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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

TÍTULO LEITURA: RESGATE DA MEMÓRIA PESSOAL E SOCIAL

AUTOR NAIRU SIZUYO YAMAMOTO YAMANAKA

DISCIPLINA Língua Portuguesa - Ensino Fundamental

ESCOLA CEEBJA - Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos

MUNICÍPIO DA ESCOLA Assis Chateaubriand

NRE Assis Chateaubriand

PROFESSOR ORIENTADOR

Clarice Lottermann

IES UNIOESTE

RELAÇÕES INTERDISCIPLINARES

História e Artes.

RESUMO

A leitura é um processo através do qual o leitor interage com o texto e com as diferentes vozes que a compõe. Por isso, é importante que a escola propicie experiências que enriqueçam o prazer pela leitura. Através da leitura é possível formar um cidadão com consciência e autonomia, que seja capaz de relacionar e interagir com o mundo ao seu redor. Para favorecer o encontro entre livros e aluno, optou- se pela leitura literária de um autor que falasse a linguagem dos alunos. Daí a escolha dos livros Por parte de pai e Indez, do autor Bartolomeu Campos de Queirós, que permitem o resgate da memória pessoal e social dos alunos, valorizando a sua cultura e seus conhecimentos. Para maior compreensão dos textos citados, foram organizadas varias atividades com encaminhamentos que permitem novas perspectivas para a abordagem de leitura junto aos alunos. Assim, esta unidade didática contempla a leitura de textos literários e de outros gêneros que privilegiam a questão do resgate da memória, o desenvolvimento de uma leitura significativa, e a ampliação do leque de leituras dos alunos da educação de jovens e adultos, contribuindo para a formação de leitores críticos.

PALAVRAS- CHAVE Memória, narrativa, Bartolomeu Campos de Queirós.

FORMATO DO MATERIAL DIDÁTICO

Unidade Didática

PÚBLICO ALVO Ensino Fundamental II do EJA

APRESENTAÇÃO

Esta unidade didática nasceu de algumas inquietações que permeiam o

ambiente escolar, sobretudo no que diz respeito aos alunos que frequentam a

Educação de Jovens e Adultos – EJA: como ajudar e incentivar os alunos de EJA

para a leitura? Como levar os alunos a lerem textos literários e relacioná-los com a

sua realidade? Como as histórias narradas podem contribuir para a formação do

leitor? Que tipo de obras/gêneros contribui para motivar os alunos para a leitura?

Considerando que o aluno da Educação de Jovens e Adultos – EJA, ao

chegar à escola, traz uma bagagem de conhecimentos de outras instâncias sociais,

experiências significativas de vida e linguagem, sobretudo a linguagem oral, é

fundamental, para o ensino da leitura e da escrita, partir da experiência do educando

em narrar, contar histórias que promovam o resgate da memória cultural e oral. É

preciso ter em mente, ainda, que “o grau de familiaridade do leitor com o conteúdo

veiculado pelo texto interfere, também, no modo de realizar a leitura” (PARANÁ,

2008, p.73). Por isso, no processo de formação do leitor, é importante oportunizar a

leitura de textos literários próximos à sua realidade, pois quanto mais familiar o texto,

mais facilmente despertará disposição para a leitura.

Conforme ressaltam Aguiar e Bordini, “A formação escolar do leitor literário

passa pelo crivo da cultura em que se enquadra. Se a escola não efetua o vínculo

entre a cultural grupal ou de classe e texto a ser lido, o aluno não se reconheceu na

obra, porque a realidade representada não lhe diz respeito.” (1993, p. 16)

As atividades aqui apresentadas foram pensadas/criadas tendo como público-

alvo alunos do CEEBJA do município de Assis Chateaubriand. Através deste

material, busca-se trabalhar com narrativas que abordam a questão da memória,

sobretudo obras de Bartolomeu Campos de Queirós, possibilitando o resgate da

memória pessoal e social dos alunos, valorizando sua cultura e seus conhecimentos

e ampliando seu leque de leituras. Assim, esta unidade didática contempla textos

literários e de outros gêneros, que privilegiam a questão do resgate da memória,

bem como atividades de leitura e escrita, oralidade e reflexão, cujo objetivo é

possibilitar que os alunos da EJA se sintam identificados com as situações narradas

e que possam relacioná-las à própria memória pessoal e social.

UNIDADE DIDÁTICA

MEMÓRIA E VALORIZAÇÃO DA CULTURA

Fonte: http//:www: Portaldoprofessor.mec.gov.br.

Acesso em : 15 nov. 2012

Contar histórias, desde os primórdios da humanidade, é uma atividade

privilegiada na transmissão de conhecimentos e valores humanos. As narrativas,

segundo Alfredo Bosi (1992), são uma espécie de guardiãs da memória de um povo

e possibilitam que novas gerações entrem em contato com os costumes vivenciados

no passado. Isto se dá através das mediações simbólicas. É possível observar,

ainda de acordo com Alfredo Bosi (1992), que o passado continua presente por

conter símbolos que são retomados no cotidiano atual. São histórias, cantigas,

costumes diversos que ficam enraizados na sociedade e, quando retomados,

tornam-se vínculos fortes que, num contínuo dizer de coisas sobre o passado às

pessoas, vão se fortalecendo como base de reconhecimento e identidade social.

Segundo Halbwachs (2006), a memória individual não pode ser distanciada

das memórias coletivas, porque não é o indivíduo isoladamente que tem o controle

do resgate sobre o passado, ele carrega em si as lembranças, mas está sempre

interagindo com a sociedade, seus grupos e instituições. É no contexto dessas

relações que se constroem as nossas memórias que estão impregnadas de

recordações dos que nos cercam, de maneira que o lembrar se forma a partir das

experiências vividas, que garante o sentimento de identidade do indivíduo com base

numa memória compartilhada no campo simbólico do grupo.

A memória coletiva [...] envolve as memórias individuais, mas não se confunde com elas. Ela evolui segundo suas leis, e se algumas lembranças individuais penetram algumas vezes nela, mudam de figura assim que sejam recolocadas num conjunto que não é mais uma consciência pessoal. (HALBWACHS, 1990, p. 53).

A memória individual não deixa de existir, mas tem raiz em diferentes

contextos, com a presença de diferentes participantes, e isso permite que haja uma

transposição da memória de sua natureza pessoal para se converter num conjunto

de acontecimentos partilhados por um grupo, passando de uma memória individual

para uma memória coletiva. Nas memórias encerra-se, então, a possibilidade de

conhecer e analisar aquilo que o sujeito guardou dos diversos espaços, tempos e

grupos vivenciados por ele, além de uma visão pessoal sobre suas experiências e

atitudes, por fim, é também uma forma de acompanhar a trajetória de alguém a partir

de seu próprio olhar. Há, portanto, uma relação entre as memórias, visto que não

será possível ao indivíduo recordar lembranças de um grupo com o qual não se

identifica.

Um dos elementos mais importantes, que afirma o caráter social da memória, é

a linguagem, pois as trocas de informações entre os membros de um grupo se

fazem por meio da oralidade. Como afirma Ecléa Bosi, a linguagem é o instrumento

socializador da memória, pois aproxima, no mesmo espaço, a história cultural e as

vivências tão diversas como o sonho, as lembranças e as experiências recentes.

Nessa perspectiva, pode-se afirmar que a memória coletiva é determinantemente

marcada pela cultura de um povo, especialmente pela cultura popular.

Assim, há necessidade do resgate da memória como forma de valorização da

identidade cultural de um povo, em que as lembranças do grupo familiar são

fundamentais para o processo de transmissão dos conhecimentos, como assinala

Ecléa Bosi: trocando opiniões, dialogando, suas lembranças guardam vínculos

difíceis de separar. (1995, p.423).

Na obra Por parte de Pai, o escritor Bartolomeu Campos de Queirós aborda a

temática da memória, o resgate da infância guardada na lembrança. Por meio de

seu narrador menino, descreve muitos hábitos comuns à casa dos avôs do século

passado, e de algumas cidades do interior mineiro: a avó fazendo bico de crochê em

pano de prato, trocando receitas, devolvendo copo de açúcar, rezando novena,

debulhando o rosário entre os dedos, ou ajudando doentes; o avô que jogava no

bicho, adivinhando e apostando pelos sonhos dos outros, urinava no penico; as

solteironas exalando o cheiro do caximir-buquê por onde passavam; as locomotivas

passando e apitando; o hábito de se cozinhar usando gordura de coco carioca; o

banho em banheira com água de serpentina; e o hábito de se bater em criança com

cinta de couro (QUEIRÓS, 1995). Conforme assinala Lima: “formam imagens

guardadas por longo tempo na memória, recheada de saudade, melancolia e outros

sentimentos que, mesmo transformados pelos anos, sobreviveram em forma de

fortes emoções.” (1998, p.74)

O narrador/protagonista recorda sua infância na casa dos avôs, na Rua da

Paciência. A partir daí, vai contando os fatos marcantes, interessantes e doloridos

dessa fase da vida, como quando o avô comprou a casa com o dinheiro que ganhou

na loteria, graças ao bonito sonho da avó. Nas paredes, enfeitadas com as letras do

avô, há registro de fatos e acontecimentos da cidade, inclusive as relações entre os

princípios religiosos cristãos e as superstições. Assim, o narrador menino teve o seu

crescimento e amadurecimento auxiliado pelas conversas do avô sobre a vida, num

ritmo de memória, lento e calmo. O narrador também sente e vive o tempo todo o

efeito das palavras: “As palavras têm gostos pensava - e era impossível saber seus

sabores verdadeiros”. (QUEIRÓS, 1995, p.63).

Os personagens são apresentados sem muitos detalhes, sendo que o foco de

atenção do menino é o avô Joaquim, por quem nutre uma imensa admiração. Ao

falar de sua especial relação com o avô paterno, o narrador revela que o maior

fascínio que o avô exercia sobre ele vinha da mania que tinha de registrar a vida nas

paredes. “As paredes eram o caderno do meu avô, cada quarto, cada sala, cada

cômodo, uma página. [...] Nada ficava no esquecimento, em vaga lembrança. [...] A

casa do meu avô foi meu primeiro livro.” (QUEIRÓS, 1995, p. 11-12). O avô

representa o conhecimento não escolarizado e desempenha o papel de guardião da

memória da pequena cidade. Mesmo sem ter adquirido o conhecimento formal, ele

tinha a sensibilidade de usar a escrita como registro de memória. “Uma história de

vida não é feita para ser arquivada ou guardada numa gaveta como coisa, mas

existe para transformar a cidade onde ela floresceu” (QUEIRÓS, 1995, p. 69).

Assim, suas histórias nas paredes guardam os resquícios e reminiscências de

um tempo que precisa ser guardado para não ser esquecido. Sendo o avô o escritor,

cabia ao neto a tarefa da leitura: “Enquanto ele escrevia, eu inventava histórias

sobre cada pedaço da parede”. Nota-se, em seus relatos, como ocorria a inserção

da criança no mundo da leitura, do saber escolarizado e, além disso, alude-se, em

muitas passagens, à própria questão da criação ficcional, do ato de escrever e de

criar mundos.

Fonte: http://www.caleidoscopio.art.br.

Acesso em: 05 set.2012.

A RESPEITO DO LIVRO

Todo acontecimento da cidade, da casa, da casa do vizinho, meu avô escrevia

nas paredes. Quem casou, morreu, fugiu, caiu, matou, traiu, comprou, juntou,

chegou, partiu. Coisas simples como a agulha perdida no buraco do assoalho,

ele escrevia. Também desenhava tesouras desaparecidas, serrotes sem dentes,

facas perdidas. E a casa, de corredor comprido, ia ficando bordada, estampada

de cima a baixo. As paredes eram o caderno do meu avô. [...]. Para cada notícia

escolhia um canto. Conversa mais indecentes, ele escrevia bem no alto. Caso

de visitas, ele anotava o dia, à hora, o assunto ou a falta de assunto. Nada ficava

no esquecimento, em vaga lembranças. [...]. Enquanto ele escrevia, eu inventava

histórias sobre cada pedaço da parede. A casa do meu avô foi o meu primeiro

livro. [...] História não faltava. Eu mesmo só parei de urinar na cama quando

meu avô ameaçou escrever na parede. O medo me curou. A leitura era coisa

séria e escrever mais ainda. Escrever era não apagar nunca mais. O pior é

que, depois de ler, ninguém mais esquece. [...] Sua letra no meio da noite, era a

única presença viva, acordada comigo. Cada sílaba um carinho, um capricho

penetrando pelos olhos até o passado. Tudo era possível para ele e suas letras.

Não ser filho do meu pai era perder meu avô. O pesar estava aí. (QUEIRÓS,

1995 p. 10-14)

O fragmento acima foi retirado da obra citada. Procure-a na biblioteca da

sua escola!

“NUNCA RECEBI DEZ COM LOUVOR, SEMPRE SETE COM DISTINÇÃO.”

A VOZ OCULTA

Vamos ouvir o Radio poeta.

Radio Poeta. Trecho do livro "Por Parte de Pai", do escritor mineiro Bartolomeu Campos Queirós. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=s9F4yjxUJFA. Acesso em: 20 set. 2012.

FAMILIARIZANDO-SE COM A OBRA

Leia as páginas iniciais da obra citada e depois converse com seus colegas

sobre suas primeiras impressões do texto. Observe como o narrador apresenta o

menino e seu avô.

BUSCANDO MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O ESCRITOR

Bartolomeu nasceu em 1944 em Pará de Minas, no centro-oeste mineiro,

viveu boa parte sua infância em Papagaios e Pitangui, que está presente nas suas

narrativas pela vida simples e pitoresca do campo. Aos seis anos, em 1950, perdeu

a mãe. No internato do colégio São Geraldo, em Divinópolis, Minas Gerais, cursou

o ginasial, e estudou, por breve período, no convento dos dominicanos em Juiz de

Fora, Minas Gerais. Muda-se para Belo Horizonte, onde inicia o curso de Filosofia e

trabalha no Centro de Recursos Humanos, escola de experiências. Mais tarde, em

Belo Horizonte, dedicava seu tempo a ler e a escrever prosa, poesia e ensaios sobre

leitura, literatura, educação, filosofia e autor de poemas e histórias infantis e juvenis.

Educador, crítico de artes com diversas experiências em arte-educação, no Brasil e

no exterior, atuou como consultor em diversas instituições. Participou ativamente do

Movimento Por um Brasil Literário, desde a criação, em 2009, sendo o autor do

manifesto do MBL. Dono de uma extensa obra literária, seu primeiro livro foi

publicado em 1974, O Peixe e o Pássaro, e o último, Vermelho Amargo, em 2011.

Seguidos de outros: Indez, Por Parte de Pai, Ler, escrever e fazer conta de cabeça,

Até Passarinho Passa, Cavaleiro das Sete Luas, Ciganos, Minerações entre outros,

e desde então vem firmando seu estilo de escrita como uma prosa poética da mais

alta qualidade. Sua obra literária, com 60 títulos publicados, está dirigida às

crianças, aos adolescentes e aos adultos. Está traduzida em outros países e já

recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais. São obras que abordam

jogos de palavras em versos; a passagem do tempo; as relações familiares; a vida e

a morte; a memória; a infância; a brincadeira; a existência e outros temas universais.

Faleceu em 16 de janeiro de 2012 em Belo Horizonte MG, aos 66 anos.

Disponível em: http://www. Caleidoscópio. art.br/bartolomeuqueiroz/release2.html. Acesso

em: 05 set. 2012.

MEMÓRIA SOCIAL

Para Halbwachs, “a memória apóia-se sobre o passado vivido, o

qual permite a constituição de uma narrativa sobre o passado do

sujeito de forma viva e natural” (2006, p.75).

COMPARTILHANDO MEMÓRIAS

VAMOS REFLETIR SOBRE ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES DO TEXTO

De acordo com o texto, como é a Rua da Paciência?

Que tipos de comércio são citados no texto?

Em que local a personagem se encontrava?

Você consegue imaginar como poderia ser esse lugar?

CONTEXTUALIZANDO

Agora, junte-se a um colega e defina um lugar da cidade (pode ser uma rua, praça,

feira), um morador (a) antigo (a) da cidade ou uma pessoa querida da família.

Escreva-o (a) oralmente para o seu colega. Em seguida, conte para o grande grupo.

“Debruçado na janela meu avô espreitava a rua da Paciência, inclinada e

estreita. Nascia lá em cima, entre casas miúdas e se espichava

preguiçosa, morro abaixo. Morria depois da curva, num largo com

sapataria, armazém, armarinho, farmácias, igrejas, tudo perto da escola

Maria Tangará, no Alto de São Francisco. [...] Eu brincava na rua,

procurando o além dos olhos, entre pedras redondas e irregulares

calçando a rua da Paciência. Depois das chuvas, essas pedras

centenárias, cinza, ficavam lisas e limpas, cercadas de umidade e areia

lavada. Nas enxurradas desciam lascas de malacheta brilhando como

ouro e prata, conforme a luz do sol refletia.” (QUEIRÓS, 1995. p.7- 20).

AS LEMBRANÇAS CHEIRAM

DESVENDANDO O TEXTO.

O que o aroma (cheiro) do café espalhado pela casa despertava no personagem?

Como era preparado o café? Por que o café era preparado de duas maneiras?

VAMOS RELEMBRAR.

O que o cheiro de café desperta em você?

Na sua infância, o café era preparado da mesma maneira que no texto? Por quê?

Coletivamente, converse sobre as sensações provocadas pelo cheiro do café

relatadas pelos colegas.

Que outros aromas trazem lembranças da sua infância?

“[...] O café, colhido no quintal de casa, dava para o ano todo, gabava meu

avó, espalhando a colheita pelo chão de terreiro, para secar. O quintal se

estendia para muito depois do olhar, acordando surpresa em cada

sombra. Torrado em panela de ferro, o café era moído preso no portal da

cozinha. O café do bule era grosso e forte, o da cafeteira, fraco e doce.

Um para adultos e outros para crianças. O aroma do café espalhava pela

casa, despertando a vontade de mastigar queijo, saborear bolo de fubá,

comer biscoito de polvilho, assado em forno de cupim. [...] minha avó,

coado o café, deixava o bule e a cafeteira sobre a mesa forrada com

toalha de ponto cruz, e esperava as quitandeiras”. (QUEIRÓS, 1995,

p.41-42.)

A RESPEITO DA MEMÓRIA SOCIAL

REFLETINDO SOBRE A OBRA POR PARTE DE PAI.

COMPREENSÃO.

O que mostra a capa do livro?

Quem são as personagens do texto?

Pelo texto, você consegue descobrir em que lugar se passa a história?

Quem está narrando (contando) a história?

Com quem a personagem principal tem mais afinidade?

Que fato chamou mais a sua atenção no livro?

Aconteceu algum fato muito triste na história? Cite-o.

Selecione algumas frases do livro que levam a refletir sobre a vida real e as copie no

seu caderno.

O LIVRO E VOCÊ

A história do livro tem alguma semelhança com a sua? Conte-a para os colegas

Alguém já morou em uma cidadezinha do interior? Pode descrever?

Você consegue descrever algum fato de sua infância?

A sua família se parece com a do menino narrador? Por quê?

Agora, encontre no livro trechos que possam ter alguma relação com a sua infância.

Halbwachs considera que, mesmo sendo memória e lembranças de

um indivíduo, “ela está carregada de concepções que são do social,

isto é, a recordação é construída socialmente”. (2006, p. 68).

CULTURA POPULAR

REFLETINDO SOBRE PROVÉRBIOS

O livro que estamos analisando está recheado de frases muito interessantes que

fazem parte do vocabulário das pessoas do interior e de pessoas mais velhas. O

autor cria ou adapta provérbios, como:

“Em casa sem forro, nem o cheiro fica escondido”,

“Não existe sete vidas nem sete fôlegos. Tudo acaba em sete palmos”;

“Deus é corcunda: dá a vida e toma”;

“Para quem sabe ler, um pingo nunca foi letra” (QUEIRÓS, 1995, p.36 - 63).

ANALISANDO PROVÉRBIOS

Vamos discutir e depois registrar no caderno os possíveis significados dos

provérbios abaixo:

“Na terra de cego quem abre um cinema é doido.” (PPP, p.32).

“Quem fala muito dá bom dia a cavalo” (PPP, p.32).

“A vida é como fumaça sufoca e passa” (PPP, p.50).

Os Provérbios ou ditos populares, vêm do latim proverbium, são frases

ou expressões de caráter popular e transmitem conhecimentos comuns

sobre a vida. Baseiam-se no senso comum de um determinado meio

cultural.

Muitos deles foram criados na antiguidade, porém estão relacionados

a aspectos universais da vida, por isso são utilizados até os dias atuais.

Disponível em: http://www.suapesquisa.com/musicacultura/proverbios.html e http://pt.wikipedia.org/wiki/Prov%C3%A9rbio. Acesso em : 22 set.2012.

MOMENTO PESQUISA

Agora, pesquise junto aos familiares, vizinhos ou na internet; provérbios e outros

ditos populares. Apresente aos colegas e discuta com eles sobre o significado dos

mesmos. Em seguida, em duplas, selecionem os provérbios e ditos populares que

acharem mais interessantes e façam um cartaz para expor no mural da sala.

VOCÊ SABE O QUE É UM PROVÉRBIO ALTERADO?

Agora, descubram, quais são os provérbios que foram alterados:

Em terra de cego quem tem um olho é caolho.

Quem com ferro fere machuca o outro.

Quem tem boca vai ao dentista.

Os últimos serão desclassificados.

Devagar nunca se chega.

Quem espera sempre cansa.

Filho de peixe é tão feio como o pai.

Quem cedo madruga fica com sono.

Provérbio alterado: enunciado que desvia uma enunciação proverbial

(normalmente faz isso com provérbios, mas podem ocorrer alterações

de outros enunciados, tomados como provérbios, mas que de fato não

são como os slogans, por exemplo) quase sempre produzindo humor.

Pode desviar desqualificando o dito proverbial ou apenas

aproveitando-se de sua estrutura conhecida.

Disponível em: sistemas. ft.unicamp.br/mec/ano/2/audio/AP011/jogos/SP21.

Acesso em:20 set.2012

Depois da tempestade vem a gripe.

Quem ri por último é de compreensão lenta.

Deus dá pão a quem não tem dentes.

Se alguém lhe bater na face, ofereça-lhe um processo por agressão corporal.

Disponível em: http://www.otimismoemrede.com/proverbios.html. Acesso em: 20 set. 2012.

Disponível em: sistemas ft.unicamp.br/mec/audio.php?ano=1&id=AP007.

Acesso em: 20 set. 2012.

MOMENTO DE REFLEXÃO.

Vamos assistir ao videoclipe da música Bom Conselho, de Chico Buarque de

Hollanda. Disponível na íntegra no site: http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/bom-

conselho.html. Acesso em: 24 set. 2012.

Após assistir ao vídeo, em grupo, encontre os provérbios alterados e dê o seu

significado.

BOM CONSELHO. De: Chico Buarque de Hollanda.

Ouça um bom conselho. Que eu lhe dou de graça

Inútil dormir que a dor não passa. Espere sentado

Ou você se cansa. Está provado, quem espera nunca alcança [...]

A letra na sua íntegra está disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=fBeOEZITiOE e a música em:

http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/bom-conselho.html.

Acesso em: 24 set.2012

BUSCANDO OUTROS TEXTOS

“Se ninguém queria ouvir suas histórias, minha avó se punha a cantar a

canção de Juliana que vivia triste a chorar, porque Dom Jorge ia se casar,

e deu dois suspiros...” (QUEIRÓS, 1995, p, 39).

O texto menciona uma canção folclórica. Você conhece alguma outra música, ou

canção, parecida com a de Juliana?

AS LEMBRANÇAS

RELATO FAMÍLIAR

Todos nós temos histórias e experiências interessantes para contar, num

encontro de família ou de amigos que só se reúnem em ocasiões especiais, ou

mesmo quando se conta a história da família para os netos. Imagine que está

participando de um desses encontros, e socialize com os colegas a história,

seguindo o exemplo do menino narrador do livro Por parte de pai.

BUSCANDO CONHECIMENTO

Como afirma Ecléa Bosi, “a linguagem é o instrumento socializador

da memória, pois reduz, unifica e aproxima no mesmo espaço

histórico e cultural vivências tão diversas como o sonho, as

lembranças e as experiências recentes”. (1995.p. 88)

Segundo Ecléa Bosi, “as lembranças grupais se apóiam umas

às outras formando um sistema que subsiste, enquanto puder

sobreviver a memória grupal. Se, por acaso, esquecemos, não

basta que os outros testemunhem o que vivemos. É preciso

mais: é preciso estar sempre confrontando, comunicando e

recebendo impressões para que nossas lembranças ganhem

consistência”. (1995, p. 336).

AMPLIANDO A REDE DE TEXTOS.

Nasci em Santa Rita do Passa Quatro em 23 de agosto de 1904, filho de

Giovani e Ripalda, que chegaram ao Brasil em 1900, como imigrantes. Foram

trabalhar nas fazendas de Santa Rita, roçando e apanhando café. Dos seus filhos,

cinco vieram da Itália e quatro nasceram aqui. Nasci com o braço direito pregado no

corpo, esse braço não abria. Estava com poucos dias e como nasci numa fazenda,

meu pai me levou para Santa Rita consultar um médico. O médico disse que não

podia operar porque não sabia o que ia acontecer, que eu era muito novo e poderia

perder o braço. Um vizinho nosso aconselhou meus pais a fazerem uma trezena

para santo Antonio. Eu ainda não tinha sido batizado, nem nome eu tinha. Na nona

noite dessa trezena meu braço despregou-se e minha mãe, de susto, deixou-me cair

no solo. Esse foi o milagre, por isso que eu me chamo Antonio. A fazenda de Monte

Alegre tinha um mangueirão coletivo, todos os trabalhadores da fazenda tinham

seus porcos lá. Nossa casa tinha na frente uma escada de pedras, a varanda e a

sala muito grandes, e nos quartos dormiam de quatro a cinco pessoas no colchão de

palha. O fogão era de lenha. [...] Em 1910 viemos morar em São Paulo, no Bela

Vista na Rua Fortaleza. Essa casa tinha dois dormitórios e um quintal, onde

criávamos galinhas e o porão. Brincávamos no campo do morro dos Ingleses, havia

a festas de Nossa Senhora Aqueropita, dos calabreses e outra de Nossa Senhora

Ripalda, da região dos meus parentes da Itália. [...] O bairro era muito alto, do morro

do ingleses se avistava toda São Paulo, recebeu o nome de Bela Vista. Quando

houve uma epidemia de varíola, lá por 1902, ficou então Bexiga, são as bexigas da

varíola. Nossa casa era perto da Avenida, e no quintal meu pai plantava milho. Os

meninos brincavam de futebol nas ruas com bola de meia. Não tivemos brinquedos,

fazíamos papagaios para empinar no morro. Brincávamos de pegador, de barra-

manteiga, de cantiga de roda: Eu fui no Itararé. Beber água e não achei... [...] os

OBSERVE COMO NO TEXTO A SEGUIR, AS LEMBRANÇAS DO NARRADOR SE MISTURAM ÀS LEMBRANÇAS DA COMUNIDADE.

quitutes para o natal minha mãe preparava dois ou três dias antes. O Natal e a

Páscoa eram comemorados condignamente, era a maior fartura.

A semana Santa era mais observada que hoje e havia uma grande procissão.

Em 1928 comecei a ler em português [...]

REFLEXÃO SOBRE O TEXTO

Qual é o assunto do texto?

Em que local se passa a história da personagem?

O fragmento foi retirado do livro Por parte de pai?

Quais brincadeiras eram comuns no período mencionado pelo texto? E no livro Por

parte de pai?

A história narrada poderia ser uma lembrança de alguém ou memória? Justifique.

COMPARANDO OS TEXTOS

O texto acima tem alguma relação com a história narrada no livro Por parte de pai?

Em equipe, construa um quadro e registre na primeira coluna os elementos comuns,

e, na segunda, os elementos diferentes em relação ao livro Por parte de pai e o texto

de Ecléa Bosi. Ao término, socialize com os colegas.

ELEMENTOS COMUNS ELEMENTOS DIFERENTES

Livro Texto Livro Texto

O texto na sua íntegra encontra-se em: BOSI, Ecléa. Memória e

sociedade: lembranças de velhos. 3. ed. São Paulo: Companhia das

Letras, 1995, p.222

SOBRE A AUTORA

Nascida em São Paulo e moradora da Rua Melo Alves, no Jardim Paulista,

Ecléa Bosi é filha de Emma e Antônio. Irmã do psicanalista Sérgio e do cientista

social Celso Frederico, ela diz que a educação recebida dos pais influenciou a

escolha profissional dela e dos irmãos: "Nossos pais eram pessoas simples, mas

muito abertas e sensíveis às questões sociais. Aos 86 anos, Dona Emma era dona

de casa e escrevia cartas a ditadores pedindo a libertação de presos políticos."

Já o pai, além de funcionário público, era um grande contador de histórias. "Ele

nos contava episódios da velha São Paulo. Daí o meu interesse em ser, mais tarde,

uma escutadora de memórias." A paixão por memórias e por São Paulo originou um

de seus livros mais famosos, Memória e Sociedade, um ensaio da história social da

cidade em que narra em seu livro às histórias das pessoas anônimas que

contribuíram para a formação humana da Capital paulista. Ela é casada com o

escritor Alfredo Bosi. A intersecção entre memória e velhice feita no livro mostra o

papel fundamental do idoso de relatar suas memórias aos mais jovens, o que faz

dele a memória viva da sociedade. Docente do Departamento de Psicologia Social

da USP e coordenadora do programa Universidade Aberta à Terceira Idade (Uati).

Ecléa Bosi se dedica hoje a estudos sobre como as transformações da cidade se

refletem na memória. A sua obra é uma narrativa de homens e mulheres que já não

são mais membros ativos da sociedade, mas que têm uma nova função social:

lembrar e contar para os mais jovens a sua história, de onde eles vieram, o que

fizeram e aprenderam. Lembra também que os velhos têm uma memória social,

atual mais contextualizada e definida, pois são expectadores de um quadro já

finalizado e bem delineado no tempo. O final do livro é afetuoso e valoriza o

trabalho como ponto central da memória dos velhos.

Disponível no site:

http//:www.comciencia.br/resenhas/memoria/velhos.html. Acesso em: 15 out.2012.

A SABEDORIA DO AVÔ

Leia o fragmento abaixo:

REFLETINDO SOBRE O TEXTO

Qual é o assunto do fragmento acima?

O tempo pode ser comparado com algum animal, objeto, máquina e outro?

O que levou o avô a um sentimento tão profundo?

Você alguma vez já sentiu essa sensação?

Por quê?

Quando?

“O tempo tem uma boca imensa. Com uma boca do tamanho da

eternidade ele vai devorando tudo sem piedade. O tempo não tem pena.

Mastigam rios, árvores, crepúsculos. Trituram os dias e as noites, o sol, a

lua, e as estrelas. Ele é o dono de tudo. [...] Nada fica para depois do

tempo. Sua garganta traga as estações, os milênios, o ocidente, o oriente,

tudo sem retorno. E nós meu neto, marchamos em direção a boca do

tempo”. (QUEIRÓS, 1995, p.72).

O SEGUIMENTO DA VIDA

SAUDOSA INFÂNCIA.

Assista ao vídeoclip da música Fazenda, de Milton Nascimento. Disponível em:

http://letras.mus.br/milton-nascimento/47426/?domain_redirect=1. Acesso em: 22 set.2012.

FAZENDA.

Milton Nascimento.

Água de beber. Bica no quintal. Sede de viver tudo. E o esquecer

Era tão normal que o tempo parava. E a meninada respirava o vento

Até vir à noite e os velhos falavam coisas dessa vida

Eu era criança, hoje é você, e no amanhã, nós [...]

A letra da música na sua íntegra está disponível em: http://letras.mus.br/milton-

nascimento/47426/?domain_redirect=1. Acesso em: 22 set. 2012.

Nos livros Por parte de pai e Indez, o tema da morte está presente,

marcada por muita subjetividade e fortes percepções. “Esta concepção da

vida, deve se apresentar como uma mudança contínua, uma evolução, um

aperfeiçoamento interior profundo e principalmente no que se refere à

morte, que deve ser encarada como um processo que não se pode mudar,

e não como um fim, mas uma forma de crescimento pessoal.”

Disponível em:

http://www.caleidoscópio.art.br/bartolomeucamposdequeiros/palavras14.html.

Acesso em: 07 set. 2012

REFLEXÃO SOBRE A MÚSICA.

Qual é o tema da música?

Tem algum fato que seja comum na música e no livro Por parte de pai? Qual?

Qual a rotina de uma criança em uma cidade pequena?

Na sua infância, quais eram as brincadeiras mais praticadas? Você se lembra?

O LIVRO, A MÚSICA E VOCÊ

Você acha que há diferença entre o jeito de viver a infância hoje e a forma como é

relatada no livro ou na música? Por quê?

Será que a infância no interior ainda é tal qual a das décadas de 1970 ou século

passado?

CONHECIMENTO: MEMÓRIA SOCIAL

Segundo Halbwachs, mesmo que aparentemente particular

(individual), a memória remete a um grupo; o indivíduo carrega

em si a lembrança, mas está sempre interagindo na sociedade,

já que “nossas lembranças permanecem coletivas e nos são

lembradas por outros, ainda que se trate de eventos em que

somente nós estivemos envolvidos e objetos que somente nós

vimos” (2006, p. 30).

RESGATANDO OS TRABALHOS MANUAIS

REFLETINDO SOBRE O FRAGMENTO

Qual é o assunto do fragmento?

O que a avó estava fazendo? E a mãe?

Por que as mulheres nas horas vagas vivem com agulhas e linhas?

CONFRONTANDO COM A REALIDADE

Você conhece alguém que faz trabalhos manuais? Que tipo de trabalhos manuais

com linha, tecido ela/ele realiza?

Fazer esse tipo de trabalho manual é algo do passado, do tempo das avós? Por

quê?

Você realiza algum tipo de trabalho dessa natureza? Gostaria de aprender?

Minha avó assentada na sala fazendo bico de crochê em pano de prato,

não via a rua. E se o Joaquim dizia “tem dó de nós”, ela perguntava quem

era. É o Zé Mosquito, é Terezinha, é João da Lucrecia, Ofélia, João de

Deus, Zulma, Zé Calixto, Florianita mãe da Natália e do Natalino ele

respondia. “Assim, minha avó sabia, mas não via, e continuava com sua

agulha, enfeitando as margens, aparando as pontas.” (QUEIRÓS,

1995, p.21).

“A mãe [...] nas horas vagas por volta do dia, com agulhas e linhas

coloridas, bordava raminhos de flores singelas em pedaços de pano. [...]

sua alegria ficava nos bordados.” (QUEIRÓS, 2003, p.43).

CURIOSIDADE – UM POUCO DE HISTÓRIA

Veja alguns modelos de trabalhos manuais.

.

A receita está acessível em: http://maravilhasdocroche.blogspot.com.br/search/label/html.

Acesso em: 29 set. 2012.

Alguns acreditam que o crochê originou-se na Arábia e se

espalhou para o leste chegando até o Tibete, seguindo também

para o oeste em direção à Espanha, por conta das rotas

comerciais dos países árabes rumo aos países do Mediterrâneo. O

reconhecimento do crochê como manifestação artística veio depois

que a rainha Vitória aprendeu a fazer crochê; parte do estigma de

que crochê era coisa para pobre acabou e o crochê evoluiu como

uma forma de expressão artística. O mais antigo artefato em tricô

encontrado na Europa foi desenvolvido por artesãos muçulmanos

que trabalhavam como empregados de famílias cristãs e nobres

da Espanha. Estes artesãos eram habilidosos tricoteiros. (Sim,

porque na época, tricotar era um ofício masculino). Os primeiros

pontos de tricô conhecidos aparecem em meados do século 16,

em meias de seda tecidas (com duas agulhas), para Eleanora de

Toledo, esposa de Cosimo de Medici; neste período também

surgem os primeiros pontos rendados.

O texto na sua íntegra está disponível em: http://aslantrendsbrasil.wordpress.com/2011/09/19/a-historia-do-croche/ Acesso em: 25 set. 2012.

O PAP está acessível em: http://arteminhacroche.blogspot.com.br/2008/02/pegador-de-

panela-de-croche-galinha.html. Acesso em: 29 set.2012.

GINCANA RECREATIVA.

Faça a coleta de retalhos de tecidos, papeis diversos, sobras de linhas, lãs e

barbantes, para relembrarmos os tempos das nossas avós e realizarmos atividades

ou trabalhos manuais que as mulheres faziam naqueles tempos. Não esqueça as

agulhas, tesouras, régua, cola. Vamos organizar uma exposição com os materiais

produzidos.

MEMÓRIA SOCIAL.

Como afirma Halbwachs, a memória individual é construída a

partir das referências e lembranças próprias do grupo, refere-se,

portanto, a um ponto de vista sobre a memória coletiva. Olhar

este, que deve sempre ser analisado, considerando-se o lugar

ocupado pelo sujeito no interior do grupo e das relações com

outros meios sociais. (2006, p.55).

MOMENTO RELAX

Assista ao videoclipe/dramatização do grupo Atrás do Pano, sobre a obra Por parte

de pai do escritor Bartolomeu Campos de Queirós.

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=V2dKwZMI14Y&feature=related

Acesso em: 10 set. 2012.

O VIDEO E OLIVRO.

Você consegue identificar, na apresentação, a que partes do livro se referem?

Assista, agora, a um videoclipe sobre o livro Indez, de Bartolomeu Campos de

Queirós. Disponível na íntegra no site: http://www.youtube.com/watch?v=HkJD7bgON8g.

Acesso em: 22 set.2012.

O que mais chamou a sua atenção no videoclipe?

Com os colegas, comente o videoclipe a que você assistiu (músicas, frases em

destaques, as imagens, as cores).

SOBRE O LIVRO INDEZ.

A obra Indez mostra a infância do narrador (personagem principal) desde o

seu nascimento até o momento em que foi estudar na cidade. Descreve toda a

cultura do interior de Minas gerais, os hábitos, os costumes, o comportamento, e a

religiosidade do povo, bem como a vida de uma criança simples que vive no interior

do país. “Não se trata apenas de uma narrativa sobre um menino do campo, mas da

recriação de um universo quase desaparecido em nosso país que é o da infância

marcada pelas brincadeiras tradicionais e pela cultura popular.” (REI, 2001, p. 156)

O autor apresenta o ambiente rural mineiro, no qual o homem e a natureza

andavam em sintonia, e um tempo marcado por rotinas ligadas ao trabalho de

plantar e colher, enfim, um universo moldado por afetos e valores daquele grupo.

O tempo também se faz presente na obra em destaque, na maneira com que

o autor divide as partes do livro denominando-as: “Louvor da manhã”, “A força da

hora nona”, “Plenitude do meio dia” e “As horas completas”, numa clara alusão às

horas canônicas das orações dos padres e freiras. Assim, sua história

amanhece, entardece, anoitece, completando o ciclo cronológico do tempo.

(BRANDÃO, 2001, p.176).

Quando lemos Indez, o texto nos faz lembrar a nossa própria infância e nos

leva a pensar que também deixamos muitas pessoas e objetos que estiveram

conosco e não estão mais, como colegas de infância que ficaram no longínquo

passado, alguns que já morreram e que permanecem em nossa memória, em

nossas lembranças e emergem em nós por meio do contato com os outros ou de

situações sociais. É importante destacar que lembramos e esquecemos como

membros de grupos e conforme os lugares que neles ocupamos ou deixamos de

ocupar.

Percebe-se, pela leitura da obra em destaque, a presença do fazer cotidiano

nos pequenos acontecimentos, cada brincadeira, cada festa, a maneira como se

curam as doenças e, nos grandes acontecimentos, como se nasce e como se parte,

o ciclo da vida, que pode ser observado na leitura do seguinte trecho: “A infância

brincava de boca de forno, chicotinho queimado, passa anel, ou corrida da cabra

cega. Nossos pais nessa hora preguiçosa, liam o destino do tempo escrito no

movimento das estrelas, na cor das nuvens, no tamanho da Lua. Parece que

trabalhar com a memória é voltar a um tempo anterior, a um tempo de lembranças.

Mas se está presente não pode ser memória, o tempo inteiro”. (QUEIRÓS, 2003,

p.10). Nota-se a presença do amor pairando no ar de forma singela nos pequenos

gestos e atitudes dos personagens no seu dia a dia, um amor puro e verdadeiro.

”Era silencioso o amor”. Podia-se adivinhá-lo no cuidado da mãe enxaguando

as roupas nas águas de anil. Era silencioso, mas, via-se o amor entre os seus dedos

cortando a couve, desfolhando repolhos, cristalizando figos, bordando flores de

canela sobre o arroz doce nas tigelas. Lia-se o amor no corpo forte do pai, no seu

prazer pelo trabalho, em sua mansidão para com os longos domingos. Era

silencioso, mas escutava-se o amor murmurando - noite adentro - no quarto do

casal. A casa, sem forro, deixava vazar esse murmúrio com aroma de fumo e

canela, que invadia lençóis e dúvidas, para depois filtrar-se por entre telhas.

Experimentava-se o amor quando, assentados no calor da cozinha - pai e

mãe -falavam de distâncias, dos avôs, das origens, dos namoros, dos casamentos.

E, quando o sono chegava, para cada menino em cada tempo, era o amor que

carregava cada filho nos braços para a cama, ajeitando o cobertor por sob o queixo.

(QUEIRÓS, 2003, p.23)

O COTIDIANO POÉTICO.

A ilustração não possui somente a função de explicar e ornamentar

um livro, como também exerce a função de descrever, narrar e

ativar a linguagem artística, primordial nos livros de Queirós. A

montagem fotográfica no livro Indez constitui uma simulação que

remete o leitor a responsabilidade de interagir com a imagem e as

lembranças da infância no contexto da obra, para trabalhar com o

imaginário e o resgate da memória. Os desenhos e as fotografias

atraem o sentido da visão, pois as cores: amarelo, azul, vermelho,

verde e branco presente na capa do livro Indez, se misturam num

jogo de claro e escuro, contornado pelo branco e preto, formando

sombras que aguçam o poder de imaginação do leitor. “Onde há

cor, há luz, portanto a luminosidade é predominante nas imagens

do livro de Queirós que são essencialmente poéticas e sugestivas,

dialogando com a poeticidade dos textos narrativos” (LIMA, 1998,

p.65)

O fragmento acima foi retirado da obra citada. Procure-a na biblioteca

da sua escola

Fonte: http://www.caleidoscopio.art.br/bartolomeucamposdequeiros/index.html.

Acesso em: 26 set. 2012.

VOCÊ E O LIVRO.

Antes de ler o livro, você acredita que o título tem alguma referência com a imagem da capa? Por quê?

Você se lembra de algum desenho animado, contos de fadas ou outros textos em que aparece o arco-íris? Quais?

Dá para imaginar que história está “escondida” nesse livro, através da imagem da

capa?

É IMPORTANTE SABER QUE...

A ARTE NA CAPA

Indez é “um termo popular que designa um ovo que é deixado no ninho

de uma ave, para que ela volte a pôr ovos naquele mesmo lugar; como

chamariz para fazer a postura”. (HOUAISS, 200. p.411)

LEITURA EM AÇÃO!

“Foi na estação das águas que Antonio chegou. Dizem que nasceu antes do

tempo. Pediram galinhas gordas emprestadas aos vizinhos. Secaram suas roupas

no canto do fogão. Jogaram seu umbigo na correnteza. (No dia em que o umbigo da

criança caía a parteira, madrinha de todos os nascimentos, o enterrava em lugar

escolhido. Se no jardim com flores, a menina seria bela e boa jardineira; se na horta,

o menino seria lavrador, se no curral, boiadeiro. O destino era assim escolhido sem

outros inúteis anseios). Nasceu tão fraco que recebeu o batismo em casa, na

correria, sem festas. Para padrinhos, escolheram casal de amigos bem próximos,

com muitas desculpas. [...] Entre febres e defluxos, ungüentos e cataplasmas,

Antonio assim começava a estar no mundo, amado pelos irmãos, pelos amigos da

família e pelos presentes mais distantes. Também pudera quem não ia gostar de

um menino nascido de improviso, sem respeitar o calendário. [...] Era preciso

atravessar longas distâncias para buscar leite forte das cabras, protegê-lo contra as

correntes de ar e sereno, banhá-lo em água morna de malva sem esquecer os chás

de funcho, poejo, erva doce, marcela. E, se resmungava com mais freqüência, vinha

Dona Luiza com um raminho de arruda, benzê-lo, ora de vento virado, ora de

quebranto ou mau olhado. [...] E como não há nada melhor do que um dia depois do

outro, Antonio ia ficando cada dia mais aprumado.” (QUEIRÓS, 2003, p.11-12).

AMPLIANDO A COMPREENSÃO DO TEXTO.

1. Qual é o assunto do livro?

2. Em que local se passa a história?

3. Você consegue deduzir a época em que acontece essa história?

4. Quem são os personagens?

O texto na sua íntegra encontra-se em: QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de.

Indez. 11. ed. Belo Horizonte: Miguilim, 2003.

5. Por que o modo de tratamento dispensado ao menino Antonio era diferente, em

relação aos irmãos?

6. Como o pai de Antonio se relacionava com ele?

7. Qual a necessidade das galinhas gordas, quando nascia uma criança?

8. Em que época o personagem Antonio veio ao mundo?

9. Como era a saúde de Antonio quando nasceu?

CONTEXTUALIZANDO

Você gostou da história? Acredita que essa história possa ter acontecido de verdade?

Que parte achou mais interessante?

Entreviste os pais ou familiares para saber em que circunstancias você chegou ao

mundo.

Escreva algumas linhas dando sua opinião a respeito dessa história, expondo em

que medida ela o emocionou.

MEMÓRIA SOCIAL

De acordo com Halbwachs, há uma relação intrínseca entre a

memória individual e a memória coletiva, visto que não será

possível ao indivíduo recordar de lembranças de um grupo com o

qual suas lembranças não se identificam. (2006, p.39).

RELIGIOSIDADE NA OBRA INDEZ

A família de Antonio era religiosa? Em que momento esta religiosidade é

demonstrada?

Você sabe o que é procissão e qual é o seu sentido?

Já participou de uma procissão ou pelo menos já viu alguma na sua cidade?

Quando a criança resmungava, o que faziam os pais? E hoje é a mesma coisa?

Como eles agem?

OS COSTUMES

Em relação ao cordão umbilical, o texto apresenta uma maneira diferente de lidar

com ele. Que destino teve o cordão umbilical de Antonio?

De acordo com o texto, você imagina qual seria o destino do personagem Antonio?

O que você entende por “nascer fora do calendário”?

Como, supostamente, era decidido o destino das crianças no livro Indez?

REMÉDIO CASEIRO X REMÉDIO DA CIDADE

Quais foram os remédios caseiros usados para curar a tosse comprida (coqueluche)

de Antonio?

Para que servia o chá de sabugueiro?

Qual a finalidade do sangue de tatu?

Para que servia a água de sino da igreja, em dias de chuva?

Que medicamentos da farmácia Antonio tomava de vez em quando? E as suas

reações?

Você conhece/usa algum tipo de remédio caseiro? Qual?

Atualmente, você acha correto tomar remédio sem receita médica? Por quê?

AS SIMPATIAS.

Qual a finalidade do raminho de arruda?

E o caso do chocalho de cascavel pendurado no pescoço?

Para que servia o tijolinho preto e de que material era feito?

Qual a maneira correta de utilizar o tijolinho?

Para que servia ferradura mergulhada em brasas do fogão e ainda vermelha em

fogo posto numa vasilha de leite?

PESQUISANDO.

Pesquise com seus familiares e amigos e traga, por escrito, algumas simpatias e o

modo como proceder (e para que servem!).

As superstições ou crendices são tradições populares de um

povo, fundamentadas em pensamentos agoureiros, infundados

sobre a relação de causa x efeito; são vestígios de um passado

(nem tão) remoto, em que o ser humano tinha uma visão mágica

do mundo, acreditando que diversos fatores sobrenaturais podiam

interferir diretamente no seu dia-a-dia. Esse modo de pensar foi-se

transmitindo de geração a geração, sem uma base no

conhecimento científico. Pela oralidade acaba por ser incorporado

no dia-a-dia de todos, traduzindo-se em hábitos e gestos. Por sua

origem popular, as crendices e superstições também integram o

folclore de um povo. São muitas as superstições e crendices do

folclore brasileiro. O termo “superstição” tem origem no latim, onde

superstitio comporta dois sentidos: o de sobrevivente, superstes, e

o de desenvolver uma forma de crendice, superstare. A Crendice

é uma crença no sentido pejorativo: denota fé considerada

absurda ou supersticiosa. Disponível em:

http://www.fabulasecontos.com.br/?pg=descricao&id=311. Acesso em:

26 set.2012.

EXPRESSÕES POPULARES / DITADOS / PROVÉRBIOS

Converse com os colegas sobre o significado das expressões:

De pequenino é que se torce o pepino.

Pagar o pato.

De cabo a rabo.

Farinha do mesmo saco.

Apressado come cru.

O pior cego é o que não quer ver.

Papagaio come milho, periquito leva fama.

Em casa de ferreiro, espeto de pau.

PESQUISANDO

Agora, pesquise outros ditos populares e traga por escrito para socializar com os

colegas e expor no mural da sala.

CURIOSIDADE

Santinha do pau oco

Significado: Pessoa que se faz de boazinha, mas não é.

Histórico: Nos século XVIII e XIX os contrabandistas de ouro em pó,

moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de santos ocas por

dentro. O santo era “recheado” com preciosidades roubadas e

enviado para Portugal.

Cor de burro quando foge A frase original era “Corra do burro

quando ele foge”. Tem sentido porque, o burro enraivecido, é muito

perigoso. A tradição oral foi modificando a frase e “corra” acabou

virando “cor”

Disponível em: http://culturanordestina.blogspot.com.br/2009/06/o-verdadeiro-significado-de-alguns.html. Acesso em: 02 out. 2012

AS BRINCADEIRAS

Na boca da noite, quais eram as brincadeiras que entretinham as crianças?

Você se imagina brincando do mesmo jeito (mesmas brincadeiras) que o

personagem Antonio? Por quê?

Converse com seus colegas sobre as brincadeiras que você costumava brincar na

sua infância. Depois, compare com as brincadeiras descritas na obra em análise.

INFORMAÇÃO

As cantigas de Roda são um tipo de canção popular que estão

relacionadas à brincadeira de roda. Elas são conhecidas por serem

músicas extremamente simples de serem executadas e coreografadas,

com rimas que facilitam a memorização e compreensão. De cunho

popular, as cantigas foram criadas e transmitidas de geração em

geração, utilizadas para representar alguma brincadeira. Por serem

adaptações de canções existentes em certa época, portando de autoria

indefinida, as cantigas de roda são de domínio público, ou seja,

pertencem às tradições de um povo. Com letras baseadas na temática

infantil, tornando-se elementos fundamentais para o enriquecimento

cultural. Disponível em: http://www.infoescola.com/folclore/cantigas-de-roda/

Acesso em: 11 out. 2012

A obra Indez mostra os gestos e brincadeiras que a família faz com

Antonio; essas brincadeiras auxiliam no desenvolvimento da sensibilidade.

No mundo ainda não bombardeado pela rapidez da informação, e sem a

onipresente televisão, as famílias se sentavam ao lado do fogão de lenha

para conversar e brincar. Esta atividade era uma forma de diversão para

toda a família, auxiliando para estreitar os laços afetivos, de respeito, e de

amor.

Assista, agora, a um videoclipe sobre cantigas de roda para relembrar ou aprender como foi visto na obra de Bartolomeu Campos de Queirós

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=KLNiIJRerUg&feature=related. Acesso em: 11 out. 2012.

A CANTIGA DE RODA

Fonte. http:// www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 11 out. 2012.

Nesta Rua

Nesta rua, nesta rua, tem um bosque

Que se chama, que se chama, Solidão

Dentro dele, dentro dele mora um anjo

Que roubou, que roubou meu coração...

Pai Francisco

Pai Francisco entrou na roda

Tocando o seu violão

Bi–rim-bão bão bão, Bi–rim-bão bão bão!

Vem de lá Seu Delegado

Vem de lá Seu Delegado

E Pai Francisco foi pra prisão.

Como ele vem todo requebrado

Parece um boneco desengonçado...

As letras e as melodias das músicas na sua íntegra estão acessíveis em:

http://www.infoescola.com/folclore/cantigas-de-roda/ Acesso em: 11 out. 2012.

A EDUCAÇÃO FAMILIAR

PUXANDO PELA MEMÓRIA...

Você sabe o que é cantiga de roda?

Na sua infância, você brincou de cantiga de roda? Consegue lembrar-se de alguma

cantiga de roda? Qual?

Em sua opinião, por que as cantigas de roda caíram no esquecimento?

Vamos brincar de cantigas de roda?

Pesquise sobre cantigas de roda e traga por escrito para socializar com os colegas e

expor no mural da escola.

Conforme Lima (1998), o pai e a mãe foram a primeira escola. Eles sabiam

lições que foram lidas ou escutadas de pessoas mais sábias, que viveram

em reinos de primavera. (QUEIRÓS, 2004, p. 18). A mãe ensina muito e

mostra uma alegria frente à vida, brincando com os filhos de forma que as

atividades se tornassem menos cansativas. A mãe demonstra todo o

carinho e toda a ternura familiar do ambiente em que o nosso personagem

vivia. “Assim ia crescendo o nosso personagem (ciclo natural da vida) e à

medida que crescia sua imaginação ultrapassava as montanhas que

circundavam a casa, a escola, e na busca de outros mundos que ele ia

conhecendo nos livros”. (LIMA, 1998, p.74)

CRIATIVIDADE E IMAGINAÇÃO

CURIOSIDADE

Galinha legornes: raça de galinha poedeira oriunda do Mediterrâneo.

FONTE: http: www.pt.wikipedia.org/wiki/ Acesso em: 15 nov.2012.

Com a mãe, os filhos aprenderam a brincar. Ela fazia de tudo ficar mais

alegre. Se era longa a distância, ela brincava de contar estacas da cerca,

de correr atrás da sombra, de andar no ritmo dos escravos de Jó. Se alto

era o morro, quem chegar primeiro é o mais bonito e vira anjo, gritava

correndo. [...] em tarde de domingo, sempre muito longas, e vestidas de

sossego, a mãe se fazia criança para os filhos. Com anilinas para doces, a

mãe coloria as águas do tanque, uma cor de cada vez e mergulhava as

alvas galinhas legornes em banho colorido: azul, verde, amarelo, vermelho,

roxo. Em pouco tempo o quintal, como por milagre, era pátio de castelo,

povoado de aves, agora raras, desenhadas em livro de fadas. Ficava tudo

um encantamento. [...] ao fazer biscoitos, massa pronta, ela distribuía

pedaços com os meninos. Cada um fazia seus bichos, suas frutas: coelho,

laranjas, serpentes, tatus, bonecos, cachorros. Depois ela assava ou

fritava, perguntando: querem os bonecos louros ou morenos? Foi assim

brincando que ela ensinou os meninos a fazer e a comer a Bandeira

Nacional, quando faltava carne. Ela servia os pratos com chuchu verdinho

– afogado com água da mina – arroz e mais ovo frito, enquanto

recomendava: está no prato o verde das montanhas. Se misturar o arroz e

a gema, vira ouro. O prato é esmaltado de azul. Está tudo pronto. Assim,

Antonio aprendeu a fazer bandeira.” (QUEIRÓS, 2003 p.57).

INTERAGINDO COM O TEXTO.

Você já fez algum animal, fruta ou outro desenho com massa de biscoito ou outro

tipo de massa? Qual?

DESVENDANDO A CULINÁRIA MINEIRA.

Frango com quiabo

Fonte:http://www.receitastipicas.com/receitas/frango-com-quiabo.html. Acesso em: 18 out. 2012.

Ingredientes.

1 quilo de quiabo. um frango inteiro, cortado em pedaços, três dentes de alho

amassados uma. cebola grande bem picadinha, uma xícara (chá) de óleo, uma

colher (sobremesa) de colorau, pimenta a gosto, sal a gosto e cheiro verde a gosto.

Modo de Preparo:Tempere o frango com o alho amassado, sal, pimenta e colorau.

Se desejar, acrescente uma colher (sopa) de vinagre. Deixe marinar na geladeira

por, aproximadamente, 30 minutos.

Preparando o quiabo: Lave o quiabo e seque com um pano, deixando-o bem

sequinho. Pique em rodelinhas finas. Em uma panela, aqueça uma xícara de óleo.

Acrescente o quiabo picado e deixe refogar até que não tenha mais nenhuma baba

(tenha paciência, porque a baba sai; este processo leva cerca de 20 minutos) Mexa

de vez em quando, com cuidado para o quiabo não desmanchar. Quando estiver

sem baba, desligue o fogo, espere amornar e coe, para retirar o óleo. Reserve

somente o quiabo.

Preparando o frango: Em uma panela, aqueça duas colheres (sopa) de óleo e

doure muito bem a cebola, como se estivesse queimando (isso fará com que solte

um corante natural no frango). Junte o frango e deixe-o fritar muito bem. Quando

estiver bastante dourado, junte três xícaras de água fervente, ou um tanto que quase

cubra o frango. Deixe cozinhar em fogo médio, com a panela semi-tampada por

mais ou menos 20 minutos, ou até que o frango esteja bem macio. Junte o quiabo

reservado e deixe apurar até que fique encorpado. Se estiver com muito caldo,

aumente o fogo e deixe secar um pouco mais. Verifique se está bom de sal e por

último, junte o cheiro verde.

Disponível em: http://www.receitastipicas.com/receitas/frango-com-quiabo.html.

Acesso em: 18 out. 2012.

Mais receitas nos sites: http://www.deliciasdacozinhamineira.com.br/. Acesso em: 18 out. 2012.

VOCÊ E A CULINÁRIA.

Pesquise, na internet ou juntos aos familiares/vizinhança, uma receita típica de sua

cidade natal ou a receita do prato que você mais gosta de saborear. Traga por

escrito, para socializar com os colegas e expor no mural da sala.

O VALOR DO REGISTRO ESCRITO.

Para que a receita culinária da família não se perca no tempo,

traga a receita de uma comida que aprendeu a preparar, e que

ainda não tem o registro por escrito, para que outras pessoas

possam aprender, e que este registro garanta a manutenção deste

saber/sabor através do tempo!

PRIMEIRO DIA DE AULA

BUSCANDO NA MEMÓRIA...

Como foi o seu primeiro dia de aula?

A sua escola era parecida com a do texto? Descreva.

Em que local ela se situa?

Você lembra o nome da sua primeira professora?

Que parte da escola você mais gostava?

Na sua infância, quem contava historias para você?

Que tipo de histórias você gostava de ouvir? Por quê?

O que será que torna uma história tão interessante?

[...] “ao abrir seu embrulho na noite de natal, Antonio ficou espantado: um

estojinho de madeira com tampa que corria e dentro um apontador, dois

lápis com borracha na ponta, uma caneta de molhar e ainda cadernos

brancos e caixas de lápis de cor. Teve medo do ano que diziam perto de

começar. [...] Por estradas, trilhos e atalhos chegava-se à escola. Era

uma sala caiada de branco, com janelas para os dois lados e chão

coberto de cimento liso. Sem forro, tornava-se mais clara e limpa. [...]

cercada de montanhas por todos os cantos, a escola recebia meninos de

todas as direções. Era um lugar tranqüilo, visitado pelo mugido do gado,

canto de passarinho, gritos de grilos e cigarras. Antonio chegou de

uniforme novo: calça de brim azul marinho, camisa de fustão branco com

bolso. Recolhia flores no caminho para enfeitar a mesa da professora. [...]

Mas o melhor da escola era o final da aula. Depois de copiar do quadro

os pontos e os deveres de casa, Dona Aurora, a professora, mandava

guardar os objetos. E na frente da turma ela abria o livro. Lia mais um

pedaço da história que falava de primavera, verão, outono e inverno”.

(QUEIRÓS, p.70-73).

LEMBRE QUE...

Segundo Halbwachs, para que a memória dos acontecimentos

não se disperse e não se percam, deve ocorrer à fixação por

escrito das narrativas, pois os escritos permanecem, enquanto as

palavras e o pensamento morrem. (2006, p. 101).

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

Caro colega:

Este material foi produzido com o intuito de desenvolver o interesse dos

alunos pela leitura, ampliando a capacidade de pensar e agir de forma consciente e

crítica, como sujeitos ativos e participantes nas relações por eles vivenciadas, pois a

leitura abre caminhos e possibilidades de transformar, enriquecer culturalmente e

socialmente o ser humano, seus saberes e fazeres, em diferentes contextos

históricos sociais, além de resgatar a memória e a cultura do individuo. Por isso, os

textos e as atividades selecionadas primam por sua clareza e objetividade na

exposição das ideias, com encaminhamentos que permitem novas perspectivas para

a abordagem de leitura junto aos educandos, visando à construção de

conhecimentos, a fim de que os alunos venham a fazer ligações dessas leituras com

a própria realidade.

Nesse sentido, para favorecer o encontro entre os livros e alunos, optou-se

pela leitura se obras cuja temática se aproximasse dos alunos e suas experiências

de vida. Daí a escolha dos livros Por parte de pai e Indez do escritor mineiro

Bartolomeu Campos de Queirós, que permitem o resgate da memória pessoal e

social dos alunos, valorizando a sua cultura e seus conhecimentos.

Em cada obra foram enfatizadas atividades de leitura, compreensão e

reflexão sobre o texto, enfatizando aspectos culturais e fatos presentes na memória

das personagens que ultrapassam a barreira do livro (tempo) e podem ser

confrontadas com a nossa realidade, lembranças da infância/passado. Assim, as

atividades da Unidade Didática estão planejadas a partir de uma situação inicial em

que os alunos demonstrarão seus conhecimentos prévios através de questões orais

e escritas, por meio de estratégias diferenciadas que venham a incentivar e motivar

os alunos a narrar suas histórias, confrontando com a leitura das obras de

Bartolomeu Campos de Queirós.

Os painéis com os provérbios, ditos populares, receitas culinárias, trabalhos

manuais, remédios caseiros, crendices, cantigas de roda – pesquisada e efetuada

pelos alunos – e as produções de texto serão afixados no corredor da escola, à

disposição de outros leitores, proporcionando a todos o resgate da memória pessoal

e social. No decorrer do projeto, de acordo com os textos estudados, será montada

uma exposição de fotografias do início da colonização da cidade, objetos e materiais

pertencentes à época e palestra com pioneiros remanescentes.

Devido aos constrangimentos causados pelos direitos autorais e em respeito

aos dispositivos legais da Lei dos Direitos Autorais nº 9610/98, disponibilizo

apenas fragmentos das obras, músicas, indicação de vídeos e filmes, nesta Unidade

Didática. Disponibilizo as referências e endereços de sites para que os interessados

possam aprofundar sobre o tema e ter acesso ao material na sua íntegra, para a

realização das atividades desta unidade.

REFERÊNCIAS

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