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    Coleo Escola Aprendente

    Cincias Humanas e suas Tecnologias

    Histria

    Filosofia

    GeografiaSociologia

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    Governador do Estado do CearCid Ferreira Gomes

    Vice-GovernadorFrancisco Jos Pinheiro

    Secretria da EducaoMaria Izolda Cela de Arruda Coelho

    Secretrio AdjuntoMaurcio Holanda Maia

    Secretrio ExecutivoAntnio Idilvan de Lima Alencar

    Assessora Institucional do Gabinete da SEDUCCristiane Carvalho Holanda

    Assessora de Desenvolvimento InstitucionalMaria Jeane Peixoto Sampaio

    Coordenadora de Planejamento da EducaoNohemy Rezende Ibanz

    Coordenadora de Desenvolvimento da EscolaMaria da Conceio vila de Misquita Vias

    Coordenadora de Cooperao com os MunicpiosMrcia Oliveira Cavalcante Campos

    Coordenadora de Gesto de PessoasMarta Emlia Silva Vieira

    Coordenador Administrativo FinanceiroLuis Alberto Parente

    Coordenadora de Avaliao e Acompanhamento da EducaoAna Cristina de Oliveira Rodrigues

    Assessora Jurdicarika Chaves Fernandes Barbosa

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    Concepo e Organizao da ColeoGermnia Kelly Furtado Ferreira

    Coordenao da ColeoMaria da Conceio Sales MesquitaDenilson Albano Portcio

    AutoresPaulo Vencio Braga de Paula (Histria/Sociologia)Maria do Carmo Walbruni Lima (Filosoa)Cludia Maria Barros Avelar (Geograa)Rosendo Freitas de Amorim (Histria/Sociologia/Filosoa)

    Projeto GrcoJozias RodriguesFeliciano de Magalhes Jr.Mrcio Magalhes

    Diagramao EletrnicaJozias RodriguesMrcio Magalhes

    IlustraesBen

    CapaJozias Rodrigues

    Reviso lingsticaClaudiene Braga

    CatalogaoGabriela Alves Gomes

    Todos os direitos reservados Secretaria da Educao do Estado do CearCentro Administrativo Governador Virgilio TvoraAv. Gal. Aonso Albuquerque Lima s/n, Cambeba

    60.819-900 Fortaleza - Cear - Brasilwww.seduc.ce.gov.br

    ndice para catlogo sistemtico:ISBN

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    C387m

    Cear. Secretaria da Educao.

    Metodologias de Apoio: reas de cincias humanas e suas tecnologias. Fortaleza:SEDUC, 2008. (Coleo Escola Aprendente - Volume 4)

    94.; il.

    ISBN 978-85-62362-02-6

    1. Secretaria da Educao do Estado do Cear. 2. Livro Didtico. I. Ttulo.

    CDD 900

    Este projeto conta com o nanciamento doMinistrio da Educao/Fundo Nacionalde Desenvolvimento da Educao/Projeto

    Alvorada/Convnio 158/2001

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    Sumrio

    Apresentao.........................................................................................7

    Disciplina: Histria ..............................................................................8O ensino de Histria e a ormao do educando ................................91. Introduo ...........................................................................................92. Os PCNEM e as competncias do proessor de Histria ..............123. A diversidade de ormas e espaos no Ensino da Histria ............144. Produzindo Exerccios e Avaliaes.................................................185. Lendo, Acessando, Ouvindo e Assistindo ......................................20Reerncias ............................................................................................31

    Disciplina: Geograa .........................................................................32Conhecimentos de Geograa e aprendizagem escolar .....................331. Introduo .........................................................................................332. Os PCNEM e as competncias do proessor de Geograa ...........353. Produzindo Exerccios e Avaliaes.................................................384. Lendo, Acessando, Ouvindo e Assistindo ......................................43Reerncias ............................................................................................48

    Disciplina: Filosoa............................................................................50

    O ensino de Filosoa: um convite refexo......................................511. Introduo .........................................................................................512. Os PCNEM e as competncias do proessor de Filosoa..............613. A diversidade de ormas e espaos no Ensino da Filosoa ...........634. Produzindo Exerccios e Avaliaes.................................................67Lendo, Acessando, Ouvindo e Assistindo ..........................................68Reerncias ............................................................................................74

    Disciplina: Sociologia ........................................................................76O ensino de Sociologia para uma ormao crtica ...........................771. Introduo .........................................................................................77

    2. Os PCNEM e as competncias do proessor de Sociologia ..........813. A diversidade de ormas e espaos no Ensino da Sociologia ........844. Produzindo Exerccios e Avaliaes.................................................865. Lendo, Acessando, Ouvindo e Assistindo ......................................87Reerncias ............................................................................................91

    Autores ..................................................................................................92

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    ApreSentAo

    Prezado (a) Proessor (a):

    O Programa Aprender Pra Valer instituido pela Lei Estadual 14.190/08 tem como objetoprincipal desenvolver aes estratgicas complementares de ortalecimento do Ensino Mdio. Aeetivao desse Programa est vinculada as seguintes aes: Superintendncia Escolar; PrimeiroAprender; Proessor Aprendiz; Avaliao Censitria do Ensino Mdio; Pr-Vest e Articulao doEnsino Mdio Educao Prossional.

    Por sua vez, o Programa, no tocante ao Proessor Aprendiz, visa incentivar aos proessoresda rede a colaborarem na produo de material didtico-pedaggico, na ormao e capacitao

    de outros proessores e na publicao de suas experincias.Nessa senda, a Coleo Escola Aprendente, oi pensada e escrita por proessores da rede

    pblica estadual que exercem unes tcnico-pedaggicas na Secretaria da Educao.

    Saliente-se que esses proessores serviram-se de suas vivncias e experincias condensadasem dilogos realizados nas ormaes da prpria instituio. Destarte, oram elaborados os textosora descritos nessa coleo, pretendendo discutir as metodologias de apoio didtico envolvendo asdisciplinas que compem as trs grandes reas do conhecimento: Cincias da Natureza, Matemtica esuas Tecnologias, Cincias Humanas e suas Tecnologias, Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias.

    Compreendendo a necessidade de repensar o ensino, a equipe de autores elaborou orientaesdidticas que podero auxiliar o proessor, no que diz respeito ao processo da prtica pedaggica,

    colaborando assim, com vrias sugestes e acilitando, em sua prtica, uma refexo sobre aprendere ensinar.

    Dentro deste contexto, apresentamos a voc Proessor(a) a Coleo Escola Aprendente comouma produo da linha editorial institucional da ao Proessor Aprendiz, inserido no ProgramaAprender pra Valer, entendendo que essa incorpora a refexo do proessor quanto ao exerccio dasprticas didtico-metodolgicas.

    A mencionada coleo pretende contribuir com atividades diversas e simples sem, no entanto,intererir na autonomia do proessor e no projeto pedaggico denido pela escola. Esperamos,contudo, que a Coleo Escola Aprendente provoque e motive o proessor a embarcar nos novosrumos da escola institudos nas aes estratgicas complementares do Programa Aprender Pra

    Valer, ortalecendo a aprendizagem dos alunos.Deste modo, a Secretaria da Educao do Estado do Cear, ciente das dierentes vertentes

    que devem ser trabalhadas rumo a uma aprendizagem eetiva do aluno, desenvolve aes quebuscam o atendimento global das questes pedaggicas, entendendo que o todo se az pelo olhardierenciado das partes. O desao agora dar suporte para que, esse proessor, dotado de conte-dos especcos e conhecedor do nvel de aprendizagem de seus alunos, possa trabalhar espaos eormas de aprendizagem dierenciadas, contudo, eetivas.

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    Disciplina: HistriaDisciplina: Histria

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    Histria

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    Introduo

    o enSinode HiStriAeAformAodoeducAndo

    Rosendo Freitas de AmorimPaulo Vencio Braga de Paula

    Uma abordagem crtica e analtica sobre o ensino de Histriapressupe a compreenso das relaes entre as teorias e os conceitosque pensam e undam a cincia histrica. Investigar como o proessordesta disciplina, especialmente aqueles que atuam nas escolas pbli-cas, tem elaborado e desenvolvido sua prtica pedaggica em sala de

    aula, inorma se a abordagem dos atos histricos est mediada ouno por um arcabouo terico. Esta mediao condio para que aaprendizagem do conhecimento histrico, por parte do aluno, o torneum cidado crtico e atuante, um verdadeiro agente de transormaoda sociedade.

    A explorao das relaes entre as teorias histricas e o ensinoda disciplina Histria objetiva contribuir para a prtica pedaggicae metodolgica do proessor. A prtica cotidiana da transmisso doconhecimento histrico em sala de aula no Ensino Mdio no temcomo inteno discutir as teorias da Histria, mas o proessor nopode prescindir delas como elemento orientador do exerccio docen-te, promovendo um ensino crtico e no a mera reproduo de atosdescontextualizados diante da realidade socioeconmica e culturaldos alunos.

    Edward Hallet Carr historiador ingls, em seu livro O que Hist-ria apresenta uma preocupao explcita inscrita no prprio ttulo daobra. Ao perguntar sobre o que Histria, ele promove um dilogolosco sobre a elaborao desse conhecimento e seu papel para acompreenso da realidade social. Em sua obra arma que quandopegamos um trabalho de histria, nossa primeira preocupao nodeveria ser com os atos que ele contm, mas com o historiador queo escreveu(Carr, 2002, p. 58). Comparativamente, as atenes devemestar voltadas no somente para os contedos curriculares seleciona-dos para serem trabalhados em sala de aula, mas de que orma, comoe por quem os materiais didticos de Histria esto sendo elaborados.

    O proessor de Histria deve estar consciente de seu papel, queno pode se restringir a de mero narrador dos atos que seguem umencadeamento cronolgico sem relao com outros enmenos sociaise vazio de anlises. Uma abordagem desta natureza distancia o conhe-cimento histrico da compreenso do aluno, e no permite que esteestabelea conexes entre os undamentos tericos e a complexidadedo contexto social.

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    imprescindvel que antes de discutir o contedo curricular queest sendo ministrado nas aulas desta disciplina, se questione sobre aormao do proessor de Histria e sobre que bases epistemolgicaseste ensino tem sido denido e undado.

    Na concepo de Carr (2002) a uno do historiador no amaro passado ou emancipar-se do passado, mas domin-lo e entend-locomo a chave para a compreenso do presente(p. 61). Nesta pers-pectiva, uma das unes do proessor, ao ensinar Histria, torn-laum conhecimento no s de compreenso, mas de transormao darealidade humana luz do passado.

    H que se reconhecer as diculdades existentes nas escolas pblicase que aetam o proessor no exerccio prossional. No entanto, ao anali-sar a ormao desse proessor e o seu domnio sobre o arcabouo tericoque sustenta a sua prtica na sala de aula, percebe-se que esta ormaotem ocorrido de maneira ragmentada e decitria, redundando, salvo

    excees, no empobrecimento do ensino de Histria.A alta de tempo para planejar, estudar e ler, tem tornado o pro-essor um indivduo sem expresso para propor mudanas proundasem sua prxis, repercutindo negativamente no seu ensino e na apren-dizagem do aluno. Um processo pedaggico montono tem, de modogeral, assolado a disciplina, contribuindo para que a compreensodo passado, matria-prima da cincia histrica, adquira, utilizando aexpresso usual no cotidiano escolar, a conotao de algo moado,coisa velha, coisa de museu, e passe a ser vista, erroneamente,como um saber sem importncia e intil. O passado como algo que visto no passado, sem relao com o presente, remetendo o campode compreenso ao que imediato, perdendo a possibilidade de seaproundar na realidade social.

    O exerccio docente, de modo geral, tem se eetivado como prticasmarcadas por parca undamentao terica. Este ato unciona comoator impeditivo para um ensino dinmico com uso de metodologiasque possibilitem ao aluno superar a viso limitada ou distorcida doconhecimento histrico. Esta situao refete, por um lado, as diceiscondies de trabalho do proessor de Histria, e por outro os percalosda sua ormao, validando a armao de Carr de que se deve conhe-cer primeiro o historiador, neste caso o nosso proessor de Histria,para poder compreender os limites e possibilidades de sua atuao.

    A conscientizao e intererncia do proessor como agente poltico

    de transormao a partir de sua prpria prtica, pode constituir-senum mecanismo de defagrao eetiva de uma mudana que podecatalisar a indignaocomo ora propulsora para uma prtica ba-seada em uma curiosidade epistemolgica como sugere Paulo Freire emseu livroPedagogia do Oprimido.

    As prticas de ensino, por sua vez, encontram-se permeadaspor concepes reerentes s teorias da Histria, como tambmsore infuncias da sociedade, da cultura e da viso de mundodo proessor. Silma do Carmo Nunes (1996) demonstra preocupa-

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    Histria

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    o sobre essas concepes de mundo no ensino da Histria, aoarmar que o proessor de Histria, mesmo inadvertidamente, azopo entre vises de mundo... s vezes ele introjeta uma bagagemcultural que a da classe hegemnica e acaba por repass-la a seus

    alunos (p. 45).A mudana nesta perspectiva de ensino descontextualizada eamora ocorrer com a compreenso por parte dos proessores paraos quais

    O incio da elaborao crtica a conscincia daquilo que realmentesomos, isto , um conhece-te a ti mesmocomo produto do processohistrico at hoje desenvolvido, que deixou em ti uma innidade detraos recebidos sem benecios nos inventrios. Deve-se azer inicial-mente este inventrio (Idem, apud Gramsci, p. 46).

    Na interpelao sobre o conhee-te a ti mesmoreside o ponto

    de partida para um ensino de Histria que possibilite a ormao deseres humanos e cidados conscientes de seu papel como sujeitos his-tricos, pertencentes a um tempo histrico, mas ligados a um passadoe capazes de vislumbrar um uturo. Uma proposta de ensino crticadeve levar em considerao os seguintes pressupostos: OdomniodosreferenciaistericosfundamentaisdaHistria,ne-

    cessrios a uma prtica crtica em relao Histria Ocial retratada,especialmente, nos livros didticos.

    OensinodeHistriadequalidadedeveserprecedidodaconscincia

    (concepes) que o docente tem de sua uno (agente poltico-pedaggico) na escola e na sociedade, o conhea-te a ti mesmo,

    coloca-se como um constante desao de auto-anlise, uma buscaalimentada pela indignaoe mediada pela curiosidade episte-molgicareiriana.

    Aconseqnciamaisimportantedoautoconhecimentoporparte

    do proessor reside na compreenso de sua postura terica, queno deve ter carter doutrinrio sobre seus educandos, exigindoque estes tenham acesso a uma pluralidade de concepes e possaazer suas opes.

    Aaprendizagemmediadaporumprofessorativoereexivopode

    contribuir para que o aluno assuma uma postura de embate com arealidade compreendida a partir de sua dialeticidade, tornando-os

    sujeitos cientes de seu papel no curso da Histria.Na sociedade do conhecimento e da tecnologia, a educao torna-

    se undamental e o papel desempenhado pelo proessor adquire gran-de relevncia em decorrncia do seu protagonismo como construtorde conhecimentos e agente de desenvolvimento de competncias ehabilidades no educando.

    A nova ordem social ps-moderna elegeu um modelo de socieda-de, centrada no conhecimento cientco, na produo de tecnologiae num perl de cidadania compatvel com um mundo globalizado e

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    multicultural. A escola pblica, enquanto espao de ormao, tem sidomobilizada e provocada para atender estas novas exigncias.

    O papel do proessor de Histria torna-se bastante relevantediante desta dinmica social complexa e multiacetada, uma vez que

    ele tanto pode contribuir para consolidar o discurso do modelo desociedade hegemnica vigente, de orma acrtica, como para umaormao refexiva e crtica, capaz de minimizar ou mesmo superar asdierenas e desigualdades geradas pelas relaes scio-econmicaspredominantes. Eetivar a segunda postura pedaggica exige do pro-essor um esoro de compreenso da dinmica histrica intrnsecas sociedades humanas.

    A proposta de um ensino de Histria contextualizado do ponto devista sincrnico e diacrnico requer ateno quela preocupao deCarr sobre o indivduo que escreve a Histria, bem como sobre aqueleque a ensina, o proessor. Cabe ao proessor de Histria o exerccio

    permanente de propor questionamentos ao conhecimento histricoorganizado no currculo das escolas luz de um reerencial terico ede mtodos e tcnicas pedaggicas voltadas para o desenvolvimentointelectual, cognitivo e social do educando.

    Para que o ensino da Histria ocorra de orma adequada ne-

    cessrio que o proessor possua uma concepo undamentada destacincia. A denio mais elementar de Histria emergiu na Grciaantiga associando-a aos acontecimentos do passado. Pode-se armarque seu carter de narrativa, comprometida com a cronologia inundiumarcas proundas na sua constituio, bem como na sua dimensopedaggica. A Histria cientca do sculo XIX assume a categoria datemporalidade e coloca o surgimento da escrita como marco inicialdo tempo histrico, raticando a hegemonia do documento histricocomo base da produo historiogrca.

    O grande avano da cincia histrica no sculo XX, alm de ra-ticar seu compromisso com a temporalidade, rearma seu carter

    interdisciplinar. A valorizao da dimenso temporal deve pressupora dialtica entre passado, presente e uturo. O proessor precisa levaro aluno a reconhecer a importncia do passado como condio paracompreender o presente e projetar o uturo.

    Uma tendncia que vem se consolidando no campo da Histria dizrespeito valorizao e incluso da experincia das classes populares,do papel dos grupos e indivduos nos estudos histricos. Isso signicaincorporar a refexo sobre a atuao do indivduo nas suas relaespessoais com o grupo de convvio, sua aetividade, sua participao no

    Os PCNEM e as competnciasdo professor de Histria

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    Histria

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    coletivo e suas atitudes de compromisso com classes, grupos sociais,culturas, valores e com geraes do passado e do uturo(PCN, 2002,p. 301).

    A europeizao do mundo coroada com a globalizao das eco-

    nomias trouxe tona o problema das dierenas. Nos sculos iniciaisda colonizao a questo oi colocada pelos prprios europeus comouma distino etnocntrica entre civilizados e os meros detentoresde cultura, eles avanados e superiores, ns atrasados e ineriores.Entretanto, na atual conjuntura do capitalismo globalizado, onde osavanos tecnolgicos, sociais e polticos exigem uma reinterpretaona perspectiva multicultural e democrtica da alteridade porquantoapercepo da dierena (o outro) e da semelhana (ns) varia conormea cultura e o tempo e depende de comportamentos, experincias evalores pessoais e coletivos (PCN, 2002, p. 302).

    Os proessores de Histria precisam levar em considerao que as

    contradies postas pelo estgio atual do capitalismo (fexvel), tmpermitido que a Amrica Latina e o Brasil avancem na direo de lutarpela implementao de sociedades eetivamente democrticas. Um doscompromissos dos historiadores aponta no sentido de contribuir paraa ormao de alunos mais humanos e comprometidos com o exerc-cio da cidadania. Esse compromisso reora a idia da compreensode cidadania em uma perspectiva histrica, como resultado de lutas,conrontos e negociaes, e constituda por intermdio de conquistassociais de direitos, pode servir como reerncia para a organizao doscontedos da disciplina de Histria(PCN, 2002, p. 305).

    Uma concepo de ensino de qualidade requer do proessor de

    Histria um exerccio de estmulo ao estudo e criao, por parte doaluno, do esprito investigativo. Neste sentidoo trabalho permanentecom pesquisa orientada a partir da sala de aula constitui importantealternativa para viabilizar essas sugestes alternativas(PCN, 2002 p.305).

    Dinamizar o ensino de Histria de orma que atenda s novasexigncias educacionais tem sido o grande desao das polticas darea. Neste sentido undamental que haja a participao do proessorpara que este possa contribuir com sua vivncia e prtica em sala deaula na elaborao de propostas curriculares.

    Neste exerccio de elaborao curricular que oram realizados noperodo 2004 - 2006 seminrios com os proessores da rede estadualcujo oco era o currculo. Desta ao resultou uma matriz curricularpara todas as disciplinas do Ensino Mdio. Para a disciplina de Histriaa organizao curricular proposta pelos docentes oi denida por srie,apresentando um conjunto de contedos, competncias e habilidadesa serem desenvolvidas no processo de ensino e de aprendizagem, queso os seguintes:1. Construir a identidade pessoal e social na dimenso histrica, a

    partir do conhecimento do papel do indivduo como sujeito dahistria e produtor do conhecimento.

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    2. Interpretar, analisar e criticar ontes, documentos de naturezasdiversas, reconhecendo o papel das dierentes linguagens e dosdierentes agentes sociais nos contextos envolvidos.

    3. Entender e relativizar as diversas concepes de tempo e ormas

    de periodizao, reconhecendo-as como construes culturais ehistricas.4. Compreender o conhecimento histrico enquanto produo do

    saber.5. Situar as diversas produes da cultura: as linguagens, as artes, a -

    losoa, a religio e as maniestaes culturais como representaessociais que emergem no cotidiano da vida social e se solidicamnas diversas organizaes e instituies da sociedade.

    6. Analisar as diversas concepes de Estado no passado, compa-rando as permanncias e mudanas na contemporaneidade.

    7. Desenvolver o conceito de ideologia, enquanto instrumento de

    dominao e resistncia dos dierentes grupos humanos.8. Compreender os conceitos de capitalismo, socialismo e demo-cracia, undamentando-se na historiograa contempornea.Tais orientaes subsidiam a prtica do proessor, permitindo

    que este possa perceber, com maior clareza, o seu azer pedaggico,possibilitando mudanas em sua prxis e na sua orma de concebero ensino. O resultado das mudanas pode se consubstanciar numamaior aprendizagem para o aluno, para que este seja capaz de construiro conhecimento histrico, assumindo a condio de cidado, sujeitocrtico, consciente de seu papel em sociedade, capaz de romper com osdesmandos e injustias sociais, em busca de uma sociedade igualitria,

    democrtica, de respeito s diversidades.

    No incio deste texto oi dado nase no trabalho do proessor deHistria, que deve ser precedido de um slido conhecimento tericoque undamente a sua prtica em sala de aula. Foi tambm destacadoque a prtica docente est ligada s concepes de mundo do pro-

    essor, como ele v a si prprio e a sociedade na qual est inserido.Esta conscincia do seu papel social possibilita ao proessor mapear,na escola, os potenciais sicos e humanos que podero ser utilizadosem sua prtica metodolgica.

    As escolas pblicas cearenses esto inseridas em espaos e reali-dades sociais distintos e especcos, o que deve redobrar a ateno doproessor de Histria ao promover o ensino. Ele deve buscar conhecero contexto para que em sua prtica possa contemplar essas especi-cidades. Escolas pertencentes zona rural ou urbana, em locais de

    A diversidade de formas eespaos no Ensino da Histria

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    Histria

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    grandes confitos sociais, com altos ndices de marginalidade, violncia,cujos problemas sociais vivenciados pela comunidade convergem parao interior da escola e requerem maior ateno.

    O espao geogrco no qual a escola est localizada determi-

    nante para a prtica de ensino do proessor de Histria. Este deve tera sensibilidade para saber quem essa comunidade, sua Histria, seusproblemas e a partir disso propor um ensino que suscite os interessesdos alunos. Esta percepo dar condies a um ensino contextualiza-do, atravs de metodologias que permitam a leitura e interpretao dopassado a partir do presente, ensejando perspectivas para a construode um uturo promissor, alm de sinalizar na direo dos recursospedaggicos e didticos que auxiliem na otimizao do ensino.

    Diversos espaos internos e externos escola podem enriqueceruma proposta de ensino de Histria crtico e refexivo. Determinadosambiente ora da sala de aula podem proporcionar uma mudana

    signicativa nas estratgias de ensino, especialmente a que tem comoprincpio undamental a investigao histrica a partir da pesquisaescolar. A biblioteca o primeiro destes espaos e na organizao daescola pblica cearense, em geral, est inserida no Centro de Multi-meios, que rene os demais recursos tecnolgicos disponveis, como olaboratrio de inormtica, TV Escola e outras tecnologias que servemcomo subsdios prtica do proessor.

    O proessor de Histria deve investigar se existe uma biblioteca eque reerenciais bibliogrcos encontram-se disponveis. Nos ltimosanos, as escolas pblicas tm recebido, em seu acervo, livros e outrasmdias relativas s reas ans da Histria que podem ser usados para

    omentar e desenvolver a investigao histrica. Tais recursos servempara estimular no aluno a refexo sobre o conhecimento histrico cris-talizado, avorecendo o desenvolvimento da pesquisa escolar. Ao mediaro conhecimento, o proessor deve estar ormando alunos investigadores,como o prprio conceito semntico de Histria remete. Deve tambmpreparar indivduos capazes de problematizar a realidade a partir daapreenso e compreenso do conhecimento ormal.

    Ao criar condies para o entendimento dessa realidade, possvelir alm e partir dessa compreenso para criar os meios de poder mudar,agir no interior dessa sociedade, transormando-a. O pensamentoreiriano indica que o caminho metodolgico no conduz apenas ao

    conhecimento e sim a um processo de conscincia que se eetiva emmudana da realidade do aluno e de sua comunidade, em uma aoconstante e dialtica.

    Essa curiosidade cognitiva exercitada por proessores e alunosdever ser alimentada pela constante indignao rente ao contextosocial gerando posicionamentos, crticas, enm o exerccio pleno do atopoltico, de dialogar e agir em prol das vontades coletivas.

    O uso da biblioteca e dos materiais bibliogrcos disponveis oe-rece possibilidades para que o proessor contorne possveis limitaes

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    pedaggicas no que tange ao uso do livro didtico. A compreensoe interpretao da Histria ocorrem com o desenvolvimento de alu-nos leitores e escritores, uma vez que estas habilidades constituemcompetncias essenciais no contexto atual do ensino de Histria.

    O planejamento de aes junto biblioteca deve uncionar como umaestratgia que ortalea o ensino, a pesquisa e a interdisciplinaridade. Sassim, proporcionar um ensino em que o conhecimento seja entendidoa partir de uma leitura geral, superando o paradigma atual marcado pelaragmentao, avorecendo um ensino de Histria que no seja apenaso relato de atos, mas uma ormao humanizada e poltica, comprome-tida com transormaes na realidade social. Pensar na otimizao dabiblioteca constitui-se numa tarea conjunta entre proessores e alunos,em sinergia com os demais recursos disponveis como o laboratrio deinormtica e a internet.

    Os PCN azem reerncia ao uso das novas tecnologias de comu-

    nicao e inormao como mediadoras do ensino e da aprendizagem.Isto pode suscitar uma indagao do proessor de Histria: como osnovos recursos tecnolgicos podem auxiliar no ensino e na aprendiza-gem? A insero destes recursos tecnolgicos na escola exige uma novapostura do proessor e do aluno rente a esta realidade. uma condioimportante que o ensino atual seja mediado por essas tecnologias,cabendo ao proessor mape-las na escola e buscar compreender deque orma e quando elas sero utilizadas.

    A ormao do proessor deve contemplar o emprego destes re-cursos na promoo do ensino. importante destacar que estas er-ramentas no devem ser utilizadas por simples modismo, cabendo aoproessor estar atento aos objetivos da disciplina, para no correr o riscode comprometer o j decitrio processo de ensino-aprendizagem.

    O laboratrio de inormtica deve ser concebido como um espaode criao, pesquisa e construo do conhecimento histrico, que jun-tamente com a internet, podem possibilitar a elaborao de materialdidtico a ser utilizado tanto por alunos como proessores. O comoazer deve ser investigado por proessores e alunos, de acordo com arealidade, tendo em vista que so poderosas erramentas para a pes-quisa e construo de conhecimento. Inexiste um receiturio sobrecomo devem ser utilizados o laboratrio de inormtica e a internet. No

    entanto, deve-se car em alerta para seu uso casual, sem planejamento,sem saber como e o que ser eito, uma curiosidade sem sentido e semplanejamento pedaggico, apenas para cumprir agenda, conduzindoalunos e proessores a um esvaziamento do seu uso, perdendo a chancede ter uma ao pedaggica mais eetiva.

    O ensino da Histria pode ser enriquecido com prticas meto-dolgicas que utilizem recursos miditicos (udio, vdeo e imagem),acompanhados de viso interdisciplinar e que possibilitando me-diao e aquisio eetiva do conhecimento, proporcionando uma

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    crtica realidade social e conduzindo os sujeitos a se sentirem parteativa desta sociedade. Isto az pensar sobre o conceito de Histria naabordagem marxista, que segundo Pacheco (1993) um processodinmico, dialtico, no qual cada realidade social traz dentro de si o

    princpio de sua contradio, o que gera e transorma constantementena Histria(p. 37).

    O Centro de Multimeios integra outros espaos e recursos pe-daggicos que podem transcender a prtica de ensino de Histriaundada ainda no discurso do proessor. Todos os recursos devem serdispostos e apropriados pelo corpo docente no sentido de superar aprtica de ensino tradicional. Retorna-se novamente ao ponto inicialdeste trabalho: o domnio terico que unda a prtica do proessor.Caso no sejam dadas as condies e a ormao necessria para queo proessor possa superar o casualismo e o achismo em sua prtica,torna-se dicil, principalmente para o proessor de Histria, redesco-

    brir novas ormas e espaos na escola para prticas de ensino dinmicase inovadoras.

    Aula de campo constitui um recurso metodolgico que possibi-lita a investigao da Histria local e sua insero numa perspectivahistrica totalizante, e vice-versa. A partir de uma Histria geralpode-se perceber o percurso histrico da sociedade local a qual osalunos pertencem e desenvolver o senso crtico e refexivo do alunona elaborao e construo da identidade.

    Para melhor visualizar o que se ala sobre estas ormas e espaos,imagine que o proessor de Histria, em seu planejamento anual, aotrabalhar com a sociedade brasileira no sculo XIX, especicamente operodo que corresponde ao Segundo Reinado, aa uma abordagemdo cotidiano dessa realidade histrica e social a partir de um enoqueliterrio. Na elaborao do plano de aula, ele az um levantamentona internetde sites que contemplem obras a serem utilizadas e orga-nize um estudo crtico e analtico a partir da literatura e luz de umaabordagem histrica.

    importante perceber que este plano no apenas do proessorde Histria, mas tambm do de Literatura, em um trabalho interdis-ciplinar, para enriquecer, ainda mais, discusso. Um exemplo pode serobservado a partir da obra de Alusio de Azevedo O Mulato que aborda

    o estudo da sociedade brasileira desta poca. A anlise histrica da obrapode omentar o estudo e a pesquisa sobre a diversidade tnica racialna ormao da sociedade brasileira, as relaes sociais, o cotidiano, asexualidade, o papel da mulher, a desigualdade social, a urbanizao ea vida neste novo espao que se unda, e que constitui um novo Brasil.Enm, uma variedade de abordagens podem ser contempladas empesquisas escolares, aumentando a busca pelo conhecimento atravsdos Centros de Multimeios, como biblioteca, laboratrio de inormtica,internet, dentre outros.

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    O ensino de Histria mediado pelo prossional da disciplina deveser undado em um reerencial terico que possibilite ao docente per-ceber esses lugares, essas ormas de ensino e a sua melhor utilizao.Do contrrio, corre o risco de piorar as decincias ou reproduzir uma

    prtica ultrapassada travestida de uma roupagem nova, reorando aapatia do aluno rente ao conhecimento histrico.

    Entende-se que a avaliao deve ser processual e contnua per-correndo todo o caminho que vai desde o planejamento da aula at aexecuo. No cabe pensar a avaliao apenas como um instrumento

    de medio cognitiva do aluno, devendo contemplar tambm o modooperante do proessor na relao ensino e aprendizagem, porquanto,a atual organizao do trabalho pedaggico oi alterada com a inclusode novas tecnologias e de novos espaos que surgem com ela.

    A avaliao no pode constituir-se como um instrumento punitivoouclassicatrio,quetemcomoprincipalconseqnciaadiminuioda auto-estima dos alunos, reorando a competitividade e o indivi-dualismo. A avaliao como um instrumento de desenvolvimentocognitivo deve promover o aluno e no suscitar medo e angstia.Priorizar o aprendizado do aluno deve exigir estratgias positivas deavaliao que colaborem para o desenvolvimento de suas competn-

    cias e habilidades.As avaliaes no devem tambm seguir a perspectiva tradicional.

    No podem eleger aqueles que memorizaram, repetiram, decoraram,mas sim os que buscaram a compreenso dos acontecimentos huma-nos em sociedade a partir de um tempo histrico e que tem relaocom o presente e o uturo.

    O conceito reiriano de curiosidade epistemolgicapode se constituirna postura a ser desenvolvida pelo proessor em sua relao com adocncia e com o aluno. O exerccio da curiosidade como metodologiapara o ensino da Histria, pode ser um dos caminhos para que sejamsuperadas prticas anacrnicas com novas roupagens. Na elaborao

    de pesquisas ou quaisquer trabalhos onde a sua eitura ultrapasseo ambiente escolar, preciso monitoramento e regras previamenteestabelecidas. No devem ser aceitas reproduo ou transcries delivros e revistas especializadas. Alm disso, os recursos da inormtica,o copiar/colarde pesquisas naInternet, pode transormar qualquertrabalho em mera cpia, onde a originalidade se resumir na capacom o nome do autor.

    No interessa procurar culpados, pois muitos so os implicados,ortalecendo uma prtica de ensino e aprendizagem undada no

    Produzindo Exerccios e Avaliaes

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    castigo. Ao contrrio, tendo em vista que a educao se apia em re-erenciais pedaggicos modernos, o erro deve ser preconizado comoum passo para o acerto. A prtica de ensino que se reveste de umamudana prounda deve utilizar os erros como caminhos percorridos

    pelos alunos no esoro da compreenso do conhecimento, portanto,a punio inibidora dessa aprendizagem valorativa, enquanto o errotraz consigo novos valores.

    O erro deve ser parte da prtica de proessores e alunos, em umamudana de paradigma que busque, atravs da problematizao, odesenvolvimento da pesquisa como uma das ormas de entendimentoda realidade.

    Esta se coloca como uma prioridade urgente, j que as prticas deensino tm cristalizado aprendizagens meramente reprodutivas. O usodas novas tecnologias como a internet, por exemplo, tem reproduzidovelhas prticas do copiar e colar.

    Em Histria, mais do nunca, o conhecimento inacabado e a curio-sidade epistemolgica deve remeter proessores e alunos utilizao dopotencial contido em sua escola. Portanto, o uso da obra O Mulato,de Alusio de Azevedo no ocorrer se no houver a predisposiotanto de proessores como de alunos. importante se debruar sobreas obras do acervo bibliogrco e como elas podem servir de onte depesquisa que contribuam para desconstruir o discurso histrico ocial,muitas vezes elitista, conservador e herico, reproduzindo um modelohegemnico da sociedade eurocntrica positivista.

    A contestao deste modelo hegemnico do ensino de Histriaconstitui-se num exerccio constante. A partir da pesquisa escolar,

    pode se ampliar a viso analtica dos alunos, reorando a salutar idiade que a transerncia de conhecimento no deve ser um mero jogode perguntas e respostas, muitas vezes capciosas, como se o grandemrito do aluno residisse em descobrir a casca de bananacolocadapelo proessor. O conhecimento deve ser til para os alunos, enquantosujeitos dessa sociedade que histrica.

    Interdisciplinaridade, contextualizao, diversidade so posturasde uma prtica que no pode ser pensada de orma isolada, mas simcomo processo. O proessor no se torna interdisciplinar s porquecomentou a Lei de Newton em sua aula de Histria. Entretanto, seele estimular a investigao, juntamente com seus alunos, sobre asimplicaes desse pensamento para a undao de um novo conheci-mento e de uma nova ordem social, com o apoio do proessor de Fsica,ento ele vislumbra, de maneira eetiva, a construo do conhecimentohistrico interdisciplinar em sua tentativa de explicar a sociedade.

    Da mesma orma possvel pensar a questo da diversidade tnicae racial. No se pode imaginar que ao alar do negro e do ndio, doeuropeu, do nordestino, se est propondo um ensino para a diver-sidade. Os exerccios e as avaliaes devem seguir um caminho queajude a desconstruir os esteretipos e as vises distorcidas contidasno imaginrio educacional, onde o negro visto pela sua dana e suas

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    comidas, o ndio como o nativo das Amricas, o preguioso que no seadaptou ao trabalho agrcola no Brasil Colonial. Agora ambos negroe ndio lutam por terra e direitos sociais, para que? E o nordestino,cabea chata, comedor de arinha que vai para o sul em busca de

    comida e de sobrevivncia?Desconstruir este discurso se coloca como um exerccio para umensino de Histria que vise conduzir a ormao de indivduos crti-cos, ativos e investigativos.A curiosidade epistemolgica deve provocaruma revoluo na prtica do proessor para que ele pense na pesquisacomo uma grande aliada pedaggica, principalmente, se ele articular,de modo ecaz, o uso do computador, da internet, da biblioteca, dosmuseus, das ruas, dos centros histricos, da memria da escola, dacidade, enm, um conjunto de elementos que avorea uma novaconcepo histrica.

    O exerccio e avaliao por repetio, para decorar e com isso

    atender objetivos imediatistas como, por exemplo, o vestibular, nogarante a construo de conhecimentos slidos e no prepara alunoscrticos, mas meros repetidores do discurso hegemnico, incapazes depensarem de orma refexiva e crtica. Adotando o exerccio de criticaros noticirios locais e nacionais que reproduzem notcias parciaissobre os cotidianos sociais, desprovidos de undamentos, o proessorprover seu aluno de um importante elemento em direo a ormaode cidados conscientes.

    Quanto ao vestibular, no se pode negar sua importncia, entre-tanto, no se deve permitir que a ormao ornecida pela educaobsica torne-se sua rem, do contrrio ela se desviar dos seus outros

    propsitos: ormao para o mundo do trabalho e para o exerccio dacidadania.

    Ler, acessar, ouvir e assistir so aes resultantes da proposta deensino planejada pelo proessor, ao mapear os lugares e as ormas queomentem o ensino de Histria. No plano de aula, o proessor de Hist-ria, em sinergia com os demais, poder estabelecer parcerias em busca

    da utilizao dos espaos e no desenvolvimento de novas metodologiasque ortaleam e promovam o ensino e a aprendizagem.

    A dimenso sociolgica da escola revela-a como espao emque as novas geraes tm acesso ao conhecimento elaborado pelahumanidade, sendo o que garante sustentao mesma, portanto,entende-se que a escola constitui-se num mbito pedaggico deacesso ao conhecimento.

    Cabe indagar como isto est ocorrendo. Tal indagao torna-sepertinente para compreender o acesso no espao da escola pblica,

    Lendo, Acessando,Ouvindo e Assistindo

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    pois a mesma, geralmente, retratada como de baixa qualidade deensino e precria na ormao cognitiva de alunos. Se tem sido esteo retrato da escola pblica deve-se acreditar que, apesar dos intensosesoros do poder pblico, o acesso leitura e inormao no tm

    sido garantido, contribuindo para a inecincia e ineccia do sistemapblico de ensino.No adianta dispor de novas tcnicas, se no se consegue

    manusear e utilizar as mais elementares. Voltemos para a obra deAlusio de Azevedo, O Mulato. Outras tantas obras esto disponveisna biblioteca das escolas e podem ser utilizadas de maneira criativa,possibilitando o acesso e a construo do conhecimento, compartilhan-do saberes que possibilitem uma leitura histrica da sociedade passadae atual, desenvolvendo a competncia em leitura e compreenso.

    A biblioteca deve ser espao de constante utilizao por proessorese alunos, seu acervo deve ser manuseado pelo proessor e contem-

    plado no planejamento. O exemplo anterior uma obra literria, masmuitas outras servem para a ormao do proessor, como Os Sermesdo Padre Antnio Vieira, Casa Grande e Senzala Gilberto Freire, Visodo Paraso eRazes do Brasil de Sergio Buarque de Holanda,FormaoHistrica e Econmica do Brasil de Caio Prado Jnior, todas disponveispara os proessores das escolas pblicas cearenses.

    Como o proessor utilizar este acervo para melhorar a qualidadedo ensino de Histria, garantindo no s a leitura, mas a compreensoe interpretao da realidade histrica? Outra situao que se tornouevidente na prtica escolar a disseminao do mito de que o uso dovdeo e agora do DVD na escola tem a uno de embromaraulas,assim como alunos cabulam aulas, os proessores tambm cabulamao sugerir e passar um lme ou documentrio.

    Este mito cristalizou-se no imaginrio educacional e carece serdiscutido criteriosamente nesta anlise, para compreendermos melhora relao que se desenvolve na escola e que interere em sala de aula.Em um primeiro momento, pode-se perceber que ainda orte a idiade que proessor bom o que d aula expositiva, portanto, o uso derecursos tecnolgicos seria como um alvio devido a carga horriamassacrante a qual o proessor est submetido.

    A viso que a comunidade tem da tecnologia enquanto recursopedaggico est longe de ser a de enriquecer a aprendizagem. Se oassistir assim como o acessar so pontuais no aprendizado do aluno,

    os recursos tecnolgicos devem se submeter a uma anlise criteriosade como eles podem promover um ensino que conduza o aluno a noter apenas a inormao, mas que esta se transorme em conhecimentode qualidade para a vida.

    Passar o lme, a imagem, ou mais ainda acessar a inormao viainternet, no garante ao aluno conhecimento. Quando muito, o acessoa estes recursos desenvolve a potencialidade deste em poder acessar,entretanto, transormar esta inormao em conhecimento outropercurso, mais longo e detalhado que exige do proessor a busca pelo

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    saber que o leve a refetir sobre o uso pedaggico desses recursos. Istonos alerta para outra questo importante, a de que no s localizara inormao, mas ter a capacidade de transorm-la em saber.

    Torna-se imediato que se debata no s o acesso, mas como e

    para que este procedimento est sendo realizado. Uma pergunta quedeve estar nas mentes dos proessores de Histria deve ser: para queeste lme? Para que acessar este ou aquele site da internet, ler este ouaquele livro? Se estas perguntas no estiverem claras, com certezatais prticas reoraro o mito de que o uso desses recursos no tmsentido, so apenas, como diz a expresso popular para matar aula.A possibilidade de utilizar os recursos tecnolgicos deve ser seguidade um planejamento detalhado, do porque se est usando e comoser usada e quem so os parceiros que podero ajudar a dinamizaro uso destas tecnologias.

    A inormao a ser localizada deve servir a um propsito e serseguida de pesquisa, visando ormar alunos pesquisadores, para nocorrer o risco de ter alunos plagiadores. Pesquisa na internettornou-se sinnimo de recortar e copiar inormaes de sites, muitas vezes,de contedos duvidosos, outras verdadeiras enciclopdias a serviodo conteudismo escolar. Percebe-se que o acesso inormao gerououtros problemas muito mais graves e complexos que exigem umaposio do proessor, que s ser alcanada com o claro conhecimentodo que ele est azendo em sala de aula e do que ele est propondopara o ensino de Histria.

    A seguir apresentada uma relao de sites e lmes que poderosubsidiar a prtica do proessor. Para tanto eles devero ser analisadoscriteriosamente como recursos metodolgicos no ensino de Histria.

    Lendo

    possvel mapear uma vasta indicao bibliogrca sobre livrosparadidticos e de literatura que podem ser utilizados pelo proessor deHistria como recurso pedaggico para aproundar, esclarecer, refetir,problematizar temas e assuntos relativos a Histria Geral e do Brasil.As editoras de livros didticos, via de regra, possuem colees espec-cas, organizadas por nvel de ensino e disciplina, contemplando temastransversais e projetos curriculares.

    A seguir, indica-se alguns ttulos que podem ser usados pelos

    proessores e pelos alunos.A Colnia Brasileira - Economia e Diversidade. 2a edio. Sheilade Castro Faria. Coleo Polmica. Editora Moderna. 2008. O livroanalisa as atividades agroexportadoras, tendo como pano de undo asrelaes entre Portugal e Brasil. Assim, contempla o sistema coloniale as principais produes: a economia aucareira, o ouro das MinasGerais, a pecuria, etc., todas, dependendo da poca, baseadas naescravido indgena ou aricana, undamento bsico e estrutural dasociedade brasileira.

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    A Era Vargas. 2a edio. Maria Celina DAraujo. Coleo Polmica.Editora Moderna. 2008. O que tornou Getlio Vargas a gura polticamais popular do pas no sculo XX? O livro apresenta uma interpre-tao concisa e equilibrada sobre o homem e o mito Getlio Vargas

    ao qual esto intimamente associadas a idias como as de Estado de-senvolvimentista, industrializao, nacionalismo, direitos trabalhistas,proteo social, autoritarismo e liderana pessoal. Analisa sua trajetriapoltica, suas iniciativas econmicas e sociais, oerecendo elementospara compreendermos as transormaes pelas quais passou o Brasildesde sua chegada ao poder em 1930.A escravido no Brasil - Relaes Sociais, Acordos e Confitos. 2aedio. Douglas Cole Libby, Eduardo Frana Paiva. Coleo Polmica.Editora Moderna. 2008. Fundamentados nos estudos mais recentessobre a escravido no Brasil, os autores apresentam um painel abran-gente e revelador sobre um dos temas mais importantes da nossa

    Histria: a escravido do negro e seus proundos eeitos nos valorese comportamentos ainda presentes na sociedade brasileira, como adepreciao do trabalho braal e a ineriorizao social do negro.rica - Terra, Sociedades e Confitos. Nelson Bacic Olic. ColeoPolmica. Editora Moderna. 2008. Vrias sociedades do mundo reco-nhecem a grande importncia dos aricanos em sua ormao cultural.Para a sociedade brasileira, em particular, essa importncia continuasendo undamental para a compreenso de nossa identidade cultural.Mas, de maneira geral, os brasileiros sabem bem pouco sobre a rica.O que se sabe que a rica tem cado margem do processo deglobalizao e tem se mostrado para o mundo apenas por seus enor-mes problemas socioeconmicos e das tragdias decorrentes de seusconfitos. Neste livro, o leitor encontrar um conjunto de inormaese anlises cuja inteno contribuir para um melhor conhecimentodas realidades aricanas atuais.As Lutas do Povo Brasileiro - Do Descobrimento a Canudos. 2aedio. Jlio Jos Chiavenato. Coleo Polmica. Editora Moderna.2008. A Histria do nosso povo uma Histria de lutas e tambmde derrotas, ruto de brutal represso. Mas nunca de passividade. Opovo sabe que sujeito e no objeto da Histria. Por isso, organiza-see luta. O poder, deendendo seus privilgios de classe, reage e esma-ga os anseios populares de liberdade, tomando depois o cuidado desuprimir da historiograa ocial a presena do povo. Assim, a gente

    annima, ou seja, os pobres ndios, negros, trabalhadores , esque-cida. Convm, pois, ignor-la. Anal suas lutas so uma ameaa aospoderosos. E as glrias de heris e pacicadores cam mesmo para osgrandes repressores. Essas so as teses bsicas deste livro, em que soapresentadas as lutas do povo brasileiro desde a resistncia indgenaat o massacre de Canudos.O Golpe de 64 e a Ditadura Militar. 2a edio. Jlio Jos Chiavenato.Coleo Polmica. Editora Moderna. 2008. Tortura, violncia poltica,mortes e perseguies a intelectuais, estudantes, artistas e trabalha-

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    dores so os ingredientes mais visveis da ditadura militar a partir de1964. Esses atos oram alimentados por um realismo polticoqueem poucos anos mostrou sua verdadeira ace. Enquanto exaltavam onacionalismo, os golpistas abriam a economia s multinacionais, crian-

    do a maior dvida externa do Terceiro Mundo. Enquanto proclamavama democracia ocidental e crist, perseguiam, proibiam, torturavame assassinavam. Enquanto pregavam o moralismo, patrocinavam osmaiores atos de corrupo. Este livro mergulha nos pores da ditadurae az uma anlise ria do perodo, buscando as razes da luta ideolgicae econmica e das suas relaes internacionais, desde os governos deGetlio Vargas, Jnio Quadros e, naturalmente, Joo Goulart.Unio Europia - Histria e Geopoltica. 2a edio. DemtrioMagnoli. Coleo Polmica. Editora Moderna. 2008. A Europa umacivilizao: uma herana histrica. Os seus alicerces encontram-seno Imprio Romano e no cristianismo, que lhe coneriram unidade eidentidade. Mas a herana plural, diversa, confitiva. O advento doEstado-Nao e do nacionalismo desdobrou-se sob a orma de umequilbrio de poder instvel. As duas grandes guerras do sculo XXassinalaram a exploso do equilbrio e o encerramento da hegemoniaeuropia no mundo. O projeto de integrao econmica e polticanasceu no ambiente da Guerra Fria, como uma solda entre a Frana ea Alemanha. A nova Europa aninhou-se no Ocidente liderado pelosEstados Unidos. A imploso da Unio Sovitica mudou as regrasdo jogo. A Unio Europia expande-se para o leste e se identicacom a Europa. O seu ncleo, constitudo pelo eixo ranco-alemo,esboa um desao hegemonia dos Estados Unidos. A Histria notem m.

    A Primeira Guerra Mundial. Jayme Brener. Coleo Retrospectivado Sculo XX. Editora tica. 2008. Ningum queria essa guerra, masningum conseguiu evit-la. Este livro desvenda a trama de interes-ses e intrigas que zeram o mundo mergulhar na Grande Guerra de1914. Indo alm das trincheiras e dos combates, ele resgata a tragdiahumana que mudou a ace do mundo na inaugurao do sculo XX.E que seria a semente de outra tragdia, a Segunda Guerra Mundial,que a razo tambm no evitou.China - O Drago do Sculo XXI. Wladimir Pomar. Coleo Histriaem Movimento. Editora tica. 2008. No desecho de uma Histriamilenar que nas ltimas cinco dcadas tomou um rumo revolucionrio,

    a China encaminha-se para ser uma das grandes potncias mundiaisdo sculo XXI. Com 1,3 bilho de habitantes, a China no muda so-zinha: como num abalo ssmico, as ondas de choque so sentidas emboa parte do mundo.De Getlio a Juscelino (1945-1961). Claudio Bertolli Filho. Cole-o Retrospectiva do Sculo XX. Editora tica. 2008. O livro conta aHistria de uma poca de democracia e esperana. Uma poca emque a economia se desenvolveu, a cultura foresceu, o pas viveu emliberdade. Mas tambm uma poca de infao, de baixos salrios, de

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    luta pela reorma agrria que no veio. Em 1964, o golpe militar psm democracia e atingiu em cheio a esperana.Guerra e Paz no Oriente Mdio. Michel Treignier. Coleo Histriaem Movimento. Editora tica. 2007. Um amplo painel da Histria e

    dasperspectivasdoOrienteMdiodasguerrasqueensangentama regio h sculos at as recentes negociaes diplomticas, querenovam as esperanas de paz.O Fim da Unio Sovitica. Lauro Machado Coelho. Coleo Histriaem Movimento. Editora tica. 2008. Em 1985, Mikhail Gorbatchevassumiu o poder na Unio Sovitica. Comeava ento uma nova erano s para o pas, mas para todo o mundo. Menos de uma dcadadepois, a Unio Sovitica no existia mais, o regime socialista tinhasido derrubado em quase todos os pases que o adotavam, a guerraria terminara. Este livro oerece uma narrativa precisa da dcada queantecedeu a runa do imprio sovitico, com destaque especial para

    os acontecimentos envolvendo a cultura e as artes.

    Aessando

    A seguir encontram-se indicados alguns endereos eletrnicos querenem inormaes sobre Histria Geral e do Brasil.1. http://www.valholl.hpg.ig.com.br/. Rene inormaes detalhadas

    sobre mitologia nrdica com imagens sensacionais.2. http://www.grupodeestudosmedievais.cjb.net/. Grupo de Trabalho

    (GT) de Estudos Medievais.3. http://www.anpuh.uepg.br/anpuh/index2.htm. Associao Na-

    cional dos Proessores de Histria com links, artigos e revistaseletrnicas, atualizando sobre as principais notcias reerentes rea de Histria.

    4. http://www.comunismo.com.br/. Links, artigos, vdeos, imagens,alm de obras completas dos principais autores ligados a correntelosca e cientca materialismo histrico dialtico.

    5. http://www.portaldaeducacao.com.br/portal/visit.asp. Site sobreHistria Medieval.

    6. http://www.revistamirabilia.com/. Revista eletrnica com textos eresenhas sobre Idade Mdia.

    7. http://mithos.cys.com.br/. Um dos sites mais completo sobre mi-

    tologia greco-romana.8. http://www.sobresites.com.br/. Portal com links para diversosassuntos, muito rico e com uma rede grande para navegar.

    9. http://educaterra.terra.com.br/voltaire/index.htm. Site de HistriaGeral e do Brasil, por perodo.

    10. http://www.klepsidra.net/novaklepsidra.html. Revista eletrnicade Histria com artigos e resenhas.

    11. http://www.historianet.com.br/home/. Site de Histria Geral e doBrasil por perodo.

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    12. http://www.urgs.br/antiga/linksa.htm. Diversos links ligados aoPerodo Antigo.

    13. http://warj.med.br/lit/index.asp. Rene um excelente material sobremitologia greco-romana.

    14. http://paje.e.usp.br/~cemoroc/. Centro de Estudos MedievaisOriente & Ocidente centrada em torno de temas medievais eorientais.

    15. http://www.sobenh.org.br/.Site da Sociedade Brasileira do Ensinode Histria.

    16. http://mithos.cys.com.br/. Sistema de Pesquisa Mitolgica porHipertexto.

    Ouvindo

    Muitas msicas internacionais e nacionais podem servir de estra-tgia pedaggica para omentar a refexo sobre um acontecimento,situao ou ato histrico. O uso deste recurso na sala de aula deveser bem planejado, de modo que gere o tipo de problematizao queo proessor deseja.Aquarela do Brasil(Martinho da Vila)Que Pas Este(Legio Urbana)Gerao Coca-Cola ((Legio Urbana)Construo (Chico Buarque)Apesar de Voc(Chico Buarque)Pedro Pedreiro(Chico Buarque)Ouro de Tolo(Raul Seixas)Asa Branca(Luiz Gonzaga)Sampa(Caetano Veloso)Cidado(Z Ramalho)Estado Violncia(Tits)Eu Nasci a Dez Mil Anos Atrs(Raul Seixas)Fbrica(Legio Urbana)Gita(Raul Seixas)Ideologia (Cazuza)Independncia(Capital Inicial)Metamorose Ambulante(Raul Seixas)Podres Poderes(Caetano Veloso)Sociedade Alternativa(Raul Seixas)

    Vida de Operrio(Falco)

    Assistindo

    A lmograa sobre atos e acontecimentos histricos muito rica. Arelao a seguir indica alguns ttulos, acilmente encontrados em DVDnas videolocadoras. So lmes que abordam aspectos relacionados Histria Geral e do Brasil.

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    1492 - A Conquista do Paraso: lme de Ridley Scott que tem Ge-rard Depardieu no papel principal, ocaliza o principal momento daexpanso martima espanhola, quando em 1492 Cristvo Colombotentou atingir o Oriente navegando para o Ocidente.

    1900 (Novecento): az uma retrospectiva histrica da Itlia desde oincio do sculo XX at o trmino da Segunda Guerra Mundial, combase na vida de Olmo, lho bastardo de camponeses, e Alredo, her-deiro de uma rica amlia.A Famlia: ocaliza a Histria da Itlia no sculo XX, atravs da vida daabastada amlia do intelectual Carlo, caracterizando a bipolarizaoideolgica entre ascismo e comunismo que marcou o mundo.A Lista de Schindler: aproveitando a recente deciso do governo ede empresas alems em indenizar as vtimas do Holocausto, o lmemostra o trabalho escravo de judeus durante a Segunda Guerra e asaga de um homem a procura de justia.

    A Misso: retrata a Guerra Guarantica na regio de Sete Povos dasMisses, no nal do sculo XVIII, poca dos tratados de ronteirasassinados entre Portugal e Espanha.A Odissia: as aventuras de Odisseu com os mitos e lendas carac-tersticos da Grcia Homrica, numa megaproduo de Francis FordCoppola.A Rainha Margot: retrata a Frana em 1572, quando do casamentoda catlica Marguerite de Valois e o protestante Henri de Navarre,acaba servindo de estopim para um violento massacre de protestantesconhecido como a noite de So Bartolomeu.Aguirre, a Clera dos Deuses: no sculo XVI, uma expedio deconquistadores espanhis, enrentando a ebre, os ndios e as eras,entra na selva amaznica em busca do Eldorado, o abuloso reino deouro.Amistad: o lme de Spielberg retrata o julgamento de 53 negros nosEstados Unidos, que na tentativa de ugir para rica, matam a maiorparte da tripulao do navio negreiro La Amistad em 1839.Arquitetura da Destruio: este lme considerado um dos me-lhores estudos sobre o Nazismo. Lembra que chamar Hitler de artistamedocre no elimina os estragos causados por sua estratgia deconquista universal.Casanova e a Revoluo: mais uma obra prima de Etore Scola que,atravs de dierentes personagens, mostra as diversas vises sobre a

    Revoluo Francesa, em meio a uga de Lus XVI.Dana com Lobos: depois de ter sido condecorado por bravura naGuerra de Secesso, o tenente da Unio, John Dubar retira-se do Te-nessee para um orte no Sioux em 1863. Esgotado com os valores dasociedade, passa a viver harmoniosamente com os indgenas.Danton, o Processo da Revoluo: na ase popular da RevoluoFrancesa, instala-se o perodo do terror, quando a radicalizao revolu-cionria dos jacobinos encabeada por Robespierre inicia um violentoprocesso poltico com expurgos e manipulaes.

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    Elisabeth: o lme analisa a Inglaterra absolutista de Elizabeth I (Isabel,a Rainha Virgem), que subiu ao trono em 1558 para tornar-se a mulhermais poderosa do mundo.Em Nome do Pai: em 1974, um atentado a bomba produzido pelo

    IRA (Exrcito Republicano Irlands) mata cinco pessoas numpub deGuilord, arredores de Londres.Evita: o lme retrata a vida de Evita Pern, artista casada com o pre-sidente da Argentina e que tornou-se a Me dos Descamisadosnocontexto do populismo.Gandhi: clssico do cinema pico, o lme uma pequena biograade Mahatma Gandhi, considerado o principal lder no processo deindependncia da ndia, com seu ideal de resistncia pacca.Indochina: a Indochina, colonizada pela Frana desde o nal dosculo XIX, retratada nesse lme atravs do cotidiano de uma rvietnamita adotada por um casal de ranceses.

    Joana dArc: o lme retrata a gura de Joana dArc, atravs de umaaventura estilizada e uma verso mais humanizada do mito que setornou a jovem de origem camponesa que conseguiu exaltar o nacio-nalismo rancs, na luta contra os ingleses.Lutero: Doutor em teologia, Lutero no conseguia compreenderalguns dogmas da Igreja Catlica para com seus sditos. Como porexemplo, a oertade indulgncias aos is, em troca da salvao desuas almas do purgatrio.Missing - Desaparecido: o Chile ps-golpe de Estado, os primeirosdias da represso e todo horror da ditadura chilena, considerada umadas mais violentas da Amrica Latina, so elmente retratados pelo

    lme.O ltimo dos Moicanos: em 1757 ranceses e ingleses na Guerra dos7 anos (1756 - 1763) lutam pela posse de terras na Amrica do Norte,usando como soldados ndios de dierentes tribos.O ltimo Imperador: o lme az uma retrospectiva da trgica sagade Pu Yi, herdeiro do trono chins, que oi criado em meio realeza,mas com a tomada do poder pelos comunistas, deposto, ainda ado-lescente, e tem que se adaptar vida no exlio.O Encouraado Potemkin: o lme retrata a Revoluo de 1905 naRssia, que pode ser considerado um movimento democrtico, contrao autoritarismo do Czar.

    O Gladiador: o lme retrata aspectos importantes da vida cotidianado Imprio Romano.O Incrvel Exrcito de Brancaleone: uma das mais clssicas com-dias de poca do cinema italiano, retratando a Baixa Idade Mdia,atravs do cavaleiro Brancaleone, que lidera um pequeno e esarrapadoexrcito.O Nome da Rosa: estranhas mortes comeam a ocorrer num mosteirobeneditino localizado na Itlia durante a baixa idade mdia, onde asvtimas aparecem sempre com os dedos e a lngua roxos.

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    O Stimo Selo: o lme do consagrado diretor Ingmar Bergman mos-tra a crise de um cavaleiro medieval diante da morte, no sculo XIV,assolado pela peste negra.O Tigre e o Drago: mescla um romance pico com artes marciais,

    para retratar a China no incio do sculo XIX, atravs da disputa dedois casais de guerreiros por uma espada lendria.Os Dez Mandamentos: retrata importantes passagens na vida doshebreus, que por volta de 1250 a C. conduzidos por Moiss, ogem doEgito, onde viviam na condio de escravos, para Palestina.Os Duelistas: atravs de uma srie de duelos entre dois cavaleiros, olme retrata o contexto que caracterizou a Frana e a Europa napole-nicas no incio do sculo XIX.Pelle, o Conquistador: o lme retrata a vida de Pelle, um meninopobre, que com seu envelhecido e vivo pai, emigra da Sucia paraDinamarca, procura de trabalho, enrentando os problemas sociais

    produzidos pela crise do capitalismo.Platoon: lme do diretor Oliver Stone, que combateu no Vietn, uma das primeiras obras crticas do cinema norte-americano sobre omaior racasso militar da Histria dos Estados Unidos.Reds: a vida do jornalista e militante comunista norte-americano JohnReed, autor do clssico Os Dez Dias que Abalaram o Mundo.Rei David: Saul, o primeiro rei dos hebreus, oi sucedido por Davidem 1006 a. C. que destacou-se por derrotar o gigante listeu, Golias.Sunshine o Despertar de um Sculo: em um dos mais recenteslmes de Istvn Szab, o ator Ralph Fiennes, interpreta pai, lho e netoem trs geraes de um cl de judeus, que vai perdendo a identidadeem meio ao anti-semitismo.Tempo de Glria: durante a Guerra de Secesso, lderes civis e mi-litares do Norte decidem criar o primeiro regimento negro dos EUA.Comandados por um ocial branco, os homens lutam pela liberdadee pela cidadania.Tempos Modernos: trata-se do ltimo lme mudo de Chaplin, queocaliza a vida urbana nos Estados Unidos nos anos 30, imediatamen-te aps a crise de 1929, quando a depresso atingiu toda sociedadenorte-americana.Terra e Liberdade: o lme retrata a Guerra Civil Espanhola (1936- 1939), momento em que a esquerda, mundialmente, uniu-se emtorno de uma causa.

    Baile Perumado: amigo do padre Ccero, o otgrao BenjamimAbraho, parte para o serto nordestino, para lmar Lampio e seubando nos anos 30.Brava Gente Brasileira: a co passa-se no atual Mato Grosso doSul, quando no nal do sculo XVIII, um grupo de portugueses desig-nados para azer um levantamento topogrco na regio do Pantanalse envolve com estupro de ndias.Cabra Marcado para Morrer: o lme um documento singular, umlme dentro do lme, em que personagens, equipe tcnica e elenco

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    se integram retratando a realidade da ditadura militar no Brasil nosanos 60 e 70.Carlota Joaquina, Princesa do Brasil: a morte do rei de Portugal D.Jos I em 1777 e a declarao de insanidade de D. Maria I em 1972,

    levam seu lho D. Joo e sua mulher, a espanhola Carlota Joaquina,ao trono portugus.Central do Brasil: atravs de uma proessora, que ganha a vidaescrevendo cartas para analabetos, e de um garoto nordestino, queperde sua me em um acidente no Rio de Janeiro, a obra retrata osproblemas sociais que aetam a populao.Cidade de Deus: o lme e seu sucesso de bilheteria constituem umato poltico, pois desnuda o Brasil da dvida social e dos excludos.Eh Pagu, Eh: premiado como melhor documentrio e melhor rotei-ro no XV Festival de Cinema de Braslia, o lme dirigido por IvoBranco.Mau, o Imperador e o Rei: o lme mostra a inncia, o enriqueci-mento e a alncia do Baro de Mau (1813 - 1889), empreendedorgacho, considerado o primeiro grande empresrio brasileiro, respon-svel por uma srie de iniciativas.Ns que Aqui Estamos por Vs Esperamos: um lme que resgatao sculo XX atravs de imagens que marcaram as principais transor-maes ocorridas na Histria.O Sol Caminhando Contra o Vento: o lme retrata a Histriado jornal O Sol, um dos primeiros veculos da imprensa alternativabrasileira, produzido diariamente durante seis meses, num perodoconturbado, em 1968, momentos antes do governo militar decretaro AI-5. O dirio impresso alava de cultura, poltica e educao por

    meio de stiras.Olga: o lme dirigido por Jaime Monjardim baseado no best sellerde Fernando Moraes.Quilombo: em meados do sculo XVII, escravos ugidos das plantaescanavieiras do Nordeste, organizam uma repblica livre, o Quilom-bo dos Palmares. O quilombo sobreviveu por mais de 70 anos, at adestruio nal.Senta a Pua!: o lme resgata a participao do Brasil na SegundaGuerra Mundial atravs de depoimentos de pessoas envolvidas noPrimeiro Grupo de Aviao de Caa do Brasil.Soldado de Deus: az um retrato do que oi o integralismo e sua

    importncia na vida poltica brasileira.Xica da Silva: na segunda metade do sculo XVIII, uma escrava negrase torna o centro das atenes no distrito diamantino, onde esto asminas mais ricas do pas.

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    Refernias

    AMORIM, Rosendo et alii. O desao da gesto escolar democrticamulticultural in CEAR. Secretaria da Educao Bsica. Gesto es-

    colar e qualidade da educao. Secretaria da Educao Bsica doEstado do Cear. Fortaleza: SEDUC, 2005.BLATTMANN, rsula e FRAGOSO, Graa Maria (Org.).O zapear a in-ormao em bibliotecas e na Internet. Belo Horizonte: Autntica,2003.BRASIL. Parmetros curriculares nacionais: Ensino Mdio. Braslia.MEC/SEMTEC, 2002.BRASIL. Cincias Humanas e suas tecnologias (PCN+ EnsinoMdio: Orientaes Educacionais complementares aos Parmetroscurriculares nacionais). Braslia. MEC/SEMTEC, 2002.BRASIL. Orientaes Curriculares do Ensino Mdio. Secretaria da

    Educao Bsica/ Departamento de Polticas de Ensino Mdio. Braslia.MEC/SEMTEC, 2004.BRASIL. Ensino mdio: cincia, cultura e trabalho. Secretaria daEducao Bsica - Departamento de Polticas de Ensino Mdio. Braslia.MEC/SEMTEC, 2004.BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para a educao dasrelaes tnico-raciais e para o ensino da cultura aro-brasileira earicana. Ministrio da Educao. Secretaria de Polticas de Promooda Igualdade Racial. Braslia: MEC, 2005.BRASIL.Cincias humanas e suas tecnologias. (Orientaes curricu-lares para o ensino mdio). Braslia. Ministrio da Educao, Secretariada Educao Bsica, 2006. 133 p.CARR, Edward Hallet,. Que Histria, 8a edio. So Paulo: Paz eTerra, 2002.CEAR. Reerenciais curriculares bsicos. Fortaleza. SEDUC,2000.MANACORDA, Mario Alighiero. Histria da educao: da antigui-dade aos nossos dias. 8a edio. So Paulo: Cortez, 2000.NUNES, Silma do Carmo. Concepes de Mundo no Ensino daHistria. Campinas So Paulo: Papirus, 1996.PACHECO, Vavy, O que Histria. 2a edio. So Paulo: Brasiliense,1993.PLEKLANOV, G. V., O papel do indivduo na Histria. 3a edio.So Paulo: Editora Expresso Popular, LTDA, 2005.STRAUSS, Claude Levi,. Raa e Histria. 5a edio. Lisboa, Portugal:Editora Presena, 1996.SAVIANI, Dermeval, Jos Claudieni Lombarde, Jos Lios Sanelice,.Histria e Histria da Educao. Campinas - So Paulo: AutoresAssociados, 1998.TEIXEIRA, Ins A. de Castro e LOPES, Jos de S. M. (org.) A escolavai ao cinema. Belo Horizonte: Autntica, 2003.www.moderna.com.br

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    Disciplina: GeografiaDisciplina: Geografia

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    conHecimentoSde GeoGrAfiAeAprendizAGemeScolAr

    Cludia Maria Barros Avelar

    O sonho obriga o homem a pensar. (Milton Santos)

    A Geograa, cincia do presente to antiga quanto prpriahistria dos homens, o ramo do saber que estuda as relaes entre asociedade e a natureza, busca o entendimento do mundo atual, valorizaa compreenso dos espaos, suas organizaes e as transormaesconstantes. O conhecimento geogrco possibilita a compreensoda natureza, sua ormao, e os atuais arranjos econmicos e valoressocioculturais.

    A Geograa, nos ltimos sculos, tem passado por intensos de-bates, estudos e refexes de gegraos e outros especialistas sobrea evoluo desta cincia, principalmente no ensino, resultando emmudanas em seus pressupostos tericos e metodolgicos que con-vergiram para a corrente denominada Geograa Crtica, em respostasaos quadros tradicionais.

    A partir da dcada de 1980, os gegraos maniestaram os maisdierentes pontos de vista embora pertinentes aos avanos dos co-nhecimentos, das novas tecnologias, e das leis descobertas por outras

    cincias. Colocaram assim, em discusso, aes e eeitos em relaoao globo terrestre, sua supercie, proundidade, progressos e outroscontedos que, dialeticamente articulados ao processo de trabalho,transormam o espao geogrco.

    A Geograa, apesar de inserida entre as cincias humanas, dadoo seu carter de saber interdisciplinar e de cincia de sntese capazde explicar o mundo por si, sem perder sua identidade, articula-secom a Economia, a Histria, a Sociologia, a Biotecnologia, e avorecea interao com a Biologia, a Fsica, a Qumica e a Filosoa.

    A complexidade e a abrangncia alcanadas pelo saber geogr-co suscitam grandes expectativas em relao s contribuies para a

    compreenso do mundo atual.

    chegado o tempo em que a nova Geograa pode ser criada, porqueo homem comea, um pouco em toda parte, a reconhecer no espaotrabalhado por ele uma causa de tantos dos males que o afigem nomundo atual. Por isso... somente restam aos gegraos duas alterna-tivas: justicar a ordem existente atravs do ocultamento das reaisrelaes sociais no espao ou analisar essas relaes, as contradiesque encobrem, e as possibilidades de destru-las (Santos, 1999 p. 213e 214).

    Introduo

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    O conhecimento geogrco permite o acesso a um campo extensode saberes, que possibilitam ao aluno uma maior integrao com oseu contexto sociocultural e histrico. Alm disso, ornece uma visoprivilegiada do espao, tornando-se um poderoso instrumento de

    compreenso da relao sociedade/natureza e suas transormaesnestes tempos de neoliberalismo, globalizao e novas tecnologias,criando assim, possibilidades de estudos que transcendem a inter-disciplinaridade.

    Diante do exposto, evidencia-se a ampliao de inormaes aoaluno, acilitando-lhe o entendimento na comunicao cotidiana,nas relaes de trabalho, na valorizao do uso das novas tecno-logias, transormando verdadeiramente sua concepo de mundo,proporcionando-lhe o desenvolvimento da autonomia intelectual eo pensamento crtico.

    Na verdade, atravs da Geograa o estudante dever compreender

    o desenvolvimento da sociedade, as ocupaes dos espaos naturais,as relaes do homem com o ambiente, e interpretar seus desdobra-mentos sicos, polticos, sociais, culturais e econmicos. Esta cincia,deve, portanto, contribuir para que o aluno possa compreender melhoro mundo em que vive e sentir-se estimulado a intervir solidariamentena realidade em construo ou em transormao, com a disposio dese constituir num agente de transormao social.

    Os contedos curriculares vinculados realidade existencial eajustados s circunstncias e experincias trazidas pelos alunos am-pliam seus conhecimentos, aproximando-os da investigao cientca,bem como a perceber a importncia de possuir uma viso histrica daormao econmica, do progresso humano, das disparidades sociais e

    das atividades humanas, especialmente as que modicam o espao.O aluno do Ensino Mdio traz consigo determinados conheci-

    mentos que so adquiridos na comunidade em que vive, bem comoinormaes advindas dos meios de comunicao e das novas tecno-logias da inormao. Ele expressa e maniesta seus pontos de vistacom base nas suas experincias. Cabe ao proessor aproveitar esteconhecimento de vida do educando, identicando as caractersticassociais, culturais, tnicas, econmicas, polticas e azer relaes doscontedos com a realidade estampada no dia-a-dia.

    responsabilidade do proessor acilitar a aprendizagem, produ-zindocomosalunosexplicaeslgicasarespeitodasambigidades

    e polarizaes que existem entre povos, ambientes, espaos, lugares,sociais e espaciais, estruturais e pessoais. Ao identicar essa integra-o, o aluno percebe as caractersticas sociais, polticas, econmicas,culturais e naturais do mundo e compreende as mltiplas ormas detransormaes e as relaes destas com as sociedades e com a natu-reza. Facilita tambm a compreenso sobre a composio tnica dapopulao de vrios povos e territrios, passando a estabelecer atitudesde respeito s dierenas socioculturais e sendo capaz de identicar osproblemas econmicos e ambientais do nosso planeta.

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    Nessa perspectiva, possvel armar que o currculo um instru-mento de conronto de saberes: o saber sistematizado, indispensvel compreenso crtica da realidade, e o saber de classe, que o alunorepresenta e que o resultado das ormas de sobrevivncia que ascamadas populares criam. Valoriza o saber de classe e o coloca como

    ponto de partida para o trabalho educativo (Veiga, 1991, p. 82).

    Neste contexto o proessor de Geograa identica os conheci-mentos prvios do aluno como ponto de partida, em qualquer situaode ensino e aprendizagem, que de certo modo englobem tambm suasexperincias anteriores, considerando as competncias e habilidadesdaquilo que seja signicativos, para da ormular propostas a seremtrabalhadas.

    As transormaes socioeconmicas e polticas do mundo, prin-cipalmente na passagem do sculo XX para o XXI tem se refetidode orma intensa sobre a realidade brasileira, causando prejuzos aoespao pedaggico reservado a rea das Cincias Humanas. Essastransormaes oram suscitadas pela revoluo tcnico-cientca, pelaglobalizao das economias e pelos problemas ambientais que deram Geograa um novo signicado. Esses princpios e valores tambmso representados com bastante clareza nas Diretrizes e Parmetros

    Curriculares do Ensino Mdio.

    Dentre os princpios propostos para uma educao para o sculo XXI aprender a conhecer, aprender a azer, aprender a conviver e aprendera ser destaca-se o aprender a conhecer, base que qualica o azer, oconviver e o ser e sntese de uma educao que prepara o indivduopara a sociedade, para os desaos uturos, em um mundo em constantee acelerada transormao (PCN, 2002, p. 289).

    As Orientaes Curriculares para o Ensino Mdio desenvolvem essesprincpios de orma que eles possam ajudar o proessor a entender aimportncia da transposio didtica do conhecimento cientco, para

    que o aluno possa se apropriar da realidade e refetir sobre sua prtica,criando oportunidades e desenvolvendo atividades de interao entreseu conhecimento e o saber cienticamente vlido.

    As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio (DCNEM)estabelecem a construo do conhecimento geogrco a partir deum corpo conceitual e metodolgico capaz de satisazer os objetivosda disciplina para o desenvolvimento de competncias e habilidadesbsicas, de orma a subsidiar o trabalho pedaggico atendendo aosprincpios da contextualizao e da interdisciplinaridade.

    Os PCNEM e as competncias

    do professor de Geografia

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    As competncias constituem aspectos importantes no aprendizadoda disciplina, porquanto integram princpios de carter epistemolgicoe do pensar pedaggico. Fundamenta a Geograa na sala de aula,pensando-a como cincia com suas categorias e dimenses peda-

    ggicas, promovendo as devidas articulaes do como aprender aconhecerque vem somar-se aos princpios loscos, metodolgicose pedaggicos, capazes de desencadear a aprendizagem signicativae relevantes.

    No Ensino Fundamental, o aluno deve adquirir noes bsicas depaisagem, espao, natureza, Estado e Sociedade, partindo sempre domais perto para o mais distante.No Ensino Mdio o aluno deve cons-truir competncias que permitam a anlise do real, revelando causase eeitos, a intensidade, a heterogeneidade e o contexto espacial dosenmenos que conguram cada sociedade(PCNEM, 2002, p. 311).

    esta concepo que a Geograa busca desenvolver no Ensino

    Mdio. Ela procura estimular o pensamento crtico e a capacidade deanalisar a realidade do mundo contemporneo na associao entreo meio ambiente, a sociedade e as estruturas polticas e econmicasatuais. Assim sendo, espera-se que ao concluir esta etapa de ensino,o aluno apresente as competncias de:1. Relacionar, interpretar e analisar os atos geogrcos, permitindo

    uma viso crtica do mundo.2. Analisar, interpretar e compreender os processos e as ormas de

    produo e organizao do espao mundial e brasileiro.3. Aprender a aprender, num processo contnuo de ampliao e

    apereioamento do conhecimento.O processo de construo de uma proposta curricular para a disci-

    plina de Geograa no Ensino Mdio das escolas pblicas do Estado doCear, oi realizado nos anos 2004 - 2006. No Seminrio que contoucom representao de proessores de Geograa das mais diversasregies do Estado oram agrupadas as competncias/habilidades paraos trs anos do Ensino Mdio, da seguinte orma:

    1o Ano

    1. Compreender a evoluo do pensamento geogrco, quando aGeograa deixa de ser estritamente sica, para adquirir uma visoanaltica, crtica, social, econmica, poltica, humanista e proposi-

    tiva diante das proundas e cada vez mais rpidas, mudanas nomundo em que vivemos.

    2. Identicar e avaliar as singularidades e generalidades do espao,paisagem, lugar, regio, territrio e nao, reconhecendo os en-menos espaciais a partir da compreenso do Homem - Trabalho- Natureza.

    3. Compreender o sistema de orientao, sabendo localizar-se nasdiversas partes da Terra.

    4. Desenvolver o hbito de trabalhar com mapas, escalas, grcos,

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    tabelas e outros instrumentais de Geograa na escola e nos diver-sos mbitos da vida, considerando-os como elementos capazes deornecer uma leitura de mundo.

    5. Compreender a dinmica geolgica, geomorolgica, pedolgica

    e suas implicaes socioambientais.6. Identicar as questes ambientais e perceber-se como sujeitoresponsvel na preservao do meio ambiente.

    2o Ano

    1. Identicar as questes ambientais e perceber-se como sujeitoresponsvel na preservao do meio ambiente.

    2. Compreender os enmenos locais, regionais e mundiais expressospor suas territorialidades, considerando as dimenses de espao etempo.

    3. Compreender as relaes polticas, econmicas e sociais que de-nem a Nova Ordem Mundial, considerando os avanos tecno-lgicos e suas aes transormadoras.

    4. Compreender a dinmica geolgica, geomorolgica, pedolgica,climtica e suas implicaes socioambientais gerais e do Brasil.

    5. Compreender a dinmica populacional brasileira e suas implica-es.

    6. Desenvolver no aluno uma postura consciente que lhe permitaperceber-se como parte integrante de uma regio, repensando porinteiro sua dimenso espacial, humana e social, visando o resgatee construo de sua cidadania plena.

    3o Ano

    1. Desenvolver o hbito de trabalhar com mapas, escalas, grcos,tabelas e outros instrumentais de Geograa na escola e nos diver-sos mbitos da vida, considerando-os como elementos capazes deornecer uma leitura de mundo.

    2. Compreender a dinmica geolgica, geomorolgica, pedolgicae suas implicaes socioambientais.

    3. Identicar as questes ambientais e perceber-se como sujeitoresponsvel na preservao do meio ambiente.

    4. Compreender os enmenos locais, regionais e mundiais expressospor suas territorialidades, considerando as dimenses de espao etempo.

    5. Compreender as relaes polticas, econmicas e sociais quedenem a Nova Ordem Mundial, considerando os avanos tec-nolgicos e suas aes transormadoras.

    6. Compreender a dinmica geolgica, geomorolgica, pedolgica,climtica e suas implicaes socioambientais gerais e do Brasil.

    7. Compreender a dinmica populacional brasileira e suas implicaes.

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    8. Desenvolver no aluno uma postura consciente que lhe permitaperceber-se como parte integrante de uma regio, repensando porinteiro sua dimenso espacial, humana e social, visando o resgatee a construo de sua cidadania plena.

    Assim, caber ao proessor selecionar os contedos conorme ascompetncias/habilidades e criar estratgias e condies para o de-senvolvimento dos temas a serem abordados. importante lembrarque qualquer situao de ensino e aprendizagem deve considerar osaber do aluno, ou seja, os conhecimentos e experincias anteriores.Isto implica em trabalhar com mecanismos que auxiliem na contex-tualizao e no desenvolvimento da compreenso crtica da realidade.Explorar metodologias que envolvam o aluno por meio de pesquisas,letras de msica, jornal em sala de aula, otograas, lmes, textos e ar-gumentos diversos, que mobilize todos os sujeitos do processo ensinoe aprendizagem reorando a leitura e o conhecimento de mundo.

    Durante os trs anos do Ensino Mdio, em dierentes momentose situaes, sero desenvolvidas (individualmente e/ou em equipesde estudo) atividades, as quais conguram a estrutura do processo deensino-aprendizagem: leitura e interpretao de textos; construo e

    aplicao de conceitos; anlise e interpretao de quadros, tabelas, gr-cos e mapas; elaborao de quadros comparativos; desenvolvimentode temas discutidos em sala de aula, envolvendo contedo especco eposicionamento pessoal; pesquisas bibliogrcas e de campo; elaboraoe apresentao de seminrios envolvendo recursos multimdia; leiturade jornais e revistas para elaborao de jornal-mural na sala de aula.

    A avaliao deve ser contnua, abrangendo os assuntos especcosa cada unidade do contedo; deve ocorrer em todas as etapas do traba-lho, eita individualmente e em grupo. Na avaliao individual, az-senecessrio levar em conta a qualidade da pesquisa, a pontualidade,a responsabilidade perante o grupo, a participao, a dedicao, etc.

    A avaliao em grupo dever estar centrada na ateno ao processopedaggico, nas relaes respeitosas entre os participantes do grupo,na apresentao, no compromisso e na sociabilidade.

    A elaborao de exerccios e avaliaes devem levar em conside-rao e explorar de orma deliberada as habilidades e competnciasprevistas para a disciplina. O processo pedaggico exigir que o alunoleia, analise, interprete e produza textos, mapas, tabelas e grcos;anote, sistematize, problematize, inormaes e desenvolva argu-mentos; aplique os conceitos aprendidos; disserte, pesquise, colete,

    Produzindo Exerccios e Avaliaes

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    organize dados (identicando, descrevendo, comparando, classicandoe concluindo); trabalhe em equipe, empreenda iniciativas, empenhe-se na busca de solues aos desaos propostos, expresse oralmentesuas idias com clareza e objetividade; exponha oralmente assuntos

    em pblico; respeite opinies divergentes; socialize a produo doconhecimento.O conjunto de atividades que se segue so apenas sugestes,

    cabendo ao proessor avali-las e selecion-las na medida em queorem mais convenientes ao trabalho proposto. O apereioamentoe a utilizao das tcnicas apresentadas assim como os jogos, vdeos,simulaes, debates, dinmicas de grupos e outras contribuem parao desenvolvimento da criatividade e de habilidades importantes noprocesso de apropriao do conhecimento pelo aluno, atuando naampliao de capacidades cognitivas diversas, especialmente aquelasde natureza criativa.

    O uso de mtodos e tcnicas pode contribuir para importantes mu-danas de atitudes nos alunos em relao ao processo de apropriaoe produo do conhecimento, avorecendo um maior desenvolvimentopessoal (Martinez, 1995, p. 169).

    A seguir apresenta-se algumas metodologias que podem ser utili-zadas pelo proessor de Geograa para dinamizar sua prtica docentee avorecer o processo ensino-aprendizagem.Projetos: a metodologia de projetos az parte do movimento denomi-nado Escola Nova. Nesta metodologia, a escola e as prticas educativasse conectamcom algumas das necessidades sociais. A pedagogia deprojetos, numa perspectiva mais atual desenvolvida por Hernndez

    (1998) arma que:O pensamento tem sua origem numa situao problemtica que sedeve resolver mediante uma srie de atos voluntrios. Essa idia desolucionar um problema pode servir de o condutor entre as dierentesconcepes sobre os projetos. Mtodos de projetos, centro de interesse,trabalho por temas, pesquisa do meio, projetos de trabalho so deno-minaes que se utilizam de maneira distinta, mas que respondem avises com importantes variaes de contexto e de contedo (p. 67).

    Os projetos vm ocupando a sala de aula desde o sculo passado eso conhecidos por levar adiante o processo de aprendizagem vincu-lado ao mundo exterior escola. Partem sempre de uma problemticaou interesse, produzindo o prazer e a curiosidade na apropriao eproduo do conhecimento do aluno, superando os limites das dis-ciplinas e destacando a importncia da compreenso da realidadepessoal e cultural dos proessores e alunos.

    H uma srie de caractersticas comuns de projetos que podemser conundidos com outras modalidades de ensino como UnidadeDidtica, Centro de Interesse ou Estudo Ambiental.

    O que tem em comum os projetos de trabalho com outras estra-tgias de ensino que eles:

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    Escola Aprendente

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    Voalmdoslimitescurriculares(tantodasreascomodoscon-tedos).

    Implicamarealizaodeatividadesprticas. Ostemasselecionadossoapropriadosaosinteresseseaoestado

    de desenvolvimento dos alunos. Sorealizadasexperinciasdeprimeiramocomovisitas,presenade convidados na sala de aula, etc.

    Deveserfeitoalgumtipodepesquisa.

    Necessita-setrabalharestratgiasdebusca,ordenaoeestudode

    dierentes ontes de inormao. Implicamatividadesindividuais,grupaisedeclasse,emrelaocom

    dierentes habilidades e conceitos que so aprendidos (Hernndez,1998, p. 80).

    O desenvolvimento de um projeto segue um conjunto de ases,enumeradas a seguir:

    1. Parte-se de um tema ou de um problema negociado com a turma.2. Inicia-se um processo de pesquisa.3. Buscam-se e selecionam-se ontes de inormao.4. Estabelecem critrios de ordenao e de interpretao das ontes.5. Recolhe-se novas dvidas e perguntas.6. Estabelecem-se relaes com outros problemas.7. Representa-se o processo de elaborao do conhecimento que oi

    seguido.8. Recapitula-se (avalia-se) o que se aprendeu.9. Conecta-se com um novo tema ou problema.

    Importante estar atento ao que arma Hernndez de que Nem

    tudo que parece ser projeto (Idem, p. 82), para que a estratgia meto-dolgica traada pelo proessor obtenha xito, se consubstanciando naaprendizagem do aluno.

    A pedagogia de projetos promove a refexo e a globalizao doensino. Traduz-se num conjunto de at