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   X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                            p.1         PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA     Resumo Em diálogo com a expansão da Educação Profissional (EP) e com os desafios da formação docente aliada às tecnologias, é que destacamos o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) como norteador das reflexões que serão apresentadas neste trabalho. Nos propomos a discutir a formação de professores que atuam nos cursos promovidos pelo Pronatec, evocando os desafios desta docência para a implementação de práticas pedagógicas que contribuam para a formação de estudantes e trabalhadores. Para isso, nosso recorte analítico envolve a apresentação de um ambiente de realidade virtual a partir das possibilidades que os Objetos de Aprendizagem e os Mundos Virtuais promovem no desenvolvimento das ações pedagógicas na EP. A pesquisa consistirá em disponibilizar o ambiente de realidade virtual aos participantes, que são os docentes que atuarão no curso de qualificação profissional em Montagem e Reparação de Computadores, a ser realizado em um campus de um Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Nosso olhar, direcionase para além de um curso de qualificação profissional em si, mas como a ação pedagógica é importante e indispensável na viabilização de processos de qualificação profissional.  Palavraschave: Pronatec; Institutos Federais; Formação de professores; Educação Profissional; Ambientes de realidad   Graciela Fagundes Rodrigues Frederico Westphalen [email protected]   Gabriela Fabian Universidade do Vale do Rio dos Sinos [email protected]   Liliana Maria Passerino [email protected]   

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.1 

 

 

 

 

    PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA    

 

Resumo Em diálogo com a expansão da Educação Profissional (EP) e com os desafios da formação docente aliada às tecnologias, é  que  destacamos  o  Programa  Nacional  de  Acesso  ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) como norteador das reflexões  que  serão  apresentadas  neste  trabalho.  Nos propomos a discutir a formação de professores que atuam nos  cursos  promovidos  pelo  Pronatec,  evocando  os desafios desta docência para a  implementação de práticas pedagógicas  que  contribuam  para  a  formação  de estudantes  e  trabalhadores.  Para  isso,  nosso  recorte analítico  envolve  a  apresentação  de  um  ambiente  de realidade virtual a partir das possibilidades que os Objetos de  Aprendizagem  e  os  Mundos  Virtuais  promovem  no desenvolvimento das ações pedagógicas na EP. A pesquisa consistirá em disponibilizar o ambiente de realidade virtual aos  participantes,  que  são  os  docentes  que  atuarão  no curso  de  qualificação  profissional  em  Montagem  e Reparação  de  Computadores,  a  ser  realizado  em  um campus  de  um  Instituto  Federal  de  Educação,  Ciência  e Tecnologia.  Nosso  olhar,  direciona‐se  para  além  de  um curso de qualificação profissional em  si, mas como a ação pedagógica é importante e indispensável na viabilização de processos de qualificação profissional.  Palavras‐chave: Pronatec; Institutos Federais; Formação de professores; Educação Profissional; Ambientes de realidad  

 Graciela Fagundes Rodrigues 

Frederico Westphalen [email protected] 

  

Gabriela Fabian Universidade do Vale do Rio dos Sinos 

[email protected]   

Liliana Maria Passerino [email protected] 

 

 

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  Graciela Fagundes Rodrigues ‐ Gabriela Fabian ‐ Liliana Maria Passerino 

 

 

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Introdução 

A  trajetória  percorrida  pelos  profissionais  da  Educação  não  se  encerra  no 

momento  da  conclusão  do  seu  curso  de  graduação.  Cada  vez  mais,  o  panorama 

socioeconômico do país e mundial, nos coloca diante da necessidade de que a formação 

continuada torne‐se uma aliada para o desenvolvimento das práticas pedagógicas. Temos 

convivido com a produção contínua de informações, conhecimentos e tecnologias e suas 

consequências  tanto  para  a  esfera  pessoal  quanto  profissional.  Corrobora  com  este 

cenário, os índices que vem sendo exibidos acerca do uso da internet no Brasil que hoje, 

corresponde, a metade da nossa população com acesso a web (48% em 2011)1. Ademais, o 

Brasil ocupa a 5ª posição de usuários da internet no mundo, entre os 20 países com maior 

de número de pessoas conectadas na rede2.  

Esse cenário dialoga com os processos de formação de professores e constitui tal 

temática,  como primordial  em  seus diferentes  âmbitos  seja  na  Educação Básica ou  no 

Ensino Superior.  

A  Educação  Profissional  (EP),  de  acordo  com  a  LDB  (9.394/96)  “integrada  às 

diferentes  formas  de  educação,  ao  trabalho,  à  ciência  e  à  tecnologia,  conduz  ao 

permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva” (BRASIL, 1996), é uma 

modalidade de ensino que vem apresentando  importante espaço nas políticas públicas 

educacionais.  Tendo  em  vista  sua  interlocução  com  o  ensino  médio,  etapa  final  da 

Educação  Básica,  que  ainda  desafia  nossos  índices  nacionais  (KRAWCZYK,  2013),  por 

apresentar  fragilidades  em  termos  da  democratização  do  acesso,  apesar  da  Emenda 

Constitucional n. 59 de 2009 que torna a Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 

17 anos de idade, incluindo os que à ela não tiveram acesso na idade apropriada (BRASIL, 

2009). 

No  Brasil,  o  total  de  matrículas  na  Educação  Profissional  em  2012,  foi  de 

aproximadamente,  1.063.655.  Desse  total  de  matrículas,  240.226  (22%)  caracteriza‐se 

                                                            1  Dados  fornecidos  pela  “To  Be  Guarany”  –  Dados,  Estatísticas  e  Projeções  sobre  a  Internet  no  Brasil. 

Disponível em: <http://tobeguarany.com/internet‐no‐brasil/>. Acesso em 18 abr. 2014. 2 Ficando atrás somente dos países como: Japão, Índia, Estados Unidos e China. 

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como  concomitante  e  823.429  (77%)  subsequente  ao  ensino  médio3.  Observamos 

portanto que a prevalência da EP ocorre sob a forma subsequente, o que assemelha‐se 

aos  dados  do  Censo  Escolar  de  2011,  no  qual  foram  1.250.900 matrículas  na  Educação 

Profissional,  188.572  concomitante,  257.713  integrada  e  804.615  subsequente  (CRUZ; 

MONTEIRO, 2013). Os autores acrescentam a relevância que a EP vem ocupando de 2005 

a 2011 no total de matrículas em cursos técnicos sobre o total verificado no Ensino Médio 

regular passando de 8,2% para 14,9%, alcançando 1,2 milhão de alunos. 

Diante  dessa  realidade,  emerge  a  busca  pela  formação  técnica  para  atuar  num 

mercado globalizado e cada vez mais exigente. Além disso, os professores deparam‐se 

com a necessidade de planejar e desenvolver suas aulas contemplando a diversidade do 

alunado que  lá está. Com  isso, a  reflexão  sobre o  fazer pedagógico acompanhado dos 

saberes destes professores repercutirão nas maneiras como estas práticas apresentam‐se 

no âmbito da formação profissional.  

Em  diálogo  com  a  expansão  da  Educação  Profissional,  com  os  desafios  da 

formação  docente  aliada  às  tecnologias,  é  que  destacamos  o  Programa  Nacional  de 

Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) como norteador das reflexões que serão 

apresentadas ao longo do trabalho.  

O Pronatec, oficializa‐se através da Lei n. 12.513, de 26 de outubro de 2011 (BRASIL, 

2011), como uma das respostas possíveis e imediatas para essas questões e possui, como 

uma de suas metas, matricular oito milhões de brasileiros até o final de 2014, nos Cursos 

Técnicos  e  de  Formação  Inicial  e  Continuada  (FIC)  realizados  pela  Rede  Federal  de 

Educação  Profissional,  Científica  e  Tecnológica,  pelas  Redes  Estaduais  de  Educação  e 

pelas  unidades  dos  Serviços  Nacionais  de  Aprendizagem  (Sistema  S:  SENAI,  SENAC, 

SENAR, SENAT)4.  

                                                            3  “Art.  3º  A  Educação  Profissional  Técnica  de  Nível  Médio  é  desenvolvida  nas  formas  articulada  e 

subsequente  ao  Ensino Médio,  podendo  a  primeira  ser  integrada  ou  concomitante  a  essa  etapa  da Educação Básica” (BRASIL, 2012). 

4  Segundo  informações  disponíveis  no  site:  <http://www.brasil.gov.br/educacao/2014/01/secretaria‐de‐turismo‐rs‐oferece‐vagas‐no‐pronatec>, até novembro de 2013, já haviam sido formadas 8.896 pessoas, período do melhor desempenho nacional do programa, conforme exposto no link acima. 

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Neste artigo, nos propomos a discutir a formação de professores que atuam nos 

cursos  promovidos  pelo  Pronatec,  evocando  os  desafios  desta  docência  para  o 

planejamento de práticas pedagógicas que contribuam para a formação de estudantes e 

trabalhadores.  Para  isso,  nosso  recorte  analítico,  envolve  a  apresentação  de  uma 

pesquisa,  em  fase de desenvolvimento, na qual um  ambiente de  realidade  virtual  será 

utilizado como estratégia potencializadora para a  implementação de ações pedagógicas 

que viabilizem a  realização desses cursos, priorizando o acesso aos conhecimentos e o 

protagonismo dos aprendizes. Neste caso, trata‐se do curso de qualificação profissional5 

em Montagem e Reparação de Computadores, a ser desenvolvido em um campus de um 

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF). 

 

Pronatec: das necessidades de formação à formação dos professores 

A qualidade da Educação Básica é o grande desafio ligado à nossa geração. O Brasil 

vive  um  momento  de  desenvolvimento  importante,  ocupando  a  7ª  colocação  na 

economia  mundial6,  o  que  aponta,  cada  vez  mais,  na  direção  de  uma  qualificação 

profissional que promova o ingresso de pessoas no mundo do trabalho.  

O  Índice  de  Desenvolvimento  da  Educação  Básica  (Ideb),  uma  ferramenta 

importante  que  visa  revelar  a  qualidade  da  Educação  Básica  no  Brasil, mostrou  que  a 

Rede Pública de Ensino em 2011, nos anos iniciais do ensino fundamental, a média atingida 

foi de 5,0 ultrapassando a meta de 2011 que estava prevista em 4,6 como também a de 

2013  que  era  de  4,9.  Em  relação  aos  anos  finais,  o  Ideb  nacional  em  2011  foi  de  4,1 

superando a meta proposta que era de 3,9. A meta para o ensino médio  foi alcançada 

com o  índice de 3,7. No entanto, para o Brasil alcançar  índices que correspondem a um 

                                                            5 O Pronatec oferece, gratuitamente, três tipos de cursos: 1. Técnico para quem concluiu o ensino médio, 

com duração mínima de um ano. 2. Técnico para quem está matriculado no ensino médio, com duração mínima de um ano; 3. Formação  Inicial e Continuada ou qualificação profissional, para  trabalhadores, estudantes  de  ensino médio  e  beneficiários  de  programas  federais  de  transferência  de  renda,  com duração mínima de dois meses.  Informações disponíveis em: <http://pronatec.mec.gov.br/institucional‐90037/cursos‐gratuitos>. Acesso em 21 abr.2014. 

6 De  acordo  com  dados  do  Banco Mundial  (2013),  o  Brasil  encontra‐se  entre  as  10 maiores  economias mundias, a saber: Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Brasil, Rússia,  Itália e Canadá. 

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sistema  educacional  de  qualidade  comparável  a  dos  países  desenvolvidos,  o  Plano  de 

Desenvolvimento da Educação possui como propósito alcançar, até 2022, o Ideb de 6,0.7.  

Além desses indicadores, temos o Programme for International Student Assessment 

(Pisa), promovido pela Organização para  a Cooperação  e Desenvolvimento  Econômico 

(OCDE)  que  corresponde  a  uma  avaliação  internacional  na  qual  se  comparam  os 

resultados com vários outros países. É realizada a cada três anos com estudantes na faixa 

etária  dos  15  aos  16  anos  e  2 meses  na  data  de  aplicação,  idade  que  se  pressupõe  o 

término da Educação Básica na maioria dos países e estudantes matriculados a partir do 

sétimo  ano  (BRASIL/INEP,  2014,). O  Pisa  abrange  três  áreas  de  conhecimento:  Leitura, 

Matemática e Ciências. Em 2012, ano que corresponde a última realização do Programa, 

uma vez que o próximo será em 2015, o Brasil alcançou os seguintes resultados: Em 2012 

foram  18.589 estudantes participantes. O  índice de avaliação em matemática  foi 391, o 

mais alto desde 2000. Em  leitura, o resultado foi de 410,  índice  inferior ao alcançado em 

2009 que tinha sido de 412, em Ciências atingiu‐se o índice de 405 mantendo o resultado 

de 2009. As conclusões apresentadas no relatório do Pisa 2012 reafirmam alguns avanços 

alcançados  pelo  Brasil  tais  como:  1)  Queda  nos  indicadores  socioeconômicos  dos 

estudantes;  2)  Redução  da  distorção  idade/série,  havendo  hoje  maior  número  de 

estudantes  na  idade  correta;  3) No  PISA  2012,  o Brasil  foi  o  país  que mais  cresceu  na 

média  de  matemática.  Fragilidades  no  âmbito  de  infraestrutura  das  escolas, 

equipamentos  educacionais,  número  de  professores,  altos  índices  de  repetência,  etc. 

assemelham‐se  aos  países  vizinhos  da  região  sul‐americana  segundo  o  relatório.  No 

aspecto  da  distribuição  de  livros  didáticos,  o  Brasil  alcança  patamares  de  países 

desenvolvidos (BRASIL/INEP, 2012). 

Ao  apresentarmos  esse  recorte,  da  situação  educacional  brasileira,  queremos 

associá‐la à  formação de professores, uma vez que  se encontra  implicada no  resultado 

destes  índices. Com  isso,  independentemente das etapas ou modalidades de ensino as 

quais os professores desenvolvem suas ações,  todos são  influenciados pelos contextos 

das políticas públicas. 

                                                            7 Dados disponíveis na site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): 

<http://portal.inep.gov.br/web/portal‐ideb/portal‐ideb>. Acesso em 18 abr. de 2014. 

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Para os professores que atuam na Educação Profissional, os desafios da docência 

tornam‐se  relevantes  tendo em vista a articulação que este profissional precisa  realizar 

entre seus conhecimentos e experiências com o ser professor e atuar como tal diante de 

um  grupo  de  alunos  com  diferentes  percursos  de  aprendizagem  e  aspirações 

profissionais.  Outrossim,  peculiaridades  como  não  ter  a  formação  pedagógica  e  sim 

técnica  e não  fazer desta  caracterização um obstáculo  a  sua  atuação  como professor, 

envolvem  desafios  que  permeiam  a  constituição  desta  docência.  Portanto,  o 

desenvolvimento de ações no âmbito da formação de professores na área da EP mostra‐

se  profícua  perante  um  sistema  social  no  qual  a  formação  inicial  fornece  bases 

conceituais iniciais da ação, requerendo a amplitude dos saberes destes profissionais.  

Saberes esses que podem  ser  conceituados de acordo  com Tardif  (2013a)  como 

“saberes  sociais”  os  quais  são  caracterizados  através  de  um  conjunto  de  saberes  que 

dispõe uma  sociedade. Porém, a  relação dos docentes  com os  saberes não  se  reduz a 

uma função de transmissão e socialização dos conhecimentos já construídos. Sua prática 

integra os diferentes saberes, com os quais o corpo docente mantém diferentes relações. 

É possível definir o saber docente como um saber plural, formado pelo amálgama, mais 

ou menos coerente, de saberes oriundos da formação profissional, saberes disciplinares, 

curriculares e experienciais (TARDIF, 2013a). 

Assim,  acreditamos  que  obteremos  avanços  sobre  as  questões  pedagógicas,  à 

medida que buscarmos compreender as  relações  recíprocas existentes entre o domínio 

do  saber  (conhecimento científico) e o domínio do  saber  fazer  (conhecimento prático) 

(BOLZAN,  2002).  Essa  ideia  está  baseada  na  concepção  de  Vygotsky  (1997),  onde  o 

pensamento  e  ação  são  estudados  de  forma  integrada,  evitando  abordagens  que 

valorizem o domínio de um sobre o outro.  

A  perspectiva  sócio‐histórica  apresenta  a  importância  de  pesquisas  que 

consideram  o  processo  de  pensamento  do  professor  e  suas  formas  de  conceber  e 

desenvolver  o  ensino.  Ressalta  o  autor,  que  o  bom  ensino  necessita  ultrapassar  as 

aprendizagens  já  adquiridas  pelos  estudantes  e  propiciar  caminhos  para  que  novos 

conhecimentos  e  experiências  sejam  obtidos,  repercutindo  então,  no  seu 

desenvolvimento (VYGOTSKY, 1991). 

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Temos  convivido  no  Brasil,  com  dilemas  e  desafios  vinculados  à  formação  de 

professores  da  EP,  tendo  em  vista  a  própria  construção  sócio‐histórica  da  Educação 

Profissional  que  emerge  de  um  âmbito  totalmente  utilitarista  e  desarticulado  da 

formação intelectual.  

 Esse desprestígio  reflete a  relação de  inferioridade com que o  trabalho manual é percebido diante do  intelectual numa sociedade marcada pela sociabilidade  capitalista. Devido  a  essa  percepção,  a  formação  para  os ofícios  manuais  era  oferecida  praticamente  como  caridade  para  os setores  excluídos  da  sociedade:  órfãos,  abandonados  e  ‘desvalidos  da sorte’ (GARIGLIO; BURNIER, 2012, p. 212).  

Tal  desprestígio  repercute  na  carência  de  pesquisas  e  estudos  que  se  voltam  a 

estudar  essa  formação  conforme  afirmam  estudiosos  da  área  (PEREIRA,  2009; 

MACHADO, 2011) Percebe‐se que há um descompasso entre a oferta da EP por meio de 

várias  ações  governamentais  com  a  atenção  dada  a  formação desses profissionais. Os 

autores citados acima colaboram com esta afirmação ao mencionarem que: 

 Essa desatenção da produção  intelectual para com o tema da formação de professores da EP vem contribuindo para reforçar a tese de que esses profissionais  não  pertencem  à  área  da  educação,  e  que  a  estes  cabe, apenas,  o  domínio  dos  conhecimentos  da(s)  área(s)  que  pretendem ensinar  e  a  experiência  no  chão de  fábrica  (GARIGLIO; BURNIER,  2012, p.214).  

Ensinar  requer  ir além dos conhecimentos dos conteúdos, este aspecto é a base 

fundamental, mas  não  se  reduz  a  isso. A mobilização de  estratégias que promovam o 

conhecimento  passa  por  outros  saberes,  os  quais  Tardif  (2013a)  muito  bem  nos 

apresenta. O autor ao nos apresentar a historicidade do ofício de ensinar, revela que há 

um apego a práticas pedagógicas tradicionais do século XIX, “o ensino é um ofício cuja 

evolução é  lenta quando comparado, por exemplo, ao  trabalho  industrial e ao  trabalho 

tecnológico” (TARDIF, 2013b, p. 554).  

Tendo em vista trazer essas implicações para nosso campo de análise, qual seja, da 

formação de professores que atuam no Pronatec, evidenciamos que esses docentes, na 

sua maioria, não possuem  formação pedagógica, mas que esta  tampouco está atrelada 

ao “chão da sala de aula”, pois exercer a profissão docente está marcada por implicações 

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  Graciela Fagundes Rodrigues ‐ Gabriela Fabian ‐ Liliana Maria Passerino 

 

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.8 

 

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do contexto social e econômico, pressupostos que convergem com as palavras de Tardif 

(2013b, p. 568) “[   ] os conhecimentos dos professores parecem também profundamente 

marcados  pelo  contexto  socioeducacional  e  institucional  no  qual  hoje  exercem  sua 

profissão”. Na  sequência, o  autor  ressalta:  “O que  a escola deve ensinar  às  crianças e 

como deve ensinar não é apenas uma questão pedagógica:  trata‐se de uma verdadeira 

questão cultural e política” (p.569). 

Cabe lembrar que a LDB (9394/96) estabelece em seu Art. 62 que  

 A formação de docentes para atuar na educação básica far‐se‐á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e  institutos  superiores  de  educação,  admitida,  como  formação mínima para  o  exercício  do  magistério  na  educação  infantil  e  nas  quatro primeiras séries do ensino  fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal (BRASIL, 1996).  

Dados do Censo Escolar de 2012 mostram que 71.896 são os docentes atuantes na 

modalidade  da  EP,  prevalecendo  a  atuação  masculina  com  39.315  e  a  feminina 

corresponde a 32.581. Em  relação à  formação desses docentes, o Censo nos  revela que 

são  65.220  profissionais  com  formação  em  nível  superior.  No  entanto,  quando 

delimitamos  entre  curso  superior  com  licenciatura  e  sem  licenciatura,  teremos 

respectivamente: 18.142 e 47.078. Esses dados evidenciam, portanto que são profissionais 

que ainda não atendem ao artigo proposto pela nossa LDB. Além disso, 

 [      ]  em  vista  das  atuais  questões  relativas  ao mundo  do  trabalho,  à dinâmica  tecnológica  e  de  produção  de  conhecimentos,  à  diversidade cultural, à  sustentabilidade ambiental, à vida em  sociedade, o exercício dessa  docência  se  tornou  mais  complexo,  exigindo‐se  das  práticas pedagógicas  maior  coerência,  consistência,  diálogo,  participação (MACHADO, 2011,p 693).  

Os  Institutos  Federais  de  Educação,  Ciência  e  Tecnologia,  bem  como  outras 

instituições de ensino que compõem a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e 

Tecnológica foram instituídos através da Lei Nº 11.892 de 29 de dezembro de 2008, a qual 

em seu artigo 2o dispõe: 

 

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  Graciela Fagundes Rodrigues ‐ Gabriela Fabian ‐ Liliana Maria Passerino 

 

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.9 

 

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Art.  2º  Os  Institutos  Federais  são  instituições  de  educação  superior, básica  e  profissional,  pluricurriculares  e  multicampi,  especializados  na oferta  de  educação  profissional  e  tecnológica  nas  diferentes modalidades  de  ensino,  com  base  na  conjugação  de  conhecimentos técnicos  e  tecnológicos  com  as  suas práticas pedagógicas,  nos  termos desta Lei (BRASIL, 2008).  

Os Institutos Federais (IFS) ressaltam a valorização da educação e das instituições 

públicas, aspectos das atuais políticas assumidos como fundamentais para a construção 

de  uma  nação  soberana  e democrática, o que pressupõe o  combate  às desigualdades 

estruturais de toda ordem. Nesse sentido, os IFS devem ser considerados bem público e, 

como  tal,  pensados  em  função  da  sociedade  como  um  todo  na  perspectiva  de  sua 

transformação. Além disso, respondem à necessidade da institucionalização da Educação 

Profissional e Tecnológica como política pública (BRASIL, 2010). 

Por essa razão, nosso trabalho volta‐se ao estudo da formação de professores que 

atuam no Pronatec, especificamente nos cursos qualificação profissional, tendo em vista 

que,  conforme  consta  na  Lei  11.892/20088,  50%  das  vagas  dos  Institutos  Federais,  no 

mínimo, são destinadas para: 

I  ‐  ministrar  educação  profissional  técnica  de  nível  médio, prioritariamente na  forma de cursos  integrados, para os concluintes do ensino  fundamental  e para o público da  educação de  jovens  e  adultos (BRASIL, 2008).  

Além desse objetivo, ressaltamos o inciso II da mencionada Lei que acrescenta que 

um dos objetivos dos IFs também é: 

II  ‐ ministrar  cursos de  formação  inicial e  continuada de  trabalhadores, objetivando  a  capacitação,  o  aperfeiçoamento,  a  especialização  e  a atualização  de  profissionais,  em  todos  os  níveis  de  escolaridade,  nas áreas da educação profissional e tecnológica (BRASIL, 2008).  

Dessa  forma,  temos nos  Institutos Federais um  importante  lócus de qualificação 

profissional de jovens e adultos e sua presença está em todo território nacional, ou seja, 

todos os estados brasileiros possuem pelo menos um Instituto Federal. No Rio Grande do 

Sul,  são  três  Institutos  Federais  (Rio  Grande  do  Sul,  Farroupilha  e  Sul‐rio‐grandense), 

abrangendo cada um deles vários campus.  

                                                            8 Lei n. 11.892, de 29 de dezembro de 2008, art. 8º. 

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  Graciela Fagundes Rodrigues ‐ Gabriela Fabian ‐ Liliana Maria Passerino 

 

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.10 

 

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No entanto, que desafios se apresentam na docência dos profissionais que atuam 

nos  cursos  de  qualificação  profissional?  Como  construir  ferramentas  pedagógicas  que 

possam  contemplar  e  viabilizar  a  formação  dos  estudantes  e  dos  trabalhadores  nos 

cursos  oferecidos  pelo  Pronatec?  Inquietações  como  essas  nos  aproximam  então  das 

Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) como aliadas neste processo de ensino, 

de aprendizagem e também de formação docente. Como afirma Nóvoa (2009, p.12, grifos 

do autor):  

Os professores reaparecem, neste  início do século XXI, como elementos insubstituíveis não só na promoção das aprendizagens, mas também na construção  de  processos  de  inclusão  que  respondam  aos  desafios  da diversidade e no desenvolvimento de métodos apropriados de utilização das novas tecnologias.  

 

Tecnologias e metodologias de apoio à aprendizagem 

Nos dias atuais, com a visível evolução  tecnológica e sua  influência  inevitável no 

campo educacional, muito  se  tem  falado  sobre utilização de Objetos de Aprendizagem 

(OAs), tanto na Educação a Distância como no apoio ao ensino presencial. Tais recursos 

digitais  vêm  sendo  aplicados  em  diferentes  áreas  do  conhecimento,  permitindo  que 

novas práticas ampliem antigas possibilidades. 

Especificamente na área da educação, os OAs possibilitam que conteúdos sejam 

abordados  na  forma  de  imagens  digitais,  vídeos,  hiperdocumentos,  animações, 

simulações, páginas web, jogos educacionais entre outros (BEHAR, 2009). Os OAs surgem 

como  forma  de  potencializar  áreas  do  conhecimento,  originando  novas  maneiras  de 

pensar a  respeito do uso da comunicação, da ciência da  informação, da construção do 

conhecimento e de sua interação com o real e o virtual. 

Por  outro  lado,  mais  do  que  estudos  específicos  sobre  concepção  e 

desenvolvimento  de  OAs,  sua  disseminação  trouxe  também  uma  preocupação  sobre 

avaliação  dos  objetos  disponíveis  na  rede  ou  em  outros meios.  Considerando  que  os 

processos de elaboração e  implementação de um objeto  são demorados e demandam 

trabalho,  faz‐se necessário que  se estabeleçam critérios de qualidade que  simplifiquem 

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  Graciela Fagundes Rodrigues ‐ Gabriela Fabian ‐ Liliana Maria Passerino 

 

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.11 

 

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não apenas o desenvolvimento, mas também a seleção de OAs adequados aos objetivos 

educacionais de professores, alunos, instituições e demais interessados. 

Os  objetos  de  aprendizagem  surgiram  com  o  objetivo  de  localizar  conteúdos 

educacionais  na  web,  para  serem  reutilizados  em  diferentes  cursos  e  plataformas, 

possibilitando,  assim,  a  redução  de  custos  de  produção  de materiais  educacionais. Ao 

longo do  tempo, a  ideia  inicial  foi sendo aprimorada a partir de estudos  realizados por 

diversos  pesquisadores,  gerando  várias  definições  para  o  termo,  que  apresentam 

convergências e divergências. Haughey e Muirhead (2005) apontam que existem diversas 

definições  para  o  termo  e  que  algumas  se  concentram  na  parte  "objeto"  do  termo, 

enquanto outros  têm enfatizado o aspecto da  "aprendizagem". Algumas destas visões 

são apresentadas nos parágrafos que seguem.  

Segundo  Meyer  (2008),  Objeto  de  Aprendizagem  é  qualquer  recurso  digital 

utilizado nos processos de ensino e aprendizagem suportado por TICs. Para Wiley (2000), 

OAs são pequenos componentes instrucionais que podem ser reutilizados inúmeras vezes 

em diferentes contextos de aprendizagem. Este autor entende que os OAs devem ter as 

seguintes  características:  serem  autoexplicativos,  modulares,  agregáveis,  digitais, 

interoperáveis e reutilizáveis. 

Por fim, ressalta‐se que os OAs não têm valor ou utilidade fora dos contextos de 

ensino,  seu  valor  está  na  sua  aplicação  às  configurações  de  sala  de  aula  e  ambientes 

online nos quais os professores podem ou não estar presentes  (HAUGHEY; MUIRHEAD 

2005). 

Como  nosso  propósito  é  aliar  a  tecnologia  nos  processos  de  formação  de 

professores,  especialmente  em  um  curso  de  qualificação  profissional  do  Pronatec, 

optamos pela utilização de objetos de  aprendizagem multimodais  já que pretendemos 

integrar alunos, professores, conteúdos das disciplinas: como textos, vídeos e materiais 

extras chamados SCORM (Sharable Content Object Reference Model)9.  

                                                            9 O SCORM é um conjunto unificado de padrões e especificações para conteúdo, tecnologias e serviços para 

e‐learning.  Define  um  modelo  de  agregação  de  conteúdo  e  um  ambiente  de  execução  (run‐time environment) para objetos educacionais baseados na web (FABRE, TAROUCO, TAMUSIUNAS, 2003). 

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  Graciela Fagundes Rodrigues ‐ Gabriela Fabian ‐ Liliana Maria Passerino 

 

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.12 

 

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Autores  como  Moreno  e  Mayer  (2007)  definem  ambientes  de  aprendizagem 

multimodais  como  ambientes  de  aprendizagem  que  usam  dois modos  diferentes  para 

representar o contexto de conhecimento: o verbal e o não verbal. 

O  uso  da  Realidade  Virtual  (RV)  na  educação  tende  a  promover  um  novo 

paradigma educacional, onde os estudantes não só recebem  informações, mas também 

interagem  entre  si,  utilizando  conteúdos  de  diversas  formas, manipulando  o  alvo  que 

deve  ser  analisado,  explorado  e  estudado  (MATOS,  2011).  Uma  das  principais 

características da RV é a possibilidade de  interação social, proporcionando a capacidade 

de ações e reações, instantaneamente, em tempo real (GUASQUE ARAÚJO, 2005). 

O  Second  Life  (SL)  é  um  dos  ambientes  de  realidade  virtual mais  conhecido  no 

mundo. Com ambiente de visão tridimensional, foi tomado a princípio como um ambiente 

de  entretenimento  e  interação  social, mas  chamou  a  atenção  dos  pesquisadores  pelo 

crescente número de usuários,  abrindo diversas possibilidades de exploração  (MATOS, 

2011). O SL foi lançado em 2003 pelo Linden Research – INC e possui, aproximadamente, 16 

milhões de usuários registrados, com grande capacidade de interação, configuração e de 

recursos técnicos. Uma das primeiras empresas a utilizar os recursos deste ambiente com 

propósitos educacionais foi a IBM, que também teve participação na criação do mesmo. 

De  acordo  com  Giraffa  (2009),  por  volta  de  100  instituições  de  ensino,  possuem 

atividades dentro do ambiente. 

O OpenSim que faz parte do Projeto OpenSimulator (OS), é um servidor de Mundos 

Virtuais que pode ser utilizado para criar e desenvolver ambientes virtuais em 3D. Ele vem 

sendo desenvolvido por vários programadores. Pronto para uso, o OpenSimulator pode 

ser  utilizado  para  criar  um  ambiente  semelhante  ao  Second  Life.  Também  pode  ser 

facilmente estendido para produzir aplicações  interativas em 3D mais especializadas. A 

interação acontece através de bate‐papos e observação das ações de outros Avatares10. 

O  servidor  OpenSim  é  uma  solução  de  código  aberto,  o  que  oferece  alta 

compatibilidade com o SL e com protocolos de comunicação com outras plataformas. É 

amplamente  utilizado  por  universidades  e  grandes  empresas  (por  exemplo,  IBM, 

                                                            10 Trata‐se de um perfil virtual para disponibilizar em interfaces digitais. 

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  Graciela Fagundes Rodrigues ‐ Gabriela Fabian ‐ Liliana Maria Passerino 

 

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.13 

 

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Microsoft). Sendo uma  fonte aberta, o aplicativo concede aos designers a  liberdade de 

criação  de  uma multiplicidade  de  interfaces de  usuário,  simulações  e  ambientes. Além 

disso,  é  especialmente  adequado  para  a  pesquisa,  porque  através  da  criação  de  um 

servidor  privado,  podemos  ter  experiências  sem  influência  externa  de  outros.  Em 

contrapartida, o  servidor de  SL oficial  restringe o  número de objetos  e o  tamanho de 

scripts, dependendo do tamanho da área (SECOND LIFE, 2011). No OpenSim não existem 

tais restrições.  

Na  sequência,  apresentamos  o  ambiente  de  realidade  virtual  que  está  sendo 

elaborado para a pesquisa, a partir das possibilidades que os OAs e os Mundos Virtuais, 

descritos neste item do texto, promovem no desenvolvimento das ações pedagógicas na 

EP. 

 

O ambiente e a metodologia de desenvolvimento da pesquisa 

O “VirtualTche” é um ambiente virtual, em fase de elaboração, por um grupo de 

estudos  composto  por  professores  e  alunos  de  um  campus  pertencente  ao  Instituto 

Federal.  O  “VirtualTche”  apresenta‐se  como  uma metodologia  de  trabalho,  a  qual  os 

estudantes  podem  realizar  interações  e  adquirir  conhecimentos  de  uma  forma  mais 

autônoma e dinâmica do que a disponibilizada pelos  tradicionais ambientes virtuais de 

aprendizagem como o Moodle ou Teleduc por exemplo. O principal objetivo da realização 

desta interação é possibilitar a troca de informações sobre os conteúdos das aulas entre 

professores  e  estudantes,  bem  como  comunicar‐se  em  um  ambiente  imersivo11  e 

totalmente voltado para conteúdos educacionais.  

 

 

 

 

                                                            11 Ambientes imersivos são os espaços que utilizam sistemas computacionais para promover um estado de 

ilusão perceptiva  e que  incitam o  visitante  à participação. A  imersão  é usada  como um  estágio para aniquilar  a  diferença  entre  realidade  e  representação  e  como  instrumento  de  persuasão  da mente fazendo a passagem entre o realismo e o fantasioso (MEDEIROS, 2005).  

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  Graciela Fagundes Rodrigues ‐ Gabriela Fabian ‐ Liliana Maria Passerino 

 

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.14 

 

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A Figura 1 apresenta o ambiente modelado de acordo com o ambiente real. 

     Figura 1: Metaverso desenvolvido.  

A Figura 2 apresenta o avatar  interagindo com o ambiente Moodle, que pode ser 

utilizado dentro do metaverso desenvolvido  com  a  finalidade de  integrá‐lo  com OAs e 

outros ambientes educacionais.  

 

   Figura 2: Avatar fazendo acesso ao Moodle.  

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  Graciela Fagundes Rodrigues ‐ Gabriela Fabian ‐ Liliana Maria Passerino 

 

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.15 

 

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Como afirmamos anteriormente, OAs podem ser  integrados ao metaverso com a 

finalidade  educacional.  No  exemplo  da  Figura  3,  o  avatar  está  assistindo  um  vídeo  a 

respeito  de montagem  e manutenção  de  computadores,  curso  o  qual  será  utilizada  a 

proposta do ambiente de realidade virtual. 

 Figura 3: Avatar usando um Objeto de Aprendizagem 

 

A Figura 4 apresenta o mesmo vídeo sendo assistido no ambiente virtual da sala de 

aula no qual mais avatares podem interagir e estudar no mesmo ambiente. 

 Figura 4: Avatar assistindo um vídeo no ambiente de realidade virtual da sala de 

aula  

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  GRACIELA FAGUNDES RODRIGUES 

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.16 

 

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Os  próximos  passos  da  pesquisa  consistem  em  disponibilizar  o  ambiente 

desenvolvido aos participantes, que são os docentes que atuarão no Curso de Montador 

e Reparador de Computadores. O  referido curso  iniciará no mês de maio de 2014 e seu 

público‐alvo é a comunidade  local com, no mínimo, o ensino  fundamental completo. A 

carga horária é de 160 horas, com aulas semanais no turno da tarde.  

Os professores que trabalharão no curso foram selecionados em edital de seleção 

externo ao campus do Instituto Federal. No quadro 1 apresentamos os requisitos mínimos 

que foram utilizados para a seleção dos professores para atuarem no Curso de Montador 

e Reparador de Computadores. 

 

Quadro 1 ‐ Requisitos mínimos para seleção dos professores. 

Disciplina/modulo  Carga Horária 

Vagas  Requisito mínimo exigido 

Ética e Orientação profissional  20h  01  Licenciatura nas Ciências Humanas 

Introdução à Informática  16h  01  Curso técnico ou superior na área 

Introdução a Eletrônica  20h  01  Graduação em Engenharia  

Elétrica ou física 

Introdução a Sistemas Operacionais 

24h  01  Curso técnico ou superior na área 

Redes de Computadores  20h  01  Curso técnico ou superior na área 

Instalação, Configuração e Manutenção de Hardware 

60h  01  Curso técnico ou superior na área 

Fonte: Edital de seleção de professores. 

 

No quadro 2 apresentamos a formação dos professores que ministrarão cada uma 

das disciplinas, após realizado o processo de seleção. 

 

 

 

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  GRACIELA FAGUNDES RODRIGUES 

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.17 

 

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Quadro 2 – Formação do professor ministrante de cada uma das disciplinas oferecidas no curso 

Disciplina  Formação do professor ministrante 

Ética e Orientação profissional  Graduação em pedagogia 

Introdução à Informática  Graduação em Sistemas de Informações 

Introdução a Eletrônica  Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas 

Introdução a Sistemas Operacionais  Graduação em Sistemas de Informações 

Redes de Computadores  Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas 

Instalação, Configuração e  

Manutenção de Hardware 

Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas 

Fonte: Elaborado pelos autores. 

 

Evidenciamos  pelo  quadro  2,  que  a  formação  pedagógica  está  presente  em 

somente  um  dos  professores  (Graduação  em  Pedagogia),  os  demais  irão  aliar  seus 

conhecimentos  e  experiências  com  o  “tornar‐se  professor”.  E  uma  das  variáveis  que 

podem contribuir neste processo é a viabilização de recursos educacionais digitais como 

uma  ação  viável  e  possível  e  que  possa  aproximar  os  professores  das  tecnologias 

emergentes,  neste  caso,  a  realidade  virtual.  No  entanto,  como  afirma  Tardif  (2013b, 

p.568)  

 [   ] os conhecimentos dos professores não são a soma de ‘saberes’ ou de ‘competências’  que  poderiam  ser  descritos  e  encerrados  num  livro  ou num  catálogo  de  competências.  São  saberes  integrados  às  práticas diárias  de  ensino  que  são,  em  grande  parte,  sobredeterminados  por questões normativas ou até mesmo éticas e políticas.  

Neste  momento,  outros  OAs  estão  sendo  desenvolvidos  com  a  finalidade  de 

desenvolver um ambiente integrado com a formação contínua destes profissionais para a 

docência.  Os  professores  irão  explorar  e  utilizar  o  ambiente  com  os  objetos  de 

aprendizagem antes de iniciarem suas disciplinas. 

 

 

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  GRACIELA FAGUNDES RODRIGUES 

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.18 

 

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Considerações parciais 

Esse  texto  teve  como propósito  apresentar  uma  pesquisa  que  está  em  fase  de 

desenvolvimento  e que dialoga  com  a  Educação Profissional. O  ambiente de  realidade 

virtual está  finalizado e possibilita a  integração  com objetos de aprendizagem a  serem 

escolhidos  e  utilizados  pelos  professores.  Após  a  escolha  e  utilização,  os  docentes 

participantes  serão  acompanhados  pelos  pesquisadores  em  suas  disciplinas  para 

evidenciarmos  a  aproximação  desta  proposta  às  suas  práticas  pedagógicas  e  se  ela 

viabiliza processos de aprendizagem mais dinâmicos aos alunos do curso. Por esta razão, 

nosso olhar direciona‐se para além de um curso em si, mas como a ação pedagógica é 

importante e  indispensável na viabilização de processos de qualificação profissional dos 

aprendizes. Concluindo, concordamos com Tardif  (2013b, p. 561) ao  revelar que “[      ] o 

ensino  não  é mais  uma  atividade  que  se  executa, mas  uma  prática  na  qual  devemos 

pensar, que devemos problematizar, objetivar, criticar, melhorar”. 

Constituir, cotidianamente, um  trabalho coletivo  tem apontando possíveis pistas 

para  uma  formação  profissional  responsável  e  favorecedora  de  aprendizagem  para 

todos. Com esse entendimento, rupturas com os discursos pedagógicos que delimitam a 

aprendizagem  em  função  das  condições  socioeconômicas  ou  pessoais  dos  estudantes 

dão margem  a  discursos  direcionados  a mudanças  de  fato  ou  a  possibilidades  destas. 

Essas dinâmicas pelas quais a sociedade vem se organizando, repercutem diretamente na 

Educação,  com especial  atenção nas estratégias que os professores desenvolvem para 

alcançarem os objetivos de ensino em consonância com as necessidades e demandas da 

atualidade. 

Julga‐se este um trabalho de pesquisa importante perante a dimensão que EP vem 

apresentando. A partir dos objetivos para os quais o Pronatec  foi  instituído, é cada vez 

mais necessário o olhar para a formação de professores da EP para que possam qualificar 

tanto jovens quanto adultos que buscam uma profissão, e com ela, almejarem postos de 

trabalho.  Ademais,  jovens  e  adultos  que  olhem,  criticamente,  para  a  realidade  e 

demandas sociais e aspirem ao aperfeiçoamento constante.  

 

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Referências 

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  GRACIELA FAGUNDES RODRIGUES 

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.20 

 

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 PRONATEC E FORMAÇÃO DOCENTE: INTERLOCUÇÕES POSSÍVEIS A PARTIR DA TECNOLOGIA  GRACIELA FAGUNDES RODRIGUES 

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.21 

 

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