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Determinação da actividade antioxidante e perfil de fenólicos de vinhos alentejanos Joana Rodrigues 1 , Cécile Lopes 2 , Guida Tralhão 3 , Margarida Gonçalves 1 , Paulo Figueiredo 2 , Benilde Mendes 1 1 - Departamento de Ciências e Tecnologia da Biomassa, Unidade de Biotecnologia Ambiental, Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade Nova de Lisboa 2 - Departamento de Ciências de Nutrição, Instituto de Investigação Cientifica e Tecnológica da Universidade Atlântica, Universidade Atlântica 3 - Agroeno, Laboratório de Controlo de Qualidade e Química Agrícola Introdução e Objectivos O vinho é uma componente de extrema importância na dieta mediterrânica, tendo sido extensivamente estudada pela comunidade científica nos últimos anos. De facto, uma das grandes justificativas para o paradoxo francês reside na elevada capacidade antioxidante dos vinhos e consequentemente na sua actividade anti-inflamatória e anti-carcinogénica. O principal objectivo do presente trabalho é a determinação da actividade antioxidante de vinhos regionais alentejanos, tendo em conta a sua actividade redutora, a sua actividade antiradicalar e a actividade antioxidante devida aos fenólicos totais presentes no vinho. Métodos A determinação da actividade antioxidante total dos vinhos foi realizada através de ensaios colorimétricos: A actividade redutora foi analisada através do ensaio de FRAP (Ferric Reducing Antioxidant Power) A actividade antiradicalar foi testada frente ao radical sintético 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH) Os fenólicos totais foram quantificados através do ensaio de Folin-Ciocalteu Utilizou-se cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a um detector de díodos (HPLC-DAD) para a obtenção do perfil de fenólicos dos vinhos e identificação dos seguintes compostos: ácido gálico (ácido hidroxibenzóico), ácido cafeico e ácido ferúlico (ácidos hidroxicinâmicos), trans- resveratrol (stilbeno) e quercetina (flavonóide). Resultados Conclusões 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 Actividade antiradicalar em equivalentes de Trolox (mg/L) Vinhos tintos e brancos Actividade antiradicalar Actividade redutora 0 20 40 60 80 100 120 Poder de redução férrica em equivalentes de FeSO 4 (mM) Vinhos tintos e brancos Fenólicos totais 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 Fenólicos totais em equivalentes de ácido gálico (mg/L) Vinhos tintos e brancos A actividade antioxidante dos vinhos brancos é significativamente inferior à dos vinhos tintos. Nos diferentes ensaios, os vinhos que apresentam uma capacidade antioxidante superior são produzidos a partir das castas Cabernet Sauvignon e Petit Verdot. Vinhos da mesma casta e da mesma região apresentam valores de actividade antioxidante diferentes, sugerindo a influência de outros factores. O perfil de fenólicos dos vinhos tintos difere do dos vinhos brancos: O vinho tinto não possui ácido ferúlico, este ácido hidroxicinâmico parece ser exclusivo dos vinhos brancos. O vinho branco não possui ácido gálico nem quercetina, estes ácido hidroxibenzóico e flavonóide parecem ser exclusivos do vinho tinto Perfil de fenólicos por HPLC-DAD Vinho tinto Vinho branco Total scan Total scan 280-370 nm 280-370 nm

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Determinação da actividade antioxidante e perfil de fenólicos

de vinhos alentejanos Joana Rodrigues1, Cécile Lopes2, Guida Tralhão3, Margarida Gonçalves1, Paulo Figueiredo2, Benilde Mendes1

1 - Departamento de Ciências e Tecnologia da Biomassa, Unidade de Biotecnologia Ambiental, Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade Nova de Lisboa

2 - Departamento de Ciências de Nutrição, Instituto de Investigação Cientifica e Tecnológica da Universidade Atlântica, Universidade Atlântica

3 - Agroeno, Laboratório de Controlo de Qualidade e Química Agrícola

Introdução e Objectivos

O vinho é uma componente de extrema importância na dieta mediterrânica, tendo sido extensivamente estudada pela comunidade científica nos

últimos anos. De facto, uma das grandes justificativas para o paradoxo francês reside na elevada capacidade antioxidante dos vinhos e

consequentemente na sua actividade anti-inflamatória e anti-carcinogénica.

O principal objectivo do presente trabalho é a determinação da actividade antioxidante de vinhos regionais alentejanos, tendo em conta a sua

actividade redutora, a sua actividade antiradicalar e a actividade antioxidante devida aos fenólicos totais presentes no vinho.

Métodos

A determinação da actividade antioxidante total dos vinhos foi realizada através de ensaios colorimétricos:

A actividade redutora foi analisada através do ensaio de FRAP (Ferric Reducing Antioxidant Power)

A actividade antiradicalar foi testada frente ao radical sintético 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH)

Os fenólicos totais foram quantificados através do ensaio de Folin-Ciocalteu

Utilizou-se cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a um detector de díodos (HPLC-DAD) para a obtenção do perfil de fenólicos dos vinhos

e identificação dos seguintes compostos: ácido gálico (ácido hidroxibenzóico), ácido cafeico e ácido ferúlico (ácidos hidroxicinâmicos), trans-

resveratrol (stilbeno) e quercetina (flavonóide).

Resultados

Conclusões

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Vinhos tintos e brancos

Actividade antiradicalar Actividade redutora

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Vinhos tintos e brancos

Fenólicos totais

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g/L)

Vinhos tintos e brancos

A actividade antioxidante dos vinhos brancos é significativamente inferior à dos vinhos tintos.

Nos diferentes ensaios, os vinhos que apresentam uma capacidade antioxidante superior são produzidos a partir das castas Cabernet Sauvignon e

Petit Verdot.

Vinhos da mesma casta e da mesma região apresentam valores de actividade antioxidante diferentes, sugerindo a influência de outros factores.

O perfil de fenólicos dos vinhos tintos difere do dos vinhos brancos:

O vinho tinto não possui ácido ferúlico, este ácido hidroxicinâmico parece ser exclusivo dos vinhos brancos.

O vinho branco não possui ácido gálico nem quercetina, estes ácido hidroxibenzóico e flavonóide parecem ser exclusivos do vinho tinto

Perfil de fenólicos por HPLC-DAD

Vinho tinto Vinho branco Total scan Total scan

280-370 nm

280-370 nm