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i UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VIII PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA HUMANA E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL CARLOS MORAES JATOBÁ BARRETO JUNIOR MORADORES DAS PAREDES DOS RIOS: Estudo ecossistêmico do processo de ocupação urbana nas margens do São Francisco no Município de Paulo Afonso-BA PAULO AFONSO-BA 2014

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VIII

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA HUMANA E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL

CARLOS MORAES JATOBÁ BARRETO JUNIOR

MORADORES DAS PAREDES DOS RIOS: Estudo ecossistêmico do

processo de ocupação urbana nas margens do São Francisco no Município de

Paulo Afonso-BA

PAULO AFONSO-BA 2014

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VIII

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA HUMANA E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL

CARLOS MORAES JATOBÁ BARRETO JUNIOR

MORADORES DAS PAREDES DOS RIOS: Estudo ecossistêmico do

processo de ocupação urbana nas margens do São Francisco no Município de

Paulo Afonso-BA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação como requisito para obtenção do título de Mestre em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental pela Universidade do Estado da Bahia-UNEB.

Orientador: Professor Dr. Sérgio Luiz Malta de Azevedo

PAULO AFONSO-BA 2014

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FICHA CATALOGRÁFICA

Sistema de Bibliotecas da UNEB

1

Barreto Junior, Carlos Moraes Jatobá

Moradores das paredes dos rios: estudo ecossistêmico do processo de ocupação urbana

nas margens do São Francisco no município de Paulo Afonso-BA/Carlos Moraes Jatobá Barreto

Junior. – Paulo Afonso, 2014.

100f.; il.

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Luiz Malta de Azevedo.

Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Ciências

Humanas. Campus VIII. 2014.

Contém referências e anexos.

1. Urbanização. 2. Segregação. 3. Vulnerabilidade. I. Azevedo, Sérgio Luiz Malta de. II.

Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas.

CDD 307.369813

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Dedico este trabalho a minha esposa Luciana Pereira de Souza Jatobá Barreto, pela paciência e incentivo durante todo este processo, mesmo diante das dificuldades foi uma base de apoio constante.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, que todos os dias de minha vida me deu forças para nunca

desistir.

Ao meu orientador, Professor Dr. Sergio Malta Azevedo, por seu apoio e

paciência, além de sua dedicação, competência e especial atenção nas

revisões e sugestões, fatores fundamentais para a conclusão deste

trabalho.

As professoras Eliane Nogueira e Erika Nunes, que estiveram à frente

da coordenação do curso, sempre na busca pela excelência.

A todos os professores do mestrado que de alguma forma contribuíram

para minha formação.

Ao NECTAS, pelo apoio na confecção dos mapas no software ArcGis.

Ao Instituto Federal da Bahia- IFBA, pelo apoio, cedendo o laboratório

de desenho e software AutoCad 2013 educacional, para análise e

confecção de material para dissertação.

Aos colegas da turma de mestrado.

Aos familiares e amigos que sempre me incentivaram e apoiaram nessa

jornada.

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“... plante seu jardim e decore sua

alma, ao invés de esperar que alguém

lhe traga flores.”

William Shakespeare

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- Margem do rio no Bairro Prainha da Brita ....................... 11

FIGURA 2- Recorte espacial da área de estudo ................................ 12

FIGURA 3- Margem do Bairro Prainha (área de estudo) .................... 13

FIGURA 4- Ocupações irregulares sobre a zona de proteção ambiental

......................................................................................... 13

FIGURA 5- Mapa Conceitual da Ecologia Humana ........................... 17

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RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo analisar de forma ecossistêmica (meio físico,

evolução histórica, população, demografia, economia etc.) as transformações

relacionadas ao processo de produção do espaço urbano na cidade de Paulo

Afonso-BA, semiárido baiano. Baseia-se no pressuposto de que o espaço urbano é

produto, meio e condição da sociedade que nele reside. O recorte espacial

específico dessa investigação é o Bairro Prainha da Brita, localizado a margem do

Rio São Francisco, considerado zona de proteção ambiental- ZPA. A ocupação

irregular da área é caracterizada por uma dinâmica particular entre os atores

envolvidos, poder público, CHESF, mercado imobiliário e a população carente

segregada. O bairro objeto de estudo, foi habitado precariamente por uma camada

de baixo status econômico, legitimado posteriormente pela gestão pública,

atualmente, reorganizado juridicamente para possibilitar novos produtos imobiliários

voltados para estratos sociais de elevado poder aquisitivo. Através da metodologia

adotada e referencial teórico baseado em princípios da Ecologia Urbana, com

análise de mapas, plantas urbanas, fotografias aéreas, imagens de satélite, dados

censitários, além de documentos oficiais, periódicos e revistas. Constatou-se, na

compreensão dos territórios através do uso e ocupação do solo, que todo o

processo de expansão urbana desde o final da década de 40 até os dias atuais,

levou a processos de segregação, exclusão e/ou inclusão precária. Originando

bairros de grande vulnerabilidade, com altos índices de insegurança social e

corroborando com a questão do preconceito e da discriminação contra esses grupos.

Expressando a influência das classes dominantes, que desejam um espaço

particular para sua reprodução social.

Palavras Chaves: Urbanização. Segregação. Vulnerabilidade.

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ABSTRACT

This paper aims to analyze the ecosystem form (physical environment, historical

development, population, demography, economy, etc.) Transformations related to the

process of production of urban space in the city of Paulo Afonso, Bahia. It is based

on the premise that the urban space is the product, environment and condition of

society who resides there. The specific spatial area of this investigation is the Prainha

of Brita neighborhood, located shore of São Francisco River, considered

environmental-protection zone ZPA. The illegal occupation of the area, especially at

a range not edifying, is characterized by a particular dynamic between the actors

involved, government, CHESF, housing market and segregated poor population. The

area studied, was precariously inhabited by a layer of low economic status,

subsequently legitimized by public management, currently, legally reorganized to

enable new real estate products for social strata of high purchasing power. Through

the methodology and theoretical framework based on principles of Urban Ecology,

with analysis of maps, urban plans, aerial photographs, satellite imagery, apart from

census data, officers documents, periodicals and magazines. We found that, in

understanding the territories through the use and occupation of land, the whole

process of urban expansion since the late 40s to the present day, has led to

processes of segregation, exclusion and / or precarious inclusion. Originating

neighborhoods of great vulnerability, with high levels of social insecurity and

corroborating with the issue of prejudice and discrimination against these groups.

Expressing the influence of the ruling classes, who want a private space for their

social reproduction.

Keys Words: Urbanization. Segregation. Vulnerability.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ viii

RESUMO.................................................................................................................... ix

ABSTRACT ................................................................................................................. x

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 18

3. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 22

4. ARTIGOS .............................................................................................................. 23

ARTIGO I- HISTÓRIA DA OCUPAÇÃO URBANA EM PAULO AFONSO-BA, SOB A ÓTICA DA ECOLÓGIA URBANA ...................................................... 24 ARTIGO II- AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DOS ÍNDICES DE ORDENAMENTO URBANO EM PAULO AFONSO, BAHIA ......................... 42 ARTIGO III-ANÁLISE SOCIOESPACIAL DE ECOSSISTEMAS URBANOS: Especulação, Segregação e Violência Urbana em Paulo Afonso- BA ..... 59

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 78

ANEXOS ................................................................................................................... 80

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1. INTRODUÇÃO

Para uma análise do espaço urbano, sua conformação e influência na vida social

dos sujeitos que se ligam aos fenômenos estudados pelas ciências biológicas e

sociais, encontraremos na Ecologia Humana um apoio precioso e significativo. Pois

ao mesmo tempo em que esta estuda pontos específicos de determinados campos

do conhecimento, ela o faz para alcançar um diagnóstico mais amplo, utilizando-se

das diversas áreas de estudo e de diversas possibilidades de conhecimento. É uma

Ecologia que podemos atribuir à capacidade de buscar de forma sintética o

conhecimento de todas as outras ecologias, enquanto as outras, não têm

demonstrado igual interesse de englobar a ecologia humana. Segundo Marques

(2012), esta é a Ecologia rompedora do reducionismo que excluía o homem das

análises ecológicas, a que possibilita a análise desse homem em todos os níveis:

Físico, cultural e simbólico.

Precisamos entender as cidades como organismos sociais, resultado da

transformação do meio ambiente pelo homem para atender suas necessidades de

sobrevivência. Destas transformações originam-se ambientes urbanos, que, no

processo de análise espaço-temporal mostram-se extremamente complexos,

repletos de conflitos e disputas, que orientam as formas de ocupação e distribuição

do espaço, levando ao surgimento de favelas e assentamentos subnormais,

principalmente quando o estado se omite do papel de orientador e fiscalizador das

politicas de uso e ocupação do solo.

FIGURA 1. Margem do rio no Bairro Prainha da Brita

Fonte: Barreto JR, 2013

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Estes modelos de ocupação irregular de espaços públicos ou privados,

principalmente em áreas de proteção ambiental para construção de habitações,

mostrou-se uma das poucas opções ao alcance de muitas famílias, porque, a falta

da intervenção pública na questão fundiária urbana promove o descaso, restando à

população de baixa renda a marginalidade e a ocupação de terrenos ociosos que

garantem de imediato o direito a moradia, mas acabam sendo responsáveis por

concentrar boa parte dos problemas ambientais, como a destruição e poluição dos

recursos naturais; desintegração social e a desfragmentação da paisagem local.

Podemos dizer que, existe uma grande possibilidade de entendermos o

homem baseado no meio físico, cultural, social e simbólico no qual esta inserido.

Assim como, podemos entender a dinâmica espacial de uma cidade ou de um bairro

baseado nas formas de ocupação dos grupos urbanos ali existentes. Hoje muito

influenciados pelas questões socioambientais, econômicas e políticas.

FIGURA 2. Recorte espacial da área de estudo (zona de proteção ambiental- ZPA2

e zona residencial-ZR7)

Fonte: Adaptado de Imagem de Satélite- Google Earth, 2012

Delineado, essas questões, assegura-se que a metodologia utilizada para

alcançar os objetivos desta pesquisa pode ser apresentada sobre dois enfoques:

quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins é uma pesquisa crítico-social,

pois identifica, descreve e demonstra as contradições do processo de ocupação

urbana no município de Paulo Afonso-BA, Bairro Prainha da Brita (figura 2), tendo

como foco o objeto desta pesquisa, além de identificar a configuração socioespacial

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do bairro. Já quanto aos meios de investigação foram executadas pesquisas de

campo, pesquisa documental e pesquisa bibliográfica.

Na realização do trabalho foi utilizada como área de estudo um bairro

específico do município de Paulo Afonso, este apresenta uma área que sofreu um

importante processo de periferização e crescimento, marcada pela presença de

grupos populacionais de baixa renda com alta privação social e áreas de fragilidade

ambiental, classificadas por outros estudos como área de vulnerabilidade social

(figura 3 e 4).

FIGURA 3. Margem do Bairro Prainha (área de estudo)

Fonte: Barreto JR, 2013

FIGURA 4. Ocupações irregulares sobre a zona de proteção ambiental

Fonte: Barreto JR, 2013

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Nesse contexto, os territórios vulneráveis quando analisados

socioespacialmente, perpassam inicialmente por uma construção do seu contexto

histórico, considerando as interações sociais e ambientais na ocupação do solo.

Desta forma, é importante para os estudos das áreas de vulnerabilidade

socioambiental, a verificação dos fatores ambientais, sociais e econômicos, no

intuito de entender os riscos e as ameaças existentes no território (VEYRET, 2007).

Neste sentido, o risco refere-se à probabilidade de ocorrências de um determinado

evento ou acontecimento no espaço-tempo, bem como os fatores que afetam a vida

social humana (CASTRO; PEIXOTO; RIO, 2005).

O problema que fundamenta e estimula a pesquisa começou a ser

evidenciado durante o período de participação enquanto arquiteto urbanista da

secretaria de planejamento do município de Paulo Afonso-BA, no período de 2005 a

2007. Na ocasião elaborou-se do levantamento cadastral do bairro Prainha e

percebeu-se que sua conformação espacial transgredia normas para uso e

ocupação do solo urbano, ficando curioso se este modelo de adensamento

influenciava nos índices sociais do bairro. Ou seja, no processo de ocupação urbana

o “homem” é o principal agente transformador do ambiente, que torna-se

condicionador do comportamento humano.

As hipóteses levantadas são que: A segregação socioespacial em Paulo

Afonso-BA é um fenômeno recorrente desde a instalação da Companhia Hidrelétrica

do São Francisco- CHESF; O Estado corrobora para a ocupação irregular em áreas

de interesse ambiental; O Mercado direciona as zonas de expansão e estimula a

periferização das camadas mais pobres; As leis de uso e ocupação do solo são

desrespeitadas de forma ilegal, mas, de forma legítima; Os índices de violência do

bairro Prainha da Brita estão diretamente ligados ao seu processo de ocupação

urbana.

O trabalho se justifica quando a ocupação irregular de espaços públicos,

principalmente em áreas de proteção ambiental para construção de habitações,

mostra-se uma das poucas opções ao alcance de muitas famílias de baixo status

econômico. Desta forma torna-se importante analisar as transformações

relacionadas ao processo de produção do espaço na cidade de Paulo Afonso-BA.

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Baseando-se no pressuposto de que o espaço urbano é produto, meio e condição

da sociedade que nele reside. Pretende-se também com o estudo, fornecer

conhecimento prático e teórico sobre as consequências reais da má ocupação do

solo urbano a pesquisadores do tema e aos gestores municipais e/ou estaduais,

para que as novas medidas adotadas possibilitem estratégias que viabilizem a

ocupação ordenada de novas áreas, assegurando o desenvolvimento espacial e

humano de forma sustentável.

Dados os aspectos teóricos, passamos a considerar os objetivos, sobre os

quais se detém esse estudo: No plano geral a pesquisa visou a elaboração de uma

análise ecossistêmica do processo de ocupação urbana no município de Paulo

Afonso- BA e suas reverberações no bairro Prainha, condensando conhecimentos

teóricos e práticos para um desenvolvimento sustentável.

No plano específico, visou-se:

Analisar o processo histórico de ocupação urbana em Paulo Afonso-BA;

Identificar através de índices específicos de urbanização a porcentagem de

ocupações irregulares no bairro Prainha;

Verificar ecossistêmicamente o bairro, para entender sua predisposição a um

alto nível de violência urbana

Esta forma de expansão urbana irregular na área de estudo, foi um aspecto

importante para sua seleção como área a ser estuda. Pois, devido ao alto custo da

terra regularizada e a falta de moradia acessível, a população menos favorecida é

praticamente obrigada a residir em assentamentos informais. Além disso, este

modelo de expansão acontece frequentemente em áreas ambientalmente frágeis,

como margens de rios, lagos e córregos.

O presente trabalho esta dividido em três artigos, além da introdução,

fundamentação teórica, considerações finais, dos anexos e da bibliografia

consultada. Na Introdução são tratados o problema, a caracterização, as hipóteses,

a metodologia, os objetivos, a relevância e a delimitação da pesquisa. No primeiro

artigo trata-se da história da ocupação urbana do município de Paulo Afonso, sob a

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ótica da Ecologia Urbana. Já no segundo artigo trata-se da análise quantitativa e

qualitativa dos lotes no bairro Prainha e verifica-se a aplicação da legislação e dos

índices de ordenamento urbano. No terceiro artigo verifica-se a vulnerabilidade do

bairro a violência e criminalidade após legitimação do espaço pela prefeitura

municipal. E por fim, nas conclusões são apresentadas as considerações finais da

pesquisa.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O referencial desta pesquisa esta baseado nos estudos urbanos, ambientais e

sociais, com ênfase nos pressupostos da Ecologia Humana da Escola de Chicago,

sobretudo nas consequências da exclusão territorial com a inevitável predação

ambiental e desintegração social promovida pela dinâmica de exclusão habitacional

e surgimento de assentamentos espontâneos, verificados com maior intensidade a

partir da revolução industrial, com o fenômeno do crescimento urbano, com a quase

ausência do estado em uma política eficaz de habitação para a população menos

favorecida e sem o efetivo cumprimento das leis ambientais.

Na ecologia humana aplicada a grupos urbanos, visualizamos o ecossistema

analisado, Bairro Prainha da Brita na cidade de Paulo Afonso-BA, como produto da

inter-relação dos fatores bióticos, abióticos e culturais, consoante às circunstâncias

encontradas na população humana residente, conforme está representada na figura

1. Em sua maioria os elementos necessários para a manutenção da vida nestes

centros urbanos são retirados do meio ambiente natural e processados nas cidades,

utilizando energia e liberando energia e refugo. Durante este processo de

retroalimentação das cidades, os fluxos de energia são diferenciados dos demais

ecossistemas, por, levarem em consideração fatores culturais como a economia, a

política e os meios tecnológicos entre outros fatores da natureza humana

(LAWRENCE, 2001).

FIGURA 5. Mapa Conceitual da Ecologia Humana

Fonte: LAWRENCE, 2001 (Adaptação e tradução de Barreto Jr, 2013)

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Nesse contexto, de acordo com Guedes (2011) a Ecologia Urbana e Ecologia

Humana, enraizadas na Escola de Chicago, estudam as relações entre os

ocupantes de áreas urbanas e os impactos que causam ao ambiente, os riscos e

ameaças que estes ambientes também podem gerar a população residente, seja

esta ocupação de forma regular ou não. Analisam de que forma e com que

intensidade os animais, o solo, a vegetação, o ar, e outros elementos da natureza,

são agredidos por esta coexistência com os homens modernos e toda a estrutura

necessária para a sobrevivência deste modelo de vida urbana.

A partir da ideia de que a cidade não é simplesmente um fenômeno

geográfico- fisiográfico, mas um tipo de “super organismo”, o meio urbano tornou-se

o foco principal de estudos da Escola de Chicago, Robert E. Park (1864-1944) e

Ernest W. Burgess (1886-1966) aplicaram os princípios teóricos da ecologia vegetal

e animal às comunidades humanas em processo de expansão urbana, procurando

explicar o uso seletivo e predatório que os grupos humanos fazem do espaço

urbano. Assim, desenvolveram analises relacionadas ao sugimento de favelas, a

proliferação de crimes e da violência, ao aumento populacional e a segregação

espacial, tão marcantes no final do século XIX e início do século XX, pós Revolução

Industrial (DA SILVA, 1993).

Deste modo a cidade e sua dinâmica de crescimento tornam-se elementos

fundamentais para a compreensão dos grupos urbanos. Segundo Corrêa (1993)

existe alguns processos já estudados pela Ecologia Humana na Escola de Chicago,

como a centralização, descentralização, coesão, segregação e inércia. A

centralização é justamente a formação da área central comercial de grande

importância econômica. A descentralização ocorre pela formação destes núcleos

secundários em torno da área central. A coesão seria a formação de áreas, quadras

ou ruas especializadas em determinado seguimento, (ruas só de oficinas, ou de

clinicas médicas etc.). A segregação ocorre, sobretudo pelas políticas seletivas do

Estado, pela segregação perpetrada pelas classes dominantes e pela influencia do

mercado, própria do capitalismo. Já a inércia, seria a necessidade de manter

preservadas estas áreas segregadas, mesmo que sejam irregulares e tragam

consequências danosas ao meio, motivada pelo alto custo de remanejamento,

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existência de aglomerações economicamente consolidadas e força do sentimento da

população residente para com seu espaço.

Para aplicação dos pressupostos ecológicos de pesquisas em grupos

urbanos, bebemos na fonte clássica da Ecologia Humana, desenvolvida na Escola

sociológica de Chicago Robert E. Park (1864-1944) e Ernest W. Burgess (1886-

1966). Nesse sentido, nos apropriarmos das seis definições previamente agrupadas

pelo sociólogo Mário A. Eufrásio (1999): 1) A ecologia humana como síntese

abrangente de diversos campos de ciências naturais e sociais... 2) A ecologia

humana como estudo das relações entre o homem e seu meio ambiente. 3) A

ecologia humana como aplicação de conceitos e explicações da biologia na

conceituação e explicação de fatos sociais. 4) A ecologia humana como estudo das

distribuições espaciais dos fenômenos humanos. 5) A ecologia humana como estudo

de área regionais ou locais. 6) A ecologia humana como um estudo de relações sub-

sociais entre os homens. Nesta ultima as relações sub-sociais esta vinculada

diretamente as relações de comunicação simbólica.

Assim, as características físicas e simbólicas destes ambientes urbanos

condicionam as relações humanas. Quanto à sua estrutura, Lynch (1999) considera

que a organização da cidade se adapta aos anseios, objetivos e às percepções da

sua população, visto que a sociedade contemporânea é predominantemente urbana

e surgiu da industrialização que por sua vez produziu às metrópoles, a alta

densidade demográfica, os grandes conjuntos habitacionais assentamentos

irregulares e as favelas (CHOAY, 2010).

Conforme Maricato (2000), o processo de urbanização no Brasil é uma

máquina de produção de favelas e cortiços. A população moradora de favelas

cresce mais do que a população urbana brasileira, especialmente nas periferias das

grandes cidades, conforme dados dos censos do IBGE. Estes loteamentos

periféricos passam por um processo de adensamento e com a falta de assistência

política os problemas gerados tendem aumentar de forma progressiva. Ainda

segundo Maricato (2000), fica nítido que não podemos separar a política social do

mercado imobiliário, especialmente se constatarmos que nenhum dos dois

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respondeu ás necesidades de moradia da maior parte da população do país, mas

sim, ajudou a aumentar a pressão sobre o meio ambiente.

Segundo Lawrence (2003) quando se analisa a problemática ambiental sob

uma ótica ecológica, podem-se investigar as relações dinâmicas entre populações

humanas e as características físicas, biológicas, culturais, sociais e econômicas do

ambiente. Principalmente através da ecologia urbana, que utiliza a cidade como

objeto de estudo (REES, 1997).

Já o ecólogo Jaume Terradas (2001), assevera que existem quatro campos

de estudos na ecologia urbana que podem ser fundamentais para uma análise

ecossistêmica de determinada área e que pode ser fundamental para a aplicação da

ecologia humana em grupos urbanos:

1) Estudo do meio físico: geomorfologia e o clima, como fatores

determinantes da atividade biológica nas cidades;

2) Estudo das populações: demografia, etologia, saúde pública etc;

3) Estudo da estrutura e da evolução do ecossistema no espaço como

resultado de processos históricos;

4) Estudos relativos ao metabolismo material e energético dos ecossistemas,

o fluxo de energia, quanto entra e quanto sai do ecossistema urbano;

A formatação e integração dos dados propostos por Terradas é mais um

caminho que pode ser desenvolvido pelos ecólogos humanos de grupos urbanos,

em um processo de modelagem de sistema ecológico para facilitar a compreensão

da dinâmica do homem com seu ambiente. Utilizou-se para a pesquisa,

principalmente os campos dois e três, onde com base na evolução histórica da

ocupação e estruturação da cidade, tentou-se compreender o modelo atual de

ocupação irregular em áreas ambientalmente frágeis.

.

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3. REFERÊNCIAS CASTRO, C. M. de; PEIXOTO, M. N. O; RIO, G. A. P. Riscos Ambientais e Geografia: Conceitualizações, Abordagens e Escalas. Anuário do Instituto de Geociências – UFRN, Rio de Janeiro, RJ. V.28, n.2, p.11-30, 2005.

CHOAY, Françoise. O Urbanismo: Utopias e Realidades, Uma Antologia. 6ed. São Paulo, ed. Perspectiva, 350p. 2010.

CORRÊA, Roberto L. O Espaço Urbano. 2 ed. São Paulo: Ática, 1993.

DA SILVA, Carlos A. F. A Segregação Residencial Sob a Ótica das Escolas de Chicago e Neoclássica. Boletim Goiano de Geografia. 13(1): 29-44, jan./dez. 1993.

EUFRÀSIO, M. A. Estrutura Urbana e Ecologia Humana. A escola sociológica de Chicago (1915-1940). Ed.34 Ltda. 1999.

FERNANDEZ, F. A. dos S. O poema imperfeito: crônicas de Biologia, conservação da natureza, e seus heróis. 2. ed. Curitiba: UFPR, 2004.

GUEDES, Susi. Ecologia Urbana. Revista Visão Ambiental. maio/junho, 2011

LAWRENCE, B, S. A Citizen´s Guide to Ecology. Oxford Univ. Press, 2003

LAWRENCE, R, J. Human ecology. In M.K Tolba (ed.) Our Fragile World: challenges and opportunities for sustainable development. Volume 1; p. 675-693. Oxford, 2001.

LYNCH, K. A imagem da cidade. Trad. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

MARICATO, E. Gestão da Terra e habitação de interesse Social. Em Pauta. Revista Óculum, FAU-PUC, Campinas – SP, 2000.

MARQUES, Juracy. Ecologia da Alma. Petrolina:Franciscana, 2012.

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4. ARTIGOS

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ARTIGO I- HISTÓRIA DA OCUPAÇÃO URBANA EM PAULO AFONSO-BA, SOB

A ÓTICA DA ECOLÓGIA URBANA

(Artigo submetido à Revista Geonordeste)

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HISTÓRIA DA OCUPAÇÃO URBANA EM PAULO AFONSO-BA, SOB A ÓTICA DA

ECOLOGIA URBANA

Carlos Moraes Jatobá Barreto Junior

Arquiteto Urbanista, Especialista em Gestão Urbana e Ambiental, Mestrando do Programa de

Pós-graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da Universidade do Estado da

Bahia - UNEB, campus Paulo Afonso, [email protected]

Sérgio Luis Malta de Azevedo

Doutor em Geografia, Professor adjunto da Universidade Federal de Campina Grande,

Professor do Programa de Pós-graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da

Universidade do Estado da Bahia- UNEB, [email protected]

RESUMO

As cidades são organismos sociais, resultado da transformação do meio ambiente pelo homem

para atender suas necessidades básicas de sobrevivência e também dos sortilégios da vida

citadina. Destas transformações originam-se ambientes urbanos, que, no processo de análise

espaço-temporal mostram-se extremamente complexos, repletos de conflitos e disputas entre

classes sociais, que determinam a forma de ocupação e distribuição do espaço. Neste

contexto, analisou-se a evolução espacial, baseando-se na Ecologia Urbana e nas teorias de

Robert Park e Ernest Burgess2 da Escola de Chicago

3. Nesta análise histórica e ecossistêmica

do espaço urbano no município de Paulo Afonso-BA, comprovou-se que no desenvolvimento

espacial atual, formam-se áreas periféricas segregadas, ainda sobre influencia do modelo

inicial de ocupação urbana.

Palavras Chaves: Industrialização, segregação, ecologia urbana

HISTORIA DE LA CONSTRUCCIÓN URBANA EN PAULO AFONSO, BAHÍA,

DESDE LA PERSPECTIVA DE ECOLOGÍA URBANA

RESUMEM

2 Os sociólogos norte-americanos Robert E. Park (1864-1944) e Ernest W. Burgess (1886-1966) desenvolveram

um programa único de pesquisa urbana no departamento de sociologia da Universidade de Chicago. Onde

desenvolveram a teoria da Ecologia Urbana.

3 Na sociologia, a Escola de Chicago vincula-se à primeira importante tentativa de estudo dos centros urbanos

combinando conceitos teóricos e pesquisa de campo relacionadas ao sugimento de favelas, a proliferação do

crime e da violência, ao aumento populacional, tão marcantes no início do século XX.

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Las ciudades son organismos sociales, como resultado de la transformación del medio

ambiente por los seres humanos para satisfacer sus necesidades básicas de supervivencia y

también los encantos de la vida de la ciudad. Estos cambios se derivan de los entornos

urbanos, que, en el proceso de análisis del espacio-tiempo tienden a ser extremadamente

complejos, llenos de conflictos y disputas entre las clases sociales que determinan la

ocupación y la distribución de los espacios. En este contexto, se analizó la evolución espacial,

sobre la base de Ecología Urbana y las teorías de Robert Park y Ernest Burgess de la Escuela

de Chicago. En este análisis histórica y ecossistémica del espacio urbano en Paulo Afonso-

BA, se demostró que la actual ordenación del territorio, se origina zonas periféricas

segregadas, incluso a través de la influencia del modelo inicial de la ocupación urbana.

Palabras clave: La industrialización, la segregación, la ecología urbana

HISTORY OF URBAN OCCUPATION IN PAULO AFONSO-BA, THROUGH THE

LENS OF URBAN ECOLOGY

ABSTRACT

Cities are social organisms, resulting from human transformations to their environment in

order to obtain their necessities for survival. From these transformations originate urban

environments, that, in the process of spatial-temporal analysis, become extremely complex,

replete with conflicts and disputes between social classes that determine how the space is

occupied and distributed. In this context, we analyzed the spatial evolution, based on Urban

Ecology and the theories of Robert Park and Ernest Burgess of the Chicago School. In this

historical and ecosystemic analysis of the urban space of the municipality of Paulo Afonso-

BA, it was proven that in the actual spacial development, segregated periphery areas were

formed, still under the influence of the initial urban occupation .

Key words: industrialization, segregation, urban ecology

INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea é predominantemente urbana, surgiu da industrialização

que produziu às metrópoles, a alta densidade demográfica, grandes conjuntos habitacionais e

o reverso dessa aparente racionalidade que são as favelas. (CHOAY, 2010), contudo,

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demonstra que esta sociedade fracassou e continua fracassando na ordenação dos locais que

produz. A problemática ambiental emerge nestes centros urbanos, com impactos locais e em

nível global.

Nesse sentido, Começamos a perceber que toda forma de degradação ou exploração

dos recursos, compromete mais a vida humana do que o próprio planeta. Esta nova dimensão

ecológica, do ambiental como ambiente urbano é que produzirá ações fundamentais para uma

efetiva preservação (CORREA & CORREA, 2007). Frequentemente ao ouvirmos falar em

meio ambiente, nosso consciente produz imagens de áreas naturais como florestas, campos,

parques etc. Isto torna nossa compreensão sobre a área de ação minimalista. Não podemos ser

colocados fora dessa visão de meio ambiente, pois o homem é elemento constituinte deste

meio (CAPRA, 1996). Além de elemento modificador.

Para melhor estudar este fenômeno da urbanização e suas consequências, utilizaremos

da Ecologia e suas ramificações como a Ecologia Urbana, Ecologia Humana e Ecologia

medica, entre outras. Estas podem nos permitir enxergar o problema por uma ótica mais

complexa e abrangente. A Ecologia é o estudo cientifico da distribuição e abundancia dos

organismos e das interações que determinam esta distribuição e esta abundancia (BEGON et

al, 2008).

Para Guedes, (2011), A Ecologia Urbana e Ecologia Humana, enraizadas na Escola de

Chicago, estudam as relações entre ocupantes de áreas urbanas e os impactos que causam ao

ambiente que ocupam, seja esta ocupação de forma regular ou não. Analisam de que forma e

com que intensidade os animais, o solo, a vegetação, o ar, e outros elementos da natureza, são

agredidos por esta coexistência com os homens modernos e toda a estrutura necessária para a

sobrevivência deste modelo de vida urbana.

A partir da idéia de que cidade não é simplesmente um fenômeno fisiográfico, mas um

tipo de “super organismo”, o meio urbano tornou-se o foco principal de estudos da Escola de

Chicago, Robert E. Park (1864-1944) e Ernest W. Burgess (1886-1966) aplicaram os

princípios teóricos da ecologia vegetal e animal às comunidades humanas, procurando

explicar o uso seletivo e predatório que os grupos humanos fazem do espaço urbano.

Desenvolveram análises relacionadas ao sugimento de favelas, a proliferação de crimes e da

violência, ao aumento populacional e a segregação espacial, tão marcantes no final do século

XIX e início do século XX, pós Revolução Industrial.

Em uma abordagem marxista e histórico dialética, privilegia-se as desigualdades

espaciais provocadas pelo capitalismo e a segregação sócio-espacial. Segundo a Geografia

Tradicional Urbana os elementos que definem uma cidade, seriam predominantemente

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compostos por atividades industriais, comerciais e de serviços, influenciando diretamente na

concentração de habitações e no número de habitantes.

É importante destacar novamente a importância do sociólogo E. Burgess e da Escola

de Chicago para os estudos urbanos nos anos 1920 e 1930. Seu objetivo era estudar a relação

do homem com o meio e sua luta pela apropriação do espaço, dando ênfase à morfologia

urbana e sua evolução histórica a partir do crescimento das cidades em etapas. A noção de

centralidade era fundamental, pois as mudanças na organização sócio-espacial e os processos

de metabolismo ocorriam a partir do centro econômico e em conseqüência tinha-se a

expansão urbana. Os núcleos das cidades se desdobram em anéis consecutivos e diferenciados

que se definem pela homogeneidade dos usos e composição populacional (BRAGA, 2007).

Teoria das localidades centrais das cidades.

Desta forma, entendemos que a Indústria foi incontestavelmente um catalisador

potencial no processo de urbanização de cidades importantes como Londres e São Paulo,

entre outras. O processo migratório das áreas rurais para o grande centro industrializado fez

surgir os chamados bairros proletários, dos trabalhadores que apenas tinham sua mão de obra

como meio de subsistência (MENDOZA, 2005). Bairros distantes do local de trabalho,

insipientes em infra-estrutura básica e favorável a competição entre estes organismos

humanos. No Brasil, além de São Paulo, várias outras cidades passaram por um processo

similar de urbanização.

Assim, o município de Paulo Afonso no interior do estado da Bahia tem seu

adensamento populacional e seu processo de urbanização iniciado sob as ações da Companhia

Hidroelétrica do São Francisco – CHESF, sobretudo, a partir do grande fluxo migratório de

outros estados e de outras cidades circunvizinhas, motivado pela demanda de mão-de-obra,

requerida na época, para a construção desta indústria de produção de energia (AZEVEDO,

2008).

Para implantação de uma indústria deste nível de complexidade no meio de uma

cidade de pequeno porte, seriam necessárias profundas alterações morfológicas, urbanas,

sociais, econômicas e ambientais, como represar o rio e inundar as terras dos ribeirinhos e das

comunidades indígenas. Segundo Le Corbusier (2008) em seu texto sobre a nova sociedade

da máquina, ele afirma que as indústrias chegaram, crescentes, de tal modo que tumultuaram e

modificaram os costumes; a economia, a sociologia e o meio, que não pararam de sofrer

transformações cada vez mais profundas e decisivas para a vida humana.

Analisar a dinâmica de ocupação do solo e o processo de urbanização após a

instalação da Companhia Hidrelétrica do São Francisco – CHESF, no município de Paulo

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Afonso-BA é o objetivo principal do presente estudo, além de verificar se as diferenças

sociais e econômicas tiveram influencia na ocupação diferenciada de parcelas do espaço

urbano e na segregação residencial. Trataremos, portanto, da análise do território urbano local

sob um olhar particular, todavia, ao mesmo tempo, amplo, concernente à urbanização

enquanto necessidade humana para a reprodução das relações sociais numa concepção Intra-

urbana e econômica específica. Tendo no primeiro momento caráter histórico descritivo,

passando para crítico analítico quando analisado sob a ótica da Escola de Chicago. Estas

considerações são fruto de um trabalho final para o Mestrado em Ecologia Humana e Gestão

Socioambiental da Universidade Estadual da Bahia.

MATERIAL E MÉTODOS

O recorte espacial de estudo e as visitas a campo foram realizados no município de

Paulo Afonso (Figura 1), semiárido baiano. Localizado na margem direita do rio São

Francisco, entre os paralelos 09°39’27” e 09°21’10” de latitude sul e os meridianos de

38°32’16” e 37°59’52” de longitude oeste, ocupando uma área de 1.574 Km2 (SEI, 1995).

Figura 1. Recorte espacial da área de estudo

Figure 1. Spacial cross-section of the study area

Fonte: Mapa produzido no software ArcGis, por BARRETO JR, 2013

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Foram definidas as seguintes etapas de estudo: uma pesquisa bibliográfica

especializada. Uma pesquisa documental aos arquivos da Companhia Hidrelétrica do São

Francisco, a revistas e jornais do período de instalação da CHESF. Uma historiografia dos

bairros projetados e construídos pela CHESF (Alves de Souza e General Dutra) e no bairro

periférico a este (Vila Poty). Análise de fotografias aéreas antigas, imagens de satélite

(Google Earth-2012), material cartográfico da cidade de Paulo Afonso-BA e consulta a base

de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE.

Toda a área foi percorrida de automóvel com apoio de aparelho GPS, quando

necessário fazia-se o percurso a pé. As visitas a área de estudo aconteceram nos meses de

agosto a outubro de 2012, tendo em mãos um mapa digitalizado em CAD da área urbana do

município de Paulo Afonso-BA, obtido no setor de projetos da Prefeitura Municipal local, a

partir do qual foi possível a identificação de três macro-zonas urbanas e os bairros de

interesse. Dos quais destacaremos os Bairros General Dutra, Alves de Souza e o centro da

cidade, a Vila Poty, conforme podemos visualizar na Figura 2.

Figura 2. Mapa esquemático das macro-zonas com indicação da área de estudo

Figure 2. Schematic map of the macro-zones with an indication of study area

Fonte: Mapa digitalizado em CAD da PMPA, 2000. Adaptado por BARRETO JR

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A pesquisa foi focada na utilização dos conceitos de Ecologia Urbana,

Industrialização, Urbanização e Segregação Espacial, sendo feita em sites de periódicos

especializados e em revistas da década de 50, como as extintas, Manchete e Cruzeiro. Todos

os conceitos foram de extrema importância para fundamentar a pesquisa e proporcionar o

encaminhamento dos resultados.

A metodologia de análise do presente trabalho considerou a dimensão espaço

temporal, utilizando para a dimensão espacial os aspectos físicos caracterizadores, já para a

dimensão temporal os aspectos socioeconômicos (CORRÊA & CAVALCANTI, 2008).

DESENVOLVIMENTO

O município de Paulo Afonso, ainda quando distrito de Glória- BA no ano de 1945 foi

escolhido pelo então presidente da república Getúlio Vargas, que baseado em estudo técnico

de viabilidade reconheceu todo seu potencial hídrico, para ser o local de instalação da

Companhia Hidrelétrica do São Francisco – CHESF.

Figura 3. Cachoeira de Paulo Afonso em seu estado original

Figure 3. Paulo Afonso Falls in its original state

Fonte: E. F. Schute, 1850

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Até o início do século passado ostentava toda a exuberância e beleza de sua cachoeira

cravada em uma paisagem singular formada por rochas de grande porte e pela vegetação

branca do bioma caatinga, a região teria na metade do século XX uma acentuada alteração

promovida pela indústria da produção de energia. As usinas, barragens, reservatórios e os

desvios executados no rio São Francisco acabaram por influenciar na vegetação e nos modos

de vida da população que até aquele momento era composta por comunidades tradicionais:

quilombolas, indígenas e ribeirinhos (MARQUES, 2007). A caatinga quase intocada deu

lugar a um projeto de cidade pólo na produção de energia e com isso trouxe a ideia de

prosperidade e desenvolvimento econômico, que mudou e influenciou todo processo de

evolução social e espacial da cidade.

Em 1948, o presidente Eurico Gaspar Dutra autorizou a construção desta Indústria

produtora de energia, que para muitos da época seria a “redenção do nordeste”. No ano de

1955 o presidente Café Filho inaugurou oficialmente a primeira Hidrelétrica de Paulo Afonso.

Contudo, estudos técnicos elaborados na época, provavelmente pelo governo, revelaram que a

construção da Hidrelétrica tinha promovido mudanças até na ecologia local, levando

pretensiosamente os técnicos a afirmar que: “As várias represas acabaram corrigindo a

natureza...” (GUIMARÃES, 1972). Desprezando os fluxos naturais de energia do planeta e

todos os problemas que poderiam vir juntos com o desenvolvimento, após transformações de

tamanha magnitude.

Não podemos negar a importância da CHESF para o desenvolvimento do Nordeste e

do Brasil. Mas, o presente estudo foi direcionado para o espaço urbano enquanto categoria de

análise. E neste item poderemos verificar como foi o primeiro modelo de ocupação urbana de

Paulo Afonso, e como ficou impregnado na sociedade local até os dias atuais.

A CHESF, antes mesmo do inicio das obras da hidrelétrica, construiu um

acampamento para os engenheiros, diretores e demais trabalhadores da empresa. O modelo de

ocupação desta vila operária seguia, o padrão europeu proposto pelo filósofo francês Charles

Fourier, de sociedade ideal, dentro da realidade do caos (TRAMONTANO, 1998).

A organização espacial do acampamento Chesf revelava internamente uma tripartição

social, com diferentes padrões de habitação e localização, para os diferentes tipos de

funcionários, de acordo com sua função na empresa. Distribuídos nos bairros General Dutra e

Alves de Souza (AZEVEDO, 2011). Soltas ou geminadas as casas eram construídas em lotes

grandes, feitas a base de alvenaria e pedra, bem compartimentadas, arborizadas e bem

cuidadas, com toda infraestrutura básica disponível e gratuita. Também foram projetadas

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grandes vias e construídos equipamentos públicos como hospital, igreja, praças, clubes,

bancos, correios etc.

Figura 4. Padrão construtivo da Vila Operária (Bairro Alves de Souza) e da Vila Poty no

início da década de 50, vilas separadas por uma cerca de arame farpado, construída pela

CHESF

Figure 4. Construction model of the Vila Operária (Bairro Alves de Souza) and the Vila Poty

at the beginning of the 1950's, villas separated by a barbed wire fence constructed by CHESF

Fonte: Imagens do arquivo da Folha Sertaneja, 2012

Ao mesmo tempo separando esta cidade “perfeita” do restante da cidade, a CHESF

construiu uma cerca de arame farpado que logo depois se transformou em um grotesco muro

de pedras. Esta cerca separava os funcionários oficiais da CHESF da mão de obra menos

qualificada, utilizada para serviços braçais e que logo após o termino das obras foram

dispensados a própria sorte. Estes, por falta de opção permaneceram com suas famílias ao

redor da Vila operária, juntamente com outros milhares de migrantes que surgiam à procura

do Oasis do sertão e ficavam decepcionados ao vir que não existia mais oportunidade nem

esperança (FREITAS, 1956).

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Figura 5. Moradores desempregados da Vila Poty, esperando por ajuda do vizinho rico no

final da década de 40

Figure 5. Unemployed residents of the Vila Poty, waiting for help from a rich neighbour, at

the end of the 1940's

Fonte: Imagem do arquivo da Folha Sertaneja, 2012

A Vila Poty, como ficou conhecida, era a porção da cidade que se formava

organicamente por fora da cerca de arame farpado. O processo excludente começou a partir da

segregação socioeconômica promovida pela CHESF e pelos moradores da vila operária. Os

que chegavam de outros lugares, muitos deles sem oportunidade de trabalho construíam seus

barracos com refugos, sacos vazios de cimento da marca Poty utilizados na obra da usina. Os

barracos eram deformes, sem estrutura, água, luz e esgoto. Surgiam amontoados e o número

crescia cada vez mais rapidamente, tornando-se a representação urbana da desigualdade social

local, a primeira favela de Paulo Afonso. A população da Vila Poty no ano de 1953, já era

quatro vezes maior que a do acampamento CHESF, que era de aproximadamente 3.000

pessoas (BRANDÃO, 1953).

Ainda segundo Brandão (1953), aos que estavam do lado de fora da cerca era negado

o acesso a cidade (acampamento), no qual existia o mercado público e os serviços essenciais.

Como era proibido o estabelecimento de outros tipos de atividades começou a surgir os

primeiros pontos de comercio e serviço na Vila Poty, que eram de bebidas alcoólicas, jogos e

prostituição.

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Na ótica de Robert Park da Escola de Chicago, é dessa mistura que emerge um novo

ambiente, marcado por grandes desigualdades e propícios a desvios de conduta, muitos deles

caracterizados por crimes. Estas histórias de violência na Vila Poty foram o pretexto que a

Chesf precisava para a substituição das estacas de madeira por estruturas de concreto, e em

seguida, por um muro de pedra e arame farpado com aproximadamente 1,5 m de altura,

apelidado de “o muro da vergonha” (SOUZA, 2003).

Figura 6. Cerca separando as duas vilas, e os primeiros pontos comerciais no final da década

de 50.

Figure 6. Fence separating the two villas, and the first commercial businesses at the end of

the 1950's

Fonte: Imagem do arquivo da Folha Sertaneja, 2012

Podemos entender a produção destes espaços precários como a concretização espacial

destes movimentos de segregação, reprodução e distribuição das atividades produtivas e da

sociedade, competindo, em disputa pelo seu espaço (LIMONAD, 1999). No entanto, de

acordo com Lefebvre (1974), fica claro como a forma de ocupação baseada na segregação

social do espaço, e na relação entre as forças e as relações de produção interferem na

regulação e na condição social das pessoas. E desta forma emergem no espaço com suas

contradições.

Ao analisarmos o espaço urbano do município de Paulo Afonso, do ano de 1948 a

2012, através do filtro biológico originado do darwinismo social, defendido por Da Silva,

1993, podemos identificar os três princípios básicos utilizados pela Ecologia Vegetal: A

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competição, que segundo Park é a luta pela possibilidade do uso da terra pelas diferentes

classes sociais para sua sobrevivência, com períodos de conflitos intensos e equilíbrio mais ou

menos estável. A dominação, quando o Estado assume o papel de ordenador do espaço urbano

e determina a forma correta de utilização destes espaços. E a Sucessão, quando os grupos

sociais existentes em determinada área são substituídos por outros grupos.

Em 1986, o muro que outrora foi cerca é parcialmente demolido e a guarita da CHESF

é aberta para os “forasteiros” (SOUZA, 2003), em uma tentativa a contragosto de relação

mutuamente vantajosa, ajudando a reduzir as tensões geradas pelas divergências entre os

grupos sociais existentes. Nesse contexto, a CHESF entendeu que o acampamento não

poderia ficar isolado do restante da cidade, por uma perspectiva de vida coletiva como um

processo adaptativo consistente da interação entre o meio-ambiente, população e organização,

seguindo as novas conjunturas político, econômica e social (MADEIRA, 2003).

A cidade continuou crescendo e expandindo-se para as periferias. A Vila Poty

transformou-se no centro comercial e de serviços do município. Hoje, os grupos sociais

segregados não fazem parte, ou, localizam-se distante deste centro, em novas áreas periféricas

que possuem um constante adensamento populacional, com problemas de ordem econômica,

social e ambiental. A Vila Poty e o Acampamento Chesf, do final da década de 80 até o final

da década de 90 não apresentaram conflitos tão significativos, pois o número de habitantes

estava estabilizado, e estes adaptados ao espaço. Atualmente estas áreas centrais começaram a

sofrer com novos fenômenos, como a verticalização e o transito caótico.

Sob a ótica da Escola de Chicago, as áreas centrais das cidades sempre foram os

espaços mais problemáticos, ou seja, o núcleo decadente, repleto de problemas sociais.

Enquanto as periferias eram prósperas, organizadas e com baixo nível de criminalidade.

Ressalta-se que ao nos basearmos na teoria das zonas concêntricas de Burgess, para explicar a

organização espacial do município de Paulo Afonso-BA, descobriu-se exatamente uma

realidade inversa. (Figura 6), onde o centro é o núcleo econômico próspero e suas periferias

são decadentes e desordenadas espacialmente, reflexos do aumento populacional

proporcionado pela implantação da Hidroelétrica, que fez com que a cidade passa-se de

aproximadamente 13.000 habitantes em 1953, para aproximadamente 110.000 habitantes no

ano de 2010, segundo dados do IBGE. Empurrando as classes menos favorecidas sempre para

anéis externos distantes das feiras, bancos, escolas, igreja e desprovidos de infraestrutura

básica para o assentamento humano.

Outro fato importante de salientar é que os círculos concêntricos em Paulo Afonso

não mantêm uma homogeneidade total na distribuição dos grupos sociais nem no modelo de

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ocupação urbana. Este fato pode ser atribuído a capacidade do mercado imobiliário de

intervir, especular e alterar de acordo com seus interesses a realidade espacial local. E o

Estado “patrimonialista” não cumpre seu papel de provedor do acesso a terra para todos os

segmentos da sociedade.

Figura 7. O circulo concêntrico de Ernest Burgess e o modelo do município de Paulo Afonso-

BA

Figure 7. The concentric circle of Ernest Burgess and the model of the municipality of Paulo

Afonso- BA

Fonte: Burgess, 1970 e Google earth, 2012

Esta nova tendência de expansão deve-se as disputas e arranjos entre o Estado e o

Mercado Imobiliário. Ficando a população carente sempre sem opção na cidade capitalista.

Pois quando o Estado investe em bairros populares, valoriza estes espaços, promovendo

interesse do mercado, fazendo com que ocorra um deslocamento dos pobres para áreas cada

vez mais periféricas e distantes do local de trabalho (BRAGA, 2007).

As transformações no espaço e no uso [...] eram também fundamentais para

criar condições de maior rentabilidade para o investimento imobiliário e se

articulavam com os objetivos da política sanitarista, no sentido de evitar as

habitações populares, necessariamente precárias. Além das medidas legais e

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das demolições, a simples valorização iria permitir ao mercado controlar o

tipo de moradores das áreas [...], pela sua capacidade de pagamento.

(SILVA, 2000, p. 05).

Segundo Corrêa (1993) esta ação do Estado ocorre devido alguns processos já

estudados pela Ecologia Humana na Escola de Chicago, como a centralização,

descentralização, coesão, segregação e inércia. A centralização é justamente a formação da

área central comercial de grande importância econômica. A descentralização ocorre pela

formação destes núcleos secundários em torno da área central. A coesão seria a formação de

áreas, quadras ou ruas especializadas em determinado seguimento, ruas só de oficinas, ou de

clinicas médicas etc. A segregação ocorre, sobretudo pelas políticas seletivas do Estado, pela

auto segregação das classes dominantes e pela influencia do mercado, própria do capitalismo.

Já a inércia, seria a necessidade de manter preservadas estas áreas segregadas, mesmo que

sejam irregulares e tragam consequências danosas ao meio, motivada pelo alto custo de

remanejamento, existência de aglomerações economicamente consolidadas e força de

sentimento da população residente com seu espaço. No processo histórico da ocupação urbana

no município de Paulo Afonso consegue-se observar todos os processos anteriormente

descritos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através das transformações ocorridas no espaço urbano a partir da construção da

Companhia Hidrelétrica do São Francisco – CHESF e da análise socioespacial da cidade de

Paulo Afonso-BA. Entendeu-se que a dinâmica de ocupação do solo na cidade, teve em sua

origem, aporte significativo para a compreensão do modelo de ocupação urbana atual. Assim,

ao longo do texto, descreveu-se o processo de industrialização local, no qual a concentração

de grandes massas de trabalhadores migrantes se fez presente, bem como sua carência por

habitações, equipamentos públicos, infra-estrutura básica e bens de consumo. Através de

reportagens da década de 50, abordadas anteriormente nos resultados, percebeu-se a

influencia do Estado no modelo de ocupação da Vila Operária e sua omissão na ocupação

orgânica da Vila Poty, ficando clara a divisão social do espaço urbano que privilegiava

somente as classes dominantes.

Desse modo, foi possível compreender que os assentamentos urbanos irregulares,

existentes atualmente no município de Paulo Afonso-BA, são uma extensão, um produto da

continuidade do processo de ocupação inicial, promovido pelo Estado e pela CHESF. Hoje

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existe um novo núcleo urbano de concentração de renda, provido de toda infra-estrutura

necessária. Ao redor deste núcleo sua periferia, separada atualmente não mais por cercas ou

muros, mas, pelo limite do Canal da Usina Paulo Afonso IV. Periferia no qual se concentram

bairros com grandes problemas urbanos, sociais e ambientais, provocados principalmente pela

especulação do mercado imobiliário como o bairro Prainha da Brita, Siriema, Jardim Bahia,

Jardim Aeroporto, Barroca, Tancredo Neves entre outros.

Estes bairros absorveram a nova demanda demográfica. Este desequilíbrio entre a

população, o espaço, suas necessidades socioeconômicas e as necessidades da natureza,

tornará sempre difícil uma condição de sobrevivência ou coexistência, sem agressões ao meio

ambiente, que, afetem diretamente a própria vida humana. Não podemos hoje abrir mão da

vida urbana, pois somos em maioria, seres urbanos, mas é viável ordenar estes espaços e

procurar novos caminhos que busquem reverter impactos já causados, e assim, evitar danos

maiores no futuro.

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40

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ARTIGO II- AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DOS ÍNDICES DE

ORDENAMENTO URBANO EM PAULO AFONSO, BAHIA

(Artigo submetido à Revista Sociedade &Ambiente)

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AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DOS ÍNDICES DE ORDENAMENTO URBANO

EM PAULO AFONSO, BAHIA

Carlos Moraes Jatobá Barreto Junior4; Bruno Barbosa Heim5; Sérgio Luís Malta de

Azevedo6; Geraldo Jorge Barbosa de Moura7

RESUMO

Após a Revolução Industrial, os planejadores urbanos viram-se diante da

necessidade de elaborar instrumentos regulatórios capazes de disciplinar o

acelerado crescimento das cidades. Mas, constata-se que os gestores públicos

municipais, em geral, tem se mostrado incapazes e muitas vezes omissos em

garantir o cumprimento de tais marcos legal. A aplicação da legislação de

ordenamento urbano ocorre apenas em subespaços reconhecidamente citadinos,

isto é, apenas sobre aqueles territórios urbanos contemplados nos planos e

programas municipais. Nesse contexto, a prefeitura desconsidera a produção de

aglomerados subnormais na cidade, resultantes da criação de alternativas

inadequadas. Constatou-se com a análise de mapas, fotografias, levantamento

cadastral e visitas in loco no bairro Prainha da Brita, município de Paulo Afonso-BA,

que aproximadamente 1.195 lotes (96%) do total estão em desacordo com o Plano

Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental local, produzindo condições

desfavoráveis para o bem estar e qualidade de vida das populações urbanas do

bairro.

Palavras Chaves: Favelização, degradação, urbanização

4 Arquiteto Urbanista, Especialista em Gestão Urbana e Ambiental, Mestrando do Programa de Pós-graduação

em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, campus Paulo Afonso, [email protected] 5 Advogado, Especialista em Direito Público, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ecologia Humana e

Gestão Socioambiental da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, campus Paulo Afonso, [email protected] 6 Doutor em Geografia, Professor adjunto da Universidade Federal de Campina Grande, Professor do Programa

de Pós-graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, [email protected] 7 Doutor em Ciências Biológicas, Professor Adjunto da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Professor

dos Programas de Pós-graduação em Ecologia Humana-UNEB, Ecologia-UFRPE, Etnobiologia e Conservação da Natureza-UFRPE e Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável-UPE, [email protected]

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EVALUACIÓN DE LA APLICACIÓN DE LOS ÍNDICES DE URBAN ESPACIAL EN

PAULO AFONSO, BAHIA

RESUMEM

Después de la Revolución Industrial, los planificadores urbanos se encontraron

frente a la necesidad de desarrollar instrumentos normativos capaces de regular el

rápido crecimiento de las ciudades. Pero que los administradores municipales, en

general, ha demostrado ser incapaz y, a menudo omitido para garantizar el

cumplimiento de estos marcos jurídicos. La ejecución de la urbanización se produce

sólo en subespacios ciudad reconocida, es decir, sólo en aquellos territorios urbanos

incluidos en planes y programas municipales. En este contexto, la ciudad no tiene en

cuenta la producción de aglomerados subnormales de la ciudad, desde la creación

de alternativas inadecuadas. Se encontró con el análisis de mapas, fotografías,

levantamiento catastral y visitas de campo en Prainha Brita, ciudad de Paulo Afonso-

BA, a unos 1.195 lotes (96%) del total están en desacuerdo con el Plan Director de

Desarrollo Urbano medio ambiental, produciendo condiciones desfavorables para el

bienestar y la calidad de vida de la población urbana en el distrito.

Palabras clave: barrios bajos, la degradación, la urbanización

EVALUATION OF APPLICABILITY OF INDEXES OF URBAN PLANNING IN

PAULO AFONSO, BAHIA

ABSTRACT

After the Industrial Revolution, urban planners found themselves faced with the need

to develop regulatory instruments able to regulate the rapid growth of cities. But what

turns out, contemporaneously, is that municipal administrators generally have been

unable and often omitted to ensure compliance with these legal frameworks. The

application of the legislation of urban development occurs only in subspaces

admittedly townsmen, only on those urban territories included in municipal plans and

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programs. In this context, the city ignores the production of subnormal agglomerates

in the city, from the establishment of alternatives inadequate. It was found with the

analysis of maps, photographs, cadastral survey and site visits in the neighborhood

of Prainha Brita, municipality of Paulo Afonso- BA, which approximately 1,195 lots

(96%) of the total are in disagreement with the Master Plan for Urban Development

local environmental, producing unfavorable conditions for the well-being and quality

of life of urban neighborhood.

Keywords: Favelization, degradation, urbanization.

INTRODUÇÃO

Com o advento do crescimento industrial e do acelerado processo de

migração campo-cidade8 os espaços urbanos passam a apresentar condições

vulneráveis a sustentabilidade da vida na cidade, sejam eles considerados normais

ou subnormais pelos legisladores e gestores municipais, daí por que a necessidade

da criação de planos e programas de ordenamento territorial, tendo em vista o

processo de crescimento desordenado dos espaços citadinos.

A produção desses novos espaços e, em especial do ambiente urbano,

escancara a mescla entre modernização e desenvolvimento do atraso (MARICATO,

2003). Estes padrões modernos de construção e ocupação do solo, presentes nas

leis de zoneamento, código de obras, leis de parcelamento do solo, entre outras,

convivem com a gigantesca cidade ilegal onde a contravenção é regra, atuante nas

fissuras do sistema para superar alguns aspectos da precariedade sócio-econômica

de uma estrutura urbana segregadora (LOBOSCO, 2009).

Tendo em vista esse contexto, esse artigo tem como objetivo avaliar através

dos índices de ordenamento urbano, os pontos e contrapontos que indicam as

contradições da ocupação urbana no bairro da Prainha na cidade de Paulo Afonso-

BA.

8 Esse processo no Brasil começa a ganhar relevo, principalmente, A partir de meados da década de 40 do

século XX e com advento do projeto do Brasil moderno e num contexto em que o país passava pela transição

da condição de agrário-exportador para urbano-industrial.

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Note-se que, atualmente o poder público municipal é o responsável direto

pela definição das zonas de interesse, elaboração de normas, índices e taxas que

devem ser utilizadas como parâmetros no momento da ocupação do solo urbano,

conforme regulamenta a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Cidade, Lei n.

10.257, de 10 de julho de 2001.

Com o advento da constituição Federal de 1988, várias foram as

preocupações da Constituinte. Uma delas, sem precedente, é o Princípio da

sustentabilidade, disposto em seu artigo 225, que garante ao cidadão, o direito ao

meio ambiente ecologicamente equilibrado. Contudo, cada ente federativo deve

assumir responsabilidade constitucional, de acordo com seu grau de implicância na

causa.

Assim, cada município, respeitada a constituição federal e os estatutos possui

suas próprias regras e essas são definidas normalmente no Plano Diretor, na Lei de

Uso e Ocupação do Solo e no Código de Obras (ou de Edificações). Os princípios

que orientam este Plano Diretor e demais documentos estão definidos no Estatuto

da Cidade, sendo que o Plano Diretor é o instrumento básico para orientar a política

de desenvolvimento e ordenamento da expansão urbana do município, garantindo o

interesse maior no uso do solo e dos bens urbanos.

Tal instrumento propõe o controle social da cidade para garantir o bem estar

de seus habitantes e que os interesses da coletividade sejam respeitados

(REZENDE & ULTRAMARI, 2007). Na elaboração do plano diretor o poder público

deverá respeitar as diretrizes gerais da política urbana previstas no artigo 2º do

Estatuto das Cidades, entre elas regular o uso e ocupação do solo, buscando evitar

o “parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em

relação à infraestrutura urbana” (art. 2º, VI, c) e a “poluição e a degradação

ambiental” (art. 2º, VI, g) (BRASIL, 2001).

Segundo o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Paulo

Afonso-BA, o Poder Executivo deveria controlar o uso do solo, por meio da

Secretaria de Meio Ambiente, apesar deste órgão nunca ter sido criado na estrutura

da administração pública municipal local, permanecendo a especialização do meio

ambiente apenas como Diretoria na Secretaria de Infraestrutura. Setor responsável

pelo controle da intensidade de ocupação e os efeitos materiais das estruturas

construídas, de modo a não comprometer os padrões de qualidade ambiental

urbana estabelecido pelo Código do Meio Ambiente (PAULO AFONSO, 2000).

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Apesar da importância destes instrumentos, é notória e reconhecida sua

limitação em promover grandes transformações sociais, principalmente em

municípios que por muitas vezes estão a serviço do capital, ou seja, do poder

público e da especulação imobiliária (SILVA, 2008).

Historicamente a aplicação destes índices de ordenamento urbano ocorre

apenas em espaços considerados legítimos, isto é, apenas sobre aquele território

urbano reconhecido pelo poder público municipal. Este desconsidera a produção da

cidade em ambientes subnormais, como acentua (Rollink, 1997) ao demonstrar que

tal contexto é resultante da criação de alternativas inadequadas de moradias, como

favelas, cortiços e loteamentos irregulares erguidos na omissão das prefeituras.

Quando o município não atua de forma efetiva, passivamente ele testemunha

o abandono de uma grande parcela da população ao seu próprio engenho e

recursos precários de construção, facultando a criação de uma “cidade” estruturada

em áreas impróprias para edificações ou em áreas de interesse ambiental

(MARICATO, 2011). Dai porque estas ocupações irregulares que constituem a

“cidade ilegal”, em especial quando situadas em áreas de interesse ambiental,

afetam a cidade como um todo, mas, particularmente aquela população que ali

reside, pois carecem de infraestrutura adequada, boas condições de habitabilidade e

qualquer desastre ambiental os atingirão com maior magnitude.

Contudo, procurou-se avaliar como esse ambiente, o bairro Prainha da Brita

está estruturado em relação aos índices de ordenamento do solo urbano e o seu

efetivo cumprimento para a qualidade do espaço local e da população ali residente.

Portanto, no artigo, em primeiro plano tratam-se do conjunto de leis,

princípios, instituições, práticas operativas e ideológicas jurídicas que regulam as

relações entre os sistemas sociais e seu entorno natural. Em segundo plano avalia-

se o espaço urbano local e revela-se a problemática sócio-ambiental, que

comprometem o desenvolvimento humano e a própria produção espacial.

MATERIAL E MÉTODOS

O recorte espacial de estudo e as visitas a campo foram realizados no bairro

Prainha da Brita, situado próximo ao aeroporto, compreende uma área entre a BR

110 e a orla sul da Macrozona Noroeste (ZAP2), estendendo-se entre a ponte de

acesso a ilha e o balneário da prainha, coordenadas geográficas 9°24’19.79”S e

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38°14’10.21”O (Figura - 1). Zona heterogênea, com atividades residenciais,

comerciais e de serviços. O bairro apresenta problemas diante da ocupação da

margem do canal, zona de proteção ambiental. Possui uma área total de

382.567,20m2 e fica localizado no município de Paulo Afonso, semi-árido baiano,

nordeste do Brasil (PAULO AFONSO, 2000).

Figura 1. Recorte espacial da área de estudo

Figure 1. Spacial cut of the study area

Fonte: Zoneamento PDDUA, Paulo Afonso-BA, 2000

Foram definidas as seguintes etapas de estudo: uma pesquisa bibliográfica

especializada, visitas a campo, análise de fotografias aéreas, imagens de satélite

(Google Earth-2012) e material cartográfico da cidade de Paulo Afonso-BA, consulta

ao Plano Diretor da cidade (PDDUA) e ao seu Termo de Referência de Políticas

Urbanas.

A pesquisa foi realizada a partir da utilização dos conceitos de Políticas

Urbanas, Urbanização e Ocupação do Solo Urbano, sendo feita em periódicos

eletrônicos especializados. Ressalta-se que os conceitos foram de extrema

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importância para fundamentar a pesquisa e direcionar o encaminhamento dos

resultados.

Toda a área foi percorrida a pé, nos meses de maio e junho de 2012, tendo

em mãos um levantamento cadastral datado do ano de 2005, obtido no setor de

projetos da Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, a partir do qual foi possível a

identificação da maioria dos lotes e a constatação de que já ocorreram diversas

subdivisões dessas áreas anteriormente cadastradas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após o levantamento de diversas questões, para analisar a problemática

socioambiental, especialmente, nas ocupações irregulares em ambientes de

“interesse ambiental”, foram estabelecidas correlações do espaço com o

desenvolvimento social, tornando-se um ponto principal na discussão teórico-

conceitual do trabalho, no objetivo de entender as interações entre os fatores

“legais” e as necessidades individuais da população no ambiente.

Portanto, a análise espacial, realizada por meio da avaliação do uso e

ocupação do solo no contexto de assentamentos subnormais, vem buscando

afirmações nos estudos socioambientais de formar a reduzir impactos ambientais e a

aperfeiçoar a implantação de políticas públicas de gestão ambiental e na

organização do território, especialmente para espaços de maiores vulnerabilidade,

enfocando as interações entre as formas de uso e ocupação do solo e o meio

ambiente.

Com base no cadastro técnico fornecido pela Secretaria Municipal de

Planejamento, realizou-se um estudo levando em consideração os lotes ocupados,

partindo do princípio de que os lotes vagos no ano de 2005/2006 apresentam

atualmente as mesmas características de uso e ocupação do solo urbano,

observados no referido período. O material cartográfico analisado serviu de subsídio

para identificação das zonas em que o bairro estava inserido. As consultas ao Plano

Diretor e ao seu Termo de Referência de Políticas Urbanas foram de singular

importância para observar o respeito ou desrespeito às normas que regem o uso e

ocupação do solo na cidade.

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Tabela 1. Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo no bairro Prainha da Brita,

município de Paulo Afonso, Estado da Bahia, Nordeste do Brasil.

Table 1. Planning, and Land Use in the neighborhood of Prainha Brita, municipality

of Paulo Afonso, Bahia, northeastern Brazil.

ZONA LOCALIZAÇÃO USOS

PERMITIDOS

RESTRIÇÕES DE OCUPAÇÃO

LOTE MÍNIMO

ÁREA TOTAL (m2)

TESTADA MÍNIMA(m)

ZR7 PRAINHA/BRITA

UNIFAMILIAR

200 8

MULTIFAMILIAR

250 10

COMERCIO/

SERVIÇO

200 8

INDUSTRIAL

200 10

MISTO

250 10

ZPA2

PRAINHA/BRITA ZONA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL COM USO

RESTRITO A RECREAÇÃO

Fonte: Termo de Referência de Políticas Urbanas, PAULO AFONSO, 2000

A maioria dos lotes analisados, sejam eles terrenos ou edificações,

apresentaram dimensão de testada inferior a 8,00m (oito metros lineares) ou área

total inferior a 200,00m2 (duzentos metros quadrados), desrespeitando a legislação

municipal em vigor. Observou-se também que quanto menor a área do lote, maior

era sua taxa de ocupação9 e seu coeficiente de aproveitamento10 e,

consequentemente, menor foi a taxa de permeabilidade. Sendo a impermeabilização

9 Taxa de ocupação compreende a “superfície do terreno a ser ocupada com a construção” (SILVA,

2011, p.251).

10 “Coeficiente de aproveitamento é a relação existente entre a área total da construção e a área do

lote” (SILVA, 2011, p. 250).

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do solo um importante parâmetro urbanístico que reflete o impacto da urbanização

sobre o sistema de drenagem de águas pluviais (GAROTTI & BARBASSA, 2010). A

área total e a testada de cada lote foram obtidas pela seleção dos polígonos no

software AutoCAD, versão 2013 educacional, no laboratório de desenho técnico do

Instituto Federal da Bahia- IFBA, campus Paulo Afonso.

Das imagens aéreas analisadas e do procedimento de qualificação de cada

lote existente no cadastro da Secretaria de Planejamento foi possível a elaboração

de um mapa de reconhecimento de padrão visual, (Figura – 02) facilitando a

identificação das áreas que possuem desvios, pois o estudo pautou-se, sobretudo

em uma visão sistêmica do objeto. Por meio do software AutoCAD versão 2013, os

dados coletados em campo foram lançados na carta base, para obtenção do referido

mapa com a distribuição dos lotes, revelando as simetrias e assimetrias, quando

confrontadas com os indicadores do Plano Diretor Municipal.

Figura 2. Reconhecimento de Padrão Visual dos lotes no bairro Prainha da Brita,

município de Paulo Afonso, Estado da Bahia, Nordeste do Brasil; destacando as

residências que obedecem ao plano diretor e as que se encontram irregulares.

Figure 2. Visual Pattern Recognition of the lots in the neighborhood of Prainha Brita,

Paulo Afonso city, Bahia State, Northeast Brazil, highlighting the houses that are

according to the master plan and the ones which are irregular

A escolha dos lotes como elementos espaciais de estudo justifica-se, pois os

ambientes urbanos são heterogêneos, usos e padrões construtivos diferenciados,

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sendo útil simplificá-los em combinações de materiais básicos de uso e ocupação do

solo, a fim de permitir estudos quantitativos (ROCHA et al., 2007).

Pode-se visualizar a partir da análise da figura 3 e da tabela - 1 que as

dimensões das testadas de algumas construções existentes estão completamente

em desacordo com os índices de ordenamento urbano indicados no Termo de

Referência de Políticas Urbanas que é de 8 metros para o uso Unifamiliar (parte

integrante do Plano Diretor Municipal).

Figura 3. Exemplo de casas com testada inferior a oito metros no bairro Prainha da

Brita, município de Paulo Afonso, Estado da Bahia, Nordeste do Brasil (Rua Beira

rio, s/n)

Figure 3.Example of houses tested with less than eight meters in the neighborhood of

Prainha Brita, Paulo Afonso city, Bahia State, Northeast Brazil (Beira Rio Street)

Fonte: Carlos M. J. Barreto Junior, 10/06/2012

O bairro foi dividido em nove setores de forma aleatória, identificados com as

letras do alfabeto de A até Ipara facilitar a contagem dos lotes e análise dos dados.

Do total de 1.245 lotes analisados apenas 50 unidades (4%) obedeciam às

orientações de tamanho para área total e testada mínima dos lotes localizados na

ZR7. Os lotes restantes 1.195 unidades (96%) estavam completamente fora dos

padrões delineados no PDDUA, conforme a tabela 2. Dentro deste quantitativo

encontra-se também a maioria dos lotes da margem do canal, que, desobedecem

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tanto o dimensionamento mínimo quanto à posição em relação ao zoneamento.

Estes estão inseridos na ZPA2, zona de proteção ambiental com uso restrito a

recreação, esta zona poderia ser ocupada em regime de concessão pela prefeitura

quando previsto livre acesso do público. Nestes casos, a conservação e manutenção

da zona ficariam por conta do órgão ou entidade concessionária, contudo, sob a sua

fiscalização (PAULO AFONSO, 2000).

Figura 4. Situação e quantitativo dos lotes do Bairro Prainha da Brita

Figure 4. Status and quantity of lots in the neighborhood of Prainha of Brita

A falta de permeabilidade, de áreas abertas e verdes nos lotes, também foi

visualizada no bairro como um todo. A inexistência de praças canteiros e

arborização dificultam a apropriação das funções sociais e ecológicas, não

permitindo o contato direto do morador com elementos da natureza. Isto influencia

diretamente no modelo de produção do espaço construído. Alterando a qualidade

ambiental urbana e, por fim, a qualidade de vida (TOLEDO et al., 2009).

Os lotes e as construções existentes na margem do rio, ZPA2, violam tanto os

índices de ordenamento e ocupação do solo urbano quanto o zoneamento imposto

pelo Plano Diretor Municipal. O problema pode estar na questão de zoneamentos

definido pelos gestores urbanos, que dividem a cidade em áreas específicas e

restritas. Estas zonas às vezes não cumprem seu papel fundamental de

ordenamento e acaba por criar bolsões urbanos que não interessam ao mercado

formal, sendo subutilizados ou invadidos (JUERGENSMEYER & ROBERT, 2007).

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A Resolução 302/02 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA)

dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de áreas de preservação

permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso das margens e do entorno

em seu artigo 3º. IV em,

[...]

Localização exclusivamente nas seguintes faixas de APP:

a) nas margens de curso de água, e entorno de lagos, lagoas e

reservatórios artificiais, conforme incisos I e III, alínea “a”, do art. 3°

da Resolução CONOMA n° 303, de 2002, e no incio I do art. 3º da

Resolução CONAMA nº302, de 2002, devendo ser respeitada faixas

mínimas de 15m para cursos de água de até 50m de largura e faixas

mínimas de 50m para os demais;

[...]

Figura 5. Situação da margem do Bairo Prainha

Figure 5. Status and quantity of lots in the neighborhood of Prainha of Brita

Fonte: Google Earth, 2013

Esta forma desordenada de ocupação do solo, em virtude da inobservância

das normas urbanísticas, conduz assim à proliferação de habitações edificadas sem

critérios técnicos (inseguras) e em condições subumanas (insalubres); ao

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aparecimento de elementos que ampliam a degradação do meio ambiente e da

saúde; ao crescimento populacional sem a presença de equipamentos urbanos e

comunitários, gerando uma cidade caótica; à marginalização dos seus habitantes

com aumento das desigualdades sociais e reflexo na segurança da população local

e circunvizinha (violência, narcotráfico e promiscuidade) (FREITAS, 2005).

Conforme assevera (FEITOSA et al., 2011), estes espaços produzidos de

forma orgânica são constantemente modificados pelas variadas formas de ocupação

do solo, influenciando no micro clima local, na impermeabilização dos lotes, na

condução de energia térmica no meio urbano, na poluição atmosférica, no aumento

indiscriminado das edificações e ocupação das áreas de interesse ambiental.

O que vem sendo concretamente verificado é que esta dinámica de exclusão

habitacional e assentamentos espontáneos (ocupações irregulares) em áreas

ambientalmente vulneráveis como as margens de ríos, que, por esta condição de

fragilidade, merecem legislação específica, não interessam a principio ao mercado

imobiliário e também não interessam ao poder público que é influenciado pelo

mercado, mas são as que “sobram” para a moradia de grande parte da população

(MARICATO, 2000). Contudo, depois de legalizadas e legitimadas pelo poder

público, estas áreas tornam-se foco de interesse e especulação do mercado

imobiliário.

Para Amadei (2006), entre as diversas causas desse processo de produção

da cidade não formal, duas estão diretamente ligadas ao poder público: Uma na

concepção das leis e outra na fiscalização. Se existe irregularidades na ocupação

urbana, em regra, á lei é utópica (exige além do que a realidade social é capaz de

exigir) ou fiscalização falha (omissão do poder executivo em garantir o cumprimento

das leis) (AMADEI, 2006). Às causas apontadas pelo autor soma-se outra, a

omissão histórica do poder público no planejamento e execução de políticas

habitacionais para os setores de menor Status econômico, que não atingem o

mercado imobiliário. Enquanto o Estado, em todos os níveis de governo, não

assume sua responsabilidade de cumprimento do direito social à moradia para todos

os brasileiros e brasileiras, não restaram outras alternativas ao povo que necessita

de um espaço para morar, que não seja a recriação de espaços ilegais na cidade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A metodologia utilizada na representação dos lotes, a partir das suas

dimensões, área total e testada mínima, representou de forma confiável o modelo de

urbanização orgânica verificado no bairro Prainha da Brita no município de Paulo

Afonso, BA. E ao interpretar os levantamentos, mapas e imagens, confrontando-os

com a análise dos instrumentos legais, pode-se observar que os limites do direito de

construir são continuamente desrespeitados, confirmando a inoperância do poder

público municipal e a importância dessas limitações para a busca do bem estar e

qualidade de vida das populações urbanas.

Constatou-se que independente da localização espacial o fato é que o ser

humano, não abandona nunca, a busca do seu “lugar”, de sua moradia, seu espaço

individual de proteção, esta busca é sempre um fazer, uma ação singular, sempre

transformadora do ambiente, dito natural.

Enquanto o poder público municipal que é o responsável pelo ordenamento

da ocupação do solo urbano não buscar de forma satisfatória soluções para os

problemas identificados, como reverter o processo de obstrução da paisagem do

canal, assim como a ocupação de sua borda e subdivisões dos lotes existentes,

torna-se inviável um adensamento populacional, sem o prejuízo da qualidade

ambiental urbana, como propõe o atual Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

Ambiental do Município de Paulo Afonso. Mas, consta-se que o bairro analisado é

um assentamento consolidado, composto majoritariamente de população de baixa

renda. Nesse caso, recomenda-se que a gestão municipal não adote medidas o

poder público não deve adotar medidas que, em prol da qualidade ambiental e do

respeito às normas urbanísticas, negligencie o direito à moradia. Ressalte-se que,

isso não significa que não se deva buscar uma solução conciliatória, solução que

satisfaça ambos os direitos de magnitude constitucional deve ser compatibilizada.

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REFERÊNCIAS

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ROLNIK, R. A Cidade e a Lei: legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo. FAPESP/Studio Nobel, São Paulo- SP, 1997. SILVA, J. A. Direito Urbanístico Brasileiro. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. __________. Direito Urbanístico Brasileiro. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. TOLEDO, F. S; MAZZEI, K; SANTOS, D. G. Um Índice De Áreas Verdes (IAV) Na Cidade De Uberlândia / MG. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, v.4, n.3, p. 86–97, Piracicaba – SP, 2009.

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ARTIGO III-ANÁLISE SOCIOESPACIAL DE ECOSSISTEMAS URBANOS:

Especulação, Segregação e Violência Urbana em Paulo Afonso- BA

(Artigo submetido à Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento

Regional)

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ANÁLISE SOCIOESPACIAL DE ECOSSISTEMAS URBANOS: Especulação, Segregação E Violência Urbana Em Paulo Afonso- Ba

SOCIAL AND SPATIAL ANALISIS OF URBAN ECOSYSTEMS:

Speculation, Segregation And Urban Violence In Paulo Afonso-Ba

Carlos Moraes Jatobá Barreto Junior11

Sérgio Luís Malta de Azevedo12

RESUMO:

A ocupação irregular do solo e seu adensamento populacional, principalmente nas áreas de

interesse ambiental, tem gerado inúmeros problemas relacionados a qualidade de vida humana

nas cidades. A proposição das análises espaciais em ecossistemas urbanos possui uma

capacidade particular em termos metodológicos de proporcionar maior visibilidade da

realidade social local, especialmente em territórios de alta vulnerabilidade. Pois, nestes

ambientes desenvolvem-se conflitos desencadeadores da violência urbana e do uso

inadequado de recursos ambientais. Além de processos integrados, como a especulação

imobiliária e a gestão pública, que, hora serve mais a interesses privados do que ao público.

Nesse contexto, analisa-se o bairro Prainha da Brita, no município de Paulo Afonso-BA, em

seus aspectos socioespacias mais relevantes, como o meio físico, domicílios, população

residente, demografia, infraestrutura e indicadores de violência urbana. Constatou-se que o

processo de ocupação desta área ocorreu sob a omissão do poder público municipal, tornando-

se, especialmente, por sua conformação espacial, nível de escolaridade e desemprego, uma

zona de insegurança social. Aonde, o mercado e o governo reorganizam-se para atender

interesses econômicos específicos.

Palavras Chaves: Gestão Urbana. Vulnerabilidade. Insegurança Social.

ABSTRACT:

11

Arquiteto Urbanista, Especialista em Gestão Urbana e Ambiental, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, campus Paulo Afonso, [email protected] 12

Doutor em Geografia, Professor adjunto da Universidade Federal de Campina Grande, Professor do Programa de Pós-graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, [email protected]

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The illegal occupation of land and its population density, particularly in the areas of

environmental interest has generated numerous problems related to the quality of human life

in cities. The proposition of spatial analysis in urban ecosystems has a particular ability in

methodological terms to provide greater visibility of local social reality, especially in areas of

high vulnerability. Therefore these environments are developed triggers conflicts of urban

violence and the inappropriate use of environmental resources. Apart from integrated

processes, such as land speculation and public management, which serves more time to

private interests than the public. In this context, we analyze the Prainha Brita neighborhood in

Paulo Afonso-BA, in its most relevant socioespacias aspects such as the physical

environment, households, resident population, demography, infrastructure and indicators of

urban violence. It was found that the process of occupation of this area occurred in the

omission of the municipal government, becoming especially by their spatial conformation,

level of education and unemployment, a zone of social insecurity. Where the market and the

government reorganises to meet specific economic interests.

Key words: Urban Management. Vulnerability. Social Insecurity.

INTRODUÇÃO

No Horizonte dos mais diversos tipos de ecossistemas, podemos vislumbrar o

ecossistema urbano como um dos principais responsáveis pelo aumento da instabilidade no

planeta, principalmente pelo adensamento constante e pressão sobre áreas de grande

fragilidade ambiental. Segundo Silva & Almeida (2012) estas análises dentre muitas

possibilidades podem ser realizadas por meio da avaliação do uso e ocupação do solo. Tais

estudos contém a virtude de a partir de suas constatações reduzir impactos sociais e

ambientais aperfeiçoando a implantação de políticas públicas de gestão ambiental e

organização do território, principalmente em espaços de maior vulnerabilidade

socioambiental.

Ressalta-se que, uma análise ecossistêmica como a proposta pelo ecólogo Jaume

Terradas (2001), baseada em estudos intensos do meio físico, população, histórico de

evolução espacial e fluxo de energia destes territórios permite entender a dinâmica

socioespacial da população residente. O espaço geográfico como cidades e bairros são

produtos de ações políticas, econômicas e culturais transformadoras. Assim como também são

produtores destas ações. Ou seja, o espaço geográfico é uma extensão materialmente

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constituída e esta disposição física da ordem espacial possui uma lógica uma coerência, pelo

menos, para os atores deste espaço (GOMES, 2002). Desta forma surgem as seguintes

indagações: Qual a consequência de tal ordem espacial? Uma maior vulnerabilidade

socioespacial pode ser produto de um desordenamento? Santos (1996) corrobora com a ideia

anterior e afirma que o espaço é forma e conteúdo.

Contudo, segundo Mucelin & Bellini (2008) é na tentativa de satisfazer suas

necessidades biológicas e culturais nesses ecossistemas urbanos, que os homens disputam

espaço, capital e parceiros. Intensificam a produção do lixo urbano, utilizam os recursos

hídricos e lançam o esgoto de forma inadequada nos leitos dos rios e oceanos, além de

construir moradias em locais impróprios e de grande fragilidade ambiental. Isso sem contar as

inúmeras vulnerabilidades decorrentes das contradições do homem com a natureza. Todas

estas ações antrópicas urbanas são exemplos que contribuem para o desencadeamento e

evolução dos problemas socioambientais multiescalar (FERNANDEZ, 2004).

Baseando-se na Politica Nacional de Desenvolvimento Urbano- PNDU, todas as

pessoas tem direito a cidade, a terra urbanizada, ao saneamento ambiental, a infraestrutura, a

segurança pública e a uma moradia digna que atenda as necessidades básicas de qualidade de

vida e que a excluam de uma condição de vulnerabilidade socioambiental.

A vulnerabilidade é a falta ou a não condição de acesso a bens materiais de consumo e

bens de serviço que possam atender as necessidades que tornam um indivíduo vulnerável.

Para Abramovay (2002), a vulnerabilidade socioambiental é definida pela insuficiência de

recursos e habilidades de um grupo social, dentro da demanda da sociedade.

Neste sentido, após uma análise ecossistêmica, torna-se possível entender a dinâmica

do espaço urbano ocupado. Suas fraquezas e suas forças, ou seja compreendermos as

complexidades que envolve a manutenção da população em determinadas áreas. E como esta

forma de ocupação impacta nos aspectos sociais locais, principalmente nos índices de

criminalidade do bairro após legitimação do espaço pelo poder público.

Observa-se, portanto que esse artigo visa a problematizar ecossistemas urbanos

vulneráveis socioespacialmente e ações políticas que legitimam o uso inapropriado destas

áreas ambientalmente frágeis tais como: Margens de rios e de lagos artificiais. É nesse sentido

que a partir da análise do bairro Prainha no município de Paulo Afonso-BA, verificamos o

paradoxo existente nas intervenções pós-ocupação, que buscam a inclusão da população ali

residente, mas que contraditoriamente insejam elementos que acabam por estimular a saída de

comunidades inteira para áreas cada vez mais periféricas, quando agregam a sobrevalorização

do espaço e permitem a ação desmensurada do mercado imobiliário local.

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Para atingir esses objetivos descreveu-se primeiramente o meio físico (solo, clima,

tipologia dos domicílios, circulações etc.), analisou-se a partir de dados censitários a

população do município e do bairro, objeto de estudo, para caracterização socioeconômica e

demográfica. Em termos de identificação das dimensões de vulnerabilidade, destacaram-se as

condições dos domicílios, a violência urbana e uma avaliação da infraestrutura ( esgotamento

sanitário, água e coleta de lixo). Verificaram-se as intervenções do poder público e o

movimento predatório do mercado imobiliário que pressiona a população local e ignora a leis

de zoneamento.

MATERIAL E MÉTODOS

Os estudos foram realizados na cidade de Paulo Afonso (Figura 1), município localizado

no semiárido baiano. Na margem direita do rio São Francisco, entre os paralelos 09°39’27” e

09°21’10” de latitude sul e os meridianos de 38°32’16” e 37°59’52” de longitude oeste,

ocupando uma área de 1.574 Km2 (SEI, 1995). Na área urbana da cidade, delimitou-se como

recorte espacial o bairro Prainha da Brita (Figura 2) a margem do lago artificial da Usina

Paulo Afonso IV- PAIV, coordenadas geográficas 9°24’19.79”S e 38°14’10.21”O.

FIGURA 1. Mapa do Município de Paulo Afonso- BA

Fonte: Mapa produzido no software ArcGis, por BARRETO JR, 2013

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FIGURA 2. Área Urbana do Município de Paulo Afonso- BA

Fonte: Prefeitura Municipal de Paulo Afonso-BA- SEPLAN, 2000

A pesquisa utilizou do método dedutivo de estudo e observação in loco, na perspectiva

teórico-conceitual beneficiou-se dos conceitos de Especulação Imobiliária, Violência Urbana

e Vulnerabilidade Socioespacial, sendo feita principalmente em sites que publicam periódicos

especializados, fontes documentais obtidas nas concessionárias, delegacias e prefeitura.

Ressalta-se que os conceitos foram de extrema importância para fundamentar a pesquisa e

subsidiar o encaminhamento dos resultados. Para obtenção dos dados estatísticos utilizou-se o

registro de varáveis por setores censitários do bairro Prainha, fornecido pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando a categoria espacial da vulnerabilidade, busca-se a compreensão dos

territórios através do uso e ocupação do solo urbano e, também, do entendimento dos

indicadores socioeconômicos e ambientais, estabelecendo a relação entre os grupos sociais

pobres e as áreas vulneráveis, principalmente nos ambientes de precárias condições de

saneamento básico e de elevados índices de violência urbana.

Segundo Ribeiro (2008), a vulnerabilidade é social, antes de qualquer outra coisa. E

sempre será definida pela posição econômica de um grupo na sociedade, e de cada individuo

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no seio do seu grupo. Está fortemente ligada a sua renda. Ficando claro que as camadas mais

pobres da população, são as mais vulneráveis a situações de risco.

De acordo com as ideias de Deschamps (2004), a vulnerabilidade socioespacial

constitui-se diferentemente nos diversos grupos sociais, principalmente em populações

propensas as diversificadas formas de situações de ameaças no território ocupado

(criminalidade, prostituição, alcoolismo, doenças, desemprego, enchentes etc.). Portanto, a

noção de vulnerabilidade é multidimensional, no que se refere à população humana, afetando

a comunidade em diferentes intensidades de acordo com as formas de ocupação no espaço

geográfico habitado.

Nesta multidimensionalidade, encontramos a dimensão da violência urbana, que para

Soares (2005), possui múltiplos sentidos: Pode designar uma agressão física ou psicológica,

um assassinato cometido com as próprias mãos, uma forma hostil de contar uma história sobre

um terceiro, a indiferença ante o sofrimento alheio, a negligência com os idosos e

principalmente a decisão política que produz consequências sociais nefastas.

As decisões políticas muitas vezes atendem interesses particulares, ou seja, a própria

especulação imobiliária. Esta é inseparável dos interesses políticos locais, onde as decisões

sobre a localização dos investimentos públicos resultam em uma distribuição desigual. Que

não atendem a necessidade da população, mas sim, da valorização de terrenos e imóveis dos

que já detém o capital.

A área aonde veio se formar o município de Paulo Afonso tem sua ocupação pioneira

datada do início do século XVIII, a partir da miscigenação dos primeiros nativos Pancararus

com bandeirantes portugueses. No início da década de 50 com a construção da Companhia

Hidroelétrica do São Francisco- CHESF chegaram pessoas de todos os estados brasileiros,

principalmente dos estados nordestinos, dai porque é possível afirmar que temos hoje a

terceira geração de filhos de Paulo Afonso/BA.

A população do município estimada para 2012 foi de 110.000 habitantes. A taxa de

crescimento anual da população é de 1,17%. Mais de 86% da população esta concentrada na

área urbana. O município com área de 1.574Km2 possui uma densidade demográfica de

68,62hab/Km2 (IBGE, 2010). O que poderíamos entender como um indicador demográfico

dentro da faixa de normalidade, mas que apresenta assimetrias, merecedoras de atenção por

parte dos gestores locais, possíveis de serem trabalhas e ordenadas espacialmente dentro de

um município de pequeno porte como o de Paulo Afonso-BA. Apresentam diversidade e

complexidades que não podem ser comparadas aquelas enfrentadas pelas grandes metrópoles

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detentoras de assentamentos subnormais como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife,

onde a problemática da favelização é muito comum.

O bairro Prainha é um assentamento irregular onde boa parte de sua área esta

localizada na margem do lago artificial da usina PA-IV em zona de proteção ambiental- ZPA

(setores censitários 46,138 e 139) conforme figura 03 e o restante que está localizado em

Zona Residencial de interesse social- ZR7 (setores censitários 87 e 88) não obedecem às

normas de uso e ocupação do solo urbano, definidas no Plano Diretor do município.

Conhecer o tamanho da população local e suas características é tarefa fundamental

para obtenção de êxito nas futuras ações públicas de melhoramento destas áreas (MARQUES,

TORRES e SILVA, 2003). Em princípio podemos observar que a taxa de crescimento da

população do bairro é três vezes maior que a taxa de crescimento do município

principalmente de 2000 a 2010. Já que a população do município era de 96.428 em 2000 e a

população do bairro era de 1.406 pessoas.

FIGURA 3. Setores Censitários do Bairro Prainha da Brita, município de Paulo Afonso,

Estado da Bahia, Nordeste do Brasil.

Fonte: IBGE, 2010

Essa população do bairro Prainha da Brita é de 4.511 residentes (tabela 01), com área

aproximada de 3,8Km2 possui densidade demográfica de 1.179hab/Km2 de acordo com os

dados do IBGE (setores censitários), ou seja, dezessete vezes maior que a densidade

demográfica do município. A quantidade de domicílios é de 1.437 com media de ocupação de

3,52 pessoas por domicílio conforme tabela 03. Média considerada normal se os domicílios

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não tivessem dimensionamento subnormal (tamanhos Inferiores a média definida pelo

Estatuto das Cidades). Distante de cumprir a função social da propriedade e de promover o

bem-estar da população local.

TABELA 1. Distribuição populacional do bairro Prainha da Brita por faixa etária.

SETORES

CENCITÁRIOS SEXO

IDADE

POPULAÇÃO RESIDENTE TOTAL

0-18 19-34 35-59 60-100

S46 H 171 100 83 18 372

M 149 123 79 19 370

S87 H 144 91 104 25 364

M 141 119 101 16 377

S88 H 245 153 160 35 593

M 237 185 144 20 586

S138 H 178 117 101 21 417

M 185 136 99 17 437

S139 H 215 135 113 26 489

M 193 162 117 34 506

TOTAL 1.858 1.321 1.101 231 4.511

Fonte: IBGE, 2010

Infere-se da tabela, que a maior parte da população local é de pessoas com idade entre

zero e dezoito anos, ou seja, adolescentes moldados pela estrutura local, falta de opções de

educação, cultura e esporte, visualizando durante estes primeiros anos a facilidade no

consumo de bebidas alcoólicas, entorpecentes e iniciação da atividade sexual precoce. De

acordo com o Núcleo de Informações Sociais-NINSOC, aproximadamente 20% das crianças

entre sete e catorze anos não estavam cursando o ensino fundamental em 2010. O grupo dos

dezenove aos trinta e quatro anos é o resultado do grupo anterior, adultos que não tiveram

oportunidades de educação, com alto nível de desempregados e responsáveis por índices

elevados de violência urbana. O que justifica também o número de moradores acima dos

sessenta anos, relativamente baixo.

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TABELA 2. Domicílios e média de ocupação do bairro Prainha da Brita na área urbana da

cidade de Paulo Afonso-BA

SETORES

CENCITÁRIOS

DOMICÍLIOS POPULAÇÃO

RESIDENTE MÉDIA

OCUPADO DESOCUPADO HOMENS MULHERES

S46 207 31 372 370 3,58

S87 208 23 364 377 3,56

S88 343 31 593 586 3,44

S138 237 29 417 437 3,60

S139 285 34 489 506 3,49

TOTAL 1.280 148 2.235 2.276 3,52

1.437 4.511

Fonte: IBGE, 2010

FIGURA 4. Gráfico da ocupação dos domicílios do Bairro Prainha

Fonte: IBGE, 2010

O município de Paulo Afonso-BA possui como tipologia dominante de relevo as

depressões periféricas interplanálticas, integrantes da unidade geomorfológica Pediplano

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Sertanejo, com cotas altimétricas que variam de 262 a 450m (AZEVEDO, 2008). Com a

construção das Usinas Hidrelétricas uma complexa rede de lagos e reservatórios artificiais

transformaram a paisagem do município, uma vez que existem dentro da ilha de Paulo Afonso

mais de quinze lagos artificiais (LOPES, 2008). Estes lagos se encontram poluídos com

esgotos domésticos e suas margens são alvo de assentamentos clandestinos. Destes, podemos

citar as margens do bairro Prainha da Brita como exemplo de vulnerabilidade socioambiental

promovida pela conformação do espaço físico

Esta vulnerabilidade se justifica após análise de registros de violência urbana relativos

ao bairro Prainha, como violência contra a mulher, homicídios e tráfico de drogas, tabelas 3 e

4. Os dados relativos ao segundo semestre de 2013 são referentes até o mês de agosto. Destes

registros verificamos que de 2011 até 2013 foram registradas 132 ocorrências domésticas

contra a mulher, sendo 26 de agressão. No período de 2010 a 2013, tivemos 20 homicídios, 51

roubos e 23 registros de tráfico de entorpecente. O cerne da produção desta vulnerabilidade

vincula-se à situação de pobreza, que é responsável pela condução destes sujeitos a

marginalidade. Somado a este problema verificamos que o modo comportamental, territórios

de circulação, moradia e práticas cotidianas distintas das consideradas “ideais”, como passar o

dia nos diversos bares bebendo, jogando e prostituindo-se.

TABELA 3. Ocorrências Registradas na Delegacia da Mulher, no bairro Prainha da Brita,

área urbana de Paulo Afonso-BA de 2011 a 2013

PERÍODO/

OCORRÊNCIAS

2011 2012 2013 TOTAL

SEMESTRE SEMESTRE SEMESTRE

1º 2º 1º 2º 1º 2º

AMEAÇAS

AGRESSÃO

OUTROS

06

03

07

08

03

06

14

09

08

16

06

10

12

03

14

05

02

00

61

26

45

TOTAL 16 17 31 32 29 07 132

Fonte: Delegacia da Mulher-DEAM, Paulo Afonso, 2013.

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TABELA 4. Ocorrências Registradas na Policia Civil do município de Paulo Afonso-BA

PERÍODO/

OCORRÊNCIAS

2010 2011 2012 2013 TOTAL

HOMICÍDIOS

TRÁFICO

ROUBO

OUTROS

08

06

12

26

04

05

09

38

06

07

21

60

02

05

09

51

20

23

51

175

TOTAL 52 56 94 67 269

Fonte: Secretaria de Segurança Pública, Paulo Afonso, 2013.

FIGURA 5. Gráfico das ocorrências do Bairro Prainha, registradas na Polícia Civil no período

de 2010 a 2013

Fonte: Secretaria de Segurança Pública, Paulo Afonso, 2013.

Neste contexto é que o poder público tardiamente interfere com estratégias de

ordenação, caracterizada pela segregação, exclusão e isolamento das classes menos

favorecidas. Segundo Coimbra (2001) praticando ações que corroboram com o sentido

preconceituoso de que na periferia não há regras, não há leis, não existe infraestrutura, não

existe controle, portanto, existe perigo.

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Ressalta-se que, a prefeitura municipal pavimentou todas as ruas do bairro objeto

desse estudo e executa o serviço do recolhimento do lixo urbano três vezes por semana. O

curioso é a locação de casas situadas na Zona de Proteção Ambiental- ZPA para seus

equipamentos públicos como posto de saúde da família- PSF, para atendimento das demandas

da população. Na prática o estado legitima o uso e ocupação do solo fora dos parâmetros

previstos pelos instrumentos legais, conforme figuras 6 e 7.

FIGURA 6. Equipamentos públicos, Posto de Saúde da Família-PSF, instalado em área

irregular.

Fonte: Barreto Jr, 2013

FIGURA 7. Equipamento público, Centro de Referência de Assistência Social-CRAS,

instalado em área irregular

Fonte: Barreto Jr, 2013

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72

Após avaliação de dados do Ministério da Saúde, oriundos do Sistema de Informação

da Atenção Básica- SIAB encontramos dados relativos à infraestrutura do município de Paulo

Afonso-BA, são indicadores de saneamento, abastecimento de água e coleta de lixo, nos anos

de 1998, 2003, 2008 e 2013 (tabelas 5, 6 e 7).

TABELA 5. Indicadores de Saneamento do Município de Paulo Afonso-BA, (Rede pública,

Fossa e Céu Aberto).

PERÍODO/

SISTEMA

2013

%

2008

%

2003

%

1998

%

REDE PÚBLICA

FOSSA

CÉU ABERTO

85,5

9,0

5,4

73,6

11,7

14,7

65,4

13,3

21,4

55,8

11,1

33,1

Fonte: Ministério da Saúde- DATASUS, Sistema de Informação da Atenção Básica-SIAB,

2013.

TABELA 6. Indicadores de Abastecimento de Água do Município de Paulo Afonso-BA,

(Rede Pública, Poço e Outros meios).

PERÍODO/

SISTEMA

2013

%

2008

%

2003

%

1998

%

REDE PÚBLICA

POÇO/NASCENTE

OUTROS MEIOS

90,9

7,0

2,1

77,6

20,4

4,7

77,6

23,3

6,5

77,6

24,2

9,3

Fonte: Ministério da Saúde- DATASUS, Sistema de Informação da Atenção Básica-SIAB,

2013.

Neste contexto, encontramos a realidade especifica do bairro Prainha muito similar a

do município no tocante ao abastecimento de água, mas, divergente quanto o saneamento

público. A empresa baiana de saneamento- EMBASA revelou que em seus cadastros existem

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73

no bairro Prainha 1.334 ligações de água potável, ou seja, mais de 90%das residências, 1.255

com hidrômetro e 79 sem hidrômetro. Do total dos 1.437 domicílios 103 não possuem ligação

de água. A consercionária ainda não executou o projeto de esgotamento sanitário no bairro.

Desta forma, parte da população local principalmente os moradores da margem ainda lançam

esgoto diretamente no rio e utilizam água deste mesmo rio para consumo.

Os serviços de eletricidade residencial e iluminação pública também já são ofertados

pela COELBA, apesar do grande número de ligações clandestinas (gatos). O serviço dos

Correios não entra no bairro, por medida de segurança faz a entrega de correspondências em

um único ponto de acordo com informação do Centro de Referência de Assistência Social-

CRAS. Já em relação ao lixo urbano a prefeitura realiza coleta regularmente três vezes por

semana, o que corrobora com a próxima tabela de Lixo Urbano do Município de Paulo

Afonso.

TABELA 7. Indicadores do Lixo Urbano do Município de Paulo Afonso-BA, (Coleta de lixo,

Queima e Céu Aberto).

PERÍODO/

SISTEMA

2013

%

2008

%

2003

%

1998

%

COLETA DE LIXO

QUEIMA

CÉU ABERTO

88,7

7,3

4,1

79,8

8,8

11,4

71,5

12,0

16,5

62,8

5,0

32,3

Fonte: Ministério da Saúde- DATASUS, Sistema de Informação da Atenção Básica-SIAB,

2013.

Dentre outras ações públicas municipais propostas para melhoria da qualidade de vida

local, que legitimam o uso e ocupação do solo, ao mesmo tempo em que agrega valor aos

imóveis e terrenos, pressionando a saída dos antigos moradores e criando condições de

acessibilidade a futuros empreendimentos habitacionais de alto padrão, podemos destacar a

pavimentação das ruas do bairro Prainha na comparação das imagens de satélite googleearth

do ano de 2006 e de 2013 conforme figuras 6 e 7.

FIGURA 8. Imagem de satélite do bairro Prainha no ano de 2006

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Fonte: Imagem satélite Googleearth 2006

FIGURA 9. Imagem de satélite do bairro Prainha no ano de 2013

Fonte: Imagem satélite Googleearth 2013

Esta permissividade do Estado está intimamente ligada à força do mercado. Vejamos,

zonas de proteção ambiental são habitadas irregularmente. O Estado fecha os olhos deixando

o espaço se consolidar, em seguida oferece benfeitorias que agregam valor á área, no entanto

conduzem a mudanças nas leis de zoneamento para atender a interesses particulares. Os

imóveis sobem de valor e o mercado adquire estes imóveis e vendem legalizados para a alta

classe local com apoio incondicional do Estado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Bairro Prainha da Brita pode ser considerado uma “favela”, pelo menos se

adotarmos parcialmente as definição do IBGE, onde, favelas são setores especiais de

aglomerado subnormal constituídos por um mínimo de 51 domicílios ocupando ou tendo

ocupado até o período recente terreno de propriedade alheia (pública ou particular), dispostos

em geral, de forma desordenada e densa, carente em sua maioria de serviços públicos

essenciais.

Os índices de violência urbana são relevantes e favorecidos pela alta densidade

demográfica do bairro, na maioria moradores de baixo status econômico, espacialmente

possui uma conformação inadequada. Inserido em uma sociedade desigual como é o caso da

brasileira, nordestina e em particular da paulafonsina, onde o consumo e a demonstração do

poder aquisitivo atuam como elementos de distinção social. Explicando o fato de grande

parcela da população menos abastada esforça-se para acompanhar o padrão de consumo dos

outros extratos sociais. Quando não conseguem por vias legais, praticam roubos, furtos e

tráfico de entorpecentes para atingir o seus objetivos. A violência doméstica e contra a mulher

é outro problema, esta ligada ao consumo de drogas a ao sentimento de insatisfação pessoal

de boa parte da comunidade local.

Nota-se, ainda que o poder público municipal segue em parte as diretrizes e princípios

da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, quando tenta corrigir as desigualdades,

com “regularização fundiária”, urbanização, abastecimento de água e gestão de resíduos

sólidos. Mas, ao mesmo tempo executa alterações pontuais equivocadas de zoneamento, usos

e ocupação do solo urbano, com alteração de Zonas de Proteção Ambiental na margem do rio

para Zonas residenciais, desrespeitando o próprio Plano Diretor do município como a

legislação Federal. Para atender os interesses expeculativos do mercado imobiliário.

Legitimando o uso destas áreas de fragilidade ambiental e interesse social. Para que no

decorrer do tempo o processo expeculatório imobiliário acabem provocando a expulsão da

população local, deslocando-as para áreas cada vez mais periféricas. Em um ciclo contínuo e

histórico no qual a população carente acaba por constituir-se em massa de manobra,

verdadeiras “marionetes” ou “boi de piranhas”, que serve como catalizadores de um processo

de urbanização que atende ao interesse do desenvolvimento desigual das relações capitalistas.

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REFERENCIAS

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Latina: Desafios Para políticas públicas. Brasília: UNESCO, 2002.

AZEVEDO, Sergio, L. M. “Paulo Afonso, um ponto difusor cultural e sócio-econômico da

pequena produção”. In: ALMEIDA, M. S. P; AZEVEDO, S. L. M.(org.) Espaço

Interdisciplinar: Literatura, Meio Ambiente e Relações Sociais. Recife-PE, ed. Baraúna,

2008.

COIMBRA, C. Operação Rio: O mito das classes perigosas. Rio de Janeiro: Oficina do Autor;

Niterói; Intertexto, 2001.

DEAM, Delegacia de Apoio a Mulher, Paulo Afonso, 2013.

DESCHAMPS, M. V. Vulnerabilidade Socioambiental na Região Metropolitana de

Curitiba. Tese (Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento) – UFPR, Curitiba, PR,

2004.

FERNANDEZ, F. A. dos S. O poema imperfeito: crônicas de Biologia, conservação da

natureza, e seus heróis. 2. ed. Curitiba: UFPR, 2004.

GOMES, Paulo, C. C. A Condição Urbana: Ensaios de Geopolítica da Cidade. Bertrand,

Rio de Janeiro, 2002.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, censo-2010.

LOPES, J. P.; DANTAS, L. C. F.; CERQUEIRA, E. Influência da Profundidade dos Lagos

do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso, BA e Sua Limitação ao Cultivo de Peixes.

Rev. Bras. Eng.ª. Pesca 3(2), jul. 2008.

MARQUES, E.; TORRES, H.; SARAIVA, C. Favelas no Município de São Paulo:

Estimativas de população para os anos de 1991, 1996 e 2000. Revista Brasileira de Estudos

Urbanos. V.5, n.1, 2003.

MUCELIN, C. A. BELLINI, M. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no ecossistema

urbano. Sociedade & Natureza, Uberlândia, 20 (1): 111-124, jun. 2008.

PAULO AFONSO. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental, Lei n. 905, de

29 de dezembro de 2000, Paulo Afonso – BA, p.30, 2000.

RIBEIRO, Wagner, C. Impactos das Mudanças Climáticas em Cidades no Brasil.

Parcerias Estratégicas, v.27, p.297-321, 2008.

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. Hucitec,

São Paulo, 1996.

SILVA, F.M. ALMEIDA, L.Q. Uma Abordagem Sobre a Vulnerabilidade Socioambiental

no Ambiente Estuarino: Aspectos Teóricos- Conceituais. Revista Geonorte, Manaus,

Edição Especial, V.1, n.4, p.102-112, 2012.

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SOARES, Luiz Eduardo; BIL, MV; ATHAYDE. Cabeça de Porco. Rio de Janeiro: Objetiva,

2005.

SSP, Secretaria de Segurança Pública, Paulo Afonso, 2013.

TERRADAS, J. Ecología Urbana. Barcelona: Rubes Editorial, 2001.

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78

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A produção do espaço urbano no bairro Prainha da Brita no município de

Paulo Afonso-BA revela os interesses distintos dos diversos atores sociais

envolvidos nesse processo de ocupação. Este território configura a realidade local e

suas contradições erguidas sob as imposições do mercado capitalista.

Dentre os principais problemas, visualizou-se que os processos de exclusão e

segregação, propiciaram espaços cada vez mais fragmentados, com realidades

socais e econômicas distintas, como verificado desde o nascimento da cidade, com

a separação do acampamento Chesf da Vila Poty. E posteriormente com o ciclo

radial de periferização constante da população de menor poder econômico.

Constatou-se, que a maioria dos domicílios da área objeto de estudo infringe

a legislação urbana municipal e federal, especialmente quanto às dimensões

mínimas, afastamentos (laterais, frontais etc.) e distancia da margem do rio,

comprometendo o meio e a própria qualidade da vida humana. Além disso, nota-se

que, independente da localização espacial, seja no centro, periferia, favelas, zonas

de proteção ambiental ou encostas, o ser humano, não abandona “nunca”, a busca

do seu “lugar”, de sua moradia, seu espaço individual de proteção, mesmo que este

não esteja dentro dos padrões indicados. Esta relação com o seu espaço só perde

força, quando sofre o assédio do mercado imobiliário e das forças do capitalismo.

Conclui-se que os índices de violência urbana (agressões, roubos, homicídios,

tráfico etc.) são relevantes e favorecidos pela alta densidade demográfica do bairro.

Economicamente os moradores possuem baixo poder aquisitivo, baixo nível

educacional e alto índice de desemprego. Estão inseridos em uma sociedade

desigual como é o caso da brasileira, nordestina e em particular da paulafonsina.

Este tipo de situação corrobora para atos preconceituosos e discriminatórios, que

generalizam a população local como marginais. Além de já viverem a margem da

sociedade.

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79

Percebe-se, na análise apresentada, a pouca efetividade da gestão municipal

como reguladora do espaço público, principalmente, segundo parâmetros que

respondam às demandas efetivas da população local, e não apenas às diretrizes

políticas de um ou outro governante ou grupo de interesses privados. Atualmente,

têm-se registros de alterações na lei municipal para atender as novas demandas de

condomínios residências de alto padrão, mais especificamente na área de estudo.

Esta dissertação nasceu da curiosidade de se investigar a relação entre a

conformação do espaço físico e sua implicação na vida da população do bairro

Prainha da Brita, visto que, aparentemente, tratava-se de um assentamento irregular

com diversos conflitos e alto índice de violência urbana. O pioneirismo da Escola de

Chicago, nas análises socioespaciais em áreas urbanas foram determinantes para a

escolha da fundamentação teórica. Especificamente na adoção metodológica da

Ecologia Urbana.

Por fim, fica o sentimento de que o Estado tem a obrigação moral de exercer

um novo papel na sociedade atual, que rompa com o patrimonialismo e a submissão

aos interesses privados, garantindo segurança pública, habitação, sustentabilidade

ambiental, educação, saúde e universalização do direito à cidade a todos os

humanos que compõe o ecossistema urbano.

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ANEXOS

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81

A- COMPROVANTE DE SUBMISSÃO

Eraldo da Silva Ramos Filho ([email protected])

17:34

Para: Sr. Carlos Moraes Jatobá Barreto JR

De: Eraldo da Silva Ramos Filho ([email protected])

Enviada: terça-feira, 25 de fevereiro de 2014 17:34:15

Para: Sr. Carlos Moraes Jatobá Barreto JR ([email protected])

Sr. Carlos Moraes Jatobá Barreto JR,

Agradecemos a submissão do seu manuscrito "HISTÓRIA DA

OCUPAÇÃO URBANA EM PAULO AFONSO-BA, SOB A ÓTICA DA ECOLÓGIA

URBANA" para Revista GeoNordeste. Através da interface de

administração do sistema, utilizado para a submissão, será

possível acompanhar o progresso do documento dentro do

processo editorial, bastanto logar no sistema localizado

em:

URL do Manuscrito:

http://www.seer.ufs.br/index.php/geonordeste/author/submiss

ion/1989

Login: carlosjatoba

Em caso de dúvidas, envie suas questões para este email.

Agradecemos mais uma vez considerar nossa revista como meio

de transmitir ao público seu trabalho.

Eraldo da Silva Ramos Filho

Revista GeoNordeste

---

Prof. Dr. Eraldo da Silva Ramos Filho

Editor da Revista GeoNordeste

www.geonordeste.ufs.br

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82

B- COMPROVANTE DE SUBMISSÃO

[A&S] Agradecimento

Pedro Roberto Jacobi ([email protected])

Adicionar aos contatos

19:36

Para: Sr. Carlos Moraes Jatobá Barreto JR

De: Pedro Roberto Jacobi ([email protected])

Enviada: terça-feira, 25 de fevereiro de 2014 19:36:33

Para: Sr. Carlos Moraes Jatobá Barreto JR ([email protected])

Sr. Carlos Moraes Jatobá Barreto JR,

Agradecemos a submissão do seu manuscrito "AVALIAÇÃO DA

APLICABILIDADE DOS ÍNDICES DE ORDENAMENTO URBANO EM PAULO

AFONSO, BAHIA" para Ambiente & Sociedade. Através da

interface de administração do sistema, utilizado para a

submissão, será possível acompanhar o progresso do

documento dentro do processo editorial, bastanto logar no

sistema localizado em:

URL do Manuscrito:

http://submission.scielo.br/index.php/asoc/author/submissio

n/131224

Login: carlosjatoba

Em caso de dúvidas, envie suas questões para este email.

Agradecemos mais

uma vez considerar nossa revista como meio de transmitir ao

público seu

trabalho.

Pedro Roberto Jacobi

Ambiente & Sociedade

___________________________________________________________

_____________

Ambiente & Sociedade

http://submission.scielo.br/index.php/asoc

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83

C- COMPROVANTE DE SUBMISSÃO

Monica Franchi Carniello ([email protected])

Adicionar aos contatos

20:16

Para: Sr. Carlos Moraes Jatobá Barreto JR

De: Monica Franchi Carniello ([email protected])

Enviada: terça-feira, 25 de fevereiro de 2014 20:16:01

Para: Sr. Carlos Moraes Jatobá Barreto JR ([email protected]) Sr. Carlos Moraes Jatobá Barreto JR,

Agradecemos a submissão do seu manuscrito "ANÁLISE

SOCIOESPACIAL DE ECOSSISTEMAS URBANOS: Especulação,

Segregação E Violência Urbana Em Paulo Afonso- Ba" para

Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional.

Através da interface de administração do sistema, utilizado

para a submissão, será possível acompanhar o progresso do

documento dentro do processo editorial, bastanto logar no

sistema localizado em:

URL do Manuscrito:

http://rbgdr.net/revista/index.php/rbgdr/author/submission/

1252

Login: carlosjatoba

Em caso de dúvidas, envie suas questões para este email.

Agradecemos mais

uma vez considerar nossa revista como meio de transmitir ao

público seu

trabalho.

Monica Franchi Carniello

Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional

Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional

http://www.rbgdr.net/revista/index.php/rbgdr

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D- NORMAS DA REVISTA 01

Revista GeoNordeste

Norma para Submissões

Diretrizes para Autores

A Comissão Editorial da GEONORDESTE, Revista da Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Sergipe, torna público aos interessados que receberá, de forma contínua, artigos, resenhas, textos de entrevistas, traduções de documentos, textos clássicos e relatórios de trabalho de campo, de caráter inédito, cujas matérias tratem das teorias, objetos e metodologias da Geografia resultantes ou não de pesquisas empíricas que compreendam discussões no âmbito geográfico.

Os referidos textos deverão seguir as cláusulas:

1. Os textos encaminhados à Comissão Editorial da GEONORDESTE serão apreciados por 02 (dois) pareceristas indicados pela comissão, que poderão aceitá-los integralmente, propor reajuste ou recusá-los, com base em critérios técnicos e deverão obedecer às normas de FORMATAÇÃO DOS TRABALHOS, estabelecidos nesta Revista.

2. Os textos que não observarem os padrões aqui estabelecidos não serão publicados.

3. O conteúdo dos textos deve ser analisado criteriosamente por um profissional de gramática e é de responsabilidade exclusiva de seus autores realizarem a tarefa de enviar a GEONORDESTE.

4. Os artigos deverão conter no máximo 20 laudas, as resenhas máximo de 5 (cinco), as notas técnicas (relatórios de trabalho de campo) máximo de 10 (dez), metodologia também de 10 (dez).

5. O(s) autor(es), ao enviar o artigo, deve explicitar a áreas temáticas que o mesmo se encaixa: Epistemologia da Geografia, Análise Regional, Dinâmica Ambiental, Campo – Rural, Cidade – Urbano, Educação e Ensino de Geografia e Representação da Terra.

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Formatação dos Trabalhos

Configuração da página: formato A4; orientação retrato (em todo o trabalho); margens: superior e esquerdo 3,0 cm; inferior e direita 2,0 cm; cabeçalho e rodapé 1,5 cm.

Formatação: Fonte Times New Roman; tamanho 12, justificado; recuo inicial de parágrafo 1,25 cm, espaçamento entre linhas de1,5; sem espaço entre os parágrafos; sem paginação.

Estrutura do Trabalho: Título do trabalho: todo em maiúsculo, negrito, centralizado, tamanho 12. Autores: centralizados, tamanho 12, espaçamento simples; abaixo do nome colocar informações referentes à(s) instituição(ões) a que pertence(m), grupo de pesquisa que participa bem como endereço postal do(s) autor(es) e o(s) correio(s) eletrônico(s).

Textos e Ilustrações: Apresentar o texto em um único arquivo com ilustrações (figuras, fotografias, desenhos, gráficos, mapas, quadros, tabelas etc.), centralizados na página e inseridas em seus devidos lugares (conferir normas ABNT). Todas as ilustrações apresentadas no texto deverão ser gravadas também numa “pasta” em separado, no formato.JPG. Os mesmos deverão conter identificação de sequência conforme a ordem do texto.

Título: deve ser em português, e com versão em duas línguas estrangeiras (inglês, espanhol ou francês).

Resumo: dois espaços abaixo dos nomes dos autores com espaçamento simples e em língua portuguesa com no máximo 200 palavras, acompanhado de versão em duas línguas estrangeiras (abstract, para inglês, resumen, para espanhol e resumé, para francês). NOTA: Recomenda-se passar por revisão de profissional especializado. Não utilizar tradutor automático.

Palavras-chave: Entre três e cinco e devem representar o conteúdo do texto, em português e línguas estrangeiras escolhida (keywords, para inglês, palabras clave, para espanhol e mots-clé, para francês).

Citações: com mais de 3 (três) linhas devem ser destacas com recuo de 4,0 cm da margem esquerda, justificado, espaçamento simples, mesma fonte, tamanho menor que a do texto utilizado e sem aspas, sem parágrafo e sem itálico. (ver normas ABNT).

Notas de rodapé: devem ser apresentadas em ordem crescente e em algarismos arábicos em chamadas na mesma página, com fonte Times New Roman, tamanho 10, justificado.

Referências: devem seguir as normas da ABNT NBR 6023/2002, e relacionados somente os autores citados. Exemplos:

Livro: LA BLACHE, Vidal de. Princípios de Geografia Humana. 2 ed. Lisboa: Cosmos, 1954.

Parte de Livro: PEET, Richard. O Desenvolvimento da Geografia Radical nos Estados Unidos. In Perspectivas da Geografia. São Paulo: DIFEL, 1982. p. 225 – 254.

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86

Artigo: ANDRADE, Manuel Correia de. Tendências Atuais da Geografia Brasileira. In: Geonordeste, Ano II, n. 2. São Cristóvão: UFS, 1985.

Endereço Eletrônico: KAYSER, Bernard. La cultura, un incentivo para el desarrollo local. In: Cultura y Desarrollo. Revista Leader Magazine. Bruxelas, 1994. n. 8. Disponível em: <http://europa.eu/comm/archives/leader2/rural-es/biblio/culture/art03.htm>. Acesso em: 12 maio 2006.

Dissertações/Teses: SILVA, José Borzacchiello da. Movimentos sociais populares em fortaleza: uma abordagem geográfica . São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1986. 268p. (Tese, doutorado em Ciências: Geografia Humana).

Condições para submissão

Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores.

1. A contribuição é original e inédita, e não está sendo avaliada para publicação por outra

revista; caso contrário, deve-se justificar em "Comentários ao editor".

2. O arquivo da submissão está em formato Microsoft Word, OpenOffice ou RTF.

3. URLs para as referências foram informadas quando possível.

4. O texto está em espaço 1,5 entre linhas; usa uma fonte 12; emprega itálico em vez de

sublinhado (exceto em endereços URL); as figuras e tabelas estão inseridas no texto,

não no final do documento na forma de anexos.

5. O texto segue os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em Diretrizes

para Autores, na página Sobre a Revista.

6. Em caso de submissão a uma seção com avaliação pelos pares (ex.: artigos), as

instruções disponíveis em Assegurando a avaliação pelos pares cega foram seguidas.

Política de Privacidade

Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros.

ISSN: 2318-2695

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E- NORMAS DA REVISTA 02

Revista Ambiente & Sociedade

Norma para Submissões

Diretrizes para Autores

Na redação do artigo os autores deverão observar as seguintes orientações:

1. O texto pode ser redigido em português, espanhol e inglês e deve ser digitado em programa

Word for Windows, em fonte Arial 12 e espaçamento 1,5 (um e meio) entre linhas. Todas as

folhas do original devem trazer o seu número sequencial de página. O texto, incluindo resumo,

abstract, resumen e referências, deverá ter o mínimo de 35.000 e máximo de 50.000

caracteres, considerados os espaços.

2. A estrutura do artigo deve constar em: Título, Resumo, Palavras-chave, Abstract, Key-words,

Corpo do texto, Referências, Agradecimentos (opicional), Notas de rodapé de fim de página

(opconal).

3. Título do artigo com, no máximo, 15 palavras.

4. Resumo, abstract e resumen (de 100 a 150 palavras) nas três línguas: português, inglês e

espanhol (resumo, abstract e resumen). Deve incluir tema geral e problema de pesquisa, objetivos, métodos e principais conclusões, não redigido em primeira pessoa.

5. Palavras-chave, keyword, palabra clave (de 3 a 5 palavras) nas três línguas: português,

inglês e espanhol (palavras-chave, keyword, palabra clave).

6. Agradecimentos (opcionais) citados junto ao título, mas em nota de rodapé. Eles não

podem conter referências, diretas ou indiretas, à autoria.

7. Tabelas, quadros, gráficos e figuras (fotos, desenhos e mapas) totalizando em 5, serão

numerados, em algarismos arábicos, na sequência em que aparecerem no texto e sempre

citadas no corpo do texto. Tabelas, quadros, gráficos e mapas devem ser encabeçados por seu

respectivo título. As figuras trarão a sua legenda textual imediatamente abaixo. Os mapas

devem conter escala e legenda gráfica. Poderão ser colorida ou em preto e branco. Devem

estar em formato original que permita edição, no corpo do texto.

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8. Imagens coloridas e em preto e branco, digitalizadas eletronicamente em .jpg com resolução

a partir de 300 dpi, apresentadas em dimensões que permitam a sua ampliação ou redução

mantendo a legibilidade.

9. Notas de fim de página de caráter explicativo devem ser evitadas, utilizadas apenas como

exceção, quando estritamente necessárias para a compreensão do texto e com, no máximo,

três linhas. As notas terão numeração consecutiva, em arábicos, na ordem em que aparecem

no texto.

10. Citações no corpo do texto deverão obedecer aos seguintes critérios:

a) Citações textuais de até três linhas devem vir incorporadas ao parágrafo, transcritas entre

aspas, seguidas do sobrenome do autor da citação, ano da publicação e número da página,

entre parênteses.

Exemplos: ... esses são "anos de euforia do planejamento educacional" (Coll, 2007, p.169), quando se

destaca o papel...

Segundo Coll (2007), esses são "anos de euforia do planejamento educacional" (p.169),

quando se destaca o papel...

b) Citações textuais com mais de três linhas devem aparecer em parágrafo isolado, utilizando-

se recuo na margem esquerda, em corpo 11, sem aspas, terminando na margem direita do

trabalho.

Exemplo:

Rede, segundo Brown (2008):

É uma interligação de bibliotecas independentes que usam ou constroem uma base de dados

comum [...] vendem serviços e produtos, oferecem serviços ou têm membros em muitos

estados ou regiões, e desejam formar programas cooperativos com outras redes. (p.2)

c) Caso não haja citação, mas apenas referência ao autor, seu sobrenome deve ser indicado e,

entre parênteses, o ano da publicação.

Exemplo:

Cunha (2003) analisa o pensamento de John Dewey como sendo fator de equilíbrio entre

essas tendências potencialmente opostas.

11. Apenas as obras citadas ao longo do texto devem figurar nas Referências, reunidas sob

esse título ao final do artigo e em página nova. Elas devem obedecer à norma técnica

NBR6023 de 30/08/2002 da ABNT (www.abnt.org.br).

12. Avaliação cega: Ao submeter o artigo pelo sistema eletrônico, o autor deve suprimir todas

as identificações de autoria (diretas e indiretas) do texto que seguirá para as avaliações cegas

de avaliadores externos. As informações autorais ficarão registradas a parte, como

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metadados. Ao salvar o documento, retire o nome do proprietário do Word, de modo que não

conste a identificação do autor.

13. Resenhas

As Resenhas podem ser redigidas em português, espanhol e inglês. O texto deve ser digitado

em programa Word for Windows, em fonte Arial 12 e espaçamento 1,5 (um e meio) entre

linhas. Todas as folhas do original devem trazer o seu número sequencial de página. As

resenhas devem ter entre 10 a 15 mil caracteres com espaços e conter a referência completa

do livro, além de título e de identificação do(a) autor(a) no final do texto (nome completo e

filiação institucional). Serão aceitas resenhas que versem sobre livros publicados nos últimos

três anos. As resenhas consistem em revisão bibliográfica razoavelmente completa sobre

determinado assunto. Em resenhas de livro editado, solicita-se rever o livro como um todo,

evitando-se uma revisão de cada capítulo, se possível.

14. Sistema de Cobrança

Em função da redução no suporte financeiro de agências de apoio e fomento à pesquisa, a

Revista Ambiente & Sociedade, desde 2009, passou a cobrar a submissão online de

manuscritos.

O valor é de R$ 85,00 por manuscrito submetido à avaliação. O valor não será reembolsado no

caso de recusa do manuscrito. Os editores esperam contar com a colaboração de todos os

autores, no sentido de garantir a continuidade da revista.

Informamos que a taxa de submissão não será restituída, caso o manuscrito seja recusado.

A taxa poderá ser paga no Banco do Brasil.

Pedro Roberto Jacobi

AG - 7068-8

C/C - 5613-8

O processo de avaliação somente será iniciado se o autor (a) anexar o comprovante de

depósito quando da submissão via arquivos suplementares.

15. Publicação bilíngue ou em inglês

Para expandir o público da revista e atender à tendência do Scielo, a partir do Volume 16,

número 1 (jan-mar 2013), a revista Ambiente & Sociedade passa a publicar todos os artigos na

língua inglesa, além de seu idioma original (quando português ou espanhol). Para isso,

indicamos aos autores tradutores, visando manter o padrão de tradução.

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Condições para submissão

Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da

submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de

acordo com as normas serão devolvidas aos autores.

1. Autor (a) leu o escopo da revista e tem certeza que seu texto se enquadra no mesmo?

2. Autor (a) leu as normas de submissão da revista e já adequou seu texto ao formato

estabelecido?

3. Autor (a) tirou toda e qualquer identificação e ou referência que permita ser identificado

no texto?

4. Autor (a) certificou-se que o resumo em português, inglês e espanhol têm o tamanho permitido de 100 a 150 palavras?

5. Autor (a) certificou-se que o texto tem um mínimo de 35.000 caracteres e um máximo de 50.000 caracteres, considerados os espaços?

6. Autor (a) certificou-se que as citações e referências estão de acordo com a política do

periódico?

7. Autor (a) concorda com a taxa de submissão, que não será restituída caso o

manuscrito seja recusado.

8. Autor (a) está ciente de que, como autor correspondente, os custos da

tradução/revisão são de sua responsabilidade.

Declaração de Direito Autoral

Autores que publicam neste periódico concordam com os seguintes termos:

a. Autores mantêm os direitos autorais e concedem ao periódico o direito de primeira

publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative

Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento

da autoria e publicação inicial neste periódico.

b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para

distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.:

publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de

autoria e publicação inicial neste periódico.

c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online

(ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes

ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem

como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).

Endereço para correspondência:

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Secretaria Editorial da Revista Ambiente e Sociedade

Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM-USP)

Av. Prof. Luciano Gualberto, 1289 – IEE

Prédio da Divisão de Ensino e Pesquisa - 2º Andar, Sala S16,

Secretária de Pós-Graduação, Cidade Universitária,

CEP: 05508-010 - São Paulo, SP

Fone: 11 3091-3330

email: [email protected]

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F- NORMAS DA REVISTA 03

Diretrizes para Autores

Apresentação

Os textos poderão ser escritos nos idiomas português, inglês ou espanhol. Devem ser

digitados em Word for Windows, open office, em papel tamanho A4 (21 cm X 29,7 cm), com

margens superior e esquerda de 3 cm e direita e inferior de 2 cm e espaçamento 1,5 (um e

meio). A fonte deverá ser Times New Roman, tamanho 12, excetuando-se as citações com

mais de três linhas, as notas de rodapé, paginação e legendas de ilustrações e das tabelas que

devem ser digitadas em tamanho menor e uniforme, conforme NBR 14724 da ABNT.

Extensão dos textos

Os artigos deverão ter extensão mínima de 10 e máxima de 20 páginas (com as

referências), e as resenhas, mínima de 3 e máxima de 5, em espaçamento 1,5 (um e meio).

Título

O título do texto deve ser centralizado, em maiúsculas, com negrito, tamanho 14, no

alto da primeira página. Deverá ter versão em inglês logo abaixo do título em português.

Resumo e palavras-chave

O resumo (artigo, ensaio, comunicação científica), precedido desse subtítulo e de dois-

pontos em negrito, deverá conter os objetivos, a metodologia, os resultados e a conclusão em

um único parágrafo, justificado, sem adentramento, em espaçamento simples, com mínimo de

100 e máximo de 250 palavras, conforme NBR 6028 da ABNT, na mesma fonte do artigo, com

a letra inicial em maiúscula, dois espaços simples abaixo do título.

As palavras-chave, de 3 (três) a 5 (cinco), precedidas desse subtítulo e de dois-pontos,

deverão ter as iniciais maiúsculas e ser separadas por ponto e finalizadas por ponto, na mesma

fonte do texto, em alinhamento justificado, espaçamento simples, sem adentramento, dois

espaços simples abaixo do resumo.

Abstract e keywords

O abstract e as keywords deverão ser precedidos desses subtítulos e de dois pontos,

na mesma formatação do resumo e das palavras-chave. Deverá ser colocado após o resumo e

as palavras-chave.

Estrutura do texto

O texto deverá ser iniciado dois espaços simples abaixo das keywords, em

espaçamento 1,5, com parágrafos justificados e com adentramento de 1,25 cm na primeira

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linha. Os subtítulos das seções devem ser alinhados à esquerda, em negrito, sem

adentramento, com a letra inicial da primeira palavra em maiúscula, sem numeração, tamanho

12.

Citações

As citações seguirão o sistema autor-data conforme NBR 10520 da ABNT. O autor será

citado entre parênteses, exclusivamente pelo sobrenome, separado por vírgula da data de

publicação: (SILVA, 1985). Quando houver coincidência de sobrenomes de autores,

acrescentam-se as iniciais de seus prenomes: (SILVA, C., 1985) e (SILVA, O., 1995). Se

mesmo assim a coincidência persistir, colocam-se os prenomes por extenso: (SILVA, Carlos,

1985) e (SILVA, Cláudio, 1965). Se o nome do autor estiver citado no texto, indica-se apenas a

data entre parênteses: “Pereira (1990) afirma que...” . Quando for necessário especificar

página(s), esta(s) deverá(ão) seguir a data, uma vírgula e a indicação p.: (BAKTHIN, 1992, p.

315). Em caso de um intervalo de páginas, separa-se a inicial da final com hífen:

(MAINGUENEAU, 1995, p. 12-15).

As citações de obras de um mesmo autor, publicadas no mesmo ano, deverão ser

discriminadas por letras minúsculas após a data, sem espaço: (SOUZA, 1972a, 1972b).

Quando a obra tiver dois ou três autores, todos terão os sobrenomes indicados, separados por

ponto-e-vírgula (SOUZA; SILVA; CORREA, 1945); quando houver mais de três autores, será

indicado o primeiro sobrenome seguido de et al.: (GONÇALVES et al., 1980).

Caso seja uma citação direta, de até três linhas, deve estar inserida em um parágrafo

comum do texto, entre aspas duplas. As aspas simples serão utilizadas para indicar citação no

interior da citação. Por sua vez, a citação direta, com mais de três linhas, deve ser destacada

com recuo de 4 cm da margem esquerda e sem aspas, na mesma fonte do texto, tamanho 11.

Se houver intervenções nas citações diretas, estas devem ser indicadas da seguinte forma: a)

supressão: [...]; b) interpolação, acréscimo ou comentário: [ ]; c) ênfase ou destaque: grifo ou

negrito ou itálico com a expressão “grifo nosso”.

Grafia de termos científicos

Para unidades de medida, deve-se utilizar o Sistema Internacional de Unidades.

Palavras em outras línguas devem ser evitadas nos textos em português, utilizar

preferencialmente a sua tradução. Na impossibilidade, os termos estrangeiros devem ser

grafados em itálico. Toda abreviatura ou sigla deve ser escrita por extenso na primeira vez em

que aparecer no texto.

Notas

As notas devem ser colocadas no rodapé e deverão seguir a estrutura do word. Devem

ser usadas para comentários, esclarecimentos, explanações, indicações, observações ou

aditamentos ao texto feito pelo autor que não possam ser incluídas no texto. Não devem ser

usadas para referências. As remissões deverão ser feitas por algarismos arábicos sobrescritos

após qualquer sinal de pontuação, devendo ter numeração única e consecutiva.

Ilustrações

As ilustrações (figuras, desenhos, esquemas, fluxogramas, fotografias, gráficos,

mapas, organogramas, plantas, quadros, retratos e outros) poderão ser aceitas, mas deverão

estar assinaladas no texto, com identificação na parte superior, precedida da palavra

designativa, seguida de seu número de ordem de ocorrência no texto, em algarismos arábicos,

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do respectivo título. Na parte inferior, deve ser indicada a fonte, legenda, notas e outras

informações necessárias.

Tabelas

As tabelas (informações tratadas estatisticamente) devem ser numeradas com

números arábicos, com identificação na parte superior, precedida da palavra Tabela, à

esquerda da página. Caso necessário, a fonte deve ser colocada abaixo da tabela.

Agradecimentos

Os agradecimentos a auxílios recebidos, precedidos do subtítulo “Agradecimentos”, e

de dois-pontos, em negrito, em parágrafo único, de no máximo três linhas, justificado, sem

adentramento, em espaçamento simples, duas linhas após o término do texto.

Referências

As referências, precedidas desse subtítulo, em negrito, devem ser alinhadas à

esquerda, justificadas, sem adentramento, em ordem alfabética de sobrenomes e, no caso de

um mesmo autor, na sequência cronológica de publicação dos trabalhos citados, dois espaços

simples após o texto ou os agradecimentos, conforme a NBR 6023 da ABNT. Quando a obra

tiver até seis autores, todos devem ser citados. Mais de seis autores, indicar os seis primeiros,

seguido de et al.

Considerações éticas

Caso os artigos apresentem relatos de pesquisas que envolvam seres humanos, os

estudos devem estar de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e

terem sido aprovados pela comissão de ética da instituição de origem.

Condições para Submissão

Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores.

1. A contribuição é original e inédita, não foi publicada em anais de eventos e não está sendo avaliada para publicação por outra revista; caso contrário, justificar em "Comentários ao Editor".

2. Os arquivos para submissão estão em formato Microsoft Word, OpenOffice ou RTF (desde que não ultrapasse os 2MB)

3. Todos os endereços de páginas na Internet (URLs), incluídas no texto (Ex.: http://www.ibict.br) estão ativos e prontos para clicar.

4. O texto está em espaço 1,5; usa uma fonte de 12-pontos; emprega itálico ao invés de sublinhar (exceto em endereços URL); com figuras e tabelas inseridas no texto, e não em seu final.

5. O texto segue os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em Diretrizes para Autores, na seção Sobre a Revista.

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6. A identificação de autoria deste trabalho foi removida do arquivo e da opção Propriedades no Word, garantindo desta forma o critério de sigilo da revista, caso submetido para avaliação por pares (ex.: artigos), conforme instruções disponíveis em Asegurando a Avaliação por Pares Cega.

7. Em caso de pesquisa com seres humanos, o texto segue os preceitos éticos em pesquisa, conforme diretrizes do Comitê de Ética em Pesquisa

Declaração de Direito Autoral

Na medida em que o trabalho for aceito pelos Conselho Consultivo e Comissão Editorial, os autores comprometem-se a transferir os direitos autorais para a Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, sem qualquer custo.

Política de Privacidade

Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou à terceiros.

ISSN: 1809-239X

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G- NORMAS DA REVISTA 02

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H- AUTORIZAÇÃO PARA PESQUISA 1

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I- AUTORIZAÇÃO PARA PESQUISA 2

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J- CONSULTA A EMBASA

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L- DOCUMENTO OFICIAL DA PREFEITURA MUNICIPAL