mensagem do presidente apdp - controlaradiabetes.pt · receitas deliciosas 26mudança de atitudes...

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Author: trinhkiet

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  • MENSAGEM DO PRESIDENTEMENSAGEM DO PRESIDENTE

    Diabetes 3

    Comeo de um novo ano e redobradas esperanas. bom saber que a APDP continua a mostrar a sua vitalidade e capacidade para lutar contra a diabetes, suas consequncias e dar apoio a todos os que a ela recorrem. bom manifestar esta percepo e vontade positiva apesar das dificuldades que temos sentido em cumprir os nossos desgnios. No entanto, ser de marcar bem que tudo, mas tudo, s tem sido possvel graas ao enorme esforo e dedicao do pessoal desta casa que no poupa esforos para estar prximo e ajudar os que aqui acorrem.

    este misto de dedicao e qualidade que nos diferenciam e, consolidadas h muitas dcadas, permitiram o reconhecimento pela OMS (Organizao Mundial de Sade) como um centro de

    mundial de referncia.O nmero de pessoas com diabetes

    est a crescer, aqui e em todo o mundo, resultado de estilos de vida para que no fomos feitos e pelo envelhecimento das populaes, situaes que nunca aconteceram humanidade no passado.

    Para contrariar este processo aparentemente imparvel h que desenvolver programas bem estruturados, utilizando todas as melhores tcnicas de marketing e mobilizando as mais variadas componentes da nossa sociedade. certamente difcil, mas, a no ser que se descubra entretanto alguma plula milagrosa, no h outro caminho.

    O certo, que os responsveis pela sade e a sociedade civil podem contar connosco!

    A todos, os desejos de um Bom Ano.

    APDPdedicaoe qualidade

    lus Gardete correia Presidente da aPdP

    os resPonsveis PelA sADe e A socieDADe civil PoDem contAr connosco.

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  • 54 Vitaminas liposolveis

    4 Diabetes

    NDICE DE CONTEDOS

    Entrevista com Onsimo Silveira

    46

    Colaboram nesta edio

    ANA FILIPA LOPES Endocrinologista

    VItOr gENrOOftalmologista

    bruNO ALmEIdAInternista

    ANA LOPES PErEIrANutricionista

    LcIA NArcISODietista

    LuS gArdEtEPresidente da APDP

    PEdrO mAtOSCardiologista eEditor da Revista

    JOO FILIPE rAPOSODiretor clnico da APDP

    JOS mANuEL bOAVIdAPresidente da FundaoErnesto Roma

    ANtNIO FOrtuNAProfessor de Educao Fsica

  • 30 O transplante na pessoa com diabetes

    60Receitas

    deliciosas

    26 Mudana de atitudesna diabetes

    18Entrevista comLuis Gardete Correia

    Diabetes 5

    03 MENSAGEM DO PRESIDENTE

    09 CORREIO DO LEITOR

    10 ATUALIDADE Notcias de bem-estar, nutrio e exerccio fsico.

    18 ENTREVISTABalano do Relatrio Anual do Observatrio Nacional da Diabetes.

    26 MUDANA DE ATITUDES NA DIABETESEstratgias para mudar comportamentos.

    30 TRANSPLANTES E DIABETESProcedimentos do transplante na diabetes e implicaes no dia-a-dia.

    36 CONSULTRIO Pncreas artificial Canela e diabetesTecnologia da insulina inalvel

    40 COMPLICAESCompreender o anatomia do rim

    42 CONTROLO E VIGILNCIAPosso prevenir problemas de viso?

    44 GESTO DA DOENAEstratgias para estar em formaCaminharContar hidratos de carbono

    46 ENTREVISTAOnsimo Silveira

    54 VITAMINAS LIPOSSOLVEISPorque so essenciais ao organismo

    60 CULINRIAReceitas saudveis e deliciosas

    68 A SUA APDPEspao de notcias da APDP

    70 OBSERVATRIOApresentao do Relatrio Anual do Observatrio da Diabetes.

    72 ACONTECE NA APDP

    76 NCLEO JOVENS APDP Iniciativas e atividades

    78 AGENDA DA APDP

    81 SIR PETER USTINOV

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  • EDITORIAL

    Diabetes 6

    No incio de cada ano queremos sempre ser melhores que no anterior. Melhores na assistn-cia que prestamos aos nossos doentes, no apoio que julgamos conseguir dar, na nossa organizao interna, na forma como nos damos a conhecer para o ex-terior. A Revista tambm ela um dos meios que temos para dar maior visi-bilidade ao trabalho que produzimos e tambm uma forma de descodificarmos alguns aspectos da diabetes para o gran-de pblico, tentando sensibiliz-lo para acreditar na preveno e na optimizao do controlo, como modo de evitar as complicaes.

    Querer ser melhor compreensvel. Conseguir evoluir em qualidade e exce-lncia em tempos de crise um enor-me desafio. Com menos recursos temos que manter o mesmo nvel assistencial e educativo, o empenho de todos os que aqui trabalham, a abertura para novos projectos. E ainda ir mais alm na in-vestigao, na participao internacio-nal, na captao de novos associados,

    no reforo de parcerias. O reconhecimento da OMS d-nos a

    projeco e o estatuto necessrios para partir para outros voos. Projectos de outra dimenso e eventuais apoios para colocar no terreno investigaes popu-lacionais mais alargadas. Apesar de j sermos vistos por vrias entidades in-ternacionais na rea da diabetes como um centro de referncia, pretendemos agora expandir os nossos horizontes para um mbito mais universal. A pre-sena da APDP em frica, como se pode ver neste nmero, apenas um exemplo.

    Como antes, os nossos doentes so a preocupao principal. O apoio inte-grado que lhes fornecemos, um desgnio que ao longo destes anos temos vindo a implementar, uma realidade de que nos orgulhamos. E que iremos conti-nuar a proporcionar dentro das nossas possibilidades e dos apoios que tiver-mos. Para que a APDP possa continuar a crescer e desempenhar o papel relevan-te na luta contra a diabetes em Portugal. Um Bom Ano para todos.

    MISSO

    Pedro Matos EditorPor opo do autor, o contedo da presente pgina no se encontra conforme as normas do Acordo Ortogrfico.

    DiabetesViVer em equilbrio

    Diretor Lus Gardete CorreiaeDitor Pedro MatosCoorDenao eDitorial Violante Assude

    Conselho CientfiCo Lus Gardete Correia, Joo Filipe Raposo, Joo Nunes Corra, Jos Manuel Boavida, Pedro Matos, Joo Nabais, Ana Mesquita, Lurdes Serrabulho

    seCretariaDo Carla Trincheiras, Cristina Silva e Snia Silvatel. 213 816 112 > fax 213 859 371e-mail [email protected] www.apdp.ptProPrieDaDeAPDP Associao Protectora dos Diabticos de PortugalseDe soCial: Rua do Salitre, 118-120, 1250-203 LISBOA PerioDiCiDaDe Trimestral

    eDioGOODY S.A.Sede Social Avenida Infante D. Henrique, N 306, Lote 6, R/C 1950-421 LisboaTeL. 218 621 530Diretor Geral Antnio Nunesassessor Da Direo Geral Fernando Vasconcelos

    Diretora PubliCaes saDe Violante Assude e-mail [email protected] reDao Ana Margarida Marques, Rita Vassal.

    reViso Catarina Almeida, Diana Rocha, Marta Pinho

    CoorDenaDor De ProDuo externa Antnio GalveiaCoorDenao De ProDuo interna Paulo OliveiraCoorDenaDor De CirCulao Carlos Nunes

    fotoGrafia Antnio Pinto, L. Ribeiro, Mafalda Melo, Pedro Vilela, Ricardo Polnio

    banCo De imaGens Dreamstime, Getty Images, Science Photo Library

    eDitora De arte Sofia MarquesPaGinao Sofia Marques, Cludia Correiailustraes Cludia Correia, Raquel Pinheiro

    PubliCiDaDeGooDY s.a.CoorDenaDora Geral ComerCial Luisa Primavera AlvesTel. 218 621 593 > Fax 218 621 495 e-mail [email protected] aCCount Ftima eirasTel. 218 621 491 > Fax 218 621 495 e-mail [email protected]

    tiraGem e imPressoTIRAGeM 22.000 exemplares PR-IMPReSSO e IMPReSSO Sogapalestrada das Palmeiras, Queluz de Baixo2745-578 Barcarena.

    insCrio na erC 101391DePsito leGal 101662/96issn 0873-45DX

    DireoPresiDente: Lus Gardete Correia

    Diretor ClniCo: Joo Filipe Raposo

    tesoureiro: Jos Alberto Ferraria Neto VoGais: Joo Valente Nabais, Lus Filipe Nazar

    seDe soCial Rua do Salitre, 118-120 - 1250-203 LISBOAtel.: 213 816 100 > fax: 213 859 371

    e-mail: [email protected] internet: www.apdp.ptContribuinte n. 500 851 875

    aPDP

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  • Untitled-1 1 1/22/13 12:30 PMUntitled-1 1 21/01/14 15:25

  • APDPRua do Salitre, 118-1201250-203 Lisboa, Portugal

    Sim! Quero ser associado/a da APDP, durante um ano, sendo a minha contribuio de 24.

    Junte-se hoJe APDP!

    Inscries de SciosSe preferir v a www.apdp.pt e faa a sua inscrio online.

    Nome:

    Morada:

    Localidade: Cdigo Postal:

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    Telefone Casa: Telemvel:

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    Identificao do Scio

    Preencha este cupo, recorte-o, coloque-o num envelopee envie-o para:

    APDP! APDP!Razes para sernosso scio!10

    Apoiar a APDP nas suas atividades

    Receber grtis as 4 edies anuais da revista Diabetes

    Acesso a servios e produtos em condies mais vantajosas

    Descontos nos servios complementares prestados

    Acesso e descontos nas atividades de formao

    Orientaes online na rea da diabetes Acesso a campos de frias para jovens com diabetes

    Informao personalizada sobre as nossas atividades Participar ativamente na vida associativa

    Contribuir na luta contra a diabetes e suas complicaes

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  • CORREIO DO LEITOR

    Diabetes 9 Diabetes 9

    Atualmente a minha hemoglobina glicosilada de 6.9 (a melhor de sempre).Ricardo Guerreiro O que pensa mudar em

    2014 na forma de lidar com a diabetes?Melhorar a alimentao e frequentar um ginsio.ISABEL NEVES

    Conseguir fazer um plano individual de medies dos nveis da glicemia e cumpri-lo.MARGARIDA FERREIRA

    Fazer mais exerccio fsico e alteraes na minha alimentao.ANABELA pIMpo

    Aumentar a atividade fsica de forma a ser a me-lhor medicao para o controlo da diabetes.JoS LAo

    Comer menos protenas animais, mais vegetais e frutos e andar a p. Deixar de fazer o controlo da glicemia apenas na APDP, quando vou consulta.LUIS ALMEIDA

    Ficar mais calma, porque quando ando mais nervo-sa tenho as glicemias altas e fico com muita fome.MARIA JoS MAtEUS

    Disciplinar-me na minha dieta.JoS FILIpE CoELho

    pERGUNtA DA ApDp

    PERGUNTA DA APDP PARA A PRXIMA EDIO:

    QUAL A SUA MoDALIDADE pREFERI-DA pARA pRAtICAR ExERCCIo?

    pARtICIpE E pARtILhE A SUA opINIo:Envie-nos o seu testemunho ou resposta, com o seu nome completo, para o e-mail [email protected], ou por correio para a morada: Av. Infante D. Henrique n. 306, Lote 6, R/C 1950-421 Lisboa.

    A ApDp reserva-se o direito de cortar e editar as cartas recebidas.

    EStAR AtIVoChegada a Ftima

    NoVAS AtItUDESUm novo diabtico com renovado amor

    Tenho 35 anos e sou portador de diabetes desde 1990. Partilho convosco a minha chegada a Fti-ma aps uma viagem de bicicleta de 172 km. Ser diabtico o que . Existem alguns sacrifcios, mas como tudo na vida, tambm as grandes vitrias. Atualmente a minha hemoglobina glicosilada de 6.9 (a melhor de sempre).

    Em 2014, vou poder levantar-me de manh, medir a glicemia cuida-dosamente e regist-la sem ser ao abrigo do novo acordo ortogrfico.

    Vou poder tomar menos unida-des de insulina, porque vou pr a regra na minha prpria boca, fa-zendo dieta.

    Vou poder lanchar mais vezes ao dia, apesar dos cortes da Troika serem de tal modo violentos, que me levam a pensar que, eu Pensio-nista diabtico, que destrui as finanas do meu querido Pas.

    Vou religiosamente s consul-tas de rotina e ao meu mdico de famlia...

    Vou submeter-me s anlises peridicas e controlar a A1C...

    Vou fazer mais picadas ao dia

    para conhecer melhor os nveis do meu acar...

    E vou regist-las como me indi-cou a senhora doutora sem ralhar.

    L isso vou!...Irei comer bastante sem ser em

    demasia,Irei comer meia batata e ou meia

    colher de arroz,Irei fazer caminho andando pela

    minha sade e pela minha vida...Em abril estarei na consulta da

    praxe e nas consultas dos ps,Na primavera vou cheirar as no-

    vas anlises como se fosse sua flor,Caminhar ao teu encontro e

    ajudar-te se tambm diabtico s,Serei um novo diabtico com re-

    novado amor...E em 2014 serei!...

    Ricardo Guerreiro

    Jos Carlos Costa, pico

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  • 10 Diabetes

    Um estudo realizado com mais de 66 mil mulheres durante 14 anos concluiu que uma dieta com muita acidez, ou seja, com a ingesto de muitos produtos de origem animal, pode levar a um aumento do risco de desenvolver diabetes tipo 2. Na investigao, realizada no Centro de Investigao em Epidemiologia e Sade da Populao, em Frana, e publicada na revista Diabetologia, ficou demonstrado pela primeira vez que a carga cida da alimentao est associada ao risco de desenvolvimento diabetes tipo 2. Num regime alimentar cido, como comum nos pases ocidentais, as refeies so particular-mente ricas em alimentos de origem animal e outros alimentos ci-dos que podem induzir a presena de uma elevada quantidade de cido que no compensada pela ingesto de fruta e vegetais.

    Segundo um artigo publicado na re-vista Advanced Healthcare Materials, investigadores da Universidade da Ca-rolina do Norte, nos Estados Unidos da Amrica, desenvolveram um pequeno dispositivo de ultrassom para ajudar a administrar insulina sem necessidade de recorrer a agulhas e canetas. Esta tcnica envolve a injeo na pele de nanopartculas biocompatveis e bio-degradveis constitudas por policido (cido lctico-co-gliclico) que contm no seu interior insulina. As nanopart-culas atraem-se e formam uma rede que mantem as nanopartculas jun-tas impedindo que estas se dispersem no organismo. Ao mesmo tendo, sendo porosas, uma vez no organismo, a insulina comea a difundir-se a partir das nanopartculas, regulando os nveis de glucose ao longo de dez dias, de acordo com os resultados obtidos em ratinhos.

    Dieta ciDa aumenta risco De Diabetes

    novo mtoDo em estuDo para aDministrar insulina

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    o total de crianas e jovens at aos 19 anos com diabetes tipo 1 em Portugal em 2012

    segundo o relatrio do Observatrio Nacional da

    Diabetes.

    3196ATUALIDADE DIAbETEs

    Neste livro comeo por explicar o desenvol-vimento da linguagem na criana que se ini-cia pelo choro, os gestos e a expresso facial. O que esperar em cada idade e em cada etapa e como os pais podem potenciar uma melhor co-municao. [] Questes como a imaturidade da fala, problemas de voz e as perturbaes de aprendizagem na leitura e na escrita, como dis-lexia ou a disortografia que podem ter impacto no percurso escolar.

    O Gato comeu-te a lngua?, Joana Rombert, Esfera dos Livros

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  • Diabetes 11

    o nmero de dias de internamento por diabetes

    registado em 2012, segundo o relatrio do Observatrio

    Nacional da Diabetes.

    104 729

    Ser me antes dos 19 anos aumenta as probabilidades de vir a de-senvolver diabetes depois da menopausa. Esta a concluso de um estudo realizado por cientistas do Hospital Universitrio de Cho-sun, na Coreia do Sul, que analisaram a correlao entre a idade das mulheres aquando do primeiro parto com os nveis de tolerncia glucose em 4 965 mulheres.

    Os investigadores verificaram que as taxas de prevalncia da dia-betes aumentavam de 10,9 % nas mulheres ps-menopusicas que tinham sido mes depois dos 30 anos para 23,8 % nas que tinham tido uma gravidez na adolescncia.

    Fumar altera vrios genes associados ao aparecimento de problemas de sade, nomeadamente ao aumento do risco de cancro e de dia-betes. Esta a concluso de uma equipa de investigadores suecos que publicou um estudo na revista Human Molecular Genetics onde identificaram um grande nmero de genes que estavam alterados em fumadores, no tendo encontrado alteraes desse gnero nos sujeitos no-fumadores. Para Asa Johansson, cientista na Uppsala University e lder da investigao, os resultados deste trabalho indi-cam que o risco acrescido de doena associado ao tabaco , em parte, consequncia de alteraes epigenticas.

    graviDez aNtes DOs 19 aumenta risco de diabetes

    tabacO altera genes ligados diabetes

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    essencial introduzir bons hbitos alimentares para controlar a diabetes. Um estudo concluiu que, mesmo depois do diagnstico de diabetes, optar por uma dieta alimentar saudvel contri-bui para adquirir resultados na melhoria da con-dio de sade. O trabalho, apresentado nas ses-ses cientficas da American Heart Association, foi iniciado em 1976 e envolveu mais de 121 mil mulheres com idades entre os 30 e os 55 na data em que comeou o estudo. Ao fim de 26 anos, os investigadores verificaram que o grupo de mulhe-res que adotou uma dieta saudvel aps receber o diagnstico de diabetes tipo 2 tinha taxas signifi-cativamente mais baixas de mortalidade por todas as causas e de mortalidade cardiovascular do que as que mantiveram os maus hbitos alimentares.

    eXPeriMeNte

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  • 12 | Diabetes

    ATUALIDADE BEM-ESTAR

    Os jogos de computador podem ter um impacto positivo nas crianas. Uma revi-so de vrios estudos, publicada na revista American Psychologist, encontrou evi-dncia de que estes jogos tambm podem ter um impacto positivo na vida dos das crianas na medida em que promovem a aprendizagem, a sade e as capacidades sociais. Alm disso, os jogos eletrnicos podem tambm os ajudar os mais novos a desenvolver capacidades na resoluo de problemas e at melhorar as notas, pro-movendo o relaxamento e diminuindo a ansiedade dos jogadores.

    Um estudo levado a cabo por inves-tigadores do Instituto do Cancro de Duke, nos Estados Unidos da Am-rica, publicado na revista Science deixou um alerta: um subproduto do colesterol funciona como o estrog-nio, impulsionando o crescimento e disseminao dos tipos de cancro da mama mais comuns. Estima-se que o estrognio seja responsvel por 75% dos cancros da mama e este trabalho apurou que um metabolito do colesterol, o 27-hidroxicoleste-rol ou 27HC, comporta-se de forma similar ao estrognio em animais. A boa notcia que os medicamentos habitualmente usados para tratar o colesterol elevado parecem diminuir o efeito desta molcula.

    jogos de computador podem ter efeitos positivos

    suplementos vitamnicos sem eficcia

    colesterol elevado aumenta risco de cancro de mama

    4867 o nmero de pessoas que

    morreram por causa da diabetes em Portugal em

    2012, segundo o relatrio do Observatrio Nacional

    de Sade.

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    Os suplementos vitamnicos podem no ter qualquer efeito benfico para a sade. Esta a concluso de trs estudos publicados no Annals of Internal Medicine, nos quais os cientistas referem que os efeitos daqueles suplementos so equivalentes aos compri-midos placebo, noticia a edio online do Jornal i. Os suplementos no diminuem o risco de desenvolver doenas, no subs-tituem nutrientes em falta no organismo, no resolvem problemas de memria ou concentrao, nem aumentam a esperana mdia de vida, podendo ser, inclusivamen-te, nocivos para a sade se forem tomados em excesso.

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  • Diabetes 13

    Sabe-se que a diabetes, juntamente com a presso alta, nveis elevados de gordura no sangue e obesidade, duplica os fatores de risco de declnio cognitivo em pes-soas com faixas etrias entre 45 e 65 anos. Estudos anteriores apontam para re-sultados contraditrios sobre como a diabetes pode afetar o risco de desenvolver demncia aos 65 anos, mas investigadores da Washington University em St. Lou-is, nos Estados Unidos, demonstram que a insulinoterapia pode atrasar o declnio cognitivo, mais do que qualquer tratamento. O estudo apurou ainda que aos 85 anos, as pessoas com ou sem diabetes tm os mesmos riscos de ter demncia. Os resultados foram apresentados numa reunio da American Diabetes Association realizada em junho em Chicago, avana o site da revista Diabetes Forecast.

    falha gentica descontrola ciclos de sono e viglia

    alimentao do pai influencia sade do beb

    6,3 o nmero de dias

    que dura em mdia um internamento causado pela diabetes em 2012, refere o relatrio do Observatrio

    Nacional da Diabetes.

    So conhecidos os cuidados que as mes tm de ter com a alimentao antes e durante a gravidez. Agora, um estudo veio revelar que a dieta do pai tambm tem influncia na sade do beb. O trabalho, publicado na revista Nature Communications por investi-gadores da Universidade de McGill, nos Estados Unidos da Amrica, mos-trou pela primeira vez que os nveis de folato - vitamina B9 encontrada em vegetais de folha verde, cereais, fruta e carne - consumidos pelo pai so to importantes quanto os da me na sa-de e no desenvolvimento do beb.

    O Inverno rico em variedade de fru-tos secos, aproveite para comer todos os dias uma poro. Afinal, um estu-do publicado no New England Jour-nal of Medicine refere que as pessoas que consomem regularmente nozes, amndoas e avels tm tendncia para viver mais anos. A investigao acompanhou durante 30 anos cerca de 120 mil pessoas e verificou uma redu-o de 20% na taxa de mortalidade no grupo que consumia frutos secos diariamente.

    EXPERIMENTE

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  • 14 | Diabetes

    ATUALIDADE NUTRIO

    27%Das pessoas com diabetes encontram-se no escalo etrio de 60-79 anos,

    segundo os dados de 2012 do relatrio do Observatrio

    Nacional da Diabetes.

    A dieta Mediterrnica foi classificada como Patrimnio Imaterial da Humani-dade pela Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura (UNESCO) em dezembro passado em Baku, no Azerbaijo. Portugal, atravs da Cmara Municipal de Tavira, integrou a candidatura que juntou os pases da baa do Mediterrneo, nomeadamente o Chipre, a Crocia, a Grcia, a Espanha, a It-lia e Marrocos. A dieta mediterrnica conhecida por usar alimentos frescos, de qualidade e de reconhecidos benefcios para a sade como os hortcolas, a fruta, os cereais, o po, o peixe e o azeite em vez da gordura animal.

    A asparagina um aminocido presente na carne, nos ovos e nos produtos lcteos que, at agora, no era considerado essencial, uma vez que produzido pelo organismo huma-no. Contudo, um estudo de investigadores da Universidade de Montreal revelou a impor-tncia deste aminocido no normal desenvol-vimento das clulas cerebrais que dependem da sua sntese para funcionar corretamente. A equipa chegou a esta concluso depois de in-vestigar uma famlia do Qubec na qual mor-reram trs crianas de uma doena gentica rara, que foi responsvel por microcefalia con-gnita, problemas intelectuais, atrofia cerebral e convulses refratrias, noticia o portal www.alert-online.com.

    Dieta meDiterrnica reconheciDa pela UneSco

    carne, ovoS e leite eSSenciaiS ao crebro

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    Beber uma chvena de caf poder me-lhorar a sade cardiovascular. Um estu-do apresentado nas sesses cientficas da American Heart Association con-cluiu que a cafena de uma chvena de caf pode contribuir para o bom fun-cionamento dos vasos sanguneos. A investigao, levada a cabo na Universi-dade de Ryukyu, no Japo, contou com a participao de 27 adultos saudveis, entre os 20 e os 30 anos de idade, que no bebiam regularmente caf. Os cien-tistas notaram que o consumo de uma chvena de caf aumenta em 30% o flu-xo sanguneo no dedo, um procedimen-to que mede quo bem est a funcionar o revestimento dos vasos sanguneos, indicando que a cafena pode ajudar a abrir os vasos sanguneos e a diminuir a inflamao.

    EXPERIMENTE

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  • Novo Nordiskmudar o futuro da diabetesMudar o futuro da Diabetes o compromisso da Novo Nordisk. Queremos estar mais atentos, queremos aprender e queremos olhar para alm do tratamento e, assim, ir ao encontro das necessidades das pessoas e das famlias que vivem com diabetes.

    Changing Diabetes a nossa forma de apoiar as pessoas a gerir e a viver com a diabetes. Hoje e amanh.

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    ROGRIO SILVAPortugalO Rogrio tem diabetes tipo 2D

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  • 16 Diabetes

    Uma dieta rica em acares e gorduras poder aumentar a inflamao na re-gio do hipocampo, estrutura relacionada com a formao e armazenamento da memria e uma das primeiras regies do crebro afetadas pela doena de Alzheimer. Cientistas da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrlia, realizaram uma experincia com ratinhos, submetendo-os a uma dieta de acar e gorduras. Seis dias depois do incio da experincia, os animais deno-taram sintomas de perda de memria ao serem sujeitos a testes relacionados com a memria espacial, antes mesmo de se observarem variaes de peso. Contudo, este trabalho ainda se encontra numa fase preliminar, sendo preco-ce apurar os resultados para os humanos.

    alimentaoinfluencia memria

    Poder haver uma associao entre o consumo de fruta com casca rija (nozes, amndoas, ave-ls) e a diminuio da mortalidade, segundo um trabalho publicado no New England Journal of Medicine por investigadores do Dana-Farber Cancer Institute, do Brigham and Womens Hospital e do Harvard School of Public Health, nos Estados Unidos da Amrica. Neste estudo, 76.464 mulheres e 42.498 homens preenche-ram questionrios alimentares detalhados a cada dois anos durante 30 anos e foi notado que quem consumia estes frutos sete ou mais vezes por semana tinha uma reduo de 20% na taxa de mortalidade. Os frutos de casca rija h muito que so associados a um menor risco de doen-as cardacas, diabetes tipo 2, cancro do clon, clculos renais, e diverticulite.

    Consumir muito leite na adolescncia afi-nal pode no prevenir as fraturas sseas na idade adulta. Esta a concluso de um es-tudo publicado na revista JAMA Pediatrics por investigadores da Universidade de Har-vard depois de terem acompanhado mais de 96.000 homens e mulheres ao longo de mais de 22 anos. A investigao apurou que o consumo de leite na adolescncia, entre os 13 e 18 anos, est foi associado a um aumen-to de 9% no risco de fraturas da anca nos homens, estando este dado estatstico par-cialmente influenciado pela altura dos par-ticipantes.

    frutos de casca rija podem diminuir a mortalidade

    leite pode no diminuir risco de fraturas 5,6%

    a prevalncia da diabetes no diagnosticada segundo o relatrio do Observatrio Nacional da Diabetes de 2013.

    ATUALIDADE NUTRIO

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    Conta, peso e medida. Esta deve ser tambm a regra aplicada ao desporto segundo um estudo publicado no Archives of Disease in Childhood. No tra-balho, realizado por investigadores da Universidade de Lausanne, na Sua, ficou comprovado que a prtica exagerada de exerccio fsico pode ser to prejudicial para a sade dos adolescentes quanto o sedentarismo ou a pouca prtica de exerccio. Depois de entrevistarem 1.245 adolescentes, com idades compreendidas entre 16 e os 20 anos, a equipa de cientistas apurou que os jovens que praticavam 14 horas de exerccio fsico por semana eram os que obtinham maiores benefcios no que diz respeito ao bem-estar.

    exerccio a mais pode ser prejudicial

    Mesmo quem nunca fez exerccio, vai sem-pre a tempo de comear e obter benefcios, o que diz um estudo publicado no Bri-tish Journal of Sports Medicine. Depois de analisar 3.500 pessoas com cerca de 60 anos a equipa de investigadores verificou que quem comeou a exercitar tem trs vezes mais probabilidades de ser saudvel nos oito anos seguintes, em comparao com os indivduos sedentrios. O trabalho revelou que as pessoas que comeam a fa-zer exerccio aos 60 anos veem reduzido o risco de doenas cardacas, acidente vas-cular cerebral (AVC), diabetes, Alzheimer e depresses, escreve a BBC.

    Investigadores da Universidade de Mon-treal levaram a cabo o primeiro estudo realizado em humanos que mediu objeti-vamente o impacto da prtica do exerccio fsico durante a gravidez no crebro dos re-cm-nascidos. Segundo as concluses da investigao a prtica de cerca de 20 minu-tos de exerccio fsico moderado, trs vezes por semana, durante a gravidez melhora o desenvolvimento cerebral no recm-nasci-do. Acima de tudo estamos otimistas de que estes resultados iro encorajar as mu-lheres a alterarem os seus hbitos, uma vez que um ato to simples pode fazer diferen-a no futuro dos bebs, sublinhou David Ellemberg, lder da investigao, noticiou o portal www.alert-online.com.

    exerccio na gravidez tem benefcios para o beb

    500 o nmero de novos casos de diabetes diagnosticados por 100 mil habitantes em 2012 segundo o relatrio

    do Observatrio Nacional da Diabetes.

    ATUALIDADE ExErccIo

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    ENTREVISTA

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  • Diabetes 19

    O relatrio anual do Observatrio Nacional da Diabetes divulga os nmeros da diabetes em Portugal relativos a 2012. A aposta em campanhas de preveno, o diagnstico precoce e o controlo da diabetes so as grandes linhas de ao, refere o tambm presidente da Associao Protectora dos Diabticos de Portugal (APDP).

    Qual o balano do atual relatrio do Observatrio Nacional da Diabetes?A par do que est acontecer no mundo inteiro, a diabetes est a crescer [em Portugal]. A diabetes atinge no mundo inteiro 282 milhes de pessoas, o que corresponde a 8,3% da populao mundial. Em Portugal mais de um milho de pessoas tem diabetes, das quais 400 mil tm diabetes e no sabem que a tm. Portanto so pessoas em que a diabetes est em evoluo, em que o risco de complicaes, nomeadamente vasculares, est presente, e que tm um diagnstico numa altura em que j existem leses que so irreversveis.

    Porque que a diabetes est a aumentar?Tem havido um crescimento progressivo da diabetes ao longo destes anos, e que tem como principal causa no s as pessoas estarem a ter hbitos de vida no saudveis com uma alimentao rica em acares, de alto valor calrico e de gorduras e estarem a engordar, como por outro lado tambm est a acontecer um envelhecimento da populao. O relatrio indica que 27% da populao com 60-79 anos tem diabetes. Se esta faixa etria comea a crescer haver cada vez mais pessoas com diabetes. Por outro lado, tem havido uma emigrao de jovens, o que reduz este grupo etrio.

    O que dever ser feito para travar o aumento da diabetes?Um aspecto importante a necessidade de criar um plano nacional de preveno da diabetes e suas complicaes. preciso investir na preveno, nos hbitos saudveis das pessoas, na atividade fsica, na alimentao correta, no melhor controlo da

    diabetes em nmerosLus Gardete Correia, diretor do observatrio nacional da diabetes, faz o balano dos nmeros da diabetes em Portugal divulgados no mais recente relatrio anual.

    H mais consultas de diabetes nos cuidados de sade primrios.

    w Texto Ana Margarida Marques w Fotografia L. Ribeiro w

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  • diabetes, no diagnstico precoce. Nesta altura relativamente mais fcil tratar um doente, prescrevendo comprimidos ou fazendo um exame complementar; no fcil fazer uma campanha de preveno nacional preciso que os ministrios nomeadamente da Sade, da Educao, do Comrcio e outras estruturas oficiais, e a sociedade civil, se juntem para que possamos ter um plano nacional de educao [para a diabetes]. Isso acontece noutros pases, com pessoas que esto retiradas da frente poltica hoje, nomeadamente nos Estados Unidos, que esto frente de fundaes e de campanhas estruturadas. A obesidade a grande preocupao, 80% das pessoas com diabetes tipo 2, que a grande maioria, tem excesso de peso ou obesidade. Se evitssemos que as pessoas tenham excesso de peso ou obesidade provavelmente haveria menos de metade de pessoas com diabetes tipo 2.

    Quais as principais linhas de ao da poltica de preveno na diabetes? preciso haver campanhas de preveno, o diagnstico precoce e o controlo da diabetes, para que no tenham as complicaes graves.

    Um grupo importante so as pessoas com pr-diabetes, ou seja, que tm um risco elevado de ter diabetes a curto prazo. Este um pblico-alvo de aes na preveno. Podemos reduzir a metade as pessoas deste grupo que viro a ter diabetes, se houver aes de preveno eficazes e, por outro lado, sabemos que o custo de fazer programas de preveno 40 vezes

    mais baixo do que tratar as pessoas com diabetes.

    Quais so os nmeros mais alarmantes apontados no relatrio?Em termos de complicaes das diabetes, h um valor muito preocupante de amputaes. O nmero de amputaes tem uma tendncia para diminuir, mas no ano passado cresceu ligeiramente: de 1456 amputaes, em 2011, para 1493, em 2012.

    Quais as causas possveis para o aumento de amputaes?Uma das causas pode ser o envelhecimento da populao, o que leva a uma evidente necessidade de haver mais consultas de P diabtico, e consultas mais eficientes, com uma resposta mais rpida. O Alentejo a zona do pas que tem mais amputaes e que tem a populao mais envelhecida. As distncias so maiores, e portanto faz

    ENTREVISTA

    20 Diabetes

    O custO de fazer prOgramas de prevenO 40 vezes mais baixO dO que tratar as pessOas cOm diabetes.

    da populao com 60-79 anos tem

    diabetes

    27% 18-22 Entrevista.indd 20 21/01/14 14:59

  • Em Portugal mais dE um milho dE PEssoas tEm diabEtEs, das quais 400 mil tm diabEtEs E no sabEm quE a tm.

    com que se torne mais complicado as pessoas de idade das pequenas aldeias deslocarem-se a centros especializados que possam dar resposta em tempo til.

    Que outros dados do relatrio devem ser considerados preocupantes?O das pessoas com insuficincia renal que tm necessidade de fazer dilise. O controlo rigoroso das pessoas com diabetes leva a reduzir o risco de passarem a esta fase. Das pessoas que esto a fazer dilise por causa da diabetes, foi registado 27,2% em 2011 e 27,5% em 2012. Outra necessidade premente

    fazer, de uma forma estruturada, o rastreio da retinopatia diabtica, que a nica forma de prevenir a cegueira, sendo a diabetes a primeira causa de cegueira. Se for detetada precocemente, pode ser tratada com laser ou outros mecanismos, evitando que a doena evolua. Quanto aos internamentos por p, o nmero diminuiu, mas tem uma tendncia a estabilizar. O que pode ser dito sobre a mortalidade e os internamentos relacionados com a diabetes?A diabetes representou cerca de sete anos de vida perdida na populao com menos de 70 anos.

    Um aspecto relevante o aumento de internamentos por doenas associadas diabetes, o que pode ter a ver com muitos fatores. Um deles a populao estar mais envelhecida, como j foi referido. A primeira causa de internamento so as doenas do aparelho circulatrio, como o enfarte de miocrdio e o acidente vascular cerebral (AVC). S em segundo aparecem as doenas

    do aparelho respiratrio e depois em terceiro a diabetes, nomeadamente a diabetes descompensada. Hoje, melhor acompanhamento das pessoas com diabetes, maior informao e formao, mais e melhor educao do diabtico sero os grandes responsveis por esta reduo. H 30 anos a diabetes era a primeira causa de internamento. Uma pessoa com diabetes tem o dobro do tempo de durao mdia de internamento [facto que representa custos proporcionais].

    Num sentido global, qual o balano sobre os custos com a diabetes?Quanto ao tratamento, o crescimento desacelerou em termos de gastos com a medicao. Tanto as insulinas como os antidiabticos orais tm aumentado, mas agora h nitidamente uma tendncia para estabilizarem. Verificou-se que em ambulatrio no Servio Nacional de Sade (SNS) os gastos com os medicamentos cresceram, mas de 2011 para 2012 houve um abrandamento significativo; as

    Diabetes 21

    18-22 Entrevista.indd 21 21/01/14 14:59

  • ENTREVISTA

    tiras-testes at mesmo uma descida. H um aumento significativo com os internamentos, que tm custos muito elevados - com mais 4 milhes de euros gastos. As bombas de insulina tm um custo pouco significativo; j que so participadas a 100% pelo SNS e num limite de 100 por ano. Tudo isto representa 0,8-0,9% do PIB portugus e 8-9% da despesa em sade em 2012, o que no muito diferente de outros pases da Europa.

    Que aspectos positivos podem ser apontados no relatrio?H mais consultas de diabetes nos cuidados de sade primrios (CSP). Ao nvel dos CSP h uma maior ateno aos fatores de controlo de risco que podem, a mdio prazo, contribuir para uma melhoria da preveno das complicaes. Com a criao das Unidades Coordenadoras Funcionais, h uma melhor coordenao entre os CSP e os hospitais. um processo que est em desenvolvimento e que faz parte do Programa Nacional para a Diabetes.

    O que pode ser dito sobre a prevalncia da diabetes nas crianas e nos jovens?A diabetes entre as crianas e os jovens tem aumentado muito lentamente como acontece, alis, em todos os pases. H 352 novos casos de crianas e adolescentes entre 0 e os 19 anos com diabetes.

    E quanto s grvidas com diabetes?A situao mantm-se estvel, com variaes pouco significativas.

    De que forma a APDP poder agir na resposta ao flagelo da diabetes?A Associao uma clnica especializada e, portanto, tem uma grande responsabilidade na resposta aos doentes com mais complexidade, que precisam de tcnicos de sade mais treinados e que possam dar um acompanhamento mais rigoroso. O APDP tem assumido um papel importante na formao dos tcnicos de sade atravs da Escola [da Diabetes] dirigida a tcnicos como mdicos, enfermeiros e podologistas.

    De doentes com retinopatia diabtica

    sados dos internamen-tos com diabetes.

    o nmero de amputaes

    registadas em 2012

    41,1%

    1493

    O Alentejo a zona do pas que tem mais amputaes.

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  • Untitled-1 1 21/01/14 15:28

  • coMPREENDER

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  • 26 Diabetes

    COMPORTAMENTO

    assuma o controloda sua diabetesAprenda a mudar comportamentos e torne-se um especialista a gerir a diabetes.

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  • Diabetes 27

    L idar com a diabetes implica uma mudana de atitudes e de estilo de vida. Conhea algumas das estratgias recomendadas pelos especialistas para o ajudar a mudar comportamentos na sua vida diria. E saiba que pode e deve contar com a sua equipa de sade para adoptar as referidas estratgias.

    1Compreenda a diabetes e saiba o que poder fazer por si prprio.O primeiro passo para um bom controlo compreender a doena. O controlo da diabetes depende de uma correta educao alimentar, da prtica adequada de exerccio fsico e da prescrio de medicao adaptada s suas necessidades.

    2Cuide de si e promova o seu bem-estar.Promova o autocuidado e autoestima para alcanar o equilbrio necessrio para dar resposta aos desafios do dia-a-dia. Uma pessoa com maior autoconfiana tem mais capacidade para tomar decises que afetam a sua sade. Desenvolva a sua atividade mental, lendo, conversando com os outros, procurando manter-se informado.

    3 reserve tempo no seu dia-a-dia para estar Com os outros.Mantenha relaes familiares e sociais que sejam saudveis. Esteja com pessoas que o faam sentir-se bem consigo prprio. Procure fazer atividades das quais tire prazer. Crie rotinas de convvio com os outros.

    4 partilhe a sua experinCia sobre a diabetes Com outras pessoas.Estar com outras pessoas que tambm tm

    diabetes poder ser uma forma de partilhar experincias, aprender diferentes formas de lidar com dificuldades concretas e encontrar estratgias de motivao para ultrapassar os problemas.

    5 estabelea objetivos e metas que sejam realistas.A mudana de comportamentos na diabetes poder ser um processo complexo e moroso. As alteraes de atitudes na alimentao, atividade fsica e medicao obrigam as pessoas a repensar a sua vida diria e a aprender novas rotinas. Note que grandes mudanas conseguem-se com pequenos passos.

    6 proCure ter um estilo de vida saudvel.A aquisio de um estilo de vida saudvel torna a pessoa mais capacitada para gerir a diabetes. Para conseguir manter um bom controlo metablico dever ter os nveis de glicemia no sangue dentro dos valores adequados, o que s ser possvel se conseguir manter um equilbrio entre a alimentao, exerccio e medicao.

    assuma o Controlo da sua diabetes

    o primeiro passo para um bom Controlo Compreender a doena.

    uma pessoa com maior autoconfiana tem mais capacidade para tomar decises que afetam a sua sade.

    w reviso cientfica: Joo Filipe Raposo, Diretor Clnico APDP, Margarida Barradas, Dietista APDP e Ana Lcia Covinhas, Psicloga APDP w

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  • 28 Diabetes

    7 Mantenha o seu peso norMal.Vigie o peso corporal uma vez por ms. Um plano alimentar adequado ajuda a evitar o excesso de peso, juntamente com a prtica regular de exerccio fsico. O excesso de peso ocorre quando as calorias ingeridas so superiores s gastas, resultando na acumulao de gordura.

    8 Fracione a aliMentao.No salte refeies para evitar ter uma hipoglicemia e/ou comer demasiado nas refeies seguintes e consequentemente ter uma hiperglicemia. Os alimentos com hidratos de carbono devem estar distribudos por cerca de seis refeies dirias para ajudar a nivelar os valores de glicemia e a controlar a sensao de fome.

    9 contabilize os hidratos de carbono.Os hidratos de carbono constituem a principal fonte de energia do organismo. Contudo, devem ser contabilizados porque influenciam a glicemia. A quantidade de hidratos de carbono aconselhada a

    cada pessoa varia consoante as suas necessidades individuais. Para garantir que no ingere este nutriente em menor ou maior quantidade do que precisa, consulte um nutricionista ou dietista. Assim, para alm de poder saber quais as suas necessidades, poder tambm aprender os alimentos equivalentes em hidratos de carbono para gerir melhor as suas escolhas e a contabilizar as pores.

    10 opte por aliMentos coM Menos gorduraEscolha alimentos com menos gordura ou com gordura de melhor qualidade, como o caso do peixe e algumas carnes (prefira aves sem pele, coelho e lombo de porco). Opte por queijos e manteigas magros e evite produtos de charcutaria. Prefira o po em detrimento de bolachas. Os vegetais, leguminosas, arroz, massas, batatas e fruta so alimentos sem gordura.

    11 aprenda a cozinhar de ForMa saudvel.Reduza a quantidade de gordura das receitas. Prefira formas de cozinhar sem ou com pouca gordura como escalfar, cozer, estufar, assar, grelhar. Utilize o forno,

    grelha e frigideiras antiaderentes para facilitar a confeo com pouca gordura, optando de preferncia pelo azeite. Evite cozinhar alimentos ou condimentos que partida j so ricos em sal. Aumente o teor de fibras.

    12 conFecione pratos siMples e econMicos Note que os produtos sem marca no so necessariamente produtos sem qualidade. Opte por legumes e fruta da poca. Plante ervas aromticas. Aproveite as sobras. Planeie as suas compras e organize ementas semanais, de forma a comprar apenas o essencial. Coma no mais de 100-120 g de carne ou peixe por refeio principal. Outras fontes de protenas a ter em conta, so os ovos, lacticnios, leguminosas e soja. Quando ingerir estes alimentos poder reduzir as quantidades de carne ou peixe da refeio.

    13 saiba escolher os aliMentos certos.Hoje em dia tem ao dispor uma grande variedade de produtos alimentares, por isso muito importante saber o que compra e aquilo que ingere. A interpretao

    a prtica de exerccio Fsico regular essencial ao autocontrolo da diabetes.

    promova o autocuidado e

    autoestima para alcanar o equilbrio necessrio para dar

    resposta aos desafios do dia-a-dia.

    COMPORTAMENTO

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    adequada dos rtulos dos alimentos permitir fazer escolhas mais saudveis e conscientes. Na leitura dos rtulos dos alimentos dever ter particular ateno lista de ingredientes e informao nutricional de cada produto.

    14 Torne-se uma pessoa mais aTiva.Um passo para se tornar uma pessoa mais ativa introduzir rotinas ao longo do dia que permitam combater o sedentarismo. Comece por introduzir gestos simples como andar a p ou preferir o uso de escadas ao elevador. Note que uma pessoa mais ativa fisicamente mais autnoma por mais tempo ao longo da vida.

    15 inclua o exerccio fsico na sua vida diria.A prtica de exerccio fsico regular essencial ao autocontrolo da diabetes. O exerccio fsico tambm uma forma de melhorar a sua condio fsica e de aumentar a sua qualidade de vida. Estruture com a sua equipa de sade um plano individual de exerccio adaptado s suas necessidades. Ter um plano de treino quer seja no ginsio, em casa ou ao ar livre tambm uma grande fonte de motivao.

    16 anoTe na sua agenda as consulTas e examesDeve ir s consultas de rotina e realizar os exames que so prescritos periodicamente. A vigilncia da diabetes por profissionais especializados essencial para prevenir as complicaes da doena, assegurando um controlo rigoroso da glicemia, tenso arterial e dos lpidos, e a vigilncia dos rgos mais sensveis.

    17 pesquise as glicemias diariamenTe.Autovigiar constitui a base sobre a qual assenta a capacidade das pessoas com diabetes participarem ativamente na gesto da sua doena. Um dos avanos mais importantes na vigilncia, no controlo da diabetes e no tratamento a possibilidade de poder verificar os nveis de acar no sangue, o que uma grande ajuda para a eventual necessidade de ajustar a teraputica. Faa as pesquisas tal como o discutiu com a sua equipa de sade.

    18 faa o regisTo dirio da sua diabeTes.Para obter e manter o controlo da glicemia indispensvel registar diariamente os valores da glicemia, dados relativos ao tratamento e possveis causas de hipoglicemias e hiperglicemias. Ao fazer os registos atendendo as particularidades da sua vida diria, mais rpida e facilmente conseguir identificar as variveis que alteram a glicemia, e como corrigir as mesmas ou evit-las.

    19 Tome os medicamenTos correTamenTe. importante saber a utilidade de cada medicamento. Use um esquema em

    papel com os horrios para as tomas de medicamentos. Tenha esse esquema sempre junto de si, pode ser til em muitas ocasies. Anote os problemas e dvidas relacionadas com a toma dos medicamentos. Aprenda a usar os dispositivos e a sua forma de manuteno.

    20 confie na sua equipa de sade.A diabetes deve ser gerida por si porque quem vai assumir a base do seu controlo. Mas seguir as recomendaes mdicas no dia-a-dia fundamental, e o sucesso de um bom controlo depende da relao de confiana que estabelece com a equipa de sade. nela que dever confiar para esclarecer dvidas e partilhar os seus receios e experincias.

    noTe que grandes mudanas conseguem-se com pequenos passos.

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  • 30 Diabetes

    comportamento

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  • Diabetes 31

    A maioria dos transplantes realizados em pessoas com diabetes so transplantes renais. Os transplantes renais s so realizados quando h falncia da funo renal. Em 28% das pessoas que realizam hemodilise, a causa da falncia foi a diabetes (tipo 1 ou tipo 2). O transplante renal surge como o tratamento que permite grande ganho na qualidade de vida nestas pessoas, libertando-as da necessidade de passarem cerca de quatro horas, trs dias por semana em clnicas de hemodilise ou da necessidade de todos os procedimentos necessrios para realizao de dilise peritoneal diria.

    O aparecimento e a evoluo para fases avanadas de doena renal na diabetes devem-se a um controlo inadequado da glicemia e da tenso arterial nestas pessoas, geralmente ao longo de mais de 10 anos. Infelizmente e com frequncia, a diabetes tipo 2 silenciosa e s diagnosticada alguns anos depois de surgir, o que facilita que possa j existir algum grau de doena renal devido diabetes em algumas pessoas recm-diagnosticadas.

    TransplanTe de rimO transplante renal consiste numa interveno cirrgica, onde o rim doado ir ser colocado no abdmen do paciente, ligado bexiga. O rim pode ser obtido de um dador vivo (geralmente um familiar compatvel) ou colhido de um dador falecido. Geralmente os dois rins doentes (no funcionantes) da pessoa transplantada, no so retirados.

    No transplante, so estabelecidas as ligaes entre o ureter e a bexiga, bem como da veia e da

    artria do novo rim com as do indivduo. O novo rim comea a trabalhar e a depurar o sangue das toxinas, sendo estas eliminadas pela urina, que volta a ser "fabricada". O novo rim geralmente colocado numa posio mais baixa no abdmen, ao lado da bexiga, onde mais fcil efetuar as ligaes necessrias e onde fica protegido pelos ossos da bacia.

    TransplanTe duplo: de rim e pncreas A maioria das pessoas com diabetes tipo 1 e com doena renal avanada pode ser candidata a transplante duplo: renal e pancretico. Desta forma, caso se tenha sucesso no transplante dos dois rgos, o indivduo pode ficar curado da sua diabetes, deixando por isso de necessitar de administraes de insulina, graas produo desta pelo novo pncreas, bem como deixar de necessitar de Dilise, devido ao funcionamento do rim transplantado.

    O primeiro transplante pancretico foi realizado em 1966, sendo que nos Estados Unidos da Amrica so efetuados cerca de 800 transplantes reno-pancreticos por ano.

    a Taxa de sucesso do TransplanTe reno-pancreTico superior a 85% aps o primeiro ano e superior a 60% aos cinco anos.

    w por paula Bogalho, Endocrinologista no Hospital Curry Cabral, do Centro Hospitalar Lisboa Central w

    TransplanTe na pessoa com diaBeTes Conhea os principais procedimentos do transplante na diabetes, em que condies poder ser realizado e quais as suas implicaes no dia-a-dia.

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  • 32 Diabetes

    O transplante duplo reno-pancretico uma cirurgia de alta complexidade tcnica, mas se bem-sucedida pode oferecer maior sobrevivncia e qualidade de vida a indivduos com diabetes tipo 1 e insuficincia renal terminal.

    Dado que estes transplantes exigem equipas multidisciplinares de profissionais especializados, para avaliao prvia, realizao de complexa e demorada cirurgia e seu acompanhamento especfico em Unidade de Cuidados Intensivos, em Enfermaria de cuidados especializados e posteriormente aps alta em consultas, este tipo de tratamento est apenas disponvel em poucos centros no pas.

    O Hospital Curry Cabral um dos sete centros do pas onde so realizados transplantes renais e um dos dois Centros de Transplante reno-pancretico. O outro centro para transplante reno-pancretico o do Hospital de Santo Antnio, no Porto, que realiza de forma regular h dez anos, este tipo de transplante.

    At final de 2012 foram realizados 159 transplantes reno-pancreticos em Portugal. No Hospital Curry

    Cabral foram realizados um total de 22 transplantes pancreticos, sendo que nove foram efectuados em 2013 - seis receberam os dois rgos e trs tinham j transplante renal prvio, pelo que efetuaram transplante pancretico isolado. A mdia de idades das pessoas que receberam transplante duplo no Hospital Curry Cabral foi de 36 anos (mnimo 27 e mximo de 47 anos) e tinham uma durao mdia da diabetes tipo 1 de 24 anos.

    Realizao do tRansplantePreviamente ao transplante, o candidato a transplante submetido a vrios exames de avaliao da sua sade, especialmente cardaca e de doenas associadas diabetes (pelo risco de agravamento da doena da retina, risco de lceras dos ps ou de infeo).

    Durante a cirurgia, o novo pncreas colocado tambm numa posio baixa relativamente normal (na parte inferior do abdmen), protegido pelos ossos da bacia. Esta posio permite que seja mais fcil a sua abordagem, caso ocorra alguma complicao. Tal como no caso dos rins, o pncreas original mantido.

    o candidato a tRansplante submetido a vRios exames de avaliao da sua sade, especialmente caRdaca e de doenas associadas diabetes.

    a esperana de vida e a qualidade de vida dos doentes que recebem os dois rgos superior

    dos indivduos com diabetes tipo 1 com transplante

    renal.

    tRansplante RenalO transplante renal consiste numa interveno cirrgica, onde o rim doado ir ser colocado no abdmen do paciente, ligado bexiga. O rim pode ser obtido de um dador vivo (geralmente um familiar compatvel) ou colhido de um dador falecido. Geralmente os dois rins doentes (no funcionantes) da pessoa transplantada, no so retirados.

    comportamento

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  • Diabetes 33

    Apesar de no produzir insulina produz sucos digestivos, que vo permitir manter a digesto dos alimentos aps o transplante. Numa fase inicial, frequente na Unidade Cuidados Intensivos, haver necessidade de administrar insulina. medida que o organismo recupera e o novo pncreas supera o stress do transplante, esta necessidade vai sendo reduzida e frequentemente aps uma a duas semanas deixa de ser necessrio administrar insulina.

    CompliCaes aps a CirurgiaH alguns riscos inerentes realizao de transplante: os inerentes cirurgia abdominal complexa (hemorragias internas, infees e tromboses das artrias dos rgos transplantados) e o risco de efeitos secundrios das teraputicas imunossupressoras, institudas logo aps o transplante. Estas teraputicas so necessrias para sempre, para que o organismo da pessoa que recebe rgos transplantados, no os rejeite (os tolere). Existem alguns efeitos secundrios associados a estes tratamentos, assinalando-se a maior propenso para infees generalizadas, pelo que o acompanhamento em consulta de ps-transplante regular e necessrio para o resto da vida do indivduo. Nestas consultas tambm monitorizada a funo e a irrigao sangunea dos rgos transplantados, dado que existe risco permanente de rejeio destes rgos, especialmente se houver falha no cumprimento dos tratamentos institudos. Geralmente, so cerca de quatro a cinco, os medicamentos respeitantes ao transplante, a que se

    adicionam os restantes inerentes s complicaes pr-existentes associadas diabetes ou doena renal, que persistam. Frequentemente, so cerca de dez, os medicamentos que a pessoa efetua, aps realizao de um transplante.

    Cuidados a ter aps o transplanteAntes e aps o transplante, pelo risco de infeo associado reduo das defesas induzida pelos medicamentos imunossupressores, so efetuadas vacinas (a gripal uma vez por ano, a de preveno de pneumonias e em alguns casos a anti hepatite B). Como preveno de infees, tambm dado grande relevo nos cuidados de sade oral (dentrios). Antes de efetuar o transplante, o indivduo deve tratar todas as cries e aps transplante, deve efetuar cerca de duas consultas de estomatologia anuais.

    A durao mdia de internamento

    a mdia de idades das pessoas Que reCeBeram transplante duplo no Hospital CurrY CaBral Foi de 36 anos.

    transplante de rim e de pnCreasO transplante duplo reno-pancretico uma cirurgia de alta complexidade tcnica, mas se bem-sucedida pode oferecer maior sobrevivncia e qualidade de vida a indivduos com diabetes tipo 1 e insuficincia renal terminal.Dado que estes transplantes exigem equipas multidisciplinares de profissionais especializados, para avaliao prvia, realizao de complexa e demorada cirurgia e seu acompanhamento especfico em Unidade de Cuidados Intensivos, em Enfermaria de cuidados especializados e posteriormente aps alta em consultas, este tipo de tratamento est apenas disponvel em poucos centros no pas.

    30-34 transplantes.indd 33 21/01/14 14:58

  • 34 Diabetes

    aps o transplante de cerca de um ms, sendo frequente que tenha que haver reintervenes cirrgicas aps o transplante por algumas complicaes mais comuns neste perodo: hemorragias internas ou trombose na artria do rgo transplantado.

    Para pessoas com diabetes tipo 1 e insuficincia renal terminal o transplante duplo o nico tratamento que permite obter simultaneamente a normalizao da glicemia, sem necessidade de insulina nem risco de hipoglicemias e suspende a evoluo e/ou regride parcialmente as complicaes associadas diabetes. Estes benefcios compensam os custos inerentes a ser-se sujeito a uma cirurgia de alta complexidade e a necessidade de efetuar tratamento com medicamentos imunossupressores cronicamente.

    Apesar da complexidade cirrgica e de ser frequente a existncia de complicaes aps a cirurgia, o transplante um tratamento seguro e eficaz.

    A esperana de vida e a qualidade de vida dos doentes que recebem os dois rgos superior dos indivduos com diabetes tipo 1 com transplante renal e francamente superior s dos que

    aguardam transplante.A taxa de sucesso do transplante

    reno-pancretico superior a 85% aps o primeiro ano e superior a 60% aos cinco anos. A vida mdia estimada de um pncreas transplantado de cerca de 14 anos.

    transplantes no futuroO transplante de clulas produtoras de insulina (ilhus pancreticos ou clulas primitivas capazes de se diferenciarem em clulas produtoras de insulina), embora esteja a ter grandes progressos, ainda no permite obter resultados equivalentes aos do transplante do pncreas (a secreo suficiente de insulina dura apenas 15 meses em mdia). Caso a investigao de transplante de celulas continue a progredir, com melhoria das tcnicas para obteno das clulas e da sua preservao aps transplante no individuo, admissivel que no futuro o transplante de clulas pancreticas venha substituir progressivamente a realizao de transplante do pncreas, dado no implicar uma cirurgia complexa e a recuperao aps o transplante ser muito mais rpida.

    admissvel que no futuro o transplante de clulas pancreticas venha substituir progressivamente a realizao de transplante do pncreas.

    o nmero de transplantes reno-pancreticos realiza-dos em portugal at 2012.

    o nmero estimado de anos de vida de um pn-

    creas transplantado.

    o total de transplantes pancreticos realizados no

    hospital curry cabral

    159

    14

    22

    comportamento

    30-34 transplantes.indd 34 21/01/14 14:58

  • 36 Diabetes

    CONSULTRIO

    A Food and Drug Administration (FDA) aprovou recentemente nos Estados Unidos da Amrica (EUA) o primeiro pncreas artificial. No se trata de um verdadeiro rgo, mas sim o resultado da conjugao entre um dispositivo de perfuso subcutnea contnua de insulina (bomba de insulina) e um dispositivo de monitorizao contnua da glucose.

    Estes dois dispositivos existiam inicialmente de forma independente, mas posteriormente foi conseguida a sua integrao. A bomba de insulina um pequeno equipamento porttil que liberta insulina de forma contnua, encontrando-se, para isso, ligada pele atravs de um pequeno tubo (cnula) e fio (cateter) que devem ser substitudos de 3 em 3 dias. programada pelo profissional de sade para fazer essa libertao de forma automtica durante as 24 horas do dia, existindo a possibilidade de fazer variar de hora a hora a quantidade de insulina administrada, de acordo com as necessidades do indivduo; esta infuso tem o nome de dbito basal. No entanto, s refeies, ou em caso de aumento da glicemia (hiperglicemia), esse dbito deve ser complementado por doses adicionais de insulina (blus) administradas pelo prprio indivduo.

    Por sua vez, a monitorizao contnua da glucose realizada atravs de um pequeno

    sensor, igualmente colocado na pele, que permite visualizar em tempo real o valor da glicemia e a sua tendncia ascendente ou descendente.

    O pncreas artificial assim um sistema fechado que atravs de um algoritmo computorizado, permite a sincronizao entre os resultados da glicemia percebidos pelo sensor e a bomba de insulina. Se ocorrer uma descida acentuada da glicemia (hipoglicemia), o dispositivo alerta o individuo atravs de um alarme e caso no existia resposta, o fluxo interrompido por um perodo de duas horas.

    Este novo sistema foi aprovado nos EUA para indivduos com diabetes tipo 1 e idade superior a 16 anos. Projeta-se no futuro que a insulina seja administrada de acordo

    com as glicemias percebidas pelo sensor, com a mnima interveno do indivduo. Em Portugal existe j um equipamento semelhante que pode ser adquirido a ttulo particular, visto o mesmo no ser comparticipado pelo Sistema Nacional de Sade (SNS).

    O que o pncreas artificial e como funciona?

    diabetes e cOntrOlO da glicemia

    Lus Farrobo

    ana Filipa lopes, endocrinologista da aPdP,responde:

    a mOnitOrizaO cOntnua da glucOse realizada atravs de um PequenO sensOr, igualmente cOlOcadO na Pele.

    36-38_Consultorio.indd 36 21/01/14 14:57

  • Diabetes 37

    A inda no existe evidncia cientfica suficiente que permita concluir que a ingesto de canela ajude a controlar a glicemia de pessoas com diabetes. Alguns estudos sugerem que a ingesto de canela pode trazer benefcios adicionais ao tratamento convencional da diabetes tipo 2, pela reduo da glicemia.

    Alguns investigadores referem que este efeito pode ser em parte explicado pelo atraso no esvaziamento gstrico e pelo aumento da ao da insulina. No entanto, tambm referem que so necessrios mais estudos para confirmar os efeitos da canela na glicemia.

    Desta forma, atualmente a canela no recomendada como suplemento para o tratamento da diabetes, mas pode ser includa numa alimentao saudvel, para intensificar e diversificar o sabor dos alimentos.

    Para um bom controlo da glicemia o fundamental seguir um plano de alimentao saudvel em conjunto com a medicao (antidiabticos orais ou insulina) e com um estilo de vida ativo.

    A canela influencia a glicemia?

    efeitos dA cAnelA em estudo

    Pergunta enviada por e-mail

    Ana lopes Pereira, nutricionista da APdP, responde:

    so necessrios mAis estudos PArA confirmAr os efeitos dA cAnelA nA glicemiA.

    36-38_Consultorio.indd 37 21/01/14 14:57

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  • Diabetes 39

    A insulina inalada uma forma de administrao de insulina de ao rpida/ultra-rpida atravs de dispositivos inalatrios, sendo a sua absoro feita a nvel pulmonar.

    Desde que os investigadores Banting e Best conseguiram produzir a primeira insulina em 1921 muita investigao tem sido desenvolvida com o objetivo de obter melhores insulinas e vias de administrao mais cmodas.

    Em 2006 foi comercializada, nos Estados Unidos, uma insulina de ao

    rpida administrada por via inalatria.Contudo, devido a preocupaes relativas funo pulmonar, um maior nmero de hipoglicemias (quando comparado com as insulinas convencionais) e um baixo nmero de vendas, foi retirada do mercado em outubro de 2007.

    Em agosto de 2013, uma nova insulina administrada por via inalatria chegou fase final de investigao. Atualmente aguarda-se a sua aprovao para comercializao nos Estados Unidos e tambm est prevista a sua submisso para comercializao na Europa.

    uma insulina de ao ultra-rpida que dever ser administrada no incio das refeies em pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2 para evitar a elevaes do acar aps a ingesto de alimentos (hiperglicemia). Ser necessrio, contudo, manter nas pessoas com diabetes tipo 1 (e nas pessoas com diabetes tipo 2 quando indicado) a administrao de uma insulina de ao prolongada pela via subcutnea.

    Aps a sua administrao, atravs de um pequeno inalador, absorvida pela via pulmonar atingindo um um valor mximo no sangue aos 15 minutos.

    Os primeiros estudos realizados com esta nova insulina demonstraram

    que, quando comparado com uma das insulinas de ao ultra-rpida atualmente comercializada, se verificou uma diminuio comparvel do nvel de HbA1c e um menor nmero de hipoglicemias e parece que a funo pulmonar no foi alterada. Em relao h existncia de doena respiratria crnica prvia no pareceu interferir com a absoro da insulina. Esta nova insulina promissora, contribuindo para uma maior comodidade na administrao. No entanto, questes relativas ao custo final (ainda no divulgado), a necessidade de realizao regular de provas de funo pulmonar, a sua eficcia e a possiveis efeitos secundrios a longo prazo e uma experincia prvia de insulina inalada insatisfatria fazem com que se deva optar por uma atitude de otimismo moderado.

    Em que consiste a tecnologia da insulina inalvel?

    administrao da insulina

    Sandra Moreira

    Bruno almeida, mdico da aPdP, responde:

    Em agosto dE 2013, uma nova insulina administrada Por via inalatria chEgou fasE final dE invEstigao.

    CONSULTRIO

    36-38_Consultorio.indd 39 21/01/14 14:57

  • 2 3

    COMPREENDER A DIABETES COMPLICAES

    40 Diabetes Diabetes

    Localizados na parte lateral da coluna vertebral, os rins so rgos fundamentais do sistema urinrio. Mediante a produo de urina, portadora do material que o rim rejeita, os rins controlam a quantidade de gua e de minerais que existem no sangue. Os rins mantm constante a composio dos lquidos corporais, regulam a presso sangunea, e produzem substncias importantes, como o precursor da vitamina D e a eritropoetina. Os rins processam diariamente 1750 litros de sangue e produzem 1,5 litros de urina. Estes rgos medem cerca de 12 centmetros de altura e seis centmetros de largura. Os rins representam 1% de massa corporal, mas consomem 25% da sua energia. Caso um rim deixe de funcionar, o corpo sobrevive graas atividade do outro.

    Os RIns

    1 - EnTRADA DE sAnGUEO sangue entra no rim atravs da artria renal.

    2 - fIlTRAOO sangue filtrado nos nefrnios, unidades funcionais do rim.

    3 - A URInA pRODUzIDACom a filtrao dos nefrnios, produz-se uma determinada quantidade de urina, que se dirige pelve renal. O sangue filtrado livre de resduos dirige-se veia renal e volta a entrar na circulao.

    4 - A URInAA urina passa pela pelve renal at ao ureter e de seguida pela bexiga, onde fica acumulada at ser eliminada atravs da uretra, estrutura de sada em forma de tubo.

    5 - sAnGUE lImpOO sangue limpo sai do rim pela veia renal, que se liga veia cava. O sangue volta a entrar na circulao.

    pIRmIDE REnAlEstrutura estreita deforma triangular.

    CpsUlAREnAlCapa protetora que envolve cada rim. que envolve

    que envolve

    constituda por um tecido fibroso branco.

    O circuito renal

    45 minutos

    1 000 000

    1 200 a 1 500

    A urina produzida nos nefrnios que existem em cada rim; calcula-se que haja um milho em cada um. Depois passa pelo tbulo proximal tortuoso, onde todos os nutrientes, como a glucose e os aminocidos, e a maioria da gua e dos sais, so reabsorvidos pelo sangue. Ao passar pelo nefrnio realiza-se uma nova filtragem e chega ao conduto de recolha comum, onde apenas so retidos os resduos e o excesso de gua, que se convertem em urina. Graas fvea, possvel captar detalhes de forma e cor dos objetos.

    foi o fisilogo francs Claude Bernard (1813-1878) o primeiro a alertar para a importncia dos rins. At ento desconhecia-se que os rins filtram o sangue do corpo a cada 45 minutos e que, no entanto, possvel sobreviver s com um rim ou mesmo sem nenhum, recorrendo dilise.

    Um rim contm aproximadamente um milho de nefrnios.

    so os centmetros cbicos deurina que um adulto elimina por dia.

  • 1

    5

    4

    DIREO DA FILTRAGEM

    Diabetes 41 Diabetes Diabetes Diabetes

    veia renal atravs dela que se d a sada de sangue do rim para de seguida dirigir-se veia cava, veia principal do corpo.

    arTeria renalParte da artria aorta, provm do rim para o sangue.

    Pelve renalConduz a urina uretra.

    UreTerTubo que transporta a urina bexiga.

    So

    l 90

    imag

    es

    Glomrulo

    Nefrnios

    um grupo de capilares localizado no crtexdo rim. aqui que ocorre a maior parteda filtrao realizada pelo nefrnio. ao glomrulo che-gam arterolas largas que proveem do sangue. Outrasmais estreitas saem dele e transportam o sangue. aquidentro gera-se tal presso que o fludo sai do sangue atravs de paredes capilares porosas.

    So as unidades funcionais do rim que ao filtraro sangue produzem a urina. Cada nefrnio tem duas partes na sua estrutura bsica: a) o corpsculorenal ou de Malpighio, onde se realiza a filtrao, e que inclui o glomrulo e a cpsula de Bowmanque o envolve; e b) um tubo de aproximadamente 3 centmetros de comprimento, o designado tbulo renal ou tubo urinfero, que coleta o lquido que foi filtrado (a urina), e o envia para fora do corpo.

    anSa de Henle a forma curva do

    nefrnio.

    TUBO COleTOrde Urinaleva o lquido filtrado ao nefrnio.

    veia inTerlOlar

    veia arQUeadaTransporta o sangue das arterolas aferentes do glomrulo.

    veiainTerlOlar

    CaPilareSPeriTUBUlareS

    GlOMrUlOSegunda fase ouultrafiltrado.

    TBUlOCOnTOrneadOPrOXiMalPrimeiro conduto de sada da filtrao.

    CO

    rTXM

    edU

    la

    arTeriainTerlOBar

    arTeriainTerlOBar

    arTeriaarQUeadaProvm das

    arterolas aferentes do glomrulo.

    arTerOlaaFerenTe

    Sai do glomrulo.

    CPSUla deBOWMan

    Primeira fase da filtrao. Circunda

    um fludo de gua, potssio,

    bicarbonato, sdio, glucose,

    aminocidos, ureia e cido rico.

  • COMPREENDER A DIABETES CONTROLO E VIGILNCIA

    42 Diabetes

    42-43 Controlo e Vigilancia.indd 42 21/01/14 15:01

  • Diabetes 43

    POSSO PREVENIR PROBLEMAS DE VISO?Saiba como o rastreio e a vigilncia peridica na pessoa com diabetes essencial para prevenir as complicaes oculares associadas a esta doena.

    cOMPLIcAES OcuLARES NA DIABEtESAs complicaes oculares da diabetes, e particular-mente a retinopatia diabtica, so a principal causa de cegueira na populao ativa dos pases industrializa-dos.

    A retinopatia diabtica a manifestao ao nvel da retina da microangiopatia diabtica (doena dos pequenos vasos). a complicao mais frequente e a mais grave de todas as manifestaes da diabetes ao nvel ocular. As alteraes que se verificam nesta mi-croangiopatia resultam principalmente da hiperglice-mia.

    EVOLuO DAS cOMPLIcAES OcuLARES A retinopatia pode evoluir sem causar sintomas, at formas j muito avanadas da doena e os sintomas quando ocorrem no so especficos.

    No entanto, quando aparecem, os sintomas mais frequentes so: viso turva, diminuio da viso, vi-so distorcida, flutuaes da viso, alterao da viso das cores.

    Estamos, portanto, perante uma doena que pode ser grave e que pode evoluir, na maioria dos casos, sem qualquer queixa ou sintoma.

    RAStREIO E VIgILNcIA PERIDIcA essencial que a pessoa com diabetes realize pro-gramas de rastreio e vigilncia peridica. Esta vigi-lncia deve ser efectuada por um oftalmologista por observao dos fundos oculares aps dilatao ou por fotografias do fundo ocular (retinografias) que depois so analisadas por um especialista. Nas pessoas com diabetes tipo 2 (adultos) esta ob-servao dever ser realizada aquando do diagnsti-co da doena e depois anualmente. Nos jovens com diabetes a partir dos cinco anos de evoluo con-tados a partir da puberdade. As grvidas devem ser observadas de trs em trs meses.

    cONtROLO DA DIABEtESNo caso de no primeiro exame j existirem sinais de retinopatia, a periocidade das observaes depende da gravidade da doena e da orientao do oftalmo-logista. Apesar de esta ser uma manifestao da dia-betes frequente e dependente dos anos de evoluo da doena, o seu aparecimento e progresso podem ser prevenidos ou retardados com um bom contro-lo metablico, da tenso arterial e das gorduras do sangue.

    w por Vitor Genro, Oftalmologista APDP w

    42-43 Controlo e Vigilancia.indd 43 21/01/14 15:01

  • 44 Diabetes

    COMPREENDER A DIABETES GESTO DA DOENA

    ESTRATGIAS PARA ESTAREm foRmA

    conTARhIdRAToS dE cARbono

    cAmInhAR

    Sempre que possvel, escolha as escadas em vez dos elevadores ou das escadas rolantes.

    Desa uma ou duas paragens antes do destino e caminhe.

    Opte por deslocar-se mais vezes a p e menos de carro.

    Inclua atividade fsica no seu tempo de lazer, por exemplo passear o co, lavar o carro ou fazer jardinagem.

    Convide um amigo ou familiar para fazer as suas caminhadas de forma a motivarem-se mutuamente.

    Poder fazer atividade ao longo do dia em perodos

    Estabelea objetivos e metas que sejam mensurveis, por exemplo estabelecer caminhar 10 mil passos todos os dias.

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    A TER Em conTA

    modalidade.

    liberdade de movimento.

    Os hidratos de carbono (HC) so a principal fonte de energia do corpo e devem ser contabilizados, pois

    poder ajudar a determinar qual o nmero de por-es de HC dirios recomendados em cada caso.

    90g de batata doce (sem pele) = 2 pores de hc

    4 colheres de sopa de milho cozido = 2 pores de hc

    6 castanhas = 2 pores de hc

    15.000ou

    20.000passos por

    semana

    3.000a

    4.000passospor dia

    1

    2

    Milho cozido

    Castanhas

    Batata doce

    w por Ana Rodrigues e Antnio Valente Fortuna, Professores de Educao Fsica APDP w

    w por Ana Lopes Pereira, Nutricionista APDP w

    wpor Ana Rodrigues e Antnio Valente Fortuna, Professores de Educao Fsica APDP w

    6

    90g de batata doce (sem pele)

    Batata doce

    Desa uma ou duas paragens antes do destino e caminhe.

    Inclua atividade fsica no seu tempo de lazer, por exemplo

    de energia do corpo e devem ser contabilizados, pois

    poder ajudar a determinar qual o nmero de pores de HC dirios recomendados em cada caso.

    6 castanhas = 2 pores de

    Castanhas

    2 pores de hc 2 pores de

    4 colheres de sopa de milho cozido

    Milho cozido

  • Untitled-2 1 23-01-2014 17:20:31

  • 46 Diabetes

    ENTREVISTA

    Uma vida preenchida, a calcorrear os quatro cantos do mundo sempre a pensar em servir o outro, o oprimido, o que precisa de voz. Assim se resume o percurso do Onsimo Silveira, homem da resistncia cabo-verdiana, poltico do Mundo, poeta e romancista da Humanidade. H duas dcadas que convive com a diabetes, um diagnstico pesado se pensar na rica gastronomia de Cabo Verde, mas tambm mais uma oportunidade para dar de si ao seu povo, na educao de novos estilos de vida e na procura de melhores cuidados mdicos para o pas.

    Como surgiu a diabetes na sua vida?H cerca de 20 anos fui diagnosticado com diabetes do tipo 2. Na altura, era presidente da Cmara Municipal de So Vicente e tive necessidade de ir ao hospital fazer um exame. Dias depois, uma pessoa amiga, que a diretora do departamento, chamou-

    me com alguma urgncia. Na altura pensei nas piores coisas. Foi quando me disse que estava com os nveis acima de 400. Aconselhou-me a ir ter com uma nutricionista.

    Tinha noo que a diabetes do tipo 2 dependia muito do comportamento?Absolutamente e isso custou-me porque tive de tentar mudar de cultura alimentar de um dia para o outro. Hoje ainda me custa. A cachupa, prato tradicional de Cabo Verde, base de milho e de tudo o que contraindicado para uma pessoa com diabetes. Ainda assim, s vezes fecho os olhos e como [risos].

    Como que reagiu quando soube do diagnstico?Talvez pensando que o diagnstico pudesse no coincidir com o que me tinham dito em Cabo Verde, e por descargo de conscincia, fui a especialistas

    Uma vida a servir o oUtroonsimo silveira convive com a diabetes h 20 anos. Hoje ainda lhe custa resistir cachupa do seu pas natal, mas encara a doena sem vergonha e aconselha portugueses e cabo-verdianos a fazerem o mesmo.

    Homem da resistncia cabo-

    verdiana, poltico do Mundo, poeta

    e romancista da Humanidade.

    46-50 Entrevista Onsimo Silveira.indd 46 23/01/14 16:05

  • Diabetes 47

    w Texto Rita Vassal w Fotografia L. Ribeiro w

    Fotografias de L. Ribeiro

    46-50 Entrevista Onsimo Silveira.indd 47 21/01/14 15:02

  • americanos e eles tranquilizaram-me. Disseram-me que os valores variam e, para eles, eu tinha tido uma subida repentina do acar e calhou terem feito anlises na altura. Hoje j sei que os meus valores variam bastante durante o dia. Disseram-me que era preciso ter cuidado, mas que a situao no era desastrosa. Quiseram saber qual era a medicao que tomava e concordaram plenamente com a teraputica. Depois vim a Lisboa para ter uma consulta.

    Foi quando passou a ser seguido pela Associao Protetora dos Diabticos de Portugal (APDP)?Estive c como embaixador e durante esse tempo fui seguido periodicamente pelo Dr. Gardete e pela equipa da Associao. O que me dificulta um pouco a vida no o tratamento o regime alimentar, pois em Cabo Verde os hbitos alimentares no so nada saudveis, principalmente para quem tem diabetes. Venho a Lisboa frequentemente e sou tratado na APDP, os medicamentos so acessveis, custam menos de metade do que custariam em Cabo Verde e no tenho de esperar tanto como teria de esperar l. Depois do diagnstico comecei a estar mais alerta para o problema da diabetes em Cabo Verde. Falei com o Dr. Gardete e ele disse

    que ia propor eu servir de ligao entre a associao e as autoridades mdicas em Cabo Verde.

    A diabetes est a tornar-se um problema grave no pas?Tenho a impresso que em Cabo Verde ainda no se tem a noo que uma doena mais perigosa do que se pensa. De vez em quando sou surpreendido com a notcia de um amigo a quem cortaram uma perna sem nunca o ter visto a coxear ou sequer saber que tinha diabetes. E j perdi vrios amigos. uma doena perigosa porque no di. Eu prprio no tinha sintomas, foi uma surpresa. C evitam-se bastante as amputaes porque h enfermeiros especializados em tratar as feridas da diabetes. No sei se temos gente l preparada para isso.

    At h pouco tempo o pas preocupava-se com outro tipo de doenas...Exatamente. O problema que a melhoria das condies de vida pode levar ao aumento da diabetes. Porque a melhoria das condies de vida medida pela quantidade e no pela qualidade e muita gente continua a alimentar-se como fazia quando tnhamos condies de precariedade. A alimentao em

    Cabo Verde muito rica em alimentos que no ajudam nada. Temos muito peixe, mas as pessoas comem mais carne, comemos muito milho, muito farinceos, muitos hidratos de carbono.

    Nestes 20 anos j apanhou algum susto, como hipoglicemias?J, vrias vezes. Duas vezes ca mesmo [inanimado] e tive de ser assistido no hospital.

    Sempre teve uma interveno cvica muito ativa, a diabetes condicionou os seus objetivos pessoais?Devo reconhecer que no.

    Como que iniciou o percurso cvico e poltico?O meu percurso comea aqui em Portugal. Estive na Escola de Enfermagem Artur Ravara nos primeiros anos de 50. A minha me gostaria de formar os filhos de acordo com aquilo que ela pensava que era a melhor maneira de nos colocar no Mundo para sermos servidores. No por acaso que tenho irmos e sobrinhos enfermeiros e eu tambm comecei a estudar enfermagem, mas eu era um pouco rebelde e s seguia at certo ponto o que me ditavam os meus pais. Ainda assim, sempre tive a preocupao de ajudar, mesmo noutra profisso, dar

    ENTREVISTA

    Em Cabo Verde os hbitos alimentares

    no so nada saudveis, principalmente para

    quem tem diabetes.

    48 Diabetes

    O exliO um lugar de sOcializaO que pOde ser muitO prOveitOsa.

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    de mim sociedade. Sempre com a ideia posta no destino da minha terra. Eu pensava que a administrao do meu pas no era feita tendo a tica como meio e como o objetivo e lutei pela libertao do meu pas. tambm uma maneira de servir.

    O momento que se vivia nos anos 50 e 60 era propcio a essa rebeldia?Sim. Lembro-me perfeitamente que na escola em Lisboa, nos poucos meses que l estive, cruzei-me com uma estudante que tinha sado das masmorras da PIDE. Fiquei terrivelmente impressionado com aquela moa, to bela, to meiga que tinha passado cerca de trs anos na cadeia por causa daquilo que pensava e que os outros no aceitavam. Houve ento uma virada para estudar poltica. Comecei a ler tudo e de repente estava lanado na vida poltica procura de meios para servir o meu pas.

    Como que nesse caminho foi parar Sucia?Passei primeiro pela Arglia. Depois, quando estava em Paris, a embaixada da China convidou-me para ir ensinar o portugus em Pequim. L arranjei uma namorada sueca e no tempo da revoluo Cultural decidimos ir para a Sucia. Aprendi a lngua sueca e l fiz a minha licenciatura, o meu mestrado, o doutoramento foi entre a Sucia e a Inglaterra. Nesse tempo convivi com o Karl Popper, com o Mrio Soares, com Antnio Jos Saraiva. O exlio um lugar de socializao que pode ser muito proveitosa.

    Essa passagem pela Sucia foi fundamental para que o pas desse apoio ao movimento de Amlcar Cabral?Assim foi.

    Depois desse tempo voltou para

    Cabo Verde?Primeiro estive nas Naes Unidas como representante do Alto Comissariado para os Refugiados. Fiz duas misses em Angola, estive em Moambique, em Genebra, em Nova Iorque.

    Como que hoje olha para a situao poltica e econmica dos Pases Africanos de Lngua Oficial Portuguesa?O nosso juzo recai apenas sobre aquilo que vemos, pois com o que no conseguimos ver no conseguimos fazer comparaes, mas todos os

    O prOblema que a melhOria das cOndies de vida pOde levar aO aumentO da diabetes.

    perFilOnsimo Silveira nasceu no

    Mindelo, na ilha de So Vicente, em 1935. Formou-se em Cincia Poltica na Universidade de Uppsala, na Sucia, e foi um dos braos diplomticos do Partido Africano da Independncia da Guin e Cabo Verde (PAIGC) na luta pela independncia. Trabalhou no Alto Comissariado das Naes Unidas para os Refugiados e em 1992 torna-se no primeiro presidente eleito da Cmara Municipal de So Vicente, cargo onde permaneceu at 2001. Foi embaixador de Cabo Verde em Portugal, Israel, Espanha e Marrocos.

    tambm considerado um dos membros da elite literria cabo-verdiana com trabalhos publicados no campo da literatura - novela, poesia e romance - e do ensaio poltico e sociolgico.

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    pases esto muito melhores do que estiveram. Primeiro a guerra acabou, Angola e Moambique tiveram guerras tremendas, mas agora esto a levantar voo. Cabo Verde tambm levantou voo, mas um pas pequeno e como se costuma dizer pequena nau, pequena tormenta. No tivemos cataclismos como os outros. Temos uma relao com Portugal que tambm nos ajuda muito e essa cooperao vital para ns.

    Como foi voltar ao seu pas, j independente, com esse sentido de servir a comunidade?Participei na mudana de regime de partido nico para pluripartidrio. A liberdade de expresso o oxignio do nosso pensamento e da nossa maneira de estar na vida. Estive como presidente da Cmara durante 10 anos. Lancei-me na vida poltica em Cabo Verde porque queria servir o meu pas.

    Sentiu o dever cumprido?Exatamente. No gosto de me pr em bicos dos ps, mas gosto de dizer aqui estou para servir.

    Como que nessas andanas pelo Mundo e nessa actividade cvica

    to activa se encaixa o poeta e o romancista?H quem tenha escrito livros em prosa ou em poesia sobre a frica do Sul, mas a poesia estava a ser feita ajudando os sul-africanos nos campos dos refugiados no tempo do apartheid. Eu era funcionrio das Naes Unidas, mas aproveitava para fazer poesia, ajudando-os. O presidente Nelson Mandela, quando soube que eu estava de visita frica do Sul, veio agradecer-me pessoalmente o meu trabalho junto dos refugiados sul-africanos. ou no uma maneira de fazer poesia? um grande homem.

    No consegue desligar a interveno cvica do homem literrio?Absolutamente. Durante a luta na Guin-Bissau descobri que havia prisioneiros de guerra que viviam em condies que podiam ser mais dignas. Falei com Amlcar Cabral e foram todos viver para a Sucia, onde estudaram e continuaram a sua vida. No acha que uma maneira de fazer poesia?

    O que que Cabo Verde tem para ser to rico culturalmente?Numa terra pobre de recursos temos de arranjar recursos de qualquer maneira e

    os recursos de Cabo Verde tm de ser intelectuais, culturais, expressos em msica, literatura, poesia, prosa. Temos muitos problemas, mas o que interessa continuarmos a lutar para sobreviver com dignidade, com os meios que ns prprios criamos, como a nossa a msica e a nossa literatura.

    Hoje, depois desses tempos to ricos, o que lhe ocupa os dias?Escrevo para um jornal cabo-verdiano. Em So Vicente vou biblioteca todos os dias de manh e tarde. Quando estou em Lisboa tambm venho todos os dias Biblioteca [Municipal de Sintra].

    No consegue fugir da interveno cvica?Neste momento os meus artigos so fortemente crticos sobre a evoluo poltica no meu pas. Os governos de Cabo Verde tm feito coisas extraordinrias, mas podem estar em vias de cometer erros muito graves e isso que eu estou tentar evitar, para que o futuro no nos reserve surpresas desagradveis. Estamos deslumbrados com os elogios que recebemos da comunidade internacional e antes de nos tornarmos vtimas da nossa ignorncia preciso pensar no pas a mdio e longo prazo.

    Pode deixar uma mensagem para as pessoas com diabetes?

    Uma coisa que aconselharia evitar associar a diabetes personalidade. Muita gente tem vergonha de dizer que tem diabetes e no pode ser assim. Ao fim ao cabo, a diabetes uma doena muito perigosa, mas no devem pensar que fere o orgulho estarem associados a esta doena. A mensagem para as pessoas com diabetes de Portugal e de Cabo Verde para se tratarem porque consegue-se viver e bem, com qualidade de vida.