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Biotecnologia Empreendedorismo e Inovação Web e Design Sustentabilidade e Ambiente Engenharia, Energia e Materiais Nanotecnologia Revista de Tecnologia e Ciência Distribuição Gratuita nº 01 | setembro 2013 O efeito antibacteriano do grafeno pág. 16

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A primeira edição da Polyteck, publicada em setembro de 2013, ensina a criar produtos e experiências que as pessoas adoram compartilhar com amigos e conhecidos, algo fundamental para quem se interessa por empreendedorismo. Um outro artigo mostra como um mini-cérebro pode ser criado em laboratório a partir da combinação certa de nutrientes. O artigo de capa fala sobre como o grafeno consegue “entrar” na membrana celular de bactérias causando a sua morte, tal capacidade torna o grafeno um potencial candidato a material antibacteriano de uso diário, oferecendo pouca resistência bacteriana. oi Outros artigos tratam de um ônibus elétrico que recarrega as baterias em movimento, uma casa de palha que resiste à furacões e um estudo que mostra que a letra dos médicos não é a vilã das receitas médicas.

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Biotecnologia Empreendedorismo e Inovação Web e Design Sustentabilidade e Ambiente Engenharia, Energia e Materiais Nanotecnologia

Revista de Tecnologia e Ciência

Distribuição Gratuita nº 01 | setembro 2013

O efeito

antibacteriano do grafenopág. 16

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Uma revista de tecnologia e ciência feita para quem gosta, escrita por quem entende

A Polyteck é uma revista interdisci-plinar para profissionais e estudantes universitários que gostam de tecnologia e ciência. Nela você encontra notícias que têm potencial para mudar o mundo, depara-se com ideias inovadoras, e des-cobre novas maneiras de resolver velhos problemas.

Nossa missão é instigar a troca de informações e facilitar a integração entre diversas áreas do conhecimento dentro das universidades e indústrias brasileiras. Acreditamos que o contato com novas informações e pessoas é a melhor forma de incentivar a criati-vidade, o desenvolvimento da cultura científica e o espírito empreendedor.

A revista é distribuída gratuitamente em várias universidades, empresas e centros de pesquisa, já que sabemos que a interação entre pessoas diferentes pode gerar ideias capazes de mudar o mundo.

Nós esperamos que um dia, em um futuro não tão distante, os alunos e profissionais brasileiros descubram que podem reinventar o mundo! Queremos que você faça parte dessa mudança!

Boa leitura!Um abraço do time Polyteck

SumárioO que as pessoas realmente querem?

pág. 4

A era do óleo e gás não convencional

pág. 7

pág. 8

O efeito antibacteriano do grafeno

pág. 10

Minicérebros criados em laboratório

pág. 13

Casa de palha resiste a furacões

pág. 16

Ônibus elétrico recarrega baterias em movimento

pág. 6

A letra do médico não é a vilã

Festas, congressos e eventospág. 18

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O que as pessoas realmente querem?

“Suas próprias opiniões e experiências moldam a maneira como você enxerga um problema, e fica muito difícil entender o ponto de vista de outra pessoa”

Nem sempre produtos e empresas resultam em sucesso comercial. Na maioria das vezes, essa falha não tem nada a ver com o custo de aquisição de clientes, métodos de crescimento do negócio ou qualquer outra estratégia que você encontra em blogs pela internet. A questão central geralmente é a falta de foco no objetivo de “criar um produto/serviço que as pessoas queiram”.

De uma maneira grosseira, o desenvol-

vimento de um produto é dividido em duas partes:• Primeiro você precisa ter conhecimento sufi-

ciente sobre o problema do usuário.

• Depois, assim que você estiver em posse das informações corretas sobre o problema, é preciso chegar a uma solução criativa.

Como conhecer o seu usuário?No momento em que se começa a pensar sobre a

construção de uma ferramenta, produto, serviço, ou experiência para outra pessoa, você já está preso a seu próprio raciocínio. Suas próprias opiniões e experiências moldam a maneira como você enxerga um problema, e fica muito difícil entender o ponto de vista de outra pessoa.

Para ficar livre dessa tendência, é preciso, literal-mente, sair do prédio. Limpe sua mente e converse com os potenciais utilizadores do seu serviço. Pergunte sobre suas necessidades ou obstáculos. Faça perguntas que não permitem sim ou não como resposta, busque os detalhes, entenda as nuances do problema. Não apresente uma solução, só ouça.

Essa pesquisa é muito fértil, especialmente quando se é inexperiente no campo do seu usuário alvo. Por exem-plo, se você está construindo um produto para vendas, mas nunca passou um dia da sua vida vendendo algo, você provavelmente vai gastar muito tempo apanhando até aprender.

Quando conversar com os potenciais utilizado-res do seu produto, use cada anedota ou história que você ouve, para montar uma imagem mental do seu usuário. É necessário pensar como um ator que tenta “entrar no personagem”.

O que fazer com essa informação?Um conjunto de dados sobre o usuário é algo

abstrato e descontextualizado. Você precisa comu-nicar essas informações sobre as necessidades dos usuários de forma sucinta. Nesse momento é importante que o resto de sua equipe sinta-se habi-litada a entender os problemas do usuário e criar soluções para resolvê-los.

Agora, preste muita atenção, pois, se houver erros de interpretação, você provavelmente vai cair em armadilhas como: • Construir uma solução literal para a necessi-

dade do utilizador e perder oportunidades de improvisar criativamente.

• Priorizar de forma errada as necessidades,

Como criar produtos e experiências que as pessoas adoram compartilhar com amigos e conhecidos

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gastando energia para construir coisas que não são importantes para o usuário.

Uma abordagem comum é criar uma “média” dos tipos de pessoas que serão os seus usuários. É um processo conhecido como criação de “personas”, que é nada mais do que a constituição de um perfil de usuário que representa as características de um certo tipo de pessoa.

Criar personas permite que você tenha em sua mente uma abstração de que existe um “certo” indi-víduo que se comporta de “certa” forma, e que tem um “certo” conjunto de necessidades. O problema em trabalhar somente com personas é que você perde a maior parte dos detalhes das histórias que ouviu enquanto estava “fora do prédio”. Digamos que um vendedor com quem você estava conversando disse que perdeu um negócio, porque não teve acesso à ordem de compra do cliente no aeroporto. Para pio-rar a situação, isso ocorreu no último dia antes do orçamento do cliente ser fechado e que, além disso, a bateria do telefone desse indivíduo estava somente em 5%. Não importa o quanto você tente, mesmo as personas mais bem desenvolvidas não poderiam cap-turar esse nível de dor com precisão.

Então, durante o processo criativo, o melhor a ser feito é manter em mente as histórias que você ouviu dos seus usuários e aliar isso ao uso de per-sonas. Usando essas ferramentas, você e seu time podem entender melhor as dores e preocupações dos seus usuários. Quando um produto é construído pensando no consumidor, o seu time pode chegar a soluções criativas e criar produtos que encantam as pessoas e que atendam a seus desejos e necessida-des. e

Artigo escrito com base na publicação de Ash Bhoopathy. Leia o original no blog: » http://yakshaving.net/

getting-better-at-making-something-people-want/

A criação de personas auxilia no desen-volvimento de soluções criativas para os problemas enfrentados pelos usuários. Produtos inovadores, que atendem às necessidades dos clientes, têm origem nos problemas enfrentados pelos usuários e não na mente dos desenvolvedores.

Alex

29 anos

Joga futebol com os amigos

nos fins de semana

Mora na Vila Izabel, Curitiba

- Trabalha no departamento de marketing de uma empresa de telefonia- Possui graduação- Namora há dois anos

Combina os jogos de futebol pelo Facebook, porém:- Vários amigos confirmam, mas não comparecem- Às vezes não consegue reservar o campo- Às vezes alguns amigos “esquecem” a carteira em casa e ele sai no prejuízo

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A combinação certa de nutrientes pode fazer com que células-tronco formem espontaneamente um organoide cerebral.

As células-tronco pluripotentes induzi-das (iPS) têm uma enorme capacidade de auto-organização para formar tecidos com-pletos. Alguns estudos recentes mostraram que é possível o desenvolvimento de vários tecidos in vitro a partir destas células.

Pesquisadores da Austrian Academy of Science desenvolveram, em uma cultura in vitro, organoides cerebrais tridimensionais derivados de células iPS. Estes “minicére-bros” desenvolveram uma variedade de domínios discretos capazes de influenciar um ao outro, incluindo um córtex cerebral com populações progenitoras que orga-nizam e produzem subtipos de neurônios corticais maduros.

Segundo os pesquisadores, as regiões do córtex cerebral do “minicérebro” exibem uma organização semelhante ao cérebro humano em suas fases iniciais de desenvol-vimento. Eles mostraram que estes organoi-des são capazes de recapitular característi-cas do desenvolvimento cortical humano.

Como:Os pesquisadores desenvolveram um

método para melhorar as condições de crescimento das células e proporcionar um ambiente necessário para influenciar o seu desenvolvimento. O método aplicado pelos cientistas levou a um rápido desen-volvimento de tecidos cerebrais, que foram denominados organoides cerebrais. Foram necessários apenas de 8 a 10 dias de cultura para o aparecimento de identidade neu-ral nos organoides, e de 20 a 30 dias para a formação de regiões definidas do cérebro, incluindo um córtex, meninges e um plexo coroide.

Os “minicérebros” atingiram seu tama-nho máximo em dois meses. Eles forma-ram tecidos heterogêneos complexos com até 4 mm de diâmetro. Além disso, podem sobreviver indefinidamente se mantidos em um biorreator rotativo: até a data de publicação da pesquisa já haviam sobrevi-vido por dez meses.

Essas “bolas de tecido cerebral” não tinham vasos sanguíneos. Essa pode ser

criados em laboratório

Minicérebros uma das razões do seu tamanho limitado, provavelmente devido à falta de nutrientes e oxigênio no núcleo dos “minicérebros”.

Modelo para microcefaliaMicrocefalia é um distúrbio neurológico

em que o tamanho do cérebro do paciente é significativamente reduzido.

Os pesquisadores utilizaram os “minicé-rebros” para modelar um estudo de micro-cefalia. Para isso, foram geradas células iPS a partir da pele de um paciente com micro-cefalia. Dessa forma, os cientistas foram capazes de criar “minicérebros” afetados por esta doença.

Como esperado, esses organoides apre-sentaram um tamanho menor do que o normal. Estudando o seu desenvolvimento, os cientistas chegaram à hipótese de que, durante o desenvolvimento do cérebro de pacientes com microcefalia, a diferencia-ção neuronal ocorre prematuramente. Eles também demonstraram que uma mudança no sentido em que as células-tronco se divi-dem pode causar a doença. As conclusões confirmam amplamente as teorias existen-tes sobre microcefalia.

AplicaçõesUm cérebro totalmente artificial ainda

pode estar distante, mas os aglomerados neurais do tamanho de ervilhas, desen-volvidos pelos pesquisadores, podem ser muito úteis para a pesquisa de doenças neurológicas humanas. Eles também são de grande interesse para a indústria farma-cêutica e química, pois permitem o teste de terapias contra defeitos no cérebro e outras perturbações neuronais. Segundo os pesquisadores, os “minicérebros” também permitirão a análise dos efeitos de produtos químicos específicos no desenvolvimento do cérebro. e

Confira o trabalho original em: » Madeline A. Lancaster et al., Nature (2013).

Foto: Secção transversal de um organoide cerebral tridimensional derivado de célu-las-tronco pluripotentes induzidas (iPS). O seccionamento e imuno-histoquímica reve-laram morfologias complexas, com regiões heterogêneas contendo células-tronco neurais (em vermelho) e neurônios (em verde). Crédito: Madeline A. Lancaster et al./Nature

Reprinted by permission from Macmillan Publishers Ltd: Nature, copyright (2013)

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Pesquisadores do BRE – Centro para Materiais de Construção Inovadores, da University of Bath – estão desenvol-vendo materiais de construção com baixa emissão de carbono em alternativa aos utilizados atualmente pela indústria da construção.

Eles estão pesquisando novas formas de utilizar madeira e outros materiais à base de vegetais, como o cânhamo, com-pósitos de fibras naturais e fardos de palha. Segundo os pesquisadores, a palha é o material de construção mais ecológico possível, pois, além de renovável, é um subproduto da agricultura. Ela pode ser produzida localmente e absorve dióxido de carbono à medida que cresce. Edifícios feitos a partir de palha podem ter uma pegada de carbono próxima de zero, ou mesmo negativa.

Além disso, devido às suas proprieda-des de isolamento térmico, casas cons-truídas a partir deste material quase não precisam de aquecimento convencio-nal, mantendo os custos de funciona-mento baixos e minimizando o impacto ambiental.

O professor Peter Walker, que está liderando a pesquisa, disse que o impacto ambiental da indústria da construção é enorme. Estima-se que, em todo o mundo, a fabricação de cimento contribui com até 10% de todas as emissões de dióxido de carbono industriais.

Por esse motivo, os pesquisadores estão olhando para uma variedade de novos

Casa de palha resiste a furacões

A BaleHaus é uma casa de dois anda-res construída pelos pesquisadores, utilizando materiais ecológicos. Ela é feita com painéis pré-fabricados, chamados de ModCell, constituídos por um quadro estrutural de madeira preenchido com fardos de palha ou de cânhamo, finalizado com uma base de cal respirável.

Foto: Divulgação, University of Bath.

Leia mais no site do projeto: » http://www.bath.ac.uk/features/balehaus/ » http://www.modcell.com/

materiais de construção, procurando usos inovadores para materiais tradicionais e, também, desenvolvendo cimentos e con-cretos com baixa emissão de carbono.

Segundo eles, além de reduzir o impacto ambiental, muitos desses mate-riais oferecem outros benefícios, como maiores níveis de isolamento térmico e regulação dos níveis de umidade. Por isso, as propriedades isolantes, os níveis de umidade do ar, a firmeza e o isolamento acústico da casa estão sendo monitorados pelos pesquisadores.

Resistência a furacõesTestes recentes confirmaram que a casa

é suficientemente forte para suportar ven-tos com força de um furacão. A força dos ventos foi simulada por macacos hidráu-licos que empurraram horizontalmente as paredes com uma força total superior a quatro toneladas, o equivalente à força dinâmica de um furacão. Durante os testes, as paredes se moveram em apenas quatro milímetros com carga máxima, como previsto dentro dos requisitos do projeto.

Os pesquisadores irão usar esses dados para desenvolver um modelo da casa com três andares e simular como esse edifício irá suportar ventos de tal intensidade. e

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Carros elétricos não são a novidade da indústria automotiva. Do ponto de vista ambiental, eles são interessantes, pois, como não utilizam combustível fóssil como fonte primária de energia, não emitem gases estufa em grandes quantidades como os car-ros a gasolina ou a diesel.

Contudo, ainda há limitações significativas para este tipo de tecnologia. Em geral, este processo de carregamento das baterias leva cerca de oito horas, e, durante tal período, não é possível utili-zar seu carro elétrico. Além disso, há um problema ainda maior: assim como a bateria do seu celular, a do carro também descarrega. No caso do Nissan Leaf, por exemplo, isso ocorre após percorrer ape-nas cerca de 120 km. Assim, caso precise viajar, é

melhor deixar seu carro elétrico na garagem, ou você pode acabar dormindo no meio da estrada.

Mas, e se o veículo recarregasse suas baterias durante o próprio percurso, sem precisar de fios? Foi exatamente a solução encontrada por engenhei-ros da KAIST (The Korea Advanced Institute of Science and Technology), na Coreia do Sul. Bobinas sob a via produzem um campo magnético modu-lado que se acopla com bobinas receptoras localiza-das no veículo, transferindo energia de maneira tão eficiente que apenas de 5 a 15% da estrada precisam ser equipados com as bobinas transmissoras. Além de tudo, as bobinas transmissoras só são acionadas quando os sensores indicam que o veículo está pró-ximo, garantindo mínimo desperdício de energia.

O sistema OLEV (online electric vehicle) já foi colocado em prática em parques e tem se mostrado um sucesso. A ideia de transmissão de energia sem fio (ou wireless) não é nova, e já havia sido ima-ginada e testada por Nikola Tesla no começo do século XX.

Como funciona o OLEV?A tecnologia wireless funciona pelo mesmo

princípio de indução magnética de um transforma-dor que muda a tensão de uma corrente alternada. A corrente passa por uma bobina, o que cria um campo magnético cuja polaridade inverte-se a cada ciclo. Isso induz um campo correspondente, que também se alterna na bobina secundária. A relação de espiras nas duas bobinas é o que determina se o transformador aumenta ou diminui a tensão.

Com essas informações, já é possível reconhecer os elementos do sistema: assim como em um trans-formador, no qual há duas bobinas, o sistema OLEV

Por que parar para recarregar as baterias? O OLEV faz isso durante o percurso.

» Ilustração: James Provost, adaptada para o português

Ônibus elétrico recarrega baterias em movimento

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“Bobinas sob a via produzem um campo magnético modulado que acopla com bobinas receptoras localizadas no veículo”

tem uma bobina primária sob a via e uma bobina secundária no veículo. Mas ainda há um problema: quanto maior a distância entre as bobinas, maior a perda de energia do sistema. Transformadores normal-mente têm um núcleo de ferro que conecta as bobinas e ajuda a minimizar essas perdas. Tentativas anteriores de aplicar a transmissão wireless fracassaram justa-mente por haver perdas excessivas de energia durante o processo de transmissão, pois há um espaço muito grande entre as bobinas localizadas no asfalto e no corpo do veículo.

A solução para este problema está no acoplamento magnético. Quando uma bobina transmissora emite ondas eletromagnéticas na frequência de ressonância do circuito das bobinas receptoras, a energia é transfe-rida de maneira muito mais eficiente.

Para criar um sistema eficiente, a equipe apostou em duas características chave: uma primeira decisão foi pelo projeto que envolve duas espiras em vez de um sistema de dipolo. A segunda foi por um campo mag-nético modulado.

Ao escolher as características corretas na geração do campo magnético, os engenheiros da KAIST conse-guiram obter eficiência média de transmissão de 75% em testes nos quais o corpo do OLEV estava a 20 cm acima da estrada.

Na práticaHoje, um OLEV circula pelo Zoológico de Seul

em um caminho de 2,2 km, dos quais 370 m têm bobinas transmissoras abaixo do asfalto. Durante o trajeto, sensores magnéticos na via detectam a aproximação e ativam os transmissores. O ônibus

ainda tem uma bateria interna, mas com capaci-dade 40% menor do que as utilizadas em sistemas comuns. Ele é ainda 6% mais leve e significativa-mente mais barato: custa U$ 88.500,00. e

Artigo escrito com base nos seguintes trabalhos: » Seungyoung Ahn, Nam Pyo Suh & Dong-Ho Cho, IEEE

Spectrum, 26/03/2013.

» Philip E. Ross, IEEE Spectrum, 06/08/2013.

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O crescimento explosivo do uso do automóvel e da aviação, a mecanização da agricultura e da guerra, a supremacia global dos Estados Unidos, e o início da mudança climática: estas foram as mar-cas da exploração do petróleo.

Atualmente, a maior parte do petró-leo do mundo ainda é obtida a partir de algumas centenas de campos em terra no Irã, Iraque, Kuwait, Rússia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos e Venezuela, entre outros países. Um pouco de óleo adi-cional é adquirido a partir de campos offshore no Mar do Norte, Golfo da Guiné e no Golfo do México. Este óleo, chamado de convencional, sai do solo na forma líquida e requer relativamente pouco processamento antes de ser refi-nado em combustíveis comerciais.

Porém, o petróleo convencional está desaparecendo. Reservas “provadas”, que são aquelas facilmente recuperáveis com a tecnologia atual, são estimadas

em cerca de 1,4 trilhões de barris de petróleo. Também de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), os principais cam-pos vão perder dois terços de sua pro-dução ao longo dos próximos 25 anos. Com a sua saída do mercado, a produ-ção líquida vai mergulhar de 68 milhões de barris por dia em 2009, para apenas 26 milhões de barris em 2035. Com o consumo global diário em torno de 85 milhões de barris, as reservas de óleo acabarão facilmente em uma geração.

Diante desse cenário, é natural ima-ginarmos que os combustíveis fósseis serão necessários por um pouco mais de tempo, e que em breve eles serão ultra-passados por fontes de energia renovável. Muitos especialistas compartilham deste ponto de vista, assegurando-nos de que investimentos de expansão em energia eólica e solar vão permitir uma transi-ção para um futuro de energias verdes e renováveis, no qual a humanidade

Não pense que estamos entrando na era da energia renovável, pois tudo indica que estamos no começo da terceira era do petróleo.

A era do óleo e gásnão convencional

“Os investimentos em técnicas de recuperação avançada de petróleo ultrapassarão 22 trilhões de dólares até 2035. Três vezes o investimento em tecnologia renovável”

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Em certos aspectos, os hidrocarbonetos não convencionais são semelhantes aos combustíveis convencionais. Ambos são, em grande parte, compostos de hidrogênio e carbono, e podem ser queimados para produzir calor e energia.

Combustíveis não convencionais – espe-cialmente óleos pesados e as areias betumi-nosas – tendem a possuir uma maior pro-porção de carbono para hidrogênio que o

petróleo convencional, e, assim, liberar mais dióxido de carbono quando queimados.

O petróleo não convencional geral-mente requer mais energia para a extração, produzindo, dessa forma, mais dióxido de carbono durante o próprio processo de pro-dução. Também tende a ser mais pesado e complexo, geralmente trancado no fundo da terra, preso ou firmemente ligado a areia e rochas.

Outro problema associado com a pro-dução de petróleo e gás não convencional é a ameaça de contaminação dos lençóis freáticos, já que grandes quantidades de água são necessárias para as operações de fraturamento hidráulico, separação de areia betuminosa e óleo pesado, e para o trans-porte e refino de tais combustíveis.

O que é petróleo não convencional?

*Recuperável, capacidade totalé de até 1.700 bilhões de barris.** A capacidade total são as mais recentes estimativas do tamanho das reservas antes da extração.Fonte: Michael T. Klare, International Energy Agency

Tamanho das maiores reservas de petróleo “provadas”, atualmente em exploração, e das novas reservas descobertas nos últi-mos anos. A recuperação do petróleo e gás destes novos campos depende do desen-volvimento de novos métodos de extração e técnicas de Recuperação Avançada de Petróleo (EOR), como é o caso da explora-ção da reserva Tupy, no Pré-sal brasileiro.

Maiores novas reservas de petróleoReservas estimadas, em bilhões de barris (em cinza)

Maiores reservas de petróleo atuaisCapacidade total, em bilhões de barris (em laranja)**

Distribuição das maiores reservas de petróleo do mundo

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deixará de despejar dióxido de carbono e outros gases estufa na atmosfera.

Tudo isso soa muito promissor, mas há apenas uma mosca na sopa: não é o caminho que estamos tomando atualmente. A indústria de energia não está investindo de forma significativa em energias renováveis. Em vez disso, ela está derramando seus lucros históricos em novos projetos de combustí-veis fósseis, principalmente envolvendo a explo-ração das chamadas reservas de petróleo “não convencional”.

É verdade que estão sendo construídos cada vez mais parques eólicos e painéis solares, mas os investimentos em extração e distribuição de com-bustíveis fósseis não convencionais deverá ultrapas-sar os gastos em energias renováveis em uma pro-porção de pelo menos 3/1 nas próximas décadas.

A IEA assegura que serão encontradas novas fontes de óleo. No entanto, a maior parte delas será de natureza não convencional: nas próximas déca-das, os óleos não convencionais serão responsáveis por uma parcela crescente dos estoques de petróleo global, eventualmente tornando-se nossa principal fonte de combustíveis fósseis.

O mesmo é verdadeiro para o gás natural, a segunda mais importante fonte de energia do mundo. A oferta mundial de gás convencional tam-bém está encolhendo, e estamos nos tornando cada

vez mais dependentes de fontes não convencio-nais, especialmente a partir do Ártico, de oceanos profundos e através do fraturamento hidráulico de xisto.

É claro que as grandes empresas exploradoras de petróleo sabem que as fontes não convencionais são a próxima grande cartada. Como estão entre as empresas mais rentáveis da história, elas estão dis-postas a gastar somas astronômicas para garantir seus lucros. Se você pensa que isso significa investi-mento em energias renováveis, está enganado, pois os futuros investimentos em energia provavelmente continuarão a fluir desproporcionalmente para petróleo não convencional.

Um relatório recente de analistas da Lux Research propõe que, por meio de Recuperação Avançada de Petróleo (EOR, na sigla em inglês), a indústria pode ser capaz de extrair até 10,2 tri-lhões de barris de petróleo não convencional, em contraste com os 1,4 trilhões de barris de petróleo

“Se o custo de extração do petróleo se tornar tão alto, que o torne economicamente inviável, então as apostas das grandes empresas de petróleo sobre o futuro energético mundial podem estar incorretas”

convencional disponível em reservas “provadas”. De acordo com a Lux, técnicas de EOR podem

aumentar a recuperação de petróleo em campos já existentes de 25% para até 65%, e segundo estima-tivas da Agência Internacional de Energia, o inves-timento em tais técnicas ultrapassará 22 trilhões de dólares entre agora e 2035. Três vezes o investi-mento em tecnologia renovável.

Michael Klare, professor de estudos de paz e segurança mundial no Hampshire College, em Massachusetts, parece estar de acordo geral com a visão da Lux Research, de que a era do petróleo está longe de terminar. Em um recente artigo para o Huffington Post, Klare disse que “a humanidade não está entrando em um período que será domi-nado por energias renováveis. Em vez disso, está entrando na terceira grande era do carbono, a era do óleo e gás não convencional”.

Um outro ponto de vistaUm artigo da edição de 13 de julho da Eos,

Transactions American Geophysical Union apresen-tou um ponto de vista radicalmente diferente. Com uma visão mais econômica sobre o quanto custa para o petróleo não convencional ser recuperado, o cientista James W. Murray e o analista Jim Hansen sugeriram que os preços do petróleo já chegaram ao limite do quanto os consumidores estão dispos-tos a pagar em todo o mundo. Segundo eles, a pro-dução mundial de petróleo tem permanecido em um patamar de cerca de 75 milhões de barris por dia desde 2005, ao mesmo tempo em que houve um aumento muito grande no preço do barril.

Como as técnicas de EOR são muito caras, porém extremamente necessárias para a explo-ração de reservas de petróleo não convencional, Murray e Hansen sugerem que o preço do combus-tível chegou a um nível em que os consumidores estão começando a buscar alternativas ao petróleo.

Se o custo de extração do petróleo se tornar tão alto que o torne economicamente inviável, então as apostas das grandes empresas de petróleo sobre o futuro energético mundial podem estar incorretas. Nesse cenário, o crescimento econômico mundial poderia ser seriamente prejudicado e o mundo poderia até mesmo entrar em recessão.

Se olharmos para o lado bom, os altos custos dos combustíveis fósseis poderiam incentivar sua menor utilização, diminuindo os impactos climá-ticos decorrentes das emissões de carbono. Além disso, poderiam surgir incentivos econômicos para o desenvolvimento e utilização de energias renová-veis. e

Artigo escrito com base nos seguintes trabalhos: » Michael T. Klare, The Huffington Post, 08/08/2013. » William Sweet, IEEE Spectrum, 30/07/2012. » Bill Sweet, IEEE Spectrum, 26/08/2013.

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As receitas médicas, escritas muitas vezes de maneira incompreensível, são consideradas por mui-tos como um problema sério de saúde pública.

No Reino Unido, o número de eventos adversos ocorridos contam como sendo 10% de todas as admis-sões, somando 850.000 eventos no total, por ano. Um estudo feito no Brasil, apresentou uma taxa de inci-dência de 76 eventos adversos a cada 1.000 pacien-tes. Segundo o médico sanitarista Walter Mendes, a realidade do Brasil pode ser ainda pior, visto que esse estudo foi feito em hospitais que trabalham com bons prontuários. No entanto, embora danos e mortes resultantes de erros de medicação e de receitas ilegí-veis sejam muito frequentes, o assunto não tem aten-ção proporcional da sociedade ou da mídia.

Um estudo publicado pelo professor Ricardo Martins, do Departamento de Design da UFPR, buscou explorar o tema dos erros prescritivos sob o conhecimento do design da informação, fazendo uma ponte entre a ciência médica, farmacêutica e o design.

O uso de abreviaturasSegundo o professor, é prática comum o uso de

abreviaturas nas receitas médicas. Isso é um problema, já que o prescritor supõe que o leitor conhece o signi-ficado de todas as abreviaturas utilizadas. Os riscos de interpretar incorretamente o conteúdo da receita aumentam com a dificuldade em entender a escrita do médico.

Na opinião de um farmacêutico entrevistado no estudo, o treinamento sobre as abreviaturas nas facul-dades de Farmácia é implícito e não-sistematizado. Já na opinião de um médico, no ensino da medicina,

as abreviações são ensinadas como um conheci-mento necessário para os médicos, mas seu uso não é incentivado.

A escrita manualO fato das receitas serem escritas à mão confere

às mesmas um alto grau de flexibilidade, já que suas características gráficas são diretamente afetadas pela tecnologia de produção do documento. Documentos feitos manualmente admitem qualquer caracter e estilo, peso, cor e tamanho – dependendo apenas da destreza do escritor. No entanto, o que poderia ser

uma vantagem na mão de pessoas com habilidade gráfica, torna-se um problema no caso dos médicos. Isso porque sua principal habilidade está no planeja-mento da terapia mais indicada para os pacientes, e não na configuração visual de documentos. Somados ao estresse, ansiedade e múltiplas jornadas de traba-lho, a escrita de um simples documento à mão pode representar um desafio.

Quando se trata de aprender a fazer ou ler receitas, o farmacêutico diz que o aprendizado na faculdade é fragmentado. Já o médico afirma que os estudantes aprendem a fazer receitas a partir do 3º ano do curso

A letra domédico não é a vilã

Ao contrário da crença comum, a caligrafia dos médicos não é a única responsável pelos erros na leitura de receitas

“No Brasil, danos e mortes resultantes de erros de medicação ocorrem em uma proporção de 76 eventos adversos para cada mil pacientes atendidos”

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de Medicina, mas que determinadas escolhas sobre a produção, como o tamanho do papel e a cor da tinta da caneta, são baseadas em tradição.

Sob o olhar do design da informação, ensino sobre a elaboração e leitura de receitas é claramente super-ficial, tanto na Faculdade de Farmácia quanto na de Medicina.

O espaço na configuração visual das receitas

No caso das receitas médicas, a letra costuma ser responsabilizada pela incompreensão do conte-údo, mas a maneira como os espaços são utilizados também participa na construção do significado. Do ponto de vista gráfico, o uso que os médicos fazem do espaço na folha da receita é inconsistente. Isso deve-se ao fato de não terem um treinamento adequado sobre como esses espaços devem ser usados. A diferença entre dois tipos de espaço pode ser da ordem de um quinto de milímetro, mas representam uma distinção importante e contribuem para uma receita visual e tipograficamente coerente, mais confortável para ser lida.

Por exemplo, um único espaço entre o nome do

medicamento e sua dosagem pode levar a erros de interpretação: “inderal 40 mg”, quando prescrito como “inderal40mg,” pode ser confundido como

“inderal l40mg”, já que a letra L no final do nome se parece com o número l.

O uso do sublinhadoO uso de linhas embaixo das palavras, chamado

de sublinhado, é amplamente utilizado na lingua-gem gráfica manuscrita com a finalidade de sinalizar diferenças no texto, enfatizar ou separar palavras. Isso porque é muito fácil de fazer: não requer a mudança do instrumento de escrita ou da cor, não envolve um planejamento prévio e pode ser utilizada em qual-quer modo de escrita. Embora comum, o uso do sublinhado parece ser mais baseado em convenções e tradição do que numa estratégia consciente de articu-lação da linguagem visando ajudar o leitor a extrair sentido da receita.

Com base em entrevistas realizadas, Martins mos-tra que a visão do farmacêutico procura explicar o comportamento dos médicos usando expressões sim-ples como “desleixo, falta de cuidado, falta de cons-ciência”. Já o médico tem uma explicação diferente:

SALVANDO VIDAS ATRAVÉS DE FORMULÁRIOS MÉDICOS

DADOS PRÉ-IMPRESSOSVisto que a sequência, estrutura e arranjo dos itens da prescri-

ção é recorrente, e é capaz de levar a erros, as decisões sobre como organizar esses itens na receita deveriam ser retiradas do prescritor, por meio de formulários estruturados, que contivessem informações pré-impressas. Dentre essas informações podemos citar, por exemplo, as unidades de medida (mg, ml), via de administração, tipo de uso (interno ou externo), frequência.

CAMPOS DELIMITADOSA receita deveria conter campos delimitados por linhas, ou recurso

equivalente, para contextualizar o significado das informações que fossem preenchidos dentro desses campos. Cada campo receberia um rótulo apropriado. Os campos seriam agrupados conforme sua pertinência, e algumas regiões poderiam receber uma ênfase visual, através de cor ou tonalidade, para refletir a importância da informa-ção. Os campos seriam isolados por espaços, de modo a garantir que uma informação não se misture com outras.

LEMBRETE PARA PRESCRITORIncluir um quadro contendo recomendações sobre como preen-

cher a receita e quais conteúdos são obrigatórios, reduzindo a neces-sidade do médico confiar na sua própria memória.

A criação de um formulário que seguisse essas recomendações, e seu uso efetivo, ajudaria os médicos a se lembrar das informações que precisam ser preenchidas, diminuindo os erros causados por receitas incompletas, impediria erros causados por espaçamentos inadequados entre os itens da prescrição, daria contexto às palavras que o médico escrevesse, por meio da presença de campos especí-ficos para cada dado prescritivo, identificados por um rótulo apro-priado, agilizaria o preenchimento das receitas, visto que várias infor-mações estariam pré-impressas (como as unidades de medida), faria

os médicos escreverem menos, ao mesmo tempo em que elevaria a compreensão das informações, e daria tempo adicional aos médicos, que poderiam usá-lo para aprimorar sua grafia.

AÇÃO CONJUNTANo entanto, vale a pena lembrar que a diminuição dos erros laten-

tes de prescrição depende da ação conjunta de designers de docu-mentos, das faculdades de Medicina e Farmácia, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, das farmácias e pacientes.

ENSINO DO NOVO PADRÃODe posse dos formulários feitos por designers, e das diretrizes de

apresentação gráfica do conteúdo prescritivo, as faculdades pode-riam incluir no seu planejamento de ensino o treinamento dos médi-cos e dos farmacêuticos usando essas informações como parâmetro.

OFICIALIZAR O FORMULÁRIOA ANVISA poderia definir padrões de formulário para prescrição

de medicamentos. Isso já é feito com os formulários de remédios con-trolados, de tarja preta, no entanto a intenção não seria a de simples-mente controlar a dispensação dos medicamentos, mas de aprimorar a produção das receitas médicas, enfatizando estratégias de design que elevassem a compreensão. Essas estratégias seriam definidas por um comitê de Design, que pesquisasse e validasse alternativas de solução gráfica.

FISCALIZAÇÃO PELA SOCIEDADETanto as farmácias quanto os pacientes teriam um papel fiscaliza-

dor, na cobrança de obediência ao uso dos formulários-padrão, proje-tados por designers, instituídos por lei e ensinados nas faculdades.

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Para ele esse comportamento é resultado de múltiplos fatores que começam desde a formação deficiente da escrita das crian-ças até as dificuldades da profissão como estresse, múltiplas jornadas de trabalho, sobrecarga de pacientes e fortes cobran-ças. Quando estes fatores agem sobre o ser humano, eles afetam processos cognitivos que costumam ocorrer de maneira auto-mática e inconsciente, causando deslizes praticamente inevitáveis. Um dos tipos de deslize é a produção de receitas médicas com apresentação inadequada.

Letra não é a única culpadaGeralmente, atribui-se à letra do

médico a responsabilidade pela incom-preensão do conteúdo da receita. Primeiramente não há um resultado con-clusivo que confirma se os médicos tem uma escrita mais incompreensível do que a de profissionais de outras categorias. Além disso, como afirmar com segurança que uma letra é ilegível? Nem a litera-tura, nem os profissionais entrevistados demonstram segurança para definir o que é algo “legível” ou não.

Do ponto de vista gráfico, não apenas a letra, mas o uso inadequado do espaço

no formulário da receita médica também pode ser considerado um erro, e que pre-cisa ser objeto de atenção na busca de solu-ções para possíveis erros de medicação. A análise gráfica das receitas indica que alguns médicos escrevem fora dos limi-tes do papel, outros não tem critério para distribuir as unidades prescritivas na folha e não separam adequadamente os subitens que compõem essas unidades. O mero fato de a receita ser uma folha de papel em branco, contendo apenas a identifica-ção do médico pré-impressa, é um erro, já que recai sobre o médico a responsabili-dade de decidir como dispor as informa-ções na folha. Visto que eles não recebem esse treinamento formal nas faculdades de Medicina, esse objetivo nem sempre é atingido.

A falta de padrões e normas que con-templem todos os aspectos gráficos da receita abre espaço para que erros de interpretação ocorram, afetando negati-vamente a compreensão e prejudicando os pacientes.

Sobre os erros de interpretação Segundo o professor, as falhas de

interpretação não têm origem única e são resultantes de quatro principais fatores, que são: • a escassez de estudos sobre formulá-

rios para receitas, com consequente falta de padrões e referências sobre a melhor estratégia de documentação;

• o ensino deficiente sobre um padrão de apresentação das prescrições, nas faculdades de Medicina e Farmácia;

• a falta de uma legislação, baseada em referências válidas, sobre como apre-sentar dados prescritivos;

• a concorrência acirrada entre as

farmácias, que querem vender a todo custo.

Percebe-se que os quatro fatores estão interligados intimamente, numa cadeia de eventos: a falta de um padrão de formulá-rio impede que ele seja ensinado e disse-minado entre os médicos. Além de afetar o ensino, a ausência de uma referência não permite que ela seja assumido como norma através de uma legislação. Como não existe nem o padrão, nem a lei, as far-mácias não tem o que fazer, pois não há um parâmetro de referência que permita julgar se uma receita se enquadra ou não dentro de um padrão. Se existisse um, as farmácias, as faculdades, os Conselhos Regionais de Medicina e Farmácia e até os próprios pacientes poderiam comparar a prescrição com a norma padrão de apre-sentação gráfica e cobrar obediência a ela.

Martins sugere que formulários pré--impressos poderiam ser projetados e, numa sequência de iterações, serem avaliados com usuários. Esses mesmos formulários poderiam servir de base para projetar sistemas prescritivos digi-tais que aliassem a clareza na apresenta-ção dos textos, com as vantagens de uma estrutura gráfica padrão. Finalmente, também lembra que a aplicação do conhecimento sobre o design da infor-mação na solução de problemas de saúde ainda está na sua infância, e que as pos-sibilidades de integração dessas áreas de conhecimento ainda permanecem pouco exploradas.

»Artigo escrito com base na dissertação de mestrado de Ricardo Martins, professor de Design da Informação do Departamento de Design (UFPR), disponível no link: http://tinyurl.com/mestradoMartins Fale com o autor: [email protected] - R. Martins

A AIESEC é uma organização que oferece oportunidades para que jovens desenvolvam habilidades e expressem seu potencial de liderança. A nossa organização apoia o não-conformismo, a vontade de mudar pra melhor, o questionamento saudável e, principalmente, o diálogo. Acreditamos em movimentos culturais, sociais, intelectuais, populares e de rua - acreditamos no poder de ação de cada um deles e, sobretudo, acreditamos na co-construção de ideias: Nós prezamos pela paz. E o que entendemos como paz não é a inércia, mas sim a possibilidade de diálogo e entendimento.

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“A falta de padrões e normas abre espaço para que erros de interpretação ocorram, afetando negativamente a compreensão e prejudicando os pacientes”

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O uso generalizado de nanomateriais em biomedicina tem sido acompanhado por um crescente interesse em compre-ender as suas interações com tecidos, células e biomoléculas. Além disso, a forma como eles afetam a integridade de mem-branas celulares e proteínas também tem sido estudada.

Pesquisadores da Shanghai University, na China, demons-traram, de forma experimental e teórica, que grafeno puro e nanofolhas de óxido de grafeno podem induzir a degradação das membranas celulares de Escherichia coli. Eles mostraram que nanofolhas de grafeno podem penetrar e extrair grandes quantidades de fosfolipídios das membranas celulares. A com-

preensão relativa à interação dos nanomateriais com membra-nas celulares auxilia no entendimento sobre como eles causam citotoxicidade, o que é fundamental para a concepção de apli-cações biomédicas mais seguras envolvendo nanomateriais.

Entenda o experimentoNanofolhas de óxido de grafeno, que são dispersáveis em

água, foram produzidas utilizando o método de Hummer modificado. As células de E. coli foram incubadas com 100 ng/ml de nanofolhas de óxido de grafeno a 37 °C. O processo de incubação foi observado com microscopia eletrônica de trans-missão (MET) durante o processo de incubação de 2,5 horas.

Inicialmente, as células de E. coli toleram as nanofolhas de óxido de grafeno, especialmente em baixas concentra-ções. Porém, após algum tempo, as membranas celulares de E. coli foram parcialmente danificadas, com algumas células exibindo baixa densidade de fosfolipídios. Então, finalmente

A citotoxicidade induzida por grafeno não aparenta ser uma ameaça para humanos, mas é letal para bactérias.

O grafeno é um nanomaterial que consiste em uma folha plana de átomos de carbono densamente compactados. Devido às suas propriedades estruturais , mecâ-nicas e eletrônicas, várias apli-cações foram sugeridas para este material . Elas variam desde usos na indústr ia de semicondutores , como substituto do silício, até aplicações em biomedicina.

“O grafeno pode se tornar um novo tipo de material antibacteriano para uso diário”

O efeito

antibacteriano do grafeno

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Extração de lipídios causada por nanofolhas de óxido de gra-feno. Os lipídios são mostrados em linhas com os átomos repre-sentados como esferas (Oxigênio

– vermelho; Nitrogênio – azul escuro; Carbono – ciano; Fósforo

– laranja). A folha de grafeno é representada em amarelo. Os fos-folipídios extraídos são mostrados como esferas maiores.

Reprinted by permission from Macmillan Publishers Ltd: Nature Nanotechnology (8, 594–601), copyright (2013)

houve perda da integridade celular devido à ação das folhas de grafeno: as membranas celulares foram severa-mente danificadas e, de quebra, algumas células perderam o seu citoplasma por completo.

Os pesquisadores mostraram que existem dois tipos de mecanismos moleculares para a degradação indu-zida de membranas celulares de E. coli por grafeno. Um mecanismo ocorre por inserção e corte da membrana e o outro, por extração destrutiva de moléculas lipídicas. Essa extração de fosfolipídios foi observada primeiramente em simu-lações e depois foi validada por imagens de microscopia eletrônica de transmis-são (MET) . Esta forte atração entre moléculas lipídicas e o grafeno deve-se, em grande parte, à estrutura bidimen-sional única do grafeno, que tem todos os carbonos com hibridização sp2. Isso facilita as interações excepcionalmente fortes entre o grafeno e as moléculas lipídicas.

Antibiótico à base de grafenoOs pesquisadores demonstraram que

nanofolhas de óxido de grafeno degra-dam membranas celulares de E. coli

por dois mecanismos distintos, e que ambos reduzem significati-

vamente a viabilidade celular. Também mostraram que a

atividade antibacteriana é proporcional ao aumento

do tamanho e da con-centração de grafeno.

Embora estes resultados

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tenham sido mostrados para E. coli, os pesquisadores acreditam que mecanismos semelhantes se aplicam a outros tipos de bactéria. Eles presumem que os resultados podem ter implicações no desenvolvimento de novos antibióticos e de outras aplicações clínicas. Em particular, estimam que o gra-feno pode se tornar um novo tipo de mate-rial antibacteriano para o uso diário, ofere-cendo pouca resistência bacteriana, já que o mecanismo de “ataque” aos organismos invasores é baseado em dano estrutural.e

Confira o trabalho original em: » Yusong Tu et al., Nature Nanotechnology 8,

594–601 (2013)

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