apostila - empreendedorismo

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14/09/12 (Versão para impressão) Aprendizagem para a Vida e Teoria do Observador 1/44 catolicavirtual.br/conteudos/graduacao/disciplinas/cursos_virtuais/empreendedorismo/…/index.php… Aprendizagem para a Vida e Teoria do Observador Ementa e Objetivos Ementa O empreendedorismo como resposta ao novo conceito de empregabilidade. Desenvolvimento de atitudes, capacidades e habilidades empreendedoras. A importância da inovação tecnológica como diferencial competitivo para as organizações. Abertura e gerenciamento de novos negócios. Objetivos Ao final do estudo desta unidade você estará apto a: 1. Ampliar o conhecimento crítico a respeito dos temas: Empreendedorismo Características do empreendedor Teoria do Observador Aprendizagem O empreendedor como um observador Competências empreendedoras 2. Refletir criativamente sobre: As características pessoais. O empreendedor que você é. O observador que você é. As competências empreendedoras que você possui. 3. Identificar as mudanças ou a consolidação da práxis em relação: Ao empreendedorismo. Ao empreendedor . À aprendizagem. À observação. Às metas pessoais. Às competências. À avaliação Contextualização O propósito básico deste curso é desenvolver competências empreendedoras. Assenta-se na ideia de que empreendedorismo é essencialmente uma questão de atitudes e de valores e, com base nisso, se propõe, tipicamente, a fazer desabrochar no(a) aluno(a) seu espírito empreendedor, proporcionando-lhe distinções (isto é, conceitos, ideias, conhecimentos, etc.) e habilidades (uso de ferramentas, métodos, técnicas, etc.) por meio das quais possa pôr em prática, em benefício da sociedade, seus talentos, motivações e sonhos de cidadania. Dito em outros termos, assume-se que competência é fruto de uma combinação de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores e que, portanto, a ideia da disciplina é desenvolver competências empreendedoras, que não são exclusivamente uma questão de talento, mas algo que também pode ser aprendido e desenvolvido. Aula 01 - Introdução ao Empreendedorismo

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Aprendizagem para a Vida e Teoria do Observador

Ementa e Objetivos

Ementa

O empreendedorismo como resposta ao novo conceito de empregabilidade. Desenvolvimento de

atitudes, capacidades e habilidades empreendedoras. A importância da inovação tecnológica

como diferencial competitivo para as organizações. Abertura e gerenciamento de novos

negócios.

Objetivos

Ao final do estudo desta unidade você estará apto a:

1. Ampliar o conhecimento crítico a respeito dos temas:

Empreendedorismo

Características do empreendedor

Teoria do Observador

Aprendizagem

O empreendedor como um observador

Competências empreendedoras

2. Refletir criativamente sobre:

As características pessoais.

O empreendedor que você é.

O observador que você é.

As competências empreendedoras que você possui.

3. Identificar as mudanças ou a consolidação da práxis em relação:

Ao empreendedorismo.

Ao empreendedor .

À aprendizagem.

À observação.

Às metas pessoais.

Às competências.

À avaliação

Contextualização

O propósito básico deste curso é desenvolver competências empreendedoras. Assenta-se na

ideia de que empreendedorismo é essencialmente uma questão de atitudes e de valores e, com

base nisso, se propõe, tipicamente, a fazer desabrochar no(a) aluno(a) seu espírito

empreendedor, proporcionando-lhe distinções (isto é, conceitos, ideias, conhecimentos, etc.)

e habilidades (uso de ferramentas, métodos, técnicas, etc.) por meio das quais possa pôr em

prática, em benefício da sociedade, seus talentos, motivações e sonhos de cidadania. Dito em

outros termos, assume-se que competência é fruto de uma combinação de conhecimentos,

habilidades, atitudes e valores e que, portanto, a ideia da disciplina é desenvolver competências

empreendedoras, que não são exclusivamente uma questão de talento, mas algo que também

pode ser aprendido e desenvolvido.

Aula 01 - Introdução ao Empreendedorismo

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Nesta primeira aula, vamos apresentar as características do empreendedor e as suas

capacidades básicas.

1.1 Introdução

Um dito popular afirma que “os empresários nascem, não se fazem”. Este dito nos

toca de diversas maneiras ao abordar o tema do empreendedorismo. De forma

geral, a noção de empreendedorismo é associada com as noções de ter ou

desenvolver um empreendimento e de ser um empresário. Comumente associamos

aspectos positivos ou negativos à imagem do empreendedor, como por exemplo, o

lado positivo é ser audacioso, persistente e ter uma clara visão de futuro; e o

lado negativo é ser uma pessoa esquisita, que gosta de correr riscos e que se

ocupa só consigo mesmo e com o dinheiro. Compartilhamos parcialmente com estas ideias porque

pensamos que o empreendedor é isso e muito mais.

Entendemos o empreendedorismo como uma atitude, uma postura perante a vida, um estado de

espírito que nos motiva e impulsiona para sonhar e agir, para sermos agentes de mudança e

transformação. Um grande pensador e empreendedor contemporâneo, Fernando Flores (1995),

diz que o ser humano alcança sua plenitude não na sua reflexão abstrata, mas quando atua se

envolvendo com a mudança, inovando-a no cotidiano e principalmente quando se torna

conscientemente o protagonista da sua história. Este ser humano na plenitude do seu ser, é

consciente do seu papel na comunidade à qual pertence e se sente responsável pelo passado e

pelo futuro que têm em comum.

Assim, retornando ao dito popular mencionado no começo, poderíamos contrapor outro assim:

“empreendedores nascemos e nos fazemos”. O desafio de nos tornarmos empreendedores é o

desafio de sermos responsáveis pelo nosso futuro e pelo futuro da comunidade em que vivemos.

Por isso, existem empreendedores criando empresas e gerando empregos, participando dos

processos de governo com responsabilidade, realizando atividades sociais, enxergando

oportunidades nos momentos de crise, desempenhando seu trabalho com altos níveis de

inovação, agenciando programas educativos e de conscientização ambiental, aprendendo na

organização, promovendo uma melhor qualidade de vida nas organizações, entre outros.

Entendemos o empreendedor como um agente de mudanças, onde quer que ele esteja.

Empreendedor não diz respeito somente àquelas pessoas que criam novas empresas, é um termo

mais abrangente que se refere a uma atitude, a uma postura diferenciada diante das situações

da vida.

Atividades

1. Pense numa pessoa que você conhece pessoalmente e considera empreendedora. Liste,

por escrito, no mínimo cinco características empreendedoras que você perceba nela, sem

ler a lista das características que veremos a seguir.

2. Com a lista que você elaborou em mãos, acompanhe-nos para ler o que especialistas e

estudiosos do tema dizem a respeito das características do empreendedor. Faça uma

leitura desses textos comparando com aquilo que você escreveu.

3. Identifique os aspectos com os quais você concorda ou dos quais discorda. Identifique

também os aspectos que estão sobrando ou que estão faltando.

1.2 Características Empreendedoras

Vejam as principais características do empreendedor:

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1. Aceitação do risco - O empreendedor aceita riscos, ainda que seja, muitas vezes,

cauteloso e precavido. A verdade é que ele os aceita em alguma medida.

2. Autoconfiança - O empreendedor tem autoconfiança, isto é, acredita em si mesmo. Se

não acreditasse, seria difícil para ele tomar iniciativas. Acreditar em si mesmo faz o

indivíduo arriscar mais, ousar, oferecer-se para realizar tarefas desafiadoras, enfim,

torna-o mais empreendedor.

3. Automotivação e entusiasmo - Pessoas empreendedoras são capazes de se

automotivarem com desafios e tarefas em que verdadeiramente acreditam. Não

necessitam de prêmios externos, como recompensação financeira por exemplo. São

capazes de se entusiasmarem com suas próprias ideias e projetos.

4. Controle e influência - O empreendedor acredita que sua realização depende de si

mesmo e não de forças externas sobre as quais não tem controle. Ele se vê como capaz

de controlar a si mesmo e de influenciar o meio de tal modo que possa atingir seus

objetivos.

5. Decisão e responsabilidade - O empreendedor não fica esperando que os outros

decidam por ele. Ele toma as decisões e se responsabiliza pela decisão tomada e pelas

consequências.

6. Energia - Há situações que requerem uma dose de energia para se lançar em novas

realizações, que usualmente exigem intensos esforços iniciais. O empreendedor dispõe

dessa reserva de energia, vinda provavelmente de seu entusiasmo e motivação.

7. Iniciativa - A iniciativa, enfim, é a capacidade daquele que, tendo um

objetivo qualquer, age: “arregaça as mangas” e parte para a solução, sem

esperar que os outros (o governo, o empregador, o parente, o padrinho,

etc.) venham resolver os seus problemas. Os empreendedores são pessoas

que começam coisas novas.

8. Otimismo - O empreendedor é otimista, o que não quer dizer “sonhador”

ou iludido. Acredita nas possibilidades que o mundo oferece, acredita na

possibilidade de solução dos problemas, acredita no potencial de desenvolvimento da

vida.

9. Persistência - O empreendedor, por estar motivado, convicto, entusiasmado e crente

nas possibilidades, é capaz de persistir até que as coisas comecem a funcionar

adequadamente.

10. Sem temor do fracasso e da rejeição - O empreendedor fará tudo o que for

necessário para não fracassar, mas não é atormentado pelo medo paralisante do

fracasso. Pessoas com pouco amor próprio e medo do fracasso preferem não tentar

correr o risco de errar - ficam, então, paralisadas.

11. Voltado para equipe - O empreendedor em geral não é um fazedor, no sentido obreiro

da palavra. Ele cria equipe, delega, acredita nos outros. Obtém resultados por meio dos

outros.

1.3 Empreendedorismo, uma Questão de Atitude

Filion (1993), um dos principais pesquisadores sobre empreendedorismo no Canadá, define o

empreendedor como uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões. Nós concordamos com

esta noção porque, segundo ela, um empreendedor pode ser uma pessoa que inicia projetos

sociais e comunitários; um colaborador que desafia seu próprio tempo e recursos, introduzindo

inovações e provocando a expansão da empresa; um gestor público que mobiliza sua equipe ou

gera novas políticas governamentais; e mesmo aquele que gera um autoemprego como

profissional autônomo.

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No Brasil, para além das distinções empresariais vinculadas ao

empreendedorismo de um modo geral, há um movimento orquestrado pelo

Governo no setor de tecnologias da informação no qual se destaca o trabalho

de Fernando Dolabela (1999), professor da UFMG. A alavancagem da

indústria de software no Brasil passa pela influência do trabalho deste autor

que, há cerca de uma década, quando teve início o ainda hoje prioritário

programa de governo Softex, vem se dedicando ao desenvolvimento do

empreendedorismo no Brasil.

Flores (1995) afirma que o ser humano vive em plenitude quando é empreendedor. Esta ideia nos

atrai mais porque vê o ser humano não como um consumidor da vida, mas como um criador de

mundo. Esse empreendedor é consciente de sua vida na comunidade e isso requer compartilhar o

passado e o futuro e exercer solidariedade.

A totalidade dos textos pesquisados, seja na Internet, em livros, ou em cursos promovidos por

instituições brasileiras, invariavelmente apresenta o empreendedor como aquele que se torna

empresário. Nós, por outro lado, acreditamos que ser empreendedor é desenvolver um potencial

que todo ser humano tem, independentemente de se a pessoa é empresária ou não.

Ser empreendedor é uma questão de atitude e, por isso, o empreendedorismo é fundamental

para qualquer maneira de ganhar a vida, seja como funcionário ou como dono de empresa. Ser

empreendedor não é uma questão de talento só para alguns escolhidos. Estamos convencidos

que é uma qualidade em potencial que, ao contrário do que se pensa, é muito comum entre a

população em geral.

Para se definir um perfil empreendedor, a profissão é um critério irrelevante. Qualquer pessoa,

desde que se oriente pela ação e por resultados, que perceba o mundo como um imenso e

inesgotável espaço de possibilidades, que tenha visões, imaginação e que, ao longo de sua

existência, construa um histórico de realizações pode ser considerada um empreendedor.

Empreendedorismo tem a ver com o fenômeno humano e se traduz na maneira de estar e agir no

mundo. Essa atitude compreende três capacidades básicas:

A capacidade de observação diferenciada do mundo - Isto é, a capacidade de tomar a

iniciativa, buscar soluções inovadoras e agir no sentido de realizar objetivos pessoais ou

comunitários. Essa capacidade está marcada por um sentimento de “querer fazer” antes

mesmo do fazer propriamente dito. O empreendedorismo, nesse sentido, é uma questão

de atitude.

A capacidade de realizar ações significativas - Uma vez instalado

o querer fazer, atitude imprescindível e necessária para a ação

exitosa, empreender também compreende o “sentido de

realização”, ou seja, o sentido de realizar a ação, sem a qual o

sentimento anterior do querer, da atitude, se tornaria inócuo.

A capacidade de gerar resultados úteis para a sociedade.

Observação privilegiada e ações significativas não bastam por si só. Empreendedorismo

também requer a geração de resultados úteis para a sociedade. O empreendedorismo,

nesse sentido, é uma questão de consciência social e, mesmo que não estejamos

enfatizando a atividade, estaremos, nesta unidade, discutindo o papel do empreendedor

como co-responsável social.

Como Observamos o Empreendedor?

Este será um mapa de rota que iremos ampliar e completar no transcurso da unidade para falar

do empreendedor. Pretendemos com ele fazer um ponto de checagem e resumo dos conteúdos

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no transcorrer das unidades.

Conclusão

As noções de observação privilegiada, ações significativas e resultados consequentes, além de

situarem o empreendedorismo sugerindo uma visão diferenciada, também trazem consigo a noção

de aprendizagem. Isso porque não se nasce com as capacidades de observar, agir e obter

resultados; essas capacidades são aprendidas ao longo da vida da pessoa.

Atividades

1. A partir dos conceitos e reflexões apresentadas ao longo desta aula, reflita sobre o tipo

de empreendedor que você é. Construa esse perfil com base nas características

empreendedoras relacionadas na aula. Para cada uma delas faça a sua avaliação pessoal.

Aula 02 - Distinções de Aprendizagem

Nesta segunda aula, você verá a aprendizagem como um fenômeno humano, os níveis de

aprendizagem e os desafios da aprendizagem. Tenha uma boa aula!

2.1 Distinções da Aprendizagem

A aprendizagem é tanto uma arte quanto uma disciplina: enquanto arte, requer sensibilidade para

dar matizes, para ser audaz, para lidar com incertezas; requer humildade e firmeza de propósito

para superar o fracasso, e também a capacidade para respeitar-se sempre, em qualquer

condição; enquanto disciplina, é um processo que tem características estruturais, que se

assenta no passado (história), se realiza no presente (com a ação, com a prática) e nos permite

desenhar o futuro (fazer história, criar). Tudo isso é aprendizagem. E aprendizagem continuada é

desenvolvimento.

A aprendizagem tem um papel fundamental nos resultados que obtemos, tanto no domínio

pessoal quanto organizacional. Referimo-nos à aprendizagem como um processo que permeia

todos os domínios da vida e não só aquele associado ao “aprendizado de sala de aula”. A vida

nos apresenta situações nas quais não sabemos o que fazer, nem com os quais sabemos lidar.

Coloca-nos diante do desconhecido e exige que atuemos com alto grau de efetividade. Você se

lembra de como se sente quando é pego sem saber como fazer algo? É nesses momentos que ter

a noção de ser aprendiz converte tais situações em oportunidades para expandirmos nossa

consciência e nossas competências.

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As reflexões de Fernando Flores (1995) sobre o fenômeno da aprendizagem nos dizem que nela

podemos identificar dois tempos: um tempo inicial, no qual não sabemos fazer algo e um tempo

final, no qual podemos declarar que sabemos fazer esse algo. Existem três condições para que

possamos dizer que sabemos: primeiro, que isso que aprendi posso fazê-lo com autonomia, ou

seja, sem precisar da ajuda de outros; segundo, que posso fazê-lo com efetividade, ou seja,

com eficácia e eficiência; e terceiro, que consigo resultados positivos recorrentemente.

Atividades

1. Reflita sobre as seguintes questões:

a. Quão competente é você para aprender?

b. Quão competente é a sua equipe de trabalho para aprender?

c. E da sua organização como um todo?

d. Como sua capacidade atual de aprender (ou, correspondentemente, sua dificuldade em

aprender) tem afetado sua vida?

e. Que obstáculos você observa que dificultam sua aprendizagem?

f. De outro lado, que fatores a facilitam?

2.2 Os Níveis de Aprendizagem

Existem níveis escalonados no processo da aprendizagem. Desde o momento em que nascemos,

estamos aprendendo. Por isso, ainda hoje, como em qualquer outro momento de nossas vidas,

identificamos situações nas quais somos “experts” e outras em que somos simplesmente

principiantes. Em resumo, somos aprendizes durante toda a vida.

Fernando Flores (1995) compreende o desenvolvimento da aprendizagem das pessoas num

processo progressivo por meio de seis níveis de competências. Esta progressão vai desde o nível

do principiante até o nível do mestre. Vejamos, a seguir:

Principiante - Neste nível, o aprendiz começa a desenvolver habilidades seguindo as

regras e distinções dadas por um manual. O principiante não tem condições para

antecipar a maneira como vai agir em situações em que não existam as regras que ele

aprendeu. Seu trabalho será rotineiro e terá dificuldades em responder a situações

novas. Palavras-chave: segue regras.

Principiante avançado - Neste nível, o aprendiz começa a demonstrar capacidade de

atuar em domínios novos, ainda que sob supervisão. Embora não confie em si mesmo para

atuar independentemente, já demonstra ter experiência em usar regras e começa a

distinguir sintomas nas situações. Seu mundo expande-se, na medida em que valoriza

cada vez mais a experiência e a sabedoria adquirida para reconhecer e antecipar

problemas que estão além de sua competência atual. Palavras-chave: reconhece

situações.

Competente - Neste nível, o aprendiz trabalha com independência, podendo antecipar e

lidar com problemas sem muita deliberação sobre o que tem que fazer e, em

consequência, não precisa mais seguir regras ou instruções. Seu desempenho é

considerado bom, embora não consiga ainda lidar com situações inesperadas que estejam

fora de suas práticas padrões. Palavras-chave: sabedoria prática.

Especialista - Neste nível, o aprendiz é reconhecido por outras pessoas pela sua

destreza com o assunto. Os resultados que obtém são acima da média. Ele consegue

rapidamente identificar novas situações e tem experiência para se adaptar às novas

circunstâncias. O especialista está em condições de ensinar a outros, mesmo que ainda

não seja líder ou inovador nesse campo. Palavra-chave: excelência.

Virtuoso - Neste nível, o aprendiz sabe executar sua tarefa com excelência e ainda

aumenta a efetividade das pessoas que estão à sua volta. Observa seus próprios limites

e os limites da sua disciplina e se esforça para superá-los. Palavras-chave: supera

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limites.

Mestre - Neste nível, já não é mais aprendiz porque possui excelência histórica. Ou seja,

ele não só consegue se desempenhar no seu domínio, mas também é capaz de criar uma

revolução na história desse domínio. Sabe se deparar com as anomalias da disciplina,

observando-as e criando possibilidade de reconstituição substancial. Palavras-chave:

reinventando a disciplina.

2.3 Modelo de Aprendizagem

Jacques Delors, no Relatório feito para a Unesco sobre Educação para o

século XXI, apresenta os Quatro Pilares da Educação: conhecer, fazer,

ser e conviver. Posteriormente, a própria Unesco, por meio de seus

dirigentes, passará a se referir a um quinto pilar da Educação: o saber-

aprender. Essa comissão pensa que cada pilar deverá ser objeto do

ensino estruturado para que a educação seja uma experiência global, que

se realiza ao longo da vida, tanto nos planos cognitivo e prático quanto

no plano do indivíduo como pessoa e membro de uma sociedade.

Uma nova concepção de Educação visa à realização da pessoa na sua totalidade, em

que todos possam descobrir, estimular e fortalecer o potencial criativo. Em outras

palavras, revelar o tesouro escondido em cada um de nós. Assim se ultrapassa a visão

da aprendizagem puramente instrumental e chega-se a uma visão de aprendizagem integral e

presente durante a vida toda.

Aprender a conhecer - O aprender a conhecer visa, mais que adquirir um repertório

determinado de conhecimentos, desenvolver o domínio dos instrumentos do

conhecimento. Por instrumentos do conhecimento entendemos aprender a refletir,

procurar, inquirir, propor e interpretar, exercitando a atenção, a memória e o pensamento

de análise e síntese. Aprender a conhecer aproxima-se de dois objetivos: um meio e

outro fim: o objetivo meio vai permitir à pessoa compreender o mundo, desenvolver suas

capacidades profissionais e interagir na sociedade e o objetivo fim vai permitir à pessoa

experimentar o prazer do conhecer, o deleite de descobrir novos mundos. O processo de

aprendizagem do conhecimento nunca estará acabado e pode se enriquecer com

qualquer experiência.

Aprender a fazer - Ligado com a ideia de aprender a conhecer, o aprender a fazer vai

além de adquirir o simples conhecimento do quê e do porquê das coisas; aprender a fazer

tem a ver com realizar a tarefa, executar a ação propriamente dita, tendo em vista o

contexto de oportunidade e efetividade em que a ação se insere. É no fazer que a ação

significativa se realiza, e com esta realização é que se atinge o resultado desejado. O

aprender a fazer também está relacionado com a noção de educação profissional e a

educação para a realização de atividades informais. Por um lado, está relacionado à

formação profissional e ao desempenho de atividades formais, como Medicina, Direito,

Engenharia, etc., nas quais existem conhecimentos e maneiras específicas de fazer. Por

outro lado, está relacionado ao exercício de atividades informais, como nas áreas de

comércio, artesanato e, em geral, o setor de serviços que não estão associados a uma

profissão formal e que, em países em desenvolvimento como os da América Latina, são

muito frequentes.

Aprender a conviver - Aprender a conviver visa à descobrir progressivamente o outro e

atuar em projetos com interesses comuns com esse outro. Sem dúvida, esta

aprendizagem é um dos desafios mais importantes não só para o sistema educativo, mas

para nós mesmos, agora. De maneira natural, nos acostumamos a valorizar mais as

nossas qualidades e as qualidades do grupo a que pertencemos, seja este político,

religioso, cultural. Temos dificuldades em valorizar o outro e suas qualidades diferentes.

Isso é estimulado até mesmo pelo sistema educativo, com o clima de competição que

prioriza o sucesso individual. Aprender a conviver significa ver o outro como um legítimo

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outro, com igualdade de oportunidades, direitos e possibilidades. Isso é possível quando

conseguimos perceber-nos como diferentes e legítimos. Então é possível estabelecer

comunicação entre os membros de grupos diferentes, abrindo um espaço de respeito e

legitimidade mútua. Aprender a conviver significa sentirmo-nos co-responsáveis e co-

autores das realidades sociais e encontrar os objetivos comuns, criar projetos comuns

em beneficio dos outros, que abram espaços para a cooperação e até para a amizade.

Aprender a ser - Aprender a ser visa ao

desenvolvimento total da pessoa. Todo ser humano

deve ser educado e preparado para elaborar

pensamentos autônomos e críticos, formular os seus

próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por

si mesmo, como atuar nas diferentes circunstâncias

da vida. Aprender a ser é um complemento do

aprender a conviver. Aprender a ser é um processo

que começa pelo conhecimento de nós mesmos, de

nosso potencial e complexidade, numa viagem de

maturação contínua como indivíduo, membro de uma comunidade, inventor de realidades

e criador de sonhos. Aprender a ser significa o desenvolvimento do espírito e do corpo,

da inteligência, da responsabilidade pessoal e social, da sensibilidade, do sentido estético

e da espiritualidade. Aprender a aprender é uma meta-aprendizagem. É o saber que

permeia os outros quatro pilares e que significa aprender a se beneficiar das

oportunidades oferecidas ao longo da vida, em todos os domínios do ser, anteriormente

mencionadas. Aprender a aprender supõe uma atitude aberta aos acontecimentos e

experiências na vida.

Como Observamos o Empreendedor?

Conclusão

O empreendedor adquire as capacidades que o diferenciam a partir do desenvolvimento dos

pilares da educação. Ele aprende a conhecer e a fazer certas coisas; aprende a ser o dono da

sua realidade e aprende a conviver com responsabilidade e participação.

Atividades

1. Reflita sobre cada um dos quatro pilares da aprendizagem e identifique o nível de

aprendizagem (principiante, principiante avançado, competente, especialista, virtuoso e

mestre) em que você se encontra.

Aula 03 - A Teoria do Observador

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Nesta aula você vai estudar a teoria do observador, suas distinções básicas e importância.

3.1 A Teoria do Observador

Pretendemos, de agora em diante, fazer um mergulho em novos conceitos sobre o tipo de

observador que somos. Vamos apresentar-lhe as distinções do observador.

3.1.1 Distinções do Observador

Observar é o resultado dos atos de perceber e distinguir. Neste tópico, vamos introduzir

as distinções do observador. Portanto, pedimos a sua abertura e entusiasmo para esta viagem

que o levará a lugares desconhecidos. Vejamos as distinções.

3.1.2 Somos Observadores Diferentes

A primeira e mais importante distinção é que somos observadores

diferentes. Leia o texto que você redigiu na atividade 1 (EU SOU). Cada

um de nós tem experiências diferentes, ninguém poderá escrever esse

mesmo relato, ainda que tenha passado por situações iguais. Damos

maior ênfase e atenção a certas coisas e a outras não. Tem quem fale de

si mesmo a partir de sua vida profissional, outros a partir de sua vida

familiar, ou a partir da trajetória acadêmica, ou de seus sonhos e

crenças. Outros falam a partir dos costumes do lugar onde nasceram e

outros pelas perdas que teve de seres amados. Qualquer que seja, todos

estamos falando a partir do observador que somos e das coisas que são

importantes para nós. Isto nos faz definitivamente diferentes.

Mas por que somos diferentes? Vamos observar com lupa o relato do EU SOU para descobrir

outras coisas.

Somos diferentes porque temos distinções diferentes. Uma mesma situação é observada de

forma diferente, segundo as distinções de cada pessoa nessa mesma situação. Se vamos juntos

a um mesmo restaurante e eu sou um freguês, mas você é um chefe de cozinha, as observações

que você poderá fazer a respeito do preparo e apresentação da comida serão muito mais

sofisticadas que as de um simples freguês. Por sua vez, eu poderei fazer observações acerca do

meu gosto particular de tempero, do atendimento, do ambiente aconchegante e da decoração

em geral, que serão as questões que vão definir se frequentarei novamente o local.

Segundo o tipo de distinções, possuímos um conjunto de ações possíveis, o que para outros que

não as possuem, são impossíveis. Veja o exemplo do neurocirurgião. Ele, com as distinções que

tem, pode fazer intervenções no cérebro de outro ser humano com expectativa de sucesso.

Essas ações estão fora das possibilidades de uma pessoa que não tenha conhecimento em

neurocirurgia, que não compartilha dessas distinções, e isso a faz diferente. Observe que

existem ações que você consegue realizar na sua vida porque tem distinções específicas que

diferenciam dos outros, como por exemplo, as decisões que você toma no seu trabalho, na sua

família, as conversações que você tem com colegas ou amigos, etc.

Esta é outra distinção essencial do observador, a capacidade de fazer juízos, o que corresponde

ao posicionamento que o observador assume ao usar as distinções. O anterior nos remete

também a que, como observadores, somos afetados pelo que nos acontece, e isto nos leva a

tomar partido e fazer juízos diferentes. Minha opinião sobre o que me acontece faz com que

aprecie mundos de possibilidades diferentes. Se tiver o juízo de que, com o novo Governo, o

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Brasil vai mudar, então minha maneira de apreciar as mudanças será aberta e vai facilitar que

novas coisas aconteçam. Se meu juízo é de que no serviço público nada muda e tudo o que

acontece é devagar, então qualquer iniciativa será considerada como apenas mais uma. Não nos

interessa discutir qual juízo é melhor ou pior e, sim, mostrar que qualquer que seja o juízo que se

tenha, estão se abrindo ou fechando possibilidades. Os juízos com os quais observamos o que

acontece à nossa volta orientam nossas ações a rumos diferentes. Observe os juízos presentes

no seu relato da atividade 1 e reflita sobre as ações que lhe são ou não possíveis.

Outra coisa que podemos observar na história do EU SOU são as narrativas. Observe a maneira

como você entrelaçou as diferentes distinções e juízos, ou seja, os acontecimentos vivenciados

por você, gerando um sentido de coerência e significados entre as distinções que fez. O papel

da linguagem, na maneira como construímos explicações e narrativas sobre o que nos acontece,

também nos faz ser observadores diferentes. Lembre-se do último filme que assistiu com algum

amigo ou amiga. Após a sessão, num Café, conversando sobre o que chamou sua atenção no

filme, descobre que o outro observou coisas muito diferentes de você, e a maneira como explica

a trama ou como fala sobre o que o diretor queria mostrar naquela cena dá a impressão de que

estão falando de filmes diferentes. Lembre-se da última notícia sobre o Governo ou sobre futebol

comentada no escritório. Não falta quem faça uma narrativa completamente diferente e, mesmo

que você discorde, para o outro narrador ela faz sentido. Com nossas narrativas, nós damos

significados diferentes às coisas que observamos e, com isso, constituímos mundos diferentes. É

como se, para cada observador, existisse um mundo diferente.

3.1.3 O Observador Inventa e Constrói sua Própria Realidade

A terceira distinção é que o observador inventa e constrói sua própria realidade. Essa distinção é

complexa, mas vamos tentar avançar de uma maneira simples e cuidadosa. Estamos seguros de

que você já participou ou presenciou discussões intermináveis em temas de controvérsia como

política, esporte, religião etc. E você se dá conta de que, depois de todo o sufoco e

esquentamento, no melhor dos casos, a conversa termina num acordo de respeito pela diferença

de opiniões, mesmo quando algum dos participantes mude de ideia. E, no pior dos casos, temos

testemunhado discussões que terminam em mágoas entre amigos, separações de casais,

demissões, vinganças, mortes e até guerras.

Se refletirmos sobre esses tipos de situações, poderemos ver que o que está por trás delas é um

apelo à verdade, numa tentativa de conseguir convencer aos outros de que a nossa verdade é

fiel à realidade. Achar que possuímos a verdade, ou, correspondentemente, que não a

possuímos, é uma postura costumeira nos nossos relacionamentos; de alguma maneira achamos

que as nossas opiniões coincidem com o fato de como as coisas realmente são e, como vimos no

exemplo acima, consequências funestas têm acontecido devido a essa postura. Mas não

devemos pensar que esta seja uma postura propositada das pessoas; pelo contrário, é algo tão

transparente que não conseguimos vê-lo, a não ser que alguém nos mostre. Ou seja, nos

relacionamentos que construímos, damos por estabelecido que alguém possui a razão, mas nunca

passa pela nossa cabeça que talvez todos ou nenhum a tenham.

Existem dois fatores que contribuem para que isso ocorra: o consenso e a efetividade.

Consenso

É quando todos coincidem numa mesma observação e ninguém discorda dela. Por exemplo,

poderíamos afirmar que o ano tem doze meses, a começar no dia primeiro de janeiro e a terminar

no dia 31 de dezembro. É muito fácil achar que é assim mesmo, sem duvidar, mas esse

calendário, numa comunidade muçulmana ou judaica, não faz nenhum sentido, pois, nessas

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culturas, a noção de calendário construída é diferente da nossa. Ou seja, as "realidades" podem

mudar ou serem reconstruídas, dependendo da comunidade ou do tempo histórico em que

vivemos.

Efetividade

É quando a maneira de observar e atuar gera os resultados esperados e, obviamente, nesses

momentos achamos que estamos certos. Por exemplo, existe um chuveiro elétrico em todas as

casas. Ele é um aparelho efetivo no que diz respeito a nos oferecer água quente rapidamente, a

um custo que é adequado para o serviço que oferece. Por consenso e efetividade,

continuaremos a instalar chuveiros elétricos até o dia em que uma mudança de contexto faça

com que esse aparelho não seja mais eficiente. Uma mudança dessas pode ser um racionamento

de energia como aquele que vivemos no Brasil, no ano 2001, ou uma crise econômica que nos

obrigue a economizar. Nesse momento, o chuveiro não é mais eficiente, e nos vemos na

necessidade de procurar alternativas que sejam econômicas. Ou seja, as "realidades" podem

mudar ou serem reconstruídas, dependendo das mudanças do contexto. No exemplo, essa

mudança foi externa, mas também poderá ser interna ao observador.

Como observadores, só podemos falar do que observamos. Mesmo que nas nossas observações

nos façam pensar que a realidade é como a vemos, seja pelo consenso ou seja pela efetividade,

como seres humanos não podemos fazer tal afirmação. Durante séculos, discussões filosóficas

muito complexas têm tido o objetivo de discernir se a realidade existe ou não. Não queremos

adentrar nessa discussão; o que queremos afirmar é que, como seres humanos, temos vários

filtros que, de alguma forma moldam nossa percepção e nossas distinções do mundo. Um desses

filtros é, por exemplo, nossa biologia. Este é um exemplo bem prático do que estamos falando.

Por sermos biologicamente como somos, existem diferenças na maneira como percebemos o

mundo comparado com outras espécies de seres vivos. Sabemos da maior capacidade auditiva

que tem o cachorro, a capacidade visual que tem a águia durante o dia, ou a coruja durante a

noite. Cada ser vivo tem seus próprios limites biológicos. Imaginem neste momento qual será o

som da realidade. Quantos sons, além dos que conseguimos escutar, estão presentes agora ao

nosso redor. Pensemos ainda em algo mais próximo, nas diferenças entre nós, homens e mulheres

da mesma espécie. Há aqueles que têm miopia, aqueles que são surdos, daltônicos, baixos,

altos, saudáveis, doentes, obesos, adictos etc. Nossa biologia define e filtra a maneira como

percebemos o universo.

Não só observamos com os olhos, mas também com as emoções, com nossas distinções básicas,

com nossos juízos. Essas emoções, distinções, juízos etc, também funcionam como filtros, assim

como acontece com nossa biologia. Segundo as distinções de uma pessoa com relação ao

futebol e sua opinião acerca do futebol brasileiro, ela vai interpretar, ou seja, observar, de

maneira particular, os comentários e reportagens feitos nos jornais esportivos. Mas, como já foi

dito, só se pode falar do que é observado, ou seja, essa pessoa não tem como falar de como o

futebol brasileiro realmente é.

Já foi feita a reflexão de que somos diferentes, mas agora estamos acrescentando que ser

diferente nos faz observar mundos diferentes. E agora temos nas mãos uma "batata quente".

Como vamos nos relacionar com os outros, se não existe realidade? Como vai ser definido o que

é certo e errado? Sem um critério de verdade, tudo parece possível! Como vamos lidar com isso?

Pensemos por um momento. Hoje, no tipo de sociedade em que vivemos, tudo está sendo

possível. É possível, como falamos anteriormente, mentir, enganar, ignorar e até eliminar; como

também é possível negociar, respeitar, confiar, cooperar etc. Existe algo que produz uma

diferença entre um e outro. Parece que o paradigma atual de verdade e realidade que

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persistimos em manter não é aquilo que garante que possamos viver num mundo melhor e mais

seguro.

Se reconhecemos que somos observadores diferentes e que vivemos em mundos diferentes, a

alternativa que nos resta para uma convivência ética e harmoniosa é o respeito pelo outro e

pela legitimidade de sua diferença. A razão de ser dessa postura ética e dessa legitimação do

outro, na verdade, decorre de um processo de auto-respeito e de autolegitimação, por dois

motivos complementares: por um lado porque somos semelhantes no compartilhamento da forma

de ser, que é ser humano; por outro lado, sendo humanos, somos diferentes enquanto

indivíduos. Esse paradoxo aparente, de sermos iguais e diferentes ao mesmo tempo, é o que

torna possível ao ser humano uma convivência de respeito.

Desta maneira, propomos um tipo de relacionamento entre seres humanos baseados no respeito

pelo outro e reconhecimento da legitimidade das diferenças mútuas. Isso não significa que

qualquer comportamento é legítimo só porque é o comportamento de um observador. Não, o que

estamos dizendo é que o comportamento, para ser legítimo, é aquele no qual se reconhece a

legitimidade própria e se reconhece a legitimidade do outro.

Atividades

1. Leia as questões abaixo com atenção e depois as responda:

a. Qual é a importância do tema do observador?

b. Pense numa relação em que você possa ser legitimado e respeitado, imagine como se

sentiria e que ações da pessoa que imagina ou de outros atores presentes à cena

seriam possíveis?

c. Que implicações esta possibilidade traz para sua vida?

3.1.4 O Observador Pode Observar a Si Mesmo

Aceitar as duas distinções anteriores - a de que somos observadores diferentes e a de que a

maneira como observamos o mundo é só a forma como o observamos - nos leva a introduzir a

terceira distinção, a de que o observador pode observar a si mesmo. Com esta distinção, nos

capacitamos a nos perguntar pelo tipo de observador que somos.

Faz parte da condição humana a ação reflexiva de observar o observador que se é. Ao introduzir

as distinções acerca do observador, estamos possibilitando que você se torne um observador

particular, digamos com mais poder, no sentido de possuir uma nova e maior capacidade de

ação, o poder daquele que consegue observar a si próprio. Até agora, você está em condições

de ver suas distinções, alguns juízos e narrativas, mas, principalmente, está em condições de

começar a se perceber diferente do outro e perceber o outro com admiração pela diferença que

existe entre vocês.

Como seres humanos, estamos em constante mudança e transformação. Estamos em

permanente interação com o mundo e com outros seres humanos. Estas interações acontecem

de maneira aleatória e, em consequência, o observador que somos vai se transformando. De

maneira nenhuma somos estáveis. Você não é o mesmo que era há dez anos, nem aquele antes

de começar a fazer este curso.

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Possuir as distinções do observador, isto é, poder observar o

observador que se é, dá ao indivíduo a possibilidade de intervir

positivamente no seu próprio processo de transformação,

percebendo-se nos movimentos e nos aprendizados. Nos tópicos

adiante, estaremos introduzindo mais distinções a respeito do

observador, aperfeiçoando a teoria e abrindo possibilidades para

uma prática consciente de mudança de si próprio e do mundo que

observa.

Como Observamos o Empreendedor?

Conclusão

As capacidades do empreendedor: observar privilegiadamente e atuar significativamente estão

intimamente ligadas ao tipo particular de observador que ele é. O empreendedor constrói

realidades, atribui significados às suas ações e intervêm no seu próprio processo de

transformação.

3.2 Tipologias do Observador

3.2.1 Os Enfoques Único e Múltiplo

Característica 1 - Observador de enfoque único

Acredita que a maneira como ele vê as coisas num dado momento é a maneira correta e única

válida. Quando as outras pessoas não compartilham sua opinião é porque elas não estão

conseguindo ver da sua maneira. Quando é necessário atuar em conjunto, esta pessoa tenta

convencer, subordinar, ameaçar e, em último caso, até eliminar as pessoas que observam de

maneira diferente. O ideal ético é a tolerância, que está relacionada com a censura ao outro e a

paciência temporal dela própria.

Característica 2 - Observador de enfoque múltiplo

Acredita que a maneira como ele vê as coisas num dado momento é só uma dentre infinitas

formas de vê-las. Quando as outras pessoas não compartilham sua opinião, é porque elas estão

vendo de maneira diferente, o que é perfeitamente legítimo. Quando é necessário atuar em

conjunto, essa pessoa tenta convencer, seduzir e mostrar as possibilidades às pessoas que

observam de maneira diferente. O ideal ético é o respeito, que está relacionado com o

reconhecimento à diferença e legitimidade do outro.

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Característica empreendedora

O observador com enfoque único e enfoque múltiplo consegue combinar as duas características

de uma maneira equilibrada. Tem um enfoque único: sabe quando sua observação é poderosa e,

mesmo que outros não a compartilhem, toma decisões assertivas e persiste em seus objetivos.

Ao mesmo tempo, tem um enfoque múltiplo: compreende que outras pessoas podem fazer

observações importantes e, ao mesmo tempo, diferentes das dele. Gosta de se surpreender com

o outro. O seu ideal ético é o respeito pela diferença.

3.2.2 Os Paradigmas Metafísico e Ontológico

Característica 1 - Paradigma Metafísico

Pessoa que acredita que, como ser humano, existe dentro dela algo que é imutável. Igualmente

acha que existe uma verdade fora de si mesma e que deve ser descoberta. Existe uma única

realidade à qual pode fazer referência porque, de alguma maneira, tem acesso a ela. Exclui ou

tenta convencer aquele que não compartilha da sua realidade.

Característica 2 - Paradigma Ontológico

Acredita que, como ser humano, é mutável e pode inventar a si próprio. Acha que não existe

uma verdade, mas múltiplas interpretações. Sabe que não tem acesso à realidade como ela é e

só pode fazer referência às suas particulares observações. Inclui todos aqueles que observam de

maneira diferente porque ele mesmo é um observador diferente.

Característica empreendedora - O empreendedor ontológico

Neste curso, propomos o desenvolvimento do empreendedor ontológico. Acreditamos que este

paradigma seja mais coerente com o tipo de ações e relacionamentos que desejamos construir.

Mesmo assim, e por ser ontológico, não nos vemos no direito de desqualificar o empreendedor

metafísico que outros cursos possam oferecer.

Aula 04 - Domínios Constitutivos do Observador

Nesta aula veremos os três domínios básicos do observador: a linguagem, a emocionalidade e a

corporalidade.

4.1 Introdução

O observador está constituído por três domínios básicos: a linguagem, a emocionalidade e

a corporalidade. Esta seção apresenta as características de cada um desses domínios, com o

objetivo de continuar ampliando as noções a respeito do observador.

Primeiramente, apresentamos uma contextualização acerca de como os domínios estão

relacionados; na sequência, apresentamos cada um dos três em separado e, em todos, faremos

referência permanente à observação do observador que você é.

4.2 Os Três Domínios Constitutivos

Dizemos que o observador está constituído por três domínios básicos: a linguagem, a

emocionalidade e a corporalidade. Todos nós conseguimos perceber esses três domínios. Pense

em você agora. Como estão se manifestando seus três domínios neste exato momento? Você

está numa emocionalidade apropriada para estudar e aprender; do contrário, nem teria

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conseguido se sentar para entrar no site do curso. Sua corporalidade também está presente.

Pode ser que esteja relaxado ou com fome, mais seu atuar agora é ler e acompanhar esta fala. E

sua linguagem é quem o faz distinguir a condição na qual se encontra e principalmente observar

em você mesmo os três domínios.

Estes três domínios são considerados com igual importância; isto significa que é tão importante

o pensar, quanto o sentir e o atuar. Por muito, tempo tentaram explicar o ser humano a partir da

sua natureza racional. Somente os aspectos da linguagem, do pensar e da razão eram

considerados importantes e a ele eram subordinados os outros dois domínios. Mas, nas últimas

décadas do século passado, grandes avanços aconteceram, com os quais foi reconhecida

principalmente a importância da emocionalidade. A corporalidade vem sendo reconhecida aos

poucos, por movimentos alternativos da medicina e de terapias corporais, mas ainda é precário o

status desse domínio no meio organizacional.

Além de serem igualmente importantes, esses domínios são coerentes entre si. Por exemplo,

nossa emocionalidade se manifesta no nosso corpo e na nossa linguagem. Imagine alguém com

muita raiva (sentir), com o corpo deitado (atuar) e lendo um livro (pensar); você conseguiu? É

improvável que alguém possa imaginar que essa pessoa esteja com sentimento de raiva, prestes

a “explodir”, deitada e lendo. Nesse caso, não se vê uma coerência entre os três domínios. Na

coerência, quando estamos experimentando raiva (sentir), nosso corpo está tenso e ágil,

grunhindo ou bufando, com movimentos rápidos (atuar) e, definitivamente, falando rápido,

remoendo e tentando explicar o que aconteceu (pensar).

Esses domínios também estão interconectados; isto significa que, ao mudar um deles,

necessariamente os outros dois vão estar afetados. Por exemplo, se estou preguiçoso sem

conseguir me mexer (atuar) e recebo uma ligação de alguém de quem gosto muito (sentir) e

conversamos sobre assuntos que me motivam (pensar), é provável que no meio do papo eu já

esteja em pé, querendo fazer alguma coisa. Isto abre possibilidades para observar o observador

que somos e pensar em alternativas para mudanças em algum domínio.

Finalmente, esses três domínios também interagem com o sistema (ou entorno) . A família,

amigos, colegas, entre outros, constituem o sistema social no qual nos movimentamos. Nosso

pensar, sentir e atuar não pode ser compreendido apenas por meio da observação do indivíduo

como ser único. Por um lado, o sistema, ou seja, o meio em que vivemos, está permanentemente

nos estimulando para desenvolver novas emoções, atitudes, posturas, ideias etc., que produzem

mudanças em nós. E ainda, com nossas opiniões, sentimentos e formas de agir, também estamos

produzindo estímulos e mudanças no sistema. Indivíduo e sistema interagem e se afetam

mutuamente, num continuum.

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Atividades

1. Vamos observar o domínio da linguagem. Para isso, visualize um objeto com o qual você

tem contato cotidianamente, por exemplo, caneta, copo, computador, carro, etc., e

registre o nome dele num papel.

2. Agora, mantenha sua visualização e observe suas opiniões a respeito do seu objeto, que

características tem ou para que serve. Se for o caso, aproxime-se do objeto e perceba-o

cuidadosamente; escolha uma opinião entre todas as suas opiniões e registre-as.

3. Finalmente, explique e escreva no papel sobre porque você tem essa opinião.

4.2.1 Linguagem

Quando pensamos, o que pensamos? Como pensamos? Estas são

algumas das perguntas interessantes que podemos fazer

relacionadas a esse domínio. O tempo todo, nossa mente está com

ideias, imagens mentais, opiniões, conceitos, associações etc., e

acontece com tanta facilidade que às vezes se torna

“transparente”, ou seja, não percebemos que estamos pensando,

acontece sem que “eu pense que vou pensar”. Vamos tirar o pensar

dessa transparência e “trazer o fenômeno à sala” (lembrem que

definimos esta expressão com a ideia de observar o fenômeno, neste caso, o pensar, e juntos

observá-lo e destrinchá-lo) para que possamos fazer novas distinções a respeito do pensar.

Este é o nosso fenômeno: Pensamos numa garrafa de refrigerante plástica. Achamos que são

melhores do que aquelas garrafas de vidro antigas, porque esses tipos de garrafas oferecem

maior segurança no caso de acidentes em casa e porque aparentemente são mais higiênicas.

Vamos fazer uma análise do nosso fenômeno, e você, igualmente, no seu caso particular. Vamos

ver em que dá isto.

No nosso fenômeno, estamos fazendo distinções de um objeto: uma garrafa de refrigerante

plástica. Mas estamos utilizando outras distinções para falar dela, como, por exemplo: garrafa de

refrigerante de vidro, vazio, antigo, segurança, acidentes, casa, higiene - as distinções nos

permitem nomear as coisas que vemos no mundo. As distinções também são compartilhadas na

comunidade. Se eu chego perguntando por uma “botella”, só as pessoas que tem distinções

compartilhadas do idioma espanhol saberão que estamos falando exatamente do mesmo objeto.

No mesmo exemplo, vamos ver os juízos: é muito melhor do que aquelas garrafas de vidro

antigas; oferece maior segurança no caso de acidentes em casa; é mais higiênica. Com os

juízos, nos posicionamos a respeito do que estamos distinguindo, ou seja, da garrafa, neste

caso. Os juízos também falam de nós. Poderíamos nos perguntar por que é tão importante para

esta pessoa a segurança. Será que tem crianças em casa, ou terá sofrido algum acidente no

passado etc.? Os juízos falam do que opinamos do mundo, mas também falam do que nos

importa.

A narrativa, por sua vez, é a maneira como “costuramos” as distinções e os juízos que fazemos

do mundo. Neste exemplo, a narrativa fala de alguém que valoriza o avanço tecnológico porque

garante um maior bem-estar para sua vida. Um ambientalista, por exemplo, poderia estar falando

exatamente o contrário, com o objetivo de gerar uma maior consciência ambiental, dizendo que

nenhuma garrafa é melhor que outra, pelos processos de reciclagem dos componentes e o nível

de contaminação que deixam no planeta. Já um empresário poderia estar tentando seduzir um

potencial investidor para sua empresa de distribuição de refrigerantes. A narrativa tem em si uma

noção de poder. Este poder, entendido como poder de ação, identifica-se pela capacidade que

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você tem de fazer as coisas acontecerem nas suas interações com equipes, famílias etc. A

narrativa é poderosa quando faz sentido para as pessoas e faz com que coisas aconteçam.

Atividades

1. Vamos observar agora, o domínio da emocionalidade. Lembre-se de eventos que

aconteceram e que fizeram desencadear emocionalidades em você.

2. Destaque três emocionalidades que você identifica que teve nas últimas 5 horas.

3. Para cada emocionalidade, procure identificar a causa do surgimento da emoção.

4.2.2 Emocionalidade

Quando sentimos, o que sentimos? Como sentimos? Estas são algumas

perguntas muito interessantes que podemos fazer relacionadas a esse

domínio. Lembre-se das últimas 5 horas. Procure distinguir os sentimentos

que surgiram ao longo deste período. Teve recordações, lembrou de cenas

agradáveis, sentiu raiva, esteve preocupado, ansioso, esteve relaxado,

teve alguma perda e ficou triste, falou com alguém e se sentiu feliz? Se

qualquer dessas coisas aconteceu, então você tomou contato com o

domínio da emocionalidade.

Observemos, em primeiro lugar, que a emocionalidade flui de um estado a

outro. Num curto período de tempo, podemos identificar um grande fluxo de emoções que serão

mais conturbadas ou tranquilas, dependendo do nível de agitação e estresse do dia. Numa hora,

estamos tranquilos, logo depois, ansiosos, à espera de algo e, depois, felizes porque aquilo que

esperávamos aconteceu. É um fluir interminável.

Dizemos também que a emocionalidade é contagiosa: naturalmente ficamos felizes, tristes ou

sentimos ternura se alguém próximo de nós tem esses sentimentos. Principalmente, estamos mais

expostos a este contágio quando alguma das pessoas que amamos vivencia alguma

emocionalidade em particular. Isto é muito interessante porque líderes e empreendedores sabem

disto, eles com sua própria emocionalidade conseguem contagiar grupos, povos e nações com

uma emocionalidade específica. A emocionalidade é contagiosa e predispõe para a ação.

Vejamos o exemplo de emocionalidades contagiosas em alguns empreendedores mundiais: por um

lado, Gandhi, por meio da emocionalidade da paz e do amor, contagiou, conseguiu predispor o

povo indiano para que mudanças acontecessem. Por outro lado, Hitler predispôs o povo alemão

para a guerra e a luta pela supremacia germânica. No nosso caso, quando precisamos

desempenhar uma ação com efetividade, devemos nos perguntar se estamos com a

emocionalidade adequada para obter sucesso na tarefa. Não será possível me concentrar para

estudar um texto se estou em “clima de paquera” num barzinho. Também não poderei escutar

atentamente meu filho se estou esperando que passe na TV o informe do valor do dólar.

Todas as nossas observações acontecem num espaço emocional. Uma mesma situação

observada por dois observadores levará a resultados diferentes, dependendo do estado

emocional em que se encontre cada um. Se virmos uma mulher batendo num menino, um

observador que esteja se sentindo triste provavelmente vai ficar mais desanimado ainda,

sentindo que nada pode fazer para mudar o mundo. Por outro lado, diante da mesma situação,

se outro observador estiver com compaixão, provavelmente vai se aproximar respeitosamente e

oferecer ajuda a ambos.

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Assim como dissemos que os pensamentos aparecem de três formas

(distinções, juízos ou narrativas), no sentir podemos distinguir duas

formas: emoções e estados de ânimo. No nosso quadro acima, podemos

identificar claramente as emoções, porque elas são superficiais e passageiras

e sempre estão relacionadas a algum acontecimento concreto, e, como

vimos, mudam contínua e rapidamente. Se você, ao fazer o exercício, não

conseguiu identificar o evento que desencadeou uma emocionalidade, então

provavelmente estamos diante de um estado de ânimo. Os estados de ânimo

são mais profundos e recorrentes e chegam a caracterizar as pessoas. Você

conhece pessoas que são tristes ou pessoas que são preocupadas? Ou pessoas que estão

sempre sorrindo, de bom humor? Todos nós temos estados de ânimo que nos caracterizam; em

geral, estamos nele, mesmo que tenhamos momentos com emoções diferentes, logo que passam,

voltamos ao nosso recorrente estado de ânimo.

Atividades

Vamos observar o domínio da corporalidade. Para isso, pense por um momento no seu corpo e

veja-se a si mesmo, como num filme, realizando alguma atividade em sua casa, de tarde em um

dia de folga. Observe sua rotina, ritmo e nível de energia. Agora imagine você quando entra no

prédio do seu local de trabalho e caminha até sua mesa; e finalmente, imagine você entrando

para uma reunião no gabinete do MDIC, na qual há várias pessoas muito formais que você não

conhece.

Registre suas observações:

a. Rotina: ações costumeiras, trilhas, percursos, hábitos, etc.

b. Ritmo dos movimentos: muito rápido, rápido, lento, muito lento ou repouso.

c. Nível de energia: muito alto, alto, baixo ou muito baixo.

4.2.3 Corporalidade

Quando atuamos, o que fazemos? Como atuamos? Você observa seu corpo? Seu corpo lhe envia

sinais como dores, enfermidades, alergias, momentos de contração ou descontração, suores,

odores, secreções etc. Ele está permanentemente interagindo e acompanhando as nossas

ações, emoções e pensamentos.

O domínio da corporalidade é o domínio com o qual temos menor nível de contato e consciência.

Em geral, facilmente identificamos os nossos pensamentos e as nossas emoções, mas grande

parte da nossa corporalidade passa inadvertida para nós mesmos. Por um lado, é interessante

quando nos vemos em algum filme familiar gravado em VHS ou similar, e não reconhecemos

nossos movimentos ou nossa postura. É como se nos acháramos diferentes. Por outro lado, é

interessante que, quase sem nenhum esforço consciente e mesmo de longe, reconhecemos as

pessoas pela sua maneira de caminhar ou seu jeito de se movimentar.

A corporalidade nos remete tanto ao corpo quanto à postura corporal. Podemos caracterizar o

nosso corpo pela sua biologia, estrutura, estado de saúde ou histórico de doenças; podemos

também nos referir ao relacionamento que temos com ele, o quanto o aceitamos e cuidamos,

como o alimentamos, exercitamos e limpamos etc. Também podemos caracterizar a postura de

nosso corpo pelo nível de energia, ritmo e rotinas que são recorrentes. Reflita sobre as

anotações da atividade anterior e faça uma caracterização da sua postura. Poderá ver que em

situações similares, a postura é a mesma.

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Em particular, nos interessa aprofundar a reflexão quanto à postura. Se, por um lado, temos uma

estrutura que nos condiciona e limita, como é o caso do corpo, por outro lado, temos uma

postura que nos caracteriza e nos afeta na vida. Pela nossa biologia, podemos realizar certas

ações e outras não, isto é, alguns de nós poderiam ser profissionais de futebol, de boxe ou

ginastica, mas cada um desses esportes requer certas características estruturais da nossa

biologia. Pela nossa postura, seja presunçosa ou altiva, tímida ou segura, relaxada ou frouxa,

algumas ações, oportunidades ou dificuldades são possíveis de acontecer, e outras não.

Observadores diferentes adotam uma postura diferente, segundo o espaço onde se encontram.

Como você pode ver no exercício, dependendo do local onde você se encontre e do nível de

segurança que você perceba, seu corpo tem uma postura particular. Pessoas diferentes reagem

com sua postura de maneira diferente, segundo seus hábitos, padrões e costumes sociais.

A postura física são hábitos corporais construídos ao longo de toda a nossa vida. Além de

caracterizar a maneira como caminhamos, como olhamos para as pessoas, como sorrimos, como

comemos etc., essa postura foi aprendida da nossa família, amigos e pessoas que admiramos.

Quantas vezes nos falam que somos iguais a alguém da família, mas, se formos observar, a

semelhança se apresenta mais no corpo que na postura.

Sendo assim, e acreditando que a postura nos afeta na vida, então, podemos incorporar novas

posturas e criar novas ações e possibilidades para nós.

Como Observamos o Empreendedor?

Conclusão

O empreendedor reconhece em si mesmo e nos outros sua maneira de pensar, sentir e atuar na

vida. Esses três domínios são coerentes com sua visão empreendedora.

Aula 05 - O Observador e a Ação

Nesta aula apresentaremos as distinções básicas da ação. Você irá reconhecer a relação entre o

observador e a ação humana e adquirir as distinções de transparência e quiebre.

5.1 Introdução

A ação é tão importante quanto o observador e, nesta unidade de empreendedorismo,

consideramos esta distinção fundamental para o futuro desenvolvimento de competências

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empreendedoras.

Temos apresentado aspectos que consideramos mais importantes no observador e, neste tópico,

vamos iniciar a apresentação da noção de "ação" que consideramos igualmente importante à do

observador. A importância da ação pode ser resumida em dois aspectos: primeiro, a ação

determina os resultados que obtemos na vida e, segundo, que a ação depende do tipo de

observador que somos. Chris Argyris (1992) nos oferece uma maneira de entender a relação

entre o observador, a ação e os resultados. Vejam figura a seguir:

Todo e qualquer resultado que obtenhamos na nossa vida, seja no trabalho ou no âmbito

pessoal, é consequência das ações que realizamos. Por sua vez, toda ação realizada é feita por

um observador.

A ação tem como efeito alterar o que é possível. A ação se realiza porque temos a expectativa

de que algo novo aconteça. Fazer uma ligação, enviar uma mensagem, fazer um projeto,

preparar uma comida, qualquer coisa que fazemos altera a realidade e faz com que outras coisas

se tornem possíveis. Inclusive, não atuar pode ser uma ação que estamos realizando, mas com o

mesmo interesse de provocar uma mudança. Nas ocasiões em que as mudanças esperadas não

acontecem apesar de nossas ações, costumamos dizer que “não fizemos nada”.

Dizemos que o atuar é o princípio ativo de nosso “vir-a-ser”. Por um lado, nós atuamos conforme

somos, ou seja, o ser precede à ação. Isto significa que se eu observo as ações de uma pessoa,

poderei conhecê-la. Se eu participo de programas de beneficência, você poderá concluir que sou

solidário; se você observa que mantenho uma rotina de trabalho bem estabelecida, você pode

achar que sou disciplinado e, concluindo de outra forma, se você vir que sempre estou envolvido

em atividades esportivas, você dificilmente vai considerar que sou sedentário.

Mas, por outro lado, também somos conforme atuamos, ou seja, mais precisamente, a ação

gera o ser. Se mudarmos nossas ações, estaremos influindo no processo de geração de nosso

ser, transformando-o; se mudo meus hábitos alimentícios e me alimento melhor e sou cuidadoso

na preparação dos alimentos, necessariamente vou adquirir novas distinções, e isso me fará

diferente; se realizar esta disciplina desenvolvendo um rigoroso processo de aprendizagem, então

vou me tornar especialista. A ação é um caminho para mudar o observador que somos.

Vamos abordar o observador e a ação a partir de uma perspectiva sistêmica. Como

apresentamos em aula anterior, a teoria do observador está enquadrada numa corrente de

pensamento chamada construtivista. Essa visão construtivista, por sua vez, surge numa linha de

pensamento ainda maior, chamada sistêmica. Ou seja, o construtivismo é uma ramificação do

pensamento sistêmico. Nosso propósito ao apresentar este conteúdo é que a teoria do

observador seja compreendida num amplo contexto. Veremos, brevemente, alguns dos

fundamentos da nova sistêmica, que consideramos relevantes para o estudo do

empreendedorismo e, na sequência, as reflexões que a nova sistêmica faz sobre o fenômeno da

aprendizagem. Nessa reflexão, apresentam-se as distinções de aprendizagem de 1ª, 2ª e 3ª

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ordem, com as quais encerraremos o estudo da Teoria do Observador.

Atividades

1. Leia com atenção o texto a seguir:

Ana é uma pesquisadora na área da saúde que está entrevistando pessoas que costumam

caminhar em um parque. Ela está interessada em descobrir a força que motiva uma pessoa entre

os 45 e 55 anos de vida a se exercitar.

Rubem é um executivo de alto nível que está caminhando no parque. É abordado por Ana, que

faz uma apresentação da sua pesquisa e solicita ao Rubem responder suas perguntas.

Esta é parte da conversação que acontece entre os dois.

Ana: Rubem, qual é sua idade e quanto tempo costuma caminhar por semana?

Rubem: Tenho 50 anos de idade e costumo caminhar 30 minutos todo dia.

Ana: Em que horário prefere fazer as caminhadas?

Rubem: Gosto de caminhar de manhã.

Ana: Por que você sai para caminhar, durante 30 minutos, todo dia de manhã?

Rubem: A resposta é óbvia: porque sou uma pessoa de 50 anos e estou preocupado com a

minha saúde.

Ana: Há quanto tempo você faz isso?

Rubem: Comecei faz um mês e estou sendo muito disciplinado e persistente.

Ana: O que fez você tomar essa decisão de que era importante caminhar?

Rubem: Meu médico me mandou fazer exames e recomendou atividades físicas com urgência.

Sou muito sedentário e preciso me cuidar.

Ana: Foi a primeira vez que o médico fez essa recomendação?

Rubem: Não. Em várias oportunidades me tinham recomendado, mas eu não tinha Seguido as

instruções.

Ana: E o que fez com que desta vez você agisse?

Rubem: Eu não sei. Acho que pode ser porque agora tenho o apoio da minha família e porque

acredito que eu posso adquirir esse novo hábito e mudar. É, na realidade não sei porque só

agora estou conseguindo.

2. Agora responda: por que fazemos o que fazemos?

3. Coloque-se no lugar de Rubem. O que faz Rubem caminhar? (Registre sua resposta)

5.2 Noção de Pessoa

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A noção de pessoa considera com igual importância tanto o tipo de observador que somos

quanto as nossas ações. Somos pessoas tanto pelos pensamentos e emoções quanto pelas

ações que realizamos. Poderíamos pensar em alguém que só é o que pensa? Ou, de outra forma,

poderia conhecer você sem conhecer sua maneira de pensar, de sentir e de atuar? Somos o

observador que somos, somado às ações que realizamos.

Isto parece evidente, mas nos comportamos no mundo observando as ações dos outros, e

fazendo juízos sem nos deter a perguntar pelo observador que fez aquilo, como no caso de

alguém que atua de uma maneira inesperada, reagindo com violência e batendo nas paredes.

Julgamos precipitadamente as ações, as quais achamos erradas e, dificilmente, nos

questionamos sobre a coerência que está por trás dessa pessoa, do observador que fez o que

fez. Não estamos querendo legitimar as ações violentas, queremos observar o observador que

somos, que só observa as ações dos outros, sem nos perguntarmos pelo que levou essa pessoa

a atuar de determinada maneira.

Independente da resposta que você deu no exercício anterior, observe que a sua resposta está

sendo gerada por você, está em você e não no Rubem. Nada pode nos dizer o que faz Rubem

caminhar. O que realmente faz Rubem caminhar é algo que ele movimenta do fundo de sua alma,

algo que nem ele mesmo é capaz de expressar com clareza. Esse “algo que nos move”, que nos

faz agir e partir para a ação propriamente dita é o que chamamos de inquietude. Outra maneira

de fazer a pergunta do exercício acima é: qual é a inquietude do Rubem, que o faz caminhar

todo dia de manhã?

A inquietude é um tipo particular de distinção, porque ela é a única que relaciona diretamente o

observador e a ação. Costumamos dizer que a inquietude é o cordão umbilical que nutre e

mantém unidos a ação e o observador; ou também como vínculo entre o criador e a criatura: o

observador é o criador que traz a inquietude, e a criatura é a ação que nasce dela. As outras

distinções da linguagem (distinções, juízos e narrativas) não são suficientes para motivar a

pessoa a atuar; é necessário que exista a inquietude para que os atos aconteçam.

Enquanto um observador não age, dizemos que a inquietude ainda não se manifestou. A noção

de inquietude, mesmo que resida no observador, só se revela quando acontece uma ação. No

caso do diálogo acima, Ruben tinha explicações e opiniões médicas sobre a importância de

caminhar, mas algo acontecia até então, a inquietude não surgia para fazê-lo agir.

Nem sempre é possível desvendar a inquietude. Nem sempre temos uma resposta clara para dizer

que a inquietude do Ruben era a preocupação com a saúde. No diálogo, ele mesmo não sabia.

Neste sentido, como observadores, temos nossos limites. Como já sabemos, o máximo que

podemos fazer é observar, gerar interpretações sobre as ações e nos perguntar pelo observador

que atua.

Mas sabemos algumas coisas sobre as inquietudes. Sabemos que cada vez que uma inquietude

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surge, há por trás o juízo de que algo falta no mundo, de que há algo que desejamos e de que

precisamos intervir, ou seja, de que é preciso atuar para que essa carência seja suprida, porque,

no caso de não atuar, o mundo vai continuar do jeito que está. Para Ruben, está faltando

saúde, juventude, beleza etc., não sabemos com certeza, mas algo falta no seu mundo e, se ele

continuar agindo de forma sedentária, o que falta não vai acontecer.

Atividades

1. Pense nas coisas que você sempre pretende fazer e, mesmo que tenha começado várias

vezes, nunca conseguiu concluir. Exemplos de situações desse tipo incluem iniciar curso

de inglês, aulas de violão, começar um regime, deixar de fumar etc.

2. Reflita sobre os desejos que estão por trás dessas ações e porque não têm surgido as

inquietudes que o farão atuar. É possível que você, com estas novas distinções, imagine

as inquietudes que realmente o mobilizariam para atuar?

5.2.1 Tipologias do Observador Segundo as Inquietudes que Promovema Ação

Característica 1 - Observador que atua em função das suas próprias inquietudes

Essa pessoa está interessada nos seus propósitos, sonhos ou desejos. Tem energia para

batalhar pelos seus objetivos. Dificilmente percebe as inquietudes dos outros. Geralmente, não

compreende porque o outro se interessa por coisas diferentes das dele.

Característica 2 - Observador que atua em função das inquietudes do outro

Essa pessoa sempre pensa no que o outro deseja. É solidário, generoso e dificilmente se recusa

a pedidos, mesmo quando não quer ou não pode realizá-los. Dificilmente percebe seus profundos

desejos ou sonhos. Não compreende como há pessoas que só pensam em si mesmas.

Característica empreendedora - O empreendedor constrói inquietudes compartilhadas

Essa pessoa consegue combinar as duas características de uma maneira equilibrada. Não se

esquece dos seus sonhos e propósitos, mas constrói empreendimentos que vão ao encontro

também das inquietudes dos outros. É uma característica fundamental para o trabalho em

equipe.

5.2.2 Como Observamos o Empreendedor?

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Conclusão: O empreendedor é consciente do seu papel na comunidade à qual pertence e é

protagonista da sua historia; por isso, as principais inquietudes do empreendedor o levam a

realizar ações significativas e com responsabilidade social.

5.3 Noção de Maestria

Trazemos a noção de maestria porque ela está intimamente relacionada com a ação. Chamamos

mestre àquele que domina uma técnica ou é competente para fazer certas coisas. O regente de

orquestra é aquele que consegue sintonizar e harmonizar um grupo de intérpretes junto com

vários tipos de instrumentos conforme uma música escolhida. Não é uma tarefa fácil, mas ele

tem conhecimentos, habilidades e atitudes para desempenhar essa coordenação de ações. O

interesse em estudar esta noção consiste em reconhecer que existem alguns domínios nos quais

somos mestres e em outros não.

Na teoria da maestria de Heidegger (1971), ele postula que uma pessoa é mestre

no momento em que seu ser é igual ao seu fazer. Para entender este postulado

vamos destacar dois pontos. Primeiro, que ser mestre não é algo permanente. Eu

não posso dizer que sou mestre em tudo, mas, sim, posso dizer que sou mestre

em vendas. Ser mestre acontece em alguns momentos e em algumas ações em

particular. Eu posso ser mestre dançando forró, mas no tango não. Segundo, o ser mestre

acontece quando atuamos e somos, ao mesmo tempo, sem esforço.

Ser mestre é quando entramos livremente em interação com uma situação; é esse momento em

que o ser é igual ao atuar. Por exemplo, quando somos aprendizes de dirigir carro, não entramos

livremente em interação com o trânsito. Estamos tensos, querendo antecipar movimentos e com

medo de não ter a habilidade para atuar corretamente a qualquer momento. Mas, depois de uma

prática contínua, a insegurança começa a desaparecer e, um dia, inesperadamente, percebemos

que aquela tensão passou. A partir desse momento, dirigir não é mais algo que nos estressa,

dirigir acontece simplesmente. Então, estamos interagindo livremente, nossa atenção não está

no ato de dirigir, dirigir é “transparente” porque nossa atenção está no ato de interagir com o

trânsito.

5.3.1 Noções de Transparência

Preste atenção à distinção de transparência, porque há duas noções associadas: uma associada

à noção de maestria e outra à noção de ignorância pura.

Transparência associada à noção de maestria

Dizemos que atuamos na transparência quando atuamos sem enfocar nossa atenção no processo

de atuar. São estes os momentos em que somos mestres, porque são aqueles momentos em que

não fazemos esforço algum para atuar. No exemplo do carro, quando entro nele e arranco, eu

não penso na chave, na embreagem, na marcha etc. Quando escrevo no computador, minha

atenção não está no teclado, ou no mouse. Minha atenção está posta na interação com aquilo

que escrevo ou com o site que estou visitando.

Transparência associada à noção de ignorância

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Dizemos que atuamos na transparência quando atuamos sem observar,

ou seja, sem perceber nem distinguir a ação que estamos realizando.

São estes momentos em que somos ignorantes, porque são aqueles

momentos em que não temos consciência alguma ao atuar. Um exemplo

disso é quando vamos a um concerto de música medieval do qual

gostamos, mas fica transparente para nós a harmonia, a estrutura e

até o contexto em que essa música foi composta, porque somos

ignorantes nessa área.

A transparência, seja qual for, muitas vezes é percebida só quando é “quebrada”. Quando algo

falta ou algo sobra, essa transparência é interrompida. A maneira como chamamos essa ruptura

da transparência tem conservado seu nome em espanhol, em que costumamos chamá-la de

quiebre. Esta é outra distinção importante. Quando não achamos a chave do carro, quando o

pneu está furado, quando o mouse não responde, quando a água da torneira sai com muita

força, quando alguém nos fala de música medieval e nos ensina a escutá-la, então percebemos

que essas coisas existem. Dizemos que a transparência foi quebrada e que esses objetos saem

da transparência.

Dependendo de como seja interpretado o quiebre, este poderá ser um problema ou uma

oportunidade. Temos falado várias vezes que o observador dá sentido às coisas que acontecem

no mundo. Muitas vezes, o que observamos no mundo são precisamente quiebres. Dependendo

do estado de ânimo em que nos encontremos e dos juízos que tenhamos do quiebre, este poderá

se constituir em problema ou oportunidade. Por exemplo, se tiver planejado um vôo, para mim

são transparentes os procedimentos de segurança e manutenção do avião; mas, com certeza

será um quiebre se o vôo atrasar. Ficar no aeroporto por duas horas pode ser um problema

enorme e algo muito desgastante se eu estiver ansioso e tiver o juízo de que o aeroporto é

muito chato e não oferece nada para fazer. Por outro lado, pode ser uma oportunidade, se eu

estiver tranquilo e tiver o juízo de que nesse tempo posso fazer muitas coisas, ver lojas de

livros, procurar um presente que tinha esquecido, ou ler aquele artigo de revista que sempre

estou adiando.

Diante dessas novas distinções, podemos nos perguntar: que postura típica tem um

empreendedor frente aos quiebres? Frente aos quiebres, posso ter uma postura empreendedora,

me perguntando pelo que falta ou sobra para que eles voltem à transparência. Com esta

postura, estarei sendo responsável e estarei abrindo possibilidades para a mudança. Observo

muitos quiebres no mundo, no Brasil, na universidade, no trabalho, em casa, em mim mesmo. O

que fazer com esses quiebres? Se no ambiente de trabalho um quiebre que temos observado é a

falta de maiores oportunidades de negócios, uma postura empreendedora ou pró-ativa frente a

esse quiebre é responder à pergunta: o que falta ou o que sobra nesta empresa para ter maiores

oportunidades de negócio? Ou, o que poderíamos fazer para que as oportunidades de negócios

fossem transparentes e elas sempre estivessem ali?

Atividades

Procure destacar três de seus quiebres (aqueles que lhe sejam mais relevantes) associados aos

domínios correspondentes.

Para facilitar a identificação dos quiebres, lembre da pergunta orientadora: o que falta ou sobra

neste âmbito para que ele esteja na transparência? A título de ilustração, indicamos dois dos

nossos quiebres em relação ao âmbito mundo: um deles é que “falta paz” no mundo; e outro, é

que “sobra contaminação”.

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E então, quais seriam os seus quiebres em relação ao mundo, ao Brasil, ao seu trabalho e a você

mesmo?

Escolha um desses quiebres no âmbito “Brasil” e responda a algumas perguntas do tipo:

1. O que posso fazer para mudar esse quiebre?

2. Esse quiebre é só meu, ou tem alguém mais que estaria interessado em mudá-lo?

5.3.2 Como Observamos o Empreendedor?

Conclusão

O empreendedor tem competências tanto para declarar quiebres que já existem, quanto para se

antecipar a eles. Por isso, suas ações significativas vão ao encontro do que falta o do que sobra

no mundo para muda-lo. Ele é um agente de mudanças e transformações que procura resultados

consequentes.

5.4 Tipologia de Ações

Você já pensou no que você faz quando age? Geralmente, quando penso no

que faço, penso nas ações mesmas que executo, por exemplo, escrever neste

momento, marcar uma reunião com um colega, ligar para o banco para resolver

um problema ou avaliar os resultados de uma prova.

Atividades

1. Faça uma lista com as ações que você realizou nas últimas cinco horas. Tente se lembrar

de ações rotineiras, contingentes ou inovadoras. Depois de fazer a lista, que em geral

fica sem nenhuma ordem, por ser feita espontaneamente, pedimos que tente dar uma

ordem a ela, segundo a seguinte classificação: a) tarefa individual; b) coordenação de

ações; e c) trabalho reflexivo. Para isto, marque com um símbolo cada ação. Por

exemplo, uma bolinha preta para a tarefa individual, uma bolinha azul para a coordenação

de ações e uma bolinha vermelha para o trabalho reflexivo.

2. Perceba qual tipologia de ação está mais presente em sua rotina de vida e reflita sobre a

presença delas.

5.4.1 Tarefa Individual

Caracteriza-se pela presença de procedimentos que orientam as ações da pessoa. A flexibilidade

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determina se a tarefa individual é rotineira, contingente ou inovadora. Pode ser tanto uma

atividade manual como uma atividade não manual. A tarefa individual se fundamenta no que

chamamos de competências genéricas. Essas competências são aquelas requeridas para a

realização e cumprimento dos compromissos assumidos com outras pessoas. Por exemplo,

elaborar um projeto ou fazer um plano de negócios. Essas tarefas requerem conhecimentos

específicos necessários para cumprir com esse pedido. Sobre a tarefa individual, vários

pensadores têm refletido, como no caso de Marx, Taylor, Ford e outros mais contemporâneos,

como Drucker. Disciplinas organizacionais, como organização e métodos, reengenharia ou

redesenho de processos, costumam refletir e implementar mudanças neste particular tipo de

ação.

5.4.2 Coordenação de Ações

A linguagem é a principal ferramenta desta ação. O espaço compartilhado de inquietudes e o

nível de confiança construído entre as pessoas ou instituições é que determina se a

coordenação de ações é um processo simples ou complexo - ou seja, se as pessoas que estão

se coordenando têm compartilhado com clareza a ação a ser realizada, o motivo e o resultado

esperado, gerando o interesse de todos por alcançá-los, e, se têm a confiança uns nos outros, a

respeito de competências, responsabilidade e sinceridade para executar o trabalho, o que

tornará a coordenação de ações muito simples. Mas se alguma dessas características não

estiver presente, então o processo será complexo e vulnerável às dificuldades e problemas.

Ela se fundamenta no que chamamos de competências conversacionais. Essas competências

conversacionais são aquelas requeridas para fazer pedidos, ofertas e promessas. Esta ação não

está interessada, sem deixar de reconhecer sua importância, na realização das tarefas

individuais, e, sim, nos pontos de contato entre as tarefas individuais. Noutras palavras, este

tipo de ação se interessa em observar os relacionamentos, as interfases entre as pessoas, como

elas se articulam, negociam, chegam a acordos, em suma, como realizam e cumprem suas

promessas.

A principal contribuição no estudo desta ação é de Flores, que não só se interessou pelo

desenvolvimento das competências conversacionais, mas que está desenvolvendo tecnologias

chamadas “workflow”, as quais se utilizam de programas computacionais para executar

atividades de coordenação de ações.

5.4.3 Trabalho Reflexivo

A principal ferramenta desta ação é questionar a maneira como atuamos, como fazemos as

coisas que fazemos. É característica da linguagem humana voltar-se sobre si mesma e se

perguntar, por exemplo, sobre a maneira como formulamos nossas perguntas. Esses tipos de

questionamentos pertencem ao domínio da linguagem e podem ser feitos por meio de reflexões

individuais ou por meio de conversações de equipes de trabalho.

A realização dessa ação tem um caráter preventivo e busca garantir que a nossa capacidade de

atuação continue a ser efetiva no futuro. Num presente de mudanças permanentes, se faz

necessário aprender com a maior rapidez. De forma resumida, podemos dizer que é uma “reflexão

na ação”, não sendo necessário parar de agir para pensar e refletir sobre os resultados que se

têm obtido ou que se gostaria de obter. A reflexão tem um movimento em espiral, voltando sobre

si mesmo, ou seja, atua e reflete sobre a ação.

Aportes como os de Peter Senge (1999) e sua equipe de pesquisa, no âmbito da Aprendizagem

Organizacional, vão ao encontro deste tipo de ações nas empresas. No passado, quando se

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falava em aprender, referia-se a “algo que identificávamos” para ser aprendido. Hoje, o aprender

é inerente à ação. Aprender não é mais questão de “o quê” aprender, mas de como somos

competentes para aprender.

5.4.4 Tipologias do Observador segundo a Ação que o Orienta

Característica 1 - Observador orientado para a tarefa

Essa pessoa procura resultados concretos. Sua estratégia para obter esses resultados é realizar

e executar as tarefas conforme planejado, produzindo de maneira sistemática. Não atuar é pôr

em risco o resultado esperado.

Característica 2 - Observador orientado para a coordenação de ações

Essa pessoa procura garantir os resultados coordenando ações com os outros. Sua estratégia

para obter resultados é estabelecer redes de apoio e evitar conflitos. Não se relacionar é pôr em

risco o resultado esperado.

Característica Empreendedora - O empreendedor orientado para a ação coordenada de

equipes

O empreendedor é orientado para os resultados e sabe obtê-los com trabalho conjunto. Essa

pessoa consegue combinar as duas características de uma maneira equilibrada. É fortemente

orientado para a ação, mas igualmente tem competências para criar redes de apoio.

5.5 O Observador Dentro da Visão da Nova Sistêmica

A nova sistêmica surge com o reconhecimento da dinâmica relacional entre os seres humanos e o

reconhecimento da coexistência de múltiplos observadores e modelos de mundo. Sobre este

último, já vimos discorrendo ao longo de toda a disciplina, e estaremos conversando neste item

sobre a dinâmica relacional mencionada acima.

Bertalanffy, (1968) autor da Teoria Geral de Sistemas, define sistemas como entidades mantidas

pela interação mútua de suas partes, do átomo ao cosmos. Exemplos comuns

de sistemas incluem o telefone, os correios e os sistemas de trânsito. Um sistema pode ser físico

como um aparelho de TV, biológico como um cão cocker spaniel, psicológico como uma

personalidade, sociológico como um sindicato de trabalhadores, ou simbólico como um conjunto

de leis. Um sistema pode ser composto de sistemas menores e pode também ser parte de um

sistema mais amplo, como um Estado, que é composto de cidades e faz parte de uma nação.

Consequentemente, a mesma entidade pode ser encarada como um sistema ou como um

subsistema, dependendo do foco de interesse do observador. Segundo Bertalanffy, os grupos

sociais são sistemas abertos, ou seja, sistemas vivos que estão interagindo continuamente com

o seu ambiente. Esta interação é o que, no parágrafo anterior, chamamos de dinâmica relacional.

A respeito da dinâmica relacional entre os seres humanos, a perspectiva predominante, e que

todo mundo provavelmente já sabe, é que somos parte de um sistema que nos condiciona.

Podemos falar de diversos tipos de sistemas como, por exemplo, sistema de Governo, sistema

familiar, sistema comercial, sistema tecnológico, sistema educacional etc. Sempre estamos em

interação com esses sistemas e, segundo a maneira como eles estão estruturados, nossos

comportamentos são condicionados. Por exemplo, a estrutura do calendário de atividades do

sistema educativo básico e médio é o período de estudo de fevereiro a dezembro, e o período de

férias é em julho, dezembro e janeiro. Nossa vida, particularmente das famílias que tem crianças

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e adolescentes, está condicionada a esse sistema.

Outra perspectiva, não tão predominante, mas a qual queremos

enfatizar, é que, por ser parte do sistema, também somos

agentes condicionantes dele. Esta é uma perspectiva muito

importante em geral, mas principalmente para a visão

empreendedora. O sistema comercial é condicionado não só

pelas estruturas do sistema econômico, como as taxas de juros,

por exemplo, mas pelas necessidades e conveniências dos clientes. Nós, clientes, determinamos

o quê, como, quando, e onde queremos. Determinamos nossas conveniências, condicionamos as

estratégias de vendas e principalmente o desenvolvimento de novos produtos.

Segundo a nova sistêmica, quando a estrutura de um sistema muda, coisas que antes não eram

possíveis, eventualmente, passam a sê-lo. Por exemplo, no âmbito dos sistemas sociais quando a

mulher só trabalhava em casa e não era possível trabalhar fora, o sistema familiar tinha uma

certa estrutura que dava conta da alimentação e educação dos filhos. Quando esta situação

mudou e a mulher saiu de casa para trabalhar, a estrutura mudou. Hoje, por um lado, outros

subsistemas, como creches e escolinhas, passaram a ter maior participaç ão na educação dos

filhos e, com isso, coisas que antes não eram possíveis para a mulher, como tomar outras

decisões, ter seu próprio dinheiro, investir na sua própria educação etc., passaram a sê-lo. De

acordo com o anterior, fica claro que, na medida em que mudamos o tipo de observadores que

somos, estamos mudando por sua vez o sistema ao qual pertencemos, o que, por sua vez,

estará nos condicionando para novas mudanças e aprendizagens, numa dinâmica relacional.

5.5.1 O Observador e a Aprendizagem

A nova sistêmica propõe uma reflexão, entre outros temas, sobre o fenômeno da aprendizagem.

A aprendizagem é uma competência que se desenvolve em todos os sistemas vivos, mas,

particularmente no domínio do observador, ela tem características que estaremos discutindo

agora.

O que é a aprendizagem? Flores (1995) diz que uma pessoa aprendeu algo quando ela pode,

confiante, empreender novas ações, de maneira que essas ações satisfaçam seus interesses

futuros e os dos outros. A aprendizagem é um conceito relacionado diretamente com a ação, ou

seja, por mais informações, teorias e conhecimento que eu possua, só poderei dizer que aprendi

quando puder agir efetivamente, e dessas ações obtiver resultados satisfatórios pelas minhas

ações.

Chris Argyris desenvolveu um modelo baseado em ciclos de aprendizagem (“Single loop learning”

e “double loop learning”) em que apresenta com muita clareza a relação entre as dimensões do

Observador, a Ação e os Resultados com a aprendizagem. Segundo o modelo, o observador

avalia permanentemente seus resultados e, de acordo com essa avaliação, ele toma ou não a

decisão de que deve aprender algo. Suponha, por exemplo, que Paulo está avaliando sua saúde

e conclui que ela não está boa; sua digestão está ruim, sente acidez estomacal o tempo todo. O

que fazer diante isso? São várias as possibilidades para Paulo. Uma delas, apesar da insatisfação

com os resultados, é persistir em continuar agindo como sempre. Há pessoas que como Paulo,

sentem acidez estomacal durante anos, às vezes até vão ao médico, mas nunca decidem mudar

sua situação. Outra seria decidir mudar a maneira de atuar em relação à situação em foco.

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Nesse modelo, o observador toma a decisão de aprender. Essa decisão pode ser gerada porque

após a avaliação ele ficou insatisfeito com os resultados ou, mesmo satisfeito, acha que ainda

pode ser melhor. As perguntas que surgem imediatamente para explicar a insatisfação são: o que

fiz para obter esses resultados até hoje? Ou, o que deixei de fazer para obter esses resultados?

Estas duas perguntas nos remetem à ordem das aprendizagens a que vamos nos referir:

5.5.2 Ordem das Aprendizagens

Aprendizagem de 1ª ordem — refere-se às aprendizagens que fazemos no nível da ação.

A aprendizagem de 1ª ordem será a opção escolhida até que seus recursos estejam esgotados.

Paulo segue a opção recomendada por um médico e começa a tomar um remédio, um anti-ácido

para após as refeições. Se esta ação soluciona o desconforto, provavelmente Paulo vai

continuar com esse comportamento. Mas se, mesmo tomando a medicação, a acidez persiste,

então Paulo vai tentar novas coisas, mudar a medicação, tomar chá, tirar alguns alimentos etc.

Só no momento em que a moléstia insuportável e as ações possíveis foram esgotadas é que

novas possibilidades se abrem, porque nesse momento, novas perguntas surgem, como: por que

isto acontece comigo? Em que consiste este sintoma? Como outras pessoas têm dado solução a

esse problema? Essa tipologia de perguntas nos remete a outra ordem de aprendizagem:

Aprendizagem de 2ª ordem — refere-se às aprendizagens que fazemos no nível do

observador

A aprendizagem de 2ª ordem abre novas possibilidades porque nos transforma em outro tipo de

observador. Para se chegar a essa ordem de aprendizagem, não necessariamente temos que

passar pela aprendizagem de 1ª ordem, ou seja, esgotar todas as possibilidades de

comportamentos, de ação, a ponto de tornarmos nosso processo de aprendizagem cansativo e

sem prazer. Podemos chegar a ele cada vez que nos perguntemos pelo tipo de observador que

somos, e que está gerando determinados resultados. Paulo, do exemplo anterior, tem achado

algumas respostas a essas perguntas. Por exemplo, sabe que a acidez é produzida não só por

certos alimentos, mas também pelo estresse. Paulo adquire novos conceitos, decide aprender

outras maneiras mais saudáveis de se alimentar e, agora, ele tem novas possibilidades de ação.

Aprendizagem de 3ª ordem — refere-se às aprendizagens que fazemos no nível da

modelagem dos sistemas

A nova sistêmica nos convida para aprendizagens de 3ª ordem, embora sua proposta seja a

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aprendizagem de 2ª ordem. Só a título de ilustração, a aprendizagem de 3ª ordem nos questiona

sobre os modelos dos sistemas em que vivemos. Conhecer é construir modelos ou interpretações

do mundo, mas, por mais úteis e efetivos que sejam hoje, eles são essencialmente transitórios e

imperfeitos. Quando esses modelos deixam de ser vistos como transitórios e os convertemos em

dogmas ou verdades, eles, com o tempo, emperram e tanto o indivíduo quanto o sistema ficam

bloqueados. No caso de Paulo, uma aprendizagem de 3ª ordem poderia acontecer se, por

exemplo, nessas buscas por maneiras mais saudáveis de viver, ele se deparar com modelos, até

então desconhecidos por ele, que proponham novas maneiras de vida mais espiritual. Paulo, com

esta possibilidade, poderá rever o modelo do sistema de crenças que construiu até o momento e

construir um novo modelo que lhe seja mais proveitoso e satisfatório. Em resumo, o essencial é a

capacidade que temos de modelar modelos de mundos, e não de possuir o modelo.

Atividades

1. Volte à atividade de “declarar quiebres” e escolha um quiebre no domínio pessoal que

você queira mudar. Reflita sobre os seus resultados e identifique as ações que você

realizou até agora, bem como os resultados obtidos. Se ainda persiste o quiebre, é

porque essas ações não deram solução a ele. Realize uma reflexão de 2ª ordem,

formulando perguntas diferentes, como por exemplo, por que esse é um quiebre para

mim? Ou, quais informações possuo a respeito desse quiebre? Com qual emocionalidade

tenho tentado dar conta dele?

Glossário

A

Ação

Ato ou efeito de atuar. Manifestação de um agente. No contexto desta disciplina, atuar resulta

da combinação do pensar, do sentir e do agir. A ação é exatamente o ato ou a manifestação

desse agir.

Acordo Multifibras

Acordo sobre têxteis e confecções celebrado anteriormente à criação da OMC e incorporado por

ela.

Aladi

A Associação Latino-Americana de Integração, criada em 1980, pelo Tratado de Montevideo II,

substituiu a ALALC, Associação Latino Americana de Livre Comércio.

Analogia

É a aplicação, por parte do julgador, da legislação editada para regular um caso a outro caso,

em face da semelhança existente entre os dois.

Aprendizagem

Ato ou efeito de aprender.

Aprender

Tomar o conhecimento de (aprender a conhecer); tornar-se apto ou capaz de fazer algo

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(aprender a fazer); tornar-se (aprender a ser); evoluir em seus padrões éticos de

relacionamentos (aprender a conviver). Exemplos de padrões éticos de relacionamentos:

submissão pela força, intolerância, tolerância, respeito, amor.

APEX

Agência de Promoção de Exportações.

Atitude

Modo de proceder ou agir; comportamento, procedimento; atitude; tem a ver com conduta,

maneira de comportar-se.

Atitude empreendedora

Conduta ou comportamento orientado para uma ação fortemente impregnada por um “querer

fazer”, ou seja, por um forte desejo de realização.

B

BACEN

Banco Central do Brasil.

Balanço básico

Balanço do grupo de contas que formam as transações correntes, ou seja, balança comercial,

balança de serviços e transferências unilaterais.

Banco Mundial

Instituição fundada em 1944 e composta por cinco instituições afiliadas: o Banco Internacional

de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), a Associação Internacional de Desenvolvimento

(AID), a Corporação Financeira Internacional (CFI), o Organismo Multilateral de Garantia de

Investimentos (OMGI) e o Centro Internacional de Ajuste de Diferenças Relativas a

Investimentos (CIADI).

BCB

Banco Central do Brasil.

C

Cláusula compromissória

É a cláusula inserida em contrato pela qual fica estabelecido que qualquer divergência deverá ser

solucionada por meio de arbitragem.

Certificado de origem

Exigido nos casos em que o importador pretende usufruir de benefícios concedidos em função da

origem da mercadoria.

COANA

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Coordenadoria Geral de Administração Aduaneira da Secretaria da Receita Federal.

Comércio exterior

O comércio de residentes de um determinado país com residentes de outros países. As relações

comerciais realizadas entre um determinado país e um ou os outros países do mundo.

Comércio internacional

Comércio exterior de todos os países considerados globalmente. As relações comerciais de

mercadorias e serviços realizadas entre os vários países que compõem a comunidade mundial.

Competências

Combinação orientada para a ação de conhecimento, habilidades, atitudes e valores.

Compromisso arbitral

O mesmo que cláusula compromissória.

Concorrência perfeita

Mercado em que, por haver muitos vendedores e muitos compradores, cada um deles é incapaz

de, sozinho, influenciar o preço da mercadoria.

Confiança

Segurança íntima a respeito de como proceder, crença em si mesmo ou em outro, fé em sua

capacidade pessoal ou na de outrem.

Conhecimento

Ato ou efeito de conhecer. Ideias, conceitos, informação, notícia, ciência. Prática da vida,

experiência. Discernimento, critério, apreciação. Consciência de si mesmo.

Conhecimento “máster”

Conhecimento “mestre” emitido em face de unitização de várias cargas numa unidade de carga.

Conhecimento de transporte

Documento emitido pela empresa transportadora que representa o contrato de transporte

celebrado e cuja primeira via original prova a propriedade da mercadoria.

Consenso

Conformidade, acordo ou concordância de ideias, de opiniões. No contexto desta disciplina,

dizemos que há consenso quando há compartilhamento de um universo de distinções (o que

inclui ideias, conceitos, opiniões etc.) entre os membros de uma comunidade.

Contêiner

Equipamento de transporte utilizado para unitização e transporte de carga.

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Cooperação técnica horizontal

É a cooperação técnica implementada pelo Brasil com outros países em desenvolvimento.

Coordenação

Ato ou efeito de coordenar.

Coordenação de ações

Ocorre quando os membros participantes de uma ação “coordenam” a forma pela qual executam

juntos a ação. Esta maneira recursiva de expressar a coordenação de ações, em função da

própria coordenação, embute a noção de que os seres humanos são seres linguísticos e, como

tais, atuam por meio da linguagem. Segundo essa perspectiva, a coordenação de ações não

passa de uma conversação bem estruturada. A coordenação de ações enquanto conversação

envolve: identificação e declaração de inquietudes, criação de contextos, formulação de pedidos

e/ou ofertas, negociações, realização de tarefas e avaliação.

Corporalidade

Qualidade de corpóreo; corporeidade, corporal. Relativo a corpo. Enquanto domínio constitutivo

do ser humano (juntamente com a linguagem e a emocionalidade), a corporalidade é o domínio

por meio do qual o corpo do empreendedor se manifesta na realização de suas ações.

Costumes

São práticas reiteradas que se tornam, por isso mesmo, normas jurídicas costumeiras

obrigatórias.

Curva de demanda recíproca

Curva que demonstra o comportamento das procuras de dois países reciprocamente

consideradas.

Curva de indiferença

Indica os pontos em que é indiferente para o consumidor optar por um ou outro produto

(nacional ou importado), mantendo o grau máximo de satisfação.

D

DARF eletrônico

Documento de Arrecadação de Receitas Federais emitido eletronicamente.

Derrogação

Revogação parcial.

Deterioração das relações ou termos de troca

A perda do poder de compra das exportações de um país frente ao valor ou volume de suas

importações.

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Direitos antidumping

São imposições do órgão investigador e decisor (CAMEX, no Brasil) resultantes de investigações

positivas de prática de “dumping”.

Direitos compensatórios

São imposições impostas pelo órgão decisor (CAMEX, no Brasil) resultantes de investigações

positivas de prática de subsídios.

Distinção

Ato ou efeito de distinguir. Separação. Características, qualidades pelas quais uma pessoa ou

coisa difere de outra. Diferença.

Doutrina

São opiniões expressadas por jurisconsultos e demais estudiosos do direito.

Drawback

Regime aduaneiro especial que consiste na exoneração dos tributos devidos na importação de

insumos a serem utilizados na industrialização de produtos a serem exportados.

Dumping

É a política de empresa exportadora consistente na introdução no país de importação de

mercadoria por preço abaixo do normalmente praticado no país de exportação.

E

Economia de escala

Ocorre quando são obtidos resultados positivos mais que proporcionais ao investimento realizado,

em face do grande tamanho do mercado.

Efetividade

Qualidade de efetivo, algo que se manifesta por um efeito real; positivo. Atividade real.

Resultado verdadeiro. No contexto do empreendedorismo, “resultado verdadeiro” quer dizer

“resultado certo”, não qualquer resultado, mas aquele marcado pela eficácia; similarmente, ao se

referir à “atividade real”, também não se está referindo a qualquer atividade, mas à “atividade

certa”, aquela impregnada de eficiência. Resumindo: uma combinação de eficácia (fazer a coisa

certa) com eficiência (da maneira certa).

Eficácia

Medida do grau de alcance de um objetivo. Corresponde à relação entre o resultado atingido e o

resultado procurado.

Eficiência

Medida da amplitude dos meios disponibilizados para atingir um objetivo. Corresponde à relação

entre o resultado obtido e os meios (processos inclusive) disponibilizados para atingi-lo.

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Elasticidade-renda ou inelasticidade-renda de um produto

O comportamento provocado na demanda por um produto decorrente da variação da renda. Se a

demanda aumentar mais que proporcionalmente ao aumento da renda, haverá elasticidade-renda

do produto. Se o crescimento da demanda for menos que proporcionalmente ao aumento da

renda, haverá inelasticidade.

Emocionalidade

Emotividade. Relativo a emoção. No contexto deste curso, é usado para designar um dos

domínios constitutivos do ser humano. Refere-se ao domínio do sentir, enquanto predisposição

para a ação é determinante para o comportamento empreendedor.

Empreendedorismo

Relativo a empreendedor, aquele que empreende, que é ativo, arrojado e cometedor. O

empreendedor delibera-se a praticar, propõe-se, tenta (por mais laboriosa e difícil que seja a

tarefa); o empreendedor põe-se a executar.

Enforcement

Capacidade de prevenção e repressão de irregularidades no cumprimento das regras comerciais.

Escutar

Relativo a escuta. Pode ser entendido como a contraparte psicológica do processo fisiológico de

ouvir. Resulta da composição dos atos de ouvir mais interpretar (Escutar = ouvir + interpretar).

Especialização produtiva da economia

A liberdade de comércio geralmente proporciona a especialização da economia na produção dos

produtos que possui maior aptidão para produzir. Assim, em face da especialização, a economia

importa os demais produtos.

Estrutura interna de demanda agregada

Composição da produção/demanda por setores da economia. Por exemplo, setor primário

(produtos básicos), secundário (indústria) e terciário (serviços).

F

Fatura “pró-forma”

Fatura comercial provisória emitida pelo exportador e enviado para o importador com as

informações básicas sobre a possível importação.

Fatura comercial

Documento normalmente exigido pela alfândega e emitido pelo exportador e que contém

informações básicas sobre a mercadoria negociada como preço, quantidade, peso, identificação

da mercadoria, etc. normalmente exigido pela alfândega.

Flat container

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Equipamento de transporte consistente num estrado com hastes desmontáveis, utilizado para

unitização e transporte de cargas.

G

Gestão

Ato de gerir; gerência, administração. Compreende ações de concepção, estabelecimento e

acompanhamento e se aplica a variados níveis: planos, processo, pessoas, etc.

H

Habilidades

Relativo ao fazer, refere-se ao “saber como”. Diz-se que uma pessoa tem habilidades em relação

a certa tarefa quando ela é capaz de realizá-la com destreza, com jeito e com eficiência.

I

IATA (International Air Transport Association)

Associação de Transporte Aéreo Internacional.

Ideias cepalinas

Ideias desenvolvidas, principalmente por Raul Prebish, então economista da Comissão Econômica

Para a América Latina (CEPAL), da ONU. Segundo tais ideias, as relações de troca dos países em

desenvolvimento (que exportam basicamente produtos primários, não manufaturados), sofreriam

uma deterioração crônica e, sendo assim, deveriam tais países promover a industrialização

interna utilizando o processo de substituição das importações como política comercial (colocando

barreiras à importação para forçar a produção local).

Impecabilidade

Qualidade ou caráter de impecável; aquilo que é feito com toda a segurança e/ou correção. Sem

falha ou defeito. Perfeito, correto.

Investigação antidumping

É a investigação procedida por órgão do governo (SECEX, no caso do Brasil) da prática de

“dumping” por parte de exportadores estrangeiros.

Investimento estrangeiro direto

A entrada de capital de risco no mercado nacional, seja para investir no mercado financeiro, seja

para ser aplicado em empreendimentos econômicos fora do mercado financeiro. Sendo capital de

risco, não exige amortização, podendo, entretanto, ser repatriado.

J

Juízos

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Posicionamentos que assumimos face às distinções que possuímos. Podem ser entendidos como

veredictos que fazemos a respeito de nós mesmos, dos outros, das coisas, das instituições.

Enquanto ações linguísticas, pertencem à classe das declarações.

Jurisprudência

São decisões reiteradas dos órgãos julgadores sobre determinado assunto.

L

Legitimidade

Qualidade ou estado de legítimo. Fundado no direito, na razão ou na justiça.

Linguagem

O uso da palavra articulada ou escrita como meio de expressão e de comunicação entre

pessoas. Um dos principais domínios constitutivos do ser humano; os outros são a corporalidade

e a emocionalidade, já introduzidos.

Livre câmbio ou livre comércio

A política comercial que consiste em dar liberdade para importar e para exportar mercadorias e

serviços.

M

Maestria

Mestria; qualidade de mestre; grande saber; sabedoria, excelência.

Mapa de indiferença

Apresenta as diversas curvas de indiferença possíveis em face de alterações nas preferências e

gostos dos consumidores.

Mercado comum

Etapa do processo de integração econômica de vários países que prevê a livre circulação de

mercadorias, de mão de obra e de capitais, além de uma tarifa externa comum para terceiros

países.

N

Narrativas

A sequência de fatos de uma história, seja ela real ou imaginária. No contexto da disciplina,

relaciona-se à maneira pela qual o empreendedor articula suas ideias, suas distinções e seus

juízos correspondentes. A elas se associa o poder de realização do empreendedor.

Nova sistêmica

Pensamento sistêmico de segunda geração (sistema de sistemas) que reconhece a co-existência

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de múltiplos observadores e modelos de mundo. Nela, o observador se observa observando. Com

isso, a neutralidade do observador fica por princípio excluída. O observador deve sempre se

incluir no campo de sua observação.

O

OACI

Organização de Aviação Civil Internacional.

Observador

Aquele que observa, que percebe e distingue.

Oligopólio

Mercado em que há poucos vendedores e muitos compradores.

OPEP

Organização dos Países Exportadores de Petróleo.

P

Pallet

Equipamento de transporte consistente num estrado sobre o qual é empilhada a carga a ser

transportada.

Pessoa

O observador que atua.

Planejamento

Ato ou efeito de planejar. Trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo

roteiro de métodos determinados; planificação.

Poder

Ter capacidade de ação.

Prática de Subsídios

É a política do governo do país exportador que, em geral, concede ou repassa recursos aos seus

exportadores com o fim de estimular as exportações para o país de importação.

Preços relativos

Quando os preços de diversos produtos são avaliados comparando-se uns com os outros. Por

exemplo: se houver um aumento geral dos preços de 10%, não haverá alteração dos preços

relativos. Contudo, se apenas alguns tipos de produtos sofrerem aumento de 10% e outros não,

haverá alterações nos preços relativos, pois os que tiveram aumento custarão, relativamente,

mais do que os outros.

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Pré-lingada

Rede de naylon utilizada para envolver e transportar a carga.

Pre-sling

O mesmo que “pré-lingada”.

Protecionismo

Política que impõe barreiras, especialmente às importações, como forma de proteger o mercado

produtor interno.

Q

Quiebre

Vocábulo espanhol utilizado para denotar a noção de “ruptura de transparência no viver”.

R

Redespacho

Despachar novamente, agora para o destino correto, mercadoria descarregada por engano.

Realidade

Qualidade de real. Aquilo que existe efetivamente; que existe de fato, verdadeiro. No contexto

dessa disciplina há, na verdade, duas referências a se considerar para falar de realidade. Um

referencial metafísico, que acomoda, sem retoques, o significado de “existência de fato”, de

“verdadeiro”, exposto acima. E também, um referencial ontológico em que tudo se refere, ou só

faz sentido, em relação a um observador. No referencial ontológico não faz sentido falar de

mundo, de realidade, de verdade, sem falar de observador. Tudo só faz sentido se considerado

em relação ao observador.

Relacionamentos

Ato ou efeito de relacionar(-se). Capacidade, em maior ou menor grau, de relacionar-se,

conviver ou comunicar-se com seus semelhantes.

Relações ou termos de troca

O comportamento do poder de compra das exportações de um país comparado com as suas

importações. Pode ser em termos monetários ou de volumes.

Respeito

Ato ou efeito de respeitar(-se). No contexto da disciplina, refere-se ao ato de compreender e

acatar a diferença do outro estabelecendo, com isso, uma ética diferenciada (da usual

tolerância) para os relacionamentos: a ética do respeito.

S

Santa Sé

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Sede da Igreja Católica Apostólica Romana.

SECEX

Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Siscomex

Sistema Integrado de Comércio Exterior.

SRF

Secretaria da Receita Federal.

Subsídios

Os subsídios podem ser definidos de vários modos entre eles: 1°) benefícios a pessoas ou a

empresas pagos pelo governo; 2°) despesas correspondentes à transferência de recursos de

uma esfera de governo em favor de outra; 3°) despesas do governo visando à cobertura de

prejuízos das empresas (públicas ou privadas) ou ainda para financiamento de investimentos.

Substituição de importações (processo de)

Processo de industrialização do mercado interno, baseado na imposição de barreiras às

importações com o objetivo de substituí-las por produtos produzidos internamente.

T

Tarifa Externa Comum do Mercosul

A relação de alíquotas do imposto de importação aplicadas pelos quatro países do Mercosul nas

importações realizadas por estes de outros países do mundo.

Teoria da vantagem absoluta

Teoria elaborada por Adam Smith, no livro “Riquesas das Nações”, publicado em 1776. Segundo

tal teoria, cada país deve-se concentrar na produção de produtos em que tiver maior aptidão

para produzi-los e importar os demais.

Teoria das vantagens comparativas

Teoria elaborada por David Ricardo, segundo a qual, mesmo que um país tenha vantagem

absoluta na produção de todos os produtos, ainda, assim, será conveniente concentrar-se na

produção dos produtos em que tiver maior aptidão para produzir, devendo importar os demais.

Termos de troca

Comportamento do poder de compra de um país, avaliado pela comparação da evolução dos

preços e/ou volume das exportações e das importações desse país.

Transparência

Segundo a visão ontológica em que estamos nos baseando para desenvolver a noção de

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empreendedorismo nessa disciplina, a ação humana tem precedência sobre a razão e sobre a

consciência. Isto é, postula-se que, em geral, quase todas as nossas ações são realizadas sem

reflexão prévia, ou seja, na transparência. Só quando a transparência se interrompe (ver

quiebre) é que percebemos o mundo ao nosso redor.

Tratado-contrato

São os que regulam assuntos especiais, específicos, como os acordos comerciais entre, por

exemplo, o Brasil e o México.

Tratado-lei

São os tratados que veiculam assuntos gerais, como o da constituição da ONU, da OMC, do

Mercosul, etc.

U

União aduaneira

Etapa do processo de integração econômica de vários países em que, além de haver a livre

circulação de mercadorias, há também a adoção de uma tarifa externa comum para terceiros

países.

Unitização de cargas

Procedimento de acondicionar várias cargas ou mercadorias numa unidade de carga, como por

exemplo, um contêiner.

V

Valores

Normas, princípios ou padrões sociais aceitos ou mantidos por indivíduos, classes, sociedades,

etc.

Volatilidade

Medida da intensidade e frequência das flutuações dos preços de um ativo financeiro ou dos

índices em uma bolsa de valores.

Z

ZFM

Zona Franca de Manaus.

ZPE

Zona de Processamento de Exportações.

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