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8/3/2019 1226053609 Manual de Introducao a Economia
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Carlos Miguel Oliveira
28-01-2008
INTRODUO ECONOMIAInstituto Superior de Lnguas e Administrao
CADERNO 1 - MICROECONOMIA
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INTRODUO ECONOMIA PARTE I MICROECONOMIA
Carlos Miguel Oliveira | Maro de 2008 | R.0 ::. 1
FICHA TCNICA
Manual de Introduo Economia
Carlos Miguel Oliveira
Verso 01
ISLA de Vila Nova de GaiaDireco Acadmica
Depsito Legal 000 000/00
ISBN 000-00-0000-0
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INTRODUO ECONOMIA PARTE I MICROECONOMIA
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Contedo1.1. O OBJECTO DA ECONOMIA ....................................................................................................... 4
1.2. A ESCASSEZ E A ESCOLHA ....................................................................................................... 6
1.3. QUESTES NORMATIVAS E QUESTES POSITIVAS NA ANLISE ECONMICA ...................... 71.4. A RACIONALIDADE ECONMICA ........................................................................... .................... 7
1.5. O CRITERIO DO CUSTO/BENEFCIO NO PROCESSO DE DECISO .......................................... 7
1.5.1. OS ERROS MAIS COMUNS NA TOMADA DE DECISO ......................................................... 8
1.6. O MERCADO .................................................................................................................................. 11
1.6.1. AFINAL QUEM DIRIGE O MERCADO? ............................................................................ ..... 13
1.6.2. A MO INVISVEL NO CONTEXTO DA CONCORRNCIA PERFEITA ..................................... 14
1.7. O PAPEL ECONMICO DO ESTADO .......................................................................... .............. 15
2. Procura e Oferta ................................................................................................. .............................. 182.1 A procura de mercado ................................................................................................................... 19
2.2.. A oferta de mercado .................................................................................................................... 21
3. ELASTICIDADES ................................................................... ............................................................. 24
3.1. A ELASTICIDADE-PREO DA PROCURA (Ed) ........................................................................... 24
3.2. A ELASTICIDADE-PREO DA OFERTA (Eo) .................................................................... ........... 28
3.3. OUTRAS ELASTICIDADES DE PROCURA ................................................................................. 28
4. A ESCOLHA DO CONSUMIDOR e A PROCURA DE MERCADO ......................................................... 30
4.1. O CONJUNTO DE OPORTUNIDADES OU A RESTRIO ORAMENTAL .................................. 30
4.2. ORDENAO DAS PREFERNCIAS ......................................................................................... 34
4.3. A UTILIDADE ............................................................................................................................ 38
4.4. A PROCURA INDIVIDUAL E DO MERCADO .......................................................................... .... 40
5. TEORIA DA EMPRESA: PRODUO e CUSTOS DE PRODUO ....................................................... 47
5.1. TEORIA DA PRODUO ............................................................................................ ............... 48
5.1.1 Introduo ............................................................. .............................................................. 48
5.1.2. Anlise da Produo com um factor Varivel ................................................................ ... 51
5.1.3. Anlise da Produo com dois factores variveis ............................................................ 56
5.2. TEORIA DOS CUSTOS DE PRODUO ....................................................... ............................. 64
5.2.1. CUSTOS DE OPORTUNIDADE VRS CUSTOS CONTABILISTICOS ........................................ 64
5.2.2. CUSTOS A CURTO PRAZO ........................................................................... ........................ 65
5.2.3. CUSTOS A LONGO PRAZO ................................................................ ................................... 68
6. ESTRUTURAS DE MERCADO .................................. ..................................................................... ..... 72
6.1. INTRODUO ................................................................... ........................................................ 72
6.2. O MERCADO DA CONCORRNCIA PERFEITA........................................................ .................. 73
6.3. MONOPLIO ............................................................................................................................ 84
6.4. OLIGOPLIO ..................................................................... ........................................................ 90
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6.4.1. O MODELO DE COURNOT E BERTRAND ............................................................................ 91
6.4.2. O MODELO DE EDGEWORTH ........................................................................... ................... 92
6.4.3. O MODELO DE CHAMBERLIN............................................................................................. 92
6.4.4. TEORIA DE JOGOS ................................................................... ............................................ 93
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1. INTRODUO ECONOMIA
1.1. O OBJECTO DA ECONOMIA
A economia uma cincia social abrangente, dedicada compreenso da forma como a sociedadefaz a afectao dos seus recursos escassos.
Como disciplina acadmica, a economia tem dois sculos. Adam Smith publicou o seu livro pioneiro
A riqueza das Naes em 1776 (ano da declarao de independncia dos E.U.A1), dando um
elevado contributo na anlise do modo como os mercados organizavam a vida econmica egeravam um rpido crescimento econmico. Demonstrou que um sistema de preos e de mercado capaz de coordenar os indivduos e as empresas sem necessidade de qualquer direco central.Comeava a era do capitalismo, marcada pela proliferao das empresas do sector ferrovirio, txtile outros, que estenderam a sua influncia a todas as partes do mundo. Com o incio da RevoluoIndustrial na Gr-Bretanha, desenvolveu-se paralelamente a ideologia do liberalismo clssico e docapitalismo. Estas ideias liberais eram baseadas nos fundamentos da doutrina do lassaiz-faire,segundo a qual caberia aos governos assumirem exclusivamente as funes que apoiassem eestimulassem as actividades lucrativas, e a interferncia governamental era proibida nos demaisassuntos econmicos. O liberalismo proporcionou as bases filosficas do sistema capitalista e criouna Inglaterra uma atmosfera favorvel ao desenvolvimento do sistema fabril.
Adam Smith mostrou uma preocupao com a anlise das empresas, no contexto da sua situaoperante o mercado, desenvolvendo as ideias do laissez-faire e mo invisvel, procurando explicar aformao dos preos com base em duas teorias de organizao do mercado, a saber, aconcorrncia perfeita e o monoplio. A primeira foi adoptada na Teoria Econmica tradicional pormais de 150 anos sem contestao. Nesse sistema, a empresa tem os seus preos determinadospelo mercado, atravs da inter-relao entre a oferta e a procura. A flutuao dos preos determinaa produo, os custos e o lucro. Para Adam Smith, o sistema de preos era infalvel, pois levariasempre ao equilbrio de firma e da economia.
Assim, resumidamente, o mercado de concorrncia perfeita ou pura concebido como organizadopor um grande nmero de empresas, que individualmente so pequenas em relao ao todo(mercado) e no podem exercer influncia perceptvel no preo. O produto homogneo, ou seja,
qualquer empresa vende um produto idntico ao de qualquer outra e, portanto, os compradores soindiferentes ao comprarem a qualquer vendedor Observa-se a existncia da livre mobilidade dosrecursos, no sentido de que cada recurso pode imediatamente entrar e sair do mercado comorespostas a impulsos monetrios. O outro sistema de organizao de mercado examinado pelosclssicos o monoplio, definido como uma situao em que h apenas um produtor num mercadobem definido, sem a existncia de rivais ou concorrentes directos.
Posteriormente, com os neoclssicos, a Teoria dos Preos foi formulada em termos de uma novateoria do valor baseada nos conceitos de utilidade (j desenvolvidos pelos clssicos) passou aconstituir a essncia do pensamento microeconmico, ou seja, da tomada de decises. A teoria daempresa, desenvolvida sobre este prisma, passa a descrever o equilbrio da empresa como sendo
1 No uma coincidncia o aparecimento destes dois documentos. O movimento pela libertao poltica da tirania dasmonarquias europeias surgiu quase simultaneamente com as tentativas de emancipao dos preos e salrios da pesadaregulamentao estatal.
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baseada em ajustes marginais, ou seja, em termos das variaes em unidades adicionais deproduo (teoria da produo) e de custos (teoria dos custos).
Um sculo depois, surge Karl Marx (1867, 1885, 1894) que com o seu trabalho O Capital, veio
tecer uma enorme crtica ao capitalismo, condenando-o pelos seus ciclos econmicos, e pelasprofundas depresses que os caracterizavam. Marx defendia que estas depresses iriam criarmovimentos revolucionrios, conduzindo ao socialismo. A sua corrente de pensamento era oposta neoclssica, surgindo como resposta aos elevados custos sociais e decrscimo do bem-estar,
decorrentes do capitalismo e revoluo industrial2.
Nas dcadas que se seguiram, os acontecimentos pareciam confirmar as profecias de Marx. Opnico econmico e as profundas depresses dos anos 90 do sculo passado e dos anos 30 doactual levaram os intelectuais do sculo XX a questionar a viabilidade do capitalismo da empresaprivada. Os socialistas comearam por aplicar o seu modelo na Unio Sovitica em 1917 e por voltade 1980 cerca de um tero do mundo era regido por doutrinas marxistas.
Em 1936, na sequncia da grande depresso, John Maynard Keynes publicou A Teoria Geral sobreo Emprego, o Juro e o Dinheiro. Esta obra fundamental descrevia uma nova abordagem daeconomia que ajudaria as polticas governamentais, fiscais e monetrias a suavizar os maioresestragos dos ciclos econmicos.
Nos anos oitenta, as perspectivas fundamentais de Adam Smith foram redescobertas, marcadaspela capacidade do mercado para gerar rpidas mudanas tecnolgicas e elevados padres de vida.No ocidente os governos reduziram a seu papel regulamentador e liberalizaram os preos. NaEuropa de leste (1989) os pases socialistas abandonaram o seu aparelho de planeamento central epermitiram que as foras de mercado se desenvolvessem novamente.
Definio de economia: o estudo da forma como as sociedades utilizam os recursos escassos paraproduzir bens com valor e como os distribuem entre os seus diferentes membros.Na nossa cadeira distinguiremos entre macroeconomia, que estuda o funcionamento da economiacomo um todo, e microeconomia, que estuda o comportamento dos componentes individuais taiscomo a indstria, a empresa e o indivduo.
No incio tnhamos apenas o conceito de economia. Apesar da existncia simultnea dos doisbraos econmicos ao longo dos sculos, a sua diviso s comeou a ser mais transparente a
partir da 1 grande depresso de 1930, em que Ragnar Frish3 (1985-1973), um economista
noruegus, criou as palavras micro-dinmica e macro-dinmica (1933) para denotar aquilo a quehoje chamamos micro e macroeconomia.
As diferenas entre os dois ramos da economia so:
A microeconomia lida com as escolhas individuais enquanto a macro lida com agregadoseconmicos (consumos totais, produo total, etc.). A distino contudo sujeita algumasqualificaes pois mesmo em microeconomia lidamos com agregados como procura total, procurade mercado para o trabalho, oferta da indstria. Contudo a diferena reside no facto de que estesagregados so derivados das escolhas individuais (para alm de na micro estudarmos agregados deprodutos homogneos; no estudamos a procura combinada entre maas e laranjas). Namacroeconomia falamos por exemplo de PNB (produto nacional bruto), que o agregado de muitostipos diferentes de produtos.
2 A revoluo industrial elevou a produtividade do trabalho a nveis inusitados para a poca, com a multiplicao das fbricase a ampliao da utilizao da mquina, que se fez custa do bem-estar social.3 Conjuntamente com o economista Alemo Jan Tinbergen ganhou o Prmio Nobel da Economia.
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Na microeconomia, os preos relativos tem um papel fundamental na anlise econmica. Aqui nsestudamos a resposta dos consumidores e produtores a alteraes relativas dos preos, tratandosempre a questo de uma forma homognea. Na macroeconomia os preos tm uma importnciarelativa.
1.2. A ESCASSEZ E A ESCOLHA
A microeconomia o estudo de como as pessoas fazem opes sob condies de escassez. Nodevemos dar uma interpretao restritiva escassez porque mesmo quando os recursos materiaisso abundantes outros recursos importantes no o sero.
Ex. O dinheiro um recurso escasso, mas para um magnata que contraia uma doena mortal aescassez no reside no dinheiro, mas sim no tempo, na energia e na mobilidade fsica necessria ao
desempenho das suas actividades normais.
O tempo e o dinheiro no so os nicos recursos escassos. Toda a escolha envolveconsideraes importantes de escassez. Conviver com a escassez a essncia da condiohumana. Na verdade, se no fosse o problema da escassez, a vida ficava desprovida de muito doseu sentido e dificilmente qualquer deciso teria importncia para algum com um tempo de vidainfinito e recursos materiais inesgotveis.
De facto, toda a nossa vida um complexo problema de mltipla escolha. Simultaneamente, osindivduos e as empresas tem inmeras escolhas e decises a tomar (quando e como aumentar ooutput, produzir o output interna ou externamente; etc.), e nem todas podem revestir acaracterstica econmica (apesar de existir sempre uma possvel explicao). Na nossa anlise
preocupar-nos-e-mos com as escolhas econmicas mais convencionas, envolvendo a alocao derecursos escassos de forma eficiente.
Os recursos produtivos so usualmente classificados nas seguintes categorias:
- Recursos naturais: terra, gua, ar, minerais e florestais;
- Recursos humanos: trabalho especializado e no especializado;
- Recursos de capital: mquinas, equipamentos, edificaes;
- Recursos organizacionais: uma categoria especial que deriva da combinao e potenciao dos
recursos da instituio. Consiste na combinao dos trs recursos anteriores para produo de umoutput. Esta aco envolve riscos, cabendo ao empresrio a responsabilidade organizativa.
No futuro falaremos de recursos produtivos com factores de produo e estudaremos a forma comoas empresas combinaro os recursos escassos na produo de bens e servios. Bens e servios quetambm sero escassos para o consumidor, sendo as suas alocaes feita (em sistema capitalista)atravs dos mercados. Aqui os consumidores tero que decidir, tendo em ateno que o seu poderde compra limitado (escasso) e deve ser alocado pelos diferentes tipos de bens e servios, queconstituem o seu cabaz de compras.
O nosso objecto de estudo centrar-se- nas decises individuais feitas pelos consumidores,empresas e governo (que de uma forma menos extensa afecta a ltima alocao dos recursos
escassos da sociedade).
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1.3. QUESTES NORMATIVAS E QUESTES POSITIVAS NAANLISE ECONMICA
Num sentido mais lato saber se as reas de floresta virgem devem ser ou no protegidas, ou se ogoverno deveria ou no garantir o rendimento mnimo nacional so afinal questes normativas -questes que envolvem os nossos valores. Uma questo normativa urna questo sobre o que temde ser ou deveria ser. Por si s a anlise econmica no consegue responder a estas questes.
A anlise econmica pisa terrenos mais firmes quando se trata de responder a questes positivas -questes acerca das consequncias polticas e mecanismos institucionais especficos. Seproibirmos o abate de rvores nas florestas virgens, o que pode acontecer ao preo da madeira?Que outros materiais poderiam ser desenvolvidos e a que preo? Qual a influncia do rendimentomnimo nacional no desemprego? Estas so questes econmicas positivas, e as respostas sonitidamente importantes para o nosso pensamento sobre as questes normativas subjacentes. Aqui
as afirmaes econmicas comeam com pressupostos a partir dos quais se derivam concluses(comprovadas empiricamente). A anlise econmica positiva no envolve valores ou opinies, tendoas suas respostas relevncia importante para a formao do nosso pensamento sobre as questesnormativas subjacentes.
1.4. A RACIONALIDADE ECONMICA
Ser racional quer dizer tomar decises de acordo com o critrio custo-benefcio, isto , actuar se es se os benefcios excederem os custos.
Existem dois critrios de racionalidade:
Baseada no egosmo - critrio segundo a qual o indivduo racional considera somente os custos ebenefcios que se referem directamente a eles. Este padro, explicitamente, anula motivaes comotentar fazer os outros felizes, tentar fazer o que esta correcto, etc.
Baseado no objectivo imediato - teoria segundo a qual as pessoas racionais agem eficientemente naprocura de qualquer objectivo que tenham no momento da tomada da deciso. O atractivo destecritrio mais geral o de que ele envolve motivaes (dever, gostar, caridade, etc.).
Por exemplo, se o desejo irresistvel de um fumador o de saborear um charuto esta conduta seria
racional segundo o critrio do objectivo imediato, sempre que a pessoa no pagasse mais pelocharuto do que o necessrio. O facto de se arrepender posteriormente a ter fumado um cigarro, ou,inclusive isso ser causa de morte prematura, no simplesmente relevante segundo este critrio.Segundo o critrio do egosmo, pelo contrrio, esta conduta seria irracional.
Ambos os critrios encontram amplas aplicaes na anlise econmica. Qualquer um dos padresque empreguemos implica uma soluo de compromisso.
1.5. O CRITERIO DO CUSTO/BENEFCIO NO PROCESSO DEDECISO
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The true cost of any decision includes the cost of the best forgone opportunityA thorough understanding of costs is fundamental to understanding economic decision making.
Muitas das opes que os economistas estudam podem ser resumidas na seguinte questo.
Deverei efectuar a actividade x'?
Os economistas do resposta a estas questes, comparando os custos e benefcios da actividadeem questo. A regra de deciso a usar simples. Se:
C(x) representa os custos de fazer xeB(x) os beneficiosEnto;se B(x)>C(x) implica fazer x . De outro modo, no.Para se aplicar esta regra, necessitamos de definir e medir os custos e benefcios. Os valoresmonetrios so um til denominador para este propsito, mesmo quando a actividade no temnada a ver com o dinheiro.
1.5.1. OS ERROS MAIS COMUNS NA TOMADA DE DECISO.
Erro 1. Ignorar o custo de oportunidadeImagine que costuma ir a discoteca todas os sbados, e que para si vale 5.000u.m.. O consumomnimo de 3 000u.m.. contudo este no o nico custo para ir discoteca. Deve ter tambm emconsiderao o valor da alternativa mais atractiva a que renunciar no caso de ir a discoteca.Suponha agora que se no for, ficar a trabalhar como assistente para um dos seus professores.Este trabalho rende-lhe 4.000u.m. por dia, e gosta tanto de o fazer que o faria mesmo sem serpago. Assim, a questo que se coloca Devo ir discoteca ou ficar a trabalhar como assistente?"
Neste caso, o custo no somente o custo explcito de ir discoteca (3 000u.m.) mas tambm ocusto de oportunidade de perder o seu salrio (4.000u.m.), O total dos custos so de 7.000u.m., oque ultrapassa o benefcio que e 5.000u.m..
Devo trabalhar primeiro ou tirar antes um curso universitrio?As despesas relativas a frequncia num curso universitrio no se limitam ao custo das propinas,alimentao, alojamento, livros e outros materiais escolares. Incluem tambm o custo deoportunidade dos salrios perdidos enquanto se estuda. Este custo tanto maior quanto maior for aexperincia profissional, ou seja, menor quando se comea a trabalhar depois de terminar oensino secundrio.
Considerando o lado dos benefcios, uma das vantagens de um curso universitrio proporcionarsalrios mais elevados, e quanto mais cedo se entrar para a Universidade mais tempo poderbeneficiar desta vantagem. Um outro factor importante o facto de que normalmente o tipo de
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emprego que se arranja menos desagradvel, quanto mais instruo e experincia se tiver.Iniciando de imediato um curso universitrio possvel evitar os trabalhos menos agradveis. Porisso para a maioria das pessoas, faz mais sentido tirar primeiro um corso universitrio e s depoiscomear a trabalhar. certamente mais sensato frequentar um curso universitrio com 20 anos do
que com 50. Este exemplo uma ilustrao perfeita do argumento de Friedman relativamente aomodo de avaliar uma teoria. Ningum pensa que os estudantes que terminam o ensino secundriodecidem quando devem iniciar o seu curso universitrio com base em clculos que envolvem custosde oportunidade Pelo contrrio, a maior parte dos estudantes vai para uma universidade assim quetermina o ensino secundrio porque o que fazem todos os seus colegas. Socialmente o que sedeve fazer. Este hbito no surgiu do nada, e tem subsistido porque talvez o mais eficiente.
Porque que os bancos pagam juros?Suponha que banqueiro e que algum lhe deposita 1 000 u.m. no dia 1 de Janeiro sem que voc
tenha que lhe pagar juros. Voc pode pegar no dinheiro e comprar um bem produtivo, como porexemplo um pinhal. Suponha que todos os anos as rvores crescem em mdia 6% e que o preo deuma rvore proporcional quantidade de madeira que contm Nesta ptica poderia ao fim do anovender o pinhal por 1060 u.m. e ganhar 60.
Mas esta opo tambm valida para a pessoa que depositou o dinheiro no seu banco. Esta pessoaestar disposta a deix-lo utilizar o seu dinheiro, mas apenas se voc o compensar pelo custo deoportunidade de no o ter utilizado ele prprio. Se lhe pagar 5% de juros, ele provavelmente aceitarj que no ter o trabalho de cuidar das rvores, ficando voc com os restantes 1% ( 10 u.m.) porter tratado desse assunto.
O conceito de Custo de oportunidade tem tanto de simples como de importante no estudo da
microeconomia. A arte de aplicar este conceito correctamente est na forma como se conseguereconhecer o maior valor alternativo que sacrificado com o prosseguimento de uma certaactividade.
Erro 2. No ignorar os custos irrecuperveisFrequentemente um custo de oportunidade no parece ser um custo relevante, quando narealidade o . Outro erro comum quando se tomam decises considerarmos determinado custocomo relevante quando na realidade no o . Isto acontece frequentemente com os custosirrecuperveis, custos esses que j foram incorridos no momento em que a deciso tomada. Ao
contrrio dos custos de oportunidade, estes custos devero ser ignorados. O princpio de que sedevem ignorar os custos irrecuperveis ressalta claramente, do seguinte exemplo.
Voc est a planear uma viagem de cerca de 400 km. excepo do custo, -lhe completamenteindiferente entre ir no seu prprio carro ou de avio. O bilhete de avio custa 13 000u.m., e vocno sabe qual ser o custo de levar o seu carro. Assim, telefona para a Hertz para ter um valorestimativo. A pessoa com quem fala diz-lhe que para fazer essa estimativa deve comear porconsiderar os custos de um carro tpico, onde se fazem, por exemplo, 17 000 Km. Assim:
Seguro 130 000u.m.
Juros 260 000u.m.
Combustvel e leo 130 000u.m.
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Manuteno 130 000u.m.
Total 650 000u.m.
Dividindo este valor total por 17000 Km, conclui que o preo por Km 38u.m.20. Se usa estenmero para calcular a custo da viagem de carro, conclui que lhe iria custar 15 280u.m.. Dado queeste valor mais elevado do que os 13 000u.m. do bilhete do avio, decide ir de avio. Se decidirdesta maneira, voc comete um erro no considerar os custos irrecuperveis. O valor do seguro edos juros no varia conforme o nmero de quilmetros que efectua num ano. Ambos so custosirrecuperveis e sero sempre os mesmos quer viaje ou no com o cano. Dos custos mencionados,o leo, o combustvel e a manuteno so os nicos que variam consoante o nmero de quilmetrosque efectuar. Isto d-lhe um custo de 260 000u.m. por 17 000km, ou seja, 15u.m.30/Km. Ao preode 15u.m.30/km, a viagem s lhe custar 6120u.m.; e dado que este valor muito mais baixo queo bilhete de avio, deve ir de automvel.
No Exemplo anterior, note o papel desempenhado pela suposio de que, exceptuando os custos,lhe era indiferente o meio de transporte utilizado. Isto permite-nos afirmar que o nico factor que sedevia considerar era o custo actual dos dois modos de transporte. Se preferisse um meio ao outro,tinha tambm de ter em considerao o peso dessa preferncia. Assim, por exemplo, se estivessedisposto a pagar 7800u.m. para evitar a maada de guiar, o custo real de guiar passaria a ser de 13920u.m., e no 6120u.m., e neste caso deveria ir de avio.
Erro 3. Focar apenas alguns custos relevantes
Uma pessoa que ao tomar uma deciso seja vtima da falcia do custo irrecupervel, tem emateno um custo que deveria ter ignorado. A falcia do custo de oportunidade exactamente ooposto: ignorar custos que deveriam ter sido considerados. Mas o exemplo que se segue tornarclaro que os custos de oportunidade no so os nicos custos que as pessoas tendem a ignorar.
O impulso de muitos consumidores preocupados com a poupana de combustvel seria escolherimediatamente um carro com baixo consumo de Combustvel como o Opel Corsa TD. Masprovavelmente no haver tantas Corsas TD disponveis. Suponha que existe um total de 1000Corsas TD e 1000 Sport 1.4 gasolina. Se alugar um Diesel em vez de um a gasolina, algum ter dealugar um a gasolina em vez de um a Diesel. Se o meu objectivo poupar energia s deveria alugaro Diesel se a pessoa que vai ficar com o a gasolina fizer menos quilmetros por ano do que eu.
Mas quem que pode adivinhar se isso que vai acontecer? Se as taxas de aluguer dos doisautomveis estiverem estabelecidas no mercado e cada um escolher geralmente o carro que vaiminimizar as suas despesas totais com as deslocaes, podemos dizer isto: o facto de eu escolher
um Diesel vai reduzir o consumo de energia da sociedade se, e apenas se, o TD for menosdispendioso, para mim, do que o 1.4Gasolina. Para perceber porqu, repare primeiro que, se agasolina custar 168u.m. o litro, o custo anual do Corsa a gasolina dado pelo clculo
em que K o nmero de quilmetros que eu fao por ano e 340.000u.m. a aluguer anual do veiculoem 5 anos. O custo correspondente para o Diesel ser:
( )100
16810000.340
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KgC
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Estes custos sero absolutamente iguais se eu fizer exactamente 36.363 Kms por ano (para obter
este nmero iguale as equaes e resolva em ordem a K). Se eu andar mais de 36.363quilmetros, o Diesel ficar mais barato; se eu andar menos, ser o gasolina o mais barato. Assim,por exemplo, se andar 6000 quilmetros por ano, deverei escolher o a gasolina, mesmo que apoupana de energia seja a minha nica preocupao.
Mas como que vou saber se a pessoa que vai ficar com o Diesel que eu poderia ter alugado oucomprado no vai fazer ainda menos quilmetros do que eu? Se todos seguirem a regra "conduzir ocarro menos dispendioso" tal no acontecer com as taxas de aluguer indicadas. (Se a gasolina ficarmais barata para mim, tambm ser mais barato para algum que faa menos quilmetros por anodo que eu). o que acontece se metade dos condutores, incluindo eu, andarem 6000 quilmetrospor ano enquanto todos os outros fazem 4000? Se fosse esse o Caso, ento todosconsiderariam ogasolina mais barato com estas taxas de aluguer e ningum ia querer alugar um a Diesel. Ascompanhias de aluguer de automveis iriam descobrir que podiam aumentar substancialmente ospreos dos gasolina e, mesmo assim, alug-los todos. Pela mesma ordem de ideias, teriam um forteincentivo para baixar as taxas de aluguer dos Diesel, caso no os quisessem ver ficar a ganhar pnos parques de estacionamento. Por fim, as taxas de aluguer dos dois automveis seriam ajustadasde modo a que os Diesel ficassem menos dispendiosos para os condutores que fazem muitosquilmetros, e os a gasolina ficassem menos dispendiosos para os que fazem poucos quilmetros.
Erro 4. O problema dos custos externos de uma actividadeO custo externo de uma actividade o custo que incide sobre pessoas que no esto directamenteenvolvidas nessa actividade. Suponha que tem um jardim em sua casa. Levar as folhas lixeiraprxima custa-lhe 2.000u.m. e queim-las fica em apenas 100u.m.. Se voc est apenasinteressado nos custos, vai certamente decidir queimar as folhas. O problema que queimar asfolhas acarreta um importante custo externo, o que significa um custo que recai sobre pessoas queno esto directamente envolvidas na deciso. Este custo externo o prejuzo provocado pelo fumo.Esse custo no vai incidir directamente sobre o agente que toma a deciso (queimar as folhas), massobre as pessoas que moram na direco do vento. Suponha que as prejuzos provocados pelofumo montam a 2500 u.m.. O bem da comunidade exige que as folhas sejam levadas, e noqueimadas. Contudo, do seu ponto de vista, ser melhor queim-las.
A Teoria Econmica tem como objectivo resolver o problema da escassez, ou seja, afectar os
recursos escassos utilizaes alternativas da forma mais eficiente.
H sempre custos associados a qualquer escolha e a escolha existe sempre, quer no consumidor,produtor ou governo. A escolha resulta de um processo de deciso, que deve ser sempre ptimo eeficiente.
A Teoria Econmica pretende representar a realidade da forma mais aproximada possvel, da queseja uma cincia social dedutiva, com elevado grau de abstraco.
1.6. O MERCADO
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Mercado o mecanismo pelo qual os compradores e vendedores de uma mercadoria se confrontampara determinar o seu preo e quantidade.
Num sistema de mercado tudo tem preo. O preo representa o valor de um bem em termos
monetrios, ou seja, representam as condies em que os indivduos e as empresas trocam osdiferentes bens. Quando concordo em comprar um telemvel a um vendedor por 50.000u.m., istosignifica que ele vale mais de 50.000u.m. para mim e menos de 50.000u.m. para o vendedor.
Os preos tambm servem de sinais para os produtores e consumidores. Se por exemplo osconsumidores quiserem mais telemveis, a sua procura ir aumentar, mas como os vendedoresesto com as suas existncias reduzidas aumentam o preo do produto para racionar a ofertalimitada. Por sua vez o preo mais elevado ir estimular a produo (o contrrio tambm verdadeiro).
O que verdade para os mercados de consumo tambm o para os mercados de factores deproduo, tais como o trabalho, capital, etc., Os preos coordenam as decises dos produtores e
dos consumidores num mercado. Os preos mais elevados tendem a reduzir as compras dosconsumidores e estimularem a produo. Os preos mais baixos estimulam o consumo e retraem aproduo.
Os preos so o pndulo do mecanismo de mercado
O equilbrio de mercado representa um equilbrio entre todos os compradores e vendedores. Todos,consumidores e empresas pretendem comprar ou vender algumas quantidades dependendo dopreo. O mercado estabelece o preo de equilbrio que equipara os desejos dos vendedores econsumidores. O preo representa o equilbrio entre a oferta e a procura. Os preos ajudam aequiparar o consumo e a produo (a oferta e a procura).
Os trs problemas econmicos - O qu, como e para quemO prprio mercado tem capacidade para resolve-los, atravs do seu equilbrio.
1. O qu ser produzido determinado pela deciso de compra dos consumidores. Odinheiro que deixa nas caixas das empresas vai acabar por proporcionar os salrios, as rendas e osdividendos que os consumidores, como empregados, recebem como remunerao.
As empresas, por seu lado, so movidas pelo desejo de maximizar os seus lucros - lucros quecorrespondem a diferena entre as receitas lquidas (lucro total), ou a diferena entre as vendas e
os custos totais (as empresas so atradas pelos lucros elevados da produo de bens com elevadaprocura.
Os custos relativos tambm afectam a produo e o comrcio entre pases. O Japo produz eexporta electrnica de consumo e importa alimentos, enquanto os EUA importam electrnica deconsumo e exportam alimentos. Quem toma estas decises? o governo ou o congresso japons?De facto no nenhum deles. o sistema de preos quem toma as decises. Dado que existe emabundncia nos EUA, a terra relativamente barata e os custos dos alimentos so relativamentebaixos. Porque a terra escassa e cara no Japo, enquanto o talento tecnolgico relativamenteabundante, os custos dos alimentos so relativamente elevados enquanto os da electrnica deconsumo so baixos. Analisando os sinais dos preos da terra e do trabalho, as empresas, osagricultores e os consumidores podem escolher o bem que ser mais apropriado produzir, negociar
e consumir.
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2. A concorrncia entre os diferentes produtores que determina como as coisas so produzidas. Amelhor forma de os produtores alcanarem um preo de concorrncia e maximizarem o lucro manterem os custos no mnimo, atravs da adopo dos mtodos de produo mais eficientes.
O mais importante a apreender o posicionamento tecnolgico e a forma mais eficiente de utilizar atecnologia ao longo do tempo.
3 - Para quem so as coisas produzidas determinado pela oferta e procura nos mercados dosfactores de produo - Os mercados determinam os salrios, as rendas da terra, as taxas de juro eos lucros - passaremos a design-los por preos dos factores de produo. Atravs do somatrio dosrendimentos dos factores de produo, podemos calcular o rendimento da populao. A repartiodo rendimento entre a populao portanto determinada pelo montante possudo de factores(horas-homem, hectares de terreno, etc.) e pelos preos dos factores (nveis salariais, rendas daterra, etc.).
1.6.1.AFINAL QUEM DIRIGE O MERCADO?
Os consumidores no podem, por si s, ditar quais os bens que devem ser produzidos. A procurados consumidores tem de se encaixar com a oferta de bens e servios pelas empresas.
Os custos empresariais e as decises de oferta, juntamente com a procura dos consumidores,ajudam a determinar o que deve ser produzido.
Os mercados funcionam como um link, que reconcilia os gostos dos consumidores com aslimitaes tecnolgicas das empresas.
O lucro tem um papel muito importante no dia-a-dia do mecanismo de mercado, constituem oprmio ou castigo para as empresas, induzindo-as a produzir da forma mais eficiente possvel osbens mais desejados.
Uma imagem dos Preos e dos Mercados
A figura abaixo representada d-nos uma viso global de como os consumidores e produtoresactuam em conjunto para determinar os preos e as quantidades, tanto de factores de produocomo das produes.
Em cima esto os mercados dos produtos, em baixo os mercados dos factores de produo.
Os consumidores compram bens e vendem factores de produo, as empresas vendem bens eservios e adquirem factores de produo. Os consumidores usam o seu rendimento da venda detrabalho e outros factores para adquirir bens s empresas; estas baseiam os preos dos seus bensnos custos do trabalho e do patrimnio. Os preos nos mercados de bens so estabelecidos demodo a equiparar a procura dos consumidores com a oferta das empresas; os preos no mercadode factores so estabelecidos de modo a equilibrar a oferta dos consumidores com a procura dasempresas.
A procura e a oferta formam uma teia de relaes interdependentes que se conjugam atravs domecanismo de mercado para resolver os problemas econmicos.
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Figura 1. O funcionamento do mercado.
Fonte: Adaptado de Frank, R, 2002, Microeconomia e o Comportamento, McGrawHill.
1.6.2.A MO INVISVEL NO CONTEXTO DA CONCORRNCIA PERFEITA
Foi Adam Smith quem proclamou o princpio da Mo Invisvel. Decorrente do princpio daracionalidade egosta, todo o indivduo levado por uma mo invisvel a atingir o melhor bempossvel. Num contexto de concorrncia perfeita (mercado em que nenhuma empresa ouconsumidor suficientemente forte para afectar o preo de mercado) a interferncia governamentalseria prejudicial, pois estaria a condicionar a utilizao dos recursos da forma mais eficiente. Nummercado concorrencial a afectao dos recursos sempre eficiente, encontrando-se a economia nasua fronteira de possibilidades de produo (conceito estudado na Introduo Economia). Contudoquando se verifica uma situao de concorrncia imperfeita (por ex. Se a EDP elevar o preo daenergia elctrica para ganhar lucros extraordinrios e assim criar maiores dividendos para os seus
accionistas no esquecer que foi recentemente parcialmente privatizada estar a produzir essebem abaixo do nvel de maior eficincia, logo a afectar a economia. Neste caso os preos no so
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determinados pelos custos de produo ou mercados, desaparecendo a propriedade da moinvisvel.
Em concorrncia perfeita e sem falhas de mercado, os mercados conseguiro extrair tantos bens e
servios quantos os recursos disponveis o permitam.
1.7. O PAPEL ECONMICO DO ESTADO
Como sabemos, uma economia de mercado perfeitamente concorrencial no existe. As economiasde mercado esto prejudicadas pelo:
Monoplio; Poluio;
Desemprego e inflao; Injustia na repartio do rendimento.
Em resposta s falhas de mercado (mecanismos de mercado), os pases introduziram o conceito daMo Visvel do Governo:
Substituindo o mercado ao possurem certas actividades;
Regulamentado; Incentivando o Investimento, Investigao e Educao; Cobrando impostos redistribuindo rendimento
As trs funes bsicas que o Estado deve promover so:
1. Eficincia As falhas de mercado levam a ineficincias:Em situaes de concorrncia imperfeita, o preo no determinado pelo mecanismo de mercado.Um ex. tpico o poder monopolstico que conduz a alteraes na prpria estrutura de mercado. Nasltimas dcadas os governos tm refreado este poder atravs da proibio de fixao de preos oudivises de mercado.
Dentro da economia existem Externalidades 4, que ocorrem quando as empresas, indivduo ou
estado impe custos ou benefcios a outros que se situam fora do mercado. O governo criouregulamentao prpria para externalidade como a poluio do ar, da gua, sonora, detritosindustriais, etc.,
Os Bens pblicos so actividades econmicas que proporcionam grandes ou pequenos benefciospara a comunidade. Estas actividades no podem ser entregues iniciativa privada, porque no agere da forma mais eficiente possvel (ex. construo de auto-estradas, apoio a cincia e sade).
2. Equidade Os mercados no produzem necessariamente uma repartio do rendimento quepossa ser encarada como socialmente justa ou equitativa. Uma sociedade de mercado de purolaissez-faire poder produzir nveis de desigualdade do rendimento e do consumo que sejaminaceitveis. O rendimento pode ser resultado de padres aleatrios como a herana, o azar, o
4 Existem crticos e defensores da regulamentao dos mercados e externalidades. Tudo se prende forma como ela efectuada.
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preo dos factores, acasos tecnolgicos5. Como forma de repartio do rendimento existem os
impostos e/ou sistemas de transferncia de rendimento (Seg. Social, subsdios, etc.)
3. Crescimento econmico e estabilidade os governos atravs de polticas e instrumentosmacroeconmicos (polticas fiscais e monetaristas) conseguem (s vezes) influenciar os nveis dedespesa, produto, inflao e desemprego.
5 Um acaso tecnolgico, como por exemplo a inveno de um robot, poder reduzir a mo de obra em determinadaactividade, transferindo o rendimento para os proprietrios da tecnologia.
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2.PROCURA E OFERTA
A temtica da economia encontra-se associada, a maior parte das vezes, a procura e oferta. A
anlise da procura e oferta considerada como uma importante ferramenta exploratria e
preditiva.
Antes de iniciarmos o estudo em mais detalhe, e como este um curso introdutrio,
procuraremos clarificar alguns do termos utilizados:
- A procura a relao entre o preo de mercado e a quantidade que os consumidores esto
dispostos a adquirir de determinado produto. Quando falamos de procura estamo-nos a referir a
uma quantidade desejada. Este pressuposto muito importante para o entendimento de que aquantidade que os consumidores procuram de determinado bem e a determinado preo de
mercado nem sempre a quantidade que as pessoas adquirem.
- A oferta traduz a relao entre o preo de mercado e a quantidade que as empresas
(vendedores) esto dispostos a oferecer no mercado.
A anlise baseada na oferta e procura do tipo what if (e se..), representando o relacionamento
entre quantidades oferecidas e procuradas a determinado nvel de preo do mercado.
Poderemos considerar uma curva da procura do Ferrari Enzo Dino que procurar responder a
quantas unidades seriam compradas se o seu preo de venda fosse de 10.000. Com certeza aresposta seria: muitas! Esta resposta traduziria um desejo e no as quantidades reais de ferraris
que seriam adquiridas no mercado, uma vez que a quantidade oferecida a este preo seria
prxima ou mesmo igual a 0 (zero). O estudo da procura e da oferta permitem-nos retirar algumas
concluses sobre as alteraes do comportamento dos agentes face a alteraes de variveis do
meio envolvente ao mercado, organizao ou ao consumidor. Este estudo dever ser feito antes
da ocorrncia das alteraes, tornando-se um importante instrumento na predio das
consequncias de fenmenos econmicos (e.g. o que acontecer se o imposto sobre um bem
aumentar 10%?).
Outro conceito importante a reter o de preo de mercado. Na nossa anlise iremos trat-lo de
forma indistinta relativamente a factores como a localizao, espao de venda, qualidade do
produto Sabemos que o preo uma varivel importante para o consumidor e que o mesmo
diferenciado por loja, regio e outros factores que potenciam a descriminao. Contudo vamos
encara-lo como uma espcie de preo mdio de mercado.
De notar que nossa anlise iremos relacionar duas variveis: preo e quantidade. Do ponto de
vista formal o preo poder explicar a quantidade procurada ou oferecida, ou a quantidade
procurada e/ou oferecida podero explicar o preo a fixar no mercado.
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3. ELASTICIDADESNo estudo da procura e oferta de mercado muito importante a medio da resposta dos
consumidores s alteraes dos preos dos produtos e do seu rendimento. Sabemos j que a
procura inversamente relacionado ao preo, ou seja, quanto maior o preo menor ser a
quantidade procurada. Sabemos ainda que, regra geral, quanto maior o rendimento maior ser a
quantidade procurada de determinado bem.
O conceito de elasticidade permite-nos conhecer a sensibilidade da quantidade procurada face
alterao de variveis como o preo de determinado produto, o rendimento ou o preo de produtos
que de alguma forma estejam relacionados. assim usado para medir a reaco dos consumidores
face a mudanas em variveis econmicas.
Por outro lado o estudo das diferentes elasticidades permitem-nos caracterizar algumas tipologias
de bens como os bens normais, inferior, complementares ou substitutos.
3.1. A ELASTICIDADE-PREO DA PROCURA (Ed)
A elasticidade preo da procura (Ed) mede a reaco dos consumidores s mudanas no preo.
Essa reaco calculada pela razo entre duas variaes percentuais. A variao percentual na
quantidade procurada dividida pela variao percentual no preo. Ou seja,
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Exemplo: o preo do leite muda de 2,00 u.m. para 2,20 u.m.. Qual ser a elasticidade preo da
procura do leite se a quantidade procurada de leite de 85 mil de litros por ano quando o preo
2,20 e de 100 mil de litros por ano quando o preo 2,00 u.m.. A resposta simples:
A variao absoluta na quantidade foi de 15 mil de litros (100 85) e traduz uma diminuio. Em
termos percentuais isso equivale a 15% pois, a quantidade era de 100 mil litros a 2,00 u.m. que era
o preo inicial. Quando o preo aumentou para 2,20 u.m. houve uma queda na quantidade
procurada de 15% [100(85 100)%/100].
A variao absoluta no preo foi de 0,20 u.m. (2,20 2,00) traduzindo um incremento no preo. Em
termos percentuais isso equivale a 10% pois, o preo inicial era 2,00 e aumentou para 2,20 houve
um aumento de 10% , 100 10%.
A elasticidade desta mudana ser: d%% %% 1,5
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Nota: dada a relao inversa entre a procura e a oferta necessria a utilizao de um mdulo para
obtermos um resultado positivo. No esquecer que se a variao do preo foi negativa a variao da
quantidade procurada ser positivo e vice-versa.
Frmula da Elasticidade no arco:
CLASSIFICANDO BENS DE ACORDO COM A SUA ELASTICIDADE PREO DA PROCURA
1. ELSTICOS
Se a elasticidade preo do bem for maior que 1,00 diz-se que a procura desse bem elstica. A
variao percentual na quantidade excede a variao percentual do preo. Ou seja, os
consumidores so bastante sensveis a variaes no preo.
2. INELSTICOS
Se a elasticidade preo do bem for menor que 1,00 diz-se que a procura por esse bem inelstica.
A variao percentual na quantidade menor que a variao percentual no preo. Ou seja, os
consumidores so relativamente pouco sensveis a variaes no preo.
3. ELASTICIDADE UNITRIA
Se a elasticidade preo do bem for igual a 1,00 diz-se que a procura por esse bem de elasticidade
neutra. A variao percentual na quantidade igual variao percentual no preo.
ELASTICIDADE E BENS SUBSTITUTOS
A elasticidade preo da procura para um bem em particular influenciada pela disponibilidade ou
no de bens substitutos. Quanto mais bens substitutos estiverem disponveis mais elstica a
procura, se no h bens substitutos a procura inelstica.
OUTROS DETERMINANTES DA ELASTICIDADE1. Tempo: elasticidade de Curto Prazo e elasticidade de Longo Prazo. Quanto mais tempo os
consumidores tiverem para procurar substitutos maior ser a intensidade de sua reaco.
2. Espao: a elasticidade de um mercado diferente da elasticidade de uma nica empresa. Aelasticidade do mercado diz quanto a quantidade global mudar se o preo geral foi alterado,
contudo se uma nica empresa muda seu preo a elasticidade poder ser outra.
3. Peso da aquisio no oramento do consumidor: se um bem representa pouco do oramentototal do consumidor a reaco ser menor a variaes de preo. Exemplo: aumento de 10% no
preo do lpis. Aumentou de 1,00 u.m. para 1,10 u.m.. Poucas pessoas deixaram de comprar
lpis por isso. Entretanto, se o bem ocupa um peso razovel no oramento do consumidor,
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ento as reaces sero maiores. Exemplo: O preo do automvel subiu 10%. Aumentou de
15.000,00 u.m. para 16,500,00 u.m.. A intensidade da reaco ser maior para esta
mudana. A procura ser mais elstica.
4. Bens necessrios versos bens suprfluos: para bens essenciais como po, arroz, feijo, etc. aprocura mais inelstica. Para bens de luxo a procura mais elstica.
Exemplos de ElasticidadesProduto Ed
Sal 0,1gua 0,2
Caf 0,3Cigarros 0,3Calados 0,7
Habitao 1,0Automveis 1,2Refeies em restaurantes 2,3
Viagens de Avio 2,4Cinema 3,7
A ELASTICIDADE DE UMA PROCURA LINEAR
A elasticidade muda a cada ponto. Ela aumenta a medida que os pontos vo se movendo para a
esquerda. Uma funo procura pode ter vrias elasticidades. De notar que a elasticidade preo da
procura tem uma influncia directa sobre a receita total da organizao ( )
0
20
4060
80
100
120
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Pre
Quantidade Procurada12 27 42
76
5046
16
rs
tu
v
w
-
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Em cada ponto as mudanas absolutas no preo igual a 4 unidades (80-76=4; 50-46=4; 20-16
=4) os percentuais de mudana nos preos so de: do ponto r para o s queda de 4 unidades ou 5%(4*100/80); do ponto t para o u queda de 4 unidades ou 8% (4*100/50); do ponto v para o wqueda de 4 unidades ou 20% (4*100/20). Essas so as mudanas nos preos.
As quantidades variam da seguinte maneira: do ponto r para o s aumento de 2 unidades ou 20%
(2*100/10); do ponto t para o u aumento de 2 unidades ou 8% (2*100/25); do ponto v para o w
aumento de 2 unidades ou 5% (2*100/40).
As elasticidades em cada mudana so de: Ed = 4,0 (de r para s); Ed = 1,0 (de t para u); Ed = 0,25
(de v para w). Teoricamente a elasticidade de uma recta vai de zero ao infinito.
USANDO A ELASTICIDADE PREO DA PROCURAA elasticidade preo da procura para um bem revela-se um instrumento fundamental para se poder
quantificar e predizer o quanto mais de um bem ser vendido a um preo menor e vice-versa.
ex.: Vamos supor que a elasticidade preo da procura de filmes num cinema igual a 2.Imaginemos que o director do cinema decide aumentar o preo do ingresso em 10%. Se o preo
inicial era igual a 5,00 u.m. e a quantidade vendida igual a 100 bilhetes por sesso ele agora dever
ter em ateno que a quantidade procurada sofrer uma diminuio igual a 20 bilhetes por sesso,
j que o preo ser fixado em 5,50 u.m. Vamos verificar a implicar desta deciso nas receitas do
cinema por sesso
Situao Preo fixado (1) Quantidade Procurada(2)
Receita obtida (1x2)
Inicial 5,00 100 500Alterao do preo 5,50 80 440Em geral o aumento de preo do bilhete de cinema tem dois efeitos, do ponto de vista do
empresrio:1. Efeito Positivo de vender a um preo mais alto.2. Efeito Negativo de vender menor quantidade.
Neste caso a deciso de aumentar o preo ou no depender de qual dos efeitos supera o outro.
Verifica-se uma diminuio da receita total, contudo ainda no poderemos concluir nada sem
conhecer as implicaes na estrutura de custos da empresa e no resultado econmico final da
empresa.
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3.2. A ELASTICIDADE-PREO DA OFERTA (Eo)
A elasticidade preo da oferta (Eo) mede a reaco dos vendedores s mudanas no preo.
Essa reaco tambm calculada pela razo entre dois percentuais. A variao percentual na
quantidade ofertada dividida pela mudana percentual no preo. Ou seja,
%%
Dos determinantes o tempo tem grande importncia, pois a elasticidade de curto prazo ser em
geral diferente da de longo prazo. Assim, ao longo do tempo, quando as firmas tm possibilidade de
reagir mais intensamente s variaes de preo, a curva de oferta ir se tornando cada vez mais
elstica.
PREVENDO MUDANAS NO PREO USANDO O CONCEITO DE ELASTICIDADE
Quando oferta ou procura mudam pode-se traar um diagrama para saber a direco da mudana
do preo de equilbrio. Esse diagrama dir tudo sobre direces mais quando se deseja saber o
quanto o preo mudar faz-se uso das elasticidades.
Sabendo-se as elasticidades de procura e oferta, a variao nos preos, resultante de um aumento
na quantidade procurada ser dada pela diviso do percentual de mudana na procura pela soma
das elasticidades de oferta e procura:
% ; isto para o preo de equilbrio.
Equivalentemente pode-se calcular variaes devido a mudanas na oferta:
%
3.3. OUTRAS ELASTICIDADES DE PROCURA
Elasticidade rendimento da procura
utilizada para medir a reaco dos consumidores face a alteraes no rendimento.
%
%
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Para bens normais h uma relao positiva entre rendimento e quantidade procurada, logo aelasticidade rendimento positiva.
Para bens inferiores h uma relao negativa entre rendimento e quantidade procurada, logo aelasticidade rendimento negativa.
Diz-se que a elasticidade rendimento da procura elstica se a elasticidade rendimento maior queum e inelstica se menor que um.
Elasticidade preo cruzada
utilizada para medir a reaco dos consumidores s mudanas de preos de bens afins.
definida como a variao percentual na quantidade procurada de um produto em particular (X)
dividida pela variao percentual no preo de um bem afim (Y):
, % %
Para bens substitutos h uma relao positiva entre quantidade procurada do bem e variao depreo do substituto, logo a elasticidade cruzada de bens substitutos positiva.
Para bens complementares h uma relao negativa entre quantidade procurada do bem e preodo bem complementar, logo a elasticidade cruzada negativa.
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4.A ESCOLHA DO CONSUMIDOR E APROCURADEMERCADO
Neste captulo vamos tentar analisar a forma como a economia procura explicar o processo dedeciso referente s escolhas do consumidor. Ser a base terica para a derivao das curvas deprocura de mercado.
Quando pensamos nas nossas escolhas dirias e decises de compra, somos capazes de enumerarum conjunto extenso de factores que podem afectar a nossa deciso: preo, gosto pessoal,qualidade dos produtos, (in)existncia de produtos substitutos .. . Efectivamente so vrios osfactores que pesam na nossa deciso.
A anlise explanada nas prximas pginas muito abstracta e dever ser entendida no contexto dasua modelizao.
4.1.O CONJUNTO DE OPORTUNIDADES OU A RESTRIOORAMENTAL
Estes apontamentos so baseados no de Frank no seu livro Microeconomia e Comportamento.
Para simplificar, comecemos por considerar um mundo somente com dois bens, alimentao ehabitao. Um cabaz de bens o termo usado para descrever uma combinao particular dealimentao, medida em quilos por semana, e habitao, medida em metros quadrados porsemana. Assim, na Figura 2, um cabaz (cabaz A) pode consistir em 5 m2/semana de habitao e 7kg/semana de alimentao. Para abreviar, podemos usar a notao (5; 7) que representa o cabaz Ae a notao (3, 8) que caracteriza o cabaz B. De forma geral, (H0 ,, A0) representa o cabaz de H0metros quadrados/semana de habitao e A0 kg/semana de alimentao. Convencionou-se que oprimeiro nmero do par de qualquer cabaz se refere ao bem representado ao longo do eixohorizontal.
Figura 4.1. Representao de cabazes de bens
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Suponha que o rendimento de um consumidor R = 13 000u.m./semana, e que gasta tudo numacombinao de alimentao e habitao. (Note que o rendimento tambm varia). Suponha, ainda,que o preo da habitao e da alimentao respectivamente:
PH = 650 u.m./m2
e
PA= 1.300 u.m./kg.
Se o consumidor gastar todo o seu rendimento em habitao, pode comprar:
R/PH = (1300u.m./semana) (650 u.m./m2 ) = 20 m2 / semana.
0 mesmo dizer que podem comprar o cabaz de 20 m2/semana de habitao e 0 kg/semana dealimentao, denotado (20, 0).
Suponha, em alternativa, que o consumidor gasta todo o seu rendimento em alimentao. Obteria,assim, o cabaz ser traduzido por:
R/PA = (13000u.m./semana) (1.300 u.m./Kg), o que quer dizer 10Kg de Alimentao e 0 m2/semana de habitao, denotando (0,10).
Figura 4.2 Representao da restrio oramental do consumidor
Na Figura 4.2. estesextremos estoidentificados por K e L,respectivamente. 0
Consumidor ser tambmcapaz de comprar qualqueroutro cabaz que seencontre ao longo da linharecta que liga Os pontos KeL. Esta linha designadapor restrio oramental, ouconjunto de oportunidades,eest representada pela sigla B no diagrama.Recorde-se da regra de lgebra que aprendeu no liceu, segundo a qual o declive de uma linha recta a sua "altura" sobre a sua "base" (a variao da sua posio vertical dividida pela variao,correspondente, da sua posio horizontal). Note que, aqui, o declive da restrio oramental asua ordenada na origem (a altura) dividida pela sua abcissa na origem (a base correspondente): -(10 kg/semana)/(20m2 /semana) = - (1/2 ou 0,5) kg/m2 . O sinal negativo significa que a restriooramental decrescente, ou seja, tem um declive negativo. Em termos gerais, se R representa orendimento semanal do consumidor, e PH e PA representam os preos de habitao e alimentao,respectivamente, a ordenada e a abcissa na origem sero dadas por (R/PH) e (R/PA), respectivamen-te. Assim, a frmula geral para o declive da restrio oramental e dada por - (R/P)/ /(R/PH), que ,simplesmente, a negativa do quociente dos preos dos dois bens.
Em adio possibilidade de comprar qualquer outro cabaz que se encontre ao longo da suarestrio oramental, o consumidor pode tambm adquirir qualquer cabaz que esteja includo no
tringulo oramentalformado por ele e pelos dois eixos (rea colorida do triangulo). Na Figura 4.2.,D um desses cabazes. 0 cabaz D custa 8.450 u.m./semana:
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no altera a ordenada na origem da restrio oramental do consumidor, a subida do preo dehabitao apenas desloca a restrio oramental para dentro em torno da ordenada na origem,como se mostra no diagrama.
Note que, na Figura 4.3. embora o preo dos alimentos no se tenha alterado, a nova restriooramental B2 reduz, no somente a quantidade de habitao que o consumidor pode comprar, mastambm a quantidade de alimentao (este problema prende-se com uma diminuio real do poderde compra do consumidor; o seu rendimento real baixou).
Exerccio prtico: Verifique o efeito de uma reduo do preo da habitao, de 650u.m./m2 para520u.m./m2, sobre a restrio do oramental 1 B1 na Figura 3.
Poder constatar se representar a nova restrio oramental que uma reduo no preo dahabitao deixa, mais uma vez, inalterada a ordenada na origem da restrio oramental. Desta vez,a restrio oramental efectua uma rotao para fora. Repare, tambm, como no caso 1, queembora o preo da alimentao no se altere, a nova restrio oramental permite ao consumidor
comprar um cabaz que englobe no s mais habitao, mas tambm mais alimentao.
Exerccio prtico: Demonstre o efeito de um aumento do preo da alimentao de 1300u.m./kgpara 2600u.m./kg sobre a restrio oramental B1.
O exerccio anterior demonstra que, quando o preo da alimentao alterado, a restriooramental efectua uma rotao em torno da sua abcissa na origem. Repare ainda, que, embora orendimento e o preo da habitao se mantenham inalterados, a nova restrio oramental reduzno s a quantidade de alimentos que o consumidor pode comprar como tambm a quantidade dehabitao.
Quando alteramos o preo de apenas um dos bens, alteramos, necessariamente, o declive da
restrio oramental, o mesmo acontece se alterarmos ambos os preos em propores diferentes.Mas, como poder constatar no caso seguinte, alterar os dois preos exactamente na mesmaproporo d origem a uma nova restrio oramental com mesmo declive da recta original.
Exerccio prtico: Demonstre o efeito de um aumento do preo da alimentao de 1300u.m./kgpara 2600u.m./kg e de um aumento do preo da habitao de 650u.m./m2 para 1300u.m./rn sobrea restrio oramental B1 na figura3.
Repare que aqui, o efeito da duplicao dos preos da alimentao e da habitao deslocar arestrio oramental para dentro e paralelamente restrio original. A lio importante a tirardeste exerccio que o declive da restrio oramental retracta apenas preos relativos, nopodendo ser referncia para os nveis de preos em termos absolutos. Quando os preos da
alimentao e da habitao se alteram na mesma proporo, o custo de oportunidade da habitaoem termos de alimentao mantm-se como anteriormente.
Alteraes do rendimento.
O efeito de uma alterao do rendimento muito semelhante ao efeito de uma alterao de todosos preos em propores iguais. Suponha, por exemplo, que o rendimento do nosso hipotticoconsumidor reduzido a metade, de 13 000u.m./semana para 6500S/semana. A abcissa naorigem da restrio oramental do consumidor vai diminuir de 20 m2/semana para 10 m2/semana,
e a ordenada na origem de 10 kg/semana para 5 kg/semana, como se mostra na Figura 4. Assim, onovo oramento, B2, paralelo ao antigo, B1, ambos com um declive de . Em termos de efeito
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comida. Sconjuntos
34
no mbas
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INTRODUO ECONOMIA PARTE I MICROECONOMIA
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preferirA tem mais habitao, mas menos alimentao, do que B. Quem passar muito tempo emcasa vai provavelmente escolher oA, enquanto uma pessoa com um metabolismo muito rpido es-colher provavelmente o B.
De uma forma geral, podemos dizer que, para dois cabazes como estes, o consumidor pode fazertrs escolhas: 1)A preferido a B; 2) B preferido a A; 3)A e B so igualmente preferidos. Aordenao da preferncia permite ao consumidor ordenar os diferentes conjuntos, mas no lhepermite fazer afirmaes quantitativas mais precisas sobre a sua preferncia relativa. Assim, porexemplo, o consumidor poder dizer que prefere A a B, mas no pode afirmar queA lhe d o dobroda satisfao de B.
As ordenaes de preferncias diferem, frequentemente, entre os consumidores. Uns gostam deVerdi, outros gostam dos Rolling Stones. No entanto, apesar destas diferenas, a maior parte dasordenaes de preferncias partilham algumas caractersticas importantes. Maisespecificamente,os economistas assumem geralmente quatro propriedades simples. Comearemos por consideraras primeiras trs dessas propriedades, o que nos far avanar no sentido de sermos capazes de
construir uma representao analtica concisa das preferncias que nos so necessrias para oproblema da distribuio oramental.
1. Exaustividade. Uma ordenao de preferncias est completa se permitir ao consumidor ordenartodas as combinaes possveis de bens e servios. Tomada letra, a exaustividade sempre falsa,pois existem muitos bens que no so possveis de avaliar de uma forma precisa por osdesconhecermos quase completamente. E, contudo, uma suposio simples e til para a anlisedas escolhas dentro dos vrios cabazes de bens que so familiares aos consumidores.
2. Transitividade. Se gosta mais de bife que de hambrguer, e mais de hambrguer que decachorros quentes, ento provavelmente voc gosta mais de bife que de cachorros quentes. Umaordem de preferncia de um consumidor transitiva, quando para cada trs cabazes A, B, e C, se
ele preferir A a B, e preferir B a C, ento ele vai sempre preferir A a C. A relao entre aspreferncias como a relao usada para comparar alturas de pessoas.
Nem todas as relaes comparativas so transitivas. Uma relao no transitiva demonstrada narelao de "derrotas do futebol". Nalgumas pocas o Porto derrota o Sporting, e o Sporting vence oBenfica, o que no quer, necessariamente, dizer que o Porto v vencer o Benfica, embora seja omais provvel!.
A transitividade uma simples propriedade de coerncia e aplica-se relao "igualmente preferidoa", e a qualquer combinao desta com a relao "preferido a". Por muito razovel que atransitividade nos parea, veremos em situaes posteriores exemplos de comportamentos que nosparecero incompatveis com ela. Mas, apesar disso, trata-se de uma descrio precisa daspreferncias na maior parte dos casos, e a no ser que seja especificado de outra forma, iremosadopt-la ao longo das aulas.
3. Quanto mais, melhor. Apropriedade de quanto mais, melhor, quer dizer que, sendo tudo o restoconstante, maior quantidade de um bem prefervel a menos quantidade desse mesmo bem.Naturalmente, podemos pensar em exemplos onde mais de "qualquer coisa" faz-nos sentir pior quemelhor (como por exemplo algum que comeu de mais). Mas, nestes casos, h normalmente algumtipo de dificuldades prticas, como um problema de autocontrolo ou uma incapacidade dearmazenar um bem para utilizao futura. Desde que as pessoas possam dispor livremente dosbens que no querem, ter mais de algo no lhes pode fazer mal.
Como exemplo da aplicao da suposio de quanto mais, melhor, considere dois conjuntos,A, quetm 12 m2/ semana de habitao e 10 kg/semana de comida, e B, que tem 12m2 /semana de
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Carlo
habitalime
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Estem2/shabitkg/salimesupomais,nos
cabade AA, evez,todossudoAssiaquandiz-ntem
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Consiprefeenco
Sejahabitclaro,mais,dess
Preciprefedepesabe igu
Podeindifeda tidentiindife
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mente, alguitem efectuaderemos o p
cabaz tememanaao emanantao.io do quamelhor indi
que todos
es a nordeso preferidoque A, por preferidoos cabaze
ste de, por exemuposioo mais, mels que Z,
28 m2/sem
bitao e 1em somente
deremos, agrido a A, etrar um cab
B o cabaz qao e 8 Kg
dos gostosmelhor diz-nlinha a nor
amente darido a B. C rndem das pr
os que Clmente pref
mos repetirerena: Um cotambm iguaificada comorente a todo
INTROD
ira | Maro
/semana dem menos ha
os para a qu
mas das imr um grficoimeiro caba
12de10de
Antoca-os
stes aua
aa
A.
lo,do
horuena
kg/semana6 m2/seman
ora, o conjuA preferid
z que igua
ue igualm /semana dedo consumios que s exeste a B so
esma manepresenta oeferncias dtambm igurido a A).
este procesonjunto de toalmente pref 1 na Figuros cabazes
O ECO
de 2008 | R
comida. Estebitao.
arta suposi
licaes dedescritivo dA da Figura
de alimentaa de habita
to de cabazo a W; conlmente prefe
ente preferialimentaor, de cuja
istir um nitodos melho
ira, podemocabaz (20,o consumidlmente pref
so as vezesodos os cabaferidos uns3.9. cha
que se situa
Cabazespreteridos(pelo axiomquantomelhor)
OMIA PAR
.0
princpio diz
o acerca da
tas trs prias prefern4.5.
o, preferio e 4 kg/se
s dispostosequentemerido a A.
o a A, e su. (As quantipreferncia
co cabaz deres que B, e
s encontrar) onde as qr que consirido a A (um
que quiserzes que soaos outros.mada curvam ao longo d
Nesta zcabazesa A (quamelhor)a Ama domais
E I MICROE
-nos que B
ordenao d
eiras. O mias dos con
do a A e queana de ali
ao longo da lte, ao mov
ponhamos qas exactas ds estamos ases na linhaos pontos a
utro ponto -uantidadeserarmos. Pea vez que C
mos, e o reigualmente p. Este grupde indifere
ela.
zona todos oss so preferidosanto mais)
ONOMIA
::
preferido a
as prefernc
ais importanumidores. P
A, por sua ventao.
inha que ligrmos de Z
ue contme cada bemfalar). A su
recta que ligudoeste de
chamado Cspecficas dla suposi igualmente
sultado finalpreferidos ao represe
a porque
.
, porque te
ias, consider
te que elara vermos
ez, preferi
Wa Z. Porqpara W, de
7 m2/semaem B depe
posio deaZa W. Os
so todos
- que iguale Cuma vede transitivpreferido a
l ser a cu rcabaz originntado pela
consumido
36
mais
emos,
s noscomo,
o a W
ueZemos
na dendem,uantoontosiores.
mentemais
idade,, que
rva deal A, ecurva
r est
-
8/3/2019 1226053609 Manual de Introducao a Econom