revista 10 anos biomedicina fumec

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Publicação comemorativa do curso de biomedicina da Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde da Universidade Fumec Novembro | 2014 - Belo Horizonte

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Revista comemorativo de 10 anos do curso de Biomedicina da Universidade Fumec

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Page 1: Revista 10 anos Biomedicina Fumec

Publicação comemorativa do curso de biomedicina da Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde da Universidade Fumec

Novembro | 2014 - Belo Horizonte

Page 2: Revista 10 anos Biomedicina Fumec

GRADUAÇÃO:

ad revista rapaz pont e virg21X28.indd 1 22/09/2014 16:01:08

Page 3: Revista 10 anos Biomedicina Fumec

Apoio jurídico, psicológico e de saúde: é esse o tripé de assistência viabili-zado pelo projeto de extensão da Fumec destinado às mães que procuram o Centro de Reconhecimento de Paternidade (CPR-TJMG). Há três anos, o serviço é prestado à populacão carente da capital. O sucesso deste empre-endimento garante ao aluno de biomedicina aplicar seus conhecimentos teóricos numa perspectiva social. Na página 16, a coordenadora do proje-to, Profa Adriana dos Santos, dá mais detalhes.

As professoras, ex-coordenadoras e atual coordenadora do curso de biome-dicina da Fumec, que se apresentam nas páginas 37 a 39 desta revista, por mais que cada uma traga em si sua marca pessoal, e um ponto de vista todas são comuns: o sucesso do curso se deve à sua construção diária, movida pela vontade de acertar. “ Hoje, se orgulham elas, depois de uma década, nosso re-conhecimento dentro e extra-muros da universidade, é uma realidade indiscu-tível”. Pelo visto, outras décadas virão.

Com a palavra

Câncer e fi toterápicos

Câncer de mama

Banco de alimentos

Entrevista Gemti

Reprodução assistida

Pai presente

Como somos vistos

Quem é o biomédico?

Linha do tempo

Pág. 05

Pág. 06

Pág. 08

Pág. 10

Pág. 12

Pág. 14

Pág. 16

Pág. 18

Pág. 22

Pág. 37

Pág. 40

Da página 22 a 36, a Revista Biomedicina dedicou uma atençâo especial aos ex-alunos do curso que, hoje, estão atuando no mercado de trabalho. Cada qual com a sua história, experiência acumulada e performance, todos eles superaram obstáculos e administraram suas difi culdades. Por incrível que pareça: são unânimes em reconhecer a importância da biomedicina em suas vidas, e o acerto da escolha profi ssional.

Sumário

Foto dos professores e funcionários

GRADUAÇÃO:

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Page 4: Revista 10 anos Biomedicina Fumec

EDITORIALEX

PED

IEN

TEFUMECFundação Mineira de Educação e CulturaPresidente do Conselho Executivo:Prof. Mateus José FerreiraPresidente do Cons. de Curadores:Prof. Pedro Arthur VicterReitoria da Universidade FumecReitor:Prof. Dr. Eduardo Martins de LimaVice-reitoria:Profª. Guadalupe Machado DiasFaculdade de Ciências Humanas, Sociais e da SaúdeDiretor-Geral:Prof. Antônio Marcos NohmiDiretor de Ensino:Prof. João Batista de Mendonça Filho

REVISTA BIOMEDIDICNADiagramadores:Carolina Mercadante (4º p./jornalismo)Clara Barbi (2º p./jornalismo)Coordenação Editorial:Prof. Rogério Bastos (RP 2375/MG)Projeto gráfico:Luis Filipe Pena Borges de AndradeProdução gráfica:Daniel Washington Soares MartinsCobertura Fotográfica:Leon Elias Aguiar de OliveiraGráfica:Rona EditoraTiragem:1.000

Conselho editorialProfessoras:Adriana dos SantosAmália Verônica Mendes da SilvaAna Amélia Paolucci AlmeidaMaria Lectícia Firpe Penna

Em agosto de 2004, o curso de biomedicina da Fu-mec reunia 50 alunos que acreditavam em uma no-vidade na nossa Universidade. Apesar de já existir

em várias outras cidades, desde 1966, e o profissional biomédico já ser reconhecido em grandes centros como São Paulo, ele era novo aqui em Belo Horizonte. Hoje, são 487 profissionais formados na Fumec e muitos deles espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Temos ex-alunos nos Estados Unidos, Espanha, Equador, França e Ingla-terra. São profissionais que atuam em uma das 36 áreas nas quais o biomédico pode se habilitar com conheci-mento do seu dia-a-dia de trabalho em decorrência das 700 horas de estágio curricular oferecidas.No início, os estudantes de biomedicina viram no curso a oportunidade de se preparar para atuar no diagnóstico laboratorial. No cenário atual, e após convênios estabe-lecidos em mais de 20 campos de estágio nos principais laboratórios, hospitais, clínicas de imagem, clínicas de reprodução humana assistida, laboratórios de análise ambiental, genética e biologia molecular na Região Me-tropolitana de Belo Horizonte, o biomédico formado em nossa escola pode escolher, durante o curso, diversas áreas para buscar a sua habilitação junto ao Conselho Federal de Biomedicina.Com uma estrutura curricular dinâmica, o curso da Fumec oferece 50% de sua carga horária em atividades e aulas práticas que são desenvolvidas nos campos de estágio e em laboratórios modernos e completos, que constituem a infraestrutura oferecida. Além disso, são disponibiliza-das oportunidades para o estudante cursar disciplinas optativas em áreas específicas, como biomedicina es-tética, perícias forenses, análise ambiental, entre outras, bem como participar de projetos de iniciação científica e extensão.Que ninguém duvide: a formação do biomédico e sua atu-ação passam, evidentemente, pela demanda e exigência do mercado. Este, por sua vez, não abre mão de clamar por um profissional com conhecimentos especializados, amplos e generalistas, claro, com a chancela da forma-ção humanística crítica em nível de atenção à saúde. A biomedicina na Fumec apresenta esta perspectiva.Por tudo isto, nada mais justo do que comemorar seus 10 anos, oferecendo ao leitor a Revista Biomedicina.10 ANOS

Page 5: Revista 10 anos Biomedicina Fumec

10 ANOS

Prof. Doutor Eduardo Martins de Lima, reitor da Universidade Fumec

“O tripé ensino - pesquisa - extensão, com certeza, é a principal marca do curso de biomedicina, embrionariamente, iniciado em 2004. Essa dimensão que é, em síntese, a artéria vital do Progra-ma de Pesquisa e Iniciação Científi ca (Propic) da Universidade

Fumec, atinge e corresponde diretamente aos ideais acadêmicos de professores e alunos. Ora, um curso que disponibiliza estes recursos, com um percentual de retorno muito acima da média, o que lhe garan-te estar de frente para as exigências generalistas que o mercado im-põe ao biomédico, só pode ter razões de sobra para comemorar muito e bem os seus 10 anos. A Universidade Fumec, lisonjeada e vaidosa com a data, cumprimenta a todos que integram o curso.

Prof. Antônio Marcos Nohmi, diretor Geral da FCH

“Tão novo e tão maduro! Nada foi fácil neste processo de construção do curso de biomedicina, desde 2004, quando do surgimento de sua pri-meira turma. Neste percurso – leia-se professores, coordenadores, alu-nos -, nossa escola sustentou com garra e obstinação as mudanças que

a realidade sempre nos impôs. Sua matriz curricular de tal forma efi ciente, di-versifi cada e adaptada às circunstâncias acadêmicas, é reconhecida no país como uma referência acadêmica. Faz sentido ressaltar: todos os conteúdos essenciais do curso estão comprometidos com a formação intelectual e hu-manista do futuro biomédico. A comemoração destes 10 anos – quiçá seja reeditada ad aeternum – merece todos os nossos aplausos.

Prof. João Batista de Mendonça Filho, diretor de Ensino da FCH

“Sinto-me duplamente feliz e recompensado: primeiro por estar à frente da gestão de uma instituição que caminha a passos largos para ser uma referência nacional na produção de ensino. Segun-do, por ser testemunha privilegiada do aniversário de uma década

do curso de biomedicina. Tenho acompanhado sua trajetória de reali-zações. Só nos resta participar desta comemoração. Que o digam os quase 500 biomédicos, que atuam no Brasil e mundo afora, eternizando a marca Fumec e o curso pelo qual se graduaram. Nada mais justo, pois, estender meus cumprimentos aos professores que participaram e participam desta construção colegiada.

Com a palavra...

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CÂNCER E FITOTERÁPICOS

Segundo tipo mais comum, principal-

mente entre as mulhe-res – 22%, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) –, o câncer de mama tem na fitoterapia uma perspectiva, que pode, a longo prazo, elevar a sobrevida mé-dia. Pesquisa iniciada por colaboração entre a UFMG e Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde (FCH) da Universidade Fumec há 14 meses, e cujos primeiros resul-tados foram apresen-tados na 29ª Reunião Anual da Federação das Sociedades de Biologia Experimental (FeS-BE), em agosto, em Caxambu (Região Sul de Minas Gerais), identificou alterações metabó-licas em células doentes tratadas com fitote-rápicos, com indicativos de morte celular.

A observação foi realizada por alunos de biomedicina, com a coordenação das pro-fessoras-doutoras nas áreas de bioquímica, imunologia e patologia geral Andréia Laura Rodrigues, Mariana Gontijo Ramos e Lucie-ne Simões de Assis Tafuri, em parceria com os pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Jader dos Santos Cruz e Alfredo Miranda de Goes) – que forneceram as células e as substâncias das plantas utili-zadas, além de infra-estrutura laboratorial. A expectativa agora, com a continuidade dos estudos, é identificar alternativas de preven-

ção e cura, junto com o tratamento conven-cional já adotado.

Duas previsões de dados do Inca para este ano ressaltam a importância do desenvolvi-mento de pesquisas como esta no combate ao câncer de mama, que é relativamente raro abaixo dos 35 anos: 5 mil mortes devem ocor-rer por câncer de mama até o fim do ano, além de 57 mil novos casos em todo o mundo.

A pesquisa surgiu do interesse de profes-sores e da universidade em desenvolver ativi-dades científicas. Em colaboração com grupo de pesquisas da UFMG, surgiu a ideia de se trabalhar com células de câncer de mama e produtos naturais. No laboratório Lamex, co-ordenado pelo prof. Jader Cruz, da UFMG, existia uma série de substâncias a serem tes-tadas. “Quando surgiu a ideia, pegamos as substâncias disponíveis e não sabíamos quais

Um projeto de pesquisa conduzida por professores da UFMG e Fumec há 14 meses identificou alterações metabólicas em células cancerígenas tratadas com fitoterápicos

Com a estudante Gabriella Pires, as pesquisadoras Luciene Tafuri e Mariana Gontijo propõem novas formas de combater o câncer de mama

10 ANOS

*

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teriam atividade biológica. Realizamos testes para saber quais eram ativas e, dessas, quais as que apresentavam as melhores respos-tas.”

A pesquisa durou cerca de um ano na fase inicial, com os resultados preliminares divul-gados em eventos científi cos, e vai continu-ar por pelo menos mais um ano em busca de respostas mais completas. Quatro alunos em iniciação científi ca – todos bolsistas (CNPq, e dois do Propic-Fumec) – participaram da pes-quisa. Um deles integra hoje o Ciências Sem Fronteiras, do governo federal, participando de pesquisas nos Estados Unidos.

A substância testada foi extraida a partir de plantas em laboratório, aplicada nas células de câncer e apresentou um efeito signifi cati-vo. Além da UFMG, a Universidade Federal da Paraíba, com a participaçao do pesquisador José Maria Barbosa Filho forneceu a substân-cia extraída de plantas. “São plantas comuns na natureza, encontradas entre o Ceará e a Bahia. Pequenas quantidades das substân-cias, menos de 1mL, são colocadas com as células tumorais mantidas em cultura”, expli-ca a professora Mariana.

EXPOSIÇÃO Durante o procedimento de pesquisa, na

medida em que as células foram crescendo, em intervalos de observação de 24 horas, 48 horas e 72 horas, doses da substância eram acrescentadas para medir esse crescimento. As pesquisadoras identifi caram, então, que, quanto maior o tempo de exposição da subs-tância à cultura, maior era o número de células mortas. “Além de matar a célula, a substân-cia testada alterava o seu formato. O princi-pal resultado foi a morte da célula. Em uma segunda fase, queremos entender quais os mecanismos de morte, como essa substância mata as células, testando o efeito citotóxico da substância na célula cancerosa. Também pretendemos fazer testes nas células sadias”, adianta a pesquisadora Luciene.

O tratamento conseguiu reduzir a viabilidade da célula cancerígena em 70%, em 72 horas de exposição, morte considerada expressiva pelas pesquisadoras.

Essa é também a primeira e, até então, úni-ca experiência da Fumec no uso de fi toterápi-cos em células cancerosas.

As pesquisadoras Mariana e Luciene sus-tentam que, com os resultados já obtidos, po-dem-se identifi car substâncias a serem usa-das em outros estudos e a longo prazo como auxiliares no tratamento do câncer de mama. Ainda há muitos estudos a serem feitos. “Te-mos um caminho bem longo pela frente, mas todas as pesquisas começam com esse tipo de estudo, que serve de base para estudos mais avançados. Esperamos contribuir para um achado importante. É preciso valorizar a pesquisa básica, para a qual não se dá tanta importância, porque não tem muita visibilida-de”, conclui Mariana.

As pesquisadoras ainda destacam a impor-tancia de parcerias interinstitucionais e inter-disciplinares, como a verifi cada na presente pesquisa.

*Fonte: adaptado do Jornal Estado de Minas, caderno Ciência e Tecnologia

10 ANOS

“Temos um caminho bem longo pela frente,

mas todas as pesquisas começam com esse tipo de estudo, que serve de base para estudos mais

avançados”Profª. Luciene

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A pesquisa que venho desenvolvendo en-volve dois principais segundos mensagei-ros intracelulares (moléculas produzidas

dentro das células em resposta a estímulos): o cálcio e a Adenosina Monofosfato Ciclica (AMPc) no desenvolvimento do câncer de mama.

O AMPc, assim como o cálcio, modula diver-sas vias de sinalização que controlam muitas proteínas intracelulares e modulam a expressão gênica, canais iônicos, ciclo celular, prolifera-ção, diferenciação e morte celular. O influxo de cálcio na célula é controlado, principalmente, por proteínas de membrana conhecidas como canais iônicos. Os canais de cálcio dependen-tes de voltagem, principalmente os do tipo L e T, têm sido identificados como moduladores de muitos dos eventos celulares.

Um controle rigoroso da concentração intrace-lular tanto do cálcio como do AMPc é um impor-tante mecanismo de sinalização para manutenção da saúde ce-lular. Estudos mostram que tan-to o excesso, quanto a perda do controle nesta sinalização, podem gerar alterações nos principais eventos celulares, resultando em células anormais e, consequente-mente, em patologias. Alterações das concentrações de AMPc ou dos canais de cálcio do tipo L e T estão relacionadas, segundo a literatura, com os diferentes tipos de cânceres.

Apesar dos avanços científicos na compre-ensão da modulação realizada tanto pelo AMPc como pelo cálcio nos eventos celulares alterados em células cancerosas, o mecanismo desses se-gundos mensageiros não está claro e a relação entre eles não foi investigada.

Esta pesquisa busca investigar se o tratamen-to por tempo prolongado (24 e 48h) de células tumorais de câncer de mama com AMPc afeta a proliferação celular e se envolve os canais de

cálcio dependen-tes de voltagem. Para tal, estou utilizando, como modelo, quatro li-nhagens de células oriundas de tecido epitelial mamário, sen-do uma oriunda de te-cido epitelial normal (MCF-10), duas de tumor primário (MACL-1 e MGSO-3) e uma de tumor metastático (MDA-231). A maior parte das pesquisas desenvolvidas até o momen-to utilizou apenas linhagens metastáticas que não representam o desenvolvimento do câncer e sim um estágio. A inclusão de duas linhagens de tumor no seu estágio inicial, estabelecidos recen-temente por pesquisadores brasileiros, visa obter resultados que possam refletir o desenvolvimen-

to do tumor de mama e, com isso, abrir portas para busca de novos fármacos que sejam mais efetivos e potentes contra o câncer.

A primeira parte dessa pesquisa concentra-se no efeito do tratamen-to do AMPc sobre essas certas pro-teínas envolvidas na sua via de sinali-zação e sobre a proliferação dessas células. Para isso, venho utilizando, como técnica central, a Técnica de

Fluorescência baseada na Energia de Transferên-cia (FRET) e outras como a Citometria de Fluxo, Westem Blot, RT-PCR e Proliferation assays.

A segunda parte, que envolve os canais de cál-cio ativados por voltagem, será realizada no Bra-sil utilizando a técnica de Patch-clamp.

Apesar de interessantes, os resultados obtidos deverão ser confirmados por experimentos em células tumorais de câncer de mama oriundas de cultura primária. Sabemos que células de li-nhagens sofrem várias modificações que, muitas vezes, nos distanciam da realidade.

ARTIGO/CIÊNCIA

Câncer de Mama

“ Até agora, os re-sultados apontam

uma relação complexa entre os diferente es-tágios do câncer de

mama com a concen-tração do AMPc.

Profª. doutora Andréia Laura P. Rodrigues

10 ANOS

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Andréia Laura Rodrigues é profes-sora-doutora do curso de Biome-dicina (2006) e pesquisadora na

Universidade Fumec (2008). Desde 2013, Andréia vem desenvolvendo seu projeto de pesquisa no Departamento de Fisiolo-gia, Anatomia e Genética da Universidade de Oxford sob a orientação da professora doutora Manuela Zaccolo.

Segundo Zaccolo, a pesquisa que An-dréia Laura vem desenvolvendo (inves-tigando a relação entre o cálcio e AMPc com proliferação) é uma área inexplorada com potencial para revelar novos cami-nhos para o tratamento do câncer.

A técnica principal, FRET, utilizada pela professora Andréia Laura nesta investiga-ção é importante, pois permite imagem em tempo real de eventos moleculares que ocorrem em células vivas. Essa técni-ca possibilitou e melhorou, de forma sig-nificativa, o estudo detalhado de como as células reagem a diferentes estímulos. Se-gundo a pesquisadora, a relevância dessa

técnica na ciência pode ser constatada pelo núme-ro de publicações em revistas de alto impacto.

Zaccolo manifestou-se bastante interessada em manter a colaboração com a professora An-dréia Laura e otimista em relação aos frutos que a parceria poderá trazer em termos de publicação. Com retorno ao Brasil previsto para o final deste ano, a professora Andréia pretende implementar o laboratório de Pesquisa CaCIA (Pesquisa em Câncer, Canais Iônicos e AMPc) na Universidade Fumec em 2015.

FLASHBiomedicina

Da esquerda para direita: pesquisadoras Manuela Zaccolo e Andreia Laura Rodrigues

10 ANOS

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Matar a fome de quem não tem o que co-mer. É este o principal e intransigente objetivo que pavimenta as atividades

do Programa Banco de Alimentos (BA), assumi-do como uma das principais atividades de pes-quisa do curso de biomedicina da Universidade Fumec, em parceria com a UFMG. O trabalho sistemático é realizado em sete unidades da Re-gião Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Grosso modo, o êxito de processo de mobiliza-ção dos BA, nos quais atuam universitários de formação multidisciplinar, já atingiu 1.400 pes-soas entre manipuladores de alimentos e indiví-duos de instituições atendidas.

ParadoxoA fome e o desperdício de alimentos estão

entre as maiores contradições da realidade bra-sileira: enquanto são produzidos 140 milhões de toneladas de alimentos, milhões de brasileiros são excluidos do acesso a alimentos. Os BA vieram dos EUA e foram implantados no Brasil no ano de 1994, em São Paulo, sob a coorde-nação operacional do Serviço Social do Comér-cio (Sesc). Sua sobrevivência é garantida pelo recebimento de doações de alimentos conside-rados impróprios para a comercialização, mas adequados ao consumo. Esses alimentos, após se submeterem a uma reciclagem rigorosa, são repassados a instituições sociais que produzem e distribuem refeições gratuitas como creches, asilos, casas de passagem, etc.

Para a professora-doutora e pesquisadora do Programa de Pesquisa e Iniciação Científi -ca (Propic), e coordenadora do projeto Banco de Alimentos, Ana Amélia Paolucci Almeida, é inegável a contribuição dos bancos de alimen-tos para a promoção da segurança alimentar e

nutricional das localidades onde estão insta-lados. “Este benefício pode ser observado em vários aspectos, relata ela: a começar por sua atuação relacionada à coleta, armazenamento e distribuição qualifi cada dos alimentos. Estes processos representam reforço na alimentação dos benefi ciários. Além disso, os bancos con-tribuem para a formação de hábitos alimentares mais saudáveis, pois grande parte dos alimen-tos por eles distribuídos é in natura”.

Em relação à organização e dinâmica dos BA e de sua viabilidade institucional, “porque são muitos os atores que neles trabalham”, a professora-doutora Janice Henriques da Silva, da UFMG, admite que as iniciativas, hoje com-partilhadas e articuladas entre os bancos da região, que se encontram em diferentes fases de implementação, contribuem para o êxito do projeto. “Há uma permanente construção de um ambiente rico em trocas e soluções, que busca agir no desenvolvimento de ações de educação alimentar e nutricional”.

Do ponto de vista estritamente institucional, mas que passa como suporte à fala da profes-sora Janice Henriques, esse projeto demons-tra, segundo a professora-doutora da Fumec, Amália Verônica Mendes da Silva, a viabilidade de cooperação entre o poder público, os pro-gramas não governamentais de distribuição de alimentos, e a instituições de ensino superior. “Os ganhos caminham por várias trilhas.”

Banco de alimentos bate recorde na valorização de ações

Com sete BA e cerca de 500 instituições atendidas, trabalho de pesquisa com interface em extensão do curso de biomedicina busca a formação de uma rede de bancos de alimentos

“Há uma permanente construção de um ambiente rico em trocas e soluções”

10 ANOS

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MinientrevistaProfª. Ana Amélia Paolucci Almeida,coordenadora do projeto

Você acha que os BA são uma forma educa-tiva de protestar contra o desperdício de ali-mentos no Brasil?

Não tenho dúvida de que este programa so-cial traz em si este viés de indignação, através de ações propositivas. Cada cidadão alimen-tado pelas doações dos bancos de alimentos para as intituições benefi ciadas atendidas sig-nifi ca um alerta de que é preciso fazer algo para acabar com a fome no país.

Como vocês viabilizam, com menos ruídos, a operacionalização dos BA?

Basicamente, estes ruídos, que são comuns num trabalho desta dimensão social, aconte-cem especialmente nos níveis de transparên-cia, avaliação, gestão e articulação dos bancos da RMBH. A sinergia de todos estes aspectos, claro, envolvendo as instituições e seus profi s-sionais, surgiu a partir da iniciativa da Fumec, com o seu projeto de extensão. Assim, houve a inclusão de ações educativas realizadas em ofi cinas de capacitação com as instituições be-nefi ciadas, seus agentes e manipuladores de alimento. Tudo isso, graças aos ideais das pro-fessoras da Fumec, Marisa Antonini , Luciana Assis e Amália Verônica Mendes. Com isso, o que parecia problema virou solução, aumentan-do, sobretudo, o grau de confi ança para o com-partilhamento de informações, entre os gesto-res, técnicos e acadêmicos. É possível alinhavar alguma nova perspecti-va para este projeto?

Esperamos, com este trabalho articulado e de parceria, integrar novos bancos, bem como multiplicar e fortalecer este formato de inova-ção institucional.

Qual o principal ganho acadêmico da Fumec com este trabalho?

Os ganhos são muitos e são mensuráveis à medida que o processo de trabalho é desenvol-vido e acumulado. Como exemplo, cito o cresci-mento intelectual e social dos alunos, o conhe-cimento de gestão compartilhada adquirido, a teoria praticada, enfi m, é um leque de benefícios que o ensino, a extensão e a pesquisa articula-dos, agregam. Nada disso tem preço.

O projeto de extensão passa, também, pela pesquisa?

O nosso trabalho foi inicialmente desenvolvi-do dentro dos BA, apenas como extensão e a partir do momento em que fi zemos levantamen-to e análise de dados este projeto de extensão passou a ser também um projeto de pesquisa. Esse é o ideal.

“Os bancos contribuem para a formação de hábitos ali-

mentares mais saudáveis”

10 ANOS

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“Contribuir para a formação de profissionais mais conscientes de seu papel na sociedade”. Não se trata de nenhuma utopia inatingível. O Gemti (Gru-po de Estudantes que Multiplicam e Transformam Ideias), criado e mantido, há 10 anos, pelo curso de biomedicina da Universidade Fumec, para atu-ar no âmbito da saúde pública em comunidades carentes da Região Metropolitana de Belo Hori-zonte, vai mais longe: não só busca cumprir está máxima como participa ativamente, em parceria com a UFMG, dos processos de atuação popu-lar na promoção da saúde. Premiado por várias instituições públicas como projeto de relevância acadêmica, o Gemti é coordenado pela professo-ra-doutora, Amália Verônica Mendes da Silva, que nos concede a entrevista a seguir.

Pontualmente, onde hoje o Gemti atua em Belo Horizonte. E qual o perfil da população assistida?Desenvolve atividades com menores carentes na faixa etária de 4 a 12 anos matriculados em esco-las públicas e creches comunitárias e municipais na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

De que consistem as atividades de extensão deste projeto?Ações educativas visando à promoção da saúde por meio de atividades que envolvam as disciplinas ana-tomia humana, bioquímica, bromatologia, microbio-logia e parasitologia. Para tanto, componentes do Gemti desenvolvem atividades lúdicas com jogos, trava língua, paródias, dramatizações dentre outros.

Em que medida o Gemti alimenta a prática as-sistencialista tão tradicional em intervenções sociais? Não alimentamos prática assistencialista. Trata-se de um projeto de extensão e, a “extensão é con-cebida como um processo educativo, cultural e

científico que articula o ensino e a pesquisa de for-ma indissociável e viabiliza relação transformadora entre universidade e sociedade” (Fórum, l Encontro Nacional de Pró-Reitores de Extensão 2001).

O Gemti não é uma estratégia elegante de ate-nuar a precarização da política de saúde pú-blica do país? No que ele se difere de outros projetos?De forma alguma. Esses “10 anos ininterruptos de caminhada” do Gemti podem ser traduzidos, mais uma vez, pela indissociabilidade entre o ensino a pesquisa e extensão consolidada em um projeto maduro de atenção às comunidades.

O que significa, de fato, o “desenvolvimento de estratégias do cuidar em saúde de forma coletiva que possam potencializar e facilitar as decisões individuais”?

Quando a gente quer o GEMTI fazPrograma que trabalha em comunidades carentes com promoção

de saúde socializa a biomedicina da Fumec

Profª. Amália Verônica, coordenadora do projeto Gemti

10 ANOS

Page 13: Revista 10 anos Biomedicina Fumec

13

O cuidar da saúde de forma coletiva envolve vários segmentos da sociedade que reconhecem o ser humano como parte integrante do processo saúde/doença e defendem a autonomia desse em relação à sua saúde.

Quais as principais dificuldades que o Gemti enfrenta? E em que âmbito elas acontecem?No início, em 2004 e até mesmo 2006, o grande desafio era a questão financeira. A partir daí o grupo desenvolveu projetos que foram agraciados com bolsas para os acadêmicos. Em 2009, a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) elegeu, em terceiro lugar, dentre todos os projetos apresentados em Minas Gerais, o projeto Banco de Alimentos, com inserção do Gemti, que recebeu uma verba substancial para a realização das ativi-dades de educação para saúde. Posteriormente, os professores responsáveis tanto da Universidade Fumec como da UFMG submeteram novos pro-jetos aos órgãos públicos de fomento e, mais em 2013 e 2014, também, receberam verba para as ações extensionistas. Essas verbas são utilizadas para o pagamento de bolsistas, compra de mate-rial educativo e para o transporte da crianças para

as visitas guiadas ao museu de morfologia do ICB (UFMG).

O Gemti e o Banco de Alimentos : como se da esta relação?Os componentes do Gemti desenvolvem atividades educativas relacionadas à higiene alimentar junto aos manipuladores de alimentos nos bancos da Rede Metropolitana de Belo Horizonte e também em instituições atendidas pelo programa.

Por falta de homenagens, no formato de men-ções honrosas, citações em artigos, elogios públicos, etc, o Gemti não morre. No entanto, há sempre o risco da autofagia social. Já pen-sou sobre isto?Não, pensamos sempre que fazemos a “promoção da saúde no cenário da educação” Um projeto am-bicioso!!!

A quem pertence o futuro do Gemti?A todos nós, comunidades, acadêmicos, professo-res das Universidades Fumec e UFMG que, desde 2004, trabalhamos com amor e dedicação e acre-ditamos no que fazemos.

Profª. Amália Verônica e equipe de estudantes bolsistas e voluntários do projeto Gemti

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Para muitas pessoas, o desejo de ter um fi-lho faz parte de seu projeto de vida e quando deparam com alguma dificuldade sentem uma grande frustação. Os estudos envolvendo técni-cas de reprodução assistida foram iniciados no século XVIII e se tornaram mais frequentes na literatura a partir do século XX.

AtualizaçãoO trabalho intitulado “Estudo de Legislações

e Regulamentações Relacionadas à Reprodu-ção Assistida no Brasil e em alguns Países do Mundo”, realizado pela professora Maria Lec-tícia Firpe Penna, do curso de biomedicina da Faculdade de Ciências Humanas Sociais e da Saúde da Universidade Fumec, tem como obje-tivo apresentar um estudo comparativo da reso-lução vigente (CFM 2013/2013) no Brasil, com as resoluções/legislações de 20 outros países do mundo. A escolha deles se deu com base no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) devi-do ao fato de ser um índice que analisa políticas de desenvolvimento centradas nas pessoas e não apenas em indicadores econômicos (como por exemplo, renda per capita).

No Brasil, ressalta a professora, até os dias atuais, não existe uma legislação específica que regulamente o uso dos procedimentos de reprodução humana assistida. “Quem regula-menta a realização de tais práticas é o Con-selho Federal de Medicina através de regu-lamentações. A primeira foi a resolução CFM 1358/1992 que foi substituída pela Resolução CFM1957/2010 em 2010 e por último pela Re-solução CFM 2013/2013, vigente até o mo-mento atual”, completa.

Ainda segundo a professora, a reprodução hu-mana assistida é toda reprodução humana reali-zada com algum tipo de intervenção do homem na reprodução natural, aumentando assim as chances de pessoas com problemas de infer-tilidade e/ou esterilidade realizarem o desejo de terem um ou mais filhos. A especialista explica que o primeiro caso de reprodução humana as-sistida com sucesso foi o nascimento de Louise Brown em 25 de julho de 1978 na Inglaterra. No Brasil, o nascimento da primeira criança resul-tante de fertilização in vitro ocorreu em 1984.

De acordo com a OMS - Organização Mundial da Saúde - a chance de um casal engravidar é de 15% a 25% por mês e após 12 meses de tenta-tiva apresentarão uma taxa cumulativa de suces-so na gravidez de 85% a 90%. Os demais 10% a 15% deverão ser investigados para problemas relacionados à infertilidade e/ou esterilidade.

Legislação de Reprodução Humana Assistida no Brasil e no mundo

“O projeto demonstra que, ao longo dos anos, diversas tecnologias que permitem a fecundação assistida possibilitaram

incluir dentre os usuários da Reprodução Assisti-da um maior número de

pessoas”

Primeiro bebê de proveta do mundo completou em 2014, 36 anos. No Brasil, a primeira nascida tem 30 anos. Após essas duas, já nasceram ao redor de 5 mi-

lhões de crianças, sendo, cerca de 300 mil no Brasil

10 ANOS

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De acordo com Maria Lectícia, “vários pro-blemas podem levar um casal a apresentar di-ficuldade para engravidar ou mesmo conseguir levar uma gravidez até o nascimento do bebê. Estudos mostram que dentre as causas da in-fertilidade 40% envolvem fatores femininos, 40% masculinos e 20% causas relacionadas aos dois em conjunto”.

Ela lembra que, desde 1978, com o nascimen-to de Louise Brown, as tecnologias utilizadas em reprodução humana têm sofrido grande evolu-ção. Entretanto, a elaboração de legislações e/ou regulamentações pelos países, em muitas situações não ocorrem com a mesma velocida-de que o surgimento das novas tecnologias e

principalmente com os anseios da evolução das sociedades.

O projeto demonstra que, ao longo dos anos, diversas tecnologias possibilitaram incluir dentre os usuários da reprodução assistida um maior número de pessoas. Porém, ao mesmo tempo, fez surgir novas situações que interesses de vá-rios envolvidos nos programas que podem ser realizados como: pessoas que podem utilizar as técnicas, programas de doação de gametas e embriões, criopreservação de gametas e em-briões, diagnóstico genético pré-implantação de embriões, gestação de substituição (doação temporária de útero) e reprodução assistida post mortem, explica a professora.

Profª. Maria Lectícia (4ª a esq.) com as estudantes de iniciação cientifica

10 ANOS

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Fumec participa do Pai Presente

Em Belo Horizonte, desde 2011, o respon-sável por viabilizar o Programa Pai Presente, do Conselho Nacional de Justiça, é o Centro de Reconhecimento de Paternidade (CRP/TJMG). Em 2012, dos 7.400 pedidos de reco-nhecimento de paternidade, em 54% dos ca-sos (cerca de 4 mil) houve o reconhecimento. O sucesso deste empreendimento social, que há dois anos conta com o apoio dos alunos de biomedicina, direito e psicologia da Uni-versidade Fumec já transcende os limites do Tribunal de Justica de Minas Gerais e alcança a vida familiar e escolar dos beneficiados.

Beneficiados A professora-doutora do curso de biomedi-

cina e coordenadora do projeto, Adriana dos Santos, faz questão de enfatizar que o obje-tivo do projeto de extensão é, primeiramente, disponibilizar um serviço de esclarecimento sobre o teste de paternidade (exame de DNA) oferecido aos cidadãos que procuram o CRP. O público que necessita deste tipo de servi-ço é constituído, na sua maioria, por mulheres (mães) e os supostos pais que são convidados a comparecer a uma audiência de conciliação para esclarecimento de paternidade. Apesar de não haver dados de pesquisa, percebe-se que o público atendido no órgão é composto, majoritariamente, por cidadãos de baixo nível socioeconômico.

Além disso, o resultado do teste de pater-nidade, por si só, não encerra apenas ques-tões jurídicas: o laudo garante a resolução da

paternidade, mas pode servir de base para processos na Justiça (por exemplo, pedidos de declaração da paternidade e de pensão alimentícia) que deverão ser acionados pelo cliente e não pela CRP/TJMG. Neste quesito, é oferecido apoio jurídico incluindo a disponi-bilização de atendimento pelo Escritório Mo-delo do Núcleo de Prática Jurídica/Fumec.

Também é proporcionado um serviço de apoio psicológico a fim de diminuir a ansie-dade ou depressão do cliente diante de uma situação que pode mudar sua vida, auxiliando na resolução de conflitos que fizeram com que a família recorresse ao Poder Judiciário (aten-dimento do público no próprio CRP e, quando necessário, encaminhamento à Clínica-Escola de Psicologia da Universidade Fumec).

Projeto de extensão com alunos dos cursos de biomedicina, direito e psicologia alcança êxito e beneficia mães e crianças

Da redação

Profª. Adriana dos Santos

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a uma história

Reconheça: todos têm direito

Avenida Álvares Cabral, 200 - 5º andar - Centro - Belo Horizonte/MG Centro de

de Paternidade Reconhecimento

CRP

O programa Pai Presente foi criado para tornar mais rápida a realização de exames de DNA nas ações de averiguação de paternidade/maternidade em que as pessoas envolvidas têm direito à assistência jurídica gratuita.

O CRP busca, no reconhecimento espontâneo, solucio-nar as questões referentes a alimentos e visitas, cons-cientizando os pais da importância do amparo à criança, nos aspectos emocional, afetivo e �nanceiro.

No Centro de Reconhecimento de Paternidade - CRP, funciona o programa Pai Presente

O Centro de Reconhecimento de Paternidade-CRP presta assistência às pessoas para a regularização do próprio registro ou do registro do(a) �lho(a), nos casos em que falta o nome do pai - sem nenhum custo e de forma rápida.

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Há algum tempo o Grupo de Estudos em Leishmanioses do Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR), da Fiocruz Minas, mantém uma produtiva parceria com o curso de biome-dicina da Universidade Fumec. Através do olhar aguçado da professora Amália Verônica, que percebe o interesse de alguns de seus alunos pela investigação científica, são indicados po-tenciais candidatos às bolsas de iniciação cien-tífica dos programas institucionais Pibic e Pro-bic da Fiocruz.

Segundo a pesquisadora da Fiocruz Minas Drª Célia Gontijo: “Vários estudantes já fizeram e outros fazem parte de nossa equipe trazen-do contribuições importantes para o desen-volvimento de nossos projetos de pesquisa. Cada um, com suas características individuais, contribui de forma particular. No entanto, se

complementam na dedicação e no compro-misso com o que fazem. Parece-me que além da educação familiar também influencia nes-te comportamento o exemplo cunhado pelos professores do curso. Após a experiência na pesquisa e o término da graduação, muitos seguiram a carreira como biomédicos, mas al-guns ingressaram no curso de pós-graduação do CPqRR. A minha experiência como orien-tadora destes estudantes tem sido das mais gratificantes pela correspondência positiva das expectativas neles depositadas.

Espero que esta parceria perdure e que possa-mos continuar investigando aspectos das leish-manioses que contribuam para o conhecimento destas doenças negligenciadas, cumprindo as-sim com a missão institucional de compromisso com a saúde pública.

Identificaçãocom a pesquisa

Célia Gontijo (2ª à esq.), ladeada pelos mestrandos, Jerônimo Marteleto e Agnes Sampaio, e com o ex-bolsista de IC, Phillippe Saldanha

Célia Gontijo

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O Instituto Médico-legal (IML) de Belo Hori-zonte mantêm convênio com algumas univer-sidades da capital e região metropolitana, nas áreas de serviço social, biomedicina, medicina, química e psicologia.

A Universidade Fumec possui edificante con-vênio com a Polícia Civil na área de biomedici-na. O diretor do IML, prof. André Roquette, que também é responsável pela disciplina de perí-cias forenses no curso de biomedicina, destaca a importância dessa parceria:

“Tem sido um importante aprendizado para todos, estagiários e preceptores, com cresci-mento científico importante, notadamente na área de toxicologia do IML.

Percebe-se, nitidamente, o afloramento do espírito pesquisador em alguns, a aplicação e organização em outros e, acima de tudo, o com-

prometimento e empenho de todos.O grupo de estagiários se inseriu perfeita-

mente na Instituição e, por certo, está acumu-lando grande conhecimento e se colocando à mostra em um mercado de trabalho cada vez mais exigente.

Se conseguirmos ajudar na construção de um caminho de sucesso profissional e, consequen-temente, de felicidade, teremos conseguido nossa missão.

Parabéns aos excelentes estagiários dessa renomada Universidade”, ressalta o professor Roquette.

Prof. André Luiz Barbosa Roquette com suas estagiárias Larissa Gomes Dau, Sabrina G. Vivas de Sá e Danielle Menezes Xavier

Compromisso com o aprendizado

André Roquette

“O grupo de estagiários se inseriu perfeitamente

na Instituição”

10 ANOS

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QUEM É O BIOMÉDICO? QUE CAMINHO SEGUIR?

Todo estudante de biomedicina, em vários mo-mentos durante o curso, é surpreendido por

questionamentos relacionados às possíveis áreas de atuação do biomédico e o que fará após o tér-mino do curso. “Cabe a nós, professores, escla-recer estas dúvidas e ajudar nossos alunos nessa importante decisão”, destaca a coordenadora do curso de biomedicina da Fumec, professora Ana Amélia Paolucci. É esta a “missão” dos nossos professores: apresentar as várias oportunidades que poderão ser aproveitadas pelos estudantes durante a sua graduação. Numa traje-tória paralela a esta busca de compreensão, vários deles tri-lharam seus próprios caminhos e hoje se destacam pelas suas escolhas acertadas, juntada a uma pitada de sorte.

Pedro Seixas é um deles: co-meçou a sua carreira no Gru-po Hermes Pardini, em 2009, como estagiário no Departa-mento de Genética Humana para atuar na área de biologia molecular e hoje se encontra fora do escopo técnico, pois pode perceber competências que o fizeram alçar novos voos dentro da organização. Atualmente, ele se dedica a um MBA empresarial e atua como executivo de produtos, no mesmo grupo que lhe possibilitou forte crescimento e as-censão profissional. “Acredito que um biomédico possui uma gama de possibilidades para atuar, basta ser sensível para perceber suas competên-cias e habilidades, pois várias são as alternativas para a escolha mais assertiva”, acredita Seixas.

De acordo Tamires Pimenta, sua escolha da faculdade em que cursaria biomedicina foi ba-

seada naquela que tinha os melhores conceitos de acordo com Ministério da Educação (MEC), por isso a Fumec foi a sua escolha. Durante o curso, ela pode perceber que tinha encontrado a profissão que realmente queria pelo resto da sua vida. E nos estágios, viu que sua paixão era a área de análises clínicas. “A maior oportuni-dade que a gente cria pra entrar no mercado de trabalho é durante os estágios. Ali é onde você mostra o quanto sabe, é quando colocamos em

prática tudo que aprendemos na faculdade”, ressalta a biomédica. E a sua oportunidade surgiu justa-mente a partir do estágio no Com-plexo Hospitalar São Francisco, onde a supervisora do laboratório que a acompanhava a convidou para fazer um treinamento-teste no momento da sua formatura. Logo após a colação de grau, Ta-mires já estava empregada. Com um ano e meio de trabalho, a mesma supervisora que havia ofe-recido a oportunidade a convidou para supervisionar o laboratório de uma outra unidade e ser a res-ponsável técnica. “A cada dia um novo desafio surge, mas se você tem uma base muito bem forma-da enquanto acadêmico, isso não

se torna um problema, e sim mais aprendizado”, destaca Tamires.

Esses são apenas alguns dos vários casos de êxito daqueles que passaram pelo curso e que trabalham diariamente contribuindo para o bem estar e saúde de todos. Para melhor ilustrar ou-tros exemplos de sucesso dos nossos ex-alu-nos, fizemos uma serie de entrevistas com bio-médicos da Fumec que estão trabalhando em diferentes áreas de atuação.

Pedro Seixas trabalha atualmente no Grupo Hermes Pardini

Foto: arquivo pessoal

10 ANOS

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Nos últimos anos, a atuação de biomédicos em Bancos de Sangue (Hemocentros) tem sido crescente. Essa procura por profi ssionais na área criou um grande mercado de trabalho para

quem escolher essa habilitação. O biomédico estará habilitado a realizar coleta de sangue e exe-cutar os testes prévios à transfusão e à doação – a fi m de verifi car a compatibilidade sanguínea e a presença ou ausência de patologias, sendo estes exames imunohematológicos (tipagem sanguí-nea ABO, RhD, e pesquisa de anticorpos irregulares) e sorológicos (Doença de Chagas, Hepatite B, C, HIV/AIDS, HTLV I/II e Sífi lis). Além disso, poderá manipular, separar e produzir hemocompo-nentes e hemoderivados, bem como realizar o armazenamento destes. O biomédico também é capacitado legalmente para assumir chefi as técnicas, assessorias e direção destas atividades.

Dois biomédicos formados na Fumec escolheram essa área para atuação: Thiago Vitarelli e Ma-íra Magalhães Ferreira trabalham em fases diferentes relacionadas a essa área de atuação.

Onde vocês estão trabalhando e quais as suas atribuições?

Thiago: Desde julho de 2013 trabalho na Fundação Hemominas. A Fundação é responsá-vel pelo fornecimento de sangue e seus hemo-componentes para diversos centros de saúde do estado e pelo atendimento hemoterápico em pacientes que necessitem submeter-se à trans-fusão. Além de ser o centro de referência para o tratamento de hemoglobinopatias (anemia fal-ciforme, Hb SC e talassemia) e portadores de coagulopatias hereditárias (hemofi lias A e B) .

Atualmente, integro a equipe no Laboratório NAT (Teste de Ácidos Nucléicos). Um setor re-lativamente novo na Fundação, que se tornou obrigatório, por força de lei, apenas, no fi nal do ano passado com a publicação da nova portaria que rege as atividades dos bancos de sangue. O setor tem o importante papel de aumentar a segurança transfusional realizando a triagem molecular dos doadores de sangue de Minas Gerais a fi m de detectar a presença ou ausência de HIV e Hepatite C, estreitando ainda mais a janela imunológica destas doenças.

Em linhas gerais, realizo o acompanhamento de todas as etapas (pré-analíticas, analíticas e pós-analíticas) envolvidas na realização do tes-te de PCR Multiplex Real Time utilizado na tria-gem molecular dos doadores. Sou responsável técnico pela liberação dos exames e participo da execução de protocolos de qualidade, tais

como validação de lote dos kits, validação da reação por meio do uso de controles internos e painéis de profi ciência, manutenção e cali-bração dos equipamentos, monitoramento das temperaturas, acompanhamento dos indicado-res, e outros parâmetros. Além disso, ministro treinamentos no Laboratório NAT e auxilio na elaboração e revisão de documentos.

Maíra: Trabalho no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, e entrei na supervisão da área técnica da Agência Transfusional (AGT). Hoje eu coordeno a AGT.

De um modo geral, além de supervisionar e dar suporte à área técnica na realização dos testes pré-transfusionais e ajudar com os estoques de hemocomponentes, reservas de sangue e pedi-dos de transfusões que recebemos diariamente, hoje eu cuido de toda a parte administrativa e burocrática, faço o controle de qualidade inter-no e externo, sou responsável pela interação en-tre todos os setores que atendemos do hospital, ajudando e orientando médicos e enfermeiros, e respondo em geral pela AGT. Faço o conta-to com as empresas que nos prestam serviços e, principalmente, com o Hemominas, que é o nosso fornecedor de hemocomponentes.

Além disso, eu ministro aulas sobre hemo-componentes, sua administração e o uso racio-nal, nos treinamentos introdutórios dados aos novos enfermeiros e técnicos de enfermagem do hospital.

Banco de Sangue10 ANOS

Page 24: Revista 10 anos Biomedicina Fumec

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Sou também membro do Comitê Transfusional, da Co-missão de Revisão de Óbitos e do Time Cirúrgico. Neste último, atualmente, sou res-ponsável pela implantação do protocolo de TEV no hospital.

Em que momento vocês escolheram essa área de atuação?

Thiago: Lembro-me que durante o primeiro período do curso na disciplina “funda-mentos de biomedicina” rea-lizamos trabalhos de campo com o intuito de conhecer na prática algumas das áreas de atuação do biomédicos, sen-do que uma das instituições visitadas foi a Fundação He-mominas. Durante a visita téc-nica conhecemos um pouco a área técnica e tivemos pa-lestras sobre as atividades da Fundação, que eram fascinan-tes para um estudante ainda na fase inicial da sua carreira acadêmica. Nesse momen-to, recordo ter pensado: “Se um dia conseguisse trabalhar aqui, terei muita sorte”.

Por coincidência, ao final do mestrado vi que tinha sido publicado o edital para o concurso público do Hemominas. Então, aproveitei a oportunidade. Preparei-me bastante para a prova e consegui passar no concurso.

Maíra: Já entrei no curso de biomedicina com o sonho de trabalhar no Hemominas, que era o banco de sangue que tinha como referência, mas sempre gostei e me apaixonei mais ainda pela hematologia durante o curso. Tinha certeza que esta era a área de atuação em que eu gos-taria de trabalhar, apesar de não conhecer o tra-balho de outros hemocentros e como essa área funcionava dentro de hospitais. Hoje, eu sou completamete apaixonada pelo o que eu faço!

Como vocês se prepararam para atuar nes-sa área?

Thiago: Quando decidi me dedicar ao estu-do para os concursos públicos, fiz aulas para aprofundar os conhecimentos em saúde pú-blica e outras disciplinas corriqueiramente co-bradas nas provas. Já para a prova específica contei com os meus conhecimentos adquiri-dos na Fumec. Como fruto dessa preparação, consegui conquistar a vaga no Hemominas e, mais recentemente, um emprego público no Hospital das Clínicas. Na Fundação Hemomi-nas, para a execução das minhas competên-cias recebi diversos treinamentos e participei

Foto: arquivo pessoal

Thiago Vitarelli, ex-aluno da Fumec, trabalha atualmente no Hemominas

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de cursos que me tornaram apto para atuar na área.

Maíra: Durante o curso não tive muito conta-to com a área da hemoterapia. Porém, mesmo sem experiência na prática, encarei o desafio de entrar em uma instituição à frente da AGT, já que era a área em que queria atuar. Contei com a sorte de trabalhar em um hospital de referência não só em BH, administrado por Ir-mãs do Instituto das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, que confiam em mim e acre-ditam no meu trabalho, além de trabalhar ao lado do responsável técnico da AGT, Dr. Mário Soares, que é um médico de renome na Hemo-terapia. Tudo isso me incentiva a continuar na área, procurando me aprofundar cada vez mais e buscar mais aprendizado e experiências.

Como o curso de biomedicina contribuiu para vocês chegarem onde estão hoje?

Thiago: O curso forneceu o alicerce inte-lectual para a construção da minha carreira profissional. O que permitiu compreender os

fundamentos e as metodologias que regem o laboratório clínico por meio das inúmeras dis-ciplinas básicas e aplicadas que compõem a grade curricular. E tendo contato com as prin-cipais bibliografias que integram a área e que se tornaram, posteriormente, livros de cabe-ceira para as provas de conhecimentos espe-cíficos dos concursos que fiz.

Além disso, ao final do curso, a integração teórico-prática proporcionada pelo estágio permitiu o enfrentamento dos desafios pre-sentes na dinâmica laboratorial. Vivenciando momentos em que foi preciso desenvolver a habilidade para tomar decisões e aplicar as competências acadêmicas adquiridas.

Maíra: Fiz uma visita técnica ao Hemominas logo no primeiro período do curso, na qual pude conhecer um pouco mais a respeito do trabalho da Fundação, e pude, nas aulas de imuno-hematologia, dentro das disciplinas de imunologia, e de hematologia, ter a certeza da área que gostaria de atuar dentro de tantas outras que a biomedicina oferece.

Maíra Magalhães, coordenadora da Agência Transfusional no Hospital Madre Teresa

Foto: arquivo pessoal

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Onde vocês estão trabalhando?Tânia: Trabalho, desde outubro de 2009, na

UFPML/UFMG, como biomédica responsável pelo setor de distribuição e terceirizados. Atu-almente fui promovida e agora faço parte da equipe do controle de qualidade do laboratório.

Rafaella: Sou uma das Biomédicas respon-sáveis pelo setor de microbiologia e urinálise do Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Mater Dei.

Débora: Trabalho, desde novembro de 2012, em um Laboratório de Análises Clínicas na cida-de de Pará de Minas (Laborfama), responsável pela bioquímica, liberação de laudos e mais re-centemente envolvida com o processo da quali-dade do laboratório.

A área de saúde ainda é uma boa escolha? Tânia: A saúde é uma preocupação constan-

te na vida de todas ou, pelo menos, da maioria, das pessoas. Por isso, o mercado de trabalho está sempre em expansão.

Rafaella: Sim, principalmente para aqueles que gostam dessa área. Percebo que estamos progredindo com relação ao reconhecimento do biomédico como profi ssional da saúde. Acredi-to, ainda, que a tendência é sempre melhorar.

Débora: A área da saúde sempre será uma

boa escolha, para quem gosta de descobrir ma-neiras de ajudar e melhorar a vida do próximo. Existe a questão da mal remuneração, mas isso é um detalhe que pode ser melhorado.

O que é necessário para ingressar em um laboratório de análises clínicas?

Tânia: Realizar um bom estágio foi funda-mental para que o mercado estivesse de por-tas abertas. Graças à Fumec, os meus estágios foram bem direcionados e, por isso, tive meu emprego garantido. Além disso, logo que me formei fi z meu MBA em auditoria e controle de qualidade.

Rafaella: Em primeiro lugar, estudar bastan-te para garantir boas notas durante a gradua-ção. Em segundo lugar, aconselho nunca fi car parada. Durante a graduação fui monitora na Fumec, bolsista de iniciação científi ca na Funed e fi z bons estágios curriculares, um deles no Hospital Belo Horizonte, na área em que eu es-tou hoje. Esse estágio, inclusive, contribuiu para que eu pudesse ser indicada por uma profes-sora do curso de biomedicina da Fumec para o meu primeiro (e atual) emprego. Além disso, as boas notas, com consequente bom aprendiza-do, e as experiências profi ssionais enriquecem muito o currículo e fazem toda a diferença em

O principal mercado de trabalho dos biomédicos que atuam em análises clínicas está nos hospi-tais, clínicas e laboratórios. O profi ssional é capacitado para coletar, processar e emitir o laudo

de exames e análises clínicas. Muitos biomédicos começam a trabalhar neste campo para adquirir experiência e, quando tiverem oportunidade, abrir o próprio laboratório de análises clínicas.

No currículo do curso oferecido pela Universidade Fumec, que foi reestruturado em 2013, as disci-plinas incluem conteúdos de formação básica e específi ca em diversas áreas. Os estudantes iniciam a graduação com aulas de anatomia, citologia e histologia, atendimento básico em saúde, fundamentos de biomedicina, química geral e analítica, bioquímica, genética humana. As disciplinas que acontecem no decorrer do curso incluem aulas específi cas sobre o corpo humano e doenças, como imunologia, parasitologia e farmacologia. Para a atuação em laboratórios de análises clínicas, os alunos recebem formação em bioquímica clínica, genética clínica, hematologia, microbiologia clínica, entre outras. Os alunos ainda precisam cursar disciplinas de bioestatística, bioética, metodologia científi ca, além de fazer estágio em três laboratórios em campos de estágios conveniados com a Universidade Fumec.

Esta foi a área escolhida pelas biomédicas Tânia Maria Braga Ferrari, Rafaella Barbosa e Débora Viana.

Análises Clínicas10 ANOS

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um processo seletivo. E em terceiro lugar, é ne-cessário correr atrás e persistir. O meu primeiro emprego demorou um pouco a chegar, mas eu sempre tive a certeza da minha escolha profis-sional. E graças a Deus, Ele abriu as portas para mim na hora certa. Eu amo ser biomédica! Amo exercer essa profissão!

Débora: A experiência é primordial para o início das atividades em um laboratório de aná-lises clínicas. E o que me deu essa experiência foram os estágios realizados, onde tive a opor-

tunidade de conhecer excelentes profissionais, que me passaram muitas coisas boas, essen-ciais para meu sucesso profissional. É muito importante que o profissional escolha a área com que mais se identifique, para que possa sempre se atualizar e buscar novas técnicas. No meu caso, me interessei muito pela parte da qualidade, por esse motivo ingressei no MBA em auditoria e gestão da qualidade, para sempre aplicar meus conhecimentos e estar inserida nesse mercado.

Rafaella Barbosa no Labortório de Análises Clínicas do Hospital Mater Dei

Tânia Ferrari na Unidade Funcional de Patologia e Medicina Labo-ratorial do Hospital das Clinicas

Débora em seu local de trabalho no LaborFama, em Pará de Minas

Foto: arquivo pessoal

Foto: arquivo pessoal

10 ANOS

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Os biomédicos com habilitação em biologia molecular ou genética são aptos e autorizados a atuar na coleta, análise, interpretação, emissão e assinatura de laudos e de pareceres técnicos, inclusi-ve a investigação de paternidade por DNA. É atribuído ao profi ssional biomédico, nessas áreas, a realização de exames que utilizem como técnica a reação em cadeia da polimerase (PCR), poden-do para tanto, assumir a responsabilidade técnica e fi rmar os respectivos laudos. A área de genética foi a escolhida pela biomédica Sarah Abreu Coxir, formada em 2014, e a de biologia molecular por Cyntia Roberta Almeida Andrade, formada em 2008.

Onde vocês estão trabalhando?Sarah: Em agosto de 2014 me for-

mei e agora estou trabalhando no setor de citogenética do laboratório Codon Biotecnologia, onde antes havia feito estágio por um ano.

Cyntia: Hoje em dia eu estou tra-balhando em um laboratório espe-cializado em exames genéticos cha-mado Codon Biotecnologia. Atuo no setor de genética molecular, reali-zando, analisando e liberando exa-mes de biologia molecular.

Qual o maior desafi o que o biomé-dico recém-formado enfrenta no mercado de trabalho?

Sarah: O maior desafi o é entrar no mercado. Principalmente se você tem habilitação em uma área muito específi ca, como no meu caso, que era a genética. Muitas das áreas da biomedicina requerem experiên-cia, e quando saímos da faculdade, por mais bem preparados que estejamos na teoria, só o dia a dia em um laboratório pode nos tornar realmente profi ssionais, o que pode difi cultar a busca pelo primeiro emprego.

Cyntia: O maior desafi o que eu enfrentei quan-do me formei foi acreditar que eu tinha formado e sabia alguma coisa. Além de ter que encarar o mercado de trabalho que nem sempre está de portas abertas.

Como a Fumec as preparou para este desafi o?Sarah: A Fumec desde o princípio do curso

sempre oferece oportunidades para que os alu-

nos enriqueçam sua graduação e saiam mais preparados da universidade. Me lembro de uma palestra que assisti quando estava no quarto período, e a coordenadora do curso falou que nós não deveríamos deixar o curso passar em “branco”, apenas sendo aprovados nas disci-plinas. Ela dizia que deveríamos aproveitar o período da graduação para aprender ao máxi-mo, aproveitando todas as oportunidades que a faculdade oferece, como os projetos de ini-ciação científi ca, projetos de extensão e cam-pos de estágio. A partir daí, procurei sempre dar monitorias, entrei em um projeto de inicia-ção científi ca e consegui o estágio na área que queria.

Cyntia: A Fumec me ajudou na minha for-mação, me ofereceu estágio em análises clí-nicas e no campo de estágio aprendi muito

Sarah Coxir no Laboratório de Citogenética da Codon Biotecnologia

10 ANOS

Biologia Molecular e Genética

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sobre a rotina de laboratórios e a me compor-tar como uma profissional. Finalizei o curso bacharel em biomedicina com habilitação em análises clínicas. Dessa forma, para trabalhar com biologia molecular fiz um curso de espe-cialização em análises clínicas e moleculares. Hoje em dia, já são oferecidos estágios em di-versas áreas de atuação e os colegas biomé-dicos que se formam podem fazer a opção de uma habilitação que melhor se encaixe ao seu perfil profissional.

A diversidade dos campos de atuação do bio-médico facilitam a inserção do profissional no mercado?

Sarah: Sim, claro. Mas essa “facilidade” tam-bém depende muito do próprio aluno. Se você gostar de mais de uma área e conseguir mais de uma habilitação é claro que isso irá facili-

tar sua inserção no mercado, porque aumen-ta o seu espectro de possibilidades. Mas no meu caso, por exemplo, desde que comecei o estágio sabia que era a citogenética o que eu queria, e não pensei em fazer outro estágio para conseguir mais uma habilitação. Resol-vi focar e me dedicar à citogenética e acabei conseguindo o emprego, foi um risco, mas deu certo no final. De qualquer forma, acho que o que mais facilita a inserção no mercado não é a variedade dos campos de atuação, mas a dedicação que você impõe naquilo que quer.

Cyntia: As diversas áreas de atuação aumen-tam a identificação do biomédicos com sua área de atuação. Temos a opção de escolher em qual área vamos atuar. Mais não sei falar ao certo se isso facilita a inserção no mercado. Pois, ao fazer a opção de estágio, o biomédico se limita a atuar na área escolhida.

Cyntia Andrade no Laboratório de Genética Molecular da Codon Biotecnologia

10 ANOS

Page 30: Revista 10 anos Biomedicina Fumec

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O biomédico que trabalha com reprodução humana assistida atua na identifi cação e clas-sifi cação oocitária, processamento seminal, espermograma, criopreservação seminal, clas-sifi cação embrionária, criopreservação embrio-nária, biópsia embrionária, hatching e realiza ainda a manipulação de gametas (oócitos e es-permatozóides) e pré-embriões.

Esta área foi a escolhida pela biomédica Lau-ra Vellez

Onde você está trabalhando?Sou embriologista em uma clínica de Repro-

dução Humana Assistida chamada IBRRA – Instituto Brasileiro de Reprodução Assistida, e também estou fazendo mestrado na UFMG no ICB – Instituto de Ciências Biológicas.

Qual o maior desafio que o biomédico recém-formado enfrenta no mercado de trabalho?

É o mesmo que todos os recém-formados en-

frentam – conseguir entrar no mercado de tra-balho. Devido a falta de experiência e a grande concorrência está cada vez mais difícil conseguir o primeiro emprego. Muitos deles, especialmen-te na área biomédica, exigem pelo menos que o profi ssional tenha pós-gradução. Por isso é muito importante que o biomédico continue es-tudando e se especializando mesmo depois de formado. Procure saber de profi ssionais que já estão na área, como entraram no mercado, como conseguiram determinado cargo e sua formação.

Dessa forma, você pode se informar e planejar os cursos que deve fazer, se é necessário fazer pós-graduação, falar uma segunda língua, etc, e, en-tão, estar melhor preparado para concorrer à vaga desejada.

Como a Fumec a preparou para este desafi o?

Primeiramente, apresentando as diferentes áreas de atuação do biomédico. Segundo, mostrando a importância da continuação dos estudos com uma especialização, mestrado, doutorado, para uma me-lhor qualifi cação profi ssional.

A diversidade dos campos de atuação do biomédico facilita a inserção do profi ssional no mer-cado?

A diversidade dos campos de atu-ação do biomédico não facilita a inserção do profi ssional no mercado de trabalho. A biome-dicina é uma profi ssão relativamente nova, e, por isso, muitas áreas ainda não sabem que o biomédico pode atuar em determinado campo. Além disso, concorremos com diversos profi s-sionais que também podem atuar nas mesmas áreas que o biomédico. Então, como já men-cionei, a importância da especialização e de se qualifi car para conseguir entrar no mercado de trabalho na área escolhida e ajudar abrir as por-tas para futuros biomédicos.

Foto: arquivo pessoal

10 ANOS

Reprodução Humana Assistida

Felipe Rodrigues atualmente trabalha na área de Biomedicina estética

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O mercado da estética vem crescendo em média 40% ao ano no Brasil. Sem dúvida está se revelando uma excelente área para os biomédicos. A demanda pela formação de profi ssionais capacitados para atuar nas áreas da biomedicina estética é relevante e esse campo de atuação encontra-se em expansão. Abriu-se mais uma possibilidade promissora de atuação profi ssional para o biomédico. Deve ser destacado que Universidade Fumec é a única em Minas Gerais que possibilita aos egressos de biomedicina que pretendem atuar na área de estética um curso de pós-graduação lato sensu.

O biomédico Felipe Rodrigues trabalha na área de biomedicina estética e, também, é professor no curso de pós-graduação na Universidade Fumec.

Onde você está trabalhando e quais as suas atribuições?

Atualmente moro em Barbacena, interior de Minas Gerais, minha cidade natal. Atuo como biomédico esteta na mesma cidade, em al-gumas cidades vizinhas e em Belo Horizonte, onde também ministro aulas para turmas de Pós Graduação.

Qual o maior desafio que o biomédico esteta enfrenta no mercado de traba-lho?

A falta de conhecimento da população em geral sobre o nosso curso e as competências do mesmo. Uma vez que trabalhamos direta-mente com a população, e não com empresas conhecedoras de nosso trabalho.

Como a Fumec o preparou para este de-safio?

Na Fumec, pude abrir meus horizontes e perceber o real tamanho da biomedicina. Fui estruturado a conquistar meus objetivos e a não aceitar qualquer coisa como futuro. Hoje, vejo como ponto positivo o curso de gradua-ção em biomedicina já possuir em sua matriz curricular a disciplina de biomedicina estética, o que proporciona um estágio supervisionado na área e maior conhecimento e divulgação de nosso trabalho no mercado.

É fácil ter uma clinica estruturada para atender a legislação na área de biome-dicina estética?

Não é fácil. Não que a legislação seja dura, ela pede o necessário para o bom funciona-mento do ambiente de trabalho, mas, como em qualquer outra área, é preciso dedicação e empenho para estruturar uma clínica.

Felipe Rodrigues atualmente trabalha na área de Biomedicina estética

10 ANOS

Estética

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Matheus Proença está atualmente no doutorado

PesquisaDe acordo com a Lei Nº 6684, de 3 de setembro de 1979 que regulamenta as profi ssões de bió-

logo e de biomédico em seu artigo 5º cita que o biomédico poderá planejar e executar pesquisas científi cas em instituições públicas e privadas. E é essa atividade que muitos biomédicos buscam desde o inicio do curso.

Isabella Hirako e Matheus Proença fi zeram essa opção para as suas vidas.

Em que momento vocês perceberam que tinham vocação para serem pesquisado-res?

Isabella: Comecei a minha iniciação cien-tífi ca na universidade Fumec (e mais tarde no ICB-UFMG). Sempre ambiciosa, participei do processo seletivo para doutorado na Universitat de Barcelona no ultimo ano do curso. Passei na primeira etapa onde 26 candidatos foram apro-vados de 270 inscritos de todo o mundo. Fui à

Barcelona com tudo pago para a segunda eta-pa e infelizmente fui reprovada (todos os candi-dates eram mestres). Logo em seguida, tentei mestrado em imunologia médica na mesma uni-versidade e passei. Enquanto fazia as disciplinas nos melhores hospitais de Barcelona, desenvol-vi minha dissertação no IRB Barcelona (Institute for Research in Biomedicine). Finalizei o curso e regressei ao Brasil, onde, após um mês, estava participando do processo seletivo da Fundação Oswaldo Cruz, sendo posteriormente aprovada para o doutorado. Após um ano e meio de cur-so, tive a oportunidade de estudar na “Harvard Medical School”, desenvolvendo parte da mi-nha tese em um dos hospitais mais bem con-ceituados do mundo, o “Massachusetts General Hospital”.

Matheus Proença: Acredito que a caracte-rística fundamental para todos que desejam ser pesquisadores é a curiosidade! Desde criança, sempre fui muito curioso. No 3º período, tive a oportunidade de fazer a iniciação científi ca no Laboratório de Biologia da Neurotransmissão no ICB-UFMG. Neste laboratório, no qual es-tou até hoje, a vontade de ser pesquisador e professor foi ainda mais aguçada. Realizei meu mestrado vinculado ao Programa de Pós-gra-duação em Biologia Celular e pude realizar um estágio de pesquisa na Virginia Tech Carilion School of Medicine and Research Institute, Vir-ginia, EUA, na qual fi quei por três meses apren-dendo novas técnicas que utilizei para fi nalizar a dissertação, além de iniciar experimentos importantes para o doutorado. Essa experiên-cia foi ainda muito importante para melhorar a comunicação na língua inglesa, essencial para quem deseja seguir carreira nessa área. Defen-di minha dissertação e já iniciei o doutorado pelo mesmo laboratório e programa.

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10 ANOS

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Como vocês se preparam para atuar nes-sa área?

Isabella: O curso de biomedicina da Univer-sidade Fumec no âmbito da pesquisa científica, visa preparar o aluno para a descoberta de no-vos conhecimentos de grande relevância teórica, fidedigna e útil socialmente em uma determinada área. O biomédico pode ser responsável por um processo metódico de investigação, recorrendo a procedimentos científicos para encontrar res-postas para um problema.

Matheus: Sem dúvidas, o curso conta com uma excelente estrutura, não só física, mas também de profissionais (mestres e doutores) excepcionais, que não apenas transmitiam o conhecimento, mas aguçavam a nossa imaginação e a vontade de aprender! Com certeza, esses pontos foram muito importantes para o meu preparo.

Como o curso de biomedicina contribuiu para vocês chega-rem onde estão hoje?

Isabella: Atribuo todo o meu desenvolvimento a base sólida que obtive na Fumec. A univer-sidade me deu a segurança que eu precisava para traçar o lon-go caminho que projetei.

Matheus: Acredito que o cur-so na Fumec me deu as bases (teórico/práticas) fundamentais para que eu pudesse me pre-parar para essa instigante área. O curso conta com uma exce-lente estrutura física e um cor-po docente que realmente sabe envolver seus alunos. Além dis-so, o curso de biomedicina na Fumec vem demonstrando, ano a ano, que a universidade re-almente agrega os três pilares da educação: ensino, pesquisa e extensão e em relação a pes-quisa, está preparada para al-çar vôos ainda mais altos!

E o que mais vocês planejam?Matheus: Por tudo que aprendi e venho

aprendendo o meu desejo é seguir esse ca-minho: quero continuar pesquisando, contri-buindo para a comunidade científica e que as descobertas possam um dia, ser aplicadas na sociedade, afinal, este é o objetivo principal da pesquisa. Quero também transmitir todo o conhecimento para outros alunos e quem sabe ser tão competente quanto aqueles que tanto me influenciaram!

Isabella: Aplicar todo o conhecimento ad-quirido ao longo destes anos em uma iniciati-va privada, transmitindo conhecimento e con-tribuindo para o crescimento de todos.

Isabella Hirako está atualmente na Harvard Medical School

Foto: arquivo pessoal

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O biomédico pode exercer atividade profissional de magistério em matérias específicas cons-tantes no currículo do curso de biomedicina. E foi esta a escolha de Ana Paula Moreira e Fábio Henrique Guimarães Braga.

Em que momento vocês perceberam que tinham vocação para ser professores?

Ana Paula: Durante o período escolar já per-cebia que gostava de ajudar meus colegas nos exercícios, para casa, e era monitora da sala. Quando ingressei na universidade alguns pro-fessores foram os responsáveis por instigar essa vontade. No segundo período, cheguei a ministrar algumas aulas no ensino médio e par-ticipei das monitorias que a faculdade ofertava. Esse primeiro contato com o magistério, segui-do do auxílio na preparação de aulas e provas práticas durante as monitorias, afloraram ainda mais o desejo de ser professora.

Fábio: Fui traçando meu caminho profissio-nal de acordo com o amadurecimento pessoal e técnico-científico que recebia na universidade. Para isso, também contei com a indispensável ajuda do corpo docente do curso. Além do in-

centivo para procurar caminhos fora dos por-tões da faculdade, tive oportunidade de partici-par de vários projetos internos e tudo isso serviu de pilar para a construção do profissional que sou hoje.

Como vocês se prepararam para ser professo-res do ensino superior? A Fumec tinha alguma exigência? Foi necessário passar por algum concurso ou bastava apenas ser ex-aluno?

Ana Paula: Conversando e observando o cur-rículo dos professores, percebi o que precisava ter para me preparar para ser professora. Pro-curei ter um bom currículo escolar e participar dos concursos de monitoria da universidade. Fui monitora de três disciplinas e fiz iniciação científica voluntária por dois anos. Todos es-ses fatores, dedicação e muito estudo me per-mitiram ingressar no curso de pós graduação. Atualmente, estou terminando o doutorado em microbiologia, com ênfase em padronizações de kits diagnósticos, epidemiologia e caracte-rização de doenças emergentes. Além disso, durante minha pós lecionei algumas aulas e pa-lestras em algumas universidades. Essa experi-ência me permitiu concorrer com os outros 13 candidatos ao cargo de professor na Universi-dade Fumec. Portanto, não basta ser ex-aluno, é necessário se preparar e qualificar.

Fábio: Dentro da própria Fumec fui incentiva-do a procurar mais qualificação após o curso e me aprimorar cada vez mais como profissio-nal. Como gostava muito da área de pesquisa e, quase que geneticamente, possuía um viés de educador (grande parte da minha família está ligada direta ou indiretamente com a área da educação), fui indicado pelo querido professor e amigo Robson Rossoni a um dos mais antigos e tradicionais laboratórios de pesquisa do Insti-tuto de Ciências Biológicas da UFMG, o Labo-

Prof. Fabio Henrique Guimarães em sala de aula na Fumec

10 ANOS

Docência

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ratório Profª Conceição Machado, antigamente conhecido como Laboratório de Neurobiologia. Lá, conclui meu mestrado em Biologia Celular e a partir daí dei início à minha carreira de pesqui-sador e docente. Como, também, sempre estive ligado à importância da capacitação técnica do profissional, não me afastei do mercado de tra-balho e sempre que possível conjugava minhas duas paixões: pesquisa e docência em análises clínicas.

Foi difícil voltar para a Fumec e se posicionar do outro lado da sala de aula?

Ana Paula: Foi desafiador e muito gratifican-te. Primeira etapa foi encontrar meus novos colegas de trabalhos e ao mesmo tempo meus ex-professores (risos). Depois foi ministrar a pri-meira aula, até hoje sinto um “friozinho na bar-riga” quando entro em sala. Nas minhas aulas busco sempre me atualizar e estimular os alunos a desenvolverem um maior senso crítico, para que possam ser profissionais diferenciados no mercado.

Fábio: Hoje, não sei se por ironia do destino, voltei para a Universidade Fumec, agora na con-dição de professor, e leciono no mesmo curso no qual me formei. Muitas foram as dificuldades percorridas. O mercado de trabalho não é um terreno fácil de caminhar. No campo de análi-ses clínicas, habilitação que escolhi durante o curso, mesmo com o inchaço de profissionais na área, ainda falta mão de obra tecnicamente qualificada para a grande maioria dos setores no laboratório de análises clínicas. Porém, toda a bagagem profissional que a Universidade Fu-mec me proporcionou foi fundamental para que eu conseguisse me estabelecer profissional-mente nesse mercado competitivo. Atualmente, além de professor, também sou biomédico do Laboratório de Bioquímica Clínica do Hospital das Clínicas da UFMG.

Qual a contribuicao do curso de biomedici-na para você chegar onde você está hoje? E o que mais você planeja?

Ana Paula: Como uma das primeiras turmas

a serem formadas o desafio foi grande, as pes-soas não conheciam a biomedicina e tínhamos que quebrar muitos paradigmas. Aproveitar as oportunidades que a universidade fornece é es-sencial, dedicar-se ao estágio, nos cursos de extensão, isso tudo nos prepara para o merca-do de trabalho. Além disso, permite que o aluno já, faça os contatos para o futuro, vários cole-gas de faculdade conseguiram seu primeiro em-prego no local onde estagiaram. No meu caso, especificamente, ter feito iniciação científica me ajudou a ingressar no mestrado. Além disso, ter sido monitora da disciplina de bioquímica me abriu a primeira porta para ser professora. Eu planejo terminar o doutorado e me dedicar ao magistério e à pesquisa. A integração da uni-versidade e da pesquisa com a sociedade é fun-damental para melhorar a qualidade de vida e desenvolvimento das pessoas e do nosso país.

Fábio: Para o futuro ainda quero mais. Pro-curar novos horizontes, fortalecer ainda mais as qualificações que já possuo e procurar novos desafios profissionais são minhas ambições. A formação que tive já nos primeiros semestres de curso me dão segurança para seguir em frente. Tenho certeza que estou preparado para isso. Com um pouco de determinação e uma pitada de sorte, um Belo Horizonte me espera e é atrás dele que vou.

Profª. Ana Paula durante aula prática

10 ANOS

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Os biomédicos podem atuar em serviços de radiodiagnóstico na operação de equi-pamentos e sistemas médicos de diagnós-ticos por imagens em diversos segmentos da área, tais como: tomografia computado-rizada, ressonância magnética, medicina nuclear, radioterapia, ultra-sonografia e ra-diologia médica, sendo excluída a interpre-tação dos laudos.

A habilitação poderá ser obtida durante o curso de biomedicina por meio de estágio com duração igual ou superior a 500 horas em instituições reconhecidas, bem como por meio de curso de pós-graduação ou por prova de título de especialista.

As duas áreas em que o biomédico vem ganhando espaço crescente atual-mente são a tomografia computadoriza-da e a ressonância magnética, nas quais o biomédico poderá atuar na operação de equipamentos, no desenvolvimento de protocolos de estudo, desenvolvimento de novas técnicas, coordenação de gru-pos de colaboradores e a administração e gestão de conteúdo. A biomédica Tássia Guedes trabalha nessa área.

Onde você está trabalhando e quais as suas atribuições?

Trabalho como Aplication da Siemens, reali-zando treinamento de tomografia em todo o ter-ritório nacional, capacitando novos profissionais para a realização de exames, reconstruções e manipulações de imagens.

O que é necessário para ingressar na área de imaginologia?

Para o biomédico trabalhar na imaginologia é necessário a realização do estágio na área ou

pós graduação que cumpra as exigências do Conselho de Biomedicina.

A Fumec contribui para essa sua inserção no mercado?

Realizei o estágio na área conseguindo minha habilitação em imaginologia. A união de diver-sas disciplinas cursadas na Fumec me ajuda-ram a conquistar a oportunidade do estágio, onde pude aprimorar o que aprendi e ingressar no mercado de trabalho.

Tássia Guedes trabalha atualmente na Siemens

Foto: arquivo pessoal

10 ANOS

Imaginologia

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Tássia Guedes trabalha atualmente na Siemens

2004...Quando fui convidada pelo prof. Ramon Co-

senza, Assessor Acadêmico da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS), para substituir a pro-fa. Virginia Vidigal Fernandes na coordenação do curso de biomedicina estava diante de um desa-fio e tanto. O curso era novo, naquele momento havia entrado a segunda turma de vestibular. Era desconhecido e, não raramente o maior desafio, tanto internamente quanto para os alunos de se-gundo grau, era explicar as funções do profissio-nal a ser formado. A pergunta mais frequente que escutávamos era: Bio o que?

Para além destes, o desafio maior era a con-solidação institucional da FCS e do curso de biomedicina. O planejamento de ações era coti-diano e a cada semestre novas disciplinas eram instaladas o que demandava a implantação de novas instalações, aquisição de equipamentos e contratações de professores. A seleção de pro-fessores sempre foi muito discutida, criteriosa e avaliada. Formamos ao longo destes anos um “time”, professorares jovens, entusiasmados, comprometidos com a formação dos alunos e com a instituição, muito qualificado, entretanto, até a formatura da primeira turma, apenas dois deles, tinham formação em biomedicina.

A identificação e o estabelecimento dos campos e locais para os estágios foram tarefas desbrava-doras, pois, também, nos locais o profissional que propúnhamos introduzir, era quase desconhecido. No entanto, a flexibilização legal, conferida pelo Conselho Federal de Biomedicina em reconhecer a habilitação do profissional após a realização de estágio com duração igual ou superior a 500 (qui-nhentas) horas, permitiu a diversificação de opor-tunidades de estágios aos nossos alunos.

Foi neste processo que identificamos as habi-lidades de cada um dos professores, para a pro-posição da revisão do projeto político pedagógi-co, em 2007. Esta revisão demandou atividade coletiva, envolvimento dos alunos e discussões acaloradas. Foram estabelecidas matrizes curri-culares para cada turma de entrada no vestibular.

O novo projeto consolidou a proposta de forma-ção do profissional, e, neste mesmo ano, fomos avaliados pelo Conselho Estadual de Ensino, que nos conferiu a nota máxima. No relatório final da comissão examinadora já se delineava o que aju-damos a construir e julgamos ser precioso para o curso:“...O corpo docente é constituído por professores gabaritados, com qualificação pro-fissional e adequação à disciplina, em sua maio-ria. O curso de biomedicina é capaz de propiciar habilidade ao aluno para o desenvolvimento de pesquisa científica desde os períodos iniciais. Os alunos participam de projetos de pesquisa e extensão, coordenados pelo corpo docente dos diversos cursos da FCS.

A avaliação foi importante para o processo seguinte da participação de nosso alunado no Enade e, na sequência, o reconhecimento do curso pelo MEC. A consolidação se deu de for-ma crescente, passando por experiências inte-ressantes em todas as áreas biomédicas, desde a pesquisa científica, à qual os nossos alunos se vincularam, gerando parcerias com projetos na UFMG, na Fiocruz-BH, entre outros e com a en-trada dos primeiros profissionais no mercado de trabalho, em 2008. Iniciou-se aí, para o melhor qualificação do aluno o processo de ampliação do curso para o turno noturno, já que à tarde, como ele era oferecido mostrava, incompatibili-dade com horários disponíveis aos estágios em muitos dos locais pactuados pela instituição.

“O corpo docente é constituido por pro-fessores gabaritados”

Profª. Marilene Suzan Marques Michalick

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Assumi a coordenação do curso de bio-medicina da Faculdade de Ciências da Saúde em março de 2008, substituindo a Profa. Marilene Suzan Marques Michalick, que de forma brilhante consolidou a im-plantação do curso.

O processo de coordenação de um cur-so é sempre muito dinâmico, pois temos sempre que estar atentos aos avanços científi cos, tecnológicos, sociais e éticos para tornar a formação dos alunos ade-quada às demandas da sociedade e do mercado de trabalho.

Em julho de 2008 formamos a primeira turma com 38 alunos.

No primeiro semestre de 2010, nossa faculdade foi incorporada pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais e juntos formamos a Faculdade de Ciências Huma-nas, Sociais e da Saúde da Universidade Fumec.

Até o fi nal do primeiro semestre de 2010, o curso de biomedicina funcionava em Nova Lima, assim como os demais cursos da área da saúde. Iniciamos o segundo se-mestre deste ano no campus da rua Cobre onde novos desafi os foram apresentados.

Nova localização, novo espaço, nova estrutura física, novos laboratórios, novos colegas. Para todos nós foi oferecida a oportunidade de convívio em um campus que abriga cursos de várias áreas do co-nhecimento.

Esta mudança demandou, novamente, atividades coletivas para adaptação à nova realidade para professores, funcionários e alunos. Ao fi nal de 2011, o resultado posi-tivo da avaliação do Enade de 2010, nos mostrou que o caminho foi percorrido com sucesso.

2008...

Profª. Maria Lectícia Firpe Penna

“O Enade de 2010 nos mostrou que o caminho foi percorrido com sucesso”

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2012...

Passei a coordenar o curso em 2012, a con-vite da nova diretoria da FCH. Foi um grande desafi o. A pergunta que me tirava o sono: O que mais posso fazer para o crescimento do curso?

As duas professoras que eu sucedia eram minha inspiração. A Marilene, com a sua deter-minação e experiência; a Maria Lectícia, com o seu equilíbrio e memória fantástica. Tinha uma grande herança: o curso bem estruturado, a ma-ravilhosa equipe de professores e funcionários, muitos alunos ávidos por conhecimento. Conta-

va ainda com o apoio incondicional da direto-ria e, claro, com meu marido e fi lhas, sempre a meu lado em todos os momentos. No decor-rer desses quase três anos, novos e brilhantes profi ssionais se juntaram a essa equipe. Meus objetivos: apresentar melhor os biomédicos e a biomedicina aqui na Fumec, apresentar o cur-so e suas principais realizações em cada inicio de semestre, aumentar as publicações cienti-fi cas, buscar novos campos de estágio, estru-turar uma nova matriz curricular, implementar o curso no turno da manhã, preparar os alunos para o Enade, buscar inovações. Coordenar um curso é um esforço diário. É muito gratifi cante visualizar o caminho que cada um escolheu. A cada laboratório, instituto de pesquisa, hospi-tal e clínica visitado durante o desenvolvimento desta revista, tenho visto muito reconhecimen-to. O ex-aluno Fumec é um profi ssional único e determinado. Consolidar toda essa trajetória de sucesso e grandes feitos ao longo de 10 anos foi naturalmente um grande desafi o. Óbvio que não conseguimos listar todos os biomédicos que, em cada local de trabalho, tem tornado as nossas vidas cada dia melhor. Levantamos, com certeza, uma boa amostragem, mas mui-tos estão por ai, diariamente, atuando e fazendo um grande trabalho, por vezes anônimo. Outros alunos virão, outros coordenadores, professores e funcionários ainda irão chegar, mas, evidente-mente, a biomedicina Fumec continuará abrindo novas portas e deixando a sua marca por cada canto do Brasil e do mundo que alcançar.

Profª. Ana Amélia Paolucci Almeida

“Coordenar um curso é um esforço diário”

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Ana Amélia Paolucci Almeida

Patricia de Azambuja

Andres Marlo Raimundo de Paiva

Luciene Simões de Assis Tafuri

Fábio Henrique Guimarães Braga

Alexandra de Sá Pocceschi

Sheyla de Fátima Soares Rocha

Ariane Cynthia Guimarães de Souza

Ana Paula Moreira Franco Luiz

Mariana Gontijo Ramos

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Michelle Vanessa dos Anjos Carvalho

Robson de Barros Rossoni

Tania Mara Grígolli Almeida

Adriana dos Santos

Sandra Maria Oliveira

Amália Verônica Mendes da Silva

Jussara Julia Campos

Maria Lecticia Firpe Penna

Eduardo Carlos Tavares

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