contos serranos, joão isabel, 1988 Índice ilustrado / notas

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CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas Biográficas / tabelas por joraga 1988 Ed. C. M. Manteigas Isolino Vaz -- ilustra Abílio Perfeito – a abrir… Pode VER / LER o LIVRO em http://www.cm- manteigas.pt/municipio/publicacoes/Documents/Contos%20Serranos.pdf

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CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988

ÍNDICE ilustrado / notas Biográficas / tabelas por joraga

1988 Ed. C. M. Manteigas

Isolino Vaz -- ilustra

Abílio Perfeito – a abrir…

Pode VER / LER o LIVRO em http://www.cm-

manteigas.pt/municipio/publicacoes/Documents/Contos%20Serranos.pdf

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Dr. JOÃO ISABEL (1903 04 02 – 1984 08 23

Biografia

«João Batista Isabel nasceu em Manteigas em 2 de Abril de 1903, filho do industrial de lanifícios Eduardo Lucas Isabel, fez a escola primária na vila, realizou os estudos liceais na Guarda, licenciou-se em medicina em Lisboa onde compôs uma “Balada da Despedida” (1932-33); … exerceu funções clínicas e de director da estância termal das Caldas de Manteigas. Iniciou a actividade literária aos 14 anos de idade como colunista no jornal “Notícias de Mantei-gas”, tendo publicado aos 16 anos a obra poética “Estrela” (1918). Outros, os títulos “Três problemas sanitários urgen-tes” (ensaio,1948), “O Infante de Sagres” (conferência, 1960), “A Família e a Educação Religiosa dos Filhos” (confe-rência, 1960), “Quando a Neve Cai” (poesia1961), “Cântico da Montanha” (poesia, 1977). “Mare Nostrum” (poesia, 1984 “Contos Serranos” (1988 ed. póstuma da C. M. M. com ilustrações de Isolino Vaz e “A Abrir… de Abílio Perfeito). João Isabel morreu a 23 de Agosto de 1984.» http://www.ointerior.pt/noticia.asp?idEdicao=235&id=5075&idSeccao=2446&Action=noticia

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Isolino Vaz

Isolino Vaz (Madalena, Vila Nova de Gaia, 23 de Abril de

1922 — Lisboa, 21 de julho de 1992) foi um pintor, jornalista e professor português.

Faleceu no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, a 21 de Julho de 1992.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Isolino_Vaz https://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?p_pagina=antigos%20estuda

ntes%20ilustres%20-%20isolino%20vaz

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ABÍLIO ALVES BONITO PERFEITO (1923 – 2009 O8 07)

In “o interior – Arquivo” – 2009 10 15 http://www.ointerior.pt/noticia.asp?idEdicao=518&id=25058&idSeccao=6174&A

ction=noticia

ABÍLIO ALVES BONITO PERFEITO Data de nascimento 1923-01-17. Localidade Vila Nova de Tazém / Gouveia / Guarda. Habilitações literárias Licenciatura em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Profissão Professor do Ensino Liceal. Carreira profissional Professor do Liceu de Queluz, em comissão de serviço como Reitor do Liceu da Guarda.

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A ABRIR... (por Abílio Perfeito)

João Isabel era médico e poeta: eis duas credenciais seguras para que pudesse vir a ser um bom contista. E é-o. Fialho de Almeida, Rodrigo Paganino, Miguel Torga, Fernan-do Namora e Araújo Correia foram todos médicos e são dos melhores contistas da nossa literatura; alguns são também poetas de rara estirpe. Quanto ao lado poético, é geralmen-te aceite que o conto compartilha muito das características da poesia, pela economia de meios, a ambos, exigida: “Arte de sugestão, o conto aproxima-se muitas vezes da poesia e dai até a fuga para a sua forma de literatura fantástica”1 Nos versos que publicou, J. Isabel mostrou-se um poeta emérito e lembro a obra “Mare Nostrum”2, em que o soneto atinge um nível de excepção, além da musicalidade e do ritmo que o acompanham. Como poeta cristão que a cada passo se mostra, com uma unção religiosa a pairar pelos seus versos, alarga esta sua mundovisão aos contos, cuja elaboração se estendeu por vá-rios anos até bem perto da sua morte, como me foi revelado por uma das suas filhas. Diz-me D. Elsa Isabel: “alguns foram feitos quando se encontram ainda cheio de força e saúde, outros, como a “Ti Clotilde” (creio que o último), já bem, bem doente”3. Julgo que só um foi publicado em vida do autor -- “Um Pas-tor da Serra”4, sinal de que j. Isabel esperava alguma coisa mais do seu estro e talvez aguardasse altura oportuna para lhes juntar outros ou dar outra forma. Vergílio Ferreira, no prefácio da edição dos seus “Contos”5, opõe o conto ao romance, comparando aquele a uma cerâ-mica ou a uma gravura, e este a um quadro a óleo. Assim se-rá, ou muito perto disso, embora não se esqueça de assina-lar que a diferença visa em particular a “dimensão” mais li-gada à estrutura básica do que ao tamanho. Seja como for, os “Contos Serranos” de J. Isabel, que agora vêm a lume, são um retrato da Serra e da sua gente, com personagens não arrancadas à vida mas que são a própria vida. Algumas delas nem envolvidas estão pelo “manto diá-fano” queirosiano, de tal forma encarnam pessoas que nós conhecemos e com quem lidamos no dia-a-dia da vida ser-

1 (1) - “Teoria da Literatura” Vítor Manuel Aguiar e Silva, Coimbra, Livraria Alme-dina, 3.* Edição, 1973. 2 (2) - João Isabel, Guarda, 1984. 3 (3) - Carta de Lisboa de 27/X/87. 4(4) Ver 'A Guarda” n.º 3931 de 8/VI/84. 5(5) - Vergílio Ferreira, ”Contos” Arcadia, Lisboa, 1976.

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rana. Não serão as mesmas mas são tão parecidas que umas e outras se confundem, como face do real. Gosto sempre de lembrar a observação, profunda e cheia de ironia que Fernando Namora escreve em prosa introdutória da sua “Resposta a Matilde”6, sobre as relações da Arte com a vida. E sabem porquê? Só porque, quanto mais entra na vida e tenta debuxá-la, mais o artista sobressai como artista, naquela interpenetração entre a vida e a Arte, que é sempre um segredo fascinante e inextricável. Que manancial de figuras típicas, enraizadas numa topogra-fia que é parte da serra que tanto amou: o pastor João Ba-dana, bem desenhado, enquadrado no seu meio, na cena cheia de vida que é a venda da cabra (”chiba" lhe chamará na sua linguagem rústica); o António Canário e o Chico Per-diz, na rivalidade sempre em aberto na vila de Manteigas, entre os ”macavencos” e os ”macarroncos“ (os de cima da vila e os de baixo), numa luta dura, na rudeza das persona-gens, em que se vê aplicada a pena de Talião; no conto “Dois Parceiros”, a antítese marcada pelo Albino Marra e o Joa-quim Cuco - aquele, servidor capaz de dar a vida pelo amo; este, trabalhador revolucionário e anarquista, contaminado por ideias marxistas; o Pataquinho, figura tão típica de qual-quer terra provinciana; a Maria, criada do Prior, que é quem tudo manda e dispõe lá em casa... e fora dela. De todas estas figuras, como de outras de que aqui se não fala, nos são da-dos retratos incisivos, rápidos e sugestivos, tendo como pa-no de fundo tradições, usos e costumes bem assinalados e vivos no espaço a que a obra esta ligada. Quando se consultar um roteiro, mapa ou carta topográfica dos lugares calcorreados pelas personagens saídas da pena de João Isabel, não podemos encontrar maior riqueza de nomes do que os que aparecem nos seus “Contos Serranos": os Cântaros, os Piornos, o Covão da Ametade, o Mondegui-nho, as Penhas Douradas e o Observatório, a Nave e a La-goa Comprida -- e tantos mais que tenho de omitir -- como nos enchem de vitalidade a alma, com o ar puro e fresco que lá se respira e nos chega pelas correntes frescas da memória e pelo debrum artístico que o autor põe, em linha emocio-nal, a sair do seu coração, grande e terno como era. E a do-minar, embora lá no fundo, no vale glaciar do Zêzere, a sua Manteigas, sempre atractiva, bela e viridente. Mas repare-se, é a vila de Manteigas, física e humana: em personagens como Joaquim de Matos e Manuel da Cunha, tão bem deli-

6(6) - “Resposta a Matilde” Fernando Namora, Livraria Bertrand, Lisboa, 1980.

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neados na azáfama do seu trabalho honrado, estamos a ver os antepassados autênticos dos actuais industriais do burgo, que fizeram a sua grandeza. Não se pode pensar que E só o banal e corriqueiro que atrai João Isabel: a sua mirada vai para o Alto e, no domínio esté-tico, a sua visão raia pelo limite do simbólico: estou a lem-brar-me do conto “Rosa Maria”. Pecadora? Perante Maria Madalena, que é esta pobrezinha, tão humana e tão fraca? Coberta pelo manto alvinitente da neve - realidade do quo-tidiano na Estrela -- que outra coisa é senão o símbolo da pureza em que o narrador envolve a sua personagem? É que ela nem chega a pecar e a recta formação do narrador bem interpretou o instante e ocasional apelo carnal do seu amor: o destino levou-lhe o noivo e eis o seu martírio de jovem, que, a ser mãe, morreu envolta na brancura da Natureza... Não podemos esquecer a grandeza de alma dos “Dois Par-ceiros” -- a igualdade no infortúnio, no abraço que os uniu, patrão e servidor; o capital e o trabalho, não na luta de clas-ses, mas no bom entendimento estribado no amor, até à ho-ra da morte. A política ao vivo, no seu verso e reverso, vistos no diálogo espontâneo e natural do pobre pastor da Serra -- aqui a vox populi -- a criticar amargamente o grande político que tanto revolucionou a mentalidade portuguesa nos princípios do século -- Afonso Costa. Mas muito menos do que pensou e se esforçou por fazer! No conto “João Brandão” pelo simples acaso da parecença física, podemos ver como os extremos se tocam: a bondade de Manuel da Cunha e a brutalidade (não isenta de coração, às vezes) trouxe como consequência uma protecção mútua, forma hábil mas real de vencer a dureza das travessias da serra: o perigo e o risco perante a segurança e a protecção, como que convertidos em autêntico mito, que não renega a origem remota do conto como forma narrativa. Na “Noite de Consoada” não é cheio de significado aquele perder-se na Serra o Zé Isidro, bloqueado pela neve, para consoar com a família? E a busca e o encontro com a festan-ça respectiva? Em “Dois Parceiros” tem sabor a merecer comentário espe-cial a entrada do Albino Marra e do Joaquim Cuco na Igreja, bêbedos como de costume, a pedir perdão à Senhora da Graça pelas suas faltas -- aqui fundamentalmente o vício dos copos. Mas nem todas as personagens são boas: João Isabel sabe bem, e a sua arte não o deixa enganar, que não lidamos com anjos no dia-a-dia. E eis porque aparecem traços de vilania e

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maldade, como a vingança do conto “Bairrismo” - "olho por olho, banho por banho”, que tem na base a velha rivalidade entre as duas freguesias da vila. E, nesta mesma ordem de ideias, porque não lembrar a violência a que sujeitam o Pa-taquinho, morto por partida cruel e de mau gosto, fazendo-o ingerir álcool puro, na farmácia da terra? Se os contos de João Isabel não apresentassem personagens deste jaez, eram menos credíveis, ou pelo menos sofriam do não respei-to â verosimilhança, que, como já se deixou entender e o lei-tor poderá verificar, é mais que conseguida. A linguagem é simples, tersa e natural, com diálogos espon-tâneos no seu tom coloquial, nos quais o autor se mostra um conhecedor atento da língua da sua terra, como fonte ines-gotável de palavras e expressões de cariz local. Sem contar com os provérbios que são proferidas ou iniciados e dão uma riqueza assinalável e documental ao texto, a semelhan-ça do que fizeram Aquilino para as suas terras do demo e Nuno de Montemor para a região egitaniense. Pela economia que lhe é inerente, não posso num prefácio exemplificar a variadíssima gama desta riqueza, mas o leitor topá-la-á a cada pé de passada, tão evidente ela se lhe apre-senta. Mas, se mo consentem, deixem-me dar-lhes esta simples amostra, colhida em flagrante no seu discurso narrativo ou na boca das suas personagens: -- “chiba”, “pagar a murta”, “calar a sanfona”, “bico calado”, “ia-me dando uma coisa”, “boca fechada não cria vareja” (em “Um Pastor da Serra"'); -- “por estas e por outras”, “para mão de ensino”, “dar es-cândula”, “sem mais aquelas”, ”danados daquele incidente”, “pedradas que até faziam lume” (em ”Bairrismo”); -- “um rais me parta”, “E vai ele, disse-me”, “O Albino, na sua, respondia”, “e vai eu, atiro-me”, “faça o que o Ex.ª qui-jer" (em “Dois Parceiros"); -- “Quem merca os requeijões?” “É uma terra derrancada“, “Tens umas mãos de prata“, “Senão não botava cá”, “deixa-me lá ir”, ”abusava da pingoleta”, “que façam cruzes na bo-ca” (em A Ti Clotilde dos Requeijões”); -- “não estar com mais aquelas”, “não lhe ligavam nenhu-ma” “ala que se faz tarde”, “tirar palhinha com ele”, “sou homem p'às curvas”, “tens mais sorte que o Facadas” (em “O Pataquinho”); -- “deixa-me lá ir”, “cal quê?”, “a patroa e os-filhos”, “dê lá por onde der”, “Foi o cão do nevoeiro”, “eu botava cá, de

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qualquer maneira”, “uma vez não são vezes”, “teso como um carapau” (em “Noite de Consoada”); -- “tocado da mioleira “, “não venham cá com cantigas” “de tacha arreganhada", “à conta dos capacetes quentes e das requintas altas”, “venho à rasca dos pés”, “tem muita que-da", “como o outro que diz”, “está o pão chegado ã foice” (em “O Compadre e o Prior”); -- “tremer como varas verdes”, “oferecer um lanço”, (em “Rosa Maria”); -- “aIapardado", “uns cobres no bolso para uma bucha” (em João Brandão”). Se talvez fosse dispensável a parte final do conto “Um Pas-tor da Serra” -- o que veio a ser o filho do João Badana; se em “Deus e Satã” o narrador se converte mais num doutri-nador (quase pregador); e, se no mesmo conto, o nível de linguagem da São e do Joaquim Pedro não lhes está cabal-mente adequado; e ainda se o milagre da Nazaré, no conto “João Brandão”, talvez esteja metido a força, não há dúvida de que estamos perante um artista cujos contos merecem um efectivo realce, pela sua naturalidade e transparência, pela forma como nos az ver a verdade desta gente e pela ar-te revelada no seu conhecimento de toda a realidade serra-na. Vão os contos ilustrados com primorosos desenhos do Pintor Isolino Vaz, óptima e bem realizada ideia que vem pôr em relevo todo o encanto desta obra, em alguns dos seus traços mais pertinentes. Eis a génese desta ilustração: “João Isabel é da família. Um dia leu-me uns contos. Achei-os saborosos e pedi para os ilustrar. Entretanto ele morre7 e eu quis cumprir a minha palavra”8 Bem cumprida esta palavra que vem servir a Arte modelarmente. Não ficaria bem comigo próprio, se não deixasse aqui exara-da uma palavra de viva felicitação à Câmara Municipal de Manteigas, patrocinadora desta edição que, honrando o ar-tista e a sua terra, acaba por se dignificar a si própria nesta área inequívoca da cultura. GUARDA, Dezembro de 1987 Abílio Perfeito 1923 - 2009 08 07

7 (7) -- Faleceu em Lisboa a 23/8/84. 8 (8) -- Isolino Vaz, em “Contos Serranas na pena de um professor-pintor" - 0 Sé-culo de 20/10/87.

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A ABRIR – 9 -- GUARDA, Dezembro de 1987

«João Isabel era médico e poeta: eis duas credenciais segu-ras para que pudesse vir a ser um bom contista. E é-o. Fialho de Almeida, Rodrigo Paganino, Miguel Torga, Fer-nando Namora e Araújo Correia foram todos médicos e são dos melhores contistas da nossa literatura; alguns são tam-bém poetas de rara estirpe. Quanto ao lado poético, é ge-ralmente aceite que o conto compartilha muito das carac-terísticas da poesia, pela economia de meios, a ambos, exi-gida: “Arte de sugestão, o conto aproxima-se muitas vezes da poesia e dai até a fuga para a sua forma de literatura fantástica” Nos versos que publicou, J. Isabel mostrou-se um poeta emérito e lembro a obra “Mare Nostrum, em que o soneto atinge um nível de excepção, além da musicalida-de e do ritmo que o acompanham…» (Abílio Perfeito)

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Um Pastor da Serra – 17 – s/d

O Ti João Badana era um velhote simpático, já caído na casa dos setenta, mas que ainda mourejava lá pela Serra, a fazer alqueives ou a guardar o gado. Tinha quatro filhos que o ajudavam na labuta da vida. Usava suíças que lhe davam um aspecto serrano e patriarcal. Naquele dia tardava, contra o costume, e era quase noite quando chegou a ca-sa. Subiu a escada, entrou na saleta, sentou-se na arca e disse à mulher: -- Encontrei há migalho o José Torrado, em Santo António. Perguntou-me se eu lhe queria vender uma chiba, das mais novas. Como tenho amanhã de pagar a décima e não tenho agora dinheiro a modo, até me convém. Disse-lhe que sim e estou a pensa: na chiba que nasceu hã cinco meses, a Malata. Que dizes, mu-lher? -- Tu é que sabes -- respondeu esta. Mas o filho António, por alcunha o Matorro, que estava em baixo no quarto, ouviu a conversa e subiu logo a escada, a perguntar açodado: -- Vossemecê que diz?! Vender a Malata?! … Foi por essa altura que sucedeu um caso curioso com o Ti João Badana, que vale a pena contar. O velhote estava na Nave da Mestra a guardar o gado… - Então querem-lhe cá muito mal?! - Se lhe parece! Um patifório daqueles! Então o senhor de pera e bigode tirou um maço de cigarros da algibeira e en-tregou-o ao Ti João Badana, dizendo: - Tome lá, que lhe oferece o seu amigo Afonso Costa. …

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Bairrismo – 25 – s/d

«Havia, nesse tempo, muita agitação e efervescência na vila por causa da riva-lidade existente entre as suas freguesias. Se uma fazia uma festa rija, com mú-sica e foguetes, logo na outra se fazia uma festa de arromba, com mais fogue-tes, música e arraial. Nas aleluias, era de ver qual das duas apresentava uma procissão maior, com mais andores, anjinhos e figuras alusivas. E na noite de S. João, com fogueiras de rosmaninho a recender nos ares e de grupos em descan-tes pelas ruas, a que não faltavam os bailaricos em certos largos da vila, lá es-tavam os mastros de rosmano, no adro das duas igrejas, a atestar, na sua im-ponência e na sua altura, e a arder pela noite fora, o bairrismo de quem ali os tinha erguido… «…não era prudente um rapaz namorar, de noite, uma rapariga da outra fre-guesia, porque se sujeitava a qualquer provocação ou pedrada anónima. «Foi o aconteceu, uma vez, ao António Canário, o qual conversando, à noite, por sinal de lua cheia, com a Ana Maria, sua namorada, no cimo do Eirô, mes-mo à porta da casa dela, foi bruscamente atingido por uma chapada d'água que o inundou, da cabeça aos pés. - Olha o disparate! - exclamou a Ana Maria, olhando para as janelas da casa vi-zinha, donde devia ter vindo a água…»

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Rosa Maria 33 -- 24-11-1971

«Foi na festa do Senhor do Calvário, à hora da arrematação das ofertas, no largo defronte da Capela, que Raul reparou na rapariga. Era linda, um pouco magra e esbelta, de expressão suave e quase angelical, o cabelo louro escuro, os olhos verdes e a boca pequena e carminada, a lembrar um botão de rosa. Estava-lhe bem o seu nome, Rosa Maria, e mais parecia uma rapariga da cidade do que uma flor rústica da serra. Seguia com atenção o desfilar das ofertas, desde as de ta-buleiro, muito fartas de cabrito, frango assado, frutas e garrafas de vinho, às chouriças, dependuradas em paus, bailantes e de cor vermelho-escuro, aos cestos de batatas e de frutas e ainda aos bolos grandes e redondos, de aspecto apetitoso. Os pregões misturavam-se e sucediam-se, em vá-rios tons: …»

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Dois Parceiros 45 -- Manteigas 22-6-1980

«-Saiba V.Exa. que sim. -- Saiba V.Exa. que não. Assim respondia habitualmente o Albino Marra ao seu pa-trão e senhor, quando este o interpelava sobre qualquer as-sunto da fábrica ou mesmo particular. Nesse tempo, a fábrica, na qual ele trabalhava desde garo-to, era das melhores do país, não só em artigos de carda-ção, como de penteação e tinha muitos operários, garan-tindo assim o pão e sobrevivência a muitas famílias da regi-ão. E mais do que operário, o Marra era um servo dedicado e fiel, em especial ao patrão Joaquim de Matos que ele vene-rava e servia como se fosse o seu verdadeiro pai. Assim o afirmava, muitas vezes: -- Mê pai é o Sr. Joaquim de Matos! …»

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A Ti Clotilde dos Requeijões (53) --

«-- Quem merca os requeijões? Quem merca dos requei-jões? -- Era o pregão da ti Clotilde, logo de manhã, pelas ruas da vila, a vender a sua boa e apreciada mercadoria. Era uma mulher agradável, castiça, já passante dos sessen-ta, de média estatura, um pouco curvada e de cara verme-lha, devido talvez aos bons ares da serra que, com frequên-cia, respirava. Trazia sempre um lenço atado a cabeça, que lhe dava um certo aspecto de minhota, saia rodada até aos tornozelos e pés descalços, os quais davam nas vistas porque tinham enormes joanetes, adivinhando-se-lhe muitos calos nas so-las. Atravessava a Serra duas vezes por semana, quer de Verão quer de Inverno e o seu companheiro inseparável era o bur-rinho, o Ruço, que transportava a carga e era já bastante velhinho. Andava sempre descalço, como ela. Saíam de S. Martinho de madrugada e regressavam à aldeia, na manhã seguinte, a mesma hora, depois de terem feito o seu negó-cio, na véspera. …»

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O Compadre e o Prior (65) -- Manteigas, 30 de Maio de 1983

«Um pândego, aquele Alberto! Conheci-o quando ele tinha vinte anos e já então era assim, alegre e vivaço, atrevido e palrador, embora um tanto patusco e um tudo nada tocado da mioleira. Por esse tempo, como os pais eram um bocado abastados e não tivesse encargos de família, pois era solteiro, levava uma vida livre e folgazã e sem um mínimo de preocupações que o embaraçassem ou tolhessem no seu caminho descui-dado e feliz. Trabalhava, durante o dia, nas propriedades rústicas de seus pais e nas que ele possuía, herdadas da sua madrinha de baptismo, já falecida, mas, a tarde e à noite, era vê-lo a conversar e a rir, na rua ou na taberna, com os seus amigos e conhecidos, ou a namoriscar, nos balcões das casas ou, o que era pior, por sítios mais ou menos solitários e escu-sos….»

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Deus e Satã (77) -- Manteigas, 25-6-1983

«Trabalhava na fábrica como cerzideira, e, na igreja, como cantora e catequista, pois era piedosa e activa e fora edu-cada, pelos pais, em bons princípios cristãos. Não obstante estes predicados, era também muito simples e modesta e considerada, sem favor, uma das raparigas mais bonitas da sua freguesia. Parecia mais atraída por Deus do que pelos homens e até havia quem pensasse e dis-sesse que Maria da Conceição, ou a São, como lhe chama-vam, deixaria tudo, um dia, para entrar e professa: em qualquer ordem religiosa. Mas na tarde dum domingo festivo, no doce convívio cam-pestre rapazes e raparigas daquela freguesia, com a pre-sença do pároco e de pessoas de família dessa juventude, um dos rapazes, o Joaquim por sinal o chefe do grupo dos escuteiros e que trabalhava na mesma fábrica da São, chamou esta de parte e disse-lhe assim: -- São. Ando há muito para dizer-te uma coisa. Gosto de ti e queria casar contigo. Queres-me para teu namorado? …»

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João Brandão (95) -- Manteigas, 18-7-982

«João Brandão rondava, algumas vezes, por certos sítios da serra, perto de Manteigas, mais a sua quadrilha. Era um bandido temível, de maus instintos, que aos doze anos de idade matou um pobre pastor de Gouveia apenas para exercitar a pontaria. O pai, mais celerado do que ele, ficou muito contente com a façanha e a quadrilha era cons-tituída por irmãos, primos e sobrinhos daquele progenitor. Não se sabe bem porquê, as autoridades protegiam-no, tal-vez por medo das suas vinganças ou pela grande influência que tinha no partido político que ele protegesse. … …Manuel da Cunha, bastante calmo, respondeu: - Eu sou um industrial de Manteigas e este é o meu criado. Levamos fazendas para ir vender ao mercado de Mangual-de. -- Entretanto, o chefe da quadrilha ia observando Ma-nuel da Cunha que também usava barba preta e bastante sorridente, diz-lhe: -- - Mas você é muito parecido comigo. Nem que fosse meu irmão. …»

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O Pataquinho (105) – s/d

«Chamavam-lhe assim porque no seu ofício de carregador de malotes, quando lhe perguntavam quanto lhe deviam por qualquer trabalho, ele respondia: -- Dê lá o que vossemecê “quijér”. Mas ao insistirem com ele para que dissesse e não estivesse com meias aquelas, ele então invariavelmente retorquia: -- Então dê lá um pataquinho. -- E ficara~lhe essa alcunha que condizia com o seu tipo magro e baixote, de meio ho-mem, embora fosse capaz de transportar sacos de cem qui-los sem dificuldade de maior. Donde lhe vinha a força para estas proezas e outras de igual teor, isso é que não era fácil de explicar. Talvez do seu treino de muitos anos a alombar carregos ou à posse duma musculatura rara e privilegiada que fazia inveja a homens de porte maior. …»

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Noite de Consoada (111 – 118) – s/d

«Zé Isidro saíra de Casegas já muito tarde. Entretido a beber uns copitos na taberna do Dâmaso, com alguns conhecidos, só deu conta de si quando já eram cinco da tarde. -- Eh raio, - disse ele, vendo o relógio. - Deixa-me la ir. -- E, agarrando rápido os alforjes e o cajado, dispôs-se a fazer viagem. Um dos amigos ainda alvitrou: - Ficas cá hoje, Zé Isidro. Não vás tão tarde. Dormes cá esta noite e vais amanhã de manhã. -- Cal quê, - respondeu ele, ajeitando os alforjes. -- Então a patroa e os filhos estão lá à minha espera e eu havia de aqui ficar? -- Isso sim. Temos de comer as filhós todos jun-tos e por isso hei-de ir, dê lá por onde der. E, açodado e preocupado, deu as boas tardes e saiu, porta fora. Era véspera de Natal. A tarde estava fria e nublada, ameaçando chuva ou neve, mas, para um homem como Zé Isidro, pastor de profissão e criado na serra, não havia qualquer problema. …»

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Algumas tabelas com: Toponímia

LUGAR Exemplo DA-DOS

Época ou registo... PUBLICA-ÇÃO…

1. Alfátima «No alto de Alfátima, surgem-lhe dois homens, também armados de bacamartes, que o obrigam a parar.»

100

2. Barros Vermelhos «…para o lado dos Barros Vermelhos…»

21

3. Belmonte Foi a Belmonte e só deve che-gar amanhã à tarde.

102

4. Cântaros «percebeu, pelos declives e configuração da serra, que ele estava no Covão da Ametade junto à base dos Cântaros…»

114

5. cardação «…não só em artigos de car-dação, como de penteação e tinha muitos operários…»

45

6. carreira «…Joaquim Pedro entrou na camioneta da carreira para ir tomar o comboio…» (ver rua – carreira e carreiras)

84

7. Carvalheira «…embrulhou-se num xale e lenço de lã e saiu de casa, se-guindo Carvalheira acima, caminho da Serra.» «… saíram de Manteigas o Manuel da Cunha e o criado, montados em cavalos e um macho carregado de fardos de fazenda. Seguiram o cami-nho da Carvalheira, à luz das estrelas…»

43 96

8. Casa da Praça «…mas foi logo à Casa da Pra-ça desembaraçar-se da in-cumbência»

102

9. Casa dos Canto-neiros

«-- Aqui perto está a casa dos cantoneiros…»

40

10. casa grande, à Praça

«É um senhor de barbas que mora numa casa grande, à Praça.»

101

11. coreto enquanto a banda, no coreto, atacava mais um número

33

12. Covão da Ameta-de

«percebeu, pelos declives e configuração da serra, que ele estava no Covão da Ametade junto à base dos Cântaros…»

114

13. Curva do Capelo ?

14. Curva do Varato-jo

«E os três seguiram estrada fora, em direcção à vila, que em breve surgiu, iluminada, após a curva do Varatojo.»

37

Page 23: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

15. Eirô «…a Ana Maria, sua namora-da, no cimo do Eirô,» «Raul acompanhou Rosa Ma-ria, Eirô acima, até à porta de casa.»

29 38

16. Fábrica do Rio «…foi espera-lo a Ponte do Pego, perto da fábrica do rio.»

30

17. Fôrneas «Percorreu o Trapique, a Ma-lhada das Fôrneas, o Vale da Barca, o Tornágua, a Fraga da Cruz. De fragão em fragão, …»

18

18. fábrica do rio «… foi esperá-lo à Ponte do Pego, perto da fábrica do rio.»

30

19. forno «…no forno de cozer o pão. Havia vários fornos nessa al-tura»

62

20. Fraga da Cruz «Percorreu o Trapique, a Ma-lhada das Fôrneas, o Vale da Barca, o Tornágua, a Fraga da Cruz. De fragão em fragão, …» «O sol baixava para os lados da Fraga da Cruz…»

18 78

21. Fragão «Percorreu o Trapique, a Ma-lhada das Fôrneas, o Vale da Barca, o Tornágua, a Fraga da Cruz. De fragão em fragão, …»

18

22. Gouveia «-- Teu tio, o Jorge e o tintu-reiro lá da fábrica que nos ofereceu o carro.» -de Gou-veia…» «…um rapaz de Manteigas, o Luís Romão, que transportava o correio daquela vila para Gouveia, a pé, todos os di-as…»

35 100

23. Guiné «…para fazer a recruta em Santa Margarida e, a seguir, foi escalado para fazer o resto do serviço na Guiné, à seme-lhança de tantos militares dispersos pelas nossas Provín-cias Ultramarinas.»

38

24. hospital de Seia «Levaram-no logo para o hos-pital de Seia, aonde foi visto pelo Sr. doutor Mota Veiga,»

59

25. igreja de Santa Maria

«Ainda hoje se encontra, na igreja de Santa Maria daquela vila, um cálice de altar, ador-nado de lindas campainhas que foi oferta desses homens em memória daquele mila-gre.»

104

26. Lagoa Comprida «-- Andavam a fazer a barra-gem, na Lagoa Comprida.»

59

27. Lapa «O Chico Perdiz trabalhava para lá do rio, no sítio da La-pa, nas fazendas do pai.»

30

28. Lavadouro ?

Page 24: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

29. Malhada das Fôr-neas

«Percorreu o Trapique, a Ma-lhada das Fôrneas, o Vale da Barca, o Tornágua, a Fraga da Cruz. De fragão em fragão, …»

18

30. Manteigas «…rivalidade sempre em aberto na vila de Mantei-gas…»

10

31. Midões, terra da sua naturalidade

«Vinha de longe, de Midões, terra da sua naturalidade, pa-ra assaltar viandantes, em es-pecial lavradores e industriais de Manteigas, que tinham de atravessar a Serra, montados em cavalgaduras, para irem vender os seus produtos a mercados distantes.

95

32. Mondeguinho «Perto do Mondeguinho, sur-gem-lhe três homens detrás dum penedo, armados de ba-camartes…»

100

33. Nave «O velhote estava na Nave da Mestra…»

21

34. Nave de Santo António

«…prestes a chegar à Nave de Santo António,»

112

35. Nave da Mestra «…prestes a chegar à Nave de Santo António,»

112

36. Observatório «Ao raiar da aurora estavam no Observatório e era já ma-nhã clara quando chegaram à, sem qualquer incidente.»

96

37. Oliveira do Hospi-tal

«Praticou muitos homicídios e o último na pessoa do, na Várzea da Candosa, com pri-são efectuada, com grandes riscos, pelo administrador do concelho de Oliveira do Hos-pital, foi seguida do seu de-gredo para a África, donde nunca mais voltou.»

95

38. Penhas Douradas «…em direcção às Penhas Douradas.»

22

39. penteação ?

40. Piornos «…até que, por altura dos Pi-ornos, começou a nevar…»

111

41. Ponte de Cabaços «Ao raiar da aurora estavam no Observatório e era já ma-nhã clara quando chegaram à, sem qualquer incidente.»

96

42. ponte do pego «… foi esperá-lo à Ponte do Pego, perto da fábrica do rio.»

30

43. Praça «…mora numa casa grande, à Praça»

101

44. Praça da louça ?

Page 25: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

45. Províncias Ultra-marinas

«…para fazer a recruta em Santa Margarida e, a seguir, foi escalado para fazer o resto do serviço na Guiné, à seme-lhança de tantos militares dispersos pelas nossas Provín-cias Ultramarinas.»

38

46. Sabugueiro «…ele foi visto por pastores, ao pé do Sabugueiro.»

96

47. Santa Margarida «…para fazer a recruta em Santa Margarida e, a seguir, foi escalado para fazer o resto do serviço na Guiné, à seme-lhança de tantos militares dispersos pelas nossas Provín-cias Ultramarinas.»

38

48. Santo António «-- Encontrei há migalho o Jo-sé Torrado, em Santo Antó-nio»

17

49. S São Lourenço «Quando Joaquim de Matos ia para a Serra, no Verão, pas-sar um mês na sua casa de S. Lourenço, o Albino Marra fa-zia sempre parte da comiti-va…»

50

50. S. Martinho «Saíam de S. Martinho de madrugada…»

53

51. taberna do Dâma-so.

«…em demanda da taberna do Dâmaso.»

105

52. taberna do Passe-e-Ande?

«… e mandasse buscar um garrafão de cinco litros à ta-berna do Passe-e-Ande, ali perto. »(Passianda?)

116

53. Tinte ?

54. Tornágua «Percorreu o Trapique, a Ma-lhada das Fôrneas, o Vale da Barca, o Tornágua, a Fraga da Cruz. De fragão em fragão, …»

18

55. Trapique «Percorreu o Trapique, a Ma-lhada das Fôrneas, o Vale da Barca, o Tornágua, a Fraga da Cruz. De fragão em fragão, …»

18

56. Vale de Amoreira «Como era já muito tarde e trazia o capacete um pouco quente, resolveu ficar e dor-mir na povoação de Vale de Amoreira e aí, noite velha, »

45

57. Vale da Barca «Percorreu o Trapique, a Ma-lhada das Fôrneas, o Vale da Barca, o Tornágua, a Fraga da Cruz. De fragão em fragão, …»

18

58. Vila Herminius «…ela trouxe a Vila Herminius um rapazinho…»

61

59. Zêzere «…até quase à origem, o vale do Zêzere,»

78

Page 26: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

Nomes e alcunhas

NOME / APELI-DO

Exemplo Época ou registo... PUBLICA-ÇÃO…

1. Afonso Costa «-- Tome lá, que lhe oferece o seu amigo Afonso Costa. – (político 1ª República – 1910…)

22

2. Albertino «-- Não me faças mal... Sou o Alber-tino... o Marrafa...»

37

3. Alberto «… o compadre Alberto que tocava clarinete ou requinta…»

68

4. Albino Marra «-- Mas ó Albino, -- dizia-lhe algu-mas vezes o Joaquim Cuco, operário também da fábrica, que tinha ideias vagas e subversivas sobre capital e trabalho.» - operário servidor…

45

5. Alfredo Mo-rais

«Lembrou-se do Alfredo Morais e do Zé Patola que lá tinham ficado na neve, a caminho de Gouveia -(Pai ZéDavid? História?)

114

6. Amélia «…a criada, a Amélia, antes de abrir a porta, perguntou:»

46

7. Ana Maria «…a Ana Maria, sua namorada, no cimo do Eirô,»

29

8. Andorinha «Era a Malhada, a Andorinha, a Car-riça, a Fadista, a Bonita, a Landrisca, a Janota...» (nomes das ovelhas)

18

9. António Ca-nário

«Foi o aconteceu, uma vez, ao An-tónio Canário,» macavenco

29

10. Augusta «… Isto são o rei dos requeijões, fei-tos pela Augusta, a mulher do Zé Alho, lá de S. Martinho.»

54

11. Badana, João «O Ti João Badana era um velhote simpático…» (Um Pastor da Serra)

17

12. Bernardo «…o Bernardo sacristão, …» -- (Sa-cristão S. Maria)

26

13. Bichas o Ti Bichas

Sacristão SP «Até o ti Bichas que morava para o Eirô e tinha umas…»

26

14. Boléo «Pois esse regente, o Boléo, que era, na verdade, um belíssimo artis-ta, escreve rapidamente a partitu-ra…» --Regente MV

25

15. Bonita «Era a Malhada, a Andorinha, a Car-riça, a Fadista, a Bonita, a Landrisca, a Janota...» (nomes das ovelhas)

18

16. Canário, An-tónio

«Foi o aconteceu, uma vez, ao An-tónio Canário,» macavenco

29

17. Carriça «Era a Malhada, a Andorinha, a Car-riça, a Fadista, a Bonita, a Landrisca, a Janota...» (nomes das ovelhas)

18

18. Chico Perdiz, «…tinha sido o Chico Perdiz, filho do Ti Fortunato» macarronco

30

Page 27: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

19. Chocalhota, Lourdes

«…a Lourdes Chocalhota, como lhe chamam…»

84

20. Clotilde dos requeijões… 53

21. Conceição «…que Maria da Conceição, ou São, como lhe chamavam, deixaria tu-do…»

77

22. Conde de Azevedo

«…mediante a protecção do Conde de Azevedo, de quem era amigo…»

23

23. Cristina «… disse Manuel da Cunha. - Mas eu tenho de ir, Cristina. Tu não vês que eu tenho de ir?»

96

24. Cuco, Joa-quim

«-- Mas ó Albino, -- dizia-lhe algu-mas vezes o Joaquim Cuco, operário também da fábrica, que tinha ideias vagas e subversivas sobre capital e trabalho.» - operário contestatá-rio…

45

25. Damas, Ti «-- Bóte lá meio litro, ó ti Damas» 106

26. Dâmaso «…em demanda da taberna do.» 105

27. Delfina «… um dia, ao levar uma encomen-da à D. Delfina, não teve mão em si»

106

28. Endireita «O padre, que tinha um carro de sociedade com o Zé Faustino, o en-direita lá da terra,»

74

29. Fadista «Era a Malhada, a Andorinha, a Car-riça, a Fadista, a Bonita, a Landrisca, a Janota...» (nomes das ovelhas)

18

30. Faustino «O padre, que tinha um carro de sociedade com o Zé Faustino, o en-direita lá da terra,»

74

31. Fortunato, Ti «…um vulto que lhe pareceu ser o Ti Fortunato.»

29

32. Francisco, «Um dia o Francisco, que assim se chamava o rapazito, foi pedir esmo-la à casa do já referido clínico da terra.» (Ti Clotilde)

62

33. Gancha, Edu-ardo

«O Eduardo Gacha e o Manel Mêda, os valentões da freguesia de S. Pe-dro, disseram assim ao Canário,…»

31

34. Gigante «…conhecido pela alcunha de so-bretudo entre os pastores» (Zé Isi-dro…)

112

35. Graça Tanga-nho

«… a Graça Tanganho» 66

36. Isidro, Zé «Zé Isidro saíra de Casegas já muito tarde.» (perdido na neve…)

111

37. João «…o João, um dos filhos do casal, que, nessa altura, fizera um Curso de Cristandade, …»

62

38. João Badana Pastor na casa dos 70 «Usava suíças que lhe davam um aspecto serrano e patriarcal»

17

39. João Brandão «João Brandão rondava, algumas vezes, por certos sítios da serra, perto de Manteigas, mais a sua quadrilha.»

95

Page 28: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

40. João Isabel (autor) «João Isabel era médico e poeta…»

4/9

41. Joaquim Cu-co

«…o Joaquim Cuco, operário tam-bém da fábrica, que tinha ideias va-gas e subversivas sobre capital e trabalho…» (Anarquista?…)

45

42. Joaquim Cu-co

«…o Joaquim Cuco, seu ilustre cole-ga e digno compincha nos copos»

49

43. Joaquim de Matos

-- Mê pai é o Sr. Joaquim de Ma-tos!» - industrial

45

44. João Brandão «João Brandão rondava, algumas vezes, por certos sítios da serra, perto de Manteigas, mais a sua quadrilha.» … «Praticou muitos homicídios e o úl-timo na pessoa do Padre José da Anunciação Portugal, na Várzea da Candosa, com prisão efectuada, com grandes riscos, pelo adminis-trador do concelho de Oliveira do Hospital, foi seguida do seu degre-do para a África, donde nunca mais voltou.»

95

45. Joaquim Pe-dro

«…um dos rapazes, o Joaquim Pe-dro por sinal o chefe do grupo dos escuteiros e que trabalhava na mesma fábrica da São…»

77

46. Jorge «-- Teu tio, o Jorge e o tintureiro lá da fábrica que nos ofereceu o car-ro.»

35

47. José Massano «-- Vou amanhã a Mangualde fazer o mercado. Diz ao José Massano que tenha os cavalos preparados para…»

95

48. José Torrado «-- Encontrei há migalho o José Tor-rado, em Santo António»

17

49. Josefa Vina-gre

«Num dos becos do fundo da vila apareceu a Josefa Vinagre…»

60

50. Josefa «…aproveitando para despedir-se da senhora Josefa, a mãe dela (a São)…»

82

51. Landrisca «Era a Malhada, a Andorinha, a Car-riça, a Fadista, a Bonita, a Landrisca, a Janota...» (nomes das ovelhas)

18

52. Lucinda «…apareceu à varanda a Lucinda, criada do doutor,»

55

53. Luís Romão, «…um rapaz de Manteigas, o que transportava o correio daquela vila para Gouveia, a pé, todos os dias…»

100

54. Janota. «Era a Malhada, a Andorinha, a Car-riça, a Fadista, a Bonita, a Landrisca, a Janota...» (nomes das ovelhas)

18

55. Lourdes Cho-calhota

«…a Lourdes Chocalhota, como lhe chamam…»

84

56. Lucília «Ele falou, de facto, e a Lucília, a rir, quase às gargalhadas…»

108

Page 29: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

57. Malhada «Era a Malhada, a Andorinha, a Car-riça, a Fadista, a Bonita, a Landrisca, a Janota...» (nomes das ovelhas)

18

58. Mangualde «-- Vou amanhã a Mangualde fazer o mercado. Diz ao José Massano que tenha os cavalos preparados para…»

95

59. Manuel Ba-dana

«…o filho mais novo do Ti Badana, o Manuel, …» «…foi para o Brasil… Aí se empre-gou numa perfumaria, na Praça Ti-radentes, mas continuou a estudar e, passados anos, formado em His-tória, foi professor e bibliotecário no Liceu de Portugal do Rio de Ja-neiro. Nomeado representante da Causa Monárquica no Brasil, por D. Duarte Nuno, foi orador em várias sessões solenes, de carácter oficial, com a presença de altas individuali-dades, como Getúlio Vargas e Pedro Calmon.»

23

60. Manuel da Cunha

«…vezes calhou a sorte a Manuel da Cunha, industrial de Manteigas…»

95

61. Manuel Mor-te

«… e o pai, o ti Manuel Morte,» 105

62. Maria da Conceição

«…que Maria da Conceição, ou São, como lhe chamavam, deixaria tu-do…»

77

63. Marra, Albi-no

«Era assim o Albino Marra, na sua alma simples e ingênua, como de criança.»

46

64. Marrafa, Al-bertino

«-- Não me faças mal... Sou o Alber-tino... o Marrafa...»

37

65. Maria «…quem verdadeiramente manda-va era a criada dele, a velha Ma-ria…» - criada do Prior

68

66. Maria de Lourdes

«Só houve, … uma excepção: a Ma-ria de Lourdes, que não gostou do namoro…»

80

67. Maria Prata «…perguntou a criada, a Maria Pra-ta.»

102

68. Massano, Jo-sé

«-- Vou amanhã a Mangualde fazer o mercado. Diz ao José Massano que tenha os cavalos preparados para…»

95

69. Matorro, An-tónio

Mas o filho António, por alcunha o Matorro.» filho do BADANA

17 21

70. Mêda, Manel «O Eduardo Gacha e o Manel Mêda, os valentões da freguesia de S. Pe-dro, disseram assim ao Canário,…»

31

71. Mimoso «…(Lucília) casou, a curto prazo, com o Zé Mimoso, logo que este regressou de fazer o serviço mili-tar.»

110

72. Mota Veiga «Levaram-no logo para o hospital de Seia, aonde foi visto pelo Sr. doutor Mota Veiga,»

59

Page 30: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

73. Padre José da Anunciação Portugal

«Praticou muitos homicídios e o úl-timo na pessoa do, na Várzea da Candosa, com prisão efectuada, com grandes riscos, pelo adminis-trador do concelho de Oliveira do Hospital, foi seguida do seu degre-do para a África, donde nunca mais voltou.»

95

74. Padre Paren-te

«…às músicas do Rancho dos Serra-nos da Estrela, quase todas da auto-ria do Sr. Pe. Parente, o velho páro-co daquela freguesia…» «Fado: do Pastor, da Candeia, do Queijo da Serra, do Polícia, o Vira da Saudade: as Canções do Vale da Barca, das Lavadeiras e tantas ou-tras músicas do mesmo autor, …»

78

75. padre Silvério «Foram coisas lá do padre Silvério que é homem para…»

70

76. pão chegado à foice

«Está o pão chegado à foice por que a idade não perdoa…»

70

77. Pataquinho «-- Quantos já hoje, ó Pataquinho? figura típica…

105

78. Patola «Lembrou-se do Alfredo Morais e do Zé Patola que lá tinham ficado na neve, a caminho de Gouveia -(

114

79. Perdiz, Chico «…tinha sido o Chico Perdiz, filho do Ti Fortunato» macarronco

30

80. Raul «…notícia trágica e brutal, a notícia horrorosa de Raul … ter morrido…»

42

81. Roque «…numa mercearia da terra, a do José Roque.»

23

82. Rosa d'Avó «…surgiu a uma janela a cabeça desgrenhada da Rosa d'Avó…»

54

83. Rosa Maria «Raul acompanhou Rosa Maria, Eirô acima, até à porta de casa.» - Peca-dora?

38

84. Rosária «..escapando-se à sorrelfa da casa da tia Rosária,»

30

85. Salazar «-- Abaixo o azeiteiro (Dr. Oliveira Salazar)»

49

86. São «…que Maria da Conceição, ou São, como lhe chamavam, deixaria tu-do…»

77

87. Silvério «Foram coisas lá do padre Silvério que é homem para…»

70

88. Tanganho, Graça

«… a Graça Tanganho» 66

89. Tintureiro «-- Teu tio, o Jorge e o tintureiro lá da fábrica que nos ofereceu o car-ro.» -de Gouveia

35

90. Torrado, José «-- Encontrei há migalho o José Tor-rado, em Santo António.»

17

91. Vinagre, Jose-fa

«Num dos becos do fundo da vila apareceu a Josefa Vinagre…»

60

92. Zé Alho «… Isto são o rei dos requeijões, fei-tos pela Augusta, a mulher do Zé Alho, lá de S. Martinho.»

54

Page 31: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

93. Zé Isidro «…para um homem como Zé Isidro, pastor de profissão e criado na ser-ra…»

111

94. Zé Patola «Lembrou-se do Alfredo Morais e do Zé Patola que lá tinham ficado na neve, a caminho de Gouveia.»

114

Page 32: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

Expressões / Falas / Falares

EXPRESSÃO Exemplo Época ou registo... PUBLICA-ÇÃO…

1. à conta «à conta dos capacetes quentes e das requintas altas» O Compadre e o Prior

68

2. a patroa e os-filhos

a patroa e os filhos estão lá à minha espera Noite de Consoada

111

3. à sorrelfa «..escapando-se à sorrelfa da ca-sa da tia Rosária,»

30

4. pingoleta «abusava da pingoleta» A Ti Clotilde

55

5. açodado «…subiu a escada, a perguntar açodado: …»

17

6. aIapardada «… a quadrilha… Tinha desapare-cido, ou estava alapardada…» João Brandão

100

7. ala que se faz tarde

e ala que se faz tarde, lá ia ele para a taberna do Dâmaso beber a sua litrada.» - O Pataquinho

106

8. alforjes «E, agarrando rápido os alforjes e o cajado, dispôs-se a fazer via-gem.»

111

9. Alhos «-- Quem merca os requeijões? Alhos, cebolas, maçãs...»

54

10. Almoço (de festa)

«Foi um almoço muito anima-do… uma rima de cinco pratos, muito grossos, de Sacavém.»

67

11. alombar car-regos

«Talvez do seu treino de muitos anos a alombar carregos…»

105

12. alveitar «…se tinha dor de cotovelo, que fosse ao alveitar que o curasse» - (que trata animais…)

31

13. amigos de mil diabos

«Um dia, uns amigos de mil dia-bos,»

110

14. andar aos baldões…

«… já muito pingado, ia a fazer sss pela rua fora.»

105

15. andar com a cara p'ra di-ante

«-- E que remédio tenho eu se-não andar com a cara p'ra dian-te!» A Ti Clotilde

59

16. andar na la-buta

vá lá então à sua labuta. A Ti Clotilde

56

17. aos bordos «E saíram aos bordos, os dois comovidos, a limpar as lágrimas ao dorso das mãos.»

49

18. arreganhada «…respondeu um garoto, de ta-cha arreganhada até às ore-lhas…»

68

Page 33: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

19. arrematação das ofertas

«Foi na festa do Senhor do Cal-vário, à hora da arrematação das ofertas,»

33

20. Avé-Marias «…como bênção do céu, o toque saudoso das Avé-Marias...»

40

21. azeiteiro «-- Abaixo o azeiteiro (Dr. Olivei-ra Salazar)»

49

22. bacamartes «Perto do Mondeguinho, sur-gem-lhe três homens detrás dum penedo, armados de …»

100

23. banho por banho

«-- Olho por olho, banho por ba-nho»

30

24. bico calado «Para a outra vez, haja o que houver, bico calado. Boca fecha-da não cria varejas.» Um Pastor da Serra

23

25. boca fechada não cria vare-ja

«Para a outra vez, haja o que houver, bico calado. Boca fecha-da não cria varejas.» Um Pastor da Serra

23

26. bordão «…apoiado ao bordão, fiel com-panheiro de jornadas e de guar-da ao rebanho,»

111

27. borrachão «…é um borrachão que anda sempre metido nas tabernas.»

60

28. botas de cano alto

«…era ter trazido as botas de ca-no alto e os safões de pele de borrego…»

111

29. Bóte lá… «-- Bóte lá meio litro, ó ti Da-mas»

106

30. boticário da vila

«…como dizia um velho boticário da vila, nesta terra só havia duas estações: a do Inverno e a dos Correios »

53

31. boua «…dava-lhe uma prenda “boua”. Rais me partam se havia alguém que a tratasse melhor do que eu.»

109

32. cajado «E, agarrando rápido os alforjes e o, dispôs-se a fazer viagem.»

111

33. cal quê? «-- Cal quê, -- respondeu ele, ajeitando os alforjes.» Noite de Consoada

111

34. calar a sanfo-na

«… vais calar a sanfona, porque já nos dói a cabeça…» Um Pastor da Serra

18

35. cálice de al-tar, adornado de campai-nhas

«Ainda hoje se encontra, na igre-ja de Santa Maria daquela vila, um cálice de altar, adornado de lindas campainhas que foi oferta desses homens em memória da-quele milagre.»

104

36. camioneta da carreira

«… Joaquim Pedro entrou na camioneta da carreira para ir…»

84

37. cantora «Trabalhava na fábrica como cerzideira, e, na igreja, como cantora e catequista,»

77

Page 34: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

38. cão dos in-fernos,

«-- Ah! cão dos infernos, malan-dro... -- ululava Raul, …»

37

39. capa de as-perges

«… de capa de asperges aos om-bros, »

70

40. capacete um pouco quente

«Como era já muito tarde e tra-zia o capacete um pouco quente, resolveu ficar e dormir na povo-ação de Vale de Amoreira e aí, noite velha, » «Se havia briga ou zaragata na rua ou na taberna, à conta dos capacetes já quentes e das re-quintas altas…»

45 68

41. cardação «Nesse tempo, a fábrica, na qual ele trabalhava desde garoto, era das melhores do país, não só em artigos de cardação, como de penteação e tinha muitos operá-rios, garantindo assim o pão e sobrevivência a muitas famílias da região.»

45

42. carreira Corrida / camioneta / zona ou rua…

84

43. catequista «Trabalhava na fábrica como cerzideira, e, na igreja, como cantora e catequista,»

77

44. cebolas «-- Quem merca os requeijões? Alhos, cebolas, maçãs...»

54

45. cerzideira «Trabalhava na fábrica como cerzideira, e, na igreja, como cantora e catequista,»

77

46. chapada d’água

«…atingido por uma chapada d'água…

29

47. chavecos chavecos / xavecos / tchavecos ver: «Os macavencos, de cima, (S. Maria) os macarroncos, de baixo…»

26

48. chiba «…vender uma chiba, das mais novas.»

17

49. chouriça «, trazendo para a mesa queijo, chouriça, triga milha e as filhós.»

116

50. clarinete «… o compadre Alberto que to-cava clarinete ou requinta…»

68

51. como o outro que diz

O Compadre e o Prior

?

52. compincha nos copos

«…o Joaquim Cuco, seu ilustre colega e digno compincha nos copos»

49

53. copos «Mas o fraco, o grande fraco da-quele homem eram os copos, aos quais não resistia,… As pielas sucediam-se umas às outras…» - bebedeira

46

54. cruzes na bo-ca

A mulher e os filhos que façam cruzes na boca.

60

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55. Curso de Cris-tandade

«…o João, um dos filhos do casal, que, nessa altura, fizera um,…»

62

56. danados da-quele inciden-te

«…músicos, danados daquele in-cidente, vociferavam pragas Bairrismo

25

57. dar cabo do coirão

«…esbofeteando-o, com fúria. -- Vou-te dar cabo do coirão...»

37

58. dar escândula « nunca tinha dado escândalo a ninguém.» - Bairrismo

29

59. dê lá por on-de der

«…por isso hei-de ir, dê lá por onde der…» Noite de Consoada

111

60. de tacha ar-reganhada

«… respondeu um garoto, de ta-cha arreganhada…» O Compadre e o Prior

68

61. degredo para a África,

«Praticou muitos homicídios e o último na pessoa do, na Várzea da Candosa, com prisão efectua-da, com grandes riscos, pelo ad-ministrador do concelho de Oli-veira do Hospital, foi seguida do seu degredo para a África, donde nunca mais voltou.»

95

62. deixa-me lá ir «…deixa-me lá ir à minha vida…» A Ti Clotilde

60

63. deixa-me lá ir «Eh raio, … Deixa-me lá ir.» Noite de Consoada

111

64. derrancada «-- Isto é uma terra derrancada!» 53

65. ditados «Até ao lavar dos cestos é vindi-ma, como o povo dizia…»

82

66. doitor «-- Com letras ou sem letras, sr. "doitor”? »

74

67. É uma terra derrancada

«-- Isto é uma terra derrancada!» A Ti Clotilde

53

68. E vai ele, dis-se-me

«E vai ele disse-me assim:» Dois Parceiros

51

69. e vai eu, ati-ro-me

«E vai eu atiro-me a ele e da re-frega…» Dois Parceiros

51

70. Eclampsia «-- Eclampsia. Mas você não sa-be o que é…» (Eclampsia ou Eclâmpsia é a hipertensão espe-cífica da gravidez.)

66

71. embezerrado. «…foi refugiar-se no quarto, em-bezerrado.»

17

72. embirrar «… embirrava com todos os go-vernos…»

23

73. está o pão chegado à foice

« Está o pão chegado à foice por que a idade não perdoa…» O Compadre e o Prior

73

74. estafermo «Agora auguenta, estafermo, auguenta para aí. »

60

75. a modo «…não tenho agora dinheiro a modo,»

17

Page 36: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

76. eu botava cá, de qualquer maneira

«Se não fosse ele (o nevoeiro), eu botava cá, de qualquer ma-neira» - Noite de Consoada

116

77. fábrica «Nesse tempo, a fábrica, na qual ele trabalhava desde garoto, era das melhores do país, não só em artigos de cardação, como de penteação e tinha muitos operá-rios, garantindo assim o pão e sobrevivência a muitas famílias da região.»

45

78. faça o que V. Ex.ª quijer

«-- Faça o que V. Exa. “quijér”!» - Dois Parceiros

51

79. façam cruzes na boca

A mulher e os filhos que façam cruzes na boca.

60

80. faíscas «Temos de sair daqui... Dizem que as árvores são perigosas, por causa das faíscas.» - raios

40

81. fardos de fa-zenda

«… saíram de Manteigas o Ma-nuel da Cunha e o criado, mon-tados em cavalos e um macho carregado de. Seguiram o cami-nho da Carvalheira, à luz das es-trelas…»

96

82. Fazer alquei-ves

«…lá pela Serra, a fazer alqueives ou a guardar o gado.»

17

83. fazer sss «…o Pataquinho, já muito pinga-do, ia a fazer sss pela rua fora.»

105

84. Feijões do forno

«…também se consolavam com o bom cheiro do feijão do for-no,»… «…E nunca mais os feijões volta-ram a ter o sabor delicioso que tinham esses, cozidos assim.»

62

85. filhós «, trazendo para a mesa queijo, chouriça, triga milha e as filhós.»

116

86. Fogueiras de S. João

«…lá estavam os mastros de rosmano, no adro das duas igre-jas, a atestar, na sua imponência e na sua altura, e a arder pela noite fora, o bairrismo…»

25

87. Foi o cão do nevoeiro

«-- Foi o cão do nevoeiro. Se não fosse ele, eu botava cá, de qual-quer maneira. »

116

88. Foi o cão do nevoeiro

« Foi o cão do nevoeiro. Se não fosse ele, eu botava cá, Noite de Consoada

116

89. Forno de co-zer pão

«…costumavam dormir os dois, por caridade, no forno de cozer o pão. Havia vários fornos nessa altura…» - Ti Clotilde «…como não tinha casa, nem ei-ra nem beira, dormia no forno de cozer o pão,» - Pataquinho

62 106

90. garrafão de cinco litros

«… e mandasse buscar um garra-fão de cinco litros à taberna do Passe-e-Ande, ali perto. »

116

Page 37: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

91. garruço «… ele então retorquia, … tiran-do o garruço:»

46

92. ia para a Ser-ra, no Verão

«Quando Joaquim de Matos ia para a Serra, no Verão, passar um mês na sua casa de S. Lou-renço, o Albino Marra fazia sem-pre parte da comitiva»

50

93. ia-lhe dando uma coisa

«Ia-lhe dando uma coisa, ali mesmo.» - Um Pastor da Serra

18

94. industriais de Manteigas

«Vinha de longe, de Midões, ter-ra da sua naturalidade, para as-saltar viandantes, em especial lavradores e industriais de Man-teigas, que tinham de atravessar a Serra, montados em cavalga-duras, para irem vender os seus produtos a mercados distantes.

95

95. ir ao alvei-tar…

«…se tinha dor de cotovelo, que fosse ao alveitar que o curasse» - (que trata animais…)

33

96. lapada «Era raro ter de mandar alguma lapada (pedrada)

18

97. lavradores e industriais de Manteigas

«Vinha de longe, de Midões, ter-ra da sua naturalidade, para as-saltar viandantes, em especial lavradores e industriais de Man-teigas, que tinham de atravessar a Serra, montados em cavalga-duras, para irem vender os seus produtos a mercados distantes.

95

98. linguarudo «… para que não sejas linguaru-do.»

23

99. macarroncos «Os macavencos, de cima, os macarroncos, de baixo…» (S. Pe-dro)

26

100. maçãs «-- Quem merca os requeijões? Alhos, cebolas, maçãs...»

54

101. macavencos «Os macavencos, de cima, os macarroncos, de baixo…» S. Ma-ria

26

102. maciço de ur-gueiras

«…num maciço de urgueiras e piornos, presa…»

21

103. magotes (de gente)

«… para cima daqueles mago-tes…»

26

104. mamadeira dos meninos

-- Abaixo a mamadeira dos me-ninos!»

49

105. mão de ensi-no,

«… para que saibam os maca-vencos que não fazem pouco dos macarroncos. Pena é que fosse tão pouco. Mas para mão de en-sino, chega!»

31

106. mãos de pra-ta.

«-- Isso tem umas mãos de prata. Para queijos e requeijões, não há como ela.»

54

107. marcha «…e a Banda… atacava uma mar-cha grave…»

50

Page 38: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

108. meia litrada «…balcão e bebia a meia litrada quase sem parar. Um dia o Dâ-maso, para tirar palhinha com ele,»

106

109. mesa «, trazendo para a mesa queijo, chouriça, triga milha e as filhós.»

116

110. migalho «-- Encontrei há migalho o José Torrado, em Santo António.»

17

111. monco caído «E a compor a boina e a sacudir os ombros, lá se foi embora, monco caído, um pouco tristo-nho, a pensar num bom quarti-lho do tinto, remédio infalível para aquela e outras situações.» Pataquinho

109

112. mourejar «…ainda mourejava lá pela Ser-ra…»

17

113. muito beata «…achoa-a muito beata, muito delambida...»

80

114. muito delam-bida

«…achoa-a muito beata, muito delambida...»

80

115. Música Nova «A rivalidade estendia-se às duas filarmónicas da vila, a Música Ve-lha e a Música Nova, cuja origem derivava já de motivos políticos, do tempo dos progressistas e re-generadores.» (progressista)

25

116. Música Velha «A rivalidade estendia-se às duas filarmónicas da vila, a Música Ve-lha e a Música Nova, cuja origem derivava já de motivos políticos, do tempo dos progressistas e re-generadores.» regeneradora

25

117. músicas «…às músicas do Rancho dos Serranos da Estrela, quase todas da autoria do Sr. Pe. Parente, o velho pároco daquela fregue-sia…»

78

118. não estar com mais aquelas

«E, sem mais aquelas, agarrou o Chico que era um frangote ao pé dele…» - Bairrismo

30

119. não lhe liga-vam nenhu-ma

«… parentes que lhe não ligavam nenhuma.» - O Pataquinho

106

120. não teve mão «… um dia, ao levar uma enco-menda à D. Delfina, não teve mão em si»

106

121. não venham cá com canti-gas

«E não venhas cá com cantigas.» - O Compadre e o Prior

65

122. Nossa Senho-ra do Rosário

«…encontrava uma imagem de Nossa Senhora do Rosário que os tinha livrado dum grande nau-frágio, no mar da Nazaré.»

104

Page 39: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

123. O Albino, na sua, respon-dia

«Mas o Albino, na sua, respondia logo:»

45

124. Cobriu o lan-ço

«… alguém cobriu o lanço…» - Rosa Maria

34

125. ofertas «…o desfilar das ofertas, desde as de tabuleiro, muito fartas de cabrito, frango assado, frutas e garrafas de vinho, às chouriças, dependuradas em paus, bailan-tes e de cor vermelho-escuro, aos cestos de batatas e de frutas e ainda aos bolos…»

33

126. Olho por olho «-- Olho por olho, banho por ba-nho»

30

127. ordinário «… esta ensaiava uma marcha, ou ordinário…»

25

128. pagar a mur-ta

«Se não se paga, murta p'ra ci-ma. - Um Pastor da Serra

17

129. para mão de ensino

«Mas para mão de ensino, che-ga!» Bairrismo

31

130. pataco «Não tenho em casa um pataco, nem um tostão furado.»

17

131. pataquinho «-- Então dê lá um pataquinho.» (Pataquinho)

105

132. pater famílias «…o mais velho dos patrões que era na fábrica e fora dela o pater famílias…»

45

133. pederneira e a isca

«…ajeitar e, a seguir, a pedernei-ra e a isca, para o acender.»

22

134. pedradas que até faziam lume

«…ou pedradas no escuro que até faziam lume nos balcões ou esquinas» - Bairrismo

25

135. penteação «Nesse tempo, a fábrica, na qual ele trabalhava desde garoto, era das melhores do país, não só em artigos de cardação, como de penteação e tinha muitos operá-rios, garantindo assim o pão e sobrevivência a muitas famílias da região.»

45

136. pielas «Mas o fraco, o grande fraco da-quele homem eram os copos, aos quais não resistia,… As pielas sucediam-se umas às outras…» - bebedeira

46

137. pifãozito… «… conversar com os seus ami-gos e ir apanhando o seu pifãozi-to…»

66

138. pingado, «…o Pataquinho, já muito pinga-do, ia a fazer sss pela rua fora.»

105

139. pingoleta «…abusava da pingoleta.» 55

140. piornos «…num maciço de urgueiras e piornos, presa…» (planta)

21

Page 40: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

141. por estas e por outras

«… Por estas e por outras é que havia, a seguir, questões e pan-cadaria grossa, ou pedradas no escuro…» - Bairrismo

25

142. pote do azei-te, o dos po-bres

Um dia foi ao pote do azeite, o dos pobres, levan

103

143. progressistas «A rivalidade estendia-se às duas filarmónicas da vila, a Música Ve-lha e a Música Nova, cuja origem derivava já de motivos políticos, do tempo dos progressistas e re-generadores.»

25

144. promessa «…na primeira procissão que houve ao Senhor do Esquife, …, lá se via o Zé Isidro mais a mu-lher e os filhos, todos a alumiar, com velas da sua altura, a cum-prirem a promessa»

116

145. Quadrilha, João Brandão

«João Brandão rondava, algumas vezes, por certos sítios da serra, perto de Manteigas, mais a sua quadrilha.»

95

146. quartilho «E afogava as suas mágoas e re-voltas nuns bons quartilhos de vinho, pregando pelas ruas da vila as suas ideias revolucionárias e libertadoras.» - Dois Parceiros «E a compor a boina e a sacudir os ombros, lá se foi embora, monco caído, um pouco tristo-nho, a pensar num bom quarti-lho do tinto, remédio infalível para aquela e outras situações.» Pataquinho

49 109

147. quartinho «-- A quartinho?! São muito ca-ros. Não os deixa a dez tostões?»

54

148. que façam cruzes na bo-ca

«A mulher e os filhos que façam cruzes na boca.» - A Ti Clotilde

60

149. queijo «, trazendo para a mesa queijo, chouriça, triga milha e as filhós.»

116

150. Quem merca os requei-jões?

«-- Quem merca os requeijões?» (pregão) A Ti Clotilde

53

151. quijér «-- Faça o que V. Exa. “quijér”!» «-- Dê lá o que vossemecê “quijér”.» - Pataquinho

51 105

152. rais me parta (m)

«-- Um rais me parta se há Se-nhora mais linda do que esta!» «…dava-lhe uma prenda “boua”. Rais me partam se havia alguém que a tratasse melhor do que eu.» Pataquinho

50 109

Page 41: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

153. Rancho dos Serranos da Estrela

«…às músicas do Rancho dos Serranos da Estrela, quase todas da autoria do Sr. Pe. Parente, o velho pároco daquela fregue-sia…»

78

154. regenerado-res

«A rivalidade estendia-se às duas filarmónicas da vila, a Música Ve-lha e a Música Nova, cuja origem derivava já de motivos políticos, do tempo dos progressistas e re-generadores.» Bairrismo

25

155. regente maestro / professor/a s/d Bairrismo

156. requeijões «-- Quem merca os requeijões? Alhos, cebolas, maçãs...»

53

157. requinta «… o compadre Alberto que to-cava clarinete ou requinta…»

68

158. requintas al-tas

«Se havia briga ou zaragata na rua ou na taberna, à conta dos capacetes já quentes e das re-quintas altas…»

68

159. rosmano «…lá estavam os mastros de rosmano, no adro das duas igre-jas…» rosmaninho

25

160. Ruço «…era o burrinho, o Ruço, que transportava a carga…»

53

161. safões «…era ter trazido as botas de ca-no alto e os safões de pele de borrego…» «… a samarra e os safões que não deixavam entrar a água. »

111 112

162. Sagrado Co-ração de Je-sus de S. Pe-dro.

«-- Daqui fala o Sagrado Coração de Jesus de S. Pedro.»

46

163. samarra «… a samarra e os safões que não deixavam entrar a água. »

112

164. São João «E na noite de S. João, com fo-gueiras de rosmaninho a recen-der nos ares…»

25

165. São mais as vozes que as nozes

«-- São mais as vozes que as no-zes,»

66

166. sem mais aquelas

Bairrismo

167. Senão não botava cá

A Ti Clotilde

168. Senhor do Calvário

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169. Senhor do Esquife

«Então rezou com fervor, ao Se-nhor do Esquife e à Senhora da Graça…» «, trazendo para a mesa queijo, chouriça, triga milha e as filhós. -- No meio da minha aflição pro-meti ao Senhor do Esquife irmos todos a alumiar à procissão na primeira que houver, e à Senho-ra da Graça que lhe havíamos de dar duas borregas, das mais bo-nitas do nosso rebanho.»

114 116

170. Senhora da Graça

«Doutra vez, no dia da festa da Senhora da Graça, Padroeira da freguesia de S. Pedro, a 8 de Se-tembro,» «Então rezou com fervor, ao Se-nhor do Esquife e à Senhora da Graça…»

50 114

171. sou homem p'ràs curvas

«… sou homem p'rás curvas.» O Pataquinho

108

172. tabuleiro

173. tacha arrega-nhada

«…respondeu um garoto, de ta-cha arreganhada até às ore-lhas…»

68

174. tem muita queda

«-- Tem bom ouvido e muita queda, o Alberto.» O Compadre e o Prior

72

175. tens mais sor-te que o Fa-cadas

«… Tens mais sorte que o Faca-das. O Pataquinho

110

176. Tens umas mãos de pra-ta

«…mãos de prata. Para queijos e requeijões,» A Ti Clotilde

54

177. teso como um carapau

«… teso como um carapau, de-baixo daquela neve.» Noite de Consoada

117

178. tintureiro «-- Teu tio, o Jorge e o tintureiro lá da fábrica que nos ofereceu o carro.»

35

179. tirar palhinha com ele

«…balcão e bebia a meia litrada quase sem parar. Um dia o Dâ-maso, para tirar palhinha com ele,» - O Pataquinho

106

180. tocado da mioleira

«…e um tudo nada tocado da mioleira.» - O Compadre e o Prior

65

181. toças «…tinha umas pedras ou toças aparelhadas…» pedra cima porta

26

182. toque das Avé-Marias

«… o toque saudoso das Avé-Marias...»

40

183. tostão furado «Não tenho em casa um pataco, nem um tostão furado.»

17

184. tostões «-- A quartinho?! São muito ca-ros. Não os deixa a dez tostões?»

54

Page 43: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

185. tremer como varas verdes

«…continuava agarrada a ele, a tremer, como varas verdes.» Ro-sa Maria

40

186. tresquiálteras «…mostrava a sua “virtuosidade” na execução de tresquiálteras e semicolcheias, em andamento presto…= [Música] Grupo de três figuras que se cantam ou se tocam no mesmo tempo em que se deveri-am cantar ou tocar duas figuras da mesma espécie.

69

187. triga milha «, trazendo para a mesa queijo, chouriça, triga milha e as filhós.»

116

188. um rais me parta

«-- Um rais me parta se há Se-nhora mais linda…» Dois Parceiros

50

189. uma vez não são vezes

«… já disse, -- insistiu ele. -- Uma vez não são vezes.» - Noite de Consoada

116

190. uns cobres no bolso para uma bucha

«… e uns cobres no bolso, para uma bucha.»João Brandão

100

191. urgueiras «…a cabra num maciço de ur-gueiras e piornos,) (urzes)

21

192. vai eu atiro-me a ele

«-- E vai eu atiro-me a ele e da refrega que tivemos…»

50

193. venho à rasca dos pés

«Venho à rasca dos pés e não posso ir assim à procissão.» O Compadre e o Prior

70

194. vila tão linda «É que a vila era tão linda, tão linda, que até o Inverno cá vinha passar o Verão.»

53

195. vindima «Até ao lavar dos cestos é vindi-ma, como o povo dizia…»

82

196. Xale «E pôs um xale a pressa, para sa-ir.»

42

Page 44: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

A Guarda em Letras Quando visito ainda essa cidade Tão alta e tão nevada, junto ao céu, Sinto vibrar, cá dentro, a mocidade Dos saudosos tempos do Liceu. E dobra em mim o sino da saudade... O que fui... o que sou...Já não sou eu! Nem vejo já ninguém da velha idade, Pois tudo já passou, tudo morreu... Alunos, professores, raparigas, Algumas tão formosas, tão amigas Aquelas que melhor eu conheci!... Guarda!... Tanto sonho e tanta mágoa... E sinto os olhos sempre rasos d´água Quando te vejo, ou quando penso em ti. (Extracto de “Mare Nostrum” de João Isabel --

Minha Terra Alta de Azul e Neve)

Page 45: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

Natural de Midões, concelho de Tábua, João Brandão tor-

nou-se uma lenda em toda a Beira.

Casa onde nasceu João Brandão: o Terror das Beiras. http://desenvolturasedesacatos.blogspot.pt/2014/05/ze-do-telhado-e-

remexido-robins-dos.html

Page 46: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas

trabalho realizado por @ JORAGA

Vale de Milhaços, Corroios, Seixal

2015 SETEMBRO / OUTUBRO

JORAGA

Page 47: CONTOS SERRANOS, João Isabel, 1988 ÍNDICE ilustrado / notas
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ÍNDICE A Abrir -- 9 Um Pastor da Serra -- 17 Bairrismo -- 25 Rosa Maria – 33 (1971 11 24) Dois Parceiros -- 45 A Ti CIotilde -- 53 O Compadre e o Sr. Prior -- 65 Deus e Satã -- 77 João Brandão -- 95 O Pataquinho -- 105 Noite de Consoada -- 111

(Contos Serranos, de João Isabel – tabelas / estudo por joraga.net)

2015 10