gestão eficiente de

custos. Por falta de conhecimento dos seus custos, definem os preços de seus

produtos seguindo os preços praticados pelo mercado e, como conseqüência,

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5

podem estar operando com produtos rentáveis e outros que geram prejuízo, ou seja,

estão operando sem uma posição clara. Se essas empresas possuíssem maior

domínio de seus custos, estariam aptas a redirecionar de forma vantajosa seu mix

de produtos, a reagir mais rapidamente às condições adversas do mercado,

melhorando assim seu desempenho financeiro e aumentando seu potencial de

crescimento/acumulação (nas conjunturas mais favoráveis) e suas chances de

sobrevivência (nas conjunturas desfavoráveis), (SEBRAE, acesso 23/01/05).

Na área de comércio exterior, a situação não é diferente. BARBOSA &

SIQUEIRA (2003), em sua pesquisa, concluem que as pequenas empresas

brasileiras têm problemas gerenciais que dificultam sua permanência no mercado

exterior:

os principais dificultadores se encontram na política de recursos humanos e cultural da empresa; na estrutura produtiva e tecnológica; e na administração financeira. No caso do principal dificultador dentro da área da administração financeira, dos 26 entrevistados, a maioria, 19,2%, afirmaram que sua empresa obteve dificuldades na definição do preço dos produtos direcionados para o mercado externo. (grifo nosso).

Para MINERVINI (2001:58),

não é difícil encontrar exportadores que para estabelecer seu preço de venda aplica sobre o preço do mercado interno um desconto de x %

e um fator K

para transformá-lo em moeda local. Quando se tem esse procedimento, pode ocorrer duas coisas: ou perdemos dinheiro (pois talvez pudéssemos oferecer um preço mais alto tendo informações de mercado) ou perdemos vendas (pois o preço pode resultar demasiadamente alto).

GONÇALVES (2003:175) menciona como uma das principais conclusões de

seu estudo que os dirigentes fixam preços por sensibilidade e comparação com a

concorrência, e muitas vezes estão tendo prejuízo em determinados produtos, não

conseguindo identificar a origem.

Identificação do problema

Na determinação de um assunto para pesquisa, deve-se buscar um problema

importante e viável, que se refira a questões ideológicas e que traga uma

contribuição útil e prática ao conhecimento científico. Deve, sem dúvida, trazer

Page 20: PLANEJAMENTO DE PREÇOS DE EXPORTAÇÃO EM … - ANTONIO... · Examina os métodos de custeio e como eles devem ser utilizados nas ... 2.4 Resumo das Vantagens e Desvantagens dos

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solução para alguma questão que polariza ou afeta algum segmento da sociedade.

Na formulação do problema, deve o pesquisador prender-se a uma dificuldade

específica com a qual ele se defronta e que pretende resolver por intermédio da

pesquisa ( LAKATOS, 1996:103).

Assim, de acordo com o contextualizado identifica-se o seguinte problema:

Como deve ser um modelo de planejamento de preços de venda de

exportação adequado às pequenas empresas?

Considerando as dificuldades anteriormente mencionadas, o presente estudo

pretende contribuir no planejamento de preços de venda de exportação dessa

importante atividade da pequena indústria nacional. O estudo em bases

metodológicas como este constitui-se no meio pelo qual a Ciência da Contabilidade

procura atender ao aspecto de sua responsabilidade social e política no ambiente

atual. As variáveis relacionadas nessa pesquisa dizem respeito à influência das

características dos pequenos negócios, seus gestores e à conjuntura econômica na

qual estão inseridas na formação de seus preços.

Objetivos do trabalho

Objetivo geral

Analisar aspectos relevantes do planejamento de preços de exportação para

as pequenas empresas, levando-se em consideração diferentes técnicas e

abordagens, de acordo com os objetivos da empresa.

Objetivos específicos

Levantamento, identificação e análise das contribuições ao estudo dos

preços, originadas nas teorias econômica, mercadológicas e

contabilidade gerencial;

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Levantamento de um referencial teórico sobre o processo de

planejamento de preços de exportação;

Elaboração de um conjunto de requisitos que devam ser incorporados

na estruturação do modelo de preços de exportação na pequena

empresa.

Justificativa do trabalho

...justificar a escolha do tema, evidenciando sua importância e oportunidade, são os objetivos desta parte. A justificativa deve ser feita de maneira simples e racional...

(ANDRADE, 1997:96).

Para justificar esse trabalho, levam-se em conta os seguintes aspectos:

A importância da pequena empresa pela sua participação na economia

brasileira e mundial, conforme já discutido na contextualização do

presente trabalho;

A necessidade da maior participação da pequena empresa na pauta de

exportação da economia brasileira;

O pequeno número de estudos acadêmicos voltados especificamente

para as necessidades das pequenas empresas;

Ser o preço de venda a principal fonte de captação de recursos que

representa o mais importante caminho na consecução do objetivo

principal da empresa, que é sua continuidade.

A necessidade de maior participação na pauta de exportação

O relatório Desempenho Exportador das Micro e Pequenas Empresas

Industriais do Sebrae, em parceria com a Fundação Centro de Estudos do

Comércio Exterior

FUNCEX, informa que, no Brasil, existem 17.963 empresas

exportadoras, que em conjunto exportaram o equivalente a US$ 96,2 bilhões em

2004. As micro e pequenas empresas industriais representam 62,1% do número de

empresas industriais exportadoras, porém respondem por apenas 2,3% do valor total

exportado, conforme mostram os quadros 1 e 2:

Page 22: PLANEJAMENTO DE PREÇOS DE EXPORTAÇÃO EM … - ANTONIO... · Examina os métodos de custeio e como eles devem ser utilizados nas ... 2.4 Resumo das Vantagens e Desvantagens dos

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Quadro 1

Valor exportado pelas empresas industriais, segundo o porte, em anos Selecionados

Tamanho Valor Exportado US$ Milhões

FOB

1998 2003 2004

Participação %

1998 2003 2004

Micro 110,6 137,3 150,6 0,3 0,2 0,2

Pequena 997,1 1.369,5 1.696,4 2,3 2,2 2,1

Total micro e pequena 1.107,7 1.506,8 1.847,0 2,6 2,4 2,3

MP especial * 2.457,5 2.531,2 3.448,2 5,7 4,0 4,2

Média 7.926,7 9.004,5 13.083,4 18,4 14,4 16,0

Grande 31.623,3 49.607,6 63.333,3 73,3 79,2 77,4

Empresa ind não classificada 6,9 0,3 71,0 0,0 0,0 0,1

Total da empresas industriais 43.118,1 62.650,4 81.782,9 100,0 100,0 100,0

Empresas não industriais 7.981,6 10.330,1 14.462,0

Total empresas export (1) 51.099,7 72.980,5 96.245,0

Fonte: SECEX/MEDIC apud Sebrae (acesso 10/10/05)

Nota: (1) exclui exportações realizadas por pessoas físicas (identificadas por seus CPF s)

Microempresas: possuem menos de 20 pessoas ocupadas e exportam até US$ 300 mil/ano;

Pequenas empresas: possuem menos de 100 pessoas ocupadas e exportam até US$ 2,5 milhões/

ano (excluídas as já classificadas como microempresas);

*Micro e Pequenas especiais (MP especial) são as que possuem menos de 100 pessoas ocupadas e

exportações anuais superiores a US$ 2,5 milhões.

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Quadro 2

Número de empresas industriais exportadoras, segundo o porte, em anos selecionados

Tamanho Número de empresas

1998 2003 2004

Participação %

1998 2003 2004

Micro 2.325 2.754 2.767 23,9 24,1 23,1

Pequena 3.529 4.334 4.676 36,2 38,1 39,0

Total micro e pequena 5.854 7.098 7.443 60,1 62,2 62,1

MP especial 200 241 365 2,1 2,1 3,0

Média 2.699 3.001 3.044 27,7 26,3 25,4

Grande 960 1.064 1.064 9,9 9,3 8,9

Empresa ind não classificada 23 9 60 0,2 0,1 0,5

Total da empresas

industriais

9.736 11.413 11.976 100,0 100,0 100,0

Empresas não industriais 4.184 5.869 5.987

Total empresas export (1) 13.920 17.282 17.963

Fonte: SECEX/MEDIC apud Sebrae (acesso 10/10/05)

Nota: (1) exclui exportações realizadas por pessoas físicas (identificadas por seus CPF s)

Em comparação com outros países industrializados, Itália e Estados Unidos,

por exemplo, em que as pequenas empresas geram 50% das exportações, conclui-

se que as pequenas empresas brasileiras têm muito a se desenvolver e contribuir

nessa área. Muitos ainda são os obstáculos que precisam ser superados, entre eles

o de planejamento do preço de venda.

O pequeno número de estudos acadêmicos voltados especificamente para as

necessidades das pequenas empresas

Não obstante a importância da pequena empresa no cenário brasileiro e

mundial, são poucos os estudos acadêmicos voltados para ela (pequena empresa).

BORTOLI NETO (1986:74) afirma: a literatura brasileira apresenta-se

bastante escassa, no que diz respeito aos estudos desenvolvidos sobre o

empreendedor.

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KASSAI (1996:32) constatou que:

No Departamento de Contabilidade da FEA/USP, por exemplo, efetuamos um levantamento das teses e dissertações apresentadas voltadas para o estudo específico das médias, pequenas e micro empresas. São ao todo três trabalhos, dois a nível de mestrado e uma tese de livre-docência.

Em uma relação de 408 teses e dissertações defendidas até meados de

2003, de Contabilidade e Controladoria do Departamento de Contabilidade da

FEA/USP, constatou-se cinco dissertações de mestrado e uma tese de doutorado.

Em pesquisa ao banco de dados de teses e dissertações da Fundação

Getúlio Vargas, no dia 24/08/2005, constatou-se que entre 2.622 teses e

dissertações apenas 29 se referiam a pequenas empresas.

Ser o preço de venda o fator decisivo de continuidade do empreendimento

A decisão de preços de venda é uma questão complexa, pois impacta as

diversas variáveis com que os gestores devem operar. Embora sem dispor das

mesmas tecnologias de informações e profissionais especializados nas diversas

área específicas do negócio, elas precisam continuar gerando bens e serviços para

a satisfação das necessidades da sociedade e sua continuidade é pressuposto

básico para a Contabilidade.

Pretende o presente trabalho ser uma contribuição social da contabilidade à

continuidade da pequena indústria que exporta ou venha a se interessar por essa

atividade.

Metodologia da pesquisa

Este trabalho fundamenta-se em uma pesquisa bibliográfica direcionada à

conceituação e análise dos aspectos relevantes no planejamento de preços de

exportação, focando seu desenvolvimento e conclusão na análise dos custos como

fator limitante desse planejamento e a administração estratégica deles como fator de

competitividade e conquista de mercado. Utiliza-se do método dedutivo.

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Estrutura do trabalho

Esta dissertação está estruturada em introdução, cinco capítulos e

considerações finais, sumarizados conforme segue:

Introdução: apresenta uma visão geral do trabalho, mediante a

contextualização, definição do problema, objetivos, justificativa, metodologia e a

estrutura da dissertação.

Capítulo 1 (a estratégia de formação de preços): analisa-se nesse capítulo a

estratégia de formação de preços, levando-se em consideração os objetivos da

empresa, a teoria econômica, conceitos de marketing e custos.

Capítulo 2 (Métodos tradicionais de custeio:absorção, RKW e direto):

apresenta conceitos de custos, e desses métodos de custeio, bem como a utilização

deles na tomada de decisão de preços.

Capítulo 3 (Gerenciamento e Custeio Baseado em Atividade): analisa esse

sistema de custeio, principalmente sob a ótica da gestão estratégica de custos,

visando à utilização do Custo Meta e Custo Kaizen adaptados à realidade da

pequena empresa.

Capítulo 4 (Incentivos e custos específicos da exportação): analisa-se os

incentivos fiscais e financeiros da atividade exportadora, com o objetivo de orientar

um planejamento tributário e financeiro, bem como seus custos específicos,

principalmente as cláusulas contratuais típicas de comércio exterior (Incoterms).

Capítulo 5: a partir da problemática levantada na introdução, respondendo à

questão proposta, partindo do conceito de pequena empresa, suas características e

principais dificuldades apresenta um modelo de tomada de decisão de preços de

exportação, levando-se em consideração os diversos aspectos que interferem nessa

decisão, mas focando na análise e administração estratégica dos custos.

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1. A ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO DE PREÇOS

Para BRUNI & FAMÁ (2003:357),

a estratégia refere-se às relações entre a empresa e seu ambiente, e o processo de construção de seu futuro.... No processo de gestão de custos e formação de preços, conceitos extraídos da literatura de administração estratégica e/ou planejamento estratégico possuem grande relevância. Rentabilidade, custos e preços planejados para o futuro somente podem ser pensados mediante a análise estratégica da empresa e de seu ambiente competitivo.

O presente capítulo discute a influência das teorias econômica,

mercadológica e de custos no planejamento do preço de venda, levando em

consideração aspectos do ambiente externo e interno da empresa, bem como seus

objetivos.

1.1 A teoria econômica

A teoria econômica sempre nos posicionou que o preço é definido pelo

mercado no ponto onde se encontram as curvas da oferta e da procura. Assim, essa

definição não é unilateral, cabendo às partes analisar os componente dessa lei de

mercado, para melhor posicionar suas decisões em relação aos preços. A

intensidade da resposta dos consumidores às alterações de preços é conhecida

como elasticidade da demanda (E), cuja fórmula é:

E = alteração percentual na quantidade vendida

alteração percentual do preço de venda

O sinal negativo na fórmula acima é introduzido como conseqüência da

relação inversa entre quantidade vendida e preço de venda.

Se E>1, a demanda é elástica, isto é, quando há uma alteração no preço para

mais, a redução na quantidade comprada é proporcionalmente maior que a

alteração do preço. Isso quer dizer que uma alteração nos preços para mais

resultará numa redução tão grande da quantidade demandada que a receita total irá

diminuir.

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Se E<1, a demanda é inelástica, isto é, quando há uma alteração no preço

para mais a redução na quantidade comprada é proporcionalmente menor que a

alteração do preço. Isso que dizer que alteração nos preços para mais resultará em

um aumento na receita total.

Segundo NAGLE os modelos econômicos não foram desenhados para

descrever realisticamente a maneira como as empresas precificam seus produtos ou

a maneira como os consumidores reagem aos preços. Os modelos econômicos são

abstrações: eles mantêm constantes uma série de variáveis enquanto alteram outras

e isto não é o que ocorre no mundo real. O objetivo dos modelos econômicos é

entender o comportamento geral das empresas de um determinado setor da

atividade econômica e não de uma empresa individualmente, motivo pelo qual, neste

trabalho, que tem uma preocupação com a unidade empresarial, não se detém na

análise do modelo econômico de determinação de preços de venda.

A curva de demanda e elasticidade-preço são mais difíceis de serem

determinadas para uma empresa individualmente que para um setor da atividade

econômica, todavia não se pode negar a importância dos conceitos de elasticidade e

inelasticidade da demanda, que são, nesse caso, mais importantes que a própria

medida. Para KAPLAN e ATKINSON (2000b), o modelo econômico de demanda é

valioso pelo fato de focalizar a atenção das empresas para o ambiente externo, onde

o produto é vendido. Ele força as empresas a pensarem não somente em quanto

custa produzir, mas também em quanto os consumidores desejam pagar por este

produto.

1.2. Marketing e formação de preços

Como integrante dos 4 P s do Marketing (produto,promoção, ponto, preço), o

preço é um dos componentes da estratégia de marketing, não podendo ser

analisado isoladamente. O preço do produto afeta a percepção do mercado acerca

de suas qualidades, porém a interação preço, produto, propaganda e distribuição

interfere no sucesso de uma estratégia de preços.

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A análise do produto comercializado pela empresa é um dos determinantes

de sua política de preços: se a empresa oferece um produto diferenciado ou é um

líder de custos tem que precificá-los de forma diferente.

As empresas precisam levar em consideração seus objetivos e necessidades

de crescimento, cobrir custos, gerar um determinado fluxo de caixa e atingir uma

determinada taxa de retorno, sem contudo esquecer do consumidor na

determinação dos preços de venda dos seus produtos. A precificação correta

depende tanto de cálculos precisos, quanto de bom julgamento, levando em

consideração as preferências dos consumidores e suas reações e isto é uma

especialidade da área de marketing.

Para SEMENIK (1996:358), a decisão de preço é afetada pela própria

empresa na forma de seus objetivos, recursos e decisões tomadas em outra áreas

do marketing mix . Exemplificando, cita a opção da Procter & Gamble pela

qualidade ambiental de seus produtos, o que gera custos maiores em adaptar

embalagens e processos produtivos ao meio ambiente. Esses custos maiores são

traduzidos em preços mais altos. Da mesma forma, cita a opção da empresa por

qualidade, gerando uma imagem da marca no mercado, bem como a proteção dos

produtos da empresa por patente, permitindo dessa forma um grau maior de

flexibilidade no preço.

Também é importante salientar-se o conceito de valor econômico do produto

(VE), que sob a ótica do cliente é decomposto em duas partes:

valor de referência, que é o custo de qualquer produto concorrente que, sob o ponto de vista do consumidor, seja o substituto mais próximo do produto em questão;

Valor de diferenciação, que é o valor dos atributos do produto que o tornam diferente do substituto mais próximo. Este valor pode ser positivo ou negativo (LOUREIRO, 1994:22).

NAGLE (1987) relaciona três estratégia genéricas de preços que uma

empresa pode adotar:

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Preços voltados para a nata do mercado (skim pricing)

produtos

com demanda inelástica, isto é, clientes com pouca sensibilidade a preço, que

valorizam a diferenciação do produto (valor econômico). Com essa estratégia visa-se

obter uma margem alta de lucro, mesmo perdendo-se volume de vendas. Qualquer

fator que reduza a sensibilidade a preço poderá atender um segmento de

compradores, que pagarão um preço mais elevado. Esta estratégia não deve ser

adotada quando há possibilidade de grandes economias de escala. Sem dúvida

essa prática tende a atrair concorrentes devido às altas margens praticadas;

Preço de penetração

essa estratégia consiste em estabelecer

preços abaixo do valor econômico para atrair e manter uma grande clientela. A

condição para aplicar-se essa prática é que a demanda seja elástica, isto é, que o

mercado seja sensível a preço. É aplicada a produtos com pequena diferenciação do

tipo ou próximo a commodities e que a diferença de preço compense a

diferenciação do produto concorrente. A implantação dessa política é favorecida

quando há possibilidade de grandes economias de escala, e conseqüentemente,

custos incrementais baixos em relação ao preço de venda. Nessa estratégia,

políticas de redução de custos com aplicação de Custo Meta e Custo Kaizen são

altamente recomendáveis. É importante também que a empresa praticante tenha

uma vantagem de custo que desencoraje a concorrência a iniciar uma guerra de

preços, ou que seja tão pequena que não chegue a afetar as vendas dos

concorrentes;

Estratégia de preços neutros

é o estabelecimento do preço do

produto dentro de uma faixa que a maioria dos consumidores considerará

compatível com seu valor econômico. Nesse caso, a empresa prefere utilizar outras

ferramentas de marketing para ganhar participação de mercado.

Uma vez escolhida uma estratégia de preços, não significa que ela tenha que

ser única para determinado produto, pois normalmente os produtos são comprados

por diversos segmentos e com diferentes sensibilidades a preço. As empresas

normalmente dividem seus compradores em diversos grupos ou segmentos, tais

como atacadistas, distribuidores, lojistas e consumidores, e a partir dessa

segmentação estabelece programas de marketing apropriados a cada segmento.

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1.3. Custos e a formação de preços

O mercado não é nem deve ser o único caminho para a definição de preços,

mas é importante ter os preços compatíveis com o mercado. Os custos não definem

os preços de venda, mas eles exercem um papel importante na formulação da

estratégia deles. Compete ao empresário decidir sobre seus preços de venda.

Porém, se errar para maior, perde o mercado; se errar para menor, compromete o

negócio.

HORNGREN, FOSTER & DATAR (2000) consideram que há três influências

principais sobre as decisões de preços: clientes, concorrentes e custos. Segundo

eles, a teoria econômica e pesquisas de como as empresas tomam decisões de

preços revelam que as companhias ponderam diferentemente clientes, concorrentes

e custos. As que vendem produtos do tipo commodity têm que aceitar o preço

imposto pelas forças de mercado, mas os dados sobre os custos podem ajudar

esses negociantes a estabelecer, por exemplo, o nível de atividade (output) que

melhor atenda aos objetivos particulares da empresa. Em mercados menos

competitivos, continuam, as empresas têm certa discrição na fixação dos preços. A

decisão de preços depende de como os clientes avaliam o produto, das estratégias

de preço dos competidores e dos custos.

Assim, a apuração dos custos dos produtos é importante para servir de

suporte para a decisão do preço.

Não há, contudo, um modo único de apuração do custo de um produto que seja universalmente relevante para todas as decisões de preço. Por quê? Porque as decisões de preços diferem muito, tanto nos horizontes de tempo quanto nos seus contextos, (HORNGREN et al 2000:302).

PADOVEZE (2004) conclui que, embora em muitos casos o preço de venda

seja fornecido pelo mercado, o cálculo dos custos é um parâmetro inicial ou padrão

de referência para análises comparativas e que em diversas outras situações podem

exigir a utilização dos procedimentos de formação de preços de venda a partir do

custo, como:

estudos de engenharia e mercadologia para introdução de novos

produtos;

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acompanhamento dos preços e custos dos produtos atuais;

novas oportunidades de negócios;

negócios ou pedidos especiais;

faturamento de produtos por encomenda;

análise de preços de produtos de concorrentes, etc.

Uma empresa com conhecimento da tecnologia, da capacidade instalada e das políticas operacionais dos concorrentes é igualmente capaz de fazer estimativa dos custos dos concorrentes, o que é uma informação valiosa para a fixação de preços competitivos (HORNGREN et al 2000:302).

Para se calcular os custos unitários de um produto, precisa-se de um método

de custeio para apropriação dos custos diretos e indiretos aos produtos.

Conforme KAPLAN (2000a), os sistemas de custos têm sido

desenvolvidos e utilizados pelas empresas visando cumprir três funções principais,

normalmente estabelecidas por seus usuários:

avaliação dos estoques, visando um público externo, como

fornecedores, bancos e aspectos legais e fiscais;

controle das despesas operacional e de custos, visando a análise dos

recursos da empresa consumidos por produtos, serviços e clientes;

a mensuração da eficiência dos processos para um feedback aos

administradores.

1.4 O reflexo no resultado econômico/financeiro

Embora não possa ser considerada uma teoria da estratégia e formação

de preços, o reflexo do preço no resultado econômico/financeiro da empresa deve

ser sempre simulado nesse planejamento. É a ferramenta de mensuração do

resultado do planejamento.

Dizem os administradores financeiros que o principal objetivo da empresa

é criar valor para o acionista, ou seja, aumentar a riqueza de seus proprietários. Sem

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querer deixar em segundo plano os demais objetivos da empresa, tais como

colaborar, preservar e desenvolver a comunidade na qual está inserida, é a boa

rentabilidade que motivará o empresário a continuar o desenvolvimento de seu

negócio e a contribuir com melhores condições para a comunidade e o ambiente em

que está inserida sua empresa e suas atividades comerciais.

SANTOS (1995) afirma que os empresários em suas decisões de preços

devem levar em consideração diferentes técnicas e abordagens, dentre elas, as

mais conhecidas são as baseadas na teoria econômica, nos custos, na demanda e

na concorrência, porém os objetivos da empresa constituem o primeiro e mais

importante fator direcionador na política de estruturação do preço de venda.

Portanto, a decisão de preços tem que atender a este requisito para que

os proprietários da empresa se sintam motivados e para que a empresa possa

cumprir sua missão. É lógico que o ambiente de mercado impõe restrições à

empresa, mas se elas não existissem a suposição imediata seria a de lucros

incessantes e ilimitados.

Assim, a escolha da melhor alternativa de preço deve sempre levar em

consideração a sua influência no resultado da empresa.

1.5 CONCLUSÃO

Este capítulo mostrou que, numa política de planejamento de preços, algumas

estratégias devem ser adotadas.

Verificou-se que todas as teorias trazem contribuições valiosas, porém

também têm as suas limitações. A teoria econômica procura explicar o

comportamento geral das empresas, uma conceituação estrategicamente relevante,

porém de aplicação prática bastante difícil. A teoria de marketing leva em

consideração o consumidor e a concorrência, que são fatores de extrema

importância, porém não podem garantir a continuidade do negócio a longo prazo se

não levar em conta os custos e despesas da empresa. Assim, a precificação eficaz

depende tanto de cálculos precisos como de bom julgamento.

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Mostrou-se também que a política de planejamento de preços deve levar em

conta os objetivos gerais da empresa, principalmente, o seu maior objetivo, que é

ser rentável em longo prazo.

No próximo capítulo analisar-se-á os métodos de custeio e sua influência no

planejamento dos preços.

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2. MÉTODOS TRADICIONAIS DE CUSTEIO: ABSORÇÃO, RKW

E DIRETO

No capítulo anterior as variáveis mais importantes que interferem no

planejamento dos preços foram objeto de análise. Consumidores, concorrentes, os

custos da empresa e seus objetivos foram o alvo das considerações desse

planejamento.

Neste capítulo será focada a análise dos custos como fator importante na

formulação desta estratégia. Esta análise dos métodos tradicionais de custeio

procurará mostrar suas vantagens e limitações comparando-se os sistemas de

custeio por absorção e direto.

Antes de começar a análise dos métodos de custeio precisa-se definir alguns

conceitos que serão utilizados:

Custo: recursos utilizados no processo de produção, tanto os materiais

quanto a mão-de-obra, depreciação de máquinas e equipamentos quanto a

administração da produção.

Despesas: recursos utilizados nas atividades financeiras, de vendas e

administração geral da empresa.

Custo Direto: Segundo MARTINS (2003), o custo direto é definido como

sendo aquele que pode ser atribuído ao produto através de uma medida de

consumo como quilogramas ou metros de matéria-prima consumida, embalagens

utilizadas etc. Conclui-se da definição que custo direto é aquele identificado de

forma clara, simples e objetiva em relação ao produto.

Custo Indireto: esses custos são aqueles que não podem ser atribuídos aos

produtos de uma maneira clara, simples e objetiva, sendo sempre feita sua

atribuição ao produto através de uma estimativa que se denomina rateio. Como

exemplo pode-se citar o aluguel ou o custo da administração da fábrica para uma

indústria que tem diversos itens na sua linha de produção. Conforme MARTINS

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(2003:53), cada vez que é necessário utilizar qualquer fator de rateio para a

apropriação ou cada vez que há o uso de estimativas e não de medição direta, fica o

custo incluído como indireto.

Além da classificação de direto e indireto, os custos também são classificados

em fixos e variáveis, em função de seu comportamento em relação ao volume de

produção. Para efeito de precificação é de fundamental importância essa

classificação para o entendimento do comportamento dos custos.

Custos Variáveis: alteram-se direta e proporcionalmente ao volume de

fabricação. Custos com matérias-primas, mão-de-obra de beneficiamento dos

produtos por terceiros são exemplos de custos variáveis, pois quanto mais unidades

produzidas, maiores esses custos e na mesma proporção das unidades produzidas.

Se uma montadora de automóveis paga R$ 50,00 por unidade de volante o custo

total dos volantes seria R$ 50,00 vezes o número de carros produzidos, sendo esse,

portanto, um custo variável.

Custos Fixos: é aquele que não se altera com o volume de fabricação,

dentro de determinado nível de atividade econômica. Custos como aluguéis, prêmio

de seguro do prédio são exemplos de custos fixos pois independentemente da

quantidade produzida o valor será sempre o mesmo. HORNGREN (1989:41) cita

que os ...custos fixos são aqueles cujo total permanece inalterado numa grande

amplitude de volumes.

Custos semivariáveis ou semifixos: são aqueles que têm componentes das

duas naturezas, isto é, fixo e variável. Custos como conta telefônica tem parte fixa

(assinatura) e variável (as ligações efetuadas). Nesse caso, o comportamento dos

custos deve ser analisado separando-se a parte fixa, e tratando-se com custo fixo, e

a parte variável, e tratando-se como custo variável.

Definido esses conceitos, analisar-se-ão os métodos de custeio.

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22

2.1 O método de custeio por absorção é caracterizado por atribuir todos os custos

de fabricação ao produto, tantos os diretos quanto os indiretos, variáveis e fixos.

Tem como vantagem a simplicidade, pois adicionando-se as despesas gerais de

administração, vendas, financeiras e margem de lucro desejada chega-se ao preço

de venda com base no custo.

Esse método deriva dos Princípios Contábeis Geralmente Aceitos em que os

ativos, estoques de produtos acabados ou em processos, devem ser valorizados

pelo seu custo total de fabricação. Atende aos aspectos da contabilidade societária e

aspectos fiscais. Devendo portanto ser utilizado para efeitos de imposto de renda e

relatórios externos para fornecedores, bancos etc.

Sob o ponto de vista estratégico, esse método é importante, pois no longo

prazo todos os custos da empresa devem ser cobertos e ainda se obter um lucro

para que a missão da empresa seja atendida.

A apropriação dos custos indiretos aos produtos é feita através do uso de

critérios de rateio como, por exemplo, horas máquinas, mão-de-obra direta, valor da

matéria-prima aplicada, entre outros, que sempre conterá um maior ou menor grau

de arbitrariedade. Devido à utilização dos rateios, para que esse grau de

arbitrariedade esteja dentro de um mínimo aceitável, há a necessidade de que as

pessoas envolvidas nesse processo conheçam muito bem o sistema de produção.

Para BACKER & JACOBSEN (1973:215-6), a principal vantagem do método

de custo pleno é que ele assegura a recuperação total dos custos e a obtenção de

uma margem planejada de lucros. Isto é especialmente importante na fixação dos

preços no longo prazo. Logicamente, uma empresa para sobreviver a longo prazo

precisa de uma receita que cubra seus custos e despesas variáveis e fixos.

2.1.1 desvantagens do custeio por absorção

Sob o aspecto de análise de custos para tomada de decisão, o grande

problema do custeio por absorção está na apropriação dos custos indiretos aos

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produtos, uma vez que os custos indiretos são formados em grande parte por custos

fixos. Esse procedimento, para efeitos de análise do comportamento dos custos e

tomada de decisão, dificulta certas análises e pode levar a algumas conclusões

enganosas.

MARTINS (2.003:197-198) menciona três grandes problemas na utilização do

método de custeio por absorção para efeitos de tomada de decisões gerenciais:

2.1.1.1 Na análise de rentabilidade do mix de produtos:

por não dizerem respeito a este ou àquele produto ou a esta ou àquela unidade, são quase sempre distribuídos à base de critérios de rateio, que contêm, em maior ou menor grau, arbitrariedades;quase sempre grandes graus de arbitrariedade. A maior parte das apropriações é feita em função de fatores de influência que, na verdade, não vinculam efetivamente cada custo a cada produto, porque essa vinculação é muito mais forçada do que costumamos acreditar. Se, a fim de avaliar um produto para efeito de estoque,isso pode ser uma forma de minimizar injustiças, para efeito de decisão simplesmente mais confunde que auxilia; o fato de se apropriar de uma forma pode alocar mais custo em um produto do que em outro e se alterarmos o critério de rateio, talvez façamos o inverso. Por se alterar um procedimento de distribuição de custos fixos, pode-se fazer um produto rentável um produto não rentável (aparentemente), ou transformar um superavitário em deficitário, e vice-versa. E não há lógica em se alterar o grau de rentabilidade de um produto em função de modificações nas formas de rateio; essa é uma maneira de se auto-enganar.

Exemplificando o mencionado, suponha-se uma empresa que fabrica três

produtos, cujos custos e preços de venda sejam os seguintes:

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QUADRO 2.1

Custos variáveis mensais

ITENS A B C TOTAL

Matéria-prima 250.000 90.000 110.000 450.000

Outros custos variáveis 140.000 41.000 99.000 280.000

Soma custos variáveis 390.000 131.000 209.000 730.000

Unidades produzidas 4.000 3.000 3.500

Custos variáveis unitários

97,50 43,67 59,71

Os custos fixos mensais dessa empresa são $ 250.000 que a empresa apropria aos

produtos proporcionalmente às horas de mão-de-obra direta (MOD) utilizadas:

Produto A 3.000 horas

Produto B 2.500 horas

Produto C 2.000 horas

Total 7.500 horas

Custos Fixos: $ 255.000 = $ 34,00/hora

7.500 h

QUADRO 2.2 rateio dos custos fixos aos produtos

Produtos H.MOD Ut. CF/hora $ CF total $ Unid. Prod. CFunitário $

A 3.000 34,00 102.000 4.000 25,50

2.500 34,00 85.000 3.000 28,33

2.000 34,00 68.000 3.500 19,43

Os preços unitários de mercado líquidos para esses produtos são:

Prod. A $ 141,00

Prod. B $ 86,50

Prod. C $ 96,00

Observação: preço de mercado líquido é o preço de venda menos as despesas

variáveis de venda, tais como impostos incidentes sobre a venda e comissões.

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Com base nas informações supra, calcula-se a rentabilidade de cada produto

(valores unitários) $:

QUADRO 2.3 cálculo da rentabilidade de cada produto

Produto Custo Variável

CF Custo total

Preço de Venda

Lucro Bruto

A 97,50 25,50 123,00 141,00 18,00 B 43,67 28,33 72,00 86,50 14,50 C 59,71 19,43 79,14 96,00 16,86

Caso a empresa mudasse seu critério de rateio de custos fixos, rateando agora seus

custos fixos proporcionalmente ao custo da matéria-prima, um critério bastante

utilizado em muitas pequenas empresas, a situação seria a seguinte:

Custos Fixos (CF): $ 255.000 = 0,5667

Matéria-prima $ 450.000

Ou seja, os Custos Fixos representam 56,67% do Custo da Matéria-prima.

Assim os Custos Fixos por unidade passarão a ser:

QUADRO 2.4 cálculo dos custos fixos com novo rateio

Produto Custo Matéria-prima

Percentagem Custos Fixos

A 62,50 56,67% 35,42 B 30,00 56,67% 17,00 C 31,43 56,67% 17,81

O novo quadro de rentabilidade dos produtos ficará (valores unitários):

QUADRO 2.5 cálculo de rentabilidade dos produtos com novo rateio

Produto Custo Variável

Custo Fixo

Custo Total

Preço de Venda

Lucro Bruto

A 97,50 35,42 132,92 141,00 8,08 B 43,67 17,00 60,67 86,50 25,83 C 59,71 17,81 77,52 96,00 18,48

Com a mudança de critério de rateio dos Custos Fixos, o produto B passou a

ser o mais rentável, seguido do Prod. C e, em último lugar, o Prod. A, que era o mais

lucrativo. Houve uma mudança total na ordem de rentabilidade. Se novas mudanças

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de critério de rateio ocorrerem, novas mudanças nessa ordem poderão ser

encontradas.

Afinal, qual o produto mais lucrativo? Que critério utilizar?

Toda problemática surgiu quando apropriamos os Custos Fixos aos produtos.

O fato dos Custos Fixos estarem ligados à capacidade instalada e

conseqüentemente a períodos, a forma como esses custos são distribuídos aos

diversos produtos, bem como a quantidade de unidades produzidas no período nos

dá Custos Fixos Unitários diferentes. Os Custos Fixos ocorrem em função do tempo

e não em função da produção, pelo menos como regra geral.

2.1.1.2 Na análise de pedidos especiais:

por sua própria natureza, os custos fixos existem independentemente da produção ou não desta ou daquela unidade, e acabam presentes no mesmo montante, mesmo que oscilações (dentro de certos limites) ocorram no volume de produção; tendem os custos fixos a ser muito mais um encargo para que a empresa possa ter condições de produção do que sacrifício para a fabricação específica desta ou daquela unidade; são necessários muito mais para que a indústria possa operar, ter instalada sua capacidade de produção, do que para produzir uma unidade a mais de determinado produto.

Exemplificando o referido, suponhamos que uma determinada empresa

fabricante do produto A tenha uma capacidade de produção de 2.000 unidades por

mês e que por condições mercadológicas só esteja conseguindo vender 1.500

unidades por mês no mercado interno. Surge uma possibilidade de um pedido de

exportação de 500 unidades/mês. As condições de vendas e custos são os

seguintes:

Preço de Venda no mercado interno: R$ 3.000/unidade;

Preço de Venda na exportação: R$ 2.400/unidade;

Custos:

Matéria-prima R$ 1.400/unidade

Outros Custos Variáveis R$ 600/unidade

Custos Fixos R$ 700/unidade *

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Custo Total R$ 2.700/unidade

* Custo Fixo mensal: R$ 1.050.000 = R$ 700/unidade

Unidades produzidas/mês 1.500

Analisando-se esse pedido de exportação pelo sistema de custeio por

absorção, é possível que a empresa rejeite o pedido, pois o Preço de Venda de

R$ 2.400/unidade é inferior ao seu custo total de R$ 2.700/unidade, um aparente

prejuízo de R$ 300/unidade. Porém, se calcularmos o lucro da empresa numa e em

outra situação, veremos que o pedido de exportação resultará num aumento de lucro

(vide demonstração no item 2.3.1.2).

2.1.1.3 Na análise da relação Custo/Volume/Lucro:

o valor do custo fixo por unidade depende ainda do volume de produção: aumentando-se o volume, tem-se um menor custo fixo por unidade, e vice-versa. Se se for decidir com base em custo, é necessário associar-se sempre ao custo global o volume que se tomou como base. Se a empresa estiver reduzindo um item por ser pouco lucrativo, pior ainda ficará sua posição, devido à diminuição do volume; ou, se um produto estiver com baixo lucro, o aumento de preço com base em seu alto custo poderá provocar uma diminuição de sua procura, e, conseqüentemente, reduzir seu volume, e assim aumentar ainda mais o custo de produção, num círculo vicioso. Pior do que tudo isso, o custo de um produto pode variar em função da alteração de volume de outro produto, e não da sua própria; ao se aumentar a quantidade dos outros bens elaborados, o montante a ser carregado para um determinado produto será diminuído, já que os custos fixos globais serão agora carreados mais para aquele item, cuja quantidade cresceu. O custo de um produto pode, então, variar em função não de seu volume, mas da quantidade dos outros bens fabricados.

Concluindo o raciocínio o autor demonstra que a análise da relação

Custo/volume/lucro é distorcida quando utiliza-se o custeio por absorção. Para se ter

uma idéia desta distorção, ele apresenta o seguinte exemplo (com modificações):

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QUADRO 2.6

Informações de produção e vendas

Período Produção em

unidades

Vendas em

unidades

Estoque final em

unidades

Janeiro 60.000 40.000 20.000

Fevereiro 50.000 60.000 10.000

Março 70.000 50.000 30.000

Abril 40.000 70.000 0

CUSTOS DE PRODUÇÃO:

Custos Variáveis: $ Matéria-prima 20 Outros custos variáveis 15

Soma do Custo Variável 35/unidade

Custos Fixos: $ 1.330.000/mês

Preço de Venda: $ 65/unidade

Para determinarmos o lucro mensal da empresa, calcula-se o Custo dos Produtos

Vendidos (CPV) de cada mês, conforme segue:

JANEIRO Vendas 40.000 unidades X $ 65/unid $ 2.600.000

Custo da Produção:

Custos Variáveis: 60.000 unidades X $ 35/unid $ 2.100.000

(+) Custos Fixos $ 1.330.000

(=) Custo da Produção do mês $ 3.430.000

(-) Estoque Final (20.000 unid):$3.430.000 = $ 57,17/u $ (1.143.400)

60.000 unid

(=) CPV $ 2.286.600

FEVEREIRO

Vendas 60.000 unidades X $ 65/unid $ 3.900.000

Custo da Produção:

Custos Variáveis: 50.000 unidades X $ 35/unid $ 1.750.000

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(+) Custos Fixos $ 1.330.000

(=) Custo da Produção do mês $ 3.080.000

(+) Estoque Inicial de Produtos Acabados (20.000 unidades

do mês anterior) $ 1.143.400

(-) Estoque final de Produtos Acabados (10.000 unidades que

ficaram em estoque) $ 3.080.000 = $ 61,60 X 10.000 u $ (616.000)

50.000 unid

(=) CPV $ 3.607.400

MARÇO

Vendas 50.000 unidades X $ 65 $ 3.250.000

Custos da Produção:

Custos Variáveis: 70.000 unidades X $35/unid $ 2.450.000

(+) Custos Fixos $ 1.330.000

(=) Custo da Produção do mês $ 3.780.000

(+) Estoque Inicial de Prod. Ac. (10.000 unidades do

mês anterior) $ 616.000

(-) Estoque final de Prod. Ac. (30.000 unidades que

ficaram em estoque) $ 3.780.000 = $ 54,00 X 30.000 u $ (1.620.000)

70.000

(=) CPV $ 2.776.000

ABRIL

Vendas 70.000 unidades X $ 65 $ 4.550.000

Custo da Produção:

Custos Variáveis: 40.000 unidades X $ 35 $ 1.400.000

(+) Custos Fixos $ 1.330.000

(=) Custo da Produção do mês $ 2.730.000

(+) Estoque Inicial de Prod. Ac. (30.000 unidades que

ficaram em estoque do mês anterior) $ 1.620.000

(=) CPV $ 4.350.000

Elaborando-se a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) pelo

método do Custeio por Absorção, conforme calculado acima:

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QUADRO 2.7

Demonstração de Resultado do Exercício custeio absorção

itens JAN FEV MAR ABR

Vendas 2.600.000 3.900.000 3.250.000 4.550.000

(-) CPV 2.286.600

3.607.400

2.776.000

4.350.000

(=) Lucro 313.400 292.600 474.000 200.000

Estoque final 1.143.400 616.000 1.620.000 0

Analisando-se o quadro 2.7, vê-se que de Janeiro para Fevereiro a empresa

aumentou suas vendas de $ 2.600.000 para $ 3.900.000, um aumento portanto de

50% e os lucros caem de $ 313.400 para $ 292.600. Como explicar essa variação

aparentemente sem lógica? A explicação se deve ao volume de produção: em

Janeiro, como a produção foi maior, isso causou um custo unitário mais baixo $

57,17 ($3.430.000/60.000 unidades). Em Fevereiro, com uma produção menor de

50.000 unidades, o custo unitário passou para $ 61,60. Apesar do aumento das

vendas, o aumento do custo unitário foi mais relevante e acabou por causar esse

lucro final reduzido. Também os estoques caíram pela metade, de 20.000 unidades

em Janeiro para 10.000 unidades em Fevereiro e o valor em dinheiro não se alterou

na mesma proporção, pois passou de $ 1.143.400 em Janeiro para $ 616.000 em

Fevereiro.

No mês de Março houve uma redução de aproximadamente 17% nas vendas

e um aumento de aproximadamente 62% nos lucros! A explicação é praticamente a

mesma: a grande produção no mês de Março (70.000 unidades) reduziu o custo

unitário para $ 54,00/unidade compensando assim o decréscimo nas vendas.

Em suma, pelo método de Custeio por Absorção o lucro não acompanha

necessariamente a direção das vendas, sendo influenciado pelo custo que depende

do volume de produção. O lucro depende não só das Vendas e volume fabricado no

período, mas também da quantidade feita no período anterior, já que isso afeta o

custo unitário do estoque final do período anterior, que passa a ser baixado no

período seguinte.

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2.2 RKW (Reichskurtorium für Wirtschaftlichtkeit) ou Sistema de Custeio

Integral

MARTINS (2003) menciona ainda o RKW, método de custeio alemão em que,

além dos custos de fabricação, todas a demais despesas (administrativas,

comerciais e inclusive financeira) são apropriadas ao produto (custo pleno). Com o

RKW se chega ao valor de produzir e vender, bastando adicionar o lucro desejado

para se ter o preço de venda.

2.3 Método de custeio variável

Nesse método de custeio só são atribuídos aos produtos os custos e

despesas variáveis. Os custos e despesas fixos são considerados do período.

Os Custos Variáveis estão proporcionalmente relacionados às unidades

produzidas. Para qualquer nível de produção eles manterão a mesma

proporcionalidade:

Custo Variável Total = quantidades produzidas vezes Custo Variável Unitário.

Observação: refere-se sempre a uma mesma escala econômica de produção.

Como visto anteriormente quando se falou sobre o custeio por absorção, o

rateio dos custos fixos aos produtos, para efeito de tomada de decisão, mais

atrapalha do que ajuda. Como mencionado uma simples modificação de critério de

rateio pode transformar um produto rentável em não rentável, o que, obviamente,

não é correto.

Em virtude disso o custeio variável é utilizado para uma série de análises

gerenciais, entre elas: tomada de decisão de pedidos especiais, relação

custo/volume/lucro, ponto de equilíbrio, comprar ou produzir, entre outras.

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2.3.1 Vantagens do custeio variável

2.3.1.1 Na análise de rentabilidade do mix de produtos

Exemplificando o explicado retorne-se ao primeiro exemplo de distorção

causada pelo custeio por absorção (item 2.1.1.1) quando modifica-se o critério de

rateio de custos fixos e analise-se a situação pelo custeio variável.

Retomando-se o quadro 2.1 daquele exemplo:

Valores mensais

ITENS A B C TOTAL

Matéria-prima 250.000 90.000 110.000 450.000

Outros custos variáveis 140.000 41.000 99.000 280.000

Soma custos variáveis 390.000 131.000 209.000 730.000

Unidades produzidas 4.000 3.000 3.500

Custos variáveis unitários

97,50 43,67 59,71

Os preços unitários de mercado líquidos para esses produtos são:

Prod. A $ 141,00 Prod. C $ 96,00

Prod. B $ 86,50

Podemos então concluir que cada unidade do Prod. A traz para a empresa

uma receita de $ 141,00 e obrigatoriamente gera um custo de $ 97,50, que é o

custo variável. É essa sobra de $ 43,50/unidade ( $141,00 de receita menos $

97,50 de Custo Variável) que contribuirá para pagar os Custos e Despesas Fixos e

formar o Lucro. A essa sobra dá-se o nome de Margem de Contribuição, no

exemplo Margem de Contribuição por unidade.

Assim, a Margem de Contribuição é:

Receita Bruta de Vendas

(-) Despesas Variáveis

(=) Receita Líquida de Vendas

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(-) Custos Variáveis

(=) Margem de Contribuição

No exemplo temos:

QUADRO 2.8

Cálculo da Margem de Contribuição

Valores unitários

Produto Preço de

Venda

( ) Custo

Variável

Margem de

Contribuição

A 141,00 97,50 43,50

B 86,50 43,67 42,83

C 96,00 59,71 36,29

Cada unidade do produto A contribui com $ 43,50, do Prod. B com $ 42,83 e

do produto C com $ 36,29 para pagar os custos e despesas fixas e formar o lucro.

Agora sim podemos afirmar que o Prod. A é o que mais contribui por unidade para a

empresa, seguido do B e por último do C.

Subtraindo-se da Margem de Contribuição os Custos e Despesas Fixos

chegaremos ao lucro líquido.

Estruturando-se uma demonstração de resultado, supondo-se que todas

unidades produzidas foram vendidas, chega-se a:

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QUADRO 2.9

Demonstração de Resultado do Exercício custeio variável (I)

Itens Produto A Produto B Produto C total

Vendas líquidas* 564.000 259.500 336.000 1.159.500

(-) Custos Variáveis 390.000 131.000 209.000 730.000

(=) Margem de Cont.

174.000 128.500 127.000 429.500

(-) Custos Fixos 255.000

(=) Lucro Líquido 174.500

*Vendas Líquidas: Prod.A: 4.000 unidades X $ 141; Prod. B: 3.000 unidades X $ 86,50; Prod. C:

3.500 unidades X $ 96,00.

Nesta forma de demonstração não existe o lucro por produto e sim com

quanto cada produto contribui para cobrir os Custos e Despesas Fixos e gerar o

lucro.

2.3.1.2 Na análise de pedidos especiais

Ao analisar-se pedidos especiais, como deve ser entendido um pedido de

exportação, a utilização do custeio variável é de fundamental importância para se

evitar a falácia de composição causada pelo rateio dos custos fixos aos produtos.

Retomando o exemplo do pedido de exportação discutido anteriormente

quando falou-se do custeio por absorção (item 2.1.1.2) vimos que a empresa poderia

ser induzida a rejeitar o pedido pois seus custos totais, pelo custeio por absorção,

era de R$ 2.700/unidade e o preço de venda na exportação de R$ 2.400/unidade.

Entretanto, se se calcular o lucro da empresa numa e noutra situação, ver-se-

á que o pedido de exportação resultará num aumento de lucro, o equivalente à sua

margem de contribuição. Calculando-se:

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Lucro mensal da empresa sem o pedido de exportação:

Vendas no Mercado Interno (1.500 unidades x R$ 3.000) = R$ 4.500.000

(-) Custos Variáveis (1.500 unidades x R$ 2.000*) = R$ 3.000.000

(-) Custos Fixos = R$ 1.050.000

(=) Lucro = R$ 450.000

*Matéria-prima R$ 1.400 + Outros Custos Variáveis R$ 600.

Lucro mensal da empresa com o pedido de exportação:

Vendas no Mercado Interno (1.500 unidades x R$ 3.000) = R$ 4.500.000

Vendas de exportação (500 unidades X R$ 2.400) = R$ 1.200.000

Vendas total = R$ 5.700.000

(-) Custos Variáveis (2.000 unidades X R$ 2.000) = R$ 4.000.000

(-) Custos Fixos = R$ 1.050.000

(=) Lucro = R$ 650.000

Observe-se que o aumento do lucro, R$ 200.000, é exatamente o valor da

Margem de Contribuição do pedido de exportação:

Venda de Exportação (500 unidades X R$ 2.400) R$ 1.200.000

(-) Custos Variáveis (500 unidades X R$ 2.000) = R$ 1.000.000

(=) Margem de Contribuição R$ 200.000

Conforme HORNGREN (2000:302), a teoria econômica mostra que as

empresas que atuam de modo ótimo devem produzir e vender unidades, até que a

receita marginal (receita gerada pela venda de uma unidade adicional) seja igual ao

custo marginal ou variável (custo adicional da produção de uma unidade).

SEMENIK (1996:385) advoga que na determinação de preços globais a base

para uma efetiva política de preços refere-se ao claro entendimento dos fatores de

custos e lucro envolvidos. No caso da empresa estabelecer uma política de preço de

exportação com base nos custos variáveis, ela considera somente os custos

marginais. Tais empresas tendem a ver as vendas de exportação como um bônus

e assumem que qualquer retorno sobre os custos variáveis será uma contribuição

para seus lucros (SEMENIK, 1996:385).

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36

Quando a moeda doméstica é forte, torna-se necessário reduzir as margens

de lucro e formar preços por custo marginal (SEMENIK, 1.996).

2.3.1.3 Na análise da relação Custo/Volume/Lucro

Outra aplicação de suma importância do custeio variável é quando se analisa

a relação Custo/Volume/Lucro. O rateio dos custos fixos aos produtos, que se

alteram em cada unidade produzida em função do volume de fabricação, distorce

essa análise, conforme ficou demonstrado quando se estudou o custeio por

absorção.

Retornando-se ao item 2.1.1.3 observe-se agora como ficaria a

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) utilizando-se o Custeio Variável:

QUADRO 2.10 Demonstração do Resultado do Exercício custeio variável (II)

itens JAN FEV MAR ABR

Vendas 2.600.000 3.900.000 3.250.000 4.550.000

(-)Custos

Variáv dos

Prod.Vend.

1.400.000

2.100.000

1.750.000

2.450.000

(=)Margem de

Contribuição 1.200.000 1.800.000 1.500.000 2.100.000

(-)Custos

Fixos 1.330.000

1.330.000

1.330.000

1.330.000

(=) Lucro (130.000) 470.000 170.000 770.000

Estoque Final 700.000 350.000 1.050.000 0

Pode-se verificar agora que aumentando-se as vendas aumenta-se também

o lucro. Os custos alocados aos produtos foram somente os Custos Variáveis,

passando os Custos Fixos a serem debitados totalmente ao resultado do período.

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37

Assim também cada unidade estocada está avaliada pelo seu custo variável de $ 35,

sem alterar seu custo em função do volume de produção do período em que foi

fabricada. A diferença do lucro mensal entre um critério e outro está localizado no

Custo Fixo incorporado aos estoques.

Assim, percebe-se como o Custeio Variável permite à empresa ver de forma

clara e compreensível a relação volume de vendas e lucro.

É de suma importância observar que mesmo os custos fixos são controláveis

no longo prazo. Assim, para decisões de longo prazo, é necessário uma análise

cuidadosa do que se manterá constante e o que se modificará e será relevante no

planejamento de custos. Exemplificando, os custos fixos de uma linha de produto,

tais como depreciação de máquinas e equipamentos, seguros, aluguel, deixarão de

existir quando a empresa considerar a hipótese de desativar essa linha de produtos.

A substituição de uma máquina por outra mais cara, porém mais produtiva alterará

os custos fixos da empresa.

2.4 Resumo das Vantagens e Desvantagens dos Métodos de Custeio:

Com base no explicado, pode-se resumir as vantagens e desvantagens dos

métodos de custeio apresentados, conforme Quadros 2.11 e 2.12:

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QUADRO 2.11

Vantagens e Desvantagens do Custeio por Absorção

vantagens desvantagens

Simplifica o cálculo do preço de venda, pois adicionando-se ao custo as despesas e a margem de lucro, chega-se ao preço de venda;

O rateio dos custos indiretos aos produtos aumenta o trabalho administrativo com necessidade de mais controles;

Importante sob o ponto de vista estratégico, pois dá a segurança à administração de que todos os custos estão sendo recuperados.

Não pode ser usado para certas análises como de mix de produtos, de pedidos especiais, da relação custo/volume/lucro, de fabricar ou comprar, de ponto de equilíbrio entre outras.

Atende aos Princípios Fundamentais da Contabilidade, devendo, portanto, sempre ser utilizado para efeitos externos (fisco, bancos, demais credores, etc)

Não poderão ser comparados os custos unitários de períodos diferentes quando houver alterações no volume de produção.

Fonte: próprio autor

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QUADRO 2.12

Vantagens e Desvantagens do Custeio Variável

vantagens desvantagens

É um sistema de apuração e controle de custos mais simples que o custeio por absorção, indicado para empresa iniciante em seus controles de custos. Uma empresa pode obter facilmente os custos variáveis por unidade de produto. É de entendimento mais fácil para o pessoal da produção.

Contraria o princípio contábil da confrontação das receitas com os custos que contribuíram para sua obtenção. Não pode ser utilizado para efeito de usuários externos (fisco, bancos, demais credores, etc).

Não é necessário para sua apuração qualquer tipo de rateio, evitando assim trabalho burocrático e elimina as distorções causadas pelo rateio dos custos fixos nas análises para efeitos de decisões gerenciais, conforme discutido neste capítulo.

A estrutura de custos das empresas está sendo modificada pela automação que substitui os custos variáveis (mão-de-obra direta) por custos fixos (depreciação de máquinas).

Melhor controle dos custos fixos, pois, como são apresentados juntos nas demonstrações contábeis, isso facilita sua análise.

Nas empresas em que os custos variáveis representam pequena parcela dos custos totais (software, por exemplo), torna-se necessário um sistema de custeio que analise as causas dos custos fixos. Vide Custeio Baseado em Atividade , no próximo capítulo.

Facilita o planejamento e controle do lucro da empresa, bem como fornece mais instrumentos de controle gerencial.

O custeio Direto é um conceito de custos para decisões de curto prazo, pois no longo prazo todos os custos são controláveis.

Fonte: próprio autor

2.5 APLICAÇÃO EM UMA EMPRESA INDUSTRIAL

A Vetor Comunicação Visual Ltda (nome fictício) é uma empresa de pequeno

porte, ocupando 23 pessoas, e atua na área de fabricação de painéis, impressão

digital e material para sinalização. Estabelecida na cidade de São Paulo, no

mercado desde 1997, é administrada por dois sócios, irmãos.

Começou sua atividade, em casa, por sonho dos irmãos em desenvolver um

negócio onde pudessem aplicar seus conhecimentos - pois um é formado em

Desenho Industrial e outro em Administração de Empresas - e seus idealismos

pessoais.

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Atualmente a empresa conta com dois imóveis, onde um funcionando como

fábrica e outro onde se localiza a administração geral e área comercial.

Desde o ano de 2002 tem exportado, para paises do Mercosul,

aproximadamente 20% de sua produção: produtos da área de sinalização e

impressão digital.

A empresa forma seu preço de venda com base no custeio direto, aplicando

um fator multiplicador (Mark-up) sobre os Custos e Despesas Variáveis e, com base

nesse valor, negocia com os clientes. Os objetivos de lucro da empresa são

definidos em função da necessidade de remuneração do capital investido mais

objetivos de crescimento e expansão do negócio.

Analisando-se as receitas custos e despesas, chegou-se à seguinte

Demonstração de Resultado, valores médios mensais:

Vendas Mercado Interno R$ 70.000

Vendas de Exportação R$ 20.000

Vendas totais R$ 90.000

( )CUSTOS + DESPESAS VARIÁVEIS

Matéria-prima (R$ 35.500)

MOD* + encargos (R$ 11.480)

Despesas S/ Vendas** (R$12.240)

soma dos custos e despesas variáveis (R$ 59.220)

(=) Margem de Contribuição R$ 30.780

( ) Custos Fixos (R$ 8.900)

( ) Despesas Administrativas (R$ 8.660)

( ) Despesas Comerciais (R$ 3.900)

( ) Despesas Financeiras (R$ 1.080)

(=) Lucro Líquido R$ 8.240

* MOD Mão-de-obra Direta;

** 13,6% sobre o preço de Venda, formado por:

8,6% Simples Federal, conforme quadro 4.1

3,0% média das comissões sobre vendas;

2,0% ICMS conforme calculado item 4.3 (R$ 1.791,28/R$ 90.000).

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Diante do relatado a estrutura de custos e despesas fica assim resumida:

Custos Variáveis totais R$ 59.220

Custos e Despesas Fixas + lucro R$ 30.780

Total R$ 90.000

Fator de formação de preço (Mark-up) utilizado pela empresa: R$ 90.000/R$ 59.220

= 1,52. Assim, os preços de venda são calculados aplicando-se um Mark-up de 1,52

sobre o Custo mais Despesas Variáveis. Esse preço é tomado como base para a

negociação tanto de preço de mercado interno quanto de exportação.

Exemplificando: quando a empresa recebe um pedido de orçamento, ela calcula:

Custos e Despesas Variáveis R$ 7.900

Mark-up x 1,52

Preço de Venda Base de Negociação R$ 12.008

Embora a empresa trabalhe com um Mark-up médio para todos os produtos,

conforme cálculo supra, para efeito de elucidação, neste trabalho, calculou-se o

Mark-up específico para cada linha de produto, conforme segue:

Quadro 2.13

Cálculo do Mark-up por linha de produtos

Itens/linhas de

produtos

Painéis Impressão Sinalização total

Vendas no Merc. Interno

20.000 32.000 18.000 70.000

Vendas exportação - 8.000 12.000 20.000

Vendas totais (VT) 20.000 40.000 30.000 90.000

( )CDV*

Matéria-prima (8.000) (13.600) (13.900) (35.500)

MOD (4.100) (2.180) (5.200) (11.480)

Desp. s/ Vendas (2.720) (5.440) (4.080) (12.240)

Soma dos CDV (14.820) (21.220) (23.180) (59.220)

Mark-up = VT/CDV 1,35 1,89 1,29 1,52

*CDV Custos e Despesas Variáveis

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A empresa sempre trabalhou com o Mark-up médio, porém pretende começar

a trabalhar com o Mark-up específico de cada linha de produto, pois assim sua

análise de custos ficará mais próxima da realidade de mercado.

2.6 CONCLUSÃO

Analisaram-se nesse capítulo os dois mais tradicionais métodos de custeio,

com menção ao RKW, com o intuito de servir de subsídio ao planejamento do preço

de venda.

Não existe um método de custeio de aplicação universal e que traga todas as

soluções. O conhecimento das vantagens e limitações de cada método é de

fundamental importância para o bom entendimento do comportamento e ocorrência

dos custos que representam o fator limitante desse planejamento.

A análise dos custos conduz a ação estratégica da administração deles para a

empresa tornar-se ou permanecer competitiva no mercado. É o que se discorrerá no

próximo capítulo.

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3. ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA DOS CUSTOS

No capítulo anterior, o objeto de análise foram os sistemas tradicionais de

custeio e sua importância no planejamento dos preços.

A dinâmica da economia mundial leva as empresas a uma constante revisão

de seus processos produtivos, em busca de ser constantemente competitiva; assim,

a administração estratégica de custos faz parte da vida das empresas.

Neste capítulo, analisar-se-á o Custo Meta, como uma forma da empresa

estar sempre atenta às necessidades e anseios do mercado consumidor, e o Custo

Kaizen, como uma busca constante de melhorias no processo produtivo. Como o

Custo Meta baseia-se na Engenharia de Valor, o Custeio Baseado em Atividade

ABC (Activity Based Cost), é uma ferramenta de fundamental importância para essa

análise.

3.1 Gerenciamento e Custeio Baseado em Atividade

A tecnologia, globalização e dinâmica da vida moderna têm modificado a

estrutura de custos das empresas. Para HOPP e LEITE (1990:64) os processos de

produção são cada vez mais robotizados e os produtos que geram têm ciclos de vida

cada vez mais curtos. Essas tendências fazem do custo fixo total um elemento

nuclear da gerência dos empreendimentos modernos.

RAFFISH (1991:36) comenta que o problema

não é que os sistemas tradicionais de custos não funcionam, é que o mundo para o qual eles foram elaborados está desaparecendo rapidamente. Os custos dos produtos eram constituídos principalmente de mão-de-obra direta e material; hoje nós temos um ambiente de manufatura no qual a mão-de-obra direta representa geralmente uma pequena parte de 5 a 10% dos custos e o material representa de 45 a 55%. Isso nos deixa com uma quantia enorme de 30 a 50% de custos indiretos de fabricação. E esses custos indiretos estão mudando seu comportamento de variável para fixo como resultado dos investimentos em automação. Dado esse cenário, não é difícil imaginar que os nossos atuais sistemas de Contabilidade de Custos provavelmente não estejam refletindo o verdadeiro custo dos produtos.

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Observe-se a antiga indústria têxtil do começo do século XX, onde os custos

de matéria-prima e mão-de-obra direta representavam aproximadamente 90% do

custo de produção total. Assim, naquela época, uma apropriação de custos indiretos

de uma forma menos precisa não distorcia tanto o custo total do produto. Hoje, como

exemplo, em um produto como software o custo com matéria-prima e mão-de-obra

direta pode representar menos que o desconto dado a um cliente.

Com essa alta carga de custos indiretos, as empresas sentiram a

necessidade de melhor gerenciamento deles. Novos conceitos, surgiram sendo o

mais bem-sucedido o ABC. A premissa básica do ABC é tratar os custos indiretos

como se fossem diretos, por meio da análise de suas atividades,COGAN (1999 a:47-

48).

Segundo HORNGREN (2000:127), como os sistemas ABC classificam mais

custos como diretos do que os sistemas tradicionais e como os direcionadores de

custos têm um forte relacionamento causal entre atividades e recursos, os gestores

têm maior confiança na acuracidade dos custos de produtos e serviços relatados por

esses sistemas.

Para MARTINS (2003:87), o Custeio Baseado em Atividades ou ABC

(Activity-Based Costing) é uma metodologia de custeio que procura reduzir

sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos.

Porém, mais que uma metodologia de custeio, ele é uma ferramenta para a gestão

estratégica de Custos. Continua MARTINS (2003:98) que o ABC procura analisar a

verdadeira relação entre o custo e a atividade através do direcionador de recurso.

Ou seja, procura identificar o que é que efetivamente gerou o custo de maneira

racional e analítica de forma a dirimir as possíveis distorções.

O ABC parte da premissa básica de que as atividades consomem os recursos

da empresa e os produtos consomem as atividades. Assim, o ABC se preocupa em

analisar quanto de recurso consome cada atividade e as atividades requeridas pelos

produtos/clientes. Assim, a administração concentra sua atenção nas atividades

requeridas pelos produtos/ clientes, que são a causa, e não nos custos, que são os

efeitos.

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O sistema ABC identifica as atividades exercidas pela empresa e a razão da

existência destas atividades, relacionando-as assim a produtos e clientes de uma

forma mais direta. Por exemplo, o pedido de um cliente contempla diversas

atividades, que vão desde maketing, compras, até controle financeiro e de produção.

Observe-se que o ABC estende a alocação dos custos às despesas geradas pelos

produtos/clientes.

Conforme KAPLAN, sob o ponto de vista estratégico, o ABC leva a uma forma

nova de pensar. Enquanto os sistemas tradicionais de custeio respondem a

pergunta

como a organização pode alocar custos para a geração de relatórios financeiros e controle de custos departamentais? Os sistemas ABC abordam um conjunto inteiramente diverso de perguntas: 1) que atividades estão sendo executadas pelos recursos organizacionais? 2) Quanto custa executar atividades organizacionais e processos de negócios? 3) Por que a organização precisa executar atividades e processos de negócios? 4) Quanto de cada atividade é necessário para os produtos, serviços e clientes da organização? (KAPLAN, 2000 A:93-94).

Essa nova maneira de pensar levará a organização a refletir sobre as

atividades e processos. Sua organização está sendo adequadamente remunerada

para executar essa atividade? (KAPLAN, 2000 A:109). As atividades requeridas

pelos produtos agregam valor para o cliente?

Para HORNGREN (2004:107), todo administrador deve entender seus

clientes e seus custos. Esse entendimento é um tema comum para todos os

negócios bem-sucedidos.

Para CREPALDI (2004:314), é preciso entender bem sua cadeia de valores,

procurar ao máximo compreender os custos de seu principal concorrente ou do líder

de mercado e partir para o brenchmarking. O que a gestão estratégica de custos

quer mesmo saber é o que tem o que não tem valor para o cliente.

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46

NAKAGAWA (2000:43) relata como uma das vantagens do ABC a eliminação

de custos de atividades que não adicionam valor.

As empresas que buscam tornar-se competitivas no mercado global estão adotando a filosofia de excelência empresarial, e experiências recentes indicam que as empresas bem-sucedidas são as que têm assumido firme compromisso com a eliminação de custos de atividades que não adicionam valor. Uma atividade que não adiciona valor ao produto é aquela que pode ser eliminada, sem que os atributos do produto (desempenho, função, qualidade, valor reconhecido, etc...) sejam afetados.

O ABC deve ser modelado para permitir a identificação de uma relação causal

entre consumo de recursos e atividades desempenhadas pela organização aos

objetos de custeio, questão denominada por Kaplan e Cooper (2000a) como mapa

econômico dos custos, despesas e lucratividade da organização. A relação causal é

delineada por meio de direcionadores de custos. Com isso, o ABC busca obter maior

acurácia da informação mediante maior exatidão no processo de atribuição de

custos aos objetos de custeio.

Os quadros 3.1 e 3.2 exemplificam a diferença entre os métodos de custeio

tradicionais e o ABC:

Figura 3.1

alocação dos custos segundo os métodos de custeio tradicionais

Fonte: KAPLAN (2.000a:98)

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Os métodos de custos tradicionais alocam custos indiretos a centros de

custos de produção e destes aos produtos.

Figura 3.2

alocação dos custos segundo o método de custeio ABC

Fonte: KAPLAN (2.000a:99)

O ABC relaciona custos e despesas relativos a recursos com atividades e

usam geradores de custo da atividade para relacionar custos da atividade a objetos

de custos (produtos/clientes).

O ABC se concentra nas atividades como se fossem os principais objetos de

custo. Uma atividade é um evento, tarefa ou unidade de trabalho com um

determinado propósito. O ABC utiliza o custo dessas atividades como base para

distribuir custos para outros objetos de custo, tais como produtos, serviços ou

clientes.

Para MARTINS (2003:304), o ABC foi concebido de forma a possibilitar a

análise de custos sob duas visões:

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a) a visão econômica de custeio, que é uma visão vertical, no sentido de que apropria os custos aos objetos de custeio através das atividades realizadas em cada departamento; e b) a visão de aperfeiçoamento de processos, que é uma visão horizontal, no sentido de que capta os custos dos processos através das atividades realizadas nos vários departamentos funcionais. A visão horizontal, de aperfeiçoamento de processos, do ABC reconhece que um processo é formado por um conjunto de atividades encadeadas, exercidas através de vários departamentos da empresa. Esta visão horizontal permite que os processos sejam analisados, custeados e aperfeiçoados através da melhoria de desempenho na execução das atividades.

E conclui que, nessa visão, o ABC é uma ferramenta de análise dos fluxos de

custos, pois nos métodos tradicionais de custeio os custos são acumulados nos

centros de custos e não são os centros de custos que agregam valor aos produtos,

mas as atividades.

Como a premissa básica do ABC é que as atividades consomem recursos e

os produtos consomem as atividades, isto significa que os custos indiretos de uma

empresa devem ser primeiramente acumulados pelas atividades e a partir das

atividades são relacionados aos produtos que consomem essas atividades. Com

isso, muitos custos que eram indiretos nos sistemas de custos tradicionais passam a

ser diretos no ABC.

O primeiro passo, portanto, é a identificação das atividades relevantes de

cada unidade da empresa. Para as empresas que já têm uma estrutura de apuração

de custos, isso já facilitará o trabalho, pois algumas adaptações levarão a uma

apuração do custo das atividades. Pode acontecer inclusive de cada centro de

custos desenvolver uma atividade e assim o trabalho já fica bastante facilitado

MARTINS (2003:93).

Como já mencionado, um aspecto importante do ABC é que ele permite a

análise das atividades que agregam valor, as que não agregam e aquelas que ficam

numa posição intermediária. Uma conceituação prática da atividade que agrega

valor é aquela em que o cliente reconhece a sua importância e está disposto a pagar

por ela.

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A análise de custos propiciada pelo ABC pode ser complementada pela

análise de valor das atividades e dos processos. Essa análise de valor deve ser

realizada sempre sob a ótica do cliente, interno ou externo, isto é, daquele que

recebe e utiliza o bem ou serviço gerado pela atividade.

Para exemplificar, imagine-se uma confecção de roupas e nela

identifica-se as seguintes atividades relevantes:

Quadro nº 3.1

levantamento das atividades relevantes

Departamentos Atividades Agrega valor

Criação e Design Criar modelos de acordo

com tendência da moda.

Desenvolver o projeto de

produção.

sim

Compras Comprar materiais.

Desenvolver fornecedores

intermediário

Almoxarifado Receber materiais.

Movimentar materiais.

não

Adm.da Produção Programar produção.

Controlar produção.

intermediário

Corte e Costura Cortar.

Costurar.

sim

Acabamento Acabar.

Despachar produtos.

sim

Re-trabalho Reprocessar peças c/

defeito.

não

Fonte: MARTINS (2003:99) com adaptações.

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50

É importante observar que, para cada atividade, deveremos atribuir o

respectivo custo e um direcionador. Por exemplo, direcionador de Criação e Design:

número de modelos criados; compras: número de pedidos; desenvolver

fornecedores: número de fornecedores; receber materiais: número de recebimentos;

movimentar materiais: número de requisições etc.

MARTINS (2003) sugere que essa distribuição dos custos às atividades

obedeça à seguinte ordem:

a) alocação direta

quando existe uma relação clara entre o custo e a

atividade. Exemplo: salários;

b) rastreamento

é a distribuição do custo à atividade com base na

identificação da relação de causa e efeito entre a ocorrência da atividade e a

geração do custo. Exemplo: preparação de máquina para execução de um pedido;

c) rateio

custos que não há possibilidade de ser atribuído à atividade

nem de uma forma direta, nem por rastreamento. Exemplo: despesas da

administração geral.

Uma vez definidas as atividades relevantes e apurados os custos dessas

atividades, o próximo passo é definir os Direcionadores de Custos. O Direcionador

de Custos é a relação causal existente entre o consumo de recursos e as atividades

desenvolvidas e, posteriormente, entre essa atividades e produtos, serviços ou

clientes. Para MARTINS (2003:96), direcionador de custos é o fator que determina o

custo de uma atividade. Como as atividades exigem recursos para serem realizadas,

deduz-se que o direcionador é a verdadeira causa dos custos. Os Direcionadores

de Custos que atribuem os custos indiretos às atividades são denominados de

Direcionadores de Custos de 1º Estágio, também chamados de direcionadores de

recursos, e os que atribuem os custos das atividades aos produtos, serviços ou

clientes são denominados de Direcionadores de Custo de 2º Estágio, também

chamados de direcionadores de atividades.

Para efeito de custeio, o direcionador de recurso é o fator que determina a

maneira como as atividades utilizam os recursos, e o direcionador de atividades,

como os produtos utilizam as atividades.

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51

A quantidade de direcionadores com que se vai trabalhar depende do

grau de precisão desejado e da relação custo/benefício. Quanto maior o número de

direcionadores de custos, maior a precisão do custo apurado, porém maior o custo

do controle.

Autores como COOPER & KAPLAN (1991), MONDEN (1999)

mencionam a existência de uma hierarquia na classificação dos Custos Indiretos de

Fabricação, a saber:

1) Custo do nível de unidade produzida

são os recursos consumidos nas

atividades desenvolvidas em cada unidade de produção ou serviço. Como exemplo

podemos citar trabalhos na produção, como usinagem, pintura, montagem,

acabamento, testes de controle de qualidade. Esses custos variam de acordo com a

quantidade de unidades produzidas;

2) Custos do nível por lote

são recursos consumidos em atividades

relacionadas com um grupo de unidades de produtos ou serviços em vez de com

unidades isoladas de produtos ou serviços. Os custos de pré-operação são

exemplos de custo do nível por lote. Como exemplo podemos citar, na indústria

gráfica, o tempo de acerto de máquina, isto é, toda vez que se acaba um serviço e

vai começar outro, há a necessidade de se trocar os cilindros de gravura,

normalmente trocar as cores de tinta etc. Esse tempo é um custo do lote que vai ser

impresso independente do tamanho dele. Esses custos variam em função da

quantidade de lotes produzidos;

3) Custo de sustentação do produto ou serviço

são recursos consumidos

nas atividades realizadas para a manutenção de produtos e serviços específicos. Os

custos de manutenção de produtos não podem ser associados por qualquer relação

de causa e efeito a unidades ou lotes individuais de produtos. Citando ainda o caso

da indústria gráfica, consideremos os custos de pesquisa, reportagem, redação, lay-

out de uma revista, ou o cachê dos artistas que protagonizarão as capas das

diversas edições da revista. Esses custos ocorrem independentemente do número

de unidades produzidas na(s) edição(ões) e são custos para a manutenção do

produto. Esses custos são atribuídos ao produto como um todo e não à unidade

produzida, ou seja, o que interessa são os custos e as receitas da edição;

4) Custo de manutenção da fábrica

são os recursos consumidos nas

atividades que não podem ser associadas a produtos específicos ou serviços, mas

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52

suportam a organização como um todo. Exemplos de custos de manutenção da

fábrica são os custos de aluguel ou depreciação do imóvel da fábrica, instalações do

parque fabril, de uma creche para os filhos dos funcionários, custos de uma

administração industrial e geral. COLOMBO (1994:49) afirma que, nesse caso, não

existem direcionadores de custos objetivos que possam promover a ligação dos

consumos de recursos às linhas de produtos da organização. Assim, a apropriação

desses custos não é recomendada por possuir um grau elevado de subjetividade.

Depois de definidas as atividades relevantes, os custos dessas

atividades e os direcionadores de custos, o próximo passo é custear os produtos.

Para exemplificar, utilizar-se-á as atividades do quadro 3.1.

Quadro nº 3.2 custeio das atividades

Departamentos atividades direcionadores

Criação e Design Criar modelos de acordo

com a tendência da moda.

Desenvolver o projeto de

produção.

nº de horas trabalhadas

nas coleções

Compras Comprar materiais

Desenvolver fornecedores

nº de pedidos emitidos

nº de fornecedores

Almoxarifado Receber materiais

Movimentar materiais

nº de recebimentos

nº de requisições

Adm.da Produção Programar produção

Controlar produção

nº de produtos

nº de lotes

Corte e Costura Cortar

Costurar

tempo de corte

tempo de costura

Acabamento Acabar

Despachar produtos

tempo de acabamento

apontamento de tempo

Fonte: MARTINS (2003:99) com adaptações.

É evidente que os direcionadores supra são analisados caso a caso; no

exemplo, utilizou-se o direcionador nº de recebimentos para a atividade receber

materiais por tratar-se de material facilmente identificável com cada produto. Em

Page 67: PLANEJAMENTO DE PREÇOS DE EXPORTAÇÃO EM … - ANTONIO... · Examina os métodos de custeio e como eles devem ser utilizados nas ... 2.4 Resumo das Vantagens e Desvantagens dos

53

uma empresa em que as matérias-primas sejam de uso de diversos produtos que só

serão identificados por ocasião da requisição ao almoxarifado, outros direcionadores

poderão ser utilizados.

Uma das restrições encontradas ao uso do ABC é que, ao custear as

atividades, torna-se um método mais complexo, exigindo mais controles e

conseqüentemente aumentando os custos. As empresas que tenham essa

preocupação nada impede que utilizem o ABC para estudos especiais e análises

periódicas de seus produtos e processos.

Não se deve esquecer que a utilização do ABC não impede que os custos e

despesas sejam classificados em fixos e variáveis, aplicando-se ao ABC os

conceitos anteriormente vistos no método de Custeio Variável. A esse respeito,

MARTINS (2003:314) considera que o conceito de Margem de Contribuição fica

exatamente completo dessa forma, já que todos os custos e despesas variáveis de

todas as naturezas (produção, vendas, administração, financiamento etc.) estarão

totalmente alocados ao produto.

3.2 Custo Meta ou Target Costing

O Custo Meta começou a ser utilizado pelos japoneses nos anos 60, com

base na idéia americana de Engenharia de Valor (EV) praticada durante a II guerra

mundial. É a partir dos anos 80 que ele é mais largamente utilizado na estratégia

empresarial, como um instrumento estratégico de custos para alcançar o lucro

almejado pela empresa.

A idéia básica do Custo Meta é que o mercado determina o preço e a partir

do preço determinado pelo mercado, deduz-se o lucro desejado e chega-se ao custo

meta ou alvo, ou seja:

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54

Custo Meta = Preço de Venda Lucro Desejado.

Ele é um sistema de planejamento dos lucros e gerência dos custos

fundamentado em quatro aspectos, conforme ANSARI et al (1997):

fixação de preços

o Custo Meta é estabelecido pela determinação do

preço de mercado em nível competitivo e de sua subtração da margem

de lucro desejada;

Foco no cliente

os requisitos de qualidade, preço e tempo guiam o

trabalho dos comitês, refletindo na análise de custos resultantes;

Ênfase na concepção do produto

relaciona-se ao conceito do custeio

do ciclo de vida e preocupa-se diretamente com a questão de que

grande parte dos custos é comprometida antes do início da produção;

Execução por comitês multidisciplinares

membros de diversas áreas

funcionais da organização (engenharia, vendas, marketing, compras,

financeiro e contabilidade) atuam conjuntamente e são responsáveis

por todas as fases do produto, da concepção à venda.

O Custo Meta é apurado durante as fases que antecedem a produção, no

ciclo de vida do fabricante, com o objetivo de direcionar o planejamento e

desenvolvimento de novos produtos, objetivando retornos atrativos do projeto e

buscando a satisfação dos clientes a um custo de produção igual ou inferior ao

Custo Meta apurado. Isso reflete um processo de gerenciamento estratégico de

custos, e não um sistema de apuração de custos.

COOPER & SLAGMULDER (1.999) destacam três características do Custo

Meta:

Possibilidade de gestão de custos além dos limites da organização,

permitindo a obtenção de sinergias para a redução de custos, por

meio da coordenação das atividades da organização e seus

fornecedores;

Altera a abordagem tradicional adotada pela contabilidade de custos,

segundo a qual a informação é tipicamente apresentada sob uma

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55

perspectiva mensal ou de maior período, sendo utilizada para avaliar

o desempenho de forma reativa;

Altera o processo adotado pela contabilidade gerencial, com a

descentralização das tarefas de apuração de custos, levando a

contabilidade gerencial ao usuário ao invés de trazê-lo.

MONDEN (1999:168) considera que a Engenharia de Valor (EV) constitui-se

na verdadeira essência do custo-alvo. HORNGREN (2000:306) define EV como a

avaliação sistemática de todos os aspectos das atividades da cadeia de valor, com o

objetivo de simultaneamente reduzir custos e atender às necessidades do

consumidor.

Como o Custo Meta é calculado na fase do projeto, quando os custos ainda

não foram incorridos, se o custo previsto do produto projetado for superior ao Custo

Meta, o projeto poderá ser descartado nessa fase, em que os gastos foram mínimos,

ou partir para uma análise da EV. Nas indústrias de engenharia, a estimativa usual é

que 80% do custo de um produto já está consignado assim que o projeto tenha

deixado a prancheta de desenho BOOTH (1994:10).

HORNGREN (2000) relaciona alguns tópicos de custos que podem ser

reduzidos por um bom projeto:

a) um bom estudo da matéria-prima a ser utilizada reduz falhas do

produto na fabricação e conseqüentemente custos no

reprocessamento das unidades falhas;

b) a simplificação do desenho do produto pode facilitar a construção e

montagem do produto, reduzindo tempo de mão-de-obra direta,

testes e inspeção;

c) a análise das atividades que agregam ou não valor pode determinar

redução de componentes;

A grande alteração estratégica do Custo Meta é que a preocupação deixa de

ser quanto o produto irá custar para quanto o produto poderá custar. E quanto

poderá custar é o valor de mercado menos o lucro desejado pela empresa, lucro que

Page 70: PLANEJAMENTO DE PREÇOS DE EXPORTAÇÃO EM … - ANTONIO... · Examina os métodos de custeio e como eles devem ser utilizados nas ... 2.4 Resumo das Vantagens e Desvantagens dos

56

remunere seus investimentos e seja atrativo a seus proprietários continuar no

negócio.

Partindo-se dessa mudança estratégica de pensar, COGAN (1999b:96) afirma

que o Custo Meta leva ao seguinte raciocínio:

a) Tudo que conta é que o custo unitário total não poderá exceder o custo permitido/custo meta, considerando-se que o lucro desejado esteja sendo atendido. b) E se verdadeiramente se acredita em melhoramento contínuo, então o custo permitido/custo meta unitário poderá ser reduzido no decurso do tempo. c) A forma como se trabalha pode ter que mudar a fim de se reduzir os custos. Em última análise, essa mudança pode conduzir ao envolvimento/comprometimento da força de trabalho, que, como se sabe, muitas vezes é o que está mais próximo da ação que conduz ao melhoramento contínuo.

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Comparando-se o Custo Meta à abordagem tradicional de custos, pode-se

resumir da seguinte forma:

Quadro nº 3.3 Custo Meta X Custos Tradicionais

Custo Meta Abordagem tradicional de custos

O preço determina o custo O custo determina o preço

Começa com um preço de mercado (ou

preço-alvo de venda) e uma margem de

lucro planejada para depois estabelecer

um custo permissível (ou custo alvo)

Estima um custo de produção, depois

acrescenta uma

margem de lucro

desejada para então se obter um preço

de venda

Planejamento de custos é guiado pelo

mercado competitivo

As considerações de mercado não são

ponderadas no planejamento de custos

Reduções de custos são feitas antes

que os custos cheguem a seu limite

aceitável

Reduções de custos são feitas depois

que os custos são incorridos além do

limite aceitável

O projeto (de produtos e processos) é a

chave para redução de custos

Perdas e ineficiências são o foco da

redução de custos

Redução de custos

são guiados pelos

desejos e anseios do consumidor

Redução de custos não são dirigidos

aos clientes

Custos são gerenciados por equipes

multifuncionais (toda a empresa)

Os custos são monitorados apenas

pelos contadores

Fornecedores são envolvidos no

conceito e no projeto

Os fornecedores são envolvidos apenas

na fase de produção (depois do projeto

pronto)

Envolve toda a cadeia de valor no

planejamento de custos

Pouco ou nenhum envolvimento da

cadeia de valor no planejamento de

custos.

Fonte: MONDEN e LEE (1993:22).

Observe-se, no quadro 3.3, que a metodologia do Custo Meta envolve toda a

cadeia de valor e que, portanto, a obtenção do Custo Meta não é só uma

responsabilidade da equipe de produção, mas da empresa como um todo,

envolvendo inclusive o ambiente externo que faz parte desse processo, ou seja,

inclusive fornecedores que participam do projeto, não só com redução de custos,

Page 72: PLANEJAMENTO DE PREÇOS DE EXPORTAÇÃO EM … - ANTONIO... · Examina os métodos de custeio e como eles devem ser utilizados nas ... 2.4 Resumo das Vantagens e Desvantagens dos

58

mas com adequação da qualidade às necessidades do cliente final e melhora de

desempenho.

Note-se também que, embora o foco do Custo Meta seja o projeto, nada

impede que a análise de valor recaia sobre os produtos da linha de produção normal

da empresa, isto é, um reprojeto.

3.3 Custo Kaizen

Para NAKAGAWA (2000), uma das formas de se reduzir custos é através de

uma prática de contínuo aperfeiçoamento.

MONDEN (1999) diz que Custo Kaizen significa manter os níveis correntes

de custo e trabalhar sistematicamente para reduzir os custos a valores desejados.

Kaizen, Kai significa mudança e zen significa bom, é o termo japonês que significa

um método de redução de custos durante o processo de fabricação (CREPALDI

2.004). No Custo Kaizen não se parte para grandes inovações, pois seria mais difícil

e caro grandes mudanças na fase de fabricação.

Dessa forma, o Kaizen se baseia em pequenas mudanças feitas de forma

constante e gradual, uma vez que o Custo Meta, durante a fase de projeto, já definiu

as grandes mudanças para adequação do produto às necessidades do mercado. O

Custo Kaizen vem adequar o custo real ao Custo Meta ou complementar essa

redução de custos.

Assim, o Kaizen parte dos dados apresentados pelo custo-alvo, ou seja, os

planos de produção, compras, vendas, despesas etc e a partir daí é determinado um

percentual de redução alvo para o valor dos custos idealizados como meta para os

setores envolvidos.

Procura-se identificar as perda no processo produtivo para a eliminação dos

gastos desnecessários. MONDEN (1999:233-234) relaciona quatro níveis de perdas

analisadas pelo Kaizen:

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59

Perda primária: Um excesso de elementos de

capacidade de produção, tais como excesso de funcionários, de equipamento ou de estoque. Tais excessos acarretam custos desnecessários de mão-de-obra, depreciação de equipamento e financeiros (juros do capital).

Perda secundária: Perda causada por superprodução

quantitativa (excesso de produção) ou por superprodução por antecipação (trabalhar com muita antecedência). Esse é o pior tipo de perda.

Perda terciária: Perda por estoque em excesso. Esse tipo de perda acarreta custos financeiros (e maiores custos de oportunidade).

Perda quaternária: Perda por excesso de transporte (dispositivos transportadores, etc.), estoque excessivo do almoxarifado, custos excessivos de administração, almoxarifado e manutenção com excesso de qualidade.

O Custo Kaizen se preocupa em buscar economias em todas as fases do

processo produtivo, através de idéias vindas de todas as áreas da empresa e

principalmente das pessoas envolvidas na produção. Assim, é normal em muitas

empresas o pessoal de produção levantar os dados e calcular seus próprios custos.

MONDEN (1999) aponta três tipos de custo kaizen específicos por produto:

1) Custo kaizen por produto que não conseguiu atingir as metas do

custo-alvo. Esse trabalho é feito três meses após a implantação de

um produto novo.

2) Custo kaizen para recuperar lucratividade perdida por algum

produto. Toda vez que mudanças no cenário econômico, novas

tecnologias, gostos dos consumidores ou outro fator qualquer afeta

a lucratividade de determinado produto uma comissão é formada

para analisar redução de custos nesse produto.

3) Custo kaizen para peças ou submontagens específicas. Na indústria

automobilística, por exemplo, para um determinado motor ou tipo de

câmbio.

As economias conquistadas pelo Custo Kaizen são incorporadas aos novos

padrões de custos. Exemplificando, MONDEN (1993) afirma que na indústria

automobilística japonesa cada carro tem uma base de custo pré determinada que é

o custo real do carro no ano anterior e todo trabalho do Kaizen usa essa referência

como ponto de partida.

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60

O Custo Kaizen difere do sistema tradicional do custo padrão, pois enquanto

este procura evitar variações desfavoráveis de padrões técnicos de custos aquele

procura analisar as diferenças com as metas de redução de custos.

Quadro nº 3.4 comparação entre Custo Padrão e Custo Kaizen

Custo-padrão:

Conceito de sistema de controle

de custo;

Assume estabilidade nos

processos atuais de fabricação;

A meta é alcançar o custo-padrão

de desempenho;

Custo Kaizen:

Conceito de sistema de redução

de custo;

Assume melhoria contínua na

fabricação;

A meta é alcançar os padrões de

redução de custos;

Técnicas de Custo-padrão:

Os padrões são determinados

anual ou semestralmente;

As análises das variações de

custo envolvem comparações

entre os custos-padrão e os

realizados;

A investigação de variância de

custo ocorre quando os custos-

padrão não são atingidos;

Técnicas de Custo Kaizen:

As metas de redução de custo são

determinadas e aplicadas

mensalmente e os métodos de

melhoria contínua (Kaizen) são

aplicados ao longo do ano todo

para alcançar as metas;

Análises de variações de custo

envolvem os montantes das metas

do custo Kaizen contra os

montantes de redução real dos

custos;

A investigação ocorre quando a

redução do custo-meta (Kaizen)

não é alcançada;

Quem tem o melhor conhecimento

para reduzir os custos?

Os gerentes e engenheiros, como

têm conhecimento técnico,

desenvolvem os padrões.

Quem tem o melhor conhecimento

para reduzir os custos?

Os funcionários estão

familiarizados com os processos

e, portanto, conhecem-no melhor.

Fonte: Monden e Lee adaptado (apud Kaplan 2000b:687).

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3.4 Um Estudo de Caso

A empresa Franca Indústria de Calçados Ltda (nome fictício), estabelecida na

cidade de São Paulo desde 1997, tinha possibilidade de exportar calçados infantis

para os Estados Unidos.

A empresa almejava uma Margem de Contribuição de 20% sobre o Preço de

Exportação, mas não estava conseguindo fechar negócio em função de seu custo.

A empresa, através da análise da Engenharia de Valor, percebeu que o item

durabilidade não é tão valorizado no calçado infantil quanto no de adulto. No infantil,

as qualidades conforto e beleza são o que predomina. Assim, a empresa

desenvolveu um produto menos durável, porém atendendo os itens valorizados pelo

consumidor, reduzindo seu custo e podendo atender o preço de mercado com seu

objetivo de lucratividade.

Lembre-se aqui que a exportação sempre exige a adaptação do produto ao

mercado de destino, sendo essa, portanto, uma oportunidade de se fazer uma

análise da Engenharia de Valor.

3.5 CONCLUSÃO

As técnicas de Custo Meta, Kaizen e ABC foram desenvolvidas pelas grandes

empresas, estudadas e aperfeiçoadas nesse ambiente. Não se defende aqui uma

simples transferência dessas complexas metodologias para a pequena empresa,

mas sua utilização de forma simples e gradual combinada com outros métodos de

redução de custos, de acordo com as características e necessidades de cada

negócio em seu ambiente competitivo.

Devido à sua complexidade e ao excesso de controles que requer, o ABC é

praticamente inviabilizado para uso constante na pequena empresa. Entretanto, para

aquelas empresas com alta incidência de custos fixos e àquelas que precisem

analisar sua Engenharia de Valor, sugere-se que o utilizem para estudos especiais e

análises periódicas de seus produtos e processos.

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Ainda sob o foco da administração estratégica dos custos, o próximo capítulo

analisará os incentivos e custos específicos da atividade exportadora.

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4. INCENTIVOS E CUSTOS ESPECÍFICOS DA EXPORTAÇÃO

A atividade exportadora conta com características específicas de incentivos,

como a desoneração de alguns tributos que gravam o mercado interno, possibilidade

de aquisição de mercadorias a preços internacionais com a utilização do drawback,

bem como incentivos financeiros com obtenção de financiamentos a juros

internacionais.

Esses incentivos têm como objetivo que os produtos cheguem ao mercado

internacional em condições competitivas. Conhecer e bem utilizá-los é fator

primordial para obtenção de sucesso.

Também o domínio de seus custos específicos como logística, custos de

adaptação do produto ao mercado de destino, embalagens especiais, opções de

contratação de frete e seguro internacionais requer do exportador uma constate

procura das melhores alternativas para uma eficaz administração estratégica de

custos.

4.1 Os incentivos

Os incentivos à exportação enquadram-se em duas categorias:

Fiscais; e

Financeiros.

É importante observar que os incentivos fiscais apenas eliminam do preço dos

produtos exportados impostos devidos nas operações de mercado interno por tratar-

se de um conceito mundialmente aceito de que o imposto é uma dívida do indivíduo

a seu país, portanto não se deve exportar impostos. O Drawback é apenas uma

adequação de preços de matérias-primas e componentes a preços internacionais e

os incentivos financeiros uma adequação dos juros a taxas de mercado externo.

Conclui-se portanto que a política brasileira de incentivo à exportação não

concede subsídios, que é distribuição de recursos com o objetivo de redução de

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custos e conseqüentemente de preço de uma forma irreal ou fictícia. Isso feriria as

normas de comércio internacional.

A atividade exportadora tem também custos específicos, tais como

embalagens especiais, despesas portuárias, despachante, aluguel de container,

frete e seguro internacionais, dependendo da cláusula da venda, entre outros.

4.1.1 Incentivos Fiscais

4.1.1.1 A tributação da micro e pequena empresa

Visando atender o disposto nos artigos 170 e 179 da Constituição Federal,

que prevê tratamento jurídico diferenciado às microempresas e empresas de

pequeno porte, a Lei nr. 9.841, de 5 de outubro de 1999, institui o Estatuto da

Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

A Lei 9.317, de 05 de dezembro de 1996, criou o SIMPLES

Sistema

Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e

Empresas de Pequeno Porte, consistindo basicamente na unificação dos seguintes

impostos e contribuições: Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ); Contribuição

Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL); Contribuição para o Financiamento da

Seguridade Social (COFINS); Contribuição para o Programa de Integração Social e

Formação do Patrimônio Público (PIS/PASEP); Imposto sobre Produtos

Industrializados (IPI);Contribuição Previdenciária, parte do INSS relativa ao

empregador incluída já as Contribuições ao sistema S (SESC, SESI, SENAI,

SENAC, SEBRAE, SENAR, SESCOOP) e a seus congêneres, bem como os

pagamentos compulsórios relativos ao salário-educação, INCRA, seguro de acidente

de trabalho e contribuição sindical patronal.

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O quadro 4.1 mostra a tributação das empresas optantes pelo SIMPES

federal:

Quadro 4.1

Tributação dos optantes pelo SIMPES federal sem convênio com Estado ou

Município

Faturamento anual Enquadramento Alíquota

Até R$ 60.000,00 Microempresa 3,0%

De R$ 60.000,01 a R$ 90.000,00 Microempresa 4,0%

De R$ 90.000,01 a R$ 120.000,00 Microempresa 5,0%

De R$ 120.000,01 a R$ 240.000,00 Microempresa 5,4%

De R$ 240.000,01 a R$ 360.000,00 Empresa de Peq. Porte

5,8%

De R$ 360.000,01 a R$ 480.000,00 Empresa de Peq. Porte

6,2%

De R$ 480.000,01 a R$ 600.000,00 Empresa de Peq. Porte

6,6%

De R$ 600.000,01 a R$ 720.000,00 Empresa de Peq. Porte

7,0%

De R$ 720.000,01 a R$ 840.000,00 Empresa de Peq. Porte

7,4%

De R$ 840.000,01 a R$ 960.000,00 Empresa de Peq. Porte

7,8%

De R$ 960.000,01 a R$ 1.080.000,00 Empresa de Peq. Porte

8,2%

De R$ 1.080.000,01 a R$ 1.200.000,00 Empresa de Peq. Porte

8,6%

De R$ 1.200.000,01 a R$ 1.320.000,00 Empresa de Peq. Porte

9,0%

De R$ 1.320.000,01 a R$ 1.440.000,00 Empresa de Peq. Porte

9,4%

De R$ 1.440.000,01 a R$ 1.560.000,00 Empresa de Peq. Porte

9,8%

De R$ 1.560.000,01 a R$ 1.680.000,00 Empresa de Peq. Porte

10,2%

De R$ 1.680.000,01 a R$ 1.800.000,00 Empresa de Peq. Porte

10,6%

De R$ 1.800.000,01 a R$ 1.920.000,00 Empresa de Peq. Porte

11,0%

De R$ 1.920.000,01 a R$ 2.040.000,00 Empresa de Peq. Porte

11,4%

De R$ 2.040.000,01 a R$ 2.160.000,00 Empresa de Peq. Porte

11,8%

De R$ 2.160.000,01 a R$ 2.280.000,00 Empresa de Peq. Porte

12,2%

De R$ 2.280.000,01 a R$ 2.400.000,00 Empresa de Peq. Porte

12,6%

Fonte: Lei 9.317/96 e Medida Provisória nº 275 de 29/12/05

As empresas contribuintes do IPI acrescentam aos valores supra 0,5% (meio

ponto percentual) relativo a esse tributo.

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Havendo convênio com os Estados será acrescido à tabela supra, a título de

ICMS, observado o disposto no respectivo convênio, os percentuais abaixo

indicados:

a) se microempresa contribuinte exclusivamente do ICMS, até 1% (um

ponto percentual);

b) se microempresa contribuinte do ICMS e do ISS, até 0,5% (meio

ponto percentual);

c) se empresa de pequeno porte contribuinte exclusivamente do ICMS,

até 2,5% (dois e meio pontos percentuais);

d) se empresa de pequeno porte contribuinte do ICMS e do ISS, até

2% (dois pontos percentuais);

Havendo convênio com os Municípios será acrescido, a título de ISS,

observado o disposto no respectivo convênio, os percentuais abaixo indicados:

a) se microempresa contribuinte exclusivamente do ISS, até 1% (um

ponto percentual);

b) se microempresa contribuinte do ICMS e do ISS, até 0,5% (meio

ponto percentual);

c) se empresa de pequeno porte contribuinte exclusivamente do ISS,

até 2,5% (dois e meio pontos percentuais);

d) se empresa de pequeno porte contribuinte do ICMS e do ISS, até

0,5% (meio ponto percentual).

Nos convênios com Estados e Municípios, as Empresas de Pequeno Porte

(EPP) com faturamento anual superior a R$ 720.000,00 (setecentos e vinte mil

Reais) sofrem um acréscimo em seus percentuais, conforme segue:

Para os Estados:

a) EPP contribuinte exclusivamente do ICMS mais 1% (um ponto percentual);

b) EPP contribuinte do ICMS e ISS mais 0,5% (meio ponto percentual).

Para os Municípios:

a) EPP contribuinte exclusivamente do ISS mais 1% (um ponto

percentual);

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67

b) EPP contribuinte do ICMS e do ISS mais 0,5% (meio ponto

percentual);

Observe-se que a opção pelo SIMPLES federal e estadual não são

vinculados, podendo a empresa optar pelo federal e não pelo estadual e vice-versa.

E que além do montante do faturamento há outros fatores limitadores da opção tais

como ramo de atividade, sócio estrangeiro, forma jurídica da sociedade etc.

O estado de São Paulo não tem convênio com o governo federal, mas pela

Lei 10.086, de 19 de Novembro de 1998, criou o SIMPLES estadual. Essa Lei foi

alterada pela Lei 12.186, de 05 de Janeiro de 2006, que considera microempresa

aquela com receita bruta anual igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e

quarenta mil Reais) e empresa de pequeno porte aquela com receita bruta superior a

R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil

Reais). Esse mesmo diploma legal estabelece a seguinte forma de tributação:

Quadro 4.2 Tributação dos optantes pelo SIMPLES do Estado de São Paulo

Receita Bruta Mensal Tributação dedução Até R$ 60 mil 2,1526% R$ 430,53

De R$ 60 mil a R$ 100 mil 3,1008% R$ 999,44 Acima de R$100 mil 4,0307% R$ 1.929,34

Fonte: Lei 12.186/06

Outras formas de tributação estão à disposição do contribuinte, tais como

lucro presumido e lucro real.

É importante salientar que as diversas formas de opção de tributação têm

suas vantagens e desvantagens e que não existe uma forma ideal para todas as

empresas. É importante a empresa fazer seu planejamento tributário e estar

constantemente analisando qual a melhor opção para seu caso específico.

4.1.1.2 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre

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68

Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte

Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS)

Conforme inciso III do § 3º do Art. 153, para o IPI, e alínea a do inciso X do

Art. 155, para o ICMS, da Constituição Federal, esses impostos não incidirão sobre

os produtos industrializados destinados ao exterior.

É irrelevante para a não incidência desses impostos se a exportação é direta,

isto é, se o fabricante está faturando para seu cliente no exterior, ou indireta, através

de uma trading company, uma comercial exportadora, consórcio de exportação,

cooperativa ou entidade semelhante.

Por tratar-se de impostos não cumulativos, isto é, compensando-se o que é

devido em cada operação com o montante cobrado nas operações anteriores,

implica que esses impostos só incidem sobre o valor agregado em cada operação.

Daí surge também o conceito de crédito fiscal. Quando o fabricante adquire

matérias-primas, materiais secundários, materiais de embalagem, partes e peças

destinadas à fabricação de seus produtos, os valores do IPI e ICMS pagos na

compra são descontados no valor dos impostos devidos pela venda dos produtos

por ele fabricado.

Exemplificando, suponha-se que um fabricante compre matérias-primas por $

50,00 e esteja embutido nesse valor $ 9,00, referente a 18% de ICMS. Após

fabricado, o produto que utilizou essas matérias-primas é vendido por $ 120,00 e

tem também uma alíquota de ICMS de 18% sobre o valor de sua venda. Assim, é

devido de ICMS $ 120,00 X 18% = $ 21,60. Como o fabricante já pagou $ 9,00 por

ocasião da compra das matérias-primas descontará esse valor e recolherá aos

cofres estaduais $ 12,60, que é a diferença entre $21,60 - $ 9,00 = $ 12,60. Esse

mesmo exemplo feito como o ICMS é válido para o IPI.

No caso da exportação, esses impostos não são devidos na saída dos

produtos, mas os créditos desses impostos são mantidos, podendo ser

compensados com débitos originados pelas vendas ao mercado interno.

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69

Para efeito de formação de preços de exportação com base no custo, a

empresa deverá utilizar como custo das matérias-primas o valor líquido, isto é, sem

IPI e ICMS. Dessa forma, já estará considerando a manutenção dos créditos fiscais.

Cumpre ressaltar que, em virtude das legislações estaduais normalmente não

permitirem a venda de créditos fiscais acumulados ou seu ressarcimento em dinheiro

no caso da empresa destinar ao exterior, em média, acima de 30% de sua produção,

provavelmente não haverá volume suficiente de débitos internos de ICMS para

compensar os créditos fiscais acumulados na aquisição interna de matéria-prima,

componentes, embalagem etc. (Castro 2001:183). Isso acaba gerando ativos de

Impostos a Recuperar sem data certa de utilização, sem qualquer remuneração e

que acaba sendo corroído pela inflação, isto é, acaba sendo perdido.

As empresas optantes pelo SIMPLES não gozam desse benefício fiscal na

exportação, pois pagam um percentual fixo sobre sua receita bruta, incluindo aí suas

exportações. Esse percentual fixo, como mencionado anteriormente, cobre os

impostos federais do IPI, PIS, COFINS, CSSL, IRPJ e INSS.

No caso das empresas optantes pelo SIMPLES federal, mas não do

SIMPLES estadual, terão direito a não incidência do ICMS sobre as exportações e

manutenção dos créditos dos insumos utilizados na fabricação.

4.1.1.3 Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins)

Instituída pela Lei Complementar nº 70 de 30/12/91, com base no

inciso I do Art. 195 da Constituição Federal e regulamentada pelo Decreto 1.030 de

29/12/93. A Medida Provisória nº 2.113 de 28/03/01 ampliou essa isenção para

venda de bens e serviços ao exterior e também às empresas que venham a adquirir

produtos com o fim específico de exportação.

A isenção do pagamento dessa contribuição se concretiza com a exclusão do

valor das exportações de mercadorias e serviços do faturamento da empresa.

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70

A isenção vale tanto para as exportações diretas, isto é, quando o fabricante

fatura a seu cliente no exterior, como para as indiretas, via trading company ,

comerciais exportadoras, cooperativas, consórcios ou estabelecimentos

semelhantes autorizados.

As pequenas e microempresas optantes pelo SIMPLES não desfrutam

dessa isenção na exportação, pois elas já são isentas desse tributo pelo próprio

texto da Lei Complementar nº 70 de 30/12/1991. Cite-se que o percentual de

imposto do SIMPLES que incide sobre o faturamento da empresa vai, nesse caso,

incidir sobre o faturamento de exportação.

Nas operações de mercado interno, as alíquotas do Cofins são 3%

cumulativos sobre a receita bruta para as empresas que têm lucro presumido ou

arbitrado e 7,6% não cumulativos para as empresas que apuram lucro real.

Na não cumulatividade da contribuição para o COFINS a pessoa jurídica

poderá descontar créditos calculados em relação a:

bens adquiridos para revenda;

bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos

destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive

combustíveis e lubrificantes;

energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica;

aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa

jurídica, utilizados nas atividades da empresa;

despesas financeiras pagas a pessoas jurídicas, exceto se optante do

Simples;

depreciação de máquinas e equipamentos utilizados na fabricação de

produtos destinados à venda;

amortização de edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros;

bens recebidos em devolução;

4.1.1.4 Programa de Integração Social (PIS)

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71

Instituído pela Lei Complementar nº 7 de 03/12/70, pelo art. 14 da

Medida Provisória nº 2.311, teve a isenção ampliada para exportação de bens e

serviços e também a aquisição de produtos com o fim específico de exportação.

Como a Cofins, a isenção se concretiza pela exclusão do valor exportado do

faturamento da empresa, a isenção tanto vale para exportações diretas como

indiretas. Também, nesse caso, as pequenas e microempresas optantes pelo

SIMPLES já são isentas desse tributo por força da própria Lei Complementar nº 7

valendo a observação anteriormente feita para a Cofins.

Nas operações de mercado interno, as alíquotas do PIS são 0,65%

cumulativos sobre a receita bruta para as empresas que têm lucro presumido ou

arbitrado e 1,65% não cumulativos para as empresas que apuram o lucro real.

Assim como na Cofins, também no PIS a empresa poderá descontar créditos

calculados em relação a:

bens adquiridos para revenda;

bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos

destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive

combustíveis e lubrificantes;

energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica;

aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa

jurídica, utilizados nas atividades da empresa;

despesas financeiras pagas a pessoas jurídicas, exceto se optante do

Simples;

depreciação de máquinas e equipamentos utilizados na fabricação de

produtos destinados à venda;

amortização de edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros;

bens recebidos em devolução;

4.1.1.5 Drawback

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72

Com o objetivo de que nossos produtos sejam competitivos,

internacionalmente o Drawback permite a compra no mercado internacional de

matérias-primas, materiais secundários, embalagens, partes e peças utilizados na

fabricação dos produtos a serem exportados sem os tributos que normalmente

gravam a importação.

Conforme CASTRO (2001:181),

Drawback é um incentivo fiscal à exportação que permite à empresa industrial ou comercial importar, livre do pagamento de impostos e taxas, mercadoria para ser utilizada na fabricação de novo produto a ser gerado por transformação, beneficiamento ou integração, com a condição básica de este novo produto ser integralmente exportado.

Ainda conforme CASTRO (2001), o Drawback reduz o custo fiscal pois

dispensa o pagamento do Imposto de Importação (I.I.) e do Adicional ao Frete para

Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) e reduz o custo financeiro por não ser

necessário imobilizar capital para pagamento de IPI e ICMS, que seriam

recuperados posteriormente, mediante crédito na escrita fiscal.

4.1.1.5.1 Modalidades

A legislação prevê três modalidades de Drawback, conforme segue:

4.1.1.5.1.1 Suspensão: essa modalidade ocorre quando há a importação da

mercadoria que irá compor o produto a ser exportado. Nessa hipótese

os impostos ficarão com suas exigibilidades suspensas até efetiva

comprovação do embarque dos produtos ao exterior.

Figura 4.1

drawback suspensão

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73

Fonte: CASTRO (2001:196)

4.1.1.5.1.2 Isenção: ocorre essa modalidade quando o fabricante utilizou na

exportação mercadoria de seu estoque importada anteriormente para

uso na produção para mercado interno com pagamento normal de

todos os tributos. Assim, ele faz uma nova importação com isenção dos

impostos para repor seu estoque.

Figura 4.2

drawback isenção

Fonte: Castro (2001:198)

Fonte: CASTRO (2001:198)

4.1.1.5.1.3 Restituição: nessa modalidade o fabricante que utilizou na exportação

mercadoria de seu estoque importada anteriormente para uso na

produção para mercado interno com pagamento normal de todos os

Importação de mercadorias, com suspensão do pagamento de impostos, a

serem utilizadas na fabricação de produto a ser exportado.

Importação com suspen-

são do pagamento de

impostos (drawback)

Exportação

Reposição de estoques de mercadorias importadas anteriormente, com

pagamento de impostos, utilizadas na fabricação de produto exportado.

Importação

com

pagamento

de impostos

Exportação Importação

com isenção

de impostos

(drawback)

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74

tributos não tendo interesse em repor o estoque, pede restituição dos

impostos pagos quando fez a importação.

Figura 4.3

drawback restituição

Fonte: CASTRO (2001:201)

4.1.1.6.1 Submodalidades

Com a evolução do comércio internacional, algumas submodalidades de

drawback Suspensão e Isenção foram se desenvolvendo. Entre as citadas por

Castro (2.001), destacam-se:

4.1.1.6.1.1Sem Cobertura Cambial

Apontada por CASTRO (2001) como de fundamental importância, essa

submodalidade permite que o importador no exterior envie ao exportador no Brasil

mercadorias a serem utilizadas no produto a ser exportado. Essa remessa de

mercadoria tem que ser sem cobertura cambial, isto é, sem pagamento. Assim, o

exportador brasileiro cobrará do seu cliente no exterior apenas o valor agregado ao

produto exportado. Essa operação elimina custos da compra de mercadorias no

estrangeiro, bem como custo financeiro do estoque, conforme figura 4.4:

Figura 4.4 drawback sem cobertura cambial

Fornecedor Insumos

EUA

Importador do Produto Final nos

EUA

MP $ 1.000

Efetua Pagto $ 1.000

Recuperação de impostos pagos na importação de mercadorias utilizadas na

fabricação de produto exportado.

Importação com

pagamento de

impostos

Exportação Restituição de

Impostos

(drawback)

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75

Fonte: CASTRO (2001:213)

Essa operação tem evoluído muito nos dias atuais, chegando a ser feita

envolvendo diversos paises. Exemplificando, pode-se ter uma exportação de um

fabricante brasileiro para um comprador nos Estados Unidos que pede para entregar

fisicamente a mercadoria a seu cliente no Japão, utilizando matéria-prima importada

da Argentina, sem cobertura cambial, paga pelo importador americano, conforme

figura 4.5:

Figura 4.5

drawback envolvendo países

Importador Máquina

EUA. Efetua Pagto Compra Aço

$1.000

Remete Docs Efetua

Remete Docs Export

$ 2.000

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76

Fonte: CASTRO (2001:214)

4.1.1.6.1.2 Sem Importação Física

Há casos em que o produto exportado é montado no exterior. Nessa hipótese

o exportador brasileiro importa, sob o regime de drawback suspensão, partes, peças

e componentes que farão parte do produto final exportado e indica o local no exterior

onde deverá ocorrer a entrega física do produto.

A vantagem dessa operação é que a empresa brasileira reduz o custo do

transporte para o Brasil e depois para o cliente final, ficando só o frete do local do

fornecedor da empresa brasileira e seu cliente.

4.1.1.6.1.3 Solidário

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77

Essa submodalidade tenta viabilizar a importação de quantidades que

individualmente seria antieconômico sua efetivação. Assim, as empresas

interessadas em adquirir os mesmos insumos se unem informalmente para efetivar a

importação em conjunto na modalidade suspensão.

4.1.1.6.2.4 Intermediário

O drawback intermediário consiste na importação de mercadoria, com

isenção ou suspensão dos impostos, pela empresa A, que transforma num produto

intermediário e vende no mercado interno à empresa B, que dá um novo

processamento industrial transformando-o em outro produto final, que é exportado

direta ou indiretamente.

Essa operação gera redução do custo financeiro pela não imobilização de

capital com impostos e aquisição de mercadorias pela empresa B a preço

internacional no que se referiu à mercadoria importada sob regime drawback.

A figura 4.6 exemplifica a operação:

Figura 4.6

drawback intermediário

Fornecedor no Exterior

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78

Fonte: Castro (2.001:223)

Fonte: CASTRO (2001:223)

4.1.1.6.1.5 Interno ou Verde-Amarelo

Sempre foi uma aspiração dos exportadores nacionais a aquisição de

insumos no mercado interno sem tributação de IPI, ICMS, PIS e COFINS. Essa

modalidade existe em relação ao IPI, porém os Estados nunca reconheceram esse

mecanismo nem o PIS e o COFINS. Em relação ao IPI, o processo é bastante

burocrático, o que na prática tem desestimulado a operação.

Conforme CASTRO (2001), quando o drawback interno incluir o ICMS, PIS e

COFINS e for reduzida a burocracia do IPI, isso representará um grande incentivo e

ganho de competitividade para os exportadores nacionais.

4.1.2 Incentivos Financeiros

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79

4.1.2.1 Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC)

Trata-se de um financiamento ao exportador antes do embarque da

mercadoria para o exterior, para cobrir custos de produção e comercialização.

Assim, o exportador vende ao banco a moeda estrangeira que terá direito pelo

embarque da mercadoria. Esse adiantamento poderá ser o total do contrato de

exportação ou parte.

Os custos dessa operação variam com a taxa LIBOR (London Interbank

Offered Rate), praticada no mercado financeiro internacional. O prazo de

financiamento dessa operação é de até 360 dias.

4.1.2.2 Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE)

Esse adiantamento ocorre quando efetuado o embarque; o exportador

entrega os documentos ao banco para cobrança no exterior. Tem custo financeiro

semelhante ao ACC, porém com o saque de exportação emitido contra o importador,

isso atenua a exigência de garantias complementares.

Tanto o ACC quanto o ACE são operações financeiras, em princípio, com

custo menor que financiamentos do mercado interno. Caso o exportador não tenha

necessidade de financiamento, pode travar o câmbio com o banco e receber os

Reais por ocasião da liquidação da operação e ganhar um prêmio pago pelo banco.

4.1.2.3 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) -

EXIM

Trata-se de financiamento de produtos manufaturados por repasse de

recursos do BNDES às instituições financeiras credenciadas. Os produtos

financiáveis são os relacionados na Carta Circular nº 42/03 de 29 de setembro de

2003 e os financiamentos são disponíveis nas modalidades:

Pré-embarque: financia a produção dos bens já vendidos a serem

exportados. Os principais produtos financiados nessa modalidade são

máquinas e equipamentos.

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80

Pré-embarque especial: financia a produção dos produtos supra, porém sem

vinculação a vendas de exportação já efetuadas, mas vinculado a um

incremento no volume de exportações.

Pós-embarque: financia a comercialização dos bens e serviços no exterior.

Esse financiamento é de no mínimo 6 meses a 12 anos, podendo ser tanto na

modalidade de refinanciamento ao exportador que financiou seu importador,

mediante desconto dos títulos de crédito de exportação, ou um financiamento

do BNDES ao importador e pagamento à vista ao exportador.

4.1.2.4 Programa de Financiamento às Exportações (PROEX)

Programa de financiamento de bens e serviços criado pelo governo federal

com objetivo de financiar as exportações brasileiras em condições equivalentes aos

financiamentos do mercado internacional. É operado em duas modalidades:

PROEX financiamento: é o financiamento concedido ao exportador ou

importador com recursos do Tesouro Nacional e operacionalizado pelo Banco do

Brasil. O prazo de financiamento é de 3 a 120 meses.

PROEX equalização: nesse caso o governo federal paga às

instituições financeiras a diferença a maior entre os recursos financeiros aplicados

no financiamento das exportações e o custo de captação dos recursos com o

objetivo de torná-los equivalentes aos do mercado internacional, conforme FIESP,

CIESP , SEBRAE (2004) e MALUF (2000).

4.1.2.5 Letras de Exportação Export Notes

Regulamentado pela Circular nº 1846/90 do Banco Central do Brasil

(BACEN), esse financiamento é um contrato mercantil entre um exportador e

aplicador de recursos. O pagamento é garantido pelo contrato de exportação, e os

encargos financeiros seguem a variação cambial, acrescida de juros, geralmente à

variação da taxa LIBOR.

MALUF (2000:190) aponta as seguintes vantagens dessa operação para o

exportador:

é uma alternativa aos ACC Adiantamento sobre Contrato de Câmbio;

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81

independe das linhas bancárias de curto prazo para o financiamento de

vendas ao exterior;

o prazo de financiamento poderá ser maior do que o das operações de

adiantamento sobre contratos de câmbio;

a taxa de juros é a praticada no mercado;

o título é indexado à variação cambial.

4.1.3 Seguro de Crédito à Exportação

Essa modalidade de seguro é feita, no Brasil, com exclusividade pela

Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação S.A., com o objetivo de proteger o

exportador brasileiro contra o não recebimento dos créditos concedidos aos

importadores no exterior.

Os riscos cobertos são os comerciais, caracterizados pela mora, concordata

ou falência do importador e os Riscos Políticos ou Extraordinários, caracterizados

por atos governamentais do país importador ou eventos específicos que impeçam a

transferência do pagamento (moratória, guerra, confisco, desastres naturais etc.)

O custo do seguro varia de acordo com o tempo de cobertura, se créditos de

curto prazo (até 2 anos) ou de longo (acima de 2 anos), condições do país pagador

e do importador, entre outros fatores. No site da seguradora existe um simulador em

que o exportador pode ter uma idéia de custo.

4.2 Custos Específicos

4.2.1 Imposto de Exportação (IEX)

Previsto no inciso II do artigo 153 da Constituição Federal, é um tributo com

finalidade reguladora da atividade exportadora, quer desincentivando exportação de

produtos na sua forma bruta para incentivar o produto industrializado com maior

valor agregado, quer para controle do abastecimento interno. Para a grande maioria

dos produtos exportados, não há incidência desse imposto, entretanto, quando

houver, há a necessidade de incluí-lo como custo da exportação.

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82

4.2.2 Fórmulas contratuais típicas utilizadas no comércio internacional

International Commercial Terms (Incoterms)

Os Incoterms são cláusulas contratuais utilizadas no comércio internacional

para definir claramente até onde vai a responsabilidade do exportador e onde

começa a responsabilidade do importador em relação ao contrato de venda e

compra de mercadorias.

Essas normas de negociação foram consolidadas em dois conjuntos, a saber:

Definições Americanas Revisadas para o Comércio Exterior, 1941

(Revised American Foreign Trade Definitions, 1941) resultantes do XXVII Congresso

Nacional do Comércio Exterior, realizado nos Estados Unidos em 1940; e

Incoterms, que surgiram em 1.936 por publicação da Câmara de

Comércio Internacional (CCI). Devido à dinâmica do comércio internacional, esses

termos são periodicamente revistos, sendo a última a Revisão 2000, publicação nº

560, que passou a vigorar a partir de 01/01/2.000.

Embora os Incoterms sejam hoje as normas mais utilizadas mundialmente,

são de uso facultativo, devendo o comerciante que deseje utilizá-los mencionar isso

claramente em seu contrato de venda e compra e, uma vez mencionado, passa a ter

força legal.

Conforme LUNARDI (2003:39), os Incoterms permitem, com clareza, definir :

o preço e o que nele se contém, identificando, com precisão, a divisão de custos da

operação; o momento e local exatos para entrega dos bens, identificando

também, com precisão a divisão dos riscos por perdas ou danos sobre a carga.

RATTI (2001:383) se referindo aos Incoterms expressa que a principal função

dessas fórmulas é precisar em que momento o exportador cumpriu suas

obrigações, de modo que se possa dizer que, do ponto de vista legal, as

mercadorias foram entregues ao importador e que o exportador tem direito a receber

o pagamento estipulado.

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83

Na atual revisão os Incoterms são compostos de 13 cláusulas, representadas

por três letras da sua abreviação da palavra inglesa, conforme segue:

4.2.2.1 EXW ex works (named place)

Na Origem (local designado)

Nessa cláusula o vendedor (exportador) entrega a mercadoria ao comprador

(importador) em seu estabelecimento, o qual deverá ser definido (local designado).

Essa cláusula representa a menor obrigação para o vendedor. Essa cláusula pode

ser usada em qualquer modalidade de transporte.

Conforme BIZELLI (2000:33), Na Origem significa que o vendedor entrega

as mercadorias quando ele as coloca à disposição do comprador, em sua

propriedade ou outro local nomeado (isto é, estabelecimento, fábrica, armazém,

etc.), não desembaraçadas para exportação e não embarcadas em qualquer veículo

coletor.

4.2.2.2 FCA free carrier (named place)

Livre no transportador (local designado)

Nessa cláusula a responsabilidade do vendedor estende-se até a entrega da

mercadoria no transportador indicado pelo comprador. Esclarece ainda a publicação

da CCI que, se a entrega ocorrer na propriedade do vendedor, ele é responsável

pelo embarque; se ocorrer em qualquer outro lugar, o vendedor não é responsável

pelo embarque, (BIZELLI 2000). Essa cláusula pode ser utilizada em qualquer

modalidade de transporte.

4.2.2.3 FAS Free Alongside Ship (named port of shipment)

Livre no costado do navio (porto de embarque designado)

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84

Aqui a responsabilidade do vendedor vai até a mercadoria ser colocada no

cais do porto de embarque, indicado pelo comprador, ao lado do navio. Compete ao

vendedor entregar a mercadoria liberada para exportação, incluindo a

documentação relativa à licença e direitos aduaneiros. Este termo só pode ser

utilizado para o transporte marítimo ou por águas internas.

4.2.2.4 FOB Free On Board (named port of shipment)

Livre a Bordo (porto de embarque designado)

Nesse caso a responsabilidade do vendedor se extingue quando a

mercadoria transpõe a amurada do navio no porto de embarque indicado pelo

comprador. Também, nesse caso, é responsabilidade do vendedor entregar a

mercadoria liberada para exportação, incluindo a documentação relativa à licença e

direitos aduaneiros. Este termo só pode ser utilizado para transporte marítimo ou por

águas internas.

4.2.2.5 CFR Cost and freight (named port of destination)

Custo e Frete (porto de destino designado)

Aqui o vendedor arca com as responsabilidade da cláusula FOB, mais o frete

internacional para levar as mercadorias ao porto de destino designado pelo

comprador, porém o risco de perdas ou danos às mercadorias cessam com o

embarque da mercadoria. Este termo só pode ser utilizado para transporte marítimo

ou por águas internas.

4.2.2.6 CIF Cost, Insurance and Freight (named port of desination)

Custo, Seguro e Frete (porto de destino designado)

Nesta hipótese o exportador é responsável pelas obrigações constantes da

cláusula FOB mais o frete e o seguro internacionais até o porto de destino. Uma vez

embarcada a mercadoria, pagos o frete e o seguro internacionais, o risco de perda

ou dano às mercadorias, ou quaisquer outros custos adicionais ocorridos após o

embarque, passam a ser de responsabilidade do comprador. Este termo só pode ser

utilizado para transporte marítimo ou por águas internas.

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85

4.2.2.7 CPT- Carriage Paid to (named place of destination)

Transporte Pago até (local de destino designado)

O vendedor entrega a mercadoria desembaraçada para exportação ao

transportador designado pelo comprador e paga o frete internacional para levar a

mercadoria até o seu destino. Entregue a mercadoria ao transportador e pago o frete

internacional, todos os riscos e danos causados à mercadoria e quaisquer outros

custos que ocorram depois disso passam a ser responsabilidade do comprador.

Esse termo pode ser utilizado em qualquer modalidade de transporte, inclusive o

multimodal.

4.2.2.8 CIP - Carriage and Insurance Paid to (named place of destination)

Transporte e Seguro Pagos até (local de destino designado)

As mesmas condições da cláusula anterior (CPT), porém o exportador paga

também o seguro da mercadoria até o local de destino. À semelhança da cláusula

CIF, entregue a mercadoria ao transportador, pagos o frete e o seguro

internacionais, cessam as responsabilidades do exportador. Esse termo pode ser

utilizado em qualquer modalidade de transporte, inclusive o multimodal.

4.2.2.9 DAF Delivered at frontier (named place)

Entregue na Fronteira (local designado)

Nesta cláusula contratual é responsabilidade do vendedor colocar a

mercadoria no ponto combinado da fronteira, porém antes da divisa alfandegária do

país importador. O vendedor é responsável pelo desembaraço da exportação, porém

não da importação. Esse termo deve ser utilizado quando a mercadoria deve ser

entregue numa fronteira terrestre.

4.2.2.10 DES Delivered ex ship (named port of destination)

Entregue no Navio (porto de destino designado)

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86

Neste caso compete ao vendedor colocar a mercadoria à disposição do

comprador a bordo do navio no porto de destino designado. A responsabilidade do

comprador começa a partir do momento do recebimento da mercadoria no porto de

destino com o desembaraço de importação por conta do comprador. Este termo

deve ser utilizado quando o transporte for marítimo ou hidroviário, interior ou

multimodal, com um navio no porto de destino.

4.2.2.11 DEQ Delivered Ex Quay (named port of destination)

Entregue no Cais (porto de destino designado)

Aqui significa que a mercadoria deve ser colocada à disposição do

comprador no cais (atracadouro) do porto de destino combinado. Assim, o vendedor

é responsável por levar a mercadoria até o porto de destino e desembarcá-las no

cais. A partir daí, incluindo o desembaraço de importação e demais formalidades, as

despesas passam a ser responsabilidade do comprador. Este termo só pode ser

utilizado para transporte marítimo ou por águas internas ou multimodal, com um

navio no porto de destino.

4.2.2.12 DDU Delivered Duty Unpaid (named place of destination)

Entregue Direitos Não Pagos (local de destino designado)

O vendedor é responsável pela colocação das mercadorias em local

combinado, entregando os bens para o desembaraço de importação sobre o veículo

transportador. Passa a ser responsabilidade do comprador a descarga,

desembaraço de importação, pagamentos dos direitos, impostos e outros encargos.

Essa cláusula pode ser utilizada em qualquer meio de transporte.

4.2.2.13 DDP Delivered Duty Paid (named place of destination)

Entregue Direitos Pagos (local de destino designado)

Page 101: PLANEJAMENTO DE PREÇOS DE EXPORTAÇÃO EM … - ANTONIO... · Examina os métodos de custeio e como eles devem ser utilizados nas ... 2.4 Resumo das Vantagens e Desvantagens dos

87

Compete ao vendedor, nessa hipótese, colocar a mercadoria em local

designado pelo importador, inclusive se responsabilizando pelo pagamento dos

direitos, impostos e outros encargos oficiais de importação até a entrega da

mercadoria ao comprador. Este termo pode ser utilizado por qualquer modalidade de

transporte.

4.3 O Planejamento tributário da empresa Vetor

A empresa Vetor tem um faturamento médio mensal de R$ 90.000, sendo R$

70.000,00 no mercado interno e R$ 20.000,00 de exportação. É optante do Simples

Federal e do Simples do Estado de São Paulo. Não é contribuinte de IPI. Com base

no faturamento, seu recolhimento mensal, no que concerne ao Simples Federal,

importa em:

R$ 90.000,00 x 8,6% = R$ 7.740,00 (conforme quadro 4.1).

Como mencionado no item 4.1.1.1, o Simples Federal engloba os seguintes

tributos IRPJ, CSLL,COFINS, PIS/PASEP, INSS parte da empresa e contribuição

sindical patronal. Assim, se a empresa resolvesse pagar seus tributos com base na

apuração do lucro real, seu gasto mensal seria:

IRPJ: considerando-se que a empresa não tem prejuízos acumulados para

compensar com o lucro atual e que todos seus custos e despesa são dedutíveis, ter-

se-á:

R$ 8.240,00 (lucro mensal, conforme Capítulo 2 item 2.5) x 15% = R$ 1.236,00/mês;

CSLL: conforme observações supra (IRPJ):

R$ 8.240,00 x 9% = R$ 741,60;

COFINS: conforme item 4.1.1.3, a base de cálculo para efeito de apuração do

crédito considera aquisição de matérias-primas (R$ 35.500/mês, conforme Capítulo

2 item 2.5) mais aluguel de máquinas, energia elétrica, combustível, lubrificante,

depreciação, aluguel e despesas financeiras que, no caso da empresa Vetor, esses

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itens perfazem um total de R$ 9.080,00/mês. Assim, a base de cálculo total para

cálculo do crédito mensal é R$ 44.580,00.

Débito: R$ 70.000,00 (vendas totais menos exportação) x 7,6% = R$ 5.320,00.

Crédito: R$ 44.580,00 x 7,6% = R$ 3.388,08

Gasto mensal: = R$ 1.931,92

PIS: também conforme cálculo da COFINS as bases de cálculo são:

débito: R$ 70.000,00 x 1,65% = R$ 1.155,00

crédito: R$ 44.580,00 x 1,65% = R$ 735,57

gasto mensal = R$ 419,43

INSS: folha de pagamento da empresa sem encargos: R$ 9.900 x 27,8% = R$

2.752,20 (parte do INSS referente ao empregador mais sistema S, seguro de

acidente do trabalho, etc).

Contribuição sindical patronal: R$ 308/ano:12 meses = R$ 25,66/mês.

A empresa Vetor analisa agora a possibilidade de optar pelo lucro

presumido. Nessa modalidade seu gasto mensal seria:

IRPJ: faturamento R$ 90.000 x 8% (percentual sobre as receitas para presumir

lucro) = R$ 7.200,00 (lucro presumido) x 15% (alíquota do IR) = R$ 1.080,00;

CSLL: faturamento R$ 90.000 x 12% (percentual sobre a receita para presumir o

lucro) = R$ 10.800 x 9% (percentual da CSLL) = R$ 972,00;

COFINS: nesse caso a empresa é obrigada a pagar a Cofins pelo cumulativo à

alíquota de 3% (três por cento) sobre as receitas (excluindo-se exportações),

calculando-se tem:

R$ 70.000 (vendas totais R$ 90.000 R$ 20.000 de exportações) x 3% = R$ 2.100;

PIS: aqui também a empresa tem que pagar pelo cumulativo à alíquota de 0,65%,

excluindo-se as exportações:

R$ 70.000 x 0,65% = R$ 455.

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89

Observação: o encargo do INSS sobre folha de pagamento e Contribuição Sindical

Patronal continua existindo como no caso do lucro real.

Resumindo-se, tem:

Quadro 4.3

Comparação entre a tributação pelo Simples Federal, pelo Lucro Real e

pelo Lucro Presumido da empresa Vetor

Item Simples federal Lucro Real Lucro Presumido

IRPJ incluso R$ 1.236,00 R$ 1.080,00

CSLL incluso R$ 741,60 R$ 972,00

COFINS incluso R$ 1.931,92 R$ 2.100,00

PIS incluso R$ 419,43 R$ 455,00

INSS incluso R$ 2.752,20 R$ 2.752,20

Contr. Sind. Pat. incluso R$ 25,67 R$ 25,67

Total R$ 7.740,00 R$ 7.106,82 R$ 7.384,87

Fonte: próprio autor

O objetivo do presente exemplo é mostrar que nem sempre uma forma de

tributação aparentemente mais econômica, o será em todas as situações. É

possível que a diferença de R$ 633,18/mês entre o Simples e Lucro Real (R$

7.740,00

R$ 7.106,82) não motive a empresa a mudar do sistema de tributação

simples para a apuração pelo Lucro Real, em virtude desse último exigir da empresa

maiores controles e guarda de documentos, mas ela agora já teria uma opção

melhor com o Lucro Presumido. Imagine-se, entretanto, que a empresa estivesse

operando com prejuízo, ou que tivesse prejuízo de exercícios anteriores passíveis de

descontar no lucro atual, ou ainda muitos contratos de leasing que zerasse seu

lucro. Nesse caso seu gasto mensal com tributos, na opção Lucro Real, reduzir-se-ia

a R$ 5.129,22/mês (R$ 7.106,82

R$ 1.236,00

R$ 741,60), uma diferença agora

de R$ 2.610,78/mês, entre alternativa Lucro Real e Simples, já bastante justificável

de talvez se pensar em modificar o regime tributário da empresa.

Analise-se agora a opção pelo Simples estadual, separadamente, já que uma

opção não implica em outra.

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90

ICMS mensal R$ 90.000,00 x 3,1008% = R$ 2.790,72

R$ 999,44 = R$ 1.791,28,

conforme o Simples estadual, quadro 4.2.

Caso a empresa não optasse pelo Simples paulista seu ICMS mensal seria:

débito: R$ 70.000,00 (vendas deduzidas as exportações) x 18% = R$ 12.600,00;

crédito: R$ 35.500,00 x 18% = R$ 6.390,00

recolhimento mensal = R$ 6.210,00

Pela análise supra, nessa situação o melhor é optar pelo Simples estadual.

Como não há necessidade de vínculo de opção, a empresa poderia pagar

seus tributos federais pela apuração do Lucro Real ou Lucro Presumido e optar pelo

Simples estadual.

4.4 CONCLUSÃO

A atividade exportadora exige dos que a ela se dedicam uma atitude pró-

ativa e profissional. Questões como planejamento tributário, análises de custos,

alternativas de cláusulas de vendas é uma constante para a empresa que quer ser

bem sucedida nessa atividade.

Com base nas informações apresentadas nesse e nos capítulos anteriores, o

próximo capítulo apresentará o perfil da pequena empresa e um modelo para o

planejamento do preço de venda.

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91

5. O MODELO PROPOSTO

O presente capítulo analisará as peculiaridades da pequena empresa, bem

como de sua administração para, a partir dessas características, apresentar um

modelo de planejamento de preço de venda de exportação.

A ênfase será sobre o planejamento das atividades empresariais, para

permitir uma administração estratégica dos custos, dando assim maior

competitividade à empresa.

5.1 O perfil da pequena empresa brasileira

O conceito para classificar micro, pequena e média empresa é muito variável,

tanto no Brasil como no mundo. Normalmente leva-se em conta critérios

quantitativos, como número de empregados, faturamento, ativos e até patrimônio.

Diversas são as entidades que fazem sua classificação, tais como órgãos

representativos de classe, bancos, prefeituras, os Estados, Receita Federal, entre

outros. Em virtude de cada um adotar uma classificação própria, isso dificulta as

comparações. No âmbito internacional a dificuldade ainda é maior, em virtude de em

alguns países as estatísticas disponíveis se referirem a estabelecimentos e não à

empresa como um todo.

Conforme FILION (1990:33-45) o primeiro país a definir pequena empresa foi

os EUA, em 1948, com os seguintes critérios:

Sua posição no comércio ou indústria da qual faz parte não seja dominante;

Número de empregados não superior a 500;

Seja possuída e operada independentemente.

Para efeito de exemplificação, nos quadros 5.1 e 5.2, encontram-se algumas

dessas classificações e seus respectivos órgãos/países.

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92

QUADRO 5. 1

Classificação das empresas segundo o porte (entidades nacionais):

ENTIDADE /critério Microempre

sa

Pequena

empresa

Média

empresa

observações

SEBRAE/número de

pessoas ocupadas (1) 0 a 19 20 a 99 100 a 499

Aplicado a empresas

industriais

SEBRAE/número de

pessoas ocupadas (1) 0 a 9

10 a 49

50 a 99

Aplicado a empresas

do comércio ou

serviços

Estatuto da MPE/

(Microempresa e empresa

de Pequeno Porte) Lei

9.841/99 / receita bruta

anual até (2)

R$

433.755,14

R$

2.133.222,00

----

Valores atualizados

pelo Decreto nº

5028/04

Secretaria da Receita

Federal

SIMPLES Lei

nº9.317/96 e MP 275 de

29/12/05/receita bruta

anual (2)

R$ 240.000 R$ 2.400.000

---

Ministério do Trabalho e

Emprego/ número de

pessoas ocupadas (2) 0 a 9 10 a 99 100 a 499

BNDES/ receita

operacional bruta anual até

(3)

R$ 1.200.000

R$ 10,5

milhões

R$ 60

milhões

Para efeitos de

comércio exterior

segue a classificação

do Mercosul

Fontes: (1) SEBRAE nacional, acesso em 21/12/05;

(2) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Secretaria do

Desenvolvimento da Produção, acesso em 26/12/05;

(3) BNDES

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, acesso em 29/12/05.

MP = Medida Provisória

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93

QUADRO 5.2

Classificação das empresas segundo o porte (entidades estrangeiras):

ENTIDADE OU

PAÍS/critério

Microem-

presa

Pequena

empresa

Média

empresa

observações

MERCOSUL/ nº de

empregados e faturamento

anual

1 a 10

US$ 400 mil

11 a 40

US$ 3,5

milhões

41 a 200

US$ 20

milhões

Aplicado a empresas

industriais

MERCOSUL/ nº de

empregados e faturamento

anual

01 a 05

US$ 200 mil

06 a 30

US$ 1,5

milhão

31 a 80

US$ 7

milhões

Aplicado a comércio e

serviços

Itália/ nº de empregados,

faturamento anual e

patrimônio (em euros)

----

50

5 milhões

2 milhões

250

20 milhões

10 milhões

Aplicado a empresas

industriais

Itália/ nº de empregados,

faturamento anual e

patrimônio (em euros)

----

20

1,9 milhão

0,75 milhão

95

7,5 milhões

3,75 milhões

Aplicado a empresas

do comércio ou

serviços

EUA/ nº de empregados

---

Até 500 Aplicado a empresas

industriais, regra geral

EUA/faturamento médio

anual ---

Até US$ 6

milhões

Aplicado a empresas

não industriais, regra

geral

IFC/

nº de empregados

Faturamento anual

Ativo total (milhões)

0 a 10

US$ 100 mil

US$ 100 mil

11 a 50

US$ 3

US$ 3

51 a 300

US$ 15

US$ 15

Utiliza, no mínimo,

duas das três

características para o

enquadramento.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Secretaria do Desenvolvimento

da Produção Departamento de Micro, Pequenas e Médias Empresas, acesso em 26/12/05;

Observações:

1) Mercosul

conforme resolução GMC nº 90/93, para efeito da política de

apoio às Micro, Pequenas e Médias empresas;

2) em relação aos EUA existem muitas exceções à regra geral acima descrita;

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94

3) IFC

Corporação Financeira Internacional, instituição afiliada ao Banco

Mundial, que visa promover o investimento sustentável no setor privado dos paises

em desenvolvimento e é a maior fonte multilateral de empréstimos e financiamentos

de projetos do setor privado desses países.

Para efeito desse trabalho, será usada a classificação do Sebrae, por se

tratar da classificação mais utilizada aqui no Brasil.

Não se pode negar a contribuição das grandes empresas à economia

nacional, porém para uma estrutura industrial ser mais produtiva e eficiente as

pequenas empresas têm esse papel fundamental de preencher as lacunas deixadas

pelas grandes empresas, lacunas essas não só de atendimento a determinados

nichos de mercados como também por:

absorverem mão-de-obra desqualificada, funcionando como pontos de

treinamento e especialização;

atuarem como meio eficaz de descentralização regional de desenvolvimento e

exercerem papel complementar às atividades das grandes empresas;

são importantes fontes de inovação de produtos e mais ágeis que as grandes

empresas;

Sabe-se, que embora seja importante o papel das pequenas empresas, estas

enfrentam inúmeras dificuldades conjunturais e estruturais que acabam provocando

altas taxas de mortalidade, conforme SEBRAE, acesso em 22/01/05.

Esses problemas começam normalmente pela falta de habilidade de ordem

administrativa e organizacional, relacionados com o planejamento e controle

financeiro, comercialização, produção, administração de custos, ausência de

informações gerenciais confiáveis, conforme revela pesquisa do SEBRAE

(Informativos Internos, não publicados, 1992) realizada em 1991, em uma amostra

de mil empresas localizadas em todo os Estados e representativas de vários setores

econômicos. Segundo essa pesquisa:

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95

40 % não utilizam planejamento de produção;

50% não utilizam planejamento de vendas;

40% não utilizam sistema de apuração de custos;

47% não utilizam controle de estoques;

85% não utilizam técnicas de Marketing;

80% não utilizam treinamento de recursos humanos;

65% não avaliam produtividade;

60% não utilizam mecanismos de controle de qualidade;

75% não utilizam layout planejado.

Acrescente-se a isso, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), acesso em 19/06/2006:

o alto grau de centralização administrativa que absorve o empresário com

problemas cotidianos e não delegando autoridade para conseguir um

funcionamento normal da empresa e, com isso, não dispõe de tempo e

condições para planejamento estratégico, tornando-se assim vulnerável a

qualquer crise;

utilização da contabilidade apenas para efeitos fiscais, descaracterizando

suas funções como valiosa fonte de informações sobre o desempenho da

empresa e de decisões gerenciais;

não utilização das técnicas de pesquisa de mercado, falta de canais de

comercialização adequados;

falta de recursos para investimento em maquinário e técnicas modernas de

produção, bem como do seu controle e implementação;

baixo interesse de cooperação mútua, pois conforme ARRUDA (2002:1),

assessor da Presidência do Sebrae Nacional, o padrão de comportamento

dos empresários das micro e pequenas empresas é de aversão à

cooperação... dessa forma qualquer programa ou projeto que objetive

parcerias é de difícil concretização;

todos esses problemas desembocam na área financeira, como conseqüência

de todas deficiências.

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96

Defende-se aqui que todos: governo, associações, sindicatos e universidades

devem contribuir no desenvolvimento das pequenas empresas brasileiras, para se

reverter o quadro de alta mortalidade que caracteriza esse segmento, que responde

por uma parcela significativa da economia nacional.

5.2 O modelo conceitual de planejamento de preço de venda

Figura 5.1

O modelo proposto é auto-alimentado pelo seu próprio feed-back.

O modelo aqui proposto leva em consideração alguns requisitos:

o mercado é o validador dos preços, os custos são os pisos mínimos

que têm que ser observados para garantir a vida a longo prazo da empresa;

Avaliação estratégica das variáveis externas e mercados possíveis de serem atingidos.

Obter os preços vigentes no mercado e as opções dos canais de distribuição (exportação direta ou indireta).

PREÇO-ALVO DE MERCADO (-) Menos LUCRO DESEJADO (=) CUSTO ALVO

lucro desejado definido em conformidade com os objetivos da empresa

COMPARAÇÃO DO CUSTO-ALVO COM OS CUSTOS BASEADO NO MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL.

Custo Meta para reprojetar produto(s) com base na EV e planejamento do lucro.

Custo Kaizen

Análise de INCOTERMS

Planejamento tributário e análise de melhor aproveitamento de outros incentivos à exportação.

SE MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO NEGATIVA, NEGÓCIO TEMPORARIAMENTE INVIÁVEL

SE MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO POSITIVA, FECHA-SE O NEGÓCIO

Fonte: próprio autor

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97

o sistema de planejamento de preços está atrelado aos objetivos gerais

da empresa. Assim, o empresário deve ter sempre em mente esses objetivos ao

planejar os preços;

que a exportação além de ser uma atividade autônoma, isto é, não

concorre com as operações do mercado interno, traz benefícios para a empresa

como um todo. Assim, seu planejamento de preços deve se basear no Custeio

Variável, pois qualquer Margem de Contribuição positiva estará promovendo o

aumento do lucro e valor da empresa;

que a administração estratégica dos custos, através de seu

planejamento e controle, é uma necessidade com a qual essas empresas têm que

aprender a conviver;

a pequena empresa tem características especiais, principalmente por

ser, normalmente, dirigida por seu fundador ou família dele, o que faz com que

qualquer sistema de planejamento e controle tenha que levar em conta seu perfil.

Além disso, essa cultura organizacional também, via de regra, reflete relações

pessoais e familiares.

Considere-se ainda que o planejamento de preços é uma atividade

complexa, pois envolve múltiplos aspectos dentro das variáveis mercado,

concorrência e clientes, porém ela é uma atividade relevante e estratégica, pois dela

depende a sobrevivência da empresa no longo prazo. É através de uma correta

política de preços que a empresa pode repor seus ativos e remunerar seus

investidores, a uma taxa que compense o risco do negócio.

A fixação do preço de venda deve primeiramente derivar dos objetivos da

empresa. Uma vez definidos esses objetivos entre opções concorrentes, deve a

política de preços colaborar com a consecução deles. Assim, essa política de

formulação dos preços ocorre em dois níveis inter-relacionados: o primeiro

corresponde aos objetivos e princípios orientadores do planejamento e o segundo, à

operacionalização ou procedimentos e análises constantes desse planejamento.

A gestão estratégica começa com a análise das possibilidades de penetração

no mercado, quer seja através de exportação indireta, direta, quer através de

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98

representantes, distribuidores, consórcio de exportação ou outra e, a partir daí,

chegar-se a um custo meta que mais se coaduna com os objetivos da empresa.

Esse trabalho focou a exportação como uma atividade suplementar e

necessária para o processo de consolidação e evolução qualitativa e quantitativa da

pequena empresa. O modelo de planejamento de preço aqui proposto focou o custo

como fator limitante dessa decisão, porém que precisa ser analisado e administrado

estrategicamente, visando sempre à maximização do lucro como meio de se

alcançar os objetivos e perpetuação da empresa.

Em virtude da importância da atividade exportadora na pequena empresa o

pedido de exportação deve ser analisado pelo método de custeio variável,

considerando-se a margem de contribuição uma adição ao lucro da empresa,

conforme analisado no capítulo 2 (item 2.3.1.2). Essa importância justifica-se por ser

a atividade exportadora fator de expansão e melhora qualitativa dos produtos da

empresa também no mercado interno.

Utilização de técnicas de Custo Meta, adaptadas à realidade da pequena

empresa, trará maior possibilidade de sucesso por tratar-se de produtos projetados

com uma visão crítica de mercado e com um lucro meta pré-concebido. O Custo

Kaizen trará à filosofia empresarial a convicção de que sempre haverá a

possibilidade de melhora, através da constante reavaliação dos processos e funções

da produção.

Não menos importante é o conhecimento e utilização dos incentivos fiscais e

financeiros da atividade exportadora. O planejamento tributário é peça fundamental

na economia de impostos. A utilização do drawback na exportação e mesmo

matérias-primas importadas utilizadas em produtos do mercado interno podem

melhorar a qualidade e/ou preço desses produtos, agregando valor à empresa.

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99

CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES

As pequenas empresas desempenham importante papel no cenário

econômico. A sua flexibilidade e capacidade de rápida adaptação são atributos

copiados pelas grandes empresas. Entretanto espírito cooperativo entre elas e

capacitação gerencial são aspectos que precisam ser melhorados para se reverter o

quadro de alta mortalidade das pequenas empresas.

A participação da pequena empresa brasileira na pauta de exportação tem

sido muito pequena em comparação com as empresas de mesmo porte de outros

países.

A globalização tem afetado o mercado como um todo e provocado mudanças

fundamentais entre a empresa e ambiente externo tais como:

Clientes mais exigentes;

Aumento da competitividade;

Avanços tecnológico, entre outros.

A atividade exportadora vem proporcionar à pequena empresa um processo

de evolução quantitativa proporcionada pela ampliação de seu mercado, porém a

evolução qualitativa imposta pela competição mais acirrada de um mercado externo,

tanto em termos de preço como de qualidade, é sem dúvida um aprendizado que

gerará uma vantagem competitiva de grande valia.

Nunca se deve esquecer que a pequena empresa tem características

peculiares e próprias e em qualquer processo essas características têm que ser

analisadas e levadas em consideração. Dentre essas peculiaridades uma das mais

marcantes é a personalidade de seu, normalmente, fundador e principal dirigente.

Elas nascem e se desenvolvem à sombra dessa personalidade que lhe imprimem

seu próprio ritmo em função de suas características pessoais, esperanças e

ambições. São pessoas que dedicam à empresa mais que seus esforços

profissionais: a dedicação é quase comparada a dada a um filho. Essas pessoas

empregam dinheiro e ideais num empreendimento. Se por um lado dedicado, por

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100

outro acaba sendo centralizador de todo processo decisório dificultando assim a

profissionalização da empresa que é um dos importantes requisitos ao sucesso dos

empreendimentos. Nesse sentido a evolução proporcionada pelo comércio exterior

trará maior profissionalização gerencial pois exigirá do dirigente da empresa uma

postura mais racional e técnica.

O modelo conceitual de formação de preços de exportação ora proposto foca

essa importante problemática de uma forma sistêmica, levando em consideração os

objetivos da empresa, as diversas variáveis envolvidas e as alternativas para a

viabilização dos negócios através de uma eficiente administração de custos.

Finalmente vale acrescentar que o presente modelo reconhece a importância

de todas as variáveis envolvidas nesse processo, bem como a importância

estratégica da decisão de preços, num ambiente contemporâneo de negócios num

mundo globalizado de alta competitividade, em que a correta decisão de preços é o

que garantirá a continuidade da empresa no longo prazo, para poder atingir sua

missão e objetivos.

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101

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Hill, 1997;

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04/01/2006;

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