2 - passos do psicodiagnóstico

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Livro: Psicodiagnóstico V Texto: Passos do Processo Psicodiagnóstico Autor: Jurema A. Cunha páginas: 105 à 138

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Page 1: 2 - Passos do Psicodiagnóstico

Livro: Psicodiagnóstico V

Texto: Passos do Processo Psicodiagnóstico

Autor: Jurema A. Cunha

páginas: 105 à 138

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Passos do Processo Psicodiagnóstico

Operacionalização do trabalho do psicólogo

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Formulação de perguntas básicas ou hipóteses do Psicodiagnóstico

tradicional (contato inicial)

• Tem início desde o encaminhamento com base na

hipótese diagnóstica do outro profissional ou da queixa

• Esclarecimento de questões iniciais

• Definição das hipóteses e dos objetivos do processo

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Formulação de perguntas básicas ou hipóteses (contato inicial)

• Entrevista inicial com o paciente\responsável, para conhecê-lo e extrair informações visando formular hipóteses para planejar a bateria de testes a aplicar. • Tais hipóteses seriam traduzidas em forma de perguntas norteadoras do processo.

Ex: Será que os sintomas do paciente servem para que não saia da condição de dependente de uma mulher? (relacionado a T. de Personalidade Dependente)

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• Esclarecidas as questões iniciais e definidas as hipóteses e os objetivos do processo, o psicólogo tem condições de saber qual o tipo de exame que é adequado para chegar a conclusões e assim pode prever o tempo necessário para realizá-lo.

CONTRATO DE TRABALHO

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• No momento em que é possível ter uma previsão, deve-se formalizar com o paciente ou responsável os termos em que o processo psicodiagnóstico vai se desenvolver, definindo papéis, obrigações, direitos e responsabilidades múltiplas.

CONTRATO DE TRABALHO

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CONTRATO DE TRABALHO

• O contrato de trabalho só deve ser revisto se previamente o psicólogo aventar esta possibilidade. Neste caso, ao paciente deve ser explicado a necessidade de submetê-lo a mais um teste, mas sem qualquer ônus para ele.

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• Há casos em que o plano de avaliação é estabelecido previamente quando há dados que permitam formulá-lo (repertório comportamentais, exames médicos, relatórios, prontuários, processos).

• Só é estabelecido após a entrevista com o sujeito\responsável.

PLANO DE AVALIAÇÃO

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A escolha do instrumento de medida (testes, escalas, inventários) é determinada pelo objetivo do exame e deve levar em conta:

• características demográficas do indivíduo (idade, sexo, nível sociocultural)• condições específicas (compromentimentos sensoriais, motores, cognitivos.• fatores situacionais (hospitalização, uso de medicação que compromete resultados)• idioma pátrio, dominância (destro ou sinistro), uso de aparelhos (óculos, auditivos), daltonismo

PLANO DE AVALIAÇÃO

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PLANO DE AVALIAÇÃO

Às vezes, são previstos instrumentos alternativos para testar a mesma hipótese para:

• intervalidação dos resultados (comparar resultados de técnicas semelhantes com forma de aplicação diferente por ex.)• para complementação de dados

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PLANO DE AVALIAÇÃO – bateria de testes

Bateria de testes é a expressão utilizada para designar um

conjunto de testes ou de técnicas, que podem variar entre

dois e cinco ou mais instrumentos, que são incluídos no

processo psicodiagnóstico para fornecer subsídios que

permitam confirmar ou infirmar as hipóteses iniciais,

atendendo o objetivo da avaliação.

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PLANO DE AVALIAÇÃO – bateria de testes

• A bateria de testes deve ser aplicada em uma sequênciaespecífica, considerando o aspecto avaliado por cada um, seu nível de estruturação e caráter ansiogênico.

• Outro aspecto importante é a escolha de testes:

- validados (com estudos de correlação com bons índices, ver “Correlação de Pearson no material de Psicometria) e;

- com bons índices de precisão (consistência interna, que variam de acordo com o método de cálculo, ver próximo slide).

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Coeficientes de Fidedignidade/Precisão/Consistência interna

Métodos Parâmetro Ideal

Teste-RetesteSpearman-Brown >= 0,50

Guttman >=0,50

Formas Paralelas alpha de Cronbach >= 0,70

Coefic. Alpha de Cronbach

Alfa de Cronbach

acetáveis: entre 0,70 a 0,79

recomendados: entre 0,80 a 0,90

Método das duas metadesSpearman-Brown >= 0,50

Guttman >=0,50

Kuder-Richardson entre 0,70 e 0,90

Fidedignidade do Avaliador

Cohen Kappa (2 avaliadores)

aceitável: >= 0,70

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PLANO DE AVALIAÇÃO – bateria de testes

Há dois tipos principais de baterias de testes:

• baterias padronizadas para avaliações específicas, muitas vezes de avaliação neuropsicológica, é comum avaliar sempre no indívíduo o funcionamento da memória, atenção, rac. Numérico, etc. Ex: screening para dificuldades de aprendizagem, com 1 teste de memória, 1 ditado, 1 de escrita, 1 de praxia, 1 de atenção);

• baterias não-padronizadas, que são organizadas a partir de um plano de avaliação, comum na prática clínica, avalia no indivíduo o que a queixa e outros dados auxiliaram a formular a HD. Ex.: avaliar memória e atenção apenas para subsidiar diagnóstico do quadro de depressão.

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PLANO DE AVALIAÇÃO – bateria de testes

Frequentemente a bateria inclui testes psicométricos e

técnicas projetivas que devem ser organizados para aplicação

levando em conta:

• o tempo necessário de aplicação de cada um;

• o grau de dificuldade;

•Qualidade ansiogênica;

•Características de cada paciente.

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PLANO DE AVALIAÇÃO – bateria de testes

Sobre a “qualidade ansiogênica”:

• Alguns autores indicam primeiramente técnicas projetivas, de preferência gráficas como HTP;

• Cunha não indica este procedimento porque estas técnicas são mais familiares do paciente e podem ser utilizadas como alternativa em casos de fatigabilidade.Além de implicar em condicionamento indesejável em crianças e menor credibilidade no processo em adultos (podem achar que não tem caráter científico).

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PLANO DE AVALIAÇÃO – bateria de testes

Sobre a “qualidade ansiogênica”:

• Cunha sugere intercalar técnicas projetivas (menos estruturadas, diminui a consciência de “certo-errado”) com testes psicométricos (como os de inteligência, eventual sensação de fracasso), pois uma técnica pode amenizar estados ansiogênicos provocados pela outra.

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PLANO DE AVALIAÇÃO – bateria de testes

Sobre a “qualidade ansiogênica”:

• Alguns autores indicam primeiramente técnicas projetivas, de preferência gráficas como HTP;

• Cunha não indica este procedimento porque estas técnicas são mais familiares do paciente e podem ser utilizadas como alternativa em casos de fatigabilidade.Além de implicar em condicionamento indesejável em crianças e menor credibilidade no processo em adultos (podem achar que não tem caráter científico).

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ADMINISTRAÇÃO DE TESTES E TÉCNICAS (PARTICULARIDADES)

• Familiaridade do profissional com os testes (adequação, instruções, aplicação, inquérito, normas de correção e interpretação), noqual cada ponto deve ser seguido cuidadosamente como descrito no manual técnico;• Organização prévia do material p\ facilitação do manejo;• Estabelecer bom rapport (clima descontraído de confiança e entendimento) para obter cooperação, diminuir ansiedade;• Esclarecimento de dúvidas ao paciente durante todo o processo.• Postura do aplicador (evitar incentivos quando não recomendado, administrar contratransferência, utilizar estímulos neutros);• Anotar respostas (verbais ou não) na íntegra;

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LEVANTAMENTO, ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS DADOS

• Revisão de observações feitas (do comportamento, por ex.);•Exame da história clínica;•Recapitular hipóteses para análise e seleção de dados úteis (dados devem responder perguntas da hipótese)• Rever os objetivos do exame para nortear a organização dos dados (indícios de indivíduo com traços obcessivos não são importantes em uma classificação simples);• Transformar escores brutos em percentis, quartis, escore T ou outros, de acordo com normas de interpretação;

Dependendo dos objetivos e das HD, a essa altura, algumas respostas podem ter sido encontradas.

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•Cunha dá ênfase aos dados quantitativos (provenientes de testes psicométricos ou projetivos com propriedades psicométricas conhecidas), porque há mais pesquisas a respeito e oferecendo uma base probabilística maior de acerto do diagnóstico que se baseia neles, do que as informações oriundas de uma análise qualitativa.

• Dados qualitativos são muito importantes na compreensão dinâmica porque são capazes de descrever particularidades e a singularidade de cada caso, facilitando orientações e projeto terapêutico.

LEVANTAMENTO, ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS DADOS

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Organizar os dados oriundos de diferentes fontes (entrevista\

testes) buscando:

• coincidências e discordâncias;

• hierarquizar indícios;

• identificar dados mais significativos;

Para contratar (comparar) com dados do paciente (história de

vida, condição pré-morbida, sintomas, condutas) de forma a

confirmar ou não as hipóteses iniciais.

LEVANTAMENTO, ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS DADOS

Page 23: 2 - Passos do Psicodiagnóstico

•Para chegar à inferência clínica, chamada de “diagnóstico”, o

psicólogo deve examinar os dados de que dispõe em função de

determinados critérios (critérios diagnósticos).

Se critérios para um transtorno descrito em classificações oficiais

como CID 10 (OMS, 1993); ou DSM-IV (APA, 1995) são atendidos

(existem) pode-se classificar o caso numa categoria nosológica.

•Com base nesta classificação e dados da história clínica (história

da patologia) pode-se prever o curso provável do transtorno

(prognóstico) e planejar a intervenção terapêutica (ex. a seguir).

DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO

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Exemplo:

Se indivíduo responde as Escalas Beck (depressão, ansiedade,

desesperança e ideação suicída) e tem mais pontos na última o

prognóstico para o caso de não contar com acompanhamento

psiquiátrico é psicológico (intervenção) pode ser tentar o suicídio.

DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO

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•A abordagem multiaxial do DSM-IV inclui diversas áreas, dimensões, mais adequadamente denominadas eixos, nos quais cada paciente pode ser avaliado.Eixo 1 – Transtornos clínicos (quadro mental principal que o levou ao atendimento – psiquiatras, psicólogos)Eixo 2 – Transts. de personalidade e retardamento mental (psicólogos e psiquiatras)Eixo 3 – Condições médicas gerais (pediatras, geriatras, geneticisitas, neurologistas)Eixo 4 – Probls. Psicossociais e ambientais (psis, assist. sociais...)Eixo 5 – Avaliação global de funcionamento (T O)

DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO

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Exemplo do capítulo:Eixo 1 – 297.70. Transt. Esquizoafetivo. Tipo depressivo. Em remissão.Eixo 2 – 301.22. Transts. de personalidade esquizotípica, com traços de Trasnt. de Person. Borderline (301.83) e Dependente (301.6)Eixo 3 – NenhumEixo 4 – Probl. Ocupacional (demissão), administrativo (processo) e financeiro (eventos estressores atuais?)Eixo 5 – 40

DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO

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Em entrevista devolutiva, cujo objetivo é comunicar ao paciente (pais\responsáveis) o que se passa com ele e orientá-lo com relação à condita a ser seguida. Considerar de acordo com receptor:• forma;• uso de terminologias;•Linguagem (mais coloquial);• nível sóciocultural e intelectual;• condições emocionais

COMUNICAÇÃO DO RESULTADOS

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A comunicação pode ser de forma sistemática (entrevistas de devolução e laudos) ou assistemática (devoluções informais).

Na comunicação Sistemática por meio de laudos:• iniciar com dados de identificação;•Época de realização do exame;•Registro dos motivos da consulta;• registro de observações sobre o paciente;•Relato da história clínica;•Resultados da testagem;•Entendimento dinâmico ou classificação nosológico de acordo com objetivo•Prognóstico com encaminhamentos\orientações.

COMUNICAÇÃO DO RESULTADOS

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Próxima aula:

Leitura Obrigatória (LO): ALMEIDA, L. S.; PRIMI, R., Considerações em torno da medida da inteligência, em: PASQUALI, L. e cols., Instrumentação Psicológica: fundamentos e práticas. Artmed. 2010. p.386-410.

Leitura Complementar(LC): PASQUALI, L., Inteligência: Um conceito equívoco. em PRIMI, R. (org) Temas em Avaliação Psicológica. Campinas. Ibap. 2002. Cap.7.