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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A RELEVÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE RECURSOS HUMANOS PARA O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ORGANIZACIONAL Por: Juliana Abreu da Silva Pinto Orientadora Profª. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A RELEVÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE

RECURSOS HUMANOS PARA O PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO ORGANIZACIONAL

Por: Juliana Abreu da Silva Pinto

Orientadora

Profª. Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A RELEVÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE

RECURSOS HUMANOS PARA O PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO ORGANIZACIONAL

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão Empresarial

Por: Juliana Abreu da Silva Pinto

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AGRADECIMENTOS

À todos os amigos que me

incentivaram e auxiliaram para a

concretização deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Ao meu marido Alvaro, pelo carinho,

compreensão e amizade, aos meus pais

Adilson (in memorian) e Maria Rita, que

muito investiram na minha educação, à

minha irmã Tatiana e à todos os meus

amigos, que estão sempre presentes em

minha vida.

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RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de demonstrar a importância do

planejamento estratégico de Recursos Humanos para a elaboração e

implementação do planejamento estratégico organizacional. Em ambientes

altamente competitivos, torna-se fundamental que as organizações se

planejem e delimitem objetivos a serem alcançados futuramente.

Pode-se descrever o planejamento estratégico como um processo contínuo de

formulação de objetivos e metas a serem alcançados pela empresa no futuro,

e os meios necessários para alcançá-los. Sabe-se que a formulação do

planejamento estratégico é importantíssima para as organizações, contudo,

mais importante do que elaborá-lo, é implementá-lo. Para que sua execução

seja bem sucedida é fundamental que todas as pessoas da organização

estejam envolvidas neste processo. E é nesse contexto que se ressalta a

importância da área de Gestão de Pessoas das organizações.

Além da mensuração dos talentos humanos necessários ao atingimento dos

objetivos traçados pela estratégia empresarial, o planejamento estratégico de

Recursos Humanos também contribui para o alcance dos objetivos dos

colaboradores. Em suma, o planejamento estratégico de RH contribui tanto

para o alcance dos objetivos individuais como para os objetivos

organizacionais, além de identificar quantitativa e qualitativamente a força de

trabalho necessária para a execução do planejamento estratégico

organizacional.

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METODOLOGIA

Para a elaboração do presente trabalho foram realizadas pesquisas

bibliográficas em livros técnicos, em revistas eletrônicas especializadas em

administração e em artigos publicados na Internet.

Maria Diva de Salete Lucena, em seu livro Planejamento de Recursos

Humanos, e Idalberto Chiavenato, em seu livro Gestão de Pessoas, confirmam

a importância do planejamento estratégico de Recursos Humanos para a

elaboração e implementação do planejamento estratégico organizacional.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O Planejamento Estratégico Organizacional 10

CAPÍTULO II - O Papel da Gestão de Pessoas nas Organizações 22

CAPÍTULO III – O Planejamento Estratégico de Recursos Humanos 32

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47

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INTRODUÇÃO

O termo estratégia, procedente da palavra grega strategos, era

utilizado inicialmente como um termo militar, que expressava a arte de planejar

e executar operações de guerra. Com o passar do tempo, este termo passou a

ser utilizado também com outras finalidades, referindo-se ao alcance de

objetivos através de recursos disponíveis. Na área organizacional, a palavra

estratégia passou a ser utilizada para indicar o caminho que a organização

deveria seguir no intuito de alcançar seus objetivos (BARDUCHI & MIGLINSKI,

2006).

Para que as grandes organizações tenham sucesso em um mercado

competitivo e globalizado é imprescindível a elaboração de uma estratégia

organizacional, delineando o caminho a ser percorrido pelas mesmas nos

curto, médio e longo prazos. Entretanto, para que sua implementação tenha

sucesso, é necessário que toda a organização esteja envolvida nesse

processo e que todos foquem em um mesmo objetivo.

Dentro dessa conjuntura, a área de Recursos Humanos (RH) exerce

forte influência, uma vez que contribui para o alcance dos objetivos

organizacionais, ao mesmo tempo em que busca atender às necessidades de

seus colaboradores. Além disso, ela é responsável pelo suprimento de

recursos humanos.

O planejamento estratégico de Recursos Humanos deve fazer parte do

planejamento estratégico organizacional, pois auxilia a empresa a alcançar

seus objetivos, sem desconsiderar a satisfação dos objetivos individuais dos

seus colaboradores. Ademais, o planejamento estratégico de Recursos

Humanos identifica previamente as necessidades da empresa em relação à

quantidade de pessoal e às suas aptidões que serão essenciais para a

realização das ações planejadas pela mesma. (CHIAVENATO, 2004).

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Face ao exposto, este trabalho tem como objetivos esclarecer como o

planejamento estratégico de Recursos Humanos pode influenciar no sucesso

da implementação do planejamento estratégico organizacional, compreender o

processo de elaboração dos planejamentos estratégicos organizacional e de

Recursos Humanos e analisar a importância da área de Recursos Humanos

para a organização.

No capítulo I será abordado o assunto planejamento estratégico

organizacional, com sua evolução histórica, conceitos defendidos por diversos

autores e sua importância para o âmbito empresarial. O capítulo II tratará,

principalmente, do papel da área de Gestão de Pessoas nas organizações, sua

evolução histórica desde o seu surgimento, gestão do conhecimento e os

novos papéis da área atualmente. O capítulo III tratará sobre o planejamento

estratégico de Recursos Humanos, seus conceitos e sua relevância para a

organização e para o planejamento estratégico organizacional. Conceitos como

Recursos Humanos e Gestão de Pessoas terão o mesmo significado.

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CAPÍTULO I

O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ORGANIZACIONAL

Em um ambiente altamente competitivo como o observado atualmente,

as organizações, para se manterem no topo, têm que pensar no futuro, pondo

em prática o planejamento. As organizações que não utilizam o planejamento

como guia para suas ações futuras tendem somente a reagir às situações e

não se anteciparem a elas. Por outro lado, as que consideram o planejamento

como uma importante ferramenta no auxílio à sua gestão, desenvolvem

produtos e/ou serviços diferenciados em relação aos concorrentes e sabem

detalhadamente o que acontece à sua volta.

O verbo planejar pode ser entendido como a definição dos objetivos e

metas de uma organização e a seleção antecipada das melhores ações para

alcançá-los. Planejar também é determinar no presente as ações que serão

executadas futuramente, a fim de satisfazer a propósitos pré-estabelecidos.

Analogamente, o termo planejamento determina antecipadamente os objetivos

que devem ser atingidos e o que se deve fazer para isso.

1.1 Conceitos de Planejamento

Oliveira (2008) descreve planejamento como um processo

“desenvolvido para o alcance de uma situação futura desejada, de um modo

mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e

recursos pela empresa” (p.4). Esta visão destaca os conceitos de eficiência,

eficácia e efetividade, tão importantes para a administração das organizações.

Na visão do autor, eficiência é fazer as coisas da maneira certa; eficácia

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significa maximizar os recursos da organização e efetividade é permanecer no

mercado por um longo tempo.

Ainda segundo Oliveira (2008), uma das funções do planejamento é

diminuir as incertezas inerentes ao processo de tomada de decisões e, com

isso, aumentar a probabilidade do alcance dos objetivos e metas almejados

pela organização.

Dependendo do ambiente em que a empresa atue, o planejamento

será elaborado para atender às suas expectativas. Em um ambiente mais

estável e previsível, o planejamento pode estar voltado para manter o

desempenho atual da empresa, uma vez que a organização tenha bons

resultados. Por outro lado, em um ambiente mais complexo e dinâmico, o

planejamento pode voltar-se para a melhoria da situação presente a fim de

garantir que a organização responda bem às mudanças freqüentes. O

planejamento também pode preocupar-se com as contingências, elaborando

determinadas ações para reagir a adversidades que possam ocorrer.

Dentro deste contexto, de acordo com Ackoff (apud CHIAVENATO,

2004), existem três tipos de filosofias de planejamento:

1. Planejamento conservador: é o planejamento focalizado na

manutenção do status quo. Tomam-se decisões com o intuito de

alcançar bons resultados, que nem sempre são os melhores. Baseia-

se em experiências passadas e as projeta para o futuro.

2. Planejamento otimizante: é o planejamento que enfoca a

adaptabilidade e inovação da organização. As decisões são baseadas

no melhoramento das operações da empresa, a fim de obter os

melhores resultados possíveis.

3. Planejamento prospectivo: é o planejamento que se preocupa com as

contingências e com o futuro da organização. As decisões são

tomadas no sentido de eliminar seus pontos fracos e prepará-la para

enfrentar as contingências que surjam ao longo do seu caminho.

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Dessa maneira, percebe-se que o planejamento, em todos os casos,

concentra-se na tomada de decisões antecipadas que serão refletidas no

futuro, e não na previsão de decisões que serão tomadas futuramente caso

haja contingências.

Em relação ao principal objetivo do planejamento, Andion e Fava

(2002) expõem as seguintes idéias:

O objetivo do planejamento é fornecer aos gestores e suas

equipes uma ferramenta que os municie de informações para

a tomada de decisão, ajudando-os a atuar de forma pró-ativa,

antecipando-se às mudanças que ocorrem no mercado em

que atuam. (ANDION & FAVA, 2002, p. 27)

1.2 Tipos de Planejamento

As organizações, normalmente dividem-se em três níveis hierárquicos,

sendo eles: nível estratégico, nível tático e nível operacional. Quanto maior o

tamanho da organização, mais níveis hierárquicos esta possuirá.

O nível estratégico ou institucional engloba os altos dirigentes da

organização. Neste nível são elaborados planos, metas e objetivos de longo

prazo para a empresa como um todo e alocados os recursos necessários para

alcançá-los. O nível intermediário, mais conhecido como nível tático,

responsabiliza-se por tratar de questões de prazos mais curtos, e de áreas

específicas. Ele cuida da articulação interna entre os níveis estratégico e

operacional. E o nível operacional é o executor das tarefas e operações

cotidianas da organização, com enfoque essencialmente técnico.

Assim como as organizações, o planejamento também é dividido em

“hierarquias”. De acordo com Oliveira (2008), o planejamento pode ser dividido

em três tipos: planejamento estratégico, planejamento tático e planejamento

operacional. O planejamento estratégico, segundo o autor, envolve a empresa

como um todo e relaciona-se com objetivos de longo prazo e com estratégias e

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ações para alcançá-los. O planejamento tático relaciona-se com objetivos de

mais curto prazo e com objetivos e metas específicas a determinadas áreas da

organização. E o planejamento operacional é responsável pela formalização

das estratégias através de documentos, metodologias e aplicação de

resultados que deverão ser alcançados por áreas funcionais da organização.

1.3 Conceitos de Estratégia

Definir estratégia não é uma tarefa fácil, uma vez que não existe uma

única definição para o termo. Dependendo do contexto no qual é empregada,

estratégia pode significar políticas, objetivos, metas, entre outros conceitos.

Contudo, todos os conceitos têm um ponto em comum: o fato de que a

estratégia está relacionada ao futuro das organizações.

Inicialmente, estratégia significava a ação de comandar ou conduzir

exércitos em tempos de guerra. (GHEMAWAT, 2000). Chiavenato & Sapiro

(2003) também conceituam estratégia de acordo com a origem do termo e seu

referencial histórico. Para os autores, o termo estratégia, oriundo da palavra

grega strategos, referia-se inicialmente à posição do general à frente de um

exército e anos depois passou a indicar as aptidões do general na sua função.

Em 450 antes de Cristo (a.C), na época de Péricles, a estratégia passou a

significar as habilidades gerenciais, não mais de generais, mas de

administradores, demonstrando sua liderança, poder e facilidade de

comunicação com os demais. Em torno de 330 a.C., com Alexandre, o Grande,

estratégia designava a utilização de forças para vencer os inimigos em

batalhas.

A utilização da estratégia foi estendida para a economia a partir da

Revolução Industrial, no fim do século XVIII. Com isso, a estratégia passa a ser

utilizada para controlar as variáveis do mercado e definir o ambiente

competitivo. Já no início do século XX, Alfred Sloan Jr., à frente da empresa

General Motors, desenvolve uma estratégia de diferenciação para a mesma

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baseada em suas forças e fraquezas, oferecendo aos clientes várias opções

de seus produtos. (CHIAVENATO & SAPIRO, 2003).

Atualmente, o termo estratégia é amplamente utilizado em vários

segmentos da sociedade. Esta é intrínseca a todas as organizações. Devido às

mudanças rápidas e freqüentes no ambiente externo às empresas, as mesmas

devem sempre rever suas estratégias. O processo de elaboração de

estratégias, que anteriormente poderia ser feito anualmente ou até mesmo

com intervalos maiores, devem ser, nos dias de hoje, contínuos.

Considerando-se os conceitos atuais acerca da estratégia, cita-se a

definição de Chiavenato (2004):

A estratégia organizacional representa a maneira pela qual a

empresa se comporta perante o ambiente que a circunda,

procurando aproveitar as oportunidades potenciais do

ambiente e neutralizar as ameaças potencias que rondam os

seus negócios. (...) Ela também reflete a maneira pela qual a

empresa procura maximizar as suas forças reais e potenciais

e minimizar as suas fraquezas reais e potenciais.

(CHIAVENATO, 2004, p. 71)

Por sua vez, Wright et al. (2000) relatam que “estratégia refere-se aos

planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a

missão e os objetivos gerais da organização” (p.24). Para os autores, o

processo que envolve a estratégia possui três etapas importantes:

desenvolvimento, implementação e controle das estratégias.

Mintzberg et al. (2000) apontam diversos sentidos para o emprego da

palavra estratégia. Os autores ampliam o entendimento acerca do termo,

citando cinco definições. Essas acepções são conhecidas como 5 Ps da

Estratégia e seguem:

1. Estratégia como plano: a estratégia é entendida como uma direção, um

curso de ação para o futuro, algo previamente elaborado. Também é

conhecida como estratégia pretendida.

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2. Estratégia como padrão: a estratégia pode ser definida como a

manutenção de um comportamento consistente ao longo dos anos. É

também conhecida como estratégia realizada.

3. Estratégia como posição: significa o nicho de mercado em que a

empresa atua. Reflete a percepção do mercado em relação à empresa.

4. Estratégia como perspectiva: refere-se à maneira como a organização

realiza seu negócio, como ela percebe o mercado.

5. Estratégia como truque (ploy): artimanha com a qual a empresa tenta

convencer seus concorrentes a acreditar de uma maneira equivocada

em seus movimentos e, dessa forma, obter vantagem competitiva.

Porter (1996) cita três abordagens genéricas para enfrentar os

concorrentes. São elas:

1. Liderança no custo total: a empresa atinge a liderança no mercado

reduzindo seus custos totais, através de um controle efetivo de seus

gastos. Embora o baixo custo seja o enfoque central desta abordagem,

a qualidade dos produtos ou serviços não pode ser esquecida.

2. Diferenciação: a empresa diferencia-se de seus concorrentes através de

produtos ou serviços inovadores. Essas inovações podem ser tanto no

design dos produtos, em sua tecnologia, na imagem de sua marca,

entre outros. Neste caso, a empresa não pode ignorar os custos. As

empresas que atingem a diferenciação normalmente não alcançam uma

parcela grande do mercado. Por mais que os consumidores reconheçam

a diferenciação e a alta qualidade de seus produtos ou serviços, muitos

podem não estar dispostos a pagar um alto preço pelos mesmos.

3. Enfoque: as empresas que lideram o mercado através desta abordagem

focam em um determinado segmento, ou em um mercado consumidor

específico, ou até mesmo em determinado espaço geográfico. As

organizações que optam por esta estratégia podem atingir tanto a

diferenciação como o baixo custo, ou ambos. A abordagem do enfoque

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envolve um trade-off entre rentabilidade e o volume de produtos

vendidos.

1.4 O Planejamento Estratégico

1.4.1 Conceito

O planejamento estratégico é um dos principais focos da alta

administração das organizações, especialmente as de grande porte. São

muitas as razões desta atenção especial, dentre as quais podem ser citadas o

ambiente altamente competitivo que as organizações vêm enfrentando, as

freqüentes e rápidas mudanças que acometem os ambientes econômico,

político, social e, principalmente, tecnológico. Com isso, para que as empresas

prosperem neste mercado turbulento, é necessário um planejamento

estratégico bem elaborado.

O planejamento estratégico, assim como o termo estratégia, possui

diversos conceitos. Pode-se descrever o planejamento estratégico como um

processo contínuo de formulação de objetivos e metas a serem alcançados

pela empresa no futuro, e os meios necessários para alcançá-los. Os objetivos

são formulados de acordo com as características levantadas sobre a empresa

e seu ambiente.

Oliveira (2008) destaca que:

(...) o planejamento estratégico corresponde ao

estabelecimento de um conjunto de providências a serem

tomadas pelo executivo para a situação em que o futuro tende

a ser diferente do passado; entretanto, a empresa tem

condições e meios de agir sobre as variáveis e fatores, de

modo que possa exercer alguma influência; o planejamento é,

ainda, um processo contínuo, um exercício mental que é

executado pela empresa, independentemente, de vontade

específica de seus executivos. (OLIVEIRA, 2008, p.4)

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Kotler (1975) define o planejamento estratégico como “(...) uma

metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela

organização, visando maior grau de interação com o ambiente” (p.24). Esta

direção refere-se aos seguintes elementos: âmbito de atuação, macropolíticas,

políticas funcionais, filosofia de atuação, macroestratégia, estratégias

funcionais, macroobjetivos e objetivos funcionais.

Através do planejamento estratégico a organização deve reduzir suas

fraquezas e as incertezas de seu negócio, compreender suas forças e

maximizar seus resultados. Além disso, devem ser estabelecidos caminhos a

serem percorridos pela empresa, considerando os possíveis percalços que

possam surgir e a devida maneira de contorná-los.

O planejamento estratégico deve ser um processo contínuo. Como os

planos elaborados são de longo prazo, muitas vezes, a alta administração

sente necessidade de modificá-los para adequar-se às novas circunstâncias.

Conseqüentemente, uma estratégia pode ser realizada da mesma forma como

foi elaborada ou, até mesmo, de uma maneira completamente diferente. Por

isso, deve haver um controle freqüente do processo de implementação do

planejamento estratégico.

1.4.2 Implementação do Planejamento Estratégico

Oliveira (2008) destaca quatro fases básicas para implementação do

planejamento estratégico:

Fase I - Diagnóstico Estratégico: nesta fase determina-se em que

condições a empresa se encontra no presente. Pode ser dividida em cinco

etapas:

1. Identificação da Visão: durante esta etapa, são identificadas as

expectativas e os anseios da cúpula da empresa, tendo como escopo o

planejamento estratégico a ser desenvolvido. A visão representa o que a

empresa deseja ser no futuro.

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2. Identificação dos Valores: valores são o conjunto de crenças e princípios

inerentes à organização que embasam suas tomadas de decisões. A

identificação e disseminação dos valores organizacionais são essenciais

para um bom desenvolvimento e execução do planejamento estratégico.

3. Análise Externa: nesta etapa são levantadas as oportunidades e

ameaças que impactam o negócio da empresa. Devem ser observados

aspectos como mercados nacional, regional e internacional,

fornecedores, clientes, fatores tecnológicos, econômicos, sociais,

concorrência, entre outros.

4. Análise Interna: esta etapa analisa os pontos fortes, fracos e neutros da

organização. Devem ser observados alguns aspectos como produtos e

serviços atuais e novos, comunicação organizacional, tecnologia,

recursos humanos, resultados empresariais, controle e avaliação, entre

outros.

5. Análise dos Concorrentes: para uma adequada análise da concorrência,

os dirigentes da empresa devem estudar interna e externamente cada

um de seus principais concorrentes. Para isso, as informações têm que

ser confiáveis e de qualidade.

Fase II – Missão da Empresa: nesta fase, além de se constituir a

missão da empresa, deve-se estabelecer o posicionamento estratégico da

mesma. Esta segunda fase divide-se em cinco etapas, a saber:

1. Estabelecimento da Missão da Empresa: missão pode ser entendida

como a razão de ser da empresa, o por quê de sua existência.

2. Estabelecimento dos Propósitos Atuais e Potenciais: propósitos

significam a explanação dos setores de atuação (produtos, serviços ou

segmentos de mercado) dentro da missão da empresa em que ela já

atua ou que está estudando sua entrada em um novo setor.

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3. Estruturação e Debate de Cenários: cenários são situações que

preparam a empresa para o futuro. Os cenários podem retratar algum

momento no futuro ou, simplesmente, realizar previsões do que pode

acontecer.

4. Estabelecimento da Postura Estratégica: postura estratégica significa a

maneira mais adequada para a empresa atingir seus objetivos,

respeitando sua missão, seus valores e princípios, e seus ambientes

interno e externo definidos durante o diagnóstico estratégico.

5. Estabelecimento das Macroestratégias e Macropolíticas:

macroestratégias são as grandes ações que a organização deverá pôr

em prática para ser competitiva em seu mercado de atuação. Já

macropolíticas são as grandes orientações que funcionam como um

pilar para as decisões tomadas pela empresa, a fim de interagir com o

ambiente.

Fase III – Instrumentos Prescritivos e Quantitativos: nesta fase são

estabelecidos aonde se quer chegar e o que deve ser feito para alcançar a

situação desejada. As duas fases serão explicitadas a seguir:

- Instrumentos Prescritivos: o que deve ser feito pela empresa para

alcançar seus objetivos, missão, visão, entre outros. Esta fase é dividida em

três etapas:

1. Estabelecimento de Objetivos, Desafios e Metas: nesta etapa devem ser

definidos os objetivos, os objetivos funcionais, os desafios e as metas.

Estes últimos devem ser quantificáveis, mensuráveis.

2. Estabelecimento de Estratégias e Políticas: nesta fase definem-se as

estratégias, políticas e diretrizes. As políticas fornecem parâmetros para

a tomada de decisões. Normalmente são estabelecidas por áreas

funcionais da empresa. Diretrizes são o conjunto estruturado dos

objetivos, estratégias e metas de uma organização.

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3. Estabelecimento dos Projetos e Planos de Ação: projetos são trabalhos

a serem realizados considerando-se os recursos disponíveis para os

mesmos. Planos de ação são os conjuntos das partes comuns aos

projetos em relação ao assunto tratado.

- Instrumentos Quantitativos: são projeções de teor econômico-

financeiras necessárias ao desenvolvimento dos projetos e planos de ação

elaborados anteriormente. Nesta etapa são analisados os recursos

necessários para o alcance dos objetivos propostos e seus prováveis retornos.

Fase IV – Controle e Avaliação: nesta fase avalia-se a execução do

planejamento estratégico, se a empresa está conseguindo atingir os objetivos,

metas, desafios e estratégias traçados inicialmente. Para tanto, são

estabelecidos indicadores de desempenho e, caso não esteja evoluindo como

previsto, são tomadas ações corretivas.

1.5 O Papel da Informação e do Conhecimento no

Planejamento Estratégico

O planejamento estratégico é um processo de mudança, e toda

mudança gera barreiras, como a ansiedade e a resistência. E a melhor

maneira de reduzir ou eliminar estas barreiras é informar a todos os

colaboradores sobre o processo de elaboração e a implementação de cada

etapa do planejamento estratégico. Quando todos estão muito bem

informados, as incertezas acerca das mudanças diminuem. Assim, surge o

conceito de Gestão do Conhecimento, que será melhor explicado no próximo

capítulo.

Ansoff et al. (1990) afirmam que o planejamento estratégico, por si só,

não produz ações e nem as mudanças desejadas. Para que tais modificações

ocorram, a organização necessita de administradores motivados e treinados e

de informações estratégicas, entre outros. Sem tais elementos, a empresa

tenderá a resistir à execução dos planos anteriormente elaborados.

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Entretanto, para que haja disseminação de informações e gestão do

conhecimento é imprescindível a participação das pessoas. O segredo do

sucesso das organizações contemporâneas, que estão buscando cada vez

mais novas formas de administrar, são as pessoas que com elas interagem.

Sem pessoas, não existem organizações e muito menos êxito.

Sabe-se que a formulação do planejamento estratégico é

importantíssima para as organizações, contudo, mais importante do que

elaborá-lo, é implementá-lo. Para que sua execução seja bem sucedida é

fundamental que todas as pessoas da organização estejam envolvidas neste

processo, independente de sua posição hierárquica na instituição. Sendo

assim, a implementação do planejamento estratégico enseja que todos

estejam muito bem informados sobre todos os objetivos, metas e,

principalmente, sobre a missão e a visão da empresa. E é nesse contexto que

se ressalta a importância da área de Gestão de Pessoas das organizações.

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CAPÍTULO II

O PAPEL DA GESTÃO DE PESSOAS NAS

ORGANIZAÇÕES

A relação entre as pessoas e as organizações em que atuam pode ser

considerada como uma relação positiva. De um lado, as pessoas dependem

de seus trabalhos não só para sobreviverem, mas para viverem com qualidade

e para alcançarem seus objetivos individuais. Por outro lado, as organizações

dependem das pessoas para produzir, atender aos seus clientes, melhorar

seus processos e atingir seus objetivos globais. Para que haja um equilíbrio

entre ambas as partes, deve haver um departamento dentro da organização

que cuide tanto dos interesses individuais quanto dos interesses empresariais.

Atualmente, as organizações consideram as pessoas como sua

principal vantagem competitiva, ao contrário do que ocorria anteriormente,

quando sua atenção se voltava para os aspectos técnicos das funções. Assim,

ao invés de investirem somente em seus produtos e serviços, as organizações

estão investindo, principalmente, em seus colaboradores. As atuais práticas

organizacionais relacionadas à área de Recursos Humanos têm o intuito de

motivá-los para que trabalhem com eficiência e eficácia.

A fim de conceituar a administração de Recursos Humanos, Gil (1994)

a descreve da seguinte maneira:

A administração de Recursos Humanos é o ramo especializado

da Ciência da Administração que envolve todas as ações que

tem como objetivo a interação do trabalhador no contexto da

organização e o aumento de sua produtividade. É, pois, a área

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que trata de recrutamento, seleção, treinamento,

desenvolvimento, manutenção, controle e avaliação de

pessoal. (GIL, 1994, p. 13)

Através da evolução da administração de Recursos Humanos,

surgiram várias denominações ao longo dos anos. Anteriormente, as

expressões mais utilizadas eram administração de pessoal, relações

industriais, relações humanas. Mais recentemente, são dadas denominações

como administração de Recursos Humanos, desenvolvimento de Recursos

Humanos e Gestão de Pessoas. Porém, o que importa não é a nomenclatura,

e sim seu significado, sua essência.

2.1 A Evolução da Gestão de Pessoas nas Organizações

Chiavenato (2004) disserta sobre as transformações ocorridas pela

função de Recursos Humanos nas organizações desde seu surgimento até os

dias de hoje.

Durante a Era da Industrialização Clássica, que envolveu o período

desde a Revolução Industrial até meados da década de 1950, surgiram os

antigos departamentos de pessoal e, mais adiante, os departamentos de

relações industriais. Os departamentos de pessoal eram responsáveis por

cuidar das admissões, das férias, horas-extras cumpridas, anotações nas

carteiras profissionais, enfim, de todas as exigências legais a respeito dos

cargos de suas organizações. Logo em seguida, os departamentos de relações

industriais possuíram as mesmas responsabilidades acrescidas de outras,

como a interação das organizações com os sindicatos e a coordenação interna

com os demais departamentos. Os departamentos de relações industriais

tratavam somente de atividades burocráticas e operacionais, considerando as

pessoas como uma extensão das máquinas.

Na Era da Industrialização Neoclássica, no período entre meados da

década de 1950 até 1990, foram criados os Departamentos de Recursos

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Humanos (DRH). “Além das tarefas operacionais e burocráticas, os DRH

desenvolvem funções operacionais e táticas, como órgãos prestadores de

serviços especializados”. (CHIAVENATO, 2004, p. 42). Eles tratavam do

recrutamento e da seleção de pessoas, do treinamento de seus novos e atuais

funcionários, da avaliação de desempenho, da remuneração, das relações

trabalhistas, entre outras.

Na Era da Informação, que teve início na década de 1990 e se estende

até hoje, as mudanças se tornaram rápidas, quase imprevisíveis. Para

acompanhar este ritmo de evolução, surgiram as equipes de gestão com

pessoas. As tarefas operacionais e burocráticas, que na Era da

Industrialização Neoclássica eram exercidas pelo Departamento de Recursos

Humanos, passaram a ser exercidas por terceiros. Surge, então, o fenômeno

conhecido como outsourcing ou terceirização. Ademais, os gerentes de linha

passaram a ser responsáveis pelas atividades antes desempenhadas pela

área de Recursos Humanos. E a área de Recursos Humanos começava a

cumprir um papel de consultoria interna, auxiliando os gerentes sempre que

necessário.

Nessa nova era, as pessoas não são mais consideradas como meros

recursos empresariais, e sim como seres dotados de inteligência, com

características próprias, e que podem contribuir muito para o desenvolvimento

da organização. Dessa forma, percebe-se que na Era da Informação, gerir

pessoas torna-se uma vantagem competitiva, e não mais um problema com

que se preocupar.

Além da evolução na forma de gerir pessoas, outra característica

marcante da Era da Informação é a importância dada ao conhecimento, ao

capital intelectual. Para que as organizações gerem e mantenham um

diferencial competitivo, estas devem investir constantemente na aprendizagem

contínua e no conhecimento.

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2.2 Gestão do Conhecimento

Para compreender a Gestão do Conhecimento, é interessante que se

tenha o entendimento das principais diferenças entre dado, informação e

conhecimento. É facilmente identificável que há uma correlação e uma

hierarquia entre os termos. Dado pode ser entendido como uma informação

bruta, uma descrição exata de algo que aconteceu. Os dados são

quantificáveis e não devem deixar margens para dúvidas. Decisões não devem

ser tomadas baseando-se apenas em dados.

Informações são os dados interpretados, analisados, processados.

Podem também ser entendidos como uma leitura daquilo que os dados

parecem mostrar. Uma de suas funções é diminuir as incertezas acerca do que

está sendo analisado. Para que um dado se transforme em informação, é

imprescindível que esteja dentro de um contexto, de uma situação específica,

e que possua um significado.

Davenport & Prusak (1998) conceituam o termo conhecimento da

seguinte forma:

Conhecimento é uma mistura fluida de experiência

condensada, valores, informação contextual e insight

experimentado, a qual proporciona uma estrutura para

avaliação e incorporação de novas experiências e informações.

Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas

organizações, ele costuma estar embutido não só em

documentos ou repositórios, mas também em rotinas,

processos, práticas e normas organizacionais. (DAVENPORT

& PRUSAK, 1998, p. 6).

No entanto, não basta que alguns colaboradores da organização

detenham bastante conhecimento. É necessário que o mesmo seja

disseminado entre todos, a fim de dotar toda a organização de inteligência,

tornando o alcance de seus objetivos mais eficaz e eficiente. O conhecimento,

na ótica empresarial, tem que ser útil, aplicável ao dia-a-dia da empresa. Ele

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também pode ser mensurado, a fim de que a organização saiba quanto de

conhecimento possui, definindo, assim, seu valor de mercado.

Através da necessidade de disseminação do conhecimento por todos

os colaboradores da organização, surge, então, o aprimoramento do estudo da

Gestão do Conhecimento.

A Gestão do Conhecimento é um processo contínuo de coletar dados,

selecioná-los, organizá-los, transformá-los em informações e divulgá-las aos

colaboradores com a intenção de melhorar sua compreensão em uma área

específica de interesse (CHIAVENATO & SAPIRO, 2003). Ela não só

compartilha conhecimentos, como estimula os colaboradores a desejarem

aprender cada vez mais, oferecendo recursos para este fim. O bom

desempenho organizacional depende diretamente dessa dinâmica de

aprendizagem. Quanto mais conhecimento a respeito da empresa e do

ambiente externo os colaboradores possuírem, maiores serão suas chances

de sucesso. Complementando o entendimento acerca deste conceito,

Davenport & Prusak (1998) afirmam que a Gestão do Conhecimento é um

conjunto de processos que tem por meta governar a criação, disseminação e

uso do conhecimento para atingir objetivos organizacionais.

Assim, percebe-se a importância da Gestão do Conhecimento para o

alcance dos objetivos e da visão de futuro desenhada pela organização em

seu planejamento estratégico. Uma vez traçados os objetivos, metas e a visão

de futuro da empresa, estas informações devem ser disseminadas entre todos

os colaboradores, para que a organização alcance com êxito aquilo que

almeja.

Segundo Fleury & Fleury (apud COLAUTO & BEUREN, 2003), a

Gestão do Conhecimento está calcada nos processos de aprendizagem

organizacional, englobando três processos: (1) aquisição e desenvolvimento de

conhecimentos; (2) disseminação; e (3) construção de memórias em um único

processo coletivo de elaboração das competências necessárias à organização.

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Como em quase todas as práticas administrativas, a Gestão do

Conhecimento também enfrenta desafios. Um de seus principais desafios é

driblar a tendência das pessoas em não compartilhar seus conhecimentos,

mesmo que sem intenções. As pessoas não costumam socializar aquilo que

aprendem, seja por receio ou por falta de motivação. Neste contexto, as

lideranças da organização e a área de Recursos Humanos são importantes, a

fim de criarem procedimentos para que todo o conhecimento possa pertencer a

toda à empresa, e não somente a alguns.

2.2.1 Recursos Humanos e a Gestão do Conhecimento

Nas empresas que valorizam o conhecimento e o consideram como

uma importante ferramenta para a sua vantagem competitiva, a área de

Recursos Humanos tem importância fundamental, pois é ela a responsável por

desenvolver o capital intelectual e disseminá-lo na organização. Esta área tem

o privilégio de ser uma das poucas que tem contato direto com praticamente

todos os departamentos da organização, até pela sua função. E, em se

tratando de Gestão do Conhecimento, esta característica é essencial, uma vez

que toda a empresa deve estar envolvida neste processo.

Os profissionais de Recursos Humanos devem procurar construir e

desenvolver sistemas e estruturas que facilitem o aprendizado organizacional.

Dessa maneira, estes profissionais começam a direcionar sua atenção para o

desenvolvimento de processos básicos da gestão do conhecimento, ao invés

de concentrarem-se, basicamente, em tarefas burocráticas e rotineiras. Eles

devem se portar como facilitadores do aprendizado. Além disso, eles devem

ter conhecimento das principais ferramentas de informática voltadas para a

Gestão do Conhecimento, dos objetivos e metas traçados pela organização e

de práticas sobre aprendizado organizacional e Gestão do Conhecimento

vigentes no mercado.

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De acordo com Terra (2000), o profissional da área de Recursos

Humanos deve se comportar em uma organização do aprendizado da seguinte

maneira, entre outras:

1. apoiar as áreas de negócios na busca por novos conhecimentos;

2. desenvolver políticas que aprimorem a cultura, propalando novos

modelos para a reflexão e abordagem do processo de aprendizagem;

3. apoiar a empresa na disseminação da informação e nas políticas de

comunicação;

2.3 Os Principais Processos de Gestão de Pessoas

Tradicionalmente, a área de Gestão de Pessoas cuida de processos

básicos, que normalmente são semelhantes de uma organização para outra.

De um modo geral, esta área é responsável pelos seguintes processos,

conforme explicita Chiavenato (2004):

1. Processos de Agregar Pessoas: englobam recrutamento e seleção de

pessoas. Esses processos são responsáveis por agregar novos

funcionários à organização (recrutamento externo) ou alocar

funcionários que já trabalhem na empresa em outros cargos

(recrutamento interno). Baseiam-se nos perfis tanto dos cargos quanto

dos candidatos.

2. Processos de Aplicar Pessoas: envolvem orientação das pessoas,

desenho de cargos e avaliação de desempenho. Esses processos são

responsáveis por integrar as pessoas selecionadas na organização,

alocá-las em seus cargos e avaliá-las quanto ao seu desempenho.

3. Processos de Recompensar Pessoas: envolvem remuneração,

incentivos, benefícios e serviços. Esses processos, se bem

administrados, tem o papel de atrair, reter e motivar funcionários.

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4. Processos de Desenvolver Pessoas: envolvem treinamento e

desenvolvimento de colaboradores, além de programas de mudanças e

desenvolvimento de carreiras e programas de comunicação. Esses

processos corroboram a importância do conhecimento na Era da

Informação.

5. Processos de Manter Pessoas: incluem higiene, segurança e qualidade

de vida, além de administração da cultura, clima, disciplina e relações

com sindicatos. Todos esses processos objetivam proporcionar um

ambiente de trabalho mais seguro e mais agradável, assim como

garantir relações amigáveis com os sindicatos.

6. Processos de Monitorar Pessoas: englobam banco de dados e sistemas

de informações gerenciais. Esses processos constituem a monitoração

dos colaboradores através de sistemas, com o intuito de garantir que o

planejamento seja bem executado e que os objetivos sejam alcançados

adequadamente.

2.4 Os Novos Papéis da Gestão de Pessoas

Através da evolução ocorrida com a área de Gestão de Pessoas desde

seu surgimento, como descrito anteriormente, algumas transformações podem

ser observadas em suas funções, como explica Chiavenato (2004). Segundo o

autor, algumas mudanças foram: de operacional e burocrático para estratégico;

de administrativo para consultivo; de foco interno para foco no cliente; de

imediatismo para longo prazo. E para que a área possa continuar a servir aos

objetivos da organização e agregar valor à mesma, ela precisa desempenhar

papéis cada vez mais diversos e complexos.

Desta maneira, os novos papéis da área de Gestão de Pessoas, de

acordo com Chiavenato (2004) são:

1. Administração de estratégias de recursos humanos;

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2. Administração da infra-estrutura da empresa;

3. Administração da contribuição dos funcionários;

4. Administração da transformação e da mudança;

A figura abaixo explica, resumidamente, cada um dos papéis:

Papel de RH Resultado Característica

principal

Atividade

Administração de

estratégias de

recursos

humanos

Execução da

estratégia

Parceiro

estratégico para

ajudar a alcançar

objetivos

organizacionais

Diagnóstico

organizacional para

detectar forças e

fraquezas da

organização

Administração da

infra-estrutura da

empresa

Construção de

uma infra-

estrutura eficiente

Especialista

administrativo para

reduzir custos e

aumentar valor

Serviços em comum

para a melhoria

contínua

Administração da

contribuição dos

funcionários

Maior

envolvimento da

capacidade dos

funcionários

Defensor dos

funcionários para

treinar e incentivar

as pessoas

Prover recursos aos

funcionários para

incentivar

contribuições

Administração da

transformação e

da mudança

Elaboração de

uma organização

renovada

Agente de

mudança e

inovação para

melhorar a

capacidade de

mudar

Assegurar capacidade

para mudança e

identificação e

solução de problemas

Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004)

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Torna-se imperativo que a área que trata da gestão de pessoas na

empresa esteja alinhada à estratégia empresarial. Portanto, o próximo capítulo

enfatizará a função “Administração de estratégias de recursos humanos”, uma

vez que serão abordados os principais tópicos acerca do planejamento

estratégico de Recursos Humanos.

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CAPÍTULO III

O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE RECURSOS

HUMANOS

A área de Recursos Humanos possui uma característica diferenciada

em relação às outras áreas, pois, além de cuidar do envolvimento das pessoas

no alcance dos objetivos propostos pela organização, precisa também tratar

das estratégias para o atendimento de suas próprias necessidades. As

organizações são criadas para atenderem às pessoas, entre elas os

proprietários e os colaboradores, e, de certa maneira, estas pessoas também

devem atender às expectativas da organização. Sendo assim, é importante

conhecer as necessidades dos funcionários, uma vez que estes têm

fundamental participação na elaboração dos objetivos e das estratégias

empresariais. Assim, introduz-se o tema planejamento estratégico de Recursos

Humanos (PERH).

Dentre os quatro novos papéis exercidos pela área de Recursos

Humanos, será dada ênfase ao papel denominado “Administração de

estratégias de Recursos Humanos”, pois descreve esta área como um parceiro

estratégico no alcance dos objetivos organizacionais.

Pode-se afirmar que depois do estabelecimento dos objetivos e

estratégias organizacionais, o papel da área de Recursos Humanos será

fundamental para auxiliar na implementação do que foi planejado. Assim,

põem-se em prática as políticas de recrutamento e seleção, treinamento e

desenvolvimento, remuneração e benefícios, entre outras.

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O planejamento estratégico de Recursos Humanos ideal atua

juntamente com a elaboração do planejamento estratégico organizacional. A

vantagem de se elaborar um planejamento estratégico em Recursos Humanos

é que através dessa ação a empresa poderá garantir o alinhamento das ações

voltadas para a gestão de talentos com a estratégia e o negócio da

organização. Para atingir estes objetivos, a área de Recursos Humanos

preocupa-se com a previsão acerca dos aspectos quantitativos e qualitativos

dos talentos humanos. Além disso, o pessoal desta área deve desempenhar

um papel significativo do ponto de vista estratégico, intermediando, apoiando e

orientando os colaboradores da organização.

As necessidades de Recursos Humanos dependem, entre outros, da

estratégia adotada pela organização, da demanda de seus produtos e serviços

e de seus níveis de produtividade. Suas capacidades e carências atuais, suas

necessidades futuras e a alocação de talentos humanos nas áreas que mais

necessitam devem fazer parte da formulação da estratégia.

Além da mensuração dos talentos humanos necessários ao

atingimento dos objetivos traçados pela estratégia empresarial, o planejamento

estratégico de Recursos Humanos (PERH) também contribui para o alcance

dos objetivos dos colaboradores. Em suma, o PERH contribui tanto para o

alcance dos objetivos individuais como para os objetivos organizacionais.

3.1 Conceitos de Planejamento Estratégico de Recursos

Humanos

Bohlander et al. (2005) definem o planejamento estratégico de

Recursos Humanos da seguinte maneira:

Planejamento de Recursos Humanos (PRH) é o processo de

antecipar e fazer provisão para a movimentação de pessoas –

admissão e demissão, promoções e transferências. A

finalidade do PRH é assegurar o emprego da maneira mais

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efetiva possível, onde e quando for necessário, para que as

metas da empresa sejam alcançadas. Outros objetivos mais

específicos do PRH incluem a previsão de falta e de excesso

de mão-de-obra; o fornecimento de mais oportunidades de

emprego para mulheres, minorias e deficientes, e o

planejamento detalhado de programas de treinamento de

funcionários” (BOHLANDER et al., 2005, p.60).

Lucena (1995) define o conceito da seguinte maneira:

Planejamento de Recursos Humanos compreende o processo

gerencial de identificação e análise das necessidades

organizacionais de Recursos Humanos e o conseqüente

desenvolvimento de políticas, programas, sistemas e

atividades que satisfaçam essas necessidades, a curto, médio

e longo prazos, tendo em vista assegurar a realização das

estratégias do negócio, dos objetivos da Empresa e de sua

continuidade sob condições de mudanças. (LUCENA, 1995,

p.84).

Lucena (1995) ainda cita que fatores como integração com o negócio e

os objetivos da empresa, participação gerencial, dimensão do tempo e

integração dos processos, programas e atividades de Recursos Humanos são

inerentes ao planejamento de Recursos Humanos.

A integração com os negócios e os objetivos da empresa refere-se ao

dimensionamento da quantidade e qualidade dos Recursos Humanos

estabelecidos, como e quando isto pode ser obtido, a fim de que os futuros

colaboradores da organização possam perpetuar o negócio da empresa e

alcançar os objetivos planejados. O elemento participação gerencial refere-se

ao envolvimento de todos os gestores da organização no processo, e não

somente a área de Recursos Humanos. O fator dimensão do tempo menciona

a importância do planejamento para a área de Recursos Humanos,

antecedendo os eventos futuros. E a integração dos processos, programas e

atividades de Recursos Humanos diz respeito à relação da área de Recursos

Humanos com toda a organização, inclusive com a sua Missão.

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De acordo com Carvalho e Serafim (2002) o planejamento estratégico

de Recursos Humanos visa conjugar dois propósitos, que são:

1. Adaptar-se ao planejamento estratégico global da organização;

2. Elevar a produtividade do trabalho por meio da soma de esforços,

interesses e objetivos.

Os autores complementam, então, a idéia:

Assim, o PERH funciona como espécie de catalisador e

impulsionador, ao mesmo tempo, dos recursos da unidade de

RH, sem perder de vista a perspectiva do planejamento

estratégico global da empresa. (CARVALHO & SERAFIM,

2002, p.43)

3.2 Modelos de Planejamento de Recursos Humanos

Chiavenato (2004) cita que existem vários modelos de planejamento

de Recursos Humanos, mas enfatiza cinco deles, que são:

1. Modelo baseado na procura estimada do produto ou serviço: este

modelo utiliza o conceito de que as necessidades de pessoal são

baseadas na dependência da procura pelos produtos ou serviços da

organização. Está voltado especificamente para o nível operacional. É

limitado porque engloba somente aspectos quantitativos;

2. Modelo baseado em segmentos de cargos: também está voltado,

principalmente, para o nível operacional da organização. Este modelo

consiste em: escolher um fator estratégico cujas variações afetam na

mesma proporção as necessidades de pessoal; mensurar os níveis

históricos e futuros para cada fator estratégico definido anteriormente;

determinar os níveis históricos do número de funcionários para cada

departamento; e projetar os níveis futuros de força de trabalho para

cada departamento;

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3. Modelo de substituição de postos-chave: baseia-se na representação

visual das possíveis substituições caso surja alguma vaga ou seja criado

um novo cargo. São montados organogramas que mostram quem

substituirá quem nestes casos. Cada funcionário é classificado em três

alternativas de chances de promoções: funcionário pronto para

promoção imediata; funcionário que requer maior experiência no cargo

atual; e funcionário com substituto já preparado;

4. Modelo baseado no fluxo de pessoal: mapeia as admissões, demissões,

transferências e promoções dos funcionários da organização. Esse

modelo é conservador, sendo apropriado somente para empresas que

atuam em ambientes estáveis. Ele é útil na análise das consequências

do plano de carreiras, quando a organização investe nesta política.

Todavia, suas limitações são claras por ser apenas um modelo

quantitativo;

5. Modelo de planejamento integrado: do ponto de vista da provisão de

Recursos Humanos, considera quatro fatores: volume de produção

planejado pela empresa; mudanças tecnológicas dentro da organização

que aumentem ou diminuam a produtividade do pessoal; condições de

oferta e procura no mercado e comportamento do mercado consumidor;

e planejamento de carreiras dentro da organização.

3.3 Implementação do Planejamento Estratégico de Recursos

Humanos

O primeiro passo para a área de Recursos Humanos elaborar um bom

trabalho é conhecer o negócio e o ambiente externo à organização. Outro fator

importante é alinhar as ações propostas à missão, visão e valores da empresa,

pois isso demonstrará que a área de Recursos Humanos conhece

profundamente as necessidades da organização. Durante a elaboração do

planejamento estratégico, a área de Recursos Humanos precisa fazer um

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levantamento dos recursos disponíveis, tanto materiais quanto humanos e das

possíveis modificações nos ambientes interno e externo, no curto, médio e

longo prazo.

De acordo com Lucena (1995) os estudos a serem feitos para a

elaboração do planejamento estratégico de Recursos Humanos incluem três

áreas, que são: previsão das necessidades de Recursos Humanos requeridas

pelo negócio; análise do ambiente e do mercado de trabalho; e análise dos

Recursos Humanos.

A previsão de necessidades de Recursos Humanos solicitadas pelo

negócio evidencia o primeiro passo para a formulação do planejamento de

Recursos Humanos integrado ao negócio da organização. Esta etapa visa

atender aos seguintes objetivos: identificar os impactos das decisões

estratégicas da empresa nos Recursos Humanos; analisar as necessidades

básicas dos diversos setores da organização; e auxiliar no planejamento das

ações estratégicas a serem praticadas. Durante a elaboração das decisões

estratégicas da empresa, os colaboradores da área de Recursos Humanos

devem participar ativamente, a fim de identificar fatores que possam impactar

no andamento de suas funções. Devem ser analisadas, também, as

necessidades de Recursos Humanos nos diversos departamentos da empresa.

A análise do ambiente e do mercado de trabalho tem como principais

objetivos: mensurar aspectos políticos, econômicos e sociais e as relações

trabalhistas que possam atrapalhar as ações estratégicas defendidas pela

empresa; levantar alternativas para gerenciar situações sensíveis a mudanças;

e identificar necessidades de desenvolvimento de programas ou atividades que

possam atender às carências existentes no mercado de trabalho. Ao analisar

as necessidades de Recursos Humanos da organização e conhecer os fatores

internos e externos que a influenciam, sabe-se quais destes fatores podem

auxiliar ou dificultar o atendimento destas necessidades.

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A análise dos Recursos Humanos tem como objetivos: mensurar, tanto

quantitativa quanto qualitativamente, se a organização tem pessoas

disponíveis para suprir suas necessidades presentes e futuras; identificar

deficiências de treinamento e desenvolvimento de pessoal; e recomendar

revisões ou criações de políticas, procedimentos, normas e programas para a

Gestão de Pessoas. O produto final desta etapa será um relatório contendo

informações que permitam uma análise do quadro de pessoal existente na

organização, com intuito de auxiliar nas decisões estratégicas globais.

Fischmann e Almeida (apud BARDUCHI e MIGLINSKI, 2006) propõem

nove etapas do planejamento estratégico para a área de Recursos Humanos,

que seguem:

1. Avaliação da estratégia vigente: identificação e análise da eficácia da

estratégia de Recursos Humanos que vem sendo utilizada pela

empresa;

2. Avaliação do ambiente: identificação do perfil necessário aos

funcionários futuros, análise da disponibilidade de mão-de-obra futura

para o negócio da empresa e verificação das expectativas dos

colaboradores quanto ao auxílio da empresa para o alcance de seus

objetivos;

3. Estabelecimento do Perfil Estratégico: delineamento dos objetivos e

estratégias, aonde a área de Recursos Humanos deve considerar não

somente seus próprios interesses, como também inseri-los no contexto

organizacional;

4. Qualificação dos objetivos: estimativa de valores que são gastos com

remunerações, benefícios, treinamentos, desenvolvimentos, e avaliação

da viabilidade da implementação dos objetivos traçados inicialmente;

5. Finalização: criação de um relatório pela alta administração contendo os

planos estratégicos defendidos, e discussão com os demais

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departamentos da empresa, principalmente com o de Recursos

Humanos;

6. Divulgação: transmissão dos planos estratégicos aos gerentes de linha

e aos demais que possuam um nível decisório na empresa e divulgação

mais ampla para todos os colaboradores através da área de Recursos

Humanos, que deverá explicar sua importância e seu impacto nas

avaliações de desempenho futuras;

7. Preparação da Organização: são feitas as modificações necessárias à

implementação dos planos estratégicos definidos, quer sejam materiais,

quer sejam na estrutura pessoal;

8. Integração como Plano Tático: inserção das estratégias no nível tático

da organização;

9. Acompanhamento: exercício do controle por todas as áreas,

principalmente pela área de Recursos Humanos, que deverá avaliar a

realização de tudo o que foi planejado.

Fatores como falta de apoio da direção da empresa para com a área

de Recursos Humanos e pouca comunicação podem fazer com que

organizações não implementem seu planejamento de Recursos Humanos.

Estas questões devem ser consideradas e tratadas, caso ocorram. No caso da

falta de comunicação, por exemplo, ao concluir o planejamento, é preciso

informar aos colaboradores sobre o que será feito e o que levou e empresa a

optar por esta decisão. Assim, todos os profissionais compreenderão os seus

papéis dentro do processo e saberão exatamente o que a organização

pretende alcançar.

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CONCLUSÃO

O planejamento estratégico organizacional é essencial para as

organizações que pretendem manter um diferencial competitivo perante os

seus concorrentes. Através do planejamento estratégico a organização reduz

as incertezas inerentes ao seu negócio e tem a possibilidade de maximizar

seus resultados. Como as metas e objetivos traçados no planejamento

estratégico contemplam, também, o longo prazo, e por causa das mudanças

freqüentes ocorridas no mercado, muitas vezes os dirigentes das empresas

sentem necessidade de modificá-los para adequar-se às novas circunstâncias.

Logo, o processo de controle é importantíssimo no processo de implementação

do planejamento estratégico.

Atualmente, as organizações consideram as pessoas como sua

principal vantagem competitiva e não mais seus aspectos técnicos. Assim, as

organizações estão investindo bastante em seus colaboradores. As atuais

práticas organizacionais relacionadas à área de Recursos Humanos têm o

intuito de motivar seus funcionários para que trabalhem com eficiência e

eficácia. Outro fator essencial para a manutenção da vantagem competitiva é a

Gestão do Conhecimento, aonde o conhecimento existente na organização é

transmitido a todos. Algumas pessoas ainda têm o receio de compartilhar o

que sabem, porém, deve ser mostrado a estas a importância desta

comunicação.

Para que a execução do planejamento estratégico seja efetiva, todos

os colaboradores da organização devem estar cientes dos objetivos a serem

alcançados e do seu papel no processo. A área de Recursos Humanos (RH),

neste momento, exerce um papel fundamental no que diz respeito às

implementações dos objetivos e metas estabelecidos no planejamento

estratégico organizacional, uma vez que a mesma torna-se responsável por

esta comunicação.

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O planejamento estratégico de Recursos Humanos ideal é elaborado

juntamente com o planejamento estratégico organizacional. A vantagem disto é

que a empresa poderá garantir o alinhamento das estratégias relacionadas à

Gestão de Pessoas com as estratégias adotadas pela organização.

O planejamento estratégico de Recursos Humanos tem como suas

principais funções buscar o equilíbrio entre os objetivos individuais e os

objetivos organizacionais globais, e mensurar a quantidade e a qualidade da

força de trabalho necessária para a execução das ações elaboradas no

planejamento estratégico organizacional.

Para que o planejamento estratégico de Recursos Humanos realmente

auxilie o planejamento estratégico organizacional, a área de Recursos

Humanos deve conhecer profundamente a empresa, analisando seus

ambientes interno e externo. Além disso, deve alinhar seu planejamento à

missão, à visão e aos objetivos organizacionais.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O Planejamento Estratégico Organizacional 10

1.1 – Conceitos de Planejamento 10

1.2 – Tipos de Planejamento 12

1.3 – Conceitos de Estratégia 13

1.4 – O Planejamento Estratégico 16

1.4.1 – Conceito 16

1.4.2 – Implementação do Planejamento Estratégico 17

1.5 – O Papel da Informação e do Conhecimento no Planejamento

Estratégico 20

CAPÍTULO II

O Papel da Gestão de Pessoas nas Organizações 22

2.1 – A Evolução da Gestão de Pessoas nas Organizações 23

2.2 – Gestão do Conhecimento 25

2.2.1 – Recursos Humanos e Gestão do Conhecimento 27

2.3 – Os Principais Processos de Gestão de Pessoas 28

2.4 – Os Novos Papéis da Gestão de Pessoas 29

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CAPÍTULO III

O Planejamento Estratégico de Recursos Humanos 32

3.1 – Conceitos de Planejamento Estratégico de Recursos Humanos 33

3.2 – Modelos de Planejamento Estratégico de Recursos Humanos 35

3.3 – Implementação do Planejamento Estratégico de Recursos

Humanos 36

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre - Universidade Candido

Mendes

Título da Monografia: A relevância do planejamento estratégico de

Recursos Humanos para o planejamento estratégico organizacional.

Autora: Juliana Abreu da Silva Pinto

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: