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A lamentável banalização do Lean Seis Sigma Especial - Lean Seis Sigma

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A lamentável banalização do

Lean Seis Sigma

Especial - Lean Seis Sigma

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Cuidado para não “comprar gato por lebre” no que diz

respeito à utilização do Lean Seis Sigma.

Especial - Lean Seis Sigma

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Nos últimos anos o Lean Seis Sigma vem passando por um processo de diminuição gradativa de sua força, o

qual é provocado, principalmente, por empresas de treinamento e consultoria que se intitulam especialistas na implementação da metodologia mas que, simplesmente, “atropelam” os requisitos necessários para que ela possa receber, de fato, a denominação “Lean Seis Sigma” e produzir os expressivos resultados alcançados pelas empresas pioneiras na sua utilização, como Motorola e GE.

É claro que, com a afirmação acima, não desejo desmotivar nenhuma empresa que esteja planejando a utilização do Lean Seis Sigma ou que esteja nos estágios iniciais de sua implementação ou, ainda, que esteja em níveis mais avançados, mas sem obter os resultados almejados – meu objetivo é alertar para os perigos que surgem quando não são seguidos os pontos essenciais de seus conceitos e princípios.

Na época atual, temos as seguintes DISTORÇÕES EM RELAÇÃO À UTILIZAÇÃO DO LEAN SEIS SIGMA:

1 Transformação dos treinamentos para Belts em meros cursos sobre

técnicas estatísticas, com a eliminação de tópicos importantes do conteúdo programático e dos verdadeiros objetivos da formação de um Belt do Lean Seis Sigma.

Há empresas de treinamento e consultoria, por exemplo, que vendem o curso para formação como Black Belt com carga horária total de 60 horas, sendo 40 horas para formação como

Green Belt e 20 horas para upgrade de Green Belt para Black Belt. Essa carga horária é insuficiente para apresentar, de modo apropriado, o conteúdo programático mínimo necessário para a formação de um Black Belt.

Além disso, esses cursos são diluídos em um longo período de tempo, geralmente com aulas noturnas com cerca de três horas de duração, em alguns dias da semana, formato que é totalmente desfavorável para uma boa aprendizagem. E esses cursos são vendidos diretamente para pessoas físicas, com opção de pagamento em “suaves e longas prestações”.

Para agravar o quadro, a grande maioria das instituições que ministram os cursos não enfatiza a realização de projetos Lean Seis Sigma após a conclusão do curso. Essas instituições simplesmente entregam aos participantes, após a assistência às horas – insuficientes – do curso, um “certificado de especialista Green ou Black Belt do Lean Seis Sigma”, o que é um desvirtuamento, pois o certificado de especialista não possui qualquer valor sem que haja o desenvolvimento, com sucesso comprovado, de um projeto para a empresa que esteja implementando o Lean Seis Sigma e com a qual o participante tenha vínculo.

Vale lembrar que, na essência do Lean Seis Sigma, é mandatória a formação de pessoas com o perfil apropriado para Black Belts e Green Belts, visto que essas pessoas, além de se transformarem em especialistas no método e nas ferramentas da estratégia, devem ser agentes de mudanças, que implementarão a “cultura Lean Seis Sigma” na organização.

Por Cristina Werkema

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Portanto, nesse cenário equivocado atual, os cursos passam a ser vistos como um fim em si mesmos e como um mecanismo para tentar enriquecer o currículo de profissionais que buscam oportunidades no mercado de trabalho, o que representa uma enorme distorção do “verdadeiro” Lean Seis Sigma.

2 Desconsideração do principal fator para o sucesso do Lean Seis Sigma,

que é o elevado comprometimento da alta administração da empresa , isto é, LIDERANÇA.

Sobre a importância da liderança, Jack Welch uma vez afirmou “Este não é um programa ‘de baixo para cima’: o CEO deve ser o dono do Seis Sigma”. Na prática, o principal executivo da organização é responsável por garantir a existência de um forte patrocínio de toda a alta gestão. Se esse comprometimento estiver ausente, o fracasso do programa no longo prazo será inevitável. E é importante destacar que a alta gestão deverá responsabilizar-se por criar e manter um vigoroso patrocínio da média gestão no dia a dia do Lean Seis Sigma.

3 Desconsideração da importância da execução dos projetos Lean

Seis Sigma.

A execução de projetos Lean Seis Sigma associados às metas prioritárias da empresa, ou seja, que exerçam um impacto elevado sobre os objetivos estratégicos da organização, é fundamental. Também é mandatório que os projetos possuam as características adequadas

para serem executados por meio da metodologia do Lean Seis Sigma.

4 Falta de mensuração direta do sucesso do programa pelo aumento

da lucratividade da organização.

Para assegurar que os resultados dos projetos Lean Seis Sigma sejam traduzidos para a linguagem financeira, é necessária uma forte atuação da controladoria da empresa, para a validação dos ganhos resultantes dos projetos, o estabelecimento de critérios claros para quantificação dos ganhos, a identificação de oportunidades para potenciais projetos e o auxílio dos Belts nos cálculos financeiros. O profissional da controladoria alocado para essas funções costuma receber a designação Money Belt.

5 Inexistência da infraestrutura necessária à implementação bem-

sucedida do Lean Seis Sigma.

São fundamentais a criação e a manutenção de uma infraestrutura na organização, com papéis bem definidos para os patrocinadores e especialistas do Lean Seis Sigma: executivos da alta e da média gestão atuando efetivamente como Sponsors e Champions, executivo da média gestão desempenhando a função de Coordenador, membros do staff técnico exercendo os papéis de Master Black Belts, Black Belts e Green Belts e profissionais dos níveis de supervisão e operacional atuando como Yellow Belts e White Belts. Como o Lean Seis Sigma é uma estratégia de negócio, todas as pessoas da empresa, nos diferentes níveis de aprofundamento do programa, são responsáveis por u

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conhecer e implementar seus conceitos e sua metodologia.

É imediato deduzir que a essência das distorções acima é considerar ser possível apenas obter os benefícios do Lean Seis Sigma, mas sem investir de modo continuado nos custos necessários para a geração desses ganhos.

Para finalizar, é importante destacar os CUIDADOS QUE DEVEM SER TOMADOS NA ESCOLHA DE UMA CONSULTORIA EM LEAN SEIS SIGMA para auxiliar uma empresa na implementação do programa.

A escolha de uma consultoria é similar à seleção de um médico: é necessário avaliar a experiência, a reputação e as credenciais da empresa e também apreciar se será possível estabelecer uma relação harmônica e de confiança com a organização e o consultor que será alocado para liderar as atividades.

Portanto, essa abordagem é muito diferente dos procedimentos de licitação, concorrência ou tomada de preços, nos quais solicita-se que os potenciais fornecedores apresentem uma proposta comercial para os serviços e escolhe-se a empresa que oferecer o menor valor. Essa ótica não se aplica à seleção de uma consultoria em Lean Seis Sigma! Será que adotaríamos esse modo de ação para escolher o nosso médico? É claro que queremos ter o melhor médico disponível, a menos que seu preço seja proibitivo e não realista.

Na avaliação de uma consultoria em Lean Seis Sigma, é fundamental que sejam contatadas as empresas às quais a consultoria já prestou

serviços e que sejam apreciadas as publicações (livros e artigos) de seus profissionais. Também devem ser solicitados os currículos dos consultores, para que seja possível confirmar que a empresa conta em seus quadros com pessoas altamente capacitadas em Lean Seis Sigma, com ampla visão de negócios e experientes nas melhores práticas em gestão pela qualidade, gestão por processos e gestão de mudanças.

É ainda importante que se avalie o portfólio e o conteúdo programático dos cursos oferecidos (Master Black Belt, Black Belt, Green Belt, Yellow Belt, White Belt e treinamentos para as lideranças) e o método adotado para acompanhamento dos projetos Lean Seis Sigma e avaliação dos profissionais para certificação como Belts.t

Cristina Werkema é proprietária e diretora do Grupo Werkema e autora das obras da Série Seis Sigma Criando a Cultura Lean Seis Sigma, Design for Lean Six Sigma: Ferramentas Básicas Usadas nas Etapas D e M do DMADV, Lean Seis Sigma: Introdução às Ferramentas do Lean Manufacturing, Avaliação de Sistemas de Medição, Perguntas e Respostas Sobre o Lean Seis Sigma, Métodos PDCA e DMAIC e Suas Ferramentas Analíticas, Inferência Estatística: Como Estabelecer Conclusões com Confiança no Giro do PDCA e DMAIC e Ferramentas Estatísticas Básicas do Lean Seis Sigma Integradas ao PDCA e DMAIC, além de oito livros sobre estatística aplicada à gestão empresarial, área na qual atua há mais de vinte anos. [email protected].