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1 CGVAM/DSAST/SVS/MS Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Poluição Atmosférica – VIGIAR [email protected] Unidade Sentinela: uma estratégia da Vigilância em Saúde de Populações Expostas à Poluição Atmosférica – VIGIAR para subsidiar a promoção da saúde da população exposta Brasília/DF 2016

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CGVAM/DSAST/SVS/MS

Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Poluição Atmosférica – VIGIAR

[email protected]

Unidade Sentinela: uma estratégia da Vigilância em Saúde de Populações Expostas à

Poluição Atmosférica – VIGIAR para subsidiar a promoção da saúde da população

exposta

Brasília/DF 2016

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CGVAM/DSAST/SVS/MS

Unidade Sentinela: uma estratégia da Vigilância em Saúde de Populações Expostas à

Poluição Atmosférica – VIGIAR para subsidiar a promoção da saúde da população

exposta

Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Poluição Atmosférica – VIGIAR

[email protected]

Endereço:

SCS Q.4 Bl.A Lt 67/97, - Ed. Principal - 5º andar.

CEP: 70.304-000 Brasília/DF

Elaboração:

Luciana Cristina A. da Costa - CGVAM/DSAST/SVS/MS

Revisão:

Fábio David Reis - CGVAM/DSAST/SVS/MS

Brasília/DF 2016

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SUMÁRIO

1 Apresentação 4

2 Introdução 5

3 Discussão 7

4 Resultado 10

5 Conclusão 16

Referências Bibliográficas 17

4

1 - Apresentação

O aperfeiçoamento de técnicas para monitoramento da situação de saúde com

base no desenvolvimento de novas estratégias de coleta de informações, permitindo a

identificação dos problemas de saúde em uma escala temporal mais próxima da

ocorrência dos eventos. Sua operacionalidade e custo são passíveis de ser absorvidos

pelos níveis locais do sistema de saúde, utilizando a infraestrutura de recursos

humanos e materiais pré-existente, e localizado no interior dos seus territórios de

abrangência.

Este documento apresenta a Unidade Sentinela como uma estratégia de

monitoramento dos problemas respiratórios, que apresentem um ou mais sintomas

descritos como: dispneia/falta de ar/cansaço; sibilos/chiado no peito e tosse, que

podem estar associados a outros sintomas, e nos agravos de asma, bronquite, e

infecção respiratória aguda (IRA), em crianças menores de 5 anos e idosos maiores de

60 anos (permitindo uma maior aproximação com a realidade loco regional, e

aplicação oportuna de seus resultados na orientação e aprimoramento das praticas de

gestão e organização dos serviços de vigilância e atenção à saúde da população.

5

2 – Introdução

Os problemas ao meio ambiente e à saúde da população variam de acordo com

o tipo de desenvolvimento econômico, padrões de consumo, modelo de transporte,

entre outros fatores, adotados por uma sociedade. Por isso, a poluição pode assumir

características diversas, dependendo da fonte que contribui para ela1.

A principal evidencia que relaciona a deterioração da saúde humana à presença

de particulados no ar provem de estudos estatísticos que correlacionam as taxas de

mortalidade em diferentes cidades com seus níveis de poluição por particulados

atmosféricos2.

A poluição do ar tem sido associada ao aumento da procura por serviços de

saúde, aumento no número de problemas de saúde e elevação no número de óbitos

por diversas causas. Em grandes centros urbanos, a poluição do ar aliada a outros

fatores, como saneamento e desigualdades sociais, contribui para a deterioração da

qualidade de vida em grandes cidades de países em desenvolvimento3,4.

A Vigilância em Saúde de Populações Expostas à Poluição Atmosférica – VIGIAR

vem sendo estruturada no Ministério da Saúde desde 2001 e contempla a identificação

de populações expostas a poluentes atmosféricos, a priorização dessas áreas, a

avaliação de risco à saúde humana e a gestão e organização dos serviços de vigilância e

atenção à saúde desta população.

O seu campo de atuação são as localidades onde estas populações estão

expostas: regiões metropolitanas, centros industriais, áreas sob impacto de mineração,

áreas sob influência de queima de biomassa, áreas de relevância para a saúde pública

de acordo com a realidade loco-regional.

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As etapas de identificação e priorização de áreas contaminadas por poluentes

atmosféricos de interesse para a saúde, e de populações expostas são realizadas por

meio do Instrumento de Identificação de Municípios de Risco (IIMR) e pela Estratégia

de Unidade Sentinela (figura 1).

Figura 1– Fluxo de atuação de vigilância em saúde de populações expostas à poluição

atmosférica.

Fonte: CGVAM, 2013.

A Unidade Sentinela dentro do escopo de atuação do VIGIAR é voluntária e

sugerida às secretarias de saúde como forma de monitorar eventos que sejam de

interesse para a saúde pública, é considerada uma estratégia que exerce vigilância

epidemiológica de casos de doenças respiratórias em populações susceptíveis como as

crianças menores de 5 anos (até 4 anos, 11meses e 29 dias) e idosos (maiores de 60

anos), que apresentem um ou mais sintomas respiratórios descritos como: dispneia/

falta de ar/ cansaço; sibilos/ chiado no peito e tosse que podem estar associados a

outros sintomas, e nos agravos de asma, bronquite e infecção respiratória aguda (IRA).

Com vista à promoção da saúde da população exposta a poluentes

atmosféricos, o objetivo deste documento é relatar as ações desenvolvidas e obtidas

com a implantação das unidades sentinela do VIGIAR até o ano de 2014. O diagnostico

dessas ações foi feito por meio de questionário enviado por e-mail aos técnicos

responsáveis pelo VIGIAR nos estados que possuem unidade sentinela. E também por

meio de leitura de boletins informativo dos estados.

7

3 - Discussão

Quando utilizado em Saúde Pública, o termo "sentinela" vem antecedido de

diversos substantivos como unidades de saúde, eventos, áreas, populações, que têm

como eixo comum a coleta de informações com sensibilidade para monitorar certo

universo de fenômenos5.

Os sistemas de vigilância epidemiológica vêm utilizando hospitais

especializados em doenças transmissíveis como “unidades de saúde sentinelas” que

funcionam como alerta para investigação e adoção de medidas de controle de doenças

graves que exigem atenção hospitalar6.

Como estratégia do VIGIAR, as unidades sentinela buscam atender a

necessidade de coleta sensível de informações permitindo alertar os profissionais da

saúde a respeito da possível ocorrência de agravos preveníveis possivelmente

associados à poluição do ar.

Por meio da Unidade Sentinela é possível conhecer e caracterizar o perfil dos

agravos possivelmente relacionados à poluição atmosférica e da sazonalidade em que

eles ocorrem. Favorecem, ainda, uma abordagem contínua de monitoramento da

população exposta, além de disponibilizar informação para subsidiar o planejamento e

execução das ações de vigilância em saúde e atenção integral à saúde da população

exposta.

Desde o ano de 2006 diversas reuniões e eventos foram realizados com a

participação da equipe técnica do VIGIAR do Ministério da Saúde, representantes e

técnicos do VIGIAR dos estados e Distrito Federal, bem como

pesquisadores/colaboradores da área e/ou áreas afins para estabelecer a metodologia

de implantação e operacionalização das Unidades Sentinela, a consolidação das

matrizes contendo diretrizes para a organização da proposta de metodologia para

implantação e operacionalização das Unidades Sentinelas no âmbito do VIGIAR, a

definição da estrutura didática e metodológica do curso de capacitação para sua

operacionalização, a proposta de ficha de notificação, e a seleção dos Estados Pilotos

para a implantação das Unidades Sentinela (AC, BA, MT, RJ, SP, RS e TO).

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Sendo assim, foram definidas as áreas de cobertura das unidades sentinela

considerando alguns aspectos, tais como7:

Localização em áreas prioritárias de ação do VIGIAR, em especial naquelas onde

não exista dados contínuos de monitoramento da qualidade do ar;

Agravos respiratórios observados na área/localidade (representatividade);

Vigilância epidemiológica;

Capacidade instalada:

Estrutura física: estrutura já existente;

Recursos humanos: já existentes. Minimamente: 01 profissional de nível

médio ou superior da área de saúde (médico, enfermeiro, técnico em

enfermagem) capacitado para desenvolver as ações de coleta dos

dados/informações do paciente em formulário específico disponível na

unidade de saúde).

Uma técnica clássica de monitoramento em Saúde Pública é a vigilância

epidemiológica, desenvolvida com os objetivos de acompanhar e analisar,

sistematicamente, um elenco de doenças predefinidas; e orientar as intervenções

necessárias ao seu controle, eliminação ou erradicação. Sendo assim, para uma melhor

compreensão dessa estratégia é importante saber quais são suas atribuições7:

Identificação de possíveis casos (doenças e agravos); e

Notificação do caso/atendimento em formulário específico (Ficha de

Identificação);

Identificação de grupos populacionais sob maior risco e avaliação das

atividades de controle de riscos;

Alimentar “semanalmente” formulário disponibilizado on line (Formsus) com os

dados obtidos nas fichas de identificação de caso disponibilizadas impressas na

Unidade de Saúde;

9

Estruturação de banco de dados;

Receber, analisar e consolidar os dados;

Gerar Informações;

Adoção de medidas de controle e intervenção para os agravos monitorados;

Propor e/ou adotar ações imediatas de Saúde Pública, baseada na análise das

informações geradas;

Retro alimentar as unidades de saúde; e

Emitir relatórios e informes à população e aos demais interessados.

Pensando em simplificar e racionalizar o trabalho das Unidades Sentinelas é

necessário detalhar métodos, processos e rotinas para motivar e orientar a

intervenção, detectar impacto ou mesmo indicar a necessidade de execução de

estudos/análises especiais. Em vista disto, segue o fluxograma sugerido para o

desenvolvimento das atividades dessa estratégia7:

Coleta de dados: por meio de formulários específico (Ficha de Identificação). A

coleta deverá ser realizada preferencialmente, pelos técnicos das unidades

sentinela;

Mecanismo de coleta: preenchimento de formulários específicos;

Periodicidade da coleta de dados nas Unidades Sentinela: semanal;

Mecanismo de transferência de dados: Por meio de formulário do FORMSUS;

Análise e Tratamento dos Dados: Executado pelas esferas municipal, estadual e

federal; e

Divulgação de Informações: Por meio de relatórios, boletins informativos,

cadernos de saúde, Conselhos de Saúde e Meio Ambiente, palestras, etc.

A Unidade Sentinela utiliza a Ficha de Coleta de Dados visando à sistematização da

busca ativa de casos e eleva a sensibilidade para detecção de casos de doenças,

permitindo, assim, agilidade nas medidas de controle e, consequentemente, a

10

interrupção da cadeia de adoecimento. Essa Ficha é disponibilizada impressa no

serviço de saúde onde está alocada a unidade sentinela, sendo de responsabilidade do

médico e/ou profissionais de saúde coletar os dados na triagem ou durante a consulta.

A investigação de eventos vitais, doenças e agravos, é uma estratégia fundamental

para descentralização das ações, visando o fortalecimento do nível local, consonante

com os princípios do SUS. Gera um impacto importante na implementação de medidas

de controle local, além de organizar e implementar as medidas de controle e Educação

em Saúde.

4 - Resultados

As Unidades Sentinelas do Vigiar estão distribuídas em 5 estados (AC, MS, MG,

RS e TO) e no município de Porto Alegre/RS totalizando 54 unidades, alocadas em

diferentes serviços de saúde, desde Unidade Básica de Saúde a Hospital de Pronto

Atendimento (figura 2)8.

Figura 2 - Distribuição de Unidades Sentinela do Vigiar por UF. Brasil, 2014.

Fonte: SVS/MS

Nos últimos cinco anos foram notificados aproximadamente 28 mil casos de

doenças do aparelho respiratório, como asma, bronquite e infecção respiratória aguda,

em crianças menores de 5 anos e adultos acima de 60 anos. Somente no ano de 2014

foram 15.282 atendimentos nos estados Minas Gerais, Acre, Mato Grosso do Sul, Rio

Grande do Sul e Tocantins, e o município de Porto Alegre. Sendo que os dois primeiros

estados lideram os atendimentos8 (figura 3).

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Figura 3- Número de atendimentos nas Unidades Sentinela por estado, Brasil, 2014.

4.088 (26,7%)

2.872 (18,8%)

4.439 (29%)

64 (0,4%)

1.002 (6,6%)

2.817 (18,4%) Acre

Mato Grosso do Sul

Minas Gerais

Porto Alegre

Rio Grande do Sul

Tocantins

Fonte: Formsus, 2014.

Possivelmente o que afeta a população nessas localidades são as fontes fixas de

poluição como as indústrias de extração com ênfase para Minerais não metálicos, e as

indústrias de transformação como preparação de couros e fabricação de artefatos de

couro, artigos para viagem e calçados, e fabricação de produtos químicos. Já em

relação às fontes moveis podemos relatar a interferência dos poluentes emitidos pela

frota veicular e pelas queimadas, de acordo com análise realizada após a inserção dos

dados no Instrumento de Identificação de Municípios de Risco – IMR9.

A crescente incidência de doenças respiratórias infantis está ligada, por um

lado, a evolução dos microrganismos responsáveis pela infecção respiratória, por

outro, a um conjunto de fatores ambientais em que se associam a poluição do ar e o

modo de vida10.

Sabendo que a população mais atingida pela poluição do ar são crianças, a

maioria das Unidades Sentinelas utiliza como público alvo os menores de 5 anos. Com

exceção das Unidades Sentinela do município de Porto Alegre (RS) que também

trabalham com maiores de 60 anos.

Existem diferenças anatômicas importantes entre o sistema respiratório de

uma criança e de um adulto, que podem predispor um bebê a um comprometimento

respiratório. As diferenças anatômicas no sistema pulmonar de uma criança

comparada com a de um adulto são: menos alvéolos, canais colaterais de ventilação

menos desenvolvidos, paredes alveolares mais espessas, músculos atuam mais como

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estabilizadores do que mobilizadores, relação comprimento-tensão diminuída,

menores fibras resistentes à fadiga no diafragma, complacência aumentada do gradil

costal, alinhamento horizontal do gradil costal, laringe mais alta, menor diâmetro das

vias aéreas, resistência aumentada ao fluxo aéreo, trabalho respiratório aumentado e

menos cartilagem nas vias aéreas para sustentação11.

As infecções respiratórias agudas (IRA) na infância continuam sendo um

importante problema de saúde pública. É considerada responsável por grande

quantidade das mortes antes dos cinco anos de idade, sendo também uma das causas

mais frequentes pela qual uma criança perdia sua saúde durante seus primeiros anos

de vida12. Nas unidades sentinelas são representadas como 65% dos diagnósticos

definidos pelos médicos (figura 4).

Figura 4 – Diagnóstico dos casos de doenças respiratórias atendidos nas Unidades

Sentinela por estado, Brasil, 2014.

1.040 (6,5%)

1.372 (8,5%)

10.572 (65,6%)

3.116 (19,4%)

Asma

Bronquite

InfecçãoRespiratória Aguda

Não identificado

Fonte: Formsus, 2014.

Observa-se grande quantidade de casos não identificados/diagnosticados, isto

retrata que nem sempre os atendimentos são prestados da forma adequada,

considerado um problema para a analise dos dados, e tornando difícil estimar a

magnitude dos agravos respiratórios; identificar os fatores de risco; recomendar

medidas necessárias para prevenir ou controlar a ocorrência de agravos respiratórios

decorrentes da exposição à poluição atmosférica; avaliar o impacto de medidas de

intervenção por meio de coleta e análise sistemática de informações relativas ao

específico agravo; entre outros.

13

Contudo, ainda mesmo com algumas inconsistências no banco de dados das

Unidades Sentinela é possível por meio dessa estratégia gerar informações que

permitiam comunicar a população por meio de alertas, boletins, cartilhas, e entre

outros sobre a situação atual dos menores de 05 anos e maiores de 60 anos em

relação aos sintomas respiratórios (dispneia/falta de ar/cansaço; sibilos/chiado no

peito e tosse), e nos agravos de asma, bronquite, e IRA. Além disso, subsidiar os

gestores locais na tomada de decisões frente ao problema de poluição do ar e saúde

humana.

A estratégia da Unidade Sentinela vem apontando algumas importantes

contribuições ao sistema de saúde desses estados. Por meio do monitoramento e

rotina de avaliação e análise dos seus indicadores. Sendo importante e necessário

relatar tais ações.

O estado do Mato Grosso foi o primeiro a elaborar e divulgar a seus municípios

O Boletim Informativo do VIGIAR:

O Boletim da Qualidade do Ar do Estado de Mato Grosso foi elaborado a

partir da ocorrência de alguns eventos ambientais de consequência no

aumento do fluxo de pacientes nas unidades de saúde. Os dados

climáticos e o material particulado foram estimados pelo Centro de

Pesquisas Tecnológicas e Instituto de Pesquisas Espaciais. A formatação

do Boletim Informativo seguiu os padrões estabelecidos pela Resolução

do Conama nº 03/90, tabela de referência para índice ultravioleta (IUV)

e previsões climáticas. Seu objetivo é informar sobre a qualidade do ar

nos Municípios acima de 100.000 habitantes e naqueles com risco de

exposição à concentração de poluentes atmosféricos, principalmente

gerados pela queima de biomassa. A partir de 2007, foram elaborados

35 Boletins: 15 no último trimestre de 2007; e 20 no primeiro trimestre

de 2008. Como instrumento de auxilio à elaboração do Boletim Regional

e Municipal, foi produzido um ‘Manual de Elaboração de Boletim

Informativo e Alerta das Condições de Qualidade do Ar’. Os Boletins

têm contribuído para despertar o interesse público sobre os problemas

de saúde e ambiental decorrentes da má qualidade do ar. Instrumentos

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de informação dessa natureza são importantes para que os Municípios

criem, conforme suas especificidades, mecanismos de alerta à

população, e subsidiem suas ações preventivas e corretivas, juntamente

com o setor ambiental local, além de configurar um novo documento de

leitura e consulta que promove, nos Municípios, um modelo de

vigilância voltado a três períodos distintos: anterior à situação; durante

ao episódio; e posterior à situação de emergência.

O estado do Acre desenvolve ações em situação de alerta às queimadas:

Por meio do Monitoramento do indicador de nº de crianças < 5 anos

atendidas com sintomas respiratórios relacionados à poluição

atmosférica diariamente na Estratégia Sentinela do VIGIAR é possível a

elaboração de nota técnica e de folder informativo em parceria com a

vigilância epidemiológica, objetivando informar as escolas e população

em geral as condições atmosféricas atuais, disponibilizando e

analisando informações provenientes do Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais - INPE, bem como recomendar ações de proteção e promoção

da saúde e prevenção de agravos e doenças ocasionadas ou agravadas

por impactos atmosféricos; Informativo diário da situação de alerta do

setor saúde às instituições parceiras; Elaboração de Boletim

Informativo em parceria com Vigilância Epidemiológica, SEMA e Defesa

Civil.

No Rio Grande do Sul várias ações são desencadeadas a partir das analises

realizadas nas fichas de coleta de dados preenchidas nas Unidades Sentinela e

inseridas no Formsus, tais como:

As informações coletadas nas Unidades Sentinelas da região de

Candiota subsidiam o Programa de Acompanhamento da situação de

Saúde da População na área de influência direta e indireta da Usina

Termelétrica Presidente Médici. O referido programa é objeto do Termo

de Cooperação Técnica N°. 13/2007 celebrado entre a SES e a Eletrobrás

- Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica - CGTEE. Os

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relatórios semestrais contendo as análises das informações de Saúde e

de monitoramento da qualidade do ar, disponibilizadas pela CGTEE, são

encaminhados para o IBAMA;

A SMS prioriza a destinação de insumos terapêuticos para áreas mais

críticas aos impactos da poluição. Ex.: Prednisona, medicação de

urgência, que tem evitado muitas internações;

Disponibilização de vacinas da gripe e pneumococo em áreas mais

vulneráveis a ação da poluição atmosférica; Construção de Protocolos

(Pediatria/Otorrino) para atendimento de crianças que sofrem com os

impactos da poluição atmosférica;

O VIGIAR da cidade de Porto Alegre, a partir das informações obtidas

pelas US, realizou trabalho de educação ambiental com as comunidades

dos distritos de saúde, bem como ações intersetoriais com a Empresa

Pública de Transporte e Circulação – EPTC; O município de Esteio,

baseado nos dados coletados conseguiu estender a vacinação da gripe a

toda população menor de 10 anos das regiões monitoradas. Também

foram disponibilizados equipamentos de nebulização e medicamentos

antialérgicos;

Realização de Oficinas para apresentação e análise dos dados

epidemiológicos obtidos através da coleta de dados do VIGIAR com o

objetivo de alertar os profissionais da saúde e do meio ambiente para a

referida questão, buscando encaminhamentos para mitigação do

impacto à saúde decorrente da exposição aos poluentes atmosféricos;

Servem como subsídio de informações aos processos administrativos

gerados a partir de denúncias por parte da população. A SMS faz a

investigação da denúncia e agrega todas as informações disponíveis. Os

referidos processos são encaminhados ao órgão ambiental com a

solicitação de providências cabíveis. É uma forma de comprovar que a

população está sendo afetada pela contaminação atmosférica.

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5 - Conclusão

Recentemente foi realizada capacitação em análise de dados das Unidades

Sentinela com objetivo de instruir na análise dos dados das Unidades Sentinela e

consequentemente elaborar documento (boletim ou relatório) com informações que

sirvam de subsídios para o desenvolvimento das ações do VIGIAR nos estados da

Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Tocantins. O

produto final da atividade foi a elaboração de um boletim por estado.

Assim, minimamente a elaboração de boletim informativo com as informações

obtidas após análise de dados inseridos nas fichas de coleta de dados pelas Unidades

Sentinelas dos estados mencionados, poderá ser realizada.

Por fim, cabe salientar que a utilização efetiva da unidade sentinela permite a

realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na população;

podendo fornecer subsídios para explicações causais de agravos, além de vir a indicar

riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da

realidade epidemiológica de determinada área geográfica. Seu uso sistemático e de

forma descentralizada, contribui para a democratização da informação, permitindo

que todos os profissionais de saúde tenham acesso à informação e as tornem

disponíveis para a comunidade.

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Referências Bibliográficas

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atmosféricos gerados por tráfego veicular. 2012. São Paulo, 2012.

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http://177.153.6.85/iimr/documentos/VnKKIpcmCd.pdf

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http://formsus.datasus.gov.br/site/default.php. Uso restrito a cadastrados.

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9. MS - Instrumento de Identificação de Municípios de Risco – IMR, 2013.

Disponível em: http://177.153.6.85/iimr/

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