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INTRODUÇÃO  No âmbito do Ensino Clínico VI – Saúde Mental e Psiquiátrica, inserida no  plano curricular do 4º ano do Curso de Licenci atura em Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria, foi-nos proposta pela Professora docente Cristina Ca mp os, a realiz ão de uma pe sq uisa so br e as ri as pe rt ur ba çõ es me nt ais e  psicofármacos específicos do local de Ensino clínico em que estamos inseridos. A fin al idade da el aboraç ão desta pe squ isa consiste no ap rof und ament o de conhecimentos e competências de enfermagem de saúde mental e psiquiátrica, no sentido de adequarmos as nossas acções, tendo em conta as necessidades dos utentes da unidade de psiquiatria do Hospital de Valongo. A revisão e a pesquisa dos psicofármacos mais comuns e utilizados na unidade  psiquiátrica é essencial para adquirirmos aptidões não só não âmbito da componente  prática assim como, na adequação dos cuidados a ter antes e após a sua administração. O presente trabalho encontra-se divido em duas partes, a primeira diz respeito às  patologias mentais e a segunda corresponde à psicofarmacologia. 4

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INTRODUÇÃO

 No âmbito do Ensino Clínico VI – Saúde Mental e Psiquiátrica, inserida no

 plano curricular do 4º ano do Curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior 

de Enfermagem de Santa Maria, foi-nos proposta pela Professora docente Cristina

Campos, a realização de uma pesquisa sobre as várias perturbações mentais e

 psicofármacos específicos do local de Ensino clínico em que estamos inseridos.

A finalidade da elaboração desta pesquisa consiste no aprofundamento de

conhecimentos e competências de enfermagem de saúde mental e psiquiátrica, no

sentido de adequarmos as nossas acções, tendo em conta as necessidades dos utentes da

unidade de psiquiatria do Hospital de Valongo.

A revisão e a pesquisa dos psicofármacos mais comuns e utilizados na unidade

 psiquiátrica é essencial para adquirirmos aptidões não só não âmbito da componente

 prática assim como, na adequação dos cuidados a ter antes e após a sua administração.

O presente trabalho encontra-se divido em duas partes, a primeira diz respeito às

 patologias mentais e a segunda corresponde à psicofarmacologia.

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1. PERTURBAÇÃO DA PERSONALIDADE

“As perturbações da personalidade caracterizam-se por padrões de percepção,de reacção e de relação que são relativamente fixos, inflexíveis e socialmente

desadaptados, incluindo uma variedade de situações.” (Manual Merck)

As pessoas com perturbações da personalidade, geralmente não têm consciência

que o seu comportamento ou padrões de pensamento se encontram desadequados, tendo

 pelo contrário a percepção de que os outros é que se encontram desadequados, causando

desta forma dificuldades aos que os rodeiam.

As alterações da personalidade podem ser de vários tipos consoante os traços

  pessoais que cada indivíduo demonstra ter, isto inclui: paranóide, esquizóide,

esquiziotípica, histriónica, narcisista, anti-social, borderline, dependente, evitante,

obsessivo-compulsiva.

Os indivíduos com  perturbação de personalidade paranóide projectam os seus

 próprios conflitos e hostilidades nos que os rodeiam, isto é, tendem a encontrar as

intenções dos outros como malévolas e hostis, caracterizando-se assim como pessoas

desconfiadas, frias e distantes nas relações.

 Na   perturbação da personalidade esquizóide as pessoas são geralmente

introvertidas, solitárias e indiferentes face às relações sociais. Não gostam e têm receio

no estabelecimento de relacionamentos íntimos, por isso tendem a isolar-se, preferindo

especular de forma teórica em vez da acção prática.

As pessoas com   perturbação da personalidade esquiziotípica são

emocionalmente e socialmente pessoas isoladas, sendo que as relações interpessoais são

nulas. Tendem a criar distorções cognitivas e perceptíveis, ou seja, desenvolvem

 pensamentos mágicos, percepções e comunicações insólitas.

 No tipo de perturbação da personalidade histriónica existe um padrão global de

excessiva emotividade e busca de atenção, tendem a estabelecer relações interpessoais

facilmente mas muito superficiais. Caracterizam-se ainda por uma desinibição sexual

  pelo que os seus comportamentos com os outros são sexualmente provocantes e

sedutores. No entanto, esta desinibição sexual geralmente não é demonstrada no sentido

de uma relação sexual, mas sobretudo pela necessidade de dependência e protecção.

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As pessoas com perturbação da personalidade narcisista apresentam-se com um

sentido de superioridade e uma crença exagerada no seu próprio valor, tendem a sentir 

uma necessidade de admiração, sendo que nas relações interpessoais esperam ser 

admirados e frequentemente suspeitam de inveja por parte dos que os rodeiam. Para

com os outros manifestam um comportamento ofensivo, egocêntrico e arrogante.

A   perturbação da personalidade anti-social  manifesta-se por desprezo

insensível pelos direitos e sentimentos dos outros, isto é, exploram as relações

estabelecidas com os outros para obter benefício material ou gratificação pessoal, não

sentindo remorsos ou sentimento de culpabilidade por este tipo de comportamento. São

 pessoas impulsivas, irresponsáveis e agressivas.

 No tipo de  perturbação da personalidade borderline os indivíduos apresentaminstabilidade das relações interpessoais com alternância de extremos de idealização e

desvalorização, da auto-imagem e dos afectos. As pessoas com esta perturbação tendem

a ser muito impulsivas, a ter comportamentos suicidas e sentimentos crónicos de vazio.

As pessoas com  perturbação da personalidade evitante manifestam um padrão

global de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade à avaliação

negativa, sendo que temem o início de uma relação interpessoal pelo medo de rejeição

ou de decepção.A perturbação da personalidade dependente caracteriza-se pela transferência de

decisões importantes e responsabilidades para os outros e uma necessidade excessiva de

ser cuidado, levando assim a uma conduta submissa. Os indivíduos apresentam-se

inseguros e sem auto-confiança, sendo que não manifestam a sua opinião pelo receio de

ofender aqueles que dependem.

  No tipo de   perturbação da personalidade obsessivo-compulsiva as pessoas

apresentam-se formais, ordenadas e metódicas. Apresentam um padrão global de  preocupação excessiva com a organização, o perfeccionismo e controle mental e

interpessoal. São pessoas cautelosas e cujas responsabilidades lhes causam ansiedade,

dado que raramente encontram satisfação nos seus êxitos.

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2. DEPRESSÃO

Segundo a CIPE versão 1.0, a depressão é definida como “emoção com ascaracterísticas específicas: estado no qual a disposição está reprimida, causando

tristeza, melancolia, astenia, deterioração da compreensão, concentração diminuída ,

 sensação de culpa, e sintomas físicos incluindo a perda de apetite, insónia e dor de

cabeça”. Conhecida também por doença dos afectos, a depressão tem vindo a aumentar 

a sua incidência, maioritariamente nos países desenvolvidos.

Essencialmente, encontram-se divididas em dois grandes grupos: as depressões

neuróticas e as depressões psicóticas. Assim, pertencem ao grupo das depressões

neuróticas, as depressões endógenas, as depressões graves e as depressões com delírios

ou alucinações. No grupo das depressões neuróticas, encontram-se as depressões

reactivas, as depressões caracteriológicas, as depressões crónicas, as depressões ligeiras

e as depressões secundárias a perturbações de personalidade. Podem também ser 

classificadas como reactivas ou endógenas; como primárias ou secundárias e do tipo

unipolar ou bipolar.

Contrariamente às depressões neuróticas, que são influenciadas pelas

características dos diferentes tipos de personalidade, as depressões psicóticas não

dependem da personalidade do indivíduo. Têm uma pior resposta ao tratamento

farmacológico da depressão e consequentemente uma menor remissão. Raramante se

associam a acontecimentos de vida significativos, não havendo diferenças nem a nível

demográfico, nem a nível de género. Nestas situações o melhor tratamento é a terapia

combinada, ou seja, a associação de tratamento farmacológico com psicoterapia.

As depressões endógenas, como referido anteriormente, pertencem ao grupo das

depressões psicóticas, sendo caracterizadas pela falta de precipitantes, por uma

lentificação psico-motora, pela anedonia (ausência de prazer em actividades), pela

ausência de hipocôndria e pela ausência de imaturidade. Surgem normalmente, na idade

adulta e os doentes apresentam uma personalidade adequada, com uma qualidade

distinta de humor. Podem ser recorrentes e podem surgir delírios e características

  paranóides, associadas a sintomas vegetativos e de culpabilidade. As depressões

endógenas, não respondem ao tratamento com placebos. As depressões reactivas, por 

sua vez, são bastante frequentes e surgem devido a uma resposta desajustada a uma

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situação geradora de grande tensão emocional. Assim, surge inibição psiquíca em que o

doente se afasta de todas as actividades que outrora eram prazerosas e

consequentemente, surge a desmotivação.

As depressões também podem ser classificadas em primárias ou secundárias.

 Nas secundárias, o primeiro espisódio depressivo ocorre após uma perturbação psíquica

não afectiva pré-existente (perturbação ansiosa, esquizofrenia, perturbação da

 personalidade anti-social, alcoolismo, toxicodependência e homossexualidade). Assim,

indivíduos com outras patologias psiquícas podem deprimir secundariamente,

apresentando uma depressão menos grave do que se esta surgisse de forma primária ou

seja, sem qualquer patologia pré-existente. O episódio depressivo surge numa idade

inferior e há maior influência da história familiar de patologia psiquíca. As depressõessecundárias, estão sobrepostas às depresões neuróticas, uma vez que se trata de um

 processo afectivo não primário com distinção da personalidade prévia ao ínicio da

doença.

Seguidamente, iremos diferenciar as depressões unipolares das bipolares. As depressões

unipolares apresentam apenas o pólo depressivo e são típicas das depressões endógenas.

As depressões bipolares apresentam dois pólos, o pólo da mania ou maníaco e o pólo

depressivo. Contudo, existem diferenças entre os pólos depressivos da depressão bipolar e da depressão unipolar. Pode dizer-se que a hereditariedade tem maior influência na

depressão bipolar e em termos demográficos, a depressão unipolar é mais frequente no

sexo feminino, enquanto que a bipolar tem a mesma incidência em ambos os géneros. O

início da depressão unipolar ronda os 40 anos de idade e por sua vez, o início da bipolar 

ronda o final dos 20 anos de idade, sendo um ínicio mais agudo que o da unipolar e

com maior número de episódios. Existem também algumas diferenças em termos

sintomáticos. A perda de peso e de apetite e insónia, são sintomas característicos dadepressão unipolar. O ganho de peso, o aumento do apetite e a hipersonia, são sintomas

característicos da depressão bipolar. Assim, a doença bipolar possui então três tipos. O

tipo um, caracterizado pela depressão e pela mania (delirante), o tipo dois pela

depressão e pela hipomania e o tipo três pela depressão e pela mania iatrogénica

(induzida farmacológicamente), como iremos focar mais à frente neste trabalho.

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3. DEMÊNCIA

A demência é um síndrome clínico decorrente de doença ou disfunção cerebral,usualmente de natureza crónica e progressiva, na qual ocorre perturbação de múltiplas

funções cognitivas, incluindo memória, atenção, aprendizado, pensamento, orientação,

compreensão, cálculo, linguagem e julgamento. O comprometimento das funções

cognitivas é comumente acompanhado, e ocasionalmente precedido, por deterioração do

controlo emocional, comportamento social ou motivação. A demência produz um

declínio apreciável no funcionamento intelectual e interfere com as actividades de vida

diárias do indivíduo.A perda de memória, embora seja um sintoma comum na demência, por si só

não significa demência. O diagnóstico de demência, só é identificado se duas ou mais

funções cerebrais (tais como a memória, a capacidade de falar, a percepção, ou as

habilidades cognitivas, incluindo o juízo e o raciocínio) estejam significativamente

comprometidas mas, sem que ocorra perda de consciência.

A demência pode ser classificada de diferentes formas. Os esquemas de

classificação tentam agrupar as desordens de acordo com factores comuns. As

demências podem ser agrupadas em:

• Demência cortical – É a demência na qual a danificação cerebral afecta

 principalmente o córtex cerebral ou a capa exterior. A demência cortical tende a causar 

 problemas na memória, na linguagem, no pensamento e na conduta social.

• Demência subcortical – É a demência que afecta as partes do cérebro que se

encontram abaixo do córtex. A demência subcortical tende a causar alterações

emocionais, do movimento e de memória.

• Demência progressiva – É a demência que piora com o tempo, interferindo

 paulatinamente com um maior número de habilidades cognitivas.

• Demência primária – É a demência que surge como resultado duma doença

física ou duma lesão.

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Causas:

As causas mais frequentes que contribuem para o aparecimento de demência são:

• Alzheimer - é uma doença do cérebro, caracterizada pela morte das células

cerebrais de uma forma contínua e irreversível. Inicialmente a pessoa sofre alterações da

memória e, progressivamente do comportamento, raciocínio, articulação do pensamento

e diminuição da memória. O início da demência é lento e progressivo.

• Acidentes vasculares cerebrais ou acidentes isquémicos transitórios repetidos - A

repetição destes episódios vai destruindo de forma lenta e progressiva as células do

cérebro, limitando as funções da pessoa. A demência tem períodos de melhoria

alternando com agravamento. Se houver novos episódios de acidente vascular cerebral

ou isquémico transitório a demência agrava.• Lesão no cérebro/traumatismos - Lesões que conduzam à morte de células

cerebrais provocadas por traumatismos ou pela insuficiência de oxigénio contribuem

 para a deteriorização da pessoa.

• Doenças infecciosas (meningite, encefalite, sífilis e SIDA).

• Cancro no cérebro

• Hipertensão arterial e diabetes

As causas menos frequentes que estão na origem da demência:

• Parkinson – Doença em que as células produtoras de dopamina do cérebro estão

mortas ou sofreram alterações nas suas funções. A dopamina é um neurotransmissor 

importante na transmissão dos impulsos nervosos entre os neurónios de forma

coordenada.

• Doença Creutzfeldt-Jakob - Caracterizada  por perda da memória, tremores,

ataques epilépticos, desordem na marcha e paralisia de alguns músculos da face devidoa uma destruição rápida de células do cérebro. Pode ser originada em algumas cirurgias

ou provavelmente numa proteína transmissível chamada prião. Aparece de forma

 bastante acentuada e tem mau prognóstico.

• Hidrocefalia - Líquido encéfaloraquidianono fora do espaço que ocupa

normalmente. Se não for drenado exerce compressão conduzindo à morte celular.

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Sintomas

A demência, é uma doença de evolução lenta, pelo que podem passar 

despercebidos os sintomas iniciais. Os sintomas incluem alteração da memória a curto

ou longo prazo, esquecimento de pessoas, lugares, acontecimentos, objectos e rotinas

diárias (pagamento de contas, trancar a porta da rua), alteração na linguagem

apresentam dificuldade em encontrar a palavra certa ou em fazer cálculos e alteração ou

acentuação da maneira de ser (prostração/agitação, desinibição social, choro fácil).

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado com base na história familiar do doente, testes de

memória, observação da evolução dos sintomas, da maneira de agir, realização de perguntas ao doente e a familiares, tendo por base a avaliação do estado mental. Pode

ser necessário a realização de exames ao sangue, para verificar se há infecção,

intoxicação, ou outras alterações que podem estar na origem da demência, bem como, é

necessário ter conhecomento de toda a medicação que o doente toma para verificar se

algum dos fármacos utilizados pode estar a desencadear a demência. Também, podem

ser realizados outros exames de diagnóstico, para despiste de outras doenças, como a

tomografia axial computorizada, ressonância magnética (despistar lesões ou cancro nocérebro) e punção lombar para verificar a presença de doença infecciosa, que origine a

demência. Para diagnosticar, a equipa de profissionais de saúde estuda o doente de

forma, a encontrar a origem da doença, para dirigir o tratamento à causa.

Prognóstico

A evolução da doença é diferente de pessoa para pessoa. Se não houver novos

factores desencadeantes da demência, a evolução de cada pessoa mantém o mesmoritmo, de ano para ano.

Em doentes com demência num estado avançado, o cérebro perde quase todas as

suas capacidades funcionais, existe uma maior dificuldade em controlar o seu

comportamento e linguagem.

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Tratamento

Maioritariamente, a demência é uma doença progressiva e sem cura. O

tratamento procura atrasar a evolução da doença e é dirigido à causa. Os profissionais

de saúde podem actuar no tratamento da hipertensão e da diabetes de forma a retardar a

evolução da doença e prevenir próximos acidentes vasculares cerebrais. A doença de

Creutzfeldt-Jakob não tem cura, os medicamentos antiparkinsónicos não contribuem

 para melhorar a demência e, no que diz respeito à hidrocefaleia, a drenagem precoce do

líquido pode evitar a rápida progressão da doença.

O cuidador deve estar bem informado, preparado para a evolução da doença e

saber o que esperar no futuro do doente. Existem algums aspectos que podem facilitar o

dia-a-dia das pessoas com demência e de quem o rodeia. Estes doentes devem estar num ambiente calmo, sem grandes estímulos, devem ser evitadas rotinas novas, atitudes

 protectoras e/ou repreensivas, as actividades diárias devem ser mantidas de forma a

facilitar a orientação dos doentes. O internamento para descanso do cuidador também é

uma opção, assim como o internamento definitivo em instituições preparadas para estes

doentes.

4. ESQUIZOFRENIA

A esquizofrenia é uma doença mental grave que se caracteriza por uma colecção

de sintomas, entre os quais:

• Alterações do pensamento,

Alucinações (sobretudo auditivas),

• Delírios

• Afastamento emocional com perda de contacto com a realidade, podendo

causar um disfuncionamento social crónico.

É uma doença funcional cerebral causada por uma fragmentação da estrutura

 básica dos processos de pensamento, acompanhada pela dificuldade em estabelecer a

distinção entre experiências internas e externas. Embora seja uma doença que

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 primariamente afecta os processos cognitivos, os seus efeitos repercutem-se também no

comportamento e nas emoções.

É um quadro complexo apresentando sinais e sintomas na área do pensamento,

 percepção e emoções, causando marcados prejuízos ocupacionais, na vida de relações

interpessoais e familiares.

Sintomas

Os sintomas da esquizofrenia podem aparecer de diversas formas no individuo

ou seja, de forma insidiosa e gradual ou, pelo contrário, manifestar-se de forma

explosiva e instantânea.

Estes podem ser divididos em duas grandes categorias: sintomas positivos enegativos.

• Sintomas positivos

Os sintomas positivos estão presentes na fase aguda da doença e são as

 perturbações mentais fora do normal. Entende-se como sintomas positivos os delírios — 

ideias delirantes, pensamentos irreais, “ideias individuais do doente que não são

 partilhadas por um grande grupo”; as alucinações, percepções irreais –  ouvir , ver ,

saborear ,  cheirar  ou  sentir   algo irreal, sendo mais frequentes as alucinações

audiovisuais; pensamento e discurso desorganizado, elaborar frases sem qualquer 

sentido ou inventar palavras; alterações do comportamento, ansiedade, impulsos,

agressividade.

• Sintomas negativos

Os sintomas negativos são o resultado da perda ou diminuição das capacidades

mentais, ”acompanham a evolução da doença e reflectem um estado deficitário ao nível 

da motivação , das emoções, do discurso, do pensamento e das relações interpessoais”,

como a falta de  vontade ou de iniciativa; isolamento social; apatia; indiferença

emocional; pobreza do pensamento.

Estes sinais não se manifestam todos no indivíduo esquizofrénico. Algumas

 pessoas são mais afectadas do que outras, podendo muitas vezes ser incompatível com

uma vida normal. A doença pode aparecer e desaparecer em ciclos de recidivas e

remissões.

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Tipos de Esquizofrenia

O diagnóstico da esquizofrenia, como sucede com a maior parte das doenças do

foro psiquiátrico, não se pode efectuar através da análise de parâmetros fisiológicos ou

 bioquímicos, e resulta apenas de uma observação clínica atenta das manifestações da

doença ao longo do tempo. Aquando do diagnóstico, é importante que o médico exclua

outras doenças ou condições que possam produzir sintomas  psicóticos semelhantes

(abuso de drogas, epilepsia,  tumor cerebral, alterações metabólicas). O diagnóstico da

esquizofrenia é por vezes difícil.

Para além do diagnóstico, é importante que o médico identifique qual é o subtipode esquizofrenia em que o doente se encontra. Actualmente, existem quatro tipos:

Paranóide- forma que mais facilmente é identificada com a doença,

  predominando os sintomas positivos. O quadro clínico é dominado por um delírio 

 paranóide relativamente bem organizado. Os doentes com esquizofrenia paranóide são

desconfiados, reservados, podendo ter  comportamentos agressivos.

Hebefrénica – onde que os sintomas afectivos, embotamento afectivo e as

alterações do pensamento são predominantes. As ideias delirantes, embora presentes,não são organizadas. Em alguns doentes pode ocorrer uma irritabilidade marcada

associada a comportamentos agressivos. Existe pouco contacto com a realidade.

Catatónico - é caracterizado pelo predomínio de sintomas motores e por 

alterações da actividade, que podem ir desde um estado de cansaço e acinético até à

excitação.

Simples - Ocorre o empobrecimento lento e progressivo das funções psíquicas

sem desenvolvimento de sintomas floridos. Apresenta como sintomas mais frequentes, perda gradual de impulso, interesse, ambição e iniciativa. E muito dos casos ocorre

isolamento social marcado por um afastamento afectivo e uma pobreza ao nível do

conteúdo do pensamento.

Estes subtipos não são estanques, podendo um doente em determinada altura da

evolução da sua doença apresentar aspectos clínicos que se identificam com um tipo de

esquizofrenia, e ao fim de algum tempo poder reunir critérios de outro subtipo.

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Abordagens Terapêuticas

• Acompanhamento médico e farmacológico;

• Psicoterapia;

• Terapia ocupacional (individual ou em grupo);

• Psicoeducação.

Apesar de não se conhecer a sua cura, o tratamento pode ajudar muito a tratar os

sintomas, e a permitir que os doentes possam viver as suas vidas de forma satisfatória e

 produtiva. A experiência clínica indica que o melhor período para o tratamento da

esquizofrenia é com o aparecimento dos primeiros sintomas. Se sintomatologia

 psicótica permanecer sem tratamento por longos períodos o prognóstico do tratamento é

menos favorável. Assim é vital o reconhecimento precoce dos sinais da esquizofrenia

 para que se possa procurar uma ajuda rápida.

5. PERTURBAÇÃO OBSESSIVO-COMPULSIVA

Inicialmente, é importante entender o conceito de obsessão e compulsão, para

que se consiga perceber a definição de perturbação obsessivo-compulsiva. Desta forma,

a APA define obsessão como “ideias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes,

indesejáveis e intrusivos que causam forte ansiedade ou sofrimento. As mais comuns

incluem pensamentos repetidos sobre contaminação, dúvidas repetidas, uma

necessidade de ter as coisas numa ordem particular, impulsos horríveis ou agressivos e

imagens sexuais”. A definição de compulsão consiste em “padrões do comportamento

repetitivos ou actos mentais não desejados que têm como objectivo reduzir a ansiedade

e não proporcionar prazer ou gratificação e podem ser realizados em resposta a uma

obsessão ou de um modo esteriotipado”, segundo a APA.

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Desta forma e segundo a DSM-IV-TR, a perturbação obsessivo-compulsiva é

descrita como “obsessões ou compulsões recorrentes que são suficientemente graves

 para causar perda de tempo ou sofrimento acentuado ou um prejuízo significativo”, ou

seja a pessoa não consegue deixar de pensar em algo específico que a preocupa o que

gera alteração da ansiedade a níveis extremos e, para compensação desta situação, toma

determinadas atitudes compulsivas para compensar a repetição dos pensamentos

(compulsão). Neste tipo de patologia psiquiátrica, que faz parte das perturbações da

ansiedade, a pessoa reconhece a situação mas não consegue deixar de pensar nela.

A ansiedade, no caso das pessoas portadores de perturbações obsessivo-

compulsivas, é patológica e sintomática, pelo que é evidente alguns sinais e sintomas

típicos desta patologia. Os sinais mais frequentes da perturbação obsessivo-compulsivasão: contraste entre as queixas e os dados objectivos (exames complementares

encontram-se normais), taquicardia, tensão, tremores, inquietação, tabagismo, repetição

de questões, solicitação para consultas frequentemente. Os sintomas podem ser 

 psicológicos ou somáticos:

• Sintomas psicológicos: experiência desagradável, preocupação, apreensão,

insegurança, intranquilidade, irritabilidade, dificuldades de concentração e de

memoria, despersonalização e desrealização e, em casos de agudização cansaço,depressão, medo, pânico e vergonha.

• Sintomas somáticos: confusão, cefaleia, tensão, dor no pescoço e cabeça,

  palpitações, taquicardia, hiperventilação, cólicas, diarreia, náuseas, distenção

abdominal, sudorese, tensão muscular, prurido, tremores, vasodilatação

 periférica (palidez, mãos frias), vasodilatação arteriolar (face rosada, pescoço e

  parte superior do tórax), respiração ofegante, superficial e rápida, micções

frequentes e alterações do apetite.Associado às perturbações da ansiedade existe o síndrome ansioso que é

caracterizado por atitude de alerta e hipervigilância, não somatização dos sintomas

anteriormente descritos; atitude tensa e apreensiva (expressão facial e postura

concordante); os sintomas físicos podem ocorrer sem sensação de ansiedade;

dificuldades em conciliar o sono e relaxar (as pessoas sentam-se na ponta da cadeira e

sobressaltam-se com qualquer ruído súbito); fendas palpebrais alargam-se, as pupilas

dilatam e humedecem constantemente os lábios.

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O tratamento pode ser farmacológico ou não farmacológico e podem ser ambos

combinados. O tratamento farmacológico baseia-se na administração de

  benzodiazepinas (diazepam, lorazepam), SSRI (paroxetina, sertralina, venlafaxina,

escitalopram), tricíclicos (imipramina, clomipramina, amitriptilina), entre outros

(fenelzina, moclobemide, buspirona, propranolol, hipnóticos, mirtazapina). Por outro

lado, o tratamento não farmacológico baseia-se em ajudar o doente a compreender a

natureza dos seus sintomas, psico-educação, técnicas de relaxamento, através da terapia

cognitivo-comportamental. Idealmente, a terapia deve ser combinada para que haja um

maior equilíbrio da pessoa.

6. DISTÚRBIOS SOMATOFORMES

Os distúrbios somatoformes abrangem vários distúrbios psiquiátricos nos quais

os pacientes referem sintomas físicos, mas negam apresentar problemas psiquiátricos.

Distúrbio somatoforme é um termo relativamente novo, que é aplicado para o que

muitos denominam distúrbio psicossomático. Nos distúrbios somatoformes, os sintomasfísicos, ou a sua gravidade e duração, não podem ser explicados por qualquer doença

física subjacente. Os distúrbios somatoformes incluem a somatização, a conversão e a

hipocondria. Os psiquiatras diferem consideravelmente no que diz respeito ao valor e à

validade do uso dessas categorias diagnósticas. Entretanto, essa distinção dos diferentes

distúrbios somatoformes proporcionou aos psiquiatras um meio para descrever a ampla

variedade de sintomas apresentados por esses pacientes e para diferenciar os distúrbios

 baseando-se nessas descrições. As descrições minuciosas podem ajudar os psiquiatras a

ordenar os diferentes distúrbios que podem ser melhor estudados cientificamente. Os

distúrbios somatoformes geralmente não possuem uma explicação clara. Os pacientes

com um distúrbio somatoforme podem ser muito diferentes entre si. Como não existe

uma explicação clara de como ou por que os indivíduos desenvolvem seus sintomas,

não existem modos de tratamento específicos e aceitos consensualmente.

• Somatização

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A somatização é uma doença crónica grave caracterizada pela presença de

muitos sintomas físicos, particularmente uma combinação de dor e sintomas

gastrointestinais, sexuais e neurológicos. As causas da somatização não são conhecidas.

Ela frequentemente ocorre em famílias. Os indivíduos com o distúrbio também tendem

a apresentar distúrbios da personalidade caracterizados pelo egocentrismo

(personalidade narcisista) e uma dependência exagerada de outras pessoas

(personalidade dependente). Os primeiros sintomas surgem na adolescência ou no início

da vida adulta e acredita-se que eles ocorram predominantemente em mulheres. Os

familiares do sexo masculino de mulheres com esse distúrbio tendem a apresentar uma

incidência elevada de comportamento social inadequado e de alcoolismo.

Sintomas:

Um indivíduo com somatização apresenta muitas queixas físicas vagas. Embora

qualquer parte do corpo possa estar afectada, os sintomas mais frequentes são cefaleia,

náusea e vómito, dor abdominal, diarreia ou constipação, períodos menstruais

dolorosos, fadiga, desmaios, dor durante o acto sexual e perda do desejo sexual. Embora

os sintomas sejam principalmente físicos, também podem ocorrer a ansiedade e a

depressão. Os indivíduos com somatização descrevem os seus sintomas de formadramática e emotiva, referindo-se a eles frequentemente como “insuportáveis”,

“indescritíveis” ou “o pior imaginável”. Nas relações dos indivíduos com somatização,

emerge uma dependência extrema. Eles solicitam cada vez mais ajuda e suporte

emocional e podem tornar-se enraivecidas quando sentem que suas necessidades não

estão sendo supridas. Frequentemente, eles são descritos como exibicionistas e

sedutores. Numa tentativa de manipular os outros, eles podem ameaçar ou tentar o

suicídio. Comummente insatisfeitos com os cuidados médicos que recebem, elesmudam constantemente de médico. Os sintomas físicos parecem ser uma maneira de

transmitir um pedido de ajuda e de atenção. A intensidade e a persistência dos sintomas

reflectem o desejo intenso do indivíduo de ser atendido em cada um dos aspectos de sua

vida. Esses sintomas também parecem servir a outros propósitos como, por exemplo,

 permitir que o indivíduo evite as responsabilidades da vida adulta. Os sintomas tendem

a ser desconfortáveis e impedem que o indivíduo se envolva em projectos atractivos,

sugerindo que o indivíduo também apresenta sentimentos de invalidez e de

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culpabilidade. Os sintomas impedem que ele tenha prazer e também actuam como uma

 punição.

Diagnóstico:

Os indivíduos com somatização não têm consciência de que o seu problema

 básico é psicológico e, por essa razão, eles pressionam o médico a realizar exames e

tratamentos médicos. O médico é obrigado a realizar muitos exames e investigações

clínicas para determinar se o indivíduo apresenta um distúrbio físico que explique

adequadamente os seus sintomas. Os encaminhamentos a especialistas para consultas

são comuns, mesmo quando o indivíduo já estabeleceu uma relação razoavelmente

satisfatória com um médico. Após o médico haver definido que se trata de um distúrbio

 psicológico, a somatização pode ser diferenciada dos distúrbios psiquiátricos similares

 pelos seus muitos sintomas e pela tendência dos mesmos persistirem por anos. Ao

diagnóstico adiciona-se a natureza dramática das queixas e um comportamento

exibicionista, dependente, manipulador e, algumas vezes, suicida do paciente.

Prognóstico e Tratamento:

A somatização tende a oscilar em termos de gravidade, mas ela persiste por todaa vida. A obtenção de um alívio completo dos sintomas durante um longo período de

tempo é rara. Alguns indivíduos apresentam uma depressão mais evidente no decorrer 

dos anos e suas referências ao suicídio tornam-se mais ameaçadoras. O suicídio é um

risco real. O tratamento é extremamente difícil. Qualquer sugestão de que os sintomas

são psicológicos tende a produzir sentimentos de frustração e de raiva nesses

indivíduos. Consequentemente, o médico não pode abordar o problema directamente

como se fosse psicológico, mesmo quando ele o reconhece como tal. Os medicamentosnão são muito úteis e, mesmo quando o indivíduo aceita uma consulta psiquiátrica, as

técnicas psicoterapêuticas específicas apresentam poucas possibilidades de êxito.

Geralmente, o melhor tratamento é uma relação terapeuta-paciente de apoio, relaxada e

firme que provê alívio sintomático e protege o indivíduo de procedimentos diagnósticos

ou terapêuticos muito caros e possivelmente perigosos. Entretanto, o profissional deve

 permanecer alerta frente à possibilidade de o indivíduo desenvolver uma doença física.

• Conversão

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  Na conversão, os sintomas físicos causados por conflitos psicológicos

assemelham-se aos de um distúrbio neurológico ou de outras condições médicas. Os

sintomas da conversão são claramente causados pelo stress e pelos conflitos

  psicológicos, que os indivíduos convertem inconscientemente em sintomas físicos.

Embora os distúrbios da conversão tendam a ocorrer durante a adolescência ou no início

da vida adulta, eles podem ocorrer pela primeira vez em qualquer idade. De modo geral,

acredita-se que se trate de um distúrbio um pouco mais comum em mulheres que em

homens.

Sintomas e Diagnóstico:

Por definição, os sintomas da conversão são limitados àqueles que sugerem uma

disfunção do sistema nervoso (geralmente a paralisia de um membro superior ou

inferior ou a perda de sensibilidade de uma parte do corpo). Outros sintomas incluem as

convulsões simuladas e a perda de um dos sentidos (p.ex., audição ou visão).

Geralmente, o início dos sintomas está relacionado a algum acontecimento social

angustiante ou psicologicamente stressante. O indivíduo pode apresentar apenas um

episódio isolado ou episódios esporádicos, os quais são geralmente de curta duração.

Quando os indivíduos com sintomas de conversão são hospitalizados, eles geralmenteapresentam uma melhoria em duas semanas. No entanto, 20% a 25% deles apresentam

recaídas ao longo de um ano. No início, o diagnóstico tende a ser difícil porque o

indivíduo acredita que os sintomas são decorrentes de um problema físico e não deseja

ser examinado por um psiquiatra. O médico assegura-se cuidadosamente de que os

sintomas não possuem uma causa física.

Tratamento:

Para o tratamento, é essencial que exista uma relação de confiança entre o

médico e seu paciente. Quando o médico avalia um possível distúrbio físico e

tranquiliza o paciente dizendo que os sintomas não indicam uma doença subjacente

grave, ele comummente começa a sentir-se melhor e os sintomas desaparecem. Quando

uma situação psicologicamente stressante precede o surgimento dos sintomas, a

 psicoterapia pode ser particularmente eficaz. Algumas vezes, os sintomas de conversão

retornam com frequência, chegando mesmo a tornar-se crónicos. Vários métodos de

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tratamento foram tentados (alguns podendo ser úteis), apesar de nenhum deles ter 

 produzido um resultado uniformemente eficaz. Um dos métodos mais utilizados é a

hipnoterapia: o paciente é hipnotizado e os aspectos psicológicos supostamente

responsáveis pelos sintomas são identificados e discutidos. A discussão continua após a

hipnose, quando o indivíduo se encontra totalmente alerta. Outros métodos incluem a

narcoanálise, um procedimento semelhante à hipnose, mas que prevê a administração de

um sedativo para a indução de um estado de semiadormecimento. A terapia de

modificação do comportamento, incluindo o relaxamento, também revelou ser eficaz

 para alguns indivíduos.

HipocondriaA hipocondria é um distúrbio psiquiátrico no qual o indivíduo refere sintomas

físicos e mostra-se particularmente preocupado por acreditar firmemente que eles

representam uma doença grave.

Sintomas e Diagnóstico:

As preocupações do indivíduo pela gravidade da doença baseiam-se

frequentemente em uma interpretação incorrecta das funções normais do organismo. Por exemplo, os ruídos intestinais e, algumas vezes, a flatulência e o desconforto que

ocorrem à medida que os líquidos avançam através do tubo digestivo são normais. Os

hipocondríacos usam esses “sintomas” para explicar a sua crença de que eles estão com

uma doença grave. O fato de serem examinados e tranquilizados pelo médico não

diminui suas preocupações. Eles tendem a crer que, por alguma razão, o médico não

conseguiu encontrar a doença subjacente. O médico suspeita de hipocondria quando um

indivíduo saudável e com sintomas pouco importantes demonstra preocupação sobre oseu significado e não reage frente às explicações do médico após uma avaliação

minuciosa. O diagnóstico é confirmado quando a condição persiste durante anos e os

sintomas não podem ser atribuídos à depressão ou a um outro distúrbio psiquiátrico.

Tratamento:

O tratamento é difícil, pois o hipocondríaco está convencido de que algo em seu

organismo encontra-se se gravemente alterado. A tranquilização não reduz essas

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  preocupações. Entretanto, uma relação de confiança com um médico atencioso é

 benéfica, sobretudo se as visitas regulares ao seu consultório forem acompanhadas por 

uma atitude tranquilizadora. Se os sintomas não forem adequadamente aliviados, o

indivíduo pode ser beneficiado pelo encaminhamento a um psiquiatra para uma nova

avaliação e tratamento, concomitantemente com o atendimento médico primário.

7. DOENÇA MANÍACO-DEPRESSIVA

A doença maníaco-depressiva, também chamada distúrbio bipolar, é umdistúrbio no qual ocorre uma alternância de períodos de depressão com períodos de

mania ou com graus menores de excitação. Acredita-se que esta patologia seja

hereditária, embora o defeito genético exacto ainda seja desconhecido. A doença

maníaco-depressiva afecta igualmente os homens e as mulheres e costuma ter início na

adolescência ou na segunda ou terceira década de vida.

Sintomas e Diagnóstico:

Geralmente, a doença maníaco-depressiva começa com depressão e inclui pelo

menos um período de mania em algum momento durante a doença. Os episódios de

depressão geralmente duram três a seis meses. Na forma mais grave da doença,

denominada distúrbio bipolar I, a depressão alterna com a mania intensa. Na forma

menos grave, denominada distúrbio bipolar II, episódios curtos de depressão alternam

com a hipomania. Os sintomas do distúrbio bipolar II frequentemente, reaparecem em

determinadas estações. Por exemplo, a depressão ocorre no outono e no inverno e aeuforia leve ocorre na primavera ou no verão.

 Numa forma ainda mais leve, denominada distúrbio ciclotímico, os períodos de

euforia e de depressão são menos graves, costumam durar apenas alguns dias e

retornam com razoável frequência em intervalos irregulares. Embora o distúrbio

ciclotímico possa acabar por evoluir para a doença maníaco-depressiva, muitos dos

indivíduos nunca manifestam auma depressão ou uma mania grave.

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Sintomas de Mania

Humor

• Elação, irritabilidade ou hostilidade

• Choro momentâneo

Outros sintomas psicológicos

• Auto-estima excessiva; a pessoa

vangloria-se; apresenta comportamentograndioso

• Pensamentos muito rápidos, novos

 pensamentos disparados pelos sons das

 palavras, não pelo seu significado,

tendência a distrair-se com facilidade

• Interesse aumentado em novas

actividades, maior envolvimento com

 pessoas (que frequentemente são

alienadas, em virtude do

comportamento intruso e intrometido

da pessoa), compras compulsivas,

imprudências sexuais, investimentos

irreflectidos nos negócios

Sintomas psicóticos

• Ilusões de talento excepcional

• Ilusões de preparo físico excepcional

• Ilusões de riqueza, ascendência

aristocrática, ou outra identidade

grandiosa• Tem visões ou ouve vozes

(alucinações)

• Paranóia

Sintomas físicos

• Aumento do nível de actividade

• Possível perda de peso pelo aumentoda actividade e falta de cuidado com a

dieta

• Diminui a necessidade de sono

• Aumento do desejo sexual

Em aproximadamente um terço dos indivíduos com doença maníaco-depressiva,esses sintomas podem levar a um distúrbio do humor que exige tratamento. O

diagnóstico da doença maníaco-depressiva é baseado na sintomatologia característica. O

médico determina se o paciente está a apresentar um episódio maníaco ou depressivo

com o objectivo de instituir o tratamento correcto. Aproximadamente um em cada três

indivíduos com distúrbio bipolar apresenta simultaneamente sintomas de mania (ou de

hipomania) e de depressão. Essa condição é conhecida como estado bipolar misto.

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Prognóstico e Tratamento

A doença maníaco-depressiva recorre em praticamente todos os casos. Algumas

vezes, os episódios podem passar da depressão para a mania ou vice-versa, sem

qualquer período de humor normal entre as mudanças. Alguns indivíduos mudam mais

rapidamente que outros entre episódios de depressão e de mania. Até 15% dos

indivíduos maníaco-depressivos, sobretudo as mulheres, apresentam quatro ou mais

episódios por ano. Os que apresentam ciclos mais rápidos são mais difíceis de tratar. Os

episódios de mania ou de hipomania da doença maníaco-depressiva podem ser tratadoscomo a mania aguda. Os episódios de depressão são tratados da mesma forma que a

depressão. No entanto, a maioria dos antidepressivos pode causar mudanças da

depressão para a hipomania ou para a mania e, em alguns casos, provocam mudanças

rápidas de ciclo entre as duas situações.

Portanto, esses medicamentos são utilizados apenas durante períodos curtos e o

seu efeito sobre o humor deve ser cuidadosamente monitorizado. Ao primeiro sinal de

mudança para a hipomania ou mania, o antidepressivo é interrompido. O ideal é tratar amaioria dos casos com medicamentos estabilizadores do humor, como o lítio ou um

medicamento anticonvulsivante. O lítio não tem efeito sobre o humor normal, mas ele

reduz a tendência para alterações do humor em cerca de 70% dos casos da doença

maníaco- depressiva. O médico controla o nível de lítio no sangue através de exames

laboratoriais adequados.

Os efeitos adversos possíveis do lítio incluem o tremor, os espasmos musculares,

a náusea, o vómito, a diarreia, a sede, a micção excessiva e o ganho de peso. O lítio pode piorar a acne ou a psoríase, pode causar uma queda nos níveis sanguíneos da

hormona tireoidiana e, raramente, pode causar micção excessiva. Um nível muito

elevado de lítio no sangue pode produzir cefaleia persistente, confusão mental,

sonolência, convulsões e arritmias cardíacas. A ocorrência desses efeitos colaterais é

mais provável nos indivíduos idosos. As mulheres que estão tentando engravidar devem

interromper o uso do lítio, pois ele pode (raramente) causar defeitos cardíacos no feto

em desenvolvimento. Entretanto, a carbamazepina tende a reduzir seriamente o número

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de eritrócitos (glóbulos vermelhos) e de leucócitos (glóbulos brancos) e o divalproex

 pode causar lesão hepática (principalmente em crianças). Com um controle médico

rigoroso, esses problemas são raros e a carbamazepina e divalproex são alternativas

úteis para o lítio, sobretudo para os pacientes que apresentam formas mistas ou com

ciclos rápidos que não responderam a outros tratamentos. A psicoterapia é

frequentemente recomendada para aqueles que tomam medicamentos estabilizadores do

humor, principalmente para ajudálos a continuar com o tratamento.

Alguns indivíduos que utilizam o lítio sentem-se menos alertas, menos criativos

e com menor controle sobre as coisas do que em condições habituais. Entretanto, a

diminuição real da criatividade é pouco frequente, principalmente porque o lítio permite

que os indivíduos com doença maníaco-depressiva levem uma vida mais regular,melhorando seu desempenho global no trabalho. A terapiade grupo é útil para ajudar os

doentes e seus cônjuges ou familiares a compreender a doença e enfrentá-la de modo

mais adequado.

Algumas vezes, a fototerapia é utilizada no tratamento da doença maníaco-

depressiva, especialmente para aqueles que apresentam uma depressão mais leve e

sazonal: depressão do outono e do inverno e a hipomania da primavera e do verão. Para

a fototerapia, o indivíduo é colocado num quarto fechado e iluminado por luz artificial.A luz é controlada para simular a estação do ano que o terapeuta está a tentar criar: dias

mais longos para o verão e dias mais curtos para o inverno. Se a dose de luz for 

excessiva, o indivíduo pode sofrer uma mudança para a hipomania ou, em alguns casos,

ele pode sofrer uma lesão oftálmica. Portanto, a fototerapia deve ser supervisionada por 

um médico especializado no tratamento dos distúrbios do humor.

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PSICOFÁRMACOS

Aos doentes do serviço de psiquiatria do Hospital de Valongo são administrados, de

acordo com prescrição médica, fármacos pertencentes aos diferentes grupos

farmacológicos. Uma vez que este ensino clínico se focaliza na aquisição de

competências em Saúde Mental e Psiquiatria decidimos incidir o nosso estudo nos

 psicofármacos.

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FÁRMACOGRUPO

TERAPÊUTICODOSE

INDICAÇOES

TERAPÊUTICAS

CONTRA-

INDICAÇÕES

EFEITOS

SECUNDÁRIOS

DiazepamPsicofármaco:

ansioliticos, sedativos e

hipnoticos

5 a 30mg/dia

Ansiedade e sintomasansiosos;Relaxante muscular;Anticonvulsivante

MiasteniagravisHipersensibilidade às benzodiazepinasInsuficiênciarespiratória grave.Síndrome de apneiado sono.Insuficiência hepáticagrave

Acção depressora sobre oSNC, que pode produzir sedação e sonolênciaindesejáveis durante o diaFadigaCefaleias

Capacidade de reacçãodiminuídaFraqueza muscular AtaxiaVisão dupla

CloropromazinaPsicofármaco:Antipsicótico

100 a 400mg/dia

Esquizofrenia e outras psicoses; Náuseas e vómitos graves;ansiedade grave;Alterações docomportamento; porfiria aguda intermitente;

Soluços intratáveisTratamento adjuvante dotétano.

Hipersensibilidade àsfenotiazinas;Síndromes deabstinência alcoólicacomaDepressão da medulaósseaGravidez e

aleitamentoAgitação comdepressão, epilepsia.

Hipotensão ortostáticaRisco de retenção urináriaObstipaçãoSedação e/ou sonolênciaIndiferençaReacções ansiosas

Variações do estado dehumor 

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RisperidonaPsicofármaco:Antipsicótico

IV: 25mg/2ml37,5mg/2ml

5mg/2ml

EsquizofreniaOutras situações psicóticasPerturbaçõescomportamentais gravesTratamento da mania nadoença bipolar Autismo

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula

AgitaçãoAnsiedadeInsóniaCefaleiasSedaçãoAumento de peso

Olanzapina Psicofármaco:Antipsicótico

PO:Esquizofrenia:

5-10mg/dia(pode ser 

aumentadasemanalmenteem 5mg/diasem nuncaexceder os20mg/dia).

Mania/Bipolar:10-15mg/dia.IM: Agitação

aguda: 5-10mg

Tratamento de desordens psicóticas como espisódiosmaníacos agudosassociados a desordens bipolares. Terapêutica demanutenção a longo prazona desordem bipolar etratamento a longo prazo daesquizofrenia.

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula.Aleitamento

Síndroma neurolépticomalignoConvulsõesAgitaçãoTonturasFraquezaSedaçãoAmbliopiaRiniteHipotensão ortostática,TaquicardiaObstipaçãoDispepsiaAumento do pesoTremores

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Haloperidol Psicofármaco:Antipsicótico

PO: 0,5-5mg2-3 vezes/dia.IM: 2-5mg emcada 1-8horas(não devem ser excedidos os100mg/dia).

IV: 0.5-50mgDecanoato deHaloperidol:10-15vezes a

dose PO diáriaanterior, masinicialmente

não devem ser excedidos os

100mg.Adminitradomensalmente(não exceder 

os 300mg/mês

Tratamento das psicosesagudas e crónicas como aesquizófrenia, os estadosmaníacos e as psicosesinduzidas por fármacos.Também é útil no controlode doentes agrssivos eagitados.

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula.GlaucomaDepressão da medulaósseaDoença hepáticagraveDepressão do SNCDoençacradiovascular.

Reacções extrapiramidaisAlterações na visãoObstipaçãoDispepsia.

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MirtazapinaPsicofármaco:Antidepressivo

PO: 15mg/diaao deitar, podeser aumentada

em cada 1-2semanas até

45mg/dia.

Tratamento da depressão(com psicoterapia).

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula.Uso concomitantecom inibidores daMAO.

SonolênciaObstipaçãoDispepsiaAumento do apetiteAumento de pesoAgranulocitose

MelperonaPsicofármaco:Antidepressivo

PO: 25mg e50mg

Tratamento sintomático das psicoses

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula.

Hipotensão ortostáticaArritmias NáuseasVómitosDores abdominaisIrritação gástricaCrises convulsivasAlterações endócrinasAlterações hematológicasErupções cutâneasAlteraçõesidiossincráticas dastransaminases

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VenlafaxinaPsicofármaco:Antidepressivo

Ansiolítico

PO: 37,5 mg,75 mg e 150

mg

Tratamento da doençadepressiva grave ourecidiva, muitas vezes

associado à psicoterapia,Ansiedade generalizadaAnsiedade social

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula.

Uso concomitantecom inibidores daMAO.

CefaleiasPesadelosTonturasAnsiedade NervosismoAsteniaDistúrbios visuaisRiniteAnorexiaObstipaçãoDiarreiaDispepsia NáuseasDores abdominaisAlterações no paladar VómitosPerda de pesoDisfunções sexuaisArrepios

SertralinaPsicofármaco:

Antidepressivo

PO: 50mg/dia(pode ser 

aumentada até200mg/dia)

Tratamento de desordens

 psicóticas

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula.Lactação

ObstipaçãoAumento de pesoRiniteHipotensão ortostáticaTaquicardiaAnsiedade /AgitaçãoCefaleiasAsteniaTonturas

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ClozapinaPsicofármaco:Antipsicótico

(Benzodiazepina)

PO: 25mg

1-2 vezes/dia

Tratamento daesquizofrenia resistente aoutros antipsicóticos

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula.Lactação

AnsiedadeAgitaçãoCefaleiasAsteniaTonturasSedaçãoObstipaçãoAumento de pesoSonolênciaLetargiaConfusãoDistúrbios dosmovimentosConvulsõesAumento da produção desalivaDilatação das pupilasVisão turvaTaquicardiaDepressão/insuficiênciarespiratória

ZolpidemPsicofármaco:

Sedativos/Hipnóticos

PO: 10mg

(ao deitar)

Tratamento da insónia

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula.Apneia do sono.

Sonolência diurnaTonturasAmnésia NáuseasVómitosDiarreiaReacções dehipersensibilidadeDependência

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ParoxetinaPsicofármaco:Ansiolítico/

Antidepressivo

PO: 10mg/dia20mg/dia

Tratamento da depressãocrises de pânicoComportamentosobsessivo-compulsivosPerturbações de ansiedadesocialPerturbação de ansiedadegeneralizada (emassociação com

 psicoterapia),Perturbação de stress pós-traumáticoDisforia pré-menstrual

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula.Uso concomitantecom inibidores da

MAO.

SonolênciaTonturasInsóniasTremores NervosismoAnsiedadeCefaleiasFraqueza NáuseasDispepsiaObstipaçãoDiarreiaPerturbações ejaculatóriasSudação

TrazodonaPsicofármaco:Antidepressivo

PO: 50mg,100mg,150mg.

IV: 50mg/5ml 

Tratamento da depressãograve em conjunto com psicoterapia.

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula.Estão contra-indicados ou devemser usados com precaução em idosose nas crianças, que podem manifestar reacções paradoxais erequerem reduçõessignificativas da dose.

SedaçãoEfeitos anticolinérgicos(retenção urinária,quadros confusionais,aumento da pressão intra-ocular, mucosas secas,obstipação)Hipotensão ortostáticaAlterações do ritmocardíaco e agravamentode diabetes pré-existentePriapismo (suspender tratamento).

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QuetiapinaPsicofármaco:Antipsicótico

PO:Esquizofrenia:iniciar com 25mg 2vezes/dia,aumentar em25-50 mg 2-3vezes/diadurante 3 dias,até 300-400mg/diarepartidos em2-3 doses pelo4º dia (nãoexceder 800mg/dia);Mania bipolar:100 mg/diarepartidos por duas tomas no1º dia,aumentar adose em 100mg/dia no 4ºdia.

Tratamento daesquizofrenia e mania bipolar 

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula.Aleitamento.

Síndroma neurolépticomalignoConvulsõesGanho de pesoSintomas extrapiramidaisTonturasSedaçãoHipotensão ortostáticaObstipaçãoDispepsiaSudação

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LorazepamPsicofármaco:

ansioliticos, sedativos ehipnoticos

PO: 1-3mg(2-3vezes/dia),2-4mg

SL: 2-3mg/dia

Tratatamento da ansiedadee sintomas ansiosos;Insónia (tratamento a curto prazo);Terapêutica adjuvante daanestesia;Estado de mal epiléptico.

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula.Usadas com precaução em idosos(as doses devem ser em geral menores doque no adulto jovem)e em crianças porque,tal como no idoso, podem desencadear reacções paradoxais.Ter atenção ao seuuso em doentes commiastenia gravis oucom insuficiênciarespiratória grave.Apneia do sono.Habitualmente hánecessidade dereduzir a dose das benzodiazepinasquando há IR.

SonolênciaIncoordenação motoraAlteração da memória acurto prazoDepressãoVertigemAlterações gastrintestinaisAlterações visuaisIrregularidadescardiovasculares

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FlurazepamPsicofármaco:

ansioliticos, sedativos ehipnoticos

PO: 15-30mgao deitar 

Insónia (tratamento a curto prazo).

Hipersensibilidade àsubstância activa ou aqualquer componentede sua fórmula.Idosos (dosesmenores) porque, podem desencadear reacções paradoxais.Miastenia gravis einsuficiênciarespiratória grave.Apneia do sono.

SonolênciaIncoordenação motoraAlteração da memória acurto prazoDepressãoVertigemAlterações gastrintestinaisAlterações visuaisIrregularidadescardiovasculares.

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CONCLUSÃO

A realização deste trabalho sobre as patologias e os fármacos relacionados como Ensino Clínico VI – Saúde Mental e Psiquiatria permitiu uma preparação específica

  para a aquisição de conhecimentos e competências nesta área dos cuidados de

enfermagem. Os objectivos a que inicialmente nos propusemos foram cumpridos na

medida em que as pesquisas realizadas permitiram aprofundar conhecimentos sobre as

  patologias mais frequentes do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Valongo,

nomeadamente, em que consistem, como se caracterizam, quais as suas causas,

diagnóstico, prognóstico e tratamento. Também nos inteiramos dos fármacos utilizados

  para o tratamento das patologias ligadas à saúde mental e psiquiátrica de forma a

conhecer a finalidade de cada um, as precauções a ter e a saber o que esperar do

comportamento do doente aquando à administração de cada fármaco.

Os conhecimentos adquiridos ao longo deste trabalho permitem adequar os

cuidados de enfermagem à condição individual de cada doente, identificar as diferenças

individuais de comportamento, num Ensino Clínico em que a comunicação é o

instrumento de intervenção por excelência.

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• Apontamentos das aulas de Enfermagem VI, cedidos pela professora Cristina

Campos

• Apontamentos das aulas de Farmacologia, cedidos pela professora Ana Oliveira

• Apontamentos das aulas de Psicopatologia, cedidos pela professora Sofia Leite

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• Manual Merck –    Perturbações da Personalidade. [Consult. 19 Out. 2011]

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TOWNSEND, Mary C. “Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiátrica – Conceitosde Cuidado na Prática Baseada na Evidência”. Lusociência, 2011. 6ª Edição. ISBN

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