revinter revista da toxicologia -volume 7 número 2 jun de 2014 - são paulo

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REVISTA DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

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  • ISSN 1984-3577

    So Paulo, v. 7, n. 2, jun. 2014

  • _______________________________________________________________________________________________________

    RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 7, n. 2, p. 05-124, jun. 2014

    2014 Intertox

    Peridico cientfico de acesso aberto, quadrimestral e arbitrado

    meses: (2) fevereiro, (6) junho e (10) outubro.

    Qualquer parte desta publicao pode ser reproduzida desde que citada a fonte.

    As opinies e informaes veiculadas nos artigos so de inteira e exclusiva responsabilidade dos

    respectivos autores, no representando posturas oficiais da empresa Intertox Ltda.

    Sees

    Artigo Original; Artigo de Atualizao; Comunicao Breve; Ensaio; Nota de Atualizao e

    Reviso; Notas

    Idiomas de Publicao

    Portugus e Ingls

    Contribuies devem ser enviadas para .

    Disponvel em: .

    Normalizao e Produo Web site

    Henry Douglas

    Capa

    Henry Douglas

    Projeto Grfico

    Henry Douglas

    Rua Turiass, 390 - cj. 95 - Perdizes - 05005-000 - So Paulo - SP Brasil Tel.: 55 11 3872-8970

    http://www.intertox.com.br / [email protected]

    RevInter Revista Intertox de Toxicologia,

    Risco Ambiental e Sociedade. / InterTox uma empresa do

    conhecimento. v. 7, n. 2, (jun. 2014).- So Paulo: Intertox. 2014.

    Quadrimestral

    ISSN: 1984-3577

    1. Cincias Toxicolgicas. 2. Risco Qumico. 3. Sustentabilidade

    Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento.

    Biblioteca InterTox II. Ttulo.

    1. Cincias Toxicolgicas. 2. Risco Qumico. 3. Sustentabilidade

    Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento.

    Biblioteca InterTox II. Ttulo.

  • _______________________________________________________________________________________________________

    RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 7, n. 2, p. 05-124, jun. 2014

    Expediente

    Editor(a) Conselho Editorial Cientfico (2011-2013)

    Maurea Nicoletti Flynn Alice A. da Matta Chasin

    Bibliotecria Doutora em Oceanografia (USP) Doutora em Toxicologia (USP)

    Com Especializao Ecologia

    Comit Cientfico (2011-2013)

    Irene Videira Lima

    Doutora em Toxicologia (USP), Perita Criminal

    Toxicologista do IML-SP por 22 anos.

    Marcus E. M. da Matta

    Doutor em Cincia pela Faculdade de Medicina

    USP. Especialista em Gesto Ambiental (USP).

    Engenheiro Ambiental e Turismlogo.

    Moyss Chasin

    Farmacutico-bioqumico pela UNESP-SP

    especializado em Laboratrio de Anlises

    Clnicas e Toxicolgicas e de Sade Pblica.

    Ex-Perito Criminal Toxicologista de classe

    especial e Diretor no Servio Tcnico de

    Toxicologia Forense do Instituto Mdico Legal

    da SSP/So Paulo. Diretor executivo da

    InterTox desde 1999.

    Ricardo Baroud

    Farmacutico-Bioqumico Toxiclogo, Editor

    Cientfico da PLURAIS Revista

    Multidisciplinar da UNEB e da TECBAHIA

    Revista Baiana de Tecnologia.

    Eduardo Athayde

    Coordenador no Brasil do WWI - World Watch

    Institute

    Eustquio Linhares Borges

    Mestre em Toxicologia (USP), ex-Presidente da

    Sociedade Brasileira de Toxicologia, ex-

    Professor Adjunto de Toxicologia da UFBA.

    Fausto Antonio de Azevedo

    Mestre em Toxicologia USP, ex-Diretor Geral

    do Centro de Recursos Ambientais do CRA-BA,

    ex-Presidente do CEPED-BA, ex-Subsecretrio

    do Planejamento, Cincia e Tecnologia do

    Estado da Bahia.

    Isarita Martins

    Doutora e Mestre em Toxicologia e Anlises

    Toxicolgicas (USP), Ps-doutorado em

    Qumica Analtica (UNICAMP), Farmacutica-

    Bioqumica Universidade Federal de Alfenas

    MG.

    Joo S. Furtado

    Doutor em Cincias (USP), Ps-doutorado

    (Universidade da Carolina do Norte, Chapel

    Hill, NC, EUA).

    Jos Armando-Jr

    Doutor em Cincias (Biologia Vegetal) (USP),

    Mestre (UNICAMP), Bilogo (USF).

    Sylvio de Queiroz Mattoso

    Doutor em Engenharia (USP), ex-Presidente do

    CEPED-BA.

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    RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 7, n. 2, p. 05-124 jun. 2014

    Sumrio TOXICOLOGIA

    Aspectos toxicolgicos da Benzidamina 5

    Plantas Txicas: Conhecimento de populares para preveno de acidentes 17

    Mtodos alternativos in vitro e in silico: mtodos auxiliares e substitutivos

    experimentao animal 37

    ECOTOXICOLOGIA

    Avaliao do potencial toxicolgico de hormnios sexuais sintticos utilizando

    bioensaios 58

    Sewage sludge hazard index based on bioassays: strategic tool for the decision-

    making process on sludge agricultural use 76

    SUSTENTABILIDADE

    Registro de emisso e transferncia de poluentes: estudo de caso do processo de

    cromao de linguetas de ao carbono 83

    SOCIEDADE

    A problematizao como estratgia didtica em aulas sobre uso indevido de

    drogas e farmacodependncia 114

  • Reviso

    CERQUEIRA, Gilberto Santos; CALLOU, Iana Bantim Felicio;SIQUEIRA, Rafaelly Maria

    Pinheiro;DE CARVALHO, Mailson Fontes;DE FREITAS, Ana Paula Fragoso;DE FREITAS,

    Rivelilson Mendes;MARIZ, Saulo Rios. Aspectos toxicolgicos da Benzidamina. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 7, n. 2, p. 05-16, jun. 2014.

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    Aspectos toxicolgicos da Benzidamina

    Gilberto Santos Cerqueira

    Programa de Ps-Graduao em Cincias Farmacuticas da

    Universidade Federal do Piau, Teresina

    Laboratrio de Anatomia, Campus CSHNB

    E-mail: [email protected].

    Iana Bantim Felicio Callou

    Doutora em Farmacologia, Docente do Curso de Nutrio da

    Universidade Federal do Piau. Campus CSHNB

    Rafaelly Maria Pinheiro Siqueira

    Doutorada em Farmacologia pela Faculdade de Medicina da

    Universidade Federal do Cear, Cear.

    Mailson Fontes de Carvalho

    Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Piau. Campus

    CSHNB

    Ana Paula Fragoso de Freitas

    Doutoranda em Cincias Mdicas pela Faculdade de Medicina da

    Universidade Federal do Cear, Cear.

    Rivelilson Mendes de Freitas

    Programa de Ps-graduao em Cincias Farmacuticas, Ncleo de

    Tecnologia Farmacutica, Laboratrio de Pesquisa em Neuroqumica

    Experimental, Universidade Federal do Piau.

    Saulo Rios Mariz

    Centro de Cincias Biolgicas e da Sade. Universidade Federal de

    Campina Grande

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    RESUMO

    O uso indevido de medicamentos tem sido objeto de pesquisa. Entre essas

    substncias encontramos a benzidamina, um anti-inflamatrio muito

    utilizado como droga de abuso. Assim, o objetivo desse trabalho foi realizar

    uma reviso bibliogrfica sobre os aspectos toxicolgicos da benzidamina",

    enfocando questes clnicas, tanto no que concerne aos efeitos teraputicos

    quanto txicos dessa substncia. Foi realizada uma reviso bibliogrfica

    atravs das bases de dados Pubmed, SciELO, Lilacs e Medline,

    selecionando-se estudos relevantes para a discusso do tema abordado. Aps

    anlise dos artigos selecionados, verificou-se que a benzidamina em altas

    doses causa um aumento da produo e da liberao dopaminrgica

    cerebral, acelerando a atividade no sistema mesocrtico lmbico que controla

    as funes, como memria e emoes, causando efeitos de recompensa, tais

    como, alterao da percepo da realidade e consequentemente, alucinaes

    visuais. Constata-se a necessidade de elaborao de polticas pblicas para

    preveno e combate ao uso de drogas, associada a um maior rigor na

    dispensao e comercializao desse medicamento pelas farmcias de

    drogarias.

    Palavras-chave: Benzidamina. Abuso de drogas. Farmacoepidemiologia.

    Toxicologia. Transtornos relacionados ao uso de substncias.

    ABSTRACT

    The drug abuse has been the object of several research. Among these

    substances, the benzydamine is widely used as an anti-inflammatory and as

    a drug of abuse. We conducted a literature review about the "toxicological

    aspects of benzydamine, focusing on clinical issues, both with regard to

    therapeutic effects as toxic aspects. A literature review was conducted

    through the databases Pubmed, Scielo, Lilacs and Medline, in which studies

    were selected, recent and relevant to the discussion of the subject. After

    analysis of the selected articles, it was found that the benzydamine in high

    doses causes an increase in production and release of dopamine in the brain,

    speeding up the activity in the limbic system that controls the functions,

    such as memory and emotions, causing changes in the perception of reality

    and consequently visual hallucinations. There is a need to formulate public

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    policies for preventing and combating drug use, associating with a higher

    accuracy in the dispensing and commercialization of medicine by

    pharmacies and drugstore.

    Keywords: Benzydamine. Drug abuse. Pharmacoepidemiology. Toxicology.

    Substance-related disorders.

    INTRODUO

    A histria da produo e do uso de drogas faz parte da prpria

    histria da humanidade. Nas ltimas dcadas, porm, em funo de sua

    elevada frequncia, transformou-se em problema mundial de sade pblica,

    despertando o interesse de pesquisadores (TAVARES et. 2004).

    O consumo de drogas tornou-se motivo de preocupao constante da

    sociedade brasileira. Neste contexto, as pesquisas epidemiolgicas sobre o

    uso de substncias psicoativas, so de especial relevncia para elaborao de

    polticas pblicas adequadas e efetivas de preveno ao uso indevido dessas

    substncias (BUCHER 1992; GUIMARES et al. 2004).

    A Benzidamina um anti-inflamatrio no esteroidal utilizado no

    tratamento de diversas doenas como processos inflamatrios tumefativos e

    dolorosos, faringites, laringites, traquetes gengivites, estomatites

    vulvovaginites e cervicites. Esse frmaco atua basicamente inibindo a

    sntese das prostaglandinas, sendo esse tambm o mecanismo responsvel

    por efeitos indesejveis gastrointestinais e renais. No Brasil, prtica

    comum o uso indevido de benzidamina, principalmente entre menores de

    rua, como droga de abuso, devido aos seus efeitos alucingenos (CANELAS

    et al. 2008; MOTA et al. 2010).

    No Brasil, levantamentos sistemticos tm sido realizados com o

    objetivo de estudar a prevalncia do uso de lcool e outras drogas

    psicoativas lcitas e ilcitas, porm existem na literatura poucos estudos

    demonstrando o potencial toxicolgico, inclusive psicoativo, da benzidamina.

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    Dessa forma, estudos dessa natureza, tornam-se uma importante

    ferramenta para clnicos conduzirem o tratamento anti-inflamatrio com

    essa droga, bem como para se subsidiar a elaborao de polticas pblicas

    voltadas para a preveno do uso indiscriminado de substncias

    alucingenas.

    Baseado nessas premissas, o objetivo desse trabalho foi realizar uma

    reviso bibliogrfica sobre os aspectos toxicolgicos da benzidamina.

    METODOLOGIA

    Trata-se de uma pesquisa bibliogrfica, de base descritiva, realizada

    no perodo de junho 2013 a abril de 2014 com o levantamento de dados

    pesquisados na literatura, com o objetivo de selecionar estudos relevantes e

    recentes para a discusso do tema abordado, encontrados em bibliotecas

    virtuais e base de dados como SciELO, Lilacs e Google Acadmico, uti-

    lizando a combinao dos seguintes descritores: Benzidamina, Alucingenos

    e drogas de abuso e suas respectivas tradues nos idiomas ingls e

    espanhol. Essa pesquisa no possui nenhum conflito de interesse.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Aps as pesquisas nas bases de dados, foram encontrados alguns

    artigos sobre a benzidamina, conforme listado na tabela 1.

    Tabela 1. Distribuio dos artigos

    Bases de dados Ano n %

    Lilacs 1998-2014 03 18,75

    Google acadmico 1998-2014 10 62,5

    Scielo 1998-2014 03 18,75

    Total 100

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    Qumica e Farmacocintica

    A benzidamina o 1-benzil-3-(3-dimetilaminopropil)-1-H-indazol,

    conforme frmula estrutural apresentada na figura 1. Trata-se de uma base

    fraca, ao contrrio dos medicamentos como a aspirina que so cidos ou

    metabolizados em cidos. As principais vias de biotransformao descritas

    em ratos e seres humanos so: N-oxidao, hidroxilao do anel benzeno ou

    grupo benzlico, eliminao do grupo dimetilaminopropil e desmetilao da

    funo amino (KPPEL e TENCER 1985). Verificou-se que a N-oxidao da

    benzidamina causada por uma monoxigenase de flavina (KAWAJI et al.

    1993).

    Figura 1. Estrutura qumica da Benzidamina

    A benzidamina pouco absorvida atravs da pele e mucosas sendo

    rapidamente absorvida atravs do trato gastrointestinal e sua concentrao

    plasmtica atinge o pico em 2 horas (QUANE et al. 1998). A meia-vida de

    eliminao de aproximadamente 13 horas. A difuso e a solubilidade deste

    frmaco esto dependentes do pH do meio, verificando-se a pH 9 uma maior

    frao no-ionizada. No entanto, verificou-se um aumento da permeao

    deste atravs das membranas com o aumento do pH na faixa de 5 a 7.6, em

    que para valores de pH superiores esta relao deixa de se verificar,

    possivelmente, devido a uma diminuio da solubilidade (SARVEIYA, 2005).

    Aps 24 horas da administrao oral, 39% do cloridrato de benzidamina

    excretado via renal tanto na forma inalterado como metabolizada.

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    Farmacodinmica

    A Benzidamina um anti-inflamatrio no esteroidal utilizado no

    tratamento de diversas patologias como dor, estomatites e processos

    inflamatrios como vulvovaginites. Um grande contraste com os frmacos

    como a aspirina que a benzidamina um fraco inibidor da sntese de

    prostaglandinas, mas tem vrias propriedades, que podem contribuir para a

    sua atividade antiinflamatria (KATZUNG 2010). Essas propriedades

    incluem a inibio da sntese de citoquina inflamatria, fator de necrose

    tumoral- (CE50 = 25 mmol/L). A inibio da exploso oxidativa dos

    neutrfilos ocorre em algumas condies, em concentraes de 30 a 100

    mmol/L, as concentraes que podem ser produzidas no interior de tecidos

    orais, aps aplicao local (QUANTE et al. 1998).

    Uma outra atividade de benzidamina aquela conhecida como um

    estabilizador da membrana, o que demonstrado por vrias aes, incluindo

    inibio da liberao de grnulos de neutrfilos em concentraes que

    variam de 3 a 30 mol / L e de estabilizao de lisossomas (QUANTE et al.

    1998).

    Outra atividade da benzidamina a capacidade de promover

    estabilizao da membrana, sendo demonstrado por vrias aes como

    inibio da liberao de grnulos de neutrfilos em concentraes que

    variam de 3 a 30 mol / L e estabilizao de lisossomas (QUANTE et al.

    1998).

    A Benzidamina um medicamento seguro, bem tolerado e eficaz,

    apresentando poucas contraindicaes. Todavia, o uso em dose elevadas

    pode causar reaes adversas importantes do ponto de vista clnico

    (BALDOCK et al., 1991). A tabela abaixo apresenta os principais valores de

    dose letal mediana (DL 50) desse frmaco para algumas espcies animais e

    determinadas vias de administrao.

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    Tabela 2. Principais valores de DL50 da Benzidamina em Animais.

    DL 50 (mg/Kg) Animal Via

    740 Ratos Oral

    72 Ratos Intraperitoneal

    720 Ratos Subcutnea

    43.5 Ratos Intravenosa

    440 Ratos Oral

    110 Camundongos Intraperitoneal

    218 Camundongos Subcutnea

    33 Camundongos Intravenosa

    O uso da benzidamina seguro em doses teraputicas, porm estudos

    mostram que a ingesto de 500 mg de cloridrato de benzidamina, leva ao

    desenvolvimento de alucinaes e, se tal uso for associado ao lcool, estas

    alucinaes so mais intensas, por isso a utilizao da benzidamina em altas

    dosagens tem sido muito comum entre os adolescentes e jovens,

    principalmente na vida noturna, em busca da alterao de conscincia e de

    efeitos subjetivos. Na superdosagem, h o aumento da produo e da

    liberao de dopamina no crebro, acelerando a atividade no sistema

    mesocorticolmbico, alm de outros efeitos, como lapsos de memria,

    taquicardia, irritao gstrica e hemorragia entrica (GUIDE et al. 2006).

    Os efeitos visuais so semelhantes aos provocados pelo uso de cido

    lisrgico (LSD). Ocorre o aumento da dopamina no crebro, atuando no

    aumento de atividade do sistema lmbico. Os efeitos mais relatados so as

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    luzes coloridas aps a movimentao dos olhos e o efeito em cmera lenta,

    conhecido pelos usurios como efeito Bruce Lee (GUIDE et al. 2006).

    O mecanismo de ao para os efeitos alucingenos de benzidamina

    desconhecido (OPALEYE et al. 2009). Porm a presena de indazol poderia

    explicar as alucinaes porque semelhante ao composto de indole presente

    em serotonina. A semelhana estrutural entre a benzidamina e a serotonina

    pode ser traduzido em uma ao serotoninrgica, tais como a ativao

    agonista dos receptores 5HT2A. Vrios compostos de indole promovem

    alucinao com base neste mecanismo, tal como dietilamina de cido

    lisrgico (LSD) e DMT (dimethyltriptamine) (SALDANHA et al. 1993;

    CALLAWAY et al. 1999).

    Ingesto crnica de uma quantidade excessiva de benzidamina pode

    levar a nefropatia caracterizada por necrose papilar com descamao da

    papila (leso renal) e ainda pela reduo da taxa de filtrao glomerular

    (KATZUNG 2010). Isso ocorre devido ao impedimento do efeito

    vasodilatador das prostaglandinas causando vasoconstrico renal e reduo

    na taxa de filtrao glomerular. Ainda assim a lipoxigenase induz um

    aumento da permeabilidade de capilar, podendo contribuir para a

    proteinria, por alterar a barreira de filtrao glomerular (MELGAO et al.

    2010). A maioria dos pacientes que desenvolvem nefropatia analgsica

    consumiram AINES por at 3 anos, entre 2 e 5 mg por dia.

    Nos ltimos anos, uso indevido de benzidamina tem sido popular

    entre os adolescentes e jovens (OPALEYE et al. 2009). Na intoxicao aguda

    com benzidamina os principais efeitos observados so: delrio, alucinaes,

    comportamentos anormais, dor de cabea, nistagmo, diplopia, zumbido,

    tonturas, viso turva, convulses, discinesia, letargia, perda de conscincia e

    coma (DOGAN et al. 2006). Vrios destes sintomas podem ocorrer com

    doses teraputicas, a hipotenso e taquicardia so, por vezes presente. O

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    vmito um importante sinal precoce de AINE overdose, e dor abdominal,

    nuseas e sangramento intestinal tambm so frequentes (VALE 1997).

    No Brasil os dados sobre os efeitos adversos destas drogas so

    escassos, mas eles incluem: eritema, prurido, fotossensibilidade, urticria,

    broncoespasmo e disfuno renal. Gmez-Lpez et al. (1990) mencionam um

    caso de intoxicao em uma menina de seis anos que acidentalmente

    ingerido 500mg de benzidamina, sofrendo alucinaes visuais e tteis.

    Sintomas como granulocitose, pancitopenia e coagulopatia tambm

    pode ocorrer em aguda administrao de AINEs por overdose

    (MACDOUGAL et al. 1984; VALE 1997; DOGAN et al. 2006).

    Em intoxicao acidental com lactente de 1 ms com um colutrio a

    base de benzidamina observou-se manifestaes neurolgica caracterizada

    por irritabilidade, crises de espasmos, abalos musculares e cianose

    (SCHVARTSMAN e SCHVARTSMAN 1986).

    Segundo Souza et al., 2008 os principais efeitos da intoxicao com a

    benzidamina encontrados em usurios foram insnia, distrbios

    gastrointestinais, dores no estmago, alucinaes visuais do tipo os

    raiozinhos. A superdosagem, alm das alucinaes, produz sensao de

    perseguio, medo, e em outros, tristeza e abatimento.

    Em um caso de intoxicao humana na Turquia foram encontrados

    apenas alucinaes e sonolncia, porm a overdose de benzidamina pode

    causar granulocitose, pancitopenia e coagulopatia. O tratamento dessa

    overdose foi terapia de suporte de rotina, lavagem gstrica, administrao

    de carvo ativado, alcalinizao urinria e diurese forada para aumentar a

    eliminao de benzidamina (LO e CHAN 1983). Devido s suas

    caractersticas, hemodilise improvvel para melhorar a eliminao, mas

    pode ser necessrio se a insuficincia renal oligrica se desenvolve (DOGAN

  • Reviso

    CERQUEIRA, Gilberto Santos; CALLOU, Iana Bantim Felicio;SIQUEIRA, Rafaelly Maria

    Pinheiro;DE CARVALHO, Mailson Fontes;DE FREITAS, Ana Paula Fragoso;DE FREITAS,

    Rivelilson Mendes;MARIZ, Saulo Rios. Aspectos toxicolgicos da Benzidamina. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 7, n. 2, p. 05-16, jun. 2014.

    14

    et al. 2006). No h antdoto especfico conhecido de benzidamina. A Tabela

    2 resume os principais efeitos sobre os sistemas orgnicos.

    Tabela 3. Resumo das principais manifestaes clnicas induzida pela

    benzidamina em seres humanos

    Sistemas Manifestaes Clnicas

    Sistema

    nervoso

    Alucinaes, sonolncia, insnia,

    alucinaes visuais do tipo os raiozinhos,

    como lapsos de memria, delrio,

    comportamentos anormais, dor de cabea,

    nistagmo, diplopia, zumbido, tonturas,

    viso turva, convulses, discinesia,

    letargia, perda de conscincia e coma

    Sistema

    digestrio

    Distrbios gastrointestinais, dores no

    estmago, vmitos, taquicardia, irritao

    gstrica e hemorragia entrica

    Sistema

    urinrio

    Necrose papilar, Insuficincia renal,

    anria, hiponatremia, diminuio da taxa

    de filtrao glomerular

    Sistema

    cardiovascular

    Taquicardia, hipotenso

    Sistema

    hematopoitico

    Granulocitose, pancitopenia e

    coagulopatia

    Segundo Saldanha et al. (1993), em todos os casos de intoxicaes com benzidamina

    houve alucinaes, que regrediram espontaneamente aps quatro e 17 horas, sem

    sequelas, apenas com suporte citado acima.

    Consideraes Finais

    O uso da benzidamina como droga recreacional um problema de

    sade pblica no Brasil e isso agravado pela falta de poltica de controle

  • Reviso

    CERQUEIRA, Gilberto Santos; CALLOU, Iana Bantim Felicio;SIQUEIRA, Rafaelly Maria

    Pinheiro;DE CARVALHO, Mailson Fontes;DE FREITAS, Ana Paula Fragoso;DE FREITAS,

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    15

    desse medicamento. O uso dessa substncia est associado a reaes

    adversas graves no sistema nervoso, urinrio e trato gastrointestinal. A

    elaborao de polticas pblicas de combate ao consumo indiscriminado

    desse medicamento torna-se uma ferramenta de vital importncia para

    diminuir seu uso irracional.

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  • artigo original

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    Pinheiro;PACHECO, Ana Carolina Landim;CALOU, Iana Bantin Felcio;CERQUEIRA,

    Gilberto Santos. Plantas Txicas: Conhecimento de populares para preveno de acidentes. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 7, n. 2, p. 17-36,

    jun. 2014.

    17

    Plantas Txicas: Conhecimento de

    populares para preveno de acidentes

    Las Raquel Rodrigues Silva

    Licenciada em Cincias Biolgicas, Universidade Federal do Piau.

    Campus CSHNB.

    Maria Carolina de Abreu

    Doutora em Botnica, Professora Adjunto II, Curso de Cincias

    Biolgicas, Universidade Federal do Piau - Campus Senador Helvdio

    Nunes de Barros.

    E-mail: [email protected].

    Paulo Michel Pinheiro Ferreira

    Doutor em Farmacologia, Programa de Ps-graduao em Cincias

    Farmacuticas, Departamento de Biofsica e Fisiologia, Centro de

    Cincias da Sade, Universidade Federal do Piau.

    Ana Carolina Landim Pacheco

    Doutora em Biotecnologia, Professora Adjunto II, Curso de Cincias

    Biolgicas, Universidade Federal do Piau, Campus Senador Helvdio

    Nunes de Barros.

    Iana Bantin Felcio Calou

    Doutora em Farmacologia, Professora Adjunto I, Curso de Nutrio,

    Universidade Federal do Piau, Campus Senador Helvdio Nunes de

    Barros.

    Gilberto Santos Cerqueira

    Ps-doutor em Morfologia, Programa de Ps-Graduao em Cincias

    Farmacuticas da Universidade Federal do Piau. Professora Adjunto I,

    Laboratrio de Anatomia Universidade Federal do Piau- Campus

    Senador Helvdio Nunes de Barros.

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    SILVA, Las Raquel Rodrigues;ABREU, Maria Carolina de;FERREIRA, Paulo Michel

    Pinheiro;PACHECO, Ana Carolina Landim;CALOU, Iana Bantin Felcio;CERQUEIRA,

    Gilberto Santos. Plantas Txicas: Conhecimento de populares para preveno de acidentes. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 7, n. 2, p. 17-36,

    jun. 2014.

    18

    RESUMO

    No Brasil as intoxicaes com plantas txicas constituem um

    problema de sade pblica, sendo a principal causa o problema de

    identificao dessas espcies vegetais. Nem sempre a populao tem

    conhecimento sobre o potencial txico de uma espcie vegetal, desse modo,

    objetivou-se avaliar o conhecimento da populao do municpio de Francisco

    Santos - PI sobre plantas txicas. Foram aplicados 101 formulrios de forma

    aleatria entre os moradores do municpio, os quais foram anteriormente

    esclarecidos sobre o teor da pesquisa. Constatou-se que o conhecimento

    sobre plantas txicas emprico, o que no garante uma veracidade das

    informaes que a populao possui. H um dficit de conhecimento sobre o

    assunto, evidenciado quando observados os dados sobre o tratamento no

    caso de acidentes. Pequena parcela dos entrevistados j recebeu algum tipo

    de educao para a preveno de acidentes com plantas txicas. Constatasse

    a necessidade de implementar estratgias educativas capazes de

    proporcionar populao informaes sobre a toxicidade de determinadas

    plantas, modificando hbitos errneos e prevenindo acidentes.

    Palavras chave: Intoxicaes. Plantas venenosas. Toxicidade.

    ABSTRACT

    In Brazil, intoxications by toxic plants are a public health

    problem, and difficulty in the identification of these species is the main

    cause of the problem. Hardly ever people know about the toxic potential of

    plant species, so the objective of this study was evaluate the popular

    knowledge in Francisco Santos - PI about toxic plants. 101 forms were

    randomly applied to the residents of the town, which were previously

    informed about the content of the research. It was verified that knowledge

    about toxic plants is usually empirical, which does not guarantee accuracy

    of people information. There is a knowledge deficit about the subject,

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    SILVA, Las Raquel Rodrigues;ABREU, Maria Carolina de;FERREIRA, Paulo Michel

    Pinheiro;PACHECO, Ana Carolina Landim;CALOU, Iana Bantin Felcio;CERQUEIRA,

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    jun. 2014.

    19

    demonstrated when observed data about treatment in case of accidental

    consumption. Many interviewers have received some kind of information

    about prevention of accidents by toxic plants. It was established the need to

    implement educational strategies capable of providing to the population

    information about the toxicity of some plants, changing bad habits and

    preventing intoxication.

    Keyword: Intoxication. Poisonous plants. Toxicity.

    INTRODUO

    Plantas txicas so todos os vegetais que introduzidos no

    organismo dos homens ou dos animais domsticos so capazes de causar

    danos sade ou at provocar a morte do animal ou atingir a vitalidade

    desses seres (ROSSETTI e CORSI 2009). As plantas txicas causam perigo

    para a sade dos animais, e no ser humano muitas vezes causam efeitos

    indesejveis quando usadas na forma de chs, infuses e outras formas de

    consumo, e da vem a necessidade de esclarecer os nveis de toxicidade das

    mesmas (VASCONCELOS et al. 2009).

    A toxidez das plantas no constante e pode ser afetada por

    diversos fatores (CHEEK 1998; TOKARNIA et al. 2000). Algumas plantas

    apresentam toxidez apenas em certas condies de administrao ou em

    certas pocas do ano. H tambm uma grande variao no contedo do

    princpio txico nas diferentes partes das plantas, geralmente a

    concentrao maior nas sementes, no entanto a grande maioria das

    intoxicaes ocorre por meio da ingesto de folhas. Muitas vezes dependendo

    do estado de armazenamento a toxidez da planta pode ser perdida devido ao

    processo de secagem das folhas (PUPO 1984; CHEEKE 1998; TOKARNIA et

    al. 2000; BARBOSA et al. 2007).

    As plantas txicas possuem substncias que por suas

    propriedades naturais, fsicas e qumicas, alteram o conjunto funcional em

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    jun. 2014.

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    vista de sua incompatibilidade vital, conduzindo o organismo vivo a reaes

    biolgicas adversas (ALBUQUERQUE 1980).

    As plantas txicas podem ser encontradas em todos os ambientes,

    seja, como ornamentais no interior das residncias ou nos jardins e praas.

    comum a ocorrncia de plantas txicas nas zonas rurais, no conhecidas

    pelas populaes locais, favorecendo a ocorrncia das intoxicaes

    (VASCONCELOS 1998). No Brasil, a cada dez casos de intoxicao por

    plantas, seis ocorrem em crianas menores de nove anos, devido presena

    de plantas toxicas em ambientes pblicos, inclusive escolas. As intoxicaes

    entre os adultos tambm so frequentes, sendo causadas, principalmente,

    pelo uso inadequado de plantas medicinais, plantas alucingenas e abortivas

    (VASCONCELOS et al. 2009).

    O desconhecimento por parte da populao sobre efeitos

    secundrios e toxicidade de espcies utilizadas habitualmente pode levar a

    consequncias srias (OLIVEIRA E GONALVES 2006). Assim, este estudo

    teve como objetivo principal avaliar o conhecimento da populao do

    municpio de Francisco Santos no serto piauiense sobre plantas txicas

    baseadas na lista de plantas txicas do Sistema Nacional de Informaes

    ToxicoFarmacolgicas (SINITOX), e desse modo proporcionar uma discusso

    sobre o potencial de toxicidade para algumas espcies vegetais, identificando

    os tipos de plantas txicas existentes no municpio, registrando acidentes e

    ao mesmo tempo educando a populao para a preveno de intoxicaes.

    METODOLOGIA

    O municpio de Francisco Santos apresenta rea de 491,862 Km2, foi

    fundado em 24 de dezembro de 1960, esta situadono entorno do municpio de

    Picos, regio dos chamados Baixes Agrcolas Piauienses, a uma altitude de

    270 metros com clima semimido e quente. Segundo o IBGE (2010) possui

    uma populao estimada em 8.592 habitantes e a economia do municpio

    assenta-se, principalmente, na cajucultura e em atividades comerciais.

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    jun. 2014.

    21

    A coleta de dados foi realizada a partir das informaes obtidas

    atravs da aplicao de formulrios, constando de informaes sobre o perfil

    scio econmico e sondagem sobre o conhecimento de plantas venenosas,

    uma amostra (101 sujeitos) aleatria da populao do municpio de

    Francisco Santos PI. Foram aplicados 101 formulrios em residncias

    escolhidas de forma aleatria. Durante a aplicao dos formulrios,

    compostos por 14 questes mistas abordando o perfil da amostra e o

    conhecimento sobre plantas txicas, os participantes foram apresentados a

    um lbum contendo fotos de 15 plantas reconhecidamente txicas retiradas

    do sitio eletrnico do SINITOX. As imagens foram mostradas no momento

    em que se indagava sobre a 13 e 14 questes, as quais solicitavam o

    contato visual para reconhecimento das espcies txicas a fim de averiguar

    se os participantes conheciam as plantas cujas imagens eram apresentadas

    e se faziam cultivo de tais espcies.

    No processo de coleta de dados foram levadas em considerao as

    exigncias contidas na Resoluo 196/96 do Conselho Nacional de Sade,

    que regulamenta a pesquisa com seres humanos (BRASIL, 1996). Para tanto

    os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,

    onde o mesmo apresenta proposta do estudo, assegurando aos participantes

    o anonimato, a privacidade e o direito de desistir em qualquer etapa da

    pesquisa. Esse estudo no possui nenhum conflito de interesse.

    Todos os formulrios foram analisados luz da literatura

    pertinente, e os dados compilados e os grficos construdos por meio do

    programa Excel 2010.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Uma amostra da populao do municpio de Francisco Santos foi

    entrevistada com o objetivo de avaliar o conhecimento sobre plantas txicas.

    Foram realizadas 101 entrevistas tendo como base um formulrio com 14

    questes pr-definidas. Os entrevistados foram 43 homens e 58 mulheres.

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    jun. 2014.

    22

    Nossos estudos corroboram com os estudos de Oliveira e Gonalves (2006),

    que avaliando o conhecimento sobre plantas de 360 mineiros de Belo

    Horizonte, observou-se a prevalncia do sexo feminino que parece estar mais

    voltado utilizao de plantas medicinais em chs e remdios, e por isso as

    mulheres so conhecedoras daquelas que tem poder curativo ou que so

    txicas, sabendo diferenci-las e nome-las.

    A amostra foi composta por pessoas de diferentes graus de

    escolaridade, desde no alfabetizados (11) a possuidores de ps-graduao

    (3). A escolaridade predominante foi a de Ensino fundamental incompleto

    (41) seguido de Graduao Incompleto (16). Percebe-se uma maioria de

    sujeitos com ensino fundamental incompleto, o que se traduz em baixa

    escolaridade. relevante tambm o nmero de analfabetos, que chega a

    representar 10,9% dos participantes. O saber investigado nesse estudo pode

    ser originrio do meio popular, ou adquirido de outras fontes. Desse modo,

    ter baixa escolaridade no significa que o indivduo no conhece sobre o

    potencial txico de determinadas plantas, pois tal saber pode ter sido a ele

    repassado de forma oral pelos familiares e na comunidade. Nossos estudos

    corroboram com estudos realizados na cidade de Pelotas, RS onde os

    pesquisadores observaram baixa escolaridade dos entrevistados onde 63%,

    possuam apenas o ensino fundamental incompleto (CEOLIN et al. 2011).

    A faixa etria que prevaleceu neste estudo foi entre 18 e 30 anos

    (35) correspondendo a 34,6%, seguido da faixa entre 31 a 55 anos (32)

    equivalendo a 31,7% da amostra. As demais faixas etrias consideradas 56 a

    60 anos (13), 61 75 anos (16) e 76 90 anos (5) perfizeram 33,7% restante

    da amostra.

    A terceira idade, considerada pela OMS (Organizao Mundial de

    Sade) como qualquer pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)

    anos (BRASIL 2003), ocupou apenas 20,8% desta pesquisa com 21

    participantes. Essa faixa etria dotada de maior conhecimento sobre os

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    SILVA, Las Raquel Rodrigues;ABREU, Maria Carolina de;FERREIRA, Paulo Michel

    Pinheiro;PACHECO, Ana Carolina Landim;CALOU, Iana Bantin Felcio;CERQUEIRA,

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    jun. 2014.

    23

    recursos naturais, por terem sentido ao longo da vida a necessidade de

    recorrer s plantas como fonte de medicamento e para evitar aquelas que

    so txicas para o homem ou para os animais. Em um municpio pequeno

    como o de Francisco Santos, apenas com 53 anos de emancipao poltica, a

    medicina demorou a se fixar na cidade e durante muitos anos a teraputica

    natural foi a nica realizada pelos habitantes do lugar, a partir da

    transmisso de saberes e tcnicas pelos descendentes. Desse modo, os idosos

    passaram a dominar o conhecimento sobre as plantas e sua utilidade

    benfica ou malfica para o homem e para os animais.

    O acmulo de conhecimentos empricos sobre a ao dos vegetais

    vem sendo transmitido desde as antigas civilizaes at os dias atuais, e a

    utilizao de plantas medicinais tornou-se uma prtica generalizada na

    medicina popular. O conhecimento sobre plantas medicinais representa

    muitas vezes o nico recurso teraputico de muitas comunidades e grupos

    tnicos (ALVES et al. 2007).

    As novas geraes por nascerem junto s tecnologias e descobertas

    cientficas, parecem crer menos na potencialidade das plantas naturais, seja

    como medicamento seja nas suas propriedades txicas.

    A renda mensal referida pelos participantes da pesquisa foi

    averiguada observando as classes: abaixo de um salrio mnimo (42), um

    salrio mnimo (44), dois a trs salrios mnimos (14) e acima de trs

    salrios mnimos (1). Prevaleceu neste estudo a renda mdia de um salrio

    mnimo. O fato de a maioria dos participantes estarem na idade adulta ou

    velhice pode justificar a renda mdia mensal em torno de um salrio

    mnimo, que seria o recebido pelos aposentados e pensionistas, e a base

    salarial para empregos informais no municpio. Por ser uma cidade

    pequena, seu custo de vida tambm baixo, o que permite aos seus

    habitantes viver satisfatoriamente com tal renda.

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    jun. 2014.

    24

    Estudo de Arnous, Santos e Beinner (2005) tambm encontrou

    baixa renda em 72% dos 500 participantes de uma pesquisa com o objetivo

    de verificar o conhecimento e uso de plantas medicinais entre habitantes de

    Datas MG.

    Quanto a ocorrncia de intoxicaes causadas por espcies de

    plantas, a menor parcela dos entrevistados (36) j havia sofrido algum tipo

    de intoxicao ou conheciam algum que j sofreu intoxicao por alguma

    espcie de planta. Dentre estes, que afirmaram j ter sofrido ou conhecer

    algum que j sofreu intoxicao por plantas, questionou-se ainda como se

    deu o tratamento para o evento de intoxicao. O tratamento domstico das

    intoxicaes foi a forma citada por 31 dos entrevistados enquanto apenas 5

    relataram ter procurado ajuda mdica.

    Esse dado revela que da mesma maneira que as pessoas utilizam-

    se de plantas sem saber ao certo suas propriedades txicas, baseadas

    somente na crena popular transmitida ao longo das geraes, realizam o

    tratamento para os eventos de intoxicao tambm de modo caseiro, com

    frmulas igualmente provenientes do conhecimento popular.

    O fato de em apenas 5 casos, dos 36 em que ocorreram

    intoxicaes, ter havido a procura por atendimento mdico deve estar

    relacionado a gravidade do quadro. Pode-se inferir que essa ao deu-se pela

    gravidade da reao txica, que exacerbada no pode ser tratada em casa.

    A fim de saber mais sobre a intoxicao ocorrida, os mesmo foram

    questionados sobre como se deu o contato com a planta txica. Os achados

    revelam que na maioria dos casos foi de modo acidental (34) enquanto

    apenas dois participantes apontaram a tentativa de uso medicinal da planta

    como causa para a intoxicao.

    Pesquisa similar realizada por Vasconcelos, Vieira e Vieira (2009)

    encontrou resultado semelhante, onde a maioria dos entrevistados vtimas

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    ou conhecedores de casos de intoxicao por plantas txicas informaram que

    o contato ou ingesto foi acidental, e o segundo motivo mais citado foi a

    tentativa de obter uso medicinal da planta. Do mesmo modo que nesta

    pesquisa, a maioria dos participantes que tiveram algum contato tambm

    revelou que o tratamento ocorreu em casa.

    Dentre os acidentes ocorridos, verificou-se qual parte da planta

    havia desencadeado o evento. Prevaleceu o uso das folhas do vegetal como

    parte utilizada para a fabricao de chs ou banho que desencadearam o

    quadro de intoxicao (Figura 01).

    Figura 01. rgos das plantas que provocaram intoxicao, mencionados pelos habitantes

    do municpio de Francisco Santos PI, 2013.

    Corroborando com esta pesquisa, Maioli-Azevedo e Fonseca-Kruel

    (2007) em estudo sobre as plantas medicinais e/ou ritualsticas vendidas em

    feiras livres no Rio de Janeiro RJ, onde entrevistaram 54 erveiros, no que

    se refere parte utilizada da planta para uso medicinal ou ritual

    evidenciou-se um amplo uso das folhas na preparao dos remdios (58%),

    seguido pelo uso da flor (16,1%), a planta toda foi utilizada em 10,7% dos

    casos, e em porcentagem menores caule (5,3%), frutos (4,3%), casca (3,2%) e

    razes (2,1%). Nosso estudo tambm corrobora com os estudos de Freitas e

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    colaboradores (2009), que constataram que as folhas foram parte da planta

    mais utilizada na preparao dos remdios caseiros 77%.

    Santos, Amorozo e Ming (2008) tambm relataram ser a folha a

    parte vegetal mais utilizada com finalidade medicinal em todas as

    categorias de doenas e tipos de leso, e apenas nos casos de leso a segunda

    parte mais utilizada nesses casos foram as cascas. O mesmo foi relatado por

    Vasconcelos, Vieira e Vieira (2009), onde a parte da planta que provocou a

    intoxicao foi na maioria dos casos as folhas.

    Indagou-se os participantes sobre se j haviam recebido algum

    tipo de informao ou orientao a respeito das plantas txicas. Dentre os

    101 entrevistados, 54 afirmaram que sim. Torna-se urgente o incremento de

    estudos interdisciplinares para difuso destes conhecimentos,

    principalmente no sentido de informar e alertar sobre os possveis males

    causados por determinadas plantas ou grupos vegetais populao

    (MAIOLI-AZEVEDO E FONSECA-KRUEL 2007).

    Investigou-se tambm qual a fonte para obteno de conhecimento

    sobre plantas txicas utilizadas pelos participantes do estudo (Figura 02).

    Dentre os meios citados, destacou-se a prpria comunidade (28) como o local

    primordial de informaes. Desse modo confirma-se o j expresso em dados

    anteriores que o saber dos entrevistados proveniente do meio popular, e

    desse modo pode ser passvel de erros, o que compromete e influi

    diretamente na sade da populao. A escola foi citada por 17 participantes,

    parte da populao que deve ser a jovem que ainda frequenta a escola e nela

    obtm informaes a este respeito.

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    Figura 02. Local de obteno de informaes sobre plantas txicas, mencionados pelos

    habitantes do municpio de Francisco Santos PI, 2013.

    Observou-se que o conhecimento que os participantes apresentam

    sobre as plantas txicas proveniente do meio popular, onde as informaes

    so disseminadas pela comunidade a partir de seus descendentes ou por

    meio de relatos de experincias pessoais com tais plantas. Desse modo, nem

    tudo o que sabe tem comprovao cientfica, e precisa ser mais bem estudado

    a fim de informar a populao corretamente sobre os riscos aos quais esto

    expostos ao ter contato com tais espcies.

    Vasconcelos, Vieira e Vieira (2009), perguntaram entre os

    participantes de seu estudo se j haviam recebido algum tipo de informao

    sobre plantas txicas, e o resultado revelou que a maioria dos entrevistados

    (44,4%) afirmou que no. Como local para obteno de conhecimento

    prevaleceu o ambiente residencial, seguido pela escola, na comunidade ou

    com vizinhos e uma minoria afirmou ter sido informados em virtude da

    formao profissional.

    No Brasil existem espcies vegetais conhecidas pelas suas

    propriedades medicinais e outras pela sua toxicidade. O desconhecimento

    das espcies vegetais txicas apontado pelos especialistas como o principal

    fator para ocorrncia desses acidentes. Acredita-se que a melhor forma de

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    prevenir o conhecimento e a divulgao das espcies txicas, assim como a

    sua preveno em programas educativos junto populao, contribuindo

    para a diminuio dos acidentes envolvendo plantas txicas ou suspeitas de

    toxidez (VASCONCELOS, VIEIRA E VIEIRA, 2009).

    Santos, Amorozo e Ming (2008), pesquisando o conhecimento

    popular sobre plantas medicinais entre os habitantes de uma comunidade

    rural do estado de So Paulo, revelaram que todos os colaboradores

    afirmaram ter adquirido seu conhecimento sobre plantas com membros da

    famlia, geralmente as avs e mes que eram parteiras e benzedeiras ou

    profissional tradicional como curandeiros, raizeiros, benzedeiras e parteiras

    que ali viviam.

    Em relao ao conhecimento sobre plantas que se no preparadas

    podem causar reao txica, 54 dos participantes afirmaram ser

    conhecedores de tais espcies. Os entrevistados foram capazes de descrever

    o uso de algumas plantas que puderam identificar no lbum. Os principais

    foram: sobre a Taioba braba (Colocasiaantiquorum Schott), seis afirmaram

    no saber sua utilidade; sobre a Mamona (Ricinuscommunis L.), 35

    reconheceram-na como txica, e 14 destes responderam que ela serve para

    extrao de leo, trs para fazer sabo e um que serve para sugar carnego.

    Dos participantes, 24 reconheceram o Pinho roxo (Jatrophacurcas L.) e

    atriburam-lhe usos como para fazer xarope para a garganta, para fazer

    rezas, afinar o sangue e para dor de cabea. A Saia branca

    [Daturasuaveolens (Humboldt &Bonpland) Bercht. &Presl.] foi reconhecida

    por trs entrevistados, porm no souberam descrever sua utilidade. A

    mandioca (ManihotesculentaCrantz) foi reconhecida por 35 que referiram

    servir para a fabricao de goma e farinha. O Tinhoro (Caladium bicolor

    Schott.) foi reconhecida por 22, onde oito responderam que serve para

    ornamentao. O Comigo-ningum-pode (Dieffenbachiaseguine (L.) Schott)

    foi descrito como til na ornamentao e para afastar mal olhado. O Avels

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    (Euphorbiatirucalli L.) foi referido por dois participantes como til para

    tirar verruga.

    J as plantas Urtiga (Fleuryaaestuans L.), Aroeira

    (Lithraeabrasiliens March.), Espirradeira (Neriumoleander L.), Coroa de

    Cristo (Euphorbiamilii (L.) Des Moulins) e Bico de papagaio

    (Euphorbiapulcherrima Wild. exKlotzch) foram reconhecidas

    respectivamente por 12, cinco, nove, trs e dois participantes, porm no

    foirelacionada a nenhuma utilidade.

    Para verificar qual a atitude tomada pelos participantes frente

    ocorrncia de uma intoxicao por plantas, eles foram questionados sobre

    qual a primeira providncia tomariam. Os achados revelam que 91,09% dos

    participantes afirmaram que procurariam um mdico, caso ocorresse um

    evento do tipo. Ainda foram citadas na mesma proporo (2,97%) como

    atitudes imediatas em caso de intoxicao por plantas, a ingesto de leite,

    ingesto de gua e desconhecimento de que atitude tomar caso ocorresse tal

    evento.

    Esse resultado pe em discusso a diferena entre a atitude

    referida e a atitude que realmente teriam os participantes em uma

    intoxicao por plantas, uma vez que quando questionados sobre o que fez

    ao se deparar com o evento a procura de assistncia mdica foi o menos

    referido, com maioria relevante afirmando ter tratado em casa o quadro

    txico.

    Para Vasconcelos, Vieira e Vieira (2009) h substncias txicas

    que s fazem efeito cumulativamente, mas a maioria entra em ao ao

    primeiro contato. Em qualquer caso, mais seguro comunicar o mdico ou

    veterinrio, quando se tratam de crianas ou animais. As plantas

    consideradas txicas podem causar reaes diversas, desde alergias na pele

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    e mucosas, at distrbios cardiovasculares, respiratrios, metablicos,

    gastrintestinais, neurolgicos e em alguns casos o bito.

    A Figura 03 traz a resposta dos participantes a respeito do

    conhecimento das plantas mostradas em um lbum retirada do site do

    SINITOX contendo algumas espcies vegetais, objetivando recorrer

    memria fotogrfica dos mesmos como modo de verificar o real conhecimento

    sobre tais plantas. V-se que a grande maioria dos entrevistados afirmou

    conhecer pelo menos uma das plantas apresentadas, e apenas oito (7,9%)

    deles no reconheceram nenhuma delas.

    Figura 03. Reconhecimento das espcies, apresentadas em lbum fotogrfico contendo

    espcies reconhecidamente txicas registradas no SINITOX, pelos habitantes do municpio

    de Francisco Santos PI, 2013.

    Estudo de Oliveira e Gonalves (2006) para avaliar o nvel de

    conhecimento sobre plantas medicinais e fitoterpicos e potencial de

    toxicidade por usurios de Belo Horizonte MG, mostrou que dos 360

    participantes 88% conheciam ou j havia ouvido falar sobre as plantas

    abordadas.

    Vasconcelos, Vieira e Vieira (2009) ao realizarem um

    levantamento demonstraram que a maioria das pessoas entrevistadas

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    desconhece as plantas txicas apresentadas, o que indica a necessidade de se

    realizar trabalhos educativos e preventivos junto populao, haja vista que

    a intoxicao por plantas acontece geralmente por desconhecimento do

    potencial txico das espcies.

    No que se refere ao cultivo de espcies vegetais pelos

    participantes em suas residncias, 33 afirmaram cultivar alguma das

    plantas mostradas no lbum em seus quintais ou jardins e 68 afirmaram

    no realizar tal prtica. Aos que afirmaram cultivar plantas, as mais citadas

    dentre aquelas que apareciam no lbum de pesquisa (representadas na

    figura 04) foram a mandioca (12), o Tinhoro (10) e o Comigo-ningum-pode

    (08).

    Figura4. Espcies de plantas txicas cultivadas em suas residncias pelos habitantes do

    municpio de Francisco-Santos PI, 2013.

    Utilizando a mesma tcnica que neste estudo, de mostrar atravs

    de ilustraes algumas espcies de plantas para reconhecimento pelos

    entrevistados, Vasconcelos, Vieira e Vieira (2009), identificaram que 38%

    deles no reconheceram nenhuma das espcies apresentadas, enquanto que

    62% as reconheceram na seguinte frequncia: 38% Comigo-ningum-pode,

    13% Mamona e 11% distribudos entre Copo-de-leite), Alamanda e Pinho-

    roxo.

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    Ritter et al. (2002) encontraram em estudo para verificar o uso de

    plantas medicinais pelos habitantes de Ip RS que das 105 espcies

    identificadas e agrupadas que foram citadas pelos 252 entrevistados, 11

    espcies podem ser classificadas como responsveis por efeitos colaterais

    e/ou efeitos txicos, evidenciando a necessidade de maior envolvimento dos

    profissionais de sade neste aspecto da sade da populao, a fim de

    implementar um processo educativo continuado. Alm disso os populares

    tambm fazem uso de plantas que ainda no foram alvo de investigao

    cientfica, o que aumenta a ocorrncia de intoxicaes.

    Arnous, Santos e Beinner (2005) encontraram em pesquisa que

    78,5% dos 500 participantes tm o hbito de cultivar plantas medicinais em

    seus quintais ou jardins.

    CONSIDERAES FINAIS

    Constatou-se que a populao estudada possui um baixo

    conhecimento para identificao de plantas txicas. A lacuna de

    conhecimentos sobre plantas txicas se fez mais evidente quando observados

    os dados sobre o tratamento no caso de acidentes, onde a maioria dos

    participantes no recorreu ajuda mdica tratando apenas em casa, sem

    uma melhor investigao dos efeitos do vegetal no organismo humano. Este

    dado foi incoerente com a atitude tomada frente aos casos de intoxicao

    referida pelos sujeitos, que seria recorrer a ajuda mdica. Os acidentes

    ocorreram em sua maioria com as folhas das plantas txicas, que a parte

    mais abundante, acessvel e fcil de manipular.

    Um dado relevante a informao de que apenas pequena parte

    dos participantes j recebeu algum tipo de educao sobre a preveno de

    acidentes com plantas txicas, o que refora a necessidade de intensificar

    estratgias educativas capazes de modificar hbitos errneos da populao

    em relao ao uso caseiro de plantas em que se desconhecem os reais nveis

    de toxicidade. Outra informao que alerta o fato de que esse

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    conhecimento popular difundido na comunidade, a partir de vivncias

    prprias, o que traz o risco de que as informaes repassadas estejam

    incorretas.

    Grande maioria dos participantes reconheceu as plantas

    mostradas no lbum de pesquisa, porm nem todas eram por eles

    consideradas como txicas as que revelam um dficit de conhecimento sobre

    o assunto. O cultivo de plantas txicas em quintais e ao redor das

    residncias expe crianas a acidentes, aumentando as estatsticas que

    mostram que nessa faixa etria que ocorrem a maioria das intoxicaes.

    Portanto, verifica-se a necessidade urgente de educar os

    muncipes da cidade de Francisco Santos PI sobre o perigo de manipular

    plantas txicas, bem como sobre a preveno de acidentes, sobretudo entre

    as crianas, modificando hbitos como o de cultivar vegetais txicos em casa

    com a finalidade ornamental. Tais aes de educao popular podem ser

    veiculadas na mdia, realizadas em postos de sade, grupos de convivncia e

    demais locais com aglomerados de pessoas, a fim de que ao educar um

    indivduo este seja um transmissor de informaes verdicas e

    fundamentadas sobre a toxicidade de determinadas plantas.

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo ao Dr. Helson Freitas da Silveira do Laboratrio de

    Anatomia e Disseco Humana da Universidade Federal do Cear pela

    reviso do abstract.

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    VICTAL, Julia Costa;VALRIO, Laura Brisighelo;OSHIRO, Mariana Cardoso;BAPTISTA,

    Stephanie Costa;PINHEIRO, Fabriciano. Mtodos alternativos in vitro e in silico: mtodos

    auxiliares e substitutivos experimentao animal. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 7, n. 2, p. 36-57, jun. 2014.

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    Mtodos alternativos in vitro e in silico:

    mtodos auxiliares e substitutivos

    experimentao animal

    Julia Costa Victal

    Farmacutica Bioqumica graduada pelas Faculdades Oswaldo Cruz.

    Cursando especializao em Assuntos Regulatrios em Cosmticos e

    Medicamentos na Faculdades Oswaldo Cruz. Analista de Assuntos

    Regulatrios no Sindusfarma.

    Laura Brisighelo Valrio

    Farmacutica Bioqumica graduada pelas Faculdades Oswaldo Cruz.

    Analista da avaliao do risco humano na Syngenta.

    Mariana Cardoso Oshiro

    Farmacutica Bioqumica graduada pelas Faculdades Oswaldo Cruz.

    Analista de Registro da Vigna Brasil Consultoria em Assuntos

    Estratgicos e Regulatrios Ltda.

    Stephanie Costa Baptista

    Farmacutica Bioqumica graduada pelas Faculdades Oswaldo Cruz.

    Analista de informaes mdicas na Boehringer Ingelheim do Brasil.

    Fabriciano Pinheiro

    Biomdico, IB-UNESP/Botucatu. Mestre em Toxicologia e Anlises

    Toxicolgicas, FCF-USP/SP. Coordenador e professor do curso de ps-

    graduao em Cincias Toxicolgicas das Faculdades Oswaldo Cruz/SP.

    Coordenador da Comisso de Estudos Informaes sobre Segurana,

    Sade e Meio Ambiente relacionados a Produtos Qumicos (CE-

    10:101.05) do Comit Brasileiro de Qumica (ABNT/ CB-10). Diretor

    tcnico da Intertox.

  • Ensaio

    VICTAL, Julia Costa;VALRIO, Laura Brisighelo;OSHIRO, Mariana Cardoso;BAPTISTA,

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    RESUMO

    H uma grande quantidade de substncias qumicas presentes no

    mercado mundial, como por exemplo, nos setores de agroqumicos e

    cosmticos, e devido a necessidade da comprovao de segurana humana e

    ambiental, inmeros animais so utilizados em experimentao. Nas

    ltimas dcadas, esta prtica vem sendo alvo de muitas crticas por vrios

    segmentos da sociedade que questionam o sofrimento dos animais. Na busca

    de uma abordagem que reduza, refina e substitua o uso dos animais, surgem

    metodologias alternativas embasadas na poltica dos 3Rs. Assim, neste

    trabalho, renem-se anlises e discusses para emprego de testes in vitro e

    modelos in silico como metodologia alternativa para testes in vivo,

    considerando o bem estar animal, e a presena dessas novas metodologias

    no cenrio regulatrio nacional e internacional. A partir do exposto observa-

    se que os mtodos alternativos podem se comportar como ferramentas

    complementares aos testes in vivo, bem como ser um substitutivo

    experimentao animal.

    Palavras-chave: Bem estar animal. Mtodos alternativos. Programa 3Rs.

    Experimentao animal. Toxicologia. Sistema de Teste Integrado.

    ABSTRACT

    There are a lot of chemical substances present in the world market in

    areas such as agrochemicals and cosmetics, and because the need for human

    and environmental safety assessment, many animals are used in

    experiments. In recent decades, this practice has been the target of much

    criticism by various segments of society, questioning the suffering of

    animals. In search of an approach to reduce, refine and replace the use of

    animals, alternative methodologies arise based in the 3Rs program. In this

    work, reviews and discussions for the employment of in vitro tests and in

    silico models as an alternative methodology to in vivo tests are gathered

    considering animal welfare and the presence of these new methodologies in

    the national and international regulatory scenario. From the foregoing, it

    can be seen that the alternative methods may behave as complementary

    tools for in vivo testing, as well as being a substitute for animal

    experimentation.

    Keyword: Animal welfare. Alternative methods. 3Rs Program. Animal

    experimentation. Toxicology. Integrated Testing Strategies.

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    INTRODUO

    A utilizao de animais para a compreenso de processos biolgicos

    comeou na antiguidade, provavelmente com os estudos de Hipcrates (450

    a.C.), que relacionavam o aspecto de rgos humanos doentes com os de

    animais. Desde ento, experimentos em animais comearam a ser

    amplamente realizados a fim de produzir conhecimento cientfico til aos

    seres humanos. A utilizao de animais em experimentao realizada por

    inmeros motivos, dentre estes, para avaliar a toxicidade de produtos

    qumicos de uso final, como cosmticos e agrotxicos.

    A avaliao da toxicidade de uma substncia tem como objetivo

    predizer os efeitos nocivos que esta poder desencadear quando em contato

    com humanos pelas diferentes vias de exposio (oral, drmica, inalatria,

    dentre outras). Para cumprir este propsito, o modelo animal, em

    mamferos, o mais utilizado nos estudos toxicolgicos e, requerido nos

    processos investigativos, desde o desenvolvimento de produtos at seu

    registro e comercializao (CAZARIN et al. 2004). Entretanto, nas ltimas

    dcadas, essa prtica vem sendo alvo de muitas crticas por diversos

    segmentos da sociedade, os quais questionam o sofrimento destes animais,

    exigindo da comunidade cientfica e das autoridades, testes alternativos

    experimentao animal.

    Atualmente, alguns mtodos alternativos experimentao animal

    esto disponveis para avaliao da toxicidade. Nos Estados Unidos, por

    exemplo, o NTP Interagency Center for the Evaluation of alternative

    Toxicological Methods (NICEATM) juntamente com Interagency

    Coordinating Committee on the Validation of Alternative Methods

    (ICCVAM) disponibilizam em seu website uma relao de mtodos

    alternativos validados e j adotados por agncias internacionalmente

    reconhecidas, como a Organisation for Economic Co-operation and

    Development (OECD). Neste artigo, renem-se informaes a respeito de

    metodologias alternativas in vitro e in silico, alm de anlise e discusso do

    emprego dessas novas tcnicas dentro do panorama regulatrio da indstria

    cosmtica e agroqumica.

    O USO DE ANIMAIS NA REA CIENTFICA

    A experimentao animal tem servido, ao longo de muitos anos, como

    um meio de se determinar a eficcia e a segurana de diversas substncias e

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    produtos, em inmeras reas. A princpio, qualquer animal pode servir

    experimentao, porm tem-se procurado utilizar um modelo que apresente

    melhor resposta a um determinado estmulo, seja por sua maior

    sensibilidade, facilidade de manejo e evidenciao do efeito ou por sua

    similaridade anatmica, fisiolgica ou metablica com o homem (ANVISA

    2012).

    Entretanto, o uso de animais em experimentos tem sido razo de

    muitas discusses em funo da alta quantidade utilizada e do sofrimento

    causado aos animais. H uma tendncia mundial para reavaliar a utilizao

    de animais nos experimentos, concretizada a partir de um programa

    denominado de 3Rs (Reduction, Refinement, Replacement), que objetiva,

    diminuir o nmero de animais utilizados, minimizar a dor e o desconforto e

    buscar alternativas para a substituio dos testes in vivo (CAZARIN et al.

    2004).

    O PROGRAMA 3Rs

    O conceito dos 3Rs surgiu em 1954, em um projeto da Federao das

    Universidades para o bem estar animal (The Universities Federation for

    Animal Welfare). Em 1959, Willian Russell e Rex Burch publicaram o livro

    Princpios das Tcnicas Experimentais Humanizadas (The Principles of

    Humane Experimental Technique), no qual afirmaram que a boa pesquisa

    em animais deve respeitar os princpios dos 3Rs. O programa dos 3Rs

    assim denominado em funo das iniciais em ingls, Reduction (reduo),

    Refinement (refinamento) e Replacement (substituio) e tem como objetivo

    assegurar uma pesquisa racional e minimizar o uso de animais e o seu

    sofrimento, sem comprometer a qualidade do trabalho cientfico que est

    sendo executado, visualizando, futuramente, a total substituio de animais

    por modelos experimentais alternativos (ANVISA 2012; RUSSEL 1992)

    A reduo a diminuio do nmero de animais utilizados em um

    nico teste para avaliao de um determinado desfecho. Isso se torna

    possvel quando algumas aes so adotadas, como: i) desenvolvimento de

    novos protocolos com a utilizao de menor nmero de animais por

    experimento; ii) evitar a no replicao dos estudos conduzidos in vivo e a

    conduo de estudos utilizando modelos animais que tm demonstrado

    irrelevncia na extrapolao dos efeitos para a espcie humana; iii)

    desenvolvimento de metodologias ex vivo e in vitro, com o intuito de utiliz-

    las como triagem (screening) para a identificao do efeito de relevncia e

    para posterior investigao; iv) aperfeioamento da qualidade tcnica dos

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    ensaios; e v) a obteno do maior nmero possvel de informaes relevantes

    em um pequeno nmero de animais (RUSSEL 1992; BALLS 1994;

    CAZARIN et al. 2004).

    No refinamento, o principal objetivo a melhora na conduo dos

    estudos no sentido de minimizar a dor e sofrimento dos animais, como por

    exemplo, o uso de anestsicos ou analgsicos (quando estes no interferirem

    nos experimentos) ou na manuteno dos animais em grupos, quando o

    desenho experimental no exige isolamento.

    J a substituio significa deixar de usar os animais, substituindo

    os estudos in vivo por outras metodologias (RUSSEL 1992; BALLS 1994;

    CAZARIN et al. 2004).

    METODOLOGIAS ALTERNATIVAS IN VITRO

    O uso de mtodos alternativos apresenta diversas vantagens, que vo

    desde a no utilizao de animais, quando se trata de mtodos de

    substituio, at a reduo de custos, j que no se faz necessria a

    existncia de infraestrutura de biotrios para criao e manuteno dos

    animais. Adicionalmente os mtodos in vitro apresentam como benefcio o

    fato de serem menos sujeitos a interferentes externos, j que os animais

    sofrem influncia de presena de rudos, alteraes de metabolismo em

    funo de alguma modificao de temperatura, ciclo de luz, umidade etc. Da

    mesma forma, o espao requerido para um teste in vitro muito menor do

    que necessrio para o estabelecimento de um biotrio. Isso facilita de forma

    significativa a difuso e implantao desses mtodos (PRESGRAVE et al.

    2010).

    A seguir, so apresentados alguns mtodos alternativos realizados in

    vitro que possuem metodologia mundialmente reconhecida para a avaliao

    de endpoints toxicolgicos para: irritao/corroso drmica,

    irritao/corroso ocular, mtodo alternativo para avaliao de

    citotoxicidade ocular e sensibilizao.

    Irritao/corroso drmica

    Alguns mtodos in vitro so recomendados para substituir os ensaios

    em pele de coelhos, minimizando a dor e o sofrimento dos animais. Porm, a

    maioria dos ensaios atualmente propostos consegue identificar apenas as

    substncias corrosivas e diferenci-las das no corrosivas, no medindo o

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    VICTAL, Julia Costa;VALRIO, Laura Brisighelo;OSHIRO, Mariana Cardoso;BAPTISTA,

    Stephanie Costa;PINHEIRO, Fabriciano. Mtodos alternativos in vitro e in silico: mtodos

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    potencial de causar irritao drmica, como no teste clssico in vivo

    (CORRA et al. 2009).

    Neste contexto, at o presente momento h quatro protocolos de testes

    in vitro com modelos de pele humana e/ou animal, adotados

    internacionalmente pela OECD (430, 431, 432 e 435) e validados pela

    Interagency Coordinating Committee on the Validation of Alternative

    Methods (ICCVAM) para avaliar corroso drmica. Embora no substitua na

    sua totalidade o teste in vivo para avaliar este endpoint toxicolgico, o

    ICCVAM recomenda que os quatro mtodos devam ser utilizados como parte

    de uma anlise de peso da evidncia em um sistema de teste integrado para

    irritao/corroso drmica (NATIONAL TOXICOLOGY PROGRAM 2012b).

    OECD