práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...práticas culturais no manejo...

27
See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/236863311 Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica Chapter · January 2010 CITATIONS 2 READS 4,063 5 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Biosafety of Genetically Modified Crops View project Integrated Pest Management as a key part of sustainable agriculture in Scotland View project Edison Sujii Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA) 111 PUBLICATIONS 1,007 CITATIONS SEE PROFILE Madelaine Venzon Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), VIçosa, Brazil 90 PUBLICATIONS 1,335 CITATIONS SEE PROFILE Maria Alice de Medeiros Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA) 36 PUBLICATIONS 435 CITATIONS SEE PROFILE Carmen Pires Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA) 74 PUBLICATIONS 766 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Pedro H. B. Togni on 03 June 2014. The user has requested enhancement of the downloaded file.

Upload: others

Post on 23-Jan-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/236863311

Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

Chapter · January 2010

CITATIONS

2READS

4,063

5 authors, including:

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Biosafety of Genetically Modified Crops View project

Integrated Pest Management as a key part of sustainable agriculture in Scotland View project

Edison Sujii

Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA)

111 PUBLICATIONS   1,007 CITATIONS   

SEE PROFILE

Madelaine Venzon

Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), VIçosa, Brazil

90 PUBLICATIONS   1,335 CITATIONS   

SEE PROFILE

Maria Alice de Medeiros

Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA)

36 PUBLICATIONS   435 CITATIONS   

SEE PROFILE

Carmen Pires

Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA)

74 PUBLICATIONS   766 CITATIONS   

SEE PROFILE

All content following this page was uploaded by Pedro H. B. Togni on 03 June 2014.

The user has requested enhancement of the downloaded file.

Page 2: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

143Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

1Engo Agro, Dr., Pesq. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, CEP 70849-970 Brasília-DF,[email protected] Agra, Ph.D., Pesq. Epamig Zona da Mata, Vila Gianetti 47, CEP 36570-000 Viçosa-MG, [email protected]óloga, D.Sc., Pesq. Embrapa Sede-DPD, CEP 70849-970 Brasília-DF, [email protected]óloga, Ph.D., Pesq. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, CEP 70849-970 Brasília-DF,[email protected]ólogo, M.Sc.,Doutorando em Entomologia, Universidade Federal de Viçosa, CEP 36570-000 Viçosa-MG,[email protected]

Práticas culturais no manejo de pragas naagricultura orgânica

Edison Ryoiti Sujii1, Madelaine Venzon2, Maria Alice Medeiros3, Car-men Silvia Soares Pires4, Pedro Henrique Brum Togni5

Ecossistemas naturais raramente estão sujeitos à ocorrência de popu-lações de herbívoros capazes de causar impactos negativos significativos naprodução de biomassa e reprodução das plantas. Por outro lado, alteraçõesambientais produzidas pela transformação de ecossistemas naturais em áreasde cultivo afetam os recursos naturais disponíveis e os mecanismos de funcio-namento dos ecosssitemas favorecendo a ocorrência de pragas (Gliessman,2005). A compreensão dos mecanismos ecológicos envolvidos na regulaçãodas populações de insetos herbívoros em ecossistemas naturais pode, portanto,subsidiar o manejo de pragas em áreas cultivadas, principalmente em sistemasagrícolas de base ecológica, como a agricultura orgânica. Para isso, é necessá-rio que as áreas cultivadas associadas aos remanescentes de vegetação nativado entorno e os ecótonos sejam compreendidos como ecossistemas com ca-racterísticas próprias, onde ocorrem interações ecológicas entre estes compo-nentes, formando os agroecossistemas (Conway, 1987). Uma comparação en-tre os ecossistemas naturais e os agroecossistemas é sumarizada na Tabela 1.

Page 3: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

144 Capítulo 8

Os agroecossistemas, na busca por maior produtividade primária, pos-suem diversidade e variabilidade genética reduzidas, tornando sua rede deinterações tróficas mais simples e seus ciclos ecológicos abertos, e produzindoum sistema instável e sujeito a constantes perturbações. Os processos ecológi-cos que regulam o funcionamento dos ecossistemas naturais também atuamsobre as populações presentes em áreas cultivadas, mesmo que essas estejamsujeitas a constante perturbação antrópica. Assim uma análise das implicaçõesecológicas da tranformação de ecossistemas naturais em agroecossistemas éimportante para compreender os surtos populacionais de pragas em áreas cul-tivadas.

Tabela 1. Comparação das características funcionais e estruturais entre osecossistemas e agroecossistemas.

FONTE: adaptado de Nicholls et al. (1999).

ANÁLISE ECOLÓGICA DA TRANSFORMAÇÃO DEAGROECOSSISTEMAS

A agricultura é uma das principais atividades humanas responsáveispor mudanças ou perturbações ambientais, devido a práticas agrícolas, comodesmatamento, monocultivo, tratos culturais e colheita que modificam oecossistema nativo original. Do ponto de vista ecológico, as práticas adotadasna agricultura apresentam vários problemas a nível local e global (Tilman, 1999).

Page 4: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

145Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

Estas práticas são basicamente comuns a todos os tipos de sistema deprodução, embora existam métodos de produção que podem resultar em menorimpacto sobre a biodiversidade local, devido a diferenças nos níveis de frequênciae intensidade do distúrbio (Altieri, 1999). Essas diferenças podem resultar emníveis baixos de perturbação, como em sistemas agroflorestais e orgânicos, oupromover distúrbios de alta intensidade, como em sistemas convencionais comalto investimento em insumos externos. Portanto, serão brevemente descritos aseguir os principais impactos ecológicos resultantes do processo de transfor-mações na paisagem.

O processo de transformação de paisagens nativas em agroecossistemasinicia com remoção total ou parcial da comunidade original de plantas e animaispresentes na área pelo desmatamento. Esse processo reduz dramaticamente abiodiversidade e leva a extinção local de espécies benéficas e importantes comodecompositores, polinizadores e predadores. Como consequência, ocorre a sim-plificação das comunidades, com perda de algumas de suas propriedades, comoestabilidade e auto-regulação das populações, devido à redução no número deinterações ecológicas. A paisagem é alterada criando um ambiente aberto (“cla-reira”) que favorece o establelcimento de espécies pioneiras e colonizadorasvegetais e animais (Vitousek et al., 1996). Estas espécies são oportunistas epossuem elevada capacidade reprodutiva e, quando utilizam as plantas cultiva-das como recursos alimentares, apresentam grande potencial de se tornarempragas.

A prática de preparo mecanizado do solo provoca modificações em suaestrutura física e química. Ocorrem modificações na dinâmica da ciclagem denutrientes, conteúdo de água do solo, nível de insolação, temperatura, umidaderelativa do ar e cor da paisagem. Estas modificações causam a perda de recur-sos, como o solo, seus nutrientes e a água, além de modificar sua microbiota,devido ao aumento de erosão, escorrimento superficial e lixiviação. Estas per-turbações modificam as interações tróficas plantas/fitófagos/inimigos naturais,favorecendo espécies de fitófagos adaptados a essa condição de estresse, atin-gindo o status de praga.

A introdução de grande quantidade de material reprodutivo, com gran-de uniformidade genética através do plantio em monocultura de poucas espéci-es “melhoradas” para o cultivo produz um ambiente altamente homogêneo e de

Page 5: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

146 Capítulo 8

fácil localização para espécies de insetos fitófagos adaptados. Em monoculturas,o recurso é mais aparente e previsível na paisagem, facilitando o encontro doshospedeiros por herbívoros (Feeny, 1976). Por isso, insetos fitófagos tendem apermanecer mais tempo em seus hospedeiros, frequentemente apresentandomaiores taxas de crescimento populacional do que em policulturas (Root, 1973).

A maioria dos agroecossistemas no mundo é dominada pelo cultivo deuma única espécie vegetal (monocultura), por período relativamente longo, pro-porcionando o aumento populacional dos insetos fitófagos. Nas monoculturas,esses insetos encontram menos barreiras na busca da planta hospedeira e me-nor resistência ambiental para expressão de seu potencial reprodutivo, devido àbaixa resistência das plantas ou pela ineficiência e baixa diversidade de seuspredadores, podendo exibir taxas de colonização mais altas e períodos de per-manência mais longos (Altieri, 1999). Além disso, a disponibilidade de grandequantidade de alimento para esses insetos diminui a competição intraespecíficae a taxa de mortalidade em suas populações, pois a capacidade suporte doagroecossistema é, muitas vezes, maior para determinadas espécies do que emsistemas naturais. Soma-se a isso o fato de os inimigos naturais, que regulam ocrescimento populacional dos insetos fitófagos, não encontrarem condições ideaispara sobreviver e se multiplicar nos monocultivos. Nestes, a aplicação constan-te de agrotóxicos leva à eliminação desses insetos benéficos, rompendo o equi-líbrio natural das populações. Essas situações favorecem aos insetos fitófagos,os quais realizam o total de seu potencial reprodutivo e se convertem em “pra-gas”, uma vez que sua população torna-se numericamente tão alta, danificandoas culturas em níveis economicamente inaceitáveis aos produtores.

MANEJO ECOLÓGICO DE PRAGAS

Todas as causas para o surgimento de pragas citadas acima estão rela-cionadas à evolução dos sistemas de produção e ao impacto antrópico nosambientes naturais. Portanto, os sistemas agrícolas mais sustentáveis somentepoderão emergir de uma revisão das estratégias de exploração dos recursosnaturais e uso dos serviços do ecossistema como o controle biológico.

Page 6: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

147Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

Além de ser o principal componente dos ecossistemas naturais, abiodiversidade também promove vários serviços ecológicos que podem inclusi-ve ser quantitativamente mensurados e aplicados no manejo do agroecossistema(Constanza et al., 1997). A persistência desses serviços do ecossistema, essen-cialmente biológicos, depende principalmente da manutenção da diversidade deespécies em vários nichos e guildas funcionais dentro e no entorno do sistemaprodutivo (Magdoff, 2007). Portanto, a abundância e funcionalidade dabiodiversidade dependem principalmente de quatro características doagroecossistema:

a) diversidade de vegetação dentro do sistema produtivo e no entorno;b) permanência de diferentes culturas ao longo do tempo;c) intensidade de manejo (ou pertubação ambiental);d) grau de isolamento ou a distância entre sistema produtivo e áreas

naturais.Assim, para que o sistema produtivo torne-se sustentável é necessária

a adoção de práticas que beneficiem os componentes biológicos (biodiversidadeplanejada) e favoreçam as suas funções (biodiversidade funcional), com redu-zido nível de interferência humana.

A teoria ecológica prevê que quanto mais complexo estruturalmente ohabitat, mais produtivo e resiliente ele será (Gliessman, 2005). Nos sistemasmais diversificados em plantas, as populações de insetos fitófagos tendem a sermenores do que em sistemas homogêneos, devido à maior abundância, diversi-dade e eficiência dos inimigos naturais (Andow 1991; Langelloto & Denno,2004). Dessa forma, a proposição de sistemas de produção agrícola diversifi-cados com uso de consórcios e policultivo, além da manutenção de plantasespontâneas dentro e no entorno dos plantios poderia ser uma via para o au-mento em cascata da diversidade de espécies e redução na ocorrência de pra-gas. No entanto, May (1981) e outros autores afirmam, a partir de estudos decomunidades e teias tróficas, que comunidades com menor número de interaçõestróficas (conectâncias) podem ser mais estáveis. Porém, existem muitas com-binações e arranjos possíveis de policultivos e cada um pode ter diferentesefeitos sobre as populações de insetos (Altieri, 2003). Em sistema de consór-cio, por exemplo, a escolha de uma planta pode otimizar ou diminuir os efeitossobre determinada praga. Para isso, é necessário que sejam realizadas avalia-

Page 7: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

148 Capítulo 8

ções para cada agroecossistema, com o objetivo de estudar os consórcios e adiversidade de plantas adequadas a cada situação edafoclimática, de modo aotimizar a regulação de pragas por seus inimigos naturais. Segundo Landis etal. (2000), não são quaisquer tipos de plantas que devem ser preservadas ouintroduzidas no agroecossistema. Essa escolha depende das necessidades dosinimigos naturais e das culturas em questão. Portanto, não basta umagroecossistema ser somente diversificado. É necessário que tal diversidadeseja funcional (diversidade de interações), com plantas adequadas para aquelelocal e que suporte a comunidade de insetos, tanto de pragas quanto de inimigosnaturais.

Uma abordagem ecológica da produção agrícola deve intervir na causado problema e não apenas nos sintomas. Devem ser adotadas estratégias decontrole de pragas de caráter preventivo, definindo-se assim o manejo ecológi-co de pragas. Para esse manejo, é fundamental que haja amplo entendimentosobre as necessidades biológicas e ecológicas das espécies-praga e de seusinimigos naturais para que o incremento da biodiversidade torne-se funcional.

Medidas preventivas referem-se às práticas agronômicas que dificul-tam ou impedem que a praga encontre condições favoráveis para colonizaçãoe estabelecimento de sua população nas culturas. Unidades de produção maisdiversificadas no tempo e no espaço promovem o aumento da agrobiodiversidadee o controle biológico natural, conferindo aos agroecossistemas maior estabili-dade, resistência a perturbações e maior resiliência. Uma estratégia-chave naagricultura sustentável é reintroduzir a diversidade na área cultivada, bem comona paisagem agrícola, e manejá-la de forma mais efetiva. Andow (1991), emuma revisão sobre o efeito da diversificação do sistema produtivo em artrópodes,observou que, na maioria dos casos, o aumento da diversidade nos sistemasprodutivos reduziu a abundância de herbívoros. Diversas estratégias de diversi-ficação dos sistemas de produção que contribuem para o manejo de pragas sãodescritas em trabalhos recentes (Venzon & Sujii, 2009; Medeiros et al., 2010a)e são brevemente apresentadas a seguir.

Page 8: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

149Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

DIVERSIFICAÇÃO VEGETAL NA ÁREA CULTIVADA

Policultura

Cultivos simultâneos de diferentes grupos taxonômicos criam um ambi-ente heterogêneo, muitas vezes formando mosaicos de vegetação que dificul-tam a localização da planta hospedeira pelo herbívoro (hipótese da concentra-ção de recursos), e interferem negativamente no estabelecimento das popula-ções de pragas (Root, 1973). As áreas, em geral, são menores, quando compa-radas com a monocultura, e apresentam maior número de espécies e deinterações biológicas favorecendo o controle biológico natural. Dentre as es-tratégias utilizadas nas plantações em policultivos, destaca-se o uso de cultivosarmadilhas. Para isso, é necessário determinar primeiro qual a cultura principale as pragas-chave associadas. A partir de então, é plantada próxima a estaoutra cultura de maior preferência para o inseto e menor interesse para o agri-cultor em determinado momento. Na Califórnia, por exemplo, o cultivo de alfafa,diminuiu significativamente a densidade e os danos causados por Lygus hesperus(Hemiptera: Miridae) em morangueiros orgânicos (Swezey et al., 2007). Para umarevisão sobre o uso de cultivos armadilhas veja Shelton & Badenes-Perez (2006).Além disso, a adoção de policultivos reduz a dependência do agricultor ao sucessona produção de uma única espécie, aumentando sua segurança alimentar.

Consórcios de culturas

São definidos como associações de culturas nas quais duas ou maisespécies com diferentes ciclos e arquiteturas vegetativas crescem simultanea-mente. As culturas são exploradas concomitantemente na mesma área e nomesmo período de tempo, sem que necessariamente tenham sido semeadas aomesmo tempo. O arranjo das culturas no espaço pode ser feito na forma decultivos em faixas, cultivos mistos (sem arranjo definido em fileiras), parcelasem mosaico, cultivos em linhas alternadas e culturas de cobertura do solo. Oarranjo no tempo pode ser estabelecido como cultivo simultâneo, em sequência,em combinações sincrônicas ou assincrônicas e contínua ou descontínua.

Os mecanismos envolvidos no controle de pragas através da diversifi-cação por consórcio de culturas são decorrentes da ação direta ou indireta

Page 9: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

150 Capítulo 8

sobre as pragas. Na ação direta, uma das culturas associadas impõe barreirasfísicas e/ou químicas que dificultam a localização, a reprodução e/ou a coloni-zação da cultura hospedeira pelas pragas. Os mecanismos envolvidos nesseprocesso podem ser repelência química, mascaramento e/ou inibição da ali-mentação pela presença de voláteis de plantas não-hospedeiras, prevenção demovimento e/ou imigração das pragas ou otimização da sincronia entre ciclosde pragas e seus respectivos inimigos naturais (Nicholls et al., 1999). Na açãoindireta, uma das culturas associadas possibilita o aumento da abundância e/oudiversidade de inimigos naturais das pragas por proporcionar recursos vitaispara a sobrevivência e reprodução dos mesmos. Esse mecanismo será discuti-do mais detalhadamente a seguir. Exemplos da regulação de insetos-pragas emconsórcios podem ser encontrados em Venzon et al. (2001), Altieri et al. (2003),Aguiar-Menezes (2004) e Gliessman (2005). Entretanto, a consorciação deculturas deve ser bem estudada antes da sua implementação, pois efeitos com-pletamente opostos dos desejados podem ocorrer. No Brasil, Picanço et al.(1996) observaram uma redução no ataque de Tuta absoluta (Lepidoptera:Gelechiidae) às plantas de tomate quando consorciadas com milho. Entretanto,esse consórcio aumentou significativamente os danos causados por Helicoverpazea, em comparação ao monocultivo de tomate, pois essa espécie foi atraídapelas plantas de milho. Mesmo assim, em geral, sistemas de produção de baseecológica geralmente apresentam efeitos benéficos em relação ao monocultivo(ver exemplos em Langelloto & Denno, 2004).

Cobertura viva (ou culturas de cobertura)

Refere-se à vegetação cultivada ou espontânea que cobre o solo, pre-sente juntamente com a cultura principal. É considerado um tipo especial deconsórcio. Entre suas vantagens estão a proteção do solo contra o impacto daschuvas (e consequente erosão), aumento da infiltração e da capacidade deretenção de água pelos solos, além da manutenção da porosidade e aeração,atenuando as oscilações de temperatura e umidade e intensificando a atividadebiológica no solo (Hartwig & Ammon, 2002). A cobertura viva também podepropiciar o aumento do teor de matéria orgânica, da disponibilidade de macro emicronutrientes, estabilidade do pH e reduzir os efeitos tóxicos do alumínio e do

Page 10: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

151Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

manganês. Coberturas vivas do solo também ajudam a trazer para a superfícieos nutrientes das camadas mais profundas do solo, melhorando suas proprieda-des químicas, físicas e biológicas. Além disso, podem apresentar efeitosalelopáticos, liberando substâncias pelas raízes que inibem a germinação daservas espontâneas, o que contribui para diminuir a necessidade de capinas.Esse conjunto de efeitos proporciona nutrição equilibrada das plantas que lhesconferem resistência orgânica às pragas, em geral, por assegurar o ótimo de-senvolvimento da planta.

Culturas de cobertura também têm vantagens intrínsecas para o con-trole biológico de pragas. Algumas plantas tornam as condições microclimáticasmais adequadas ao desenvolvimento de predadores e parasitóides favorecendoo aumento da população de inimigos naturais, particularmente insetos predado-res de hábitos terrestres, podendo também diluir o efeito da infestação (Hartwig& Ammon, 2002). Alguns exemplos de cobertura viva que contribuem para ocontrole biológico de pragas de hortaliças são citados em Altieri et al. (2003).

Adubos verdes

São plantas que estruturam o solo e o enriquecem com nitrogênio, fós-foro, potássio, enxofre, cálcio e micronutrientes (e.g. Crotalaria spp., Mucunaspp., Cajanus cajan, Zea mays e Sorghum bicolor). Portanto, são utilizadaspara a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. Essasplantas, principalmente as leguminosas fixadoras de nitrogênio, proporcionamnutrição equilibrada das plantas, conferindo-lhes resistência orgânica às pra-gas, em geral, por assegurar ótimo desenvolvimento da planta. A adubaçãoverde contribui para que a ciclagem de nutrientes seja fechada ao invés deaberta como em monoculturas. Também é importante levar em consideração acombinação das plantas a serem utilizadas, pois cada combinação resulta emdiferentes deposições de nutrientes. A crotalária em consórcio com milheto,por exemplo, apresenta taxas maiores de deposição N e Ca, enquanto o milhetoem conjunto com ervas espontâneas resultou em maior deposição de potássio(Perin et al., 2004) Ademais, o uso da adubação verde com certas leguminosas,especialmente mucuna e crotalária, é capaz de reduzir a população de nematóidesfitófagos, através dos exsudatos radiculares com propriedade nematicida

Page 11: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

152 Capítulo 8

(Inomoto et al., 2008). A adubação verde pode contribuir para o controle deervas espontâneas, não só pelo grande volume de massa verde e palha (cober-tura morta – que impede a passagem de luz, essencial para a germinação deervas espontâneas), como também por alelopatia. Os adubos verdes quandoentram no esquema de rotação de culturas também auxiliam no controle depragas por quebrarem o ciclo dos patógenos e insetos praga e auxiliarem naciclagem de nutrientes dentro do agroecossistema, tornando-o fechado. Algu-mas espécies, como girassol, crotalária e guandu, são grandes produtoras denéctar e pólen, o que atrai abelhas, insetos inimigos naturais de pragas, além depássaros e pequenos animais que podem auxiliar no manejo de pragas e doen-ças em sistemas de produção de hortaliças.

Variabilidade genética

O uso de variedades e/ou cultivares geneticamente resistentes a pra-gas, sempre que disponíveis no mercado, bem como o uso de espécies e varie-dades de plantas adaptadas às condições ambientais locais e ao manejo adota-do (por exempo, o manejo orgânico), são as melhores medidas de controlepreventivo de pragas a serem utilizadas. Na Califórnia, por exemplo, Letourneau& Goldstein (2001) observaram que em cultivos orgânicos de tomate ocorremaior densidade de inimigos naturais e menor densidade e danos de insetosfitófagos em relação ao cultivo convencional. Variedades resistentes ou tole-rantes dispostas entre as suscetíveis poderão conter a disseminação dos inse-tos, protegendo variedades suscetíveis.

Rotação de culturas

A alternância de espécies cultivadas em uma mesma área é uma práti-ca tradicional e amplamente recomendada, devido à questão nutricional dasplantas e de fitossanidade. No entanto, sua aplicação é mais eficiente parapragas especializadas em poucas espécies hospedeiras. Essa prática é maisutilizada para o controle de doenças causadas por fungos de solo, envolvendo omecanismo de desaceleração do patógeno pelo estímulo dos antagonistas. Ouso de plantas de famílias não relacionadas é importante porque permite a

Page 12: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

153Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

quebra do ciclo biológico de pragas e patógenos, evitando que se espalhem doscultivos mais velhos para os mais novos. Por exemplo, o plantio sucessivo deespécies de solanáceas (tomate, batata, pimentão etc.) na mesma área mante-rá fontes permanentes de inóculo das pragas e doenças comuns nas espéciesdessa família. O período necessário de ausência da cultura em questão deveconsiderar os aspectos biológicos e comportamentais da praga. A divisão dahorta em faixas de cultivo favorece a implantação de esquemas de rotação.Pode-se alternar o cultivo de adubos verdes e o plantio de diferentes famíliasde hortaliças, evitando o plantio de espécies da mesma família em sucessão ounas faixas adjacentes.

Manejo de plantas invasoras

Práticas como capina ou desbaste seletivo de plantas invasoras e atémesmo o manejo cultural da área são práticas importantes para o manejo depragas, na medida em que essas plantas servem como refúgios e fatores deatração de inmigos naturais. Essas plantas podem oferecer recursos alimenta-res, como presas alternativas, além de néctar e pólen que servem de dietaexclusiva para adultos de parasitóides ou dieta complementar para predadores(Medeiros et al., 2010b). Além disso, essas plantas servem como local de refú-gio para acasalamento e oviposição para muitas espécies de inimigos naturaisde pragas, aumentando as chances de estabelecimento dessas populações emáreas cultivadas. Outro fator a ser considerado é que determinadas espéciestambém podem aumentar a complexidade estrutural do agroecossistema e difi-cultar o encontro da planta hospedeira pelo inseto fitófago. No semi-árido nor-destino, Bezerra et al. (2001), por exemplo, verificaram que o plantio de toma-teiro com algumas espécies de plantas invasoras pode diluir a infestação deBemisia tabaci no tomateiro, devido a um efeito de diluição da infestação.

DIVERSIFICAÇÃO AMBIENTAL – PAISAGEM DOAGROECOSSITEMA

A diversificação ambiental também deve levar em conta a paisagem noentorno da área cultivada. Alguns estudos demonstram que há maior diversida-

Page 13: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

154 Capítulo 8

de de inimigos naturais e o controle biológico é mais efetivo onde a vegetaçãonatural permanece na margem do cultivo e em associação com as plantações(Landis et al., 2000). Esses habitats servem como locais de refúgio para os inimigosnaturais das pragas durante a entressafra e como fonte de indivíduos para a colo-nização das áreas plantadas através da dispersão contínua entre as áreas (Altieri,1999).

Mudanças na estrutura da paisagem, como redução dos fragmentos devegetação natural ou o aumento de seu isolamento em relação à área de cultivo,podem alterar a capacidade de dispersão dos inimigos naturais, ocorrendo umaredução no tamanho das populações locais e/ou regionais. Dessa forma, áreas nãocultivadas formam, juntamente com as áreas cultivadas, um complexo de habitatsricos em biodiversidade, entre os quais ocorre um intercâmbio de comunidade deorganismos, especialmente benéficos, como os inimigos naturais de pragas. Oagroecossistema passa então a ser compreendido como um sistema ecológico queultrapassa as áreas de plantio, onde ocorrem interações ecológicas dentro do siste-ma de produção e as áreas naturais do entorno de forma complementar. Essacompreensão coloca em foco a importância das interações tróficas e da estruturada comunidade local no controle do crescimento populacional exacerbado de popu-lações de insetos-praga. Alguns desses componentes que podem compor a estru-tura da paisagem agrícola são descritos a seguir.

Faixa de vegetação marginal

Estabelecida entre o limite do campo cultivado e a área plantada comas culturas agrícolas, estas faixas geralmente formam áreas de transição(ecótonos) com grande diversidade de espécies e são usadas preferencialmen-te por insetos predadores (Ries & Fagan, 2003), podendo ser compostas porespécies nativas de ocorrência natural ou implantadas. A faixa de vegetaçãomarginal pode ser composta de árvores, arbustos, plantas herbáceas com flo-res, incluindo as ornamentais, capim etc.

Corredores de vegetação (ou corredor biológico)

São faixas de vegetação que circundam a propriedade, permitindo iso-lamento das áreas de cultivo convencional das circunvizinhas. Podem também

Page 14: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

155Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

ser utilizadas para divisão dos talhões de cultivo. Apresentam múltiplas finalida-des e funcionam como barreiras fitossanitárias, dificultando a livre circulaçãode pragas e doenças entre propriedades vizinhas e entre os talhões de cultivo,além de favorecerem a criação de microclimas mais apropriados para o cultivo,principalmente de hortaliças, e a formação de áreas de refúgio.

Essas faixas funcionam como “avenidas” que facilitam o movimentode artrópodes benéficos, entre os quais parasitóides e predadores das pragas.Além disso, proporcionam o aumento da interface entre área com vegetaçãonativa (como as florestais, fragmentos florestais e matas ciliares), que serve dereservatório de inimigos naturais, e as culturas agrícolas. Alguns parasitóides,como microhimenópteros (e.g. Trichogramma spp. e Telenomus sp.), libera-dos de forma massal para o controle biológico de algumas pragas, são especi-almente favorecidos pela divisão dos talhões em áreas com menos de 50 m deextensão através da implantação de barreiras de vegetação que funcionamcomo quebra-ventos.

Bordas de cultivos

Faixas de bordaduras com espécies cultivadas, geralmente são do tipo“corredor” (lineares) ou “ilha”, que margeam as fileiras mais externas da áreacom a(s) cultura(s) agrícola(s) e também servem como barreiras e quebra-vento. Geralmente, o controle biológico natural é mais intenso nas linhas deplantio vizinhas à vegetação nativa ou cercas vivas, ocorrendo o contrário naslinhas centrais. Este tipo de vegetação adjacente às margens da área de cultivoé geralmente usado como cercas-vivas e quebra-ventos, sendo geralmenteconstituídos de uma única ou poucas espécies.

OUTRAS PRÁTICAS PARA O MANEJO DE PRAGAS

Época de plantio

O ideal é que a cultura seja plantada quando sua fase de maiorsuscetibilidade escape ao ataque da praga, devido à baixa densidade da popula-ção colonizadora da praga. A antecipação do plantio ou a utilização de varieda-

Page 15: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

156 Capítulo 8

des mais precoces são práticas que colaboram para que a cultura seja menosatacada, devido a uma assincronia na relação planta-praga. Plantio em épocasnão favoráveis ao desenvolvimento da planta aumenta a predisposição ao ata-que por pragas, embora artifícios possam ser usados para contrapor essa situ-ação, como o uso da irrigação ou cultivo em casa de vegetação. Todavia, con-dições favoráveis ao desenvolvimento da planta podem corresponder à melhorcondição para o desenvolvimento da praga. Nesses casos, somente o uso demedidas de controle, como o uso de agentes de controle biológico, podemminimizar os danos causados pelas pragas.

Adubação orgânica

Refere-se ao uso de vários tipos de resíduos, como esterco curtido,vermicomposto de minhocas, compostos fermentados, biofertilizantes enrique-cidos com micronutrientes e cobertura morta. Todos esses materiais são ricosem organismos úteis, macro e micro-nutrientes, antibióticos naturais e substân-cias de crescimento. O adubo orgânico, ao melhorar as propriedades físicas,químicas e biológicas do solo, permite bom desenvolvimento da cultura. A baixasolubilidade e a lenta liberação dos nutrientes dos adubos orgânicos em relaçãoaos fertilizantes químicos, particularmente o nitrogênio, proporcionam nutriçãoequilibrada das plantas e lhes conferem resistência às pragas. A “hipótese daplanta estressada” (White,1974; Mattson & Haack, 1987) propõe que plantasestressadas tornam-se mais suscetíveis ao ataque de herbívoros, devido à re-dução de síntese de proteína e aumento de aminoácido nos tecidos, gerandoassim, alimento mais nutritivo aos organismos com limitações na obtenção denitrogênio. Complementando esta hipótese, Rhoades (1979) observa que, pro-vavelmente, plantas estressadas possuem menor capacidade de sintetizar subs-tâncias químicas de defesa e a combinação desse fator com o aumento dadisponibilidade nutricional torna a planta particularmente vulnerável ao ataquede herbívoros. A preferência de oviposição em plantas adubadas com fertili-zantes químicos pela traça do tomateiro, Tuta absoluta (Lepidoptera: Gelechidae)é um exemplo dessa interação (Medeiros et al., 2009)

Page 16: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

157Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

Manejo da água nas culturas

A irrigação é uma das práticas culturais com maior impacto na ocor-rência de determinados insetos. Tem importância especial para o cultivo dehortaliças, que normalmente exigem altos volumes de água durante o ciclo deprodução. A frequência entre regas, lâmina de água aplicada e forma de irriga-ção (aspersão, gotejamento ou infiltração, por exemplo) interferem substanci-almente na remoção de formas jovens (ovos, ninfas ou larvas) e, eventualmen-te, afetam insetos adultos presentes na superfície da planta. Alguns trabalhostêm relatado o efeito de diferentes tipos de irrigação em pragas de hortaliças(Costa et al., 1998; Oliveira et al., 2000) e sobre inimigos naturais (Togni, 2009).

O CONTROLE BIOLÓGICO NO MANEJO ECOLÓ-GICO DE INSETOS

O controle biológico é um fenômeno natural em que a abundância dasespécies é limitada por seus inimigos naturais, que podem ser predadores,parasitóides ou patógenos, considerando sempre que são organismos vivos(Smith, 1919 apud De Bach & Rosen, 1991). Esse processo pode ser usado naagricultura com a finalidade de reduzir para níveis toleráveis o dano causadopor populações de organismos nocivos, evitando prejuízos econômicos.

Visando manter a abordagem de processos ecológicos e para evitarexcesso de nuances nas discussões desse capítulo, será enfatizado o conceitode controle biológico proposto por van Driestche & Bellows (1996) de uso depopulações de inimigos naturais, competidores e antagonistas para controle deuma população de organismos-praga. Tal prática representa uma alternativa àaplicação de inseticidas químicos que representam riscos potenciais para a saúdehumana bem como para o ambiente. O constante aprimoramento desta técnicaé meta estratégica para o desenvolvimento de uma agricultura mais sustentávele, portanto, fundamental para qualquer sociedade que queira atingir melhoresníveis de sustentabilidade.

Page 17: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

158 Capítulo 8

Controle biológico conservativo

O controle biológico conservativo visa o manejo do ambiente para fa-vorecer a preservação e o aumento das populações de inimigos naturais. Amanutenção de plantas espontâneas dentro e no entorno dos plantios, aumentoda diversidade e variabilidade das espécies cultivadas, modificação do microclimae favorecimento da dispersão de espécies benéficas através do plantio de bar-reiras e corredores vegetacionais, são práticas que favorecem a conservação eo aumento do controle biológico natural (Jonsson et al., 2008). Essas práticasbuscam o aumento da diversidade de plantas e devem ser orientadas para aseleção de espécies de plantas que agregam inimigos naturais de interesse paraque as comunidades resultantes apresentem maior equidade nas abundânciasrelativas e maior estabilidade (Jonsson et al., 2008). Esta é a técnica maissimples de controle biológico e de menores custos, que pode ser adotada porqualquer agricultor. Porém sua implementação demanda amplo conhecimentode diferentes práticas agrícolas e a forma como elas podem impactar positiva-mente o controle de insetos fitófagos em cada localidade.

Consiste em favorecer o ambiente propício para atrair os inimigos natu-rais, de forma a eliminar fatores adversos ou fornecer ítens necessários ausen-tes no ambiente, como sítios alternativos de oviposição, alimento alternativo eabrigos. O controle da lagarta-da-soja proporcionado pelo fungo Nomureaerilley através de surtos epizoóticos, em condições ambientais favoráveis parasua esporulação e em densidades adequadas de lagartas, é um exemplo decomo a não utilização do controle químico da lagarta antes do momento ade-quado pode favorecer o manejo mais eficiente da praga (Sujii et al., 2002).

Controle biológico aumentativo

A introdução de inimigos naturais para o controle de pragas específicasé denominado controle biológico aumentativo, que pode ser dividido eminoculativo e inundativo, de acordo com a finalidade. O controle biológicoinoculativo consiste na liberação de inimigos naturais no ambiente, de modo queestes se reproduzam e sejam capazes de controlar as populações da praga-alvo. Dessa forma, os inimigos naturais são capazes de controlar as populaçõesda praga por longo período, mas não permanentemente. A introdução é feita

Page 18: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

159Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

para aumentar a população ou aumentar a eficiência de inimigos naturais exó-ticos ou nativos, que apresentam potencial para controlar a praga, mas que, poralgum motivo, não estejam sendo eficientes no campo (Van Driesche & BellowsJr., 1996; Eilenber et al., 2001).

No controle biológico inundativo, são realizadas criações massais dosinimigos naturais. Estes são liberados em grandes quantidades para que rapida-mente sejam capazes de reduzir os danos e as densidades populacionais dapraga-alvo sem que ocorra necessariamente efeito em médio ou longo prazo(Eilenber et al., 2001). Nessa estratégia espera-se efeito imediato, sendo ne-cessário, em alguns casos, mais de uma liberação para o controle efetivo. Exis-tem à disposição do agricultor diversos predadores e parasitóides para libera-ção massal (e.g. Trichogramma spp.), além de microrganismos, como bactéri-as (e.g. Bacillus thurigiensis), fungos (e.g. Beauveria bassiana) e vírus (e.g.Baculovirus) que podem ser utilizados como bioinseticidas. Esses produtos sãorecomendados e aceitos pela maioria das certificadoras de produção orgânica.Uma listagem dos principais produtos biológicos para o controle de pragas edoenças comercializados no Brasil é citada no trabalho de Paula Júnior et al.(2009). Uma revisão sobre o uso de fungos entomopatogênicos para o controlede pragas no Brasil foi feita recentemente por Michereff Filho et al. (2009);anteriormente, Farias & Wraight (2007) fizeram trabalho semelhante em nívelglobal.

O controle biológico de pragas tenta restabelecer as interações com-plexas entre as espécies pragas e os respectivos inimigos naturais que sãoperdidos durante a simplificação do sistema. O sucesso desta prática dependenecessariamente de amplo conhecimento não apenas das interações ecológi-cas atais, mas, principalmente, de como elas foram estabelecidas ao longo dotempo. Embora o controle biológico de pragas tenha inúmeros exemplos desucesso, com taxas de sucesso que podem superar 35% em programas decontrole biológico aumentativo (Crowder, 2007), é necessário que seja cons-tantemente melhorado. Entre as recomendações para esse aprimoramentomencionam-se evitar o controle por espécies generalistas, expandir os testescom especificidade de hospedeiros e incorporar mais informações ecológicas eevolutivas na avaliação de espécies potenciais para controlar pragas (Begon etal., 2006).

Page 19: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

160 Capítulo 8

MÉTODOS COMPLEMENTARES PARA O MANEJOECOLÓGICO DE INSETOS

Os métodos citados a seguir, apesar de serem alternativas importantesaos agrotóxicos convencionais, devem ser utilizados como medidas auxiliadorasno manejo de pragas nos sistemas agrícolas conduzidos sob os princípiosagroecológicos, especialmente durante a fase de conversão do sistema con-vencional, quando os sistemas ainda estão desequilibrados. Esses métodos de-vem ser utilizados eventualmente em complementação às medidas preventivasaté que a sustentabilidade do sistema seja restaurada ou em casos de surtospopulacionais.

Esses métodos referem-se ao uso de produtos (insumos) alternativosaos agrotóxicos usados no sistema de produção agrícola, como medidas curati-vas de controle de pragas. Podem ser de preparação caseira ou formulados,elaborados a partir de componentes não prejudiciais à saúde humana e ao meioambiente, como extratos de plantas. Pertencem a esse grupo, produtos que têmcomo características principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e ànatureza, eficiência no combate às pragas, não favorecimento à ocorrência deformas de resistência das pragas, fácil disponibilidade e custo reduzido.

Os defensivos alternativos podem ser divididos em duas classes:fertiprotetores e protetores. Os fertiprotetores são produtos que fornecem nu-trientes às plantas e influenciam positivamente no seu processo metabólico,contribuindo assim de maneira indireta no controle de fitoparasitas, emboraalguns tipos podem também ter ação direta. Estão relacionados aosbiofertilizantes líquidos, às caldas de preparação caseira (sulfocálcica, Viçosa ebordalesa), soluções aquosas de leite de vaca ou cabra e de urina de vaca,extratos de compostos orgânicos ou vermicompostos etc. Os protetores são osprodutos que agem diretamente no controle dos fitoparasitas, como agentes decontrole biológico, feromônios e inseticidas/acaricidas botânicos. Estes produ-tos devem ser utilizados com cautela, pois podem causar efeitos deletérios empopulações não-alvo, como inimigos naturais e polinizadores. Informações de-talhadas sobre as características e indicações dos principais produtos alternati-vos utilizados na agricultura orgânica e familiar podem ser encontradas emVenzon et al. (2010).

Page 20: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

161Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

Alguns artefatos podem ser usados como métodos alternativos, como:armadilhas de coleta - por exemplo, as placas de plástico adesivas (amarela/azul) e armadilhas luminosas; iscas atrativas odoríferas e/ou alimentares, comocolmo de cana-de-açúcar para a captura da broca-do-olho do coqueiro, leitediluído em água embebido em estopa para atração de lesmas, solução aquosade proteína hidrolizada para moscas-das-frutas, pseudocaule de bananeira paracoleta do moleque-da-bananeira; e sacos de papel parafinado para ensacamentode frutos, como goiaba, nêspera e pêssego, para deter o ataque de moscas-das-frutas, e tomate, para evitar o ataque de brocas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A implantação do manejo ecológico de pragas de maneira organizada esistemática nas propriedades rurais não é trivial. Existe um grande número depráticas que podem ser adotadas em cada situação (região, espécies cultiva-das, tipo de exploração, tamanho da propriedade etc.), além de diversas formasde realizar o planejamento estratégico do manejo e sua implantação. O diagra-ma esquemático (Figura 1) apresenta uma proposta com as etapas para a im-plantação do manejo ecológico de pragas em uma propriedade. Dentro desseplanejamento é necessário que o produtor selecione, entre diversas práticasagrícolas direcionadas ao manejo de pragas, aquelas que lhe permitam produzircom qualidade, rentabilidade e sustentabilidade. Essas práticas estão disponí-veis e sua eficiência tem sido referendada pela pesquisa. Um sumário dosbenefícios das diferentes práticas é apresentado na Figura 2. O acesso a essasinformações permitirá ao produtor otimizar os recursos já exisitentes na suapropriedade em prol do manejo fitossanitário. As práticas aqui apresentadassão especialmente adequadas para cultivos orgânicos.

Finalmente, ressalta-se a necessidade da interação pesquisa-extensãopara que o produtor tenha acesso às técnicas de manejo ecológico de pragascuja eficiência já tem comprovação científica.

Page 21: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

162 Capítulo 8

Figura 1. Etapas para implementação do manejo ecológico de pragas em umapropriedade agrícola.

Page 22: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

163Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

Fig

ura

2. R

epre

sent

ação

ger

al d

o m

anej

o do

agr

oeco

ssis

tem

a em

dif

eren

tes

esca

las

e al

guns

exe

mpl

os d

ebe

nefí

cios

ger

ados

pel

a ad

oção

do

man

ejo

ecol

ógic

o.

Page 23: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

164 Capítulo 8

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico(CNPq), à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais(FAPEMIG) e à Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).

REFERÊNCIAS BIBILOGRÁFICAS

AGUIAR-MENEZES, E.L. Diversidade vegetal: uma estratégia para o mane-jo de pragas em sistemas sustentáveis de produção agrícola. Seropédica:Embrapa Agrobiologia, 2004. 68p. (Embrapa Agrobiologia. Documentos, 177).

ALTIERI, M.A. The ecological role of biodiversity in agroecosystems. Agric.Ecosys. & Env. 74:19-31, 1999.

ALTIERI, M.A.; LETOURNEAU, D.K. Vegetation management and biologicalcontrol in agroecosystems. Crop Protec. 1:405-430, 1982.

ALTIERI, M.A.; SILVA, E.N.; NICHOLLS, C.I. O papel da biodiversidadeno manejo de pragas. Ribeirão Preto: Holos, 2003. 226p.

ANDOW, D.A. Vegetational diversity and arthropod population response. Ann.Rev. Entomol. 36:561-586, 1991.

BEGON, M.; TOWNSEND C.R.; HARPER J.L. Ecology: From individuals toecosystems. 4nd ed. Malden, MA: Blackwell Publishing, 2006. 752p.

BEZERRA, M.AS.; OLIVEIRA, M.R.V; VASCONCELOS, S.D. Does thepresence of weeds affect Bemisia tabaci (Gennadius) (Hemiptera: Aleyrodidae)infestation on tomato plants in a semi-arid agroecosystem? Neot. Entomol. 33:769-775, 2001.

CONSTANZA, R; D’ARGE, R.; GROOT, R.; FARBER, S.; GRASSO, M.;HANNON, B.; LIMBURG, K.; NAEEM, S.; O’NEIL, R.V.; PARUELO, J.;RASKIN, R.G.; SUTTON, P.; VAN DEN BELT, M. The value of world’secosystem services. Nature 387:253-260, 1997.

Page 24: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

165Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

CONWAY, G.R. The properties of agroecosystems. Agric. Syst. 24:95-117,1987.

COSTA, J.S.; JUNQUEIRA, A.M.R.; SILVA, W.L.C.; FRANÇA, F.H. Im-pacto da irrigação via pivô central no controle da traca-do-tomateiro. Hort.Bras. 16:19-23, 1998.

CROWDER, D.W. Impact of release rates on the effectiveness of augmentativebiological control agents. J. Insec. Sci. 7:15, 2007.

DEBACH, P.; ROSEN D. Biological control by natural enemies. 2nd ed.Cambridge: Cambridge Univ. Press, 1991. 386p.

EILENBERG, J.; HAJEK, A.; LOMER C. Suggestions for unifying theterminology in biological control. BioControl 46:387-400, 2001.

FARIA, M.R.; WRAIGHT, S.P. Mycoinsecticides and mycoacaricides: Acomprehensive list with worldwide coverage and international classification offormulation types. Biol. Control 43:237-256, 2007.

FEENY, P.P. Plant appearance and chemical defense. Rec. Adv. Phytoch. 10:1-40, 1976.

GLIESSMAN, S.R. Agroecologia: Processos ecológicos em agricultura sus-tentável. 3ª ed. Porto Alegre: Editora Universidade UFRGS, 2005. 653p.

HARTWIG, N.L.; AMMON, H.U. Cover crops and living mulches. Weed Sci.50:688-699, 2002.

INOMOTO, M.M.; ANTEDOMÊNICO, S.R.; SANTOS, V.P.; SILVA. R.A.;ALMEIDA, G.C. Avaliação em casa-de-vegetação de sorgo, milheto e crotaláriano manejo de Meloidogyne javanica. Trop. Plant Pathol. 33:125-129, 2008.

JONSSON, M.; WRATTEN, S.D.; LANDIS, D.A.; GURR, G.M. Recentadvances in conservation biological control in arthropods by arthropods. Biol.Control 45:172-175, 2008.

LANDIS, D.A.; WRATTEN, S.D.; GURR, G.M. Habitat management to con-serve natural enemies of arthropod pests in agriculture. Ann. Rev. Entomol.45:175-201, 2000.

Page 25: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

166 Capítulo 8

LANGELLOTO, G.A.; DENNO, R.F. Response of invertebrate natural enemiesto complex-structured habitats: a meta-analytical synthesis. Oecologia 139:1-10, 2004.

LETOURNEAU, D.K.; GOLDSTEIN, M. Pest damage and arthropodcommunity structure in organic vs. conventional tomato production in California.J. App. Ecol. 38:557-570, 2000.

MAGDOFF, F. Ecological agriculture: principles, practices and constraints.Renew. Agric. Food Syst. 22:109-117, 2007.

MATTSON, W.J.; HAACK, R.A. The role of drought stress in provokingoutbreaks of phytophagous insects. In: BARBOSA, P.; SCHULTZ, J.C. (Eds.).Insect outbreaks. New York: Academic Press, 1987. pp.365-407.

MAY, R.M. Stability and complexity in model ecosystems. Princeton: PrincetonUniversity Press, USA. 1973. 244p.

MEDEIROS, M.A.; MENEZES, E.L.A.; SCHIMDT, F.G.V.; SUJII, E.R.;RESENDE, F.V. Manejo ecológico de insetos em hortaliças. Brasília: EmbrapaHortaliças, 2010a. (Embrapa Hortaliças, Circular Técnica ). (no prelo)

MEDEIROS, M.A.; RIBEIRO, P.A.B.; MORAIS, H.C.C; CASTELO BRAN-CO, M.A.; SUJII, E.R.; SALGADO-LABORIAU, M.L.D. Identification ofplant families associated with the predators Chrysoperla externa (Hagen)(Neuroptera: Chrysopidae) and Hippodamia convergens Guérin-Menéville(Coleoptera: Coccinelidae) using pollen grain as a natural marker. Braz. J. Biol.70:631-637, 2010b.

MEDEIROS, M.A.; SUJII, E.R.; RASI, G.C.; LIZ, R.S.; MORAIS, H.C. Pa-drão de oviposição e tabela de vida da traça-do-tomateiro Tuta absoluta(Meyrick) (Lepidoptera, Gelechiidae. Rev. Bras. Entomol. 53:452-456, 2009.

MEDEIROS, M.A.; SUJII, E.R.; RASI, G.C.; LIZ, R.S.; MORAIS, H.C. Effectof plant diversification on abundance of South American tomato pinworm andpredators in two cropping systems. Hort. Bras. 27:42-49, 2010c.

MICHEREFF FILHO, M.; FARIA M.R.; WRAIGHT, S.P.; SILVA, K.F.A.S.Micoinseticidas e microacaricidas no Brasil: como estamos após quatro déca-

Page 26: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

167Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica

das? Arq. Inst. Biol. 76:769-779, 2009.

NICHOLLS, C.I.; ALTIERI, M.A.; SANDEZ, E.J. Manual practico de controlbiologico para una agricultrura sustentable. Berkeley: Univ. California, 1999.69p.

OLIVEIRA, A.T. de; JUNQUEIRA, A.M.R.; FRANÇA, F.H. Impacto dairrigação por aspersão convencional na dinâmica populacional da traça-das-crucíferas em plantas de repolho. Hort. Bras. 18:37-40, 2000.

PAULA JÚNIOR, T.J.; VENZON, M.; MORANDI, M.A.B.; BETTIOL, W.;TEIXEIRA, H. Comercialização de produtos biológicos para o controle de do-enças de plantas e pragas no Brasil. Inf. Agropec. 30:116-123, 2009.

PERIN, A.; SANTOS, R.H.S.; URQUIAGA, S.; GUERRA, J.G.M.; CECON,P.R. Produção de fitomassa, acúmulo de nutrientes e fixação biológica de nitro-gênio por adubos verdes em cultivo isolado e consorciado. Pesq. Agropec.Bras. 39:35-40, 2004.

PICANÇO, M.C.; LEITE, G.L.D.; MADEIRA, N.R.; Da SILVA, D.J.H.;MYIAMOTO, A.N. Efeito do tutoramento do tomateiro e seu policultivo commilho no ataque de Scrobipalpuloides absoluta (Meyrick) e Helicoverpazea (Bod.). An. Soc. Entomol. Bras. 25:175-180, 1996.

RHOADES, D.F. Evolution of plant chemical defense against herbivores. In:ROSENTHAL, G.A.; JANSEN, D.H. (Eds.). Herbivores: Their interactionwith secondary plant metabolites. New York: Academic Press, 1979. pp.227-256.

RIES, L.; FAGAN, W. F. Habitat edges as a potential ecological trap for aninsect predator. Ecol. Entomol. 28:567-572, 2003.

ROOT, R.B. Organization of a plant-arthropod association in simple and diversehabitats: the fauna of collards (Brassica oleracea). Ecol. Mon. 43:95-124,1973.

SHELTON, A.M.; BADENES-PEREZ, F.R. Concepts and applications of trapcropping in pest management. Ann. Rev. Entomol. 51:285-308, 2006.

Page 27: Práticas cultu rais no manejo de pragas na agricultu ra orgânica...Práticas culturais no manejo de pragas na agricultura orgânica 143 1Engo Agro, Dr., Pesq.Embrapa Recursos Genéticos

168 Capítulo 8

SUJII, E.R.; TIGANO, M.S.; SOSA-GOMES, D. Simulação do impacto dofungo Nomuraea rileyi em populações da la-garta da soja, Anticarsiagemmatalis. Pesq. Agropec. Bras. 37:1551-1558, 2002.

SWEZEY, S.L.; NIETO,D.J.; BRYER, J.A. Control of western tarnished plantbug Lygus hesperus (Hemiptera: Miridae) in Califonia organic strawberriesusing alfafa trap crops and tratctor-mounted vacuums. Env. Entomol. 36:1457-1465, 2007.

TILMAN, D. The ecological consequences of changes in biodiversity: a searchfor general principles. Ecology 80:1455-1474, 1999.

TOGNI, P.H.B. Bases ecológicas para o ma-nejo de Bemisia tabaci (Genn.)biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae) em sistemas orgânicos de produção de to-mate. Brasília: Universidade de Brasília, 2009. 110p. (Dissertação Mestradoem Ecologia)

VAN DRIESCHE, R.G.; BELLOWS Jr., T.S. Biological control. Boston:Chapman & Hall, 1996. 539p.

VENZON, M.; PALLINI, A.; AMARAL, D.S.S.L. Estratégias para o manejoecológico de pragas. Inf. Agropec. 22:19-28, 2001.

VENZON, M.; PAULA JÚNIOR, T.J.; PINTO, C.M.F.; OLIVEIRA, R.M.;BONOMO, I.S. Insumos alternativos para o controle de pragas e doenças. Inf.Agropec. 31:108-115, 2010.

VENZON, M.; SUJII E.R. Controle biológico conservativo. Inf. Agropec. 30:7-16, 2009.

VITOUSEK, P.M.; D’ANTONIO, C.M.; LOOPE, L.L.; WESTBROOKS,R. Biological invasions as global environment change. Am. Scient. 84:468-478,1996.

WHITE, T.C.R. A hypothesis to explain outbreaks of looper cartepillars, withspecial reference to populations of Selidosema suavis in plantation of Pinusradiata in New Zealand. Oecologia 16:279 301, 1974.

View publication statsView publication stats