apostila unicamp - calculos açucar e alcool
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASFACULDADE DE ENGENHARIA MECNICACOMISSO DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA MECNICA
Cogerao e Integrao Trmica em Usinas deAcar e lcool
Autor: Mrcio HigaOrientador: Antonio Carlos Bannwart
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASFACULDADE DE ENGENHARIA MECNICACOMISSO DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA MECNICA
Cogerao e Integrao Trmica em Usinas deAcar e lcool
Autor: Mrcio HigaOrientador: Antonio Carlos Bannwart
Curso: Engenharia Mecnicarea de Concentrao: Trmica e Fluidos
Tese de doutorado apresentada comisso de Ps Graduao da Faculdade de Engenharia
Mecnica, como requisito para a obteno do ttulo de Doutor em Engenharia Mecnica.
Campinas, 2003S.P . Brasil
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FICHA CATALOGRFICA ELABORADA PELABIBLIOTECA DA REA DE ENGENHARIA - BAE - UNICAMP
H533cHiga, Mrcio
Cogerao e integrao trmica em usinas de acar elcool / Mrcio Higa.--Campinas, SP: [s.n.], 2003.
Orientador: Antonio Carlos Bannwart.Tese (Doutorado) - Universidade Estadual deCampinas, Faculdade de Engenharia Mecnica.
1. Acar Usinas. 2. Recuperao do calor. 3.Energia eltrica e calor-cogerao. 4. Analise trmica.5. Engenharia trmica. I. Bannwart, Antonio Carlos. II.Universidade Estadual de Campinas. Faculdade deEngenharia Mecnica. III. Ttulo.PDFC
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Resumo
HIGA, Mrcio, Cogerao e Integrao Trmica em Usinas de Acar e lcool, Campinas:
Faculdade de Engenharia Mecnica, Universidade Estadual de Campinas, 2003. 137 p.
Tese (Doutorado).
A avaliao do potencial de cogerao em usinas de acar e lcool depende de diversos
fatores, entre os quais se incluem a demanda trmica no processo de produo, o tipo de
tecnologia utilizada nas turbinas, o nvel de presso do vapor nas caldeiras, e o auto-consumo de
potncia. Para maximizar a gerao eltrica excedente para venda ao mercado, ou alcanar
melhor aproveitamento energtico dentro da planta trmica, necessrio que, alm dos balanos
de massa e energia do processo (1a lei da termodinmica), se utilize tambm a 2a lei da
termodinmica, a qual considera as irreversibilidades trmicas existentes e permite que se
obtenham metas factveis de cogerao. Para este propsito, a anlise Pinch na representaoexergtica oferece uma valiosa ferramenta que fornece resultados de entalpia, temperatura e fator
de Carnot graficamente, permitindo uma visualizao dos principais pontos de irreversibilidades
do sistema. Este trabalho faz uma reviso deste mtodo, e segue por um estudo de caso em uma
usina de acar e lcool, que recentemente aumentou o seu potencial de cogerao. Comparando-
se algumas alternativas diferentes de cogerao nessa planta, conclui-se que quanto melhor for a
integrao trmica da mesma, melhores sero as condies para maximizao da gerao de
potncia excedente. Alm disso, diversas medidas de reduo do consumo de vapor de processo
da usina so analisadas.
Palavras Chave
- Cogerao, Integrao Trmica, Usinas de Acar e lcool, Anlise Pinch.
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Abstract
HIGA, Mrcio, Cogeneration and Thermal Integration in Sugar and Alcohol Plants, Campinas:
Faculdade de Engenharia Mecnica, Universidade Estadual de Campinas, 2003. 137 p.
Tese (Doutorado).
The evaluation of the cogeneration potential in sugar and alcohol plants depends on several
factors, e.g. thermal demand of the production process, turbine technology, steam generator
pressure, power consumption of the mills. To maximize the net electric power generated for sale
to the market, or to reach better energy use in the plant, it is necessary, besides mass and energy
balances of the process (1st law of thermodynamics), also the analysis through the 2nd law of
thermodynamics, which accounts for the existent thermal irreversibilities, and allows to obtain
real possibilities of improvements (targets). For this purpose Pinch analysis in exergy
representation is a valuable tool that provide results for enthalpy, temperature and Carnots factorgraphically, allowing visualization of areas of larger irreversibilities. This work reviews this
method, further applying it to the study of a sugar-cane based sugar and alcohol plant, which has
recently improved its cogeneration potential through the installation of a back pressure extraction
turbine. By comparing different cogeneration alternatives, it is concluded that the better the
thermal integration is, the better the maximization conditions will be to generate exceeding power
for sale. Besides these comparisons, other possible alternatives of reduction of steam
consumption in process are studied.
Key Words
- Cogeneration, Thermal Integration, Sugar and Alcohol Industries, Pinch Analysis.
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Dedicatria
Dedico este trabalho a minha esposa Tatiana Takahashi Higa, que esteve sempre ao meu
lado durante toda esta caminhada.
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Agradecimentos
Foram muitas as contribuies durante a realizao deste trabalho, as quais presto meusagradecimentos:
A toda minha famlia por todo incentivo em todos os momentos.
Ao Prof. Dr. Antonio C. Bannwart que sempre se mostrou solcito em todas asoportunidades.
Aos engenheiros Alberto Shintaku e Hlcio Lamnica da COPERSUCAR pelos dados,
informaes e sugestes que muito contriburam para a realizao deste trabalho.
A todos os colegas e amigos do Departamento de Energia que dividiram as lutas do dia a
dia.
Ao Rodrigues e Neusa, funcionrios do Departamento de Energia, que foram sempre
prontos e dispostos para me auxiliarem.
A todos os professores e funcionrios da UNICAMP, que ajudaram de forma direta e
indireta na concluso deste trabalho.
Ao Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) que viabilizou o desenvolvimento desta tese.PDFCreate!5
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ndice
1 Introduo......................................................................................................................................1
2 Anlise Pinch: uma Reviso.....................................................................................................6
2.1 Curvas Compostas (CCs) ...................................................................................................7
2.2 Mtodo Tabular (Cascata Trmica)..................................................................................10
2.3 Grande Curva Composta (GCC) ......................................................................................14
2.4 Utilizao das Curvas Compostas....................................................................................15
2.5 Total Site Integration .......................................................................................................16
2.6 Grande Curva Composta Exergtica (GCCE)..................................................................19
2.6.1 Ciclo Carnot ..................................................................................................................21
2.6.2 Ciclos Reais...................................................................................................................23
2.6.3 Cargas e Demandas Trmicas da Caldeira....................................................................262.7 Construo da GCCE .......................................................................................................27
3 Tecnologias de Gerao de Potncia...........................................................................................29
3.1 Ciclos de Turbinas a Vapor..............................................................................................29
3.1.1 Utilizao de Turbinas de Contra Presso com Condensao Atmosfrica..................30
3.1.2 Conjunto com Turbinas de Contra Presso e de Condensao .....................................31
3.1.3 Extrao-Condensao (CEST: Condensing-Extracion Steam Turbine)......................32
3.1.4 Gerao de Vapor..........................................................................................................34
3.2 Ciclos de Potncia com Gaseificao do Bagao e Utilizao de Turbinas a Gs ..........35
3.2.1 Ciclos BIG-CC(Biomass Integrated Gasifier/Combined Cycle) .................................35
3.2.2 Ciclos BIG-STIG (Biomass Integrated Gasifier/Steam Injected Gas Turbine)............36
3.2.3 Dificuldades Tecnolgicas ............................................................................................37
4 Tecnologia de Processo...............................................................................................................39
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4.1 Adio de gua (Embebio) durante a Extrao do Caldo............................................40
4.1.1 Moagem.........................................................................................................................41
4.1.2 Difusores .......................................................................................................................42
4.2 Integrao Trmica da Destilao....................................................................................43
4.3 Evaporao.......................................................................................................................45
4.3.1 Evaporador em Mltiplos Efeitos (EME) .....................................................................45
4.3.2 Tecnologias, Temperatura e Presso no EME ..............................................................47
4.3.3 Integrao do EME........................................................................................................50
4.3.4 Utilizao do Condensado.............................................................................................52
5 Aplicao do Mtodo e Algoritmo..............................................................................................53
5.1 Algoritmo .........................................................................................................................54
5.2 Critrios de Avaliao de Eficincia de Sistemas de Cogerao.....................................576 Maximizao da Gerao de Potncia: Estudo de Caso .............................................................60
6.1 Estudo de Caso (Planta Inicial e Projeto 1)......................................................................61
6.2 Consumo de Processo.......................................................................................................66
6.3 Aumento no Consumo de Processo (Projeto 2) ...............................................................71
6.4 Utilidades em Mltiplos Nveis de Temperatura (Projeto 3) ...........................................73
6.5 Aumento na Capacidade do Turbo-Gerador (Projeto 4) ..................................................80
6.6 Utilizao de Turbinas de Condensao (Projeto 5) ........................................................85
6.7 Comparao dos Resultados.............................................................................................89
7 Reduo do Consumo de Vapor de Processo..............................................................................92
7.1 Utilizao de Vapor Vegetal (VV) no Processo...............................................................95
7.2 Nmero de Efeitos do EME ...........................................................................................100
7.3 Utilizao de Condensados ............................................................................................104
7.4 Discusso de Resultados ................................................................................................105
8 Concluses e Sugestes.............................................................................................................109
8.1 Concluses .....................................................................................................................110
8.2 Sugestes para Futuros Trabalhos..................................................................................113
Referncias Bibliogrficas ...........................................................................................................115
Apndice A Rede de Trocadores de Calor Utilizando a Anlise Pinch ...................................123
A.1 Configuraes Gerais das Redes Estimadas no Captulo 7...........................................125
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Apndice B Modelagem do Evaporador de Mltiplos Efeitos ....................................................127
B.1 Balanos de Massa e Energia ........................................................................................127
B.2 Equaes........................................................................................................................128
B.3 rea dos Evaporadores..................................................................................................131
B.4 Configuraes Gerais do EME Utilizadas no Captulo 7..............................................133
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Lista de Figuras
Figura 1.1- Esquema tradicional de gerao e consumo de vapor em usinas ..................................2
Figura 2.1- Integrao trmica entre duas correntes (quente e fria).................................................7
Figura 2.2- a) Correntes trmicas individuais; b) Curva composta (correntes combinadas) ...........8
Figura 2.3- Curvas compostas quente e fria.....................................................................................8
Figura 2.4- Separao do sistema nas regies sumidouro e fonte.............................................9
Figura 2.5- Intervalos de temperaturas de correntes quentes e frias ..............................................11
Figura 2.6- Cascata trmica............................................................................................................12
Figura 2.7- Cascata trmica com troca de calor impossvel...........................................................13
Figura 2.8- Cascata trmica com consumo mnimo de energia .....................................................13
Figura 2.9- a) Curvas compostas quente e fria; b) Grande curva composta ..................................14
Figura 2.10- Diagrama de cebola (Linnhoff e Dhole, 1993) ......................................................16Figura 2.11- a) GCC - Processo 1; b) GCC - Processo 2; c) Perfis fontes e sumidouros ..............17
Figura 2.12- Utilizao dos perfis para determinao das metas de cogerao.............................18
Figura 2.13- Carnot x Entalpia ........................................................................................................20
Figura 2.14- Carnot para SSSP........................................................................................................21
Figura 2.15: Representao grfica do ciclo Carnot......................................................................23
Figura 2.16- Representao grfica do cicloRankine:...................................................................24
a) temperaturas reais na caldeira b) temperaturas mdias.........................................................24
Figura 3.1- Ciclo com turbinas de contra-presso e utilizao de condensador atmosfrico ........31
Figura 3.2- Ciclo com utilizao de turbinas de contra-presso e condensao............................32
Figura 3.3- Ciclo com utilizao de turbinas de extrao-condensao (CEST)...........................33
Figura 3.4- Ciclo de potncia BIG-CC...........................................................................................36
Figura 3.5- Ciclo de potncia BIG-STIG.......................................................................................37
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Figura 7.5- Curvas compostas da planta disponibilizando V.V. do 2o efeito ................................98
Figura 7.6- Curvas compostas da planta disponibilizando V.V. do 3o efeito ................................99
Figura 7.7- Curvas compostas da planta com EME utilizando apenas 1 efeito...........................101
Figura 7.8- Curvas compostas da planta com EME utilizando 2 efeitos .....................................102
Figura 7.9- Curvas compostas da planta com EME utilizando 3 efeitos .....................................102
Figura 7.10- Curvas compostas da planta com EME utilizando 5efeitos ....................................103
Figura B.1- Representao de um efeito do evaporador mltiplos efeitos ..................................128
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Lista de Tabelas
Tabela 2.1- Correntes trmicas de um processo.............................................................................10
Tabela 2.2- Carga trmica dos intervalos de temperaturas ............................................................12
Tabela 2.3- Propriedades termodinmicas do fluido......................................................................22
Tabela 2.4- Consumo e produo do Ciclo de Carnot...................................................................22Tabela 2.5- Consumo e produo do Ciclo de Carnot...................................................................22
Tabela 2.6- Propriedades termodinmicas do fluido do cicloRankine ..........................................25
Tabela 2.7- Consumo e produo do ciclo Rankine.......................................................................25
Tabela 2.8- Consumo e produo do ciclo Rankine.......................................................................25
Tabela 5.1- Coeficientes de ponderao do trabalho e calor para sistemas de cogerao .............58
Tabela 5.2- Frao mssica dos elementos qumicos do bagao ...................................................59
Tabela 6.1- Moagem da usina ........................................................................................................61
Tabela 6.2- Caldeiras......................................................................................................................62
Tabela 6.3- Turbinas ......................................................................................................................62
Tabela 6.4- Exergias dos sistemas de cogerao............................................................................63
Tabela 6.5- Dados energtico e exergtico do bagao...................................................................63
Tabela 6.6- Consumo de energia e vapor de processo ...................................................................66
Tabela 6.7- Propriedades do vapor de processo.............................................................................67
Tabela 6.8- Fornecimento do vapor de processo............................................................................67
Tabela 6.9- Aquecimento e resfriamento do caldo ........................................................................67
Tabela 6.10- Cozimento .................................................................................................................67
Tabela 6.11- Destilao..................................................................................................................68
Tabela 6.12- Resultados gerais do evaporador de mltiplos efeitos da planta inicial ...................68
Tabela 6.13- Dados do evaporador de mltiplos efeitos da planta inicial .....................................68
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Tabela 6.14- rea do evaporador para planta inicial .....................................................................69
Tabela 6.15- Temperaturas dos trocadores de calor na planta inicial ............................................71
Tabela 6.16- Estimativa das reas dos trocadores de calor na planta inicial .................................71
Tabela 6.17- Resumo das operaes consumindo vapor das turbinas ...........................................71
Tabela 6.18- Consumo de energia e vapor de processo do projeto 2.............................................72
Tabela 6.19- Resultados gerais do EME do projeto 3....................................................................77
Tabela 6.20- Dados do EME do projeto 3......................................................................................77
Tabela 6.21- Estimativa da rea do evaporador necessria para o projeto 3 .................................77
Tabela 6.22- Consumo e disponibilidade de energia trmica de processo no projeto 3 ................78
Tabela 6.23: Propriedades termodinmicas do vapor da caldeira..................................................80
Tabela 6.24- Resultados gerais do EME do projeto 4....................................................................81
Tabela 6.25- Dados do EME do projeto 4......................................................................................82Tabela 6.26- Estimativa da rea do evaporador necessria para o projeto 4 .................................82
Tabela 6.27- Consumo e disponibilidade de energia trmica de processo no projeto 4 ................83
Tabela 6.28.- Temperaturas dos trocadores de calor no projeto 4 .................................................83
Tabela 6.29.- Estimativa das reas dos trocadores de calor no projeto 4.......................................84
Tabela 6.30- Resultados gerais do EME do projeto 5....................................................................85
Tabela 6.31- Dados do EME do projeto 5......................................................................................86
Tabela 6.32 Estimativa da rea do evaporador necessria para o projeto 5...................................86
Tabela 6.33- Consumo e disponibilidade de energia trmica de processo no projeto 5 ................87
Tabela 6.34.- Temperaturas dos trocadores de calor no projeto 5 .................................................87
Tabela 6.35.- Estimativa das reas dos trocadores de calor no projeto 5.......................................87
Tabela 6.36- Exergias dos sistemas de cogerao..........................................................................89
Tabela 6.37- ndices entre exergias dos projetos ...........................................................................90
Tabela 6.38- Resultados comparativos de produo e consumo....................................................90
Tabela 6.39- Resultados comparativos de eficincias trmicas no sistema de cogerao .............91
Tabela 7.1- Resumo do consumo de aquecimento e resfriamento do caldo ..................................93
Tabela 7.2- Consumo do cozimento, destilao e evaporao.......................................................93
Tabela 7.3- Consumo de energia e vapor de processo ...................................................................93
Tabela 7.4- Consumo do EME (Mxima extrao de VV no 1o Efeito)........................................97
Tabela 7.5- Dados do EME (Mxima extrao de VV no 1o Efeito).............................................97
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Tabela 7.6- Estimativa da rea do EME (Mxima extrao de VV no 1o Efeito) .........................97
Tabela 7.7- Temperaturas dos trocadores de calor (Mxima extrao de VV no 1o Efeito) .........97
Tabela 7.8- reas dos trocadores de calor (Mxima extrao de VV no 1 o Efeito) ......................98
Tabela 7.9- Fornecimento de calor para o cozimento e destilao (Mxima extrao 1 o Efeito)..98
Tabela 7.10- Dados de consumo do EME e do processo com as sangrias de vapor vegetal .......100
Tabela 7.11- Dados de consumo do EME e do processo com o nmero de efeitos do EME......104
Tabela 7.12- Dados de consumo do EME e do processo com utilizao dos condensados.........105
Tabela 7.13- Exergias dos sistemas de cogerao........................................................................106
Tabela 7.14- Resultados comparativos de produo e consumo..................................................106
Tabela 7.15- Resultados comparativos de eficincias trmicas no sistema de cogerao ...........107
Tabela A.1- Temperaturas dos trocadores de calor na planta (Extrao de VV at 2o Efeito)...125
Tabela A.2- Estimativa das reas dos trocadores de calor (Extrao de VV at 2 o Efeito).........125Tabela A.3- Fornecimento de calor para o cozimento e destilao(Extrao at 2o Efeito).......126
Tabela A.4- Temperaturas dos trocadores de calor com sangria de VV at o 3 o efeito...............126
Tabela A.5- Estimativa das reas dos trocadores de calor com sangria de VV at o 3 o efeito....126
Tabela A.6- Fornecimento de calor para o cozimento e destilao(Extrao at 3o Efeito).......126
Tabela B.1- Resultados gerais do EME(Mxima extrao de VV no 2o Efeito) ........................133
Tabela B.2- Dados do EME (Mxima extrao de VV no 2o Efeito) ..........................................133
Tabela B.3- Estimativa da rea do evaporador necessria(Extrao de VV no 2o Efeito)..........134
Tabela B.4- Resultados gerais do EME(Extrao de VV no 3o Efeito).....................................134
Tabela B.5- Dados do EME(Mxima extrao de VV no 3o Efeito) ..........................................134
Tabela B.6- Estimativa da rea do evaporador necessria(Extrao de VV no 3o Efeito).........134
Tabela B7- Resultados gerais do EME (1 Efeito)........................................................................135
Tabela B.8- Dados do EME (1 Efeito).........................................................................................135
Tabela B.9- Estimativa da rea do evaporador necessria (1 Efeito)...........................................135
Tabela B.10- Resultados gerais do EME (2 Efeitos) ...................................................................135
Tabela B.11- Dados do EME (2 Efeitos) .....................................................................................135
Tabela B.12- Estimativa da rea do evaporador necessria (2 Efeitos).......................................136
Tabela B.13- Resultados gerais do EME (3 Efeitos) ..................................................................136
Tabela B.14- Dados do EME (3 Efeitos) .....................................................................................136
Tabela B.15- Estimativa da rea do evaporador necessria (3 Efeitos).......................................136
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Tabela B.16- Resultados gerais do EME (5 Efeitos) ...................................................................136
Tabela B.17- Dados do EME (5 Efeitos) .....................................................................................137
Tabela B.18- Estimativa da rea do evaporador necessria (5 Efeitos).......................................137
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Nomenclatura
Letras Latinas
E Energia [kJ]ex Exergia [kJ]ExQ Exergia associada a transferncia de calor [kJ]h Entalpia [kJ/kg]Iexced.M ndice de energia excedente pela quantidade de cana moda [kWh/tc]Iexced.B ndice de energia excedente em funo do bagao utilizado [kWh/tb]QH Calor fornecido por um reservatrio quente [kJ]QL Calor cedido para um reservatrio frio [kJ]Qp Calor fornecido ao processo [kJ]Wc Trabalho consumido por um compressor [kW]Wt Trabalho produzido por uma turbina [kW]Wliq Trabalho lquido produzido por uma mquina trmica [kW]T Temperaturas [oC]RP/Q Razo potncia/calor para um sistema de cogeraoS Entropia [kJ/kg.oC]
Letras Gregas
Eficincia;I.MT Eficincia energtica para uma mquina trmica;I.CG Eficincia na utilizao do combustvel para um sistema de cogerao;P.CG Eficincia energtica ponderada para um sistema de cogerao;II.MT Eficincia da segunda lei para uma mquina trmica;exCG Eficincia exergtica para um sistema de cogerao; Variao de propriedades;
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Subscritos
0 Referncia ao meio ambiente;H Fluidos quentes;
L Fluidos frios;VC Volume de controle;
Siglas
ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica;BIG-GT Biomass Integrated Gasifier/Gas Turbine;CC Curva composta;CEST Condensing-Extraction Steam Turbine;
EME Evaporador de mltiplos efeitos;GCC Grande curva composta;GCCE Grande curva composta exergtica;HENS Heat Exchanger Networks Synthesis;MT Mquina trmica;PCI Poder calorfico inferior;PURPA Public Utility Regulatory Policy Act;SSSP Site Source-Sink Profiles;tb Tonelada de bagao utilizado;tc Tonelada de cana moda;tsi Total site integration;
UMIST University of Manchester Institute of Science & Technology;VE Vapor de escape;VV Vapor vegetal;
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Captulo 1
Introduo
A falta de investimentos no setor eltrico durante a dcada de 90, juntamente com outros
fatores, tais como a ausncia de um adequado planejamento energtico, o aumento da demandano consumo decorrente do crescimento econmico, e problemas de seca, resultou no ano de 2001
na maior crise de energia eltrica do Brasil dos ltimos anos. Alm do racionamento em si,
aqueles fatores confirmaram a necessidade de construo de novas usinas hidreltricas e
termeltricas, bem como apontaram para o aumento da produo de energia eltrica atravs da
cogerao.
No contexto desta ltima, o setor sucro-alcooleiro demonstra um grande potencial de
gerao de energia eltrica, havendo uma tendncia mundial para a utilizao da cogerao nesse
setor, devido a atrativos econmicos e ambientais. Pelo lado econmico, alm do aproveitamento
do bagao resultante da prpria produo como combustvel, a atratividade decorre do fato dos
produtos principais, acar e lcool, requerem energia trmica e permitirem um rateio dos custos
de produo com a eletricidade. Na questo ambiental, embora no Brasil quase a totalidade da
energia eltrica seja gerada com recursos hdricos, sem a emisso de gases poluentes, a cana-de-
acar uma fonte estvel e renovvel de energia. Para a gerao eltrica em usinas trmicas, o
bagao pode produzir eletricidade com impacto ambiental muito menor quando comparado a
outros combustveis, em especial ao carvo mineral e leo combustvel (Lora et al, 2000).
O esquema mais tradicional de funcionamento de uma usina de acar e lcool pode ser
observado na Figura 1.1. A matria-prima principal a cana, que aps ser moda, fornece o caldo
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para a gerao de vapor, o bagao gaseificado para utilizao em turbinas a gs (BIG-GT:
Biomass Integrated Gasifier/Gas Turbine). Nestes dois tipos de ciclos, a vapor e a gs, so
possveis vrios arranjos do conjunto gerao-processo,visando aumentar a oferta de gerao de
energia eltrica, podendo-se inclusive a combinar os dois ciclos (Combined Cycle).
No caso da cogerao, a maximizao da gerao eltrica excedente depende do consumo
de vapor de processo, pois essencial em qualquer forma de gerao de potncia o atendimento
da demanda trmica no processamento do caldo para a produo de acar/lcool. Uma vez que o
vapor de escape da turbina normalmente utilizado para o processo, a melhor integrao trmica
entre ambos tambm pode diferir conforme os nveis de temperatura e presso das utilidades
(vapor) a serem disponibilizadas, de acordo com a tecnologia de gerao de potncia escolhida.
Estabelece-se assim, uma relao de interdependncia entre a gerao de potncia e a integraotrmica, tornando o problema mais complexo pelo fato dos processos de produo de acar e
lcool tambm possurem alternativas internas de integrao, com possibilidades de utilizao do
vapor de escape em diferentes operaes.
Devido importncia do assunto, diversos trabalhos a respeito tm sido realizados com
diferentes enfoques. Alguns estudos so mais especficos nas opes de tecnologias de
cogerao, no potencial das mesmas, e em suas viabilidades econmicas (Coelho,1992;
Walter,1994), enquanto outros se preocupam com a ferramenta ou mtodo de otimizao, como a
programao dinmica, anlise exergtica e termoeconmica (Barreda del Campo, 1997 e 1999;
Fernandez e Nebra, 2002; Paracuellos, 1987; Paz e Cardenas, 1997), e anlise pinch
(Christodoulou, 1992; Higa, 1999). As reas de estudo das usinas tambm so diferentes, j que
para alguns trabalhos o processo de produo o ponto principal a ser analisado (Higa, 1999;
Fernandez e Nebra, 2002), enquanto para outros a nfase est na gerao de potncia (Prieto et al,
2001).
Todas as metodologias acima mencionadas oferecem concluses teis na avaliao de uma
planta de produo de acar e lcool, no sendo objetivo deste trabalho compar-las. O que se
pretende realizar aqui uma investigao sistemtica de como a integrao trmica de uma usina
pode propiciar a otimizao de um sistema de cogerao, isto a maximizao da gerao
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eltrica excedente. Para este fim, a anlise pinch foi selecionada como ferramenta de anlise,
sendo utilizada na avaliao de uma planta base com vistas incluso de melhorias, propostas a
partir dos diagramas de curvas compostas energtica e exergticas da planta. Esta ferramenta tem
apresentado excelentes resultados em estudos deste tipo, mostrando-se eficaz inclusive em
problemas bastante complexos, como o caso de uma planta de refino de petrleo (Rossi e
Bannwart, 1995).
A proposta deste trabalho a realizao de avaliaes energticas em uma planta de
produo de acar e lcool, incluindo tanto a integrao trmica do processo quanto a gerao
de potncia. As primeiras aplicaes da anlise pinch no setor de acar ocorreram a partir de
1984/85 em indstrias europias, via redimensionamentos de projetos visando reduo de
consumo de energia na produo de acar derivado da beterraba (Twaite, Davenport eMacDonald, 1986; Carter e Thompson, 1990; Christodoulou, 1992 e 1996). O mtodo tem sido
utilizado tambm na frica para anlise de processos de produo de acar de cana (Singh,
Riley e Seillier, 1997). Tanto em um caso quanto no outro, utiliza-se a anlise pinch para
avaliao apenas da integrao trmica do processo. Este trabalho pretende contribuir com a
incluso, no somente do processo de consumo trmico, como tambm da gerao de potncia,
analisando a planta completa. Alm disso, o caso especfico brasileiro de produo simultnea de
acar e lcool traz repercursses significativas e interessantes nas recuperaes energticas.
Diversas simulaes e anlises trmicas so realizadas, visando otimizar a produo de
energia eltrica excedente, e procurando a melhor forma de integrao trmica do processo de
produo da usina. Os resultados, considerando diferentes opes de tecnologias de gerao de
potncia e de formas de integrao trmica, so apresentados e discutidos, demonstrando que
melhores ndices de eficincia trmica e de produo de energia eltrica excedente podem ser
obtidos. O trabalho est estruturado da seguinte forma: no captulo 2 faz-se uma breve reviso da
anlise pinch; no captulo 3 so descritas as principais tecnologias de gerao de potncia e
sistemas de cogerao passveis de utilizao no setor sucro alcooleiro; no captulo 4 descreve-se
o processo de produo de acar e lcool; no captulo 5 descreve-se a aplicao da metodologia
proposta, incluindo diferentes formas de avaliao energtica ao caso em estudo e apresenta-se o
correspondente algoritmo; no captulo 6 apresenta-se os resultados das anlises trmicas de
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diferentes projetos para o sistema completo de cogerao; no captulo 7 aborda-se a reduo do
consumo de vapor de processo visando a melhor integrao trmica da planta; e finalmente no
captulo 8 apresenta-se as principais concluses do estudo, com sugestes para trabalhos futuros.
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Captulo 2
Anlise Pinch : uma Reviso
A anlise ou tecnologia pinch, ou ainda mtodo do pinch-point como tambm
conhecido, foi introduzida por Linnhoff et al. (1979) com o objetivo de se obter a melhorintegrao trmica de um processo. Inicialmente os estudos buscavam apenas um timo
energtico (consumo mnimo de utilidades), envolvendo posteriormente as redues das reas de
transferncia de calor e do nmero de equipamentos utilizados, visando o custo timo global de
toda a rede.
Atravs de combinaes de correntes quentes e frias de uma planta trmica, este mtodo
tem sido utilizado com muito sucesso, permitindo identificar as melhores opes de projeto em
redes de trocadores de calor (HENS: Heat Exchanger Networks Synthesis). Segundo Smith
(2000), desde o desenvolvimento do mtodo houve milhares de aplicaes nas mais variadas
indstrias, como petrolferas, petroqumicas, qumicas, siderrgicas, alimentcias, de bebidas, de
suco e de papel. Somente no ano de 2000 havia mais de 500 projetos que utilizavam a anlise
pinch, sendo que em 1997 havia tambm um consrcio apoiando novos desenvolvimentos no
mtodo coordenado pela UMIST (University of Manchester Institute of Science & Technology)
e formado por 16 empresas multinacionais, entre as quais se incluam a ELF-France, Mobil-UK,
Kellogg-USA, etc (Ebrahim e Kawari, 2000).
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2.1 Curvas Compostas (CCs)
A integrao trmica entre duas correntes, quente e fria, de um processo qualquer pode ser
realizada por meio da construo de um diagrama temperatura-entalpia (Figura 2.1). A mxima
recuperao de calor possvel determinada atravs da sobreposio da corrente quente na
corrente fria, na qual uma diferena mnima de temperatura (Tmin), escolhida pelo projetista de
acordo com o custo de capital, limita a aproximao entre as mesmas.
Figura 2.1- Integrao trmica entre duas correntes (quente e fria)
Por conter apenas duas correntes, esta integrao relativamente simples se comparada
com processos mais complexos possuindo um nmero maior de correntes trmicas. Neste ltimo
caso, a anlise pinch pode ser utilizada na orientao da integrao trmica, por meio de
combinaes das correntes quentes e frias da planta. Estas combinaes, conhecidas como curvas
compostas (CCs), so obtidas atravs das somatrias das capacidades trmicas de todas as
correntes quentes e frias do processo. A Figura 2.2a contm curvas individuais de duas correntes
quentes no diagrama temperatura-entalpia, com suas respectivas cargas e capacidades trmicas.
Somando as capacidades trmicas das correntes presentes em cada nvel de temperatura, a CC
resultante descrita na Figura 2.2b, observando-se que as quebras existentes na mesma sempre
correspondem a pontos de incio ou trmino de uma corrente.
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Figura 2.2- a) Correntes trmicas individuais; b) Curva composta (correntes combinadas)
Para um processo contendo tanto correntes quentes, como correntes frias, as CCs do mesmo
podem ser representadas na Figura 2.3. De forma similar integrao trmica entre apenas duas
correntes, o valor da mxima recuperao de calor do processo global obtido do intervalo
sobreposto entre as CCs, sendo tambm possvel determinar as metas dos consumos mnimos de
utilidades quente (QHmin) e fria (QCmin) necessrios ao processo, que so indicados pelos extremos
das curvas.
Figura 2.3- Curvas compostas quente e fria
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Neste caso, a sobreposio entre as curvas compostas tambm limitada por uma diferena
mnima de temperatura (Tmin) imposta pelo projeto de acordo com o custo de capital, sendo uma
restrio para que os fluidos envolvidos possam trocar calor entre si. No Tmin est localizado o
menor ponto de aproximao entre as curvas, conhecido como pinch-point. Em termos de
aplicao, o pinch-point separa o sistema em duas regies, ilustradas na Figura 2.4. Acima do
pinch, a regio denominada sumidouro, pois precisa receber calor adicional para atender a
demanda, e por esta razo, as correntes quentes devem fornecer todo calor possvel para as
correntes frias e no devem ser resfriadas por utilidades externas, e abaixo do pinch, a regio
denominada fonte de calor, pois dispe de mais energia do que necessita, e por este motivo as
correntes frias devem receber calor apenas das correntes quentes, sem receber calor de utilidades
externas. importante observar que no deve haver troca de calor entre estas regies atravs do
pinch, pois qualquer transferncia de calor entre as mesmas implica em aumento, tanto da
necessidade de utilidade quente como da utilidade fria.
Figura 2.4- Separao do sistema nas regies sumidouro e fonte
Baseadas nas explicaes anteriores, as regras bsicas do mtodo com a finalidade de
garantir a maior recuperao de calor so: 1- as utilidades quentes devem ser utilizadas apenas na
regio acima do pinch; 2- as utilidades frias devem ser utilizadas apenas na regio abaixo do
pinch; 3- no deve haver troca de calor entre as regies atravs do pinch. Para o projeto da
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rede de trocadores de calor, o mtodo tambm possui algumas regras que auxiliam a alcanar as
metas estabelecidas e esto descritas no Apndice A.
2.2 Mtodo Tabular (Cascata Trmica)
As curvas compostas so ferramentas para se fazer avaliaes trmicas de forma grfica.
Entretanto, a anlise pinch tambm pode ser realizada por meio de definies de intervalos de
temperaturas, nos quais as correntes quentes e frias envolvidas no processo podem trocar calor
entre si. A composio destes intervalos denominada de cascata trmica, sendo a mesma uma
outra ferramenta para se fazer a anlise pinch de forma alternativa, tambm conhecida como
mtodo tabular (Bannwart, 1995).
Tabela 2.1- Correntes trmicas de um processo
CorrenteTrmica
TipoTinferior[o C]
Tsuperior[o C]
CapacidadeTrmica[kW/o C]
CargaTrmica
[kW]1 Fria 20 135 2,0 2302 Quente 60 170 3,0 3303 Fria 80 140 4,0 2404 Quente 30 150 1,5 1805 Quente 170 170 - 1006 Fria 135 135 - 110
Suponha um processo com as correntes trmicas da Tabela 2.1. Desejando-se fazer uma
integrao trmica do mesmo so definidos os intervalos de temperaturas, nos quais uma corrente
quente pode fornecer calor para uma corrente fria. Para respeitar uma restrio de diferena de
temperatura (Tmin) igual a 10o C, as temperaturas dos intervalos (i) so determinadas somando-
se um valor de Tmin/2 (5o C) para as temperaturas as correntes frias, e subtraindo-se Tmin/2 para
as temperaturas das correntes quentes, conforme a relao abaixo:
i = Tj + Tmin
sendo:
i: intervalo de troca de calor;
i: temperatura do intervalo i;
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j: corrente trmica do processo;
Tj: temperaturas extremas da corrente j;
Com a determinao das temperaturas, estas so dispostas em um diagrama (Figura 2.5) em
ordem decrescente, criando-se os intervalos nos quais as correntes trmicas do processo so
posicionadas em seus respectivos nveis, as correntes quentes com Tmin/2 abaixo da temperatura
original, e as correntes frias com Tmin/2 acima da temperatura original. Para garantir o
cumprimento da 2a lei da termodinmica, uma corrente quente pode fornecer calor apenas dos
intervalos que esto no mesmo nvel ou acima dos intervalos da corrente fria a serem aquecidos,
garantindo o Tmin definido pelo projetista da rede de trocadores.
170Intervalo
165o170
170 1
165o
140 150
2145o
135 3
140o135
135 4
140o5
85o
80 Corrente Fria 655o
60Corrente quente 7
25o20 30
Figura 2.5- Intervalos de temperaturas de correntes quentes e frias
Aps a criao do diagrama, as cargas trmicas so calculadas atravs da somatria das
capacidades trmicas das correntes presentes em cada intervalo. A Tabela 2.2 contm estesvalores, considerando positivo, o sinal das correntes frias, e negativo, o sinal das correntes
quentes. Com os valores numricos da tabela, acrescidos da utilidade quente (QH) e fria (QL), o
diagrama da Figura 2.5 pode ser configurado em intervalos que dispem (negativo) ou
necessitam (positivo) de energia, criando-se a cascata trmica da Figura 2.6.
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Tabela 2.2- Carga trmica dos intervalos de temperaturas
Intervalo(i)
i - i-1CPC CPH
[kW/o C]Hi
[kW]1 0 - 3,0 - 1002 20 - 3,0 - 60
3 5 - 0,5 - 2,54 0 1,5 1105 55 1,5 82,56 30 - 2,5 - 75,07 30 0,5 15
sendo:Hi = (CPC CPH) (i - i-1) + qi, a carga trmica do intervalo;
Hi < 0, significa liberao de energia, e Hi > 0 consumo de energia;
CPC: Capacidade trmica de uma corrente fria presente no intervalo i;
CPH: Capacidade trmica de uma corrente quente presente no intervalo i;
qi: Carga trmica de correntes com temperatura constante, presente no intervalo i.
Utilidade Quente1 = 165
oC QH
H1 = - 1002 = 165
oC
H2 = - 603 = 145
oC
H3 = - 2,54 = 140
oC
H4 = 110
5 = 140oC
H5 = 82,5
6 = 85oC
H6 = -75
7 = 55oC
H7 = 15
8 = 25o
C QCUtilidade Fria
Figura 2.6- Cascata trmica
Para a integrao trmica do processo, sabendo que a transferncia de calor entre as
correntes deve ocorrer apenas das temperaturas mais elevadas para as mais baixas, e supondo que
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o calor fornecido pela utilidade quente seja nulo (QH = 0), o fluxo de calor poderia ser
representado atravs da Figura 2.7.
Utilidade Quente
1 = 165o
C QH = 0H1 = - 100
2 = 165oC 100
H2 = - 603 = 145
oC 160
H3 = - 2,54 = 140
oC 162,5
H4 = 1105 = 140
oC 52,5
H5 = 82,56 = 85
oC -30
H6 = -75
troca de calor
impossvel7 = 55
oC 45
H7 = 158 = 25
oC QC = 30
Utilidade Fria
Figura 2.7- Cascata trmica com troca de calor impossvel
Utilidade Quente
1 = 165
o
CQ
H= 30
H1 = - 1002 = 165
oC 130
H2 = - 603 = 145
oC 190
H3 = - 2,54 = 140
oC 192,5
H4 = 1105 = 140
oC 82,5
H5 = 82,56 = 85
oC 0
H6 = -75
pinch-point
7 = 55oC 75
H7 = 158 = 25
oC QC = 60
Utilidade Fria
Figura 2.8- Cascata trmica com consumo mnimo de energia
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Entretanto, observa-se que a troca de calor 30 kW impossvel, sendo este valor o mnimo
de energia que deve ser fornecido pela utilidade quente. A Figura 2.8 representa a cascata trmica
com o fornecimento mnimo de calor, indicando tambm o pinch-pointno nvel = 85o C, o que
significa 90o C de temperatura nas correntes frias e 80o C nas correntes quentes.
2.3 Grande Curva Composta (GCC)
A alternativa grfica utilizada no mtodo representando a cascata trmica a grande curva
composta (GCC). Esta ferramenta ilustrada na Figura 2.9 combina as curvas compostas quente e
fria em uma nica, sendo realizada tambm atravs da somatria da capacidade trmica das
mesmas em cada nvel de temperatura. Assim como na cascata trmica, para a construo da
GCC, as correntes trmicas do processo so deslocadas no eixo vertical do grfico, considerandoas temperaturas das correntes quentes com Tmin/2 abaixo do valor original e com o sinal
negativo, e as correntes frias temperaturas com Tmin/2 acima dos valores originais e com sinal
positivo. Deslocando a GCC atravs do ponto mnimo da somatria obtida para o valor zero do
eixo horizontal da entalpia, a temperatura deste ponto coincide com o pinch-point.
Figura 2.9- a) Curvas compostas quente e fria; b) Grande curva composta
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Atravs da GCC possvel observar melhor que nos nveis de temperatura acima do
pinch, o processo necessita apenas de utilidade quente, enquanto abaixo do pinch a demanda
por utilidade fria. Alm disso, as reas escuras da ilustrao indicam as regies em que o
processo pode suprir a prpria demanda. Em caso de mais de uma utilidade (utilidades em
mltiplos nveis de temperatura), torna-se possvel a escolha de uma delas com base no nvel de
temperatura mais prximo da demanda, minimizando as irreversibilidades de transferncia de
calor. Neste caso, h tambm o benefcio de que algum trabalho possa ser obtido, como seria o
exemplo da turbina a vapor, capaz de gerar potncia, utilizando a degradao do vapor de alta
presso para o vapor de baixa presso (Singh, Riley e Seiller, 1997).
2.4 Utilizao das Curvas Compostas
Tanto as CCs como a GCC podem ser vistos como balanos energticos em funo da
temperatura. Neste caso, os termos do calor fornecido e recebido pelo processo atravs das
utilidades quentes e frias servem para satisfazer a primeira lei da termodinmica. J em relao
segunda lei da termodinmica, como dito anteriormente, a aproximao entre as curvas serve para
minimizar as irreversibilidades, melhorando o rendimento segundo este conceito.
A Figura 2.10 ilustra a viso global de uma planta industrial, representando
hierarquicamente o projeto do processo, atravs do diagrama de cebola. Normalmente
assumido que se necessita da definio completa do processo interno antes que se possa
projetar a rede de recuperao de calor (HEN), e que necessria aHEN, antes da determinao
do sistema de utilidades. Tanto as CCs fria e quente, quanto a GCC so baseadas no processo
interno da fbrica, e ambas so utilizadas para a iterao da HENe do sistema de utilidades com
o processo interno. As CCs pemitem que o projetista possa prever antecipadamente qual a
recuperao de calor possvel, enquanto a GCC permite que o projetista saiba de antemo quais
utilidades sero necessrias. Desta forma, a GCC efetivamente fornece uma ponte entre o
projeto do processo e o sistema de utilidades, tornando possvel, por exemplo, avaliar de forma
rpida e confivel qual o efeito que mudanas internas de um processo trariam ao sistema de
utilidades (Linnhoff e Dhole, 1993).
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Figura 2.10- Diagrama de cebola (Linnhoff e Dhole, 1993)
2.5 Total Site Integration
A anlise pinch como demonstrada anteriormente trabalha com um nico processo. J o
total site integration introduzido por Dhole e Linnhoff em 1992 amplia esta possibilidade,
permitindo que vrios processos servidos e ligados por um nico sistema central de utilidades
sejam analisados, obtendo-se metas de consumo para combustvel, produo na cogerao, de
emisso de poluentes e de resfriamentos, antes mesmo da existncia do projeto. Estas metas
permitem orientar os projetistas nos mais variados casos, tanto de construo de novas unidades,como em ampliaes, reformulaes e modificaes na indstria (Dhole e Linnhoff, 1992).
O desenvolvimento desta ferramenta tm sido realizado na Universidade de Manchester
(UMIST), tendo a participao de outros institutos de pesquisas e indstrias de vrios pases
como a Frana (Ecole des Mines-ARMINES), Espanha (Universitat Politecnica de Catalunya-
UPC, Barcelona: Courtaulds Espaa S/A-CE), Grcia (Athens: SPEC S/A), Reino Unido
(Hellenic Aspropyrgos Refinery S/A-HAR, Linnhoff March Ltda-LM, Northwich), Eslovquia
(Bratislava: Pulp and Paper Research Institute-PPRI), e Alemanha (TU Hamburg-Harburg-
TUHH). Desta colaborao foram desenvolvidos diversos procedimentos para o planejamento e
estabelecimento de metas, incluindo aspectos como a minimizao do consumo de energia e
gua, custos ambientais e possveis aes regulatrias, impacto econmico de modificaes de
processos, construo de softwares e estudos de casos (Klemes et al, 1997).
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O passo 1, eliminando as reas escuras das GCCs realizado com base que antes da
integrao global da planta, cada processo tambm est bem integrado, buscando a mxima
recuperao de energia interna possvel. Esta medida permite que apenas as partes dos processos
que realmente precisam de utilidade externas, sejam analisadas globalmente com os demais
processos da planta, evitando o aumento excessivo de variveis desnecessrias para a integrao.
J o passo 2, elevando ou abaixando os nveis de temperatura das curvas visam apenas garantir o
Tmin de transferncia de calor. Como na construo de cada GCC as temperaturas j haviam
sido anteriormente elevadas ou abaixadas de acordo com o tipo quente ou frio, para a
determinao das demandas das utilidades, no h neste caso a preocupao grfica de manter a
distncia do Tmin, pois os contatos das curvas de utilidades com os perfis globais obtidos j
consideram este valor.
Figura 2.12- Utilizao dos perfis para determinao das metas para o consumo de
combustvel, carga da turbina, emisses e resfriamentos.
Aps a construo dos perfis (SSSP) possvel estabelecer as metas do consumo de vapor
em vrios nveis de temperatura integrado a um sistema de cogerao. No exemplo da Figura
2.12, as demandas de vapor de mdia presso (MP) para todos os processos so fornecidas pela
turbina atravs de uma extrao intermediria (B), enquanto que para o vapor de baixa presso
(BP), parte gerado pelo prprio processo (D), e o restante fornecido pelo escape da turbina
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(C). Baseado nas demandas de (B) e (C), e sabendo que a turbina deve atender as mesmas,
determina-se atravs de simulaes a gerao primria do vapor da caldeira (A) de alta presso
(AP) e a cogerao (W). O valor de (A) tambm indica a capacidade da caldeira, enquanto o
valor de (E), indica a demanda de utilidade fria para os processos. Atravs da projeo no eixo
horizontal, possvel obter a demanda do combustvel (F), que permite tambm estabelecer a
meta para as emisses de poluentes, quando se conhece o combustvel utilizado.
2.6 Grande Curva Composta Exergtica (GCCE)
As maiores crticas anlise pinch alegam que a mesma aplicvel quando envolve
apenas transferncia de calor, no permitindo a otimizao do sistema em casos envolvendo
tambm a gerao de potncia. Entretanto, a anlise utilizando a grande curva compostaexergtica (GCCE) oferece justamente a possibilidade de se trabalhar com a energia trmica e
mecnica simultaneamente, sendo um avano para a utilizao da anlise pinch.
Embora o mtodo, como explanado anteriormente tenha sido introduzido em 1979,
somente a partir de 1989, a GCCE passou a ser utilizada como ferramenta de anlise (Linnhoff e
Ahmad, 1989), tornando-se ainda mais difundida com a introduo do total site integration. Na
Figura 2.12 foi exemplificado como possvel determinar as metas do sistema de cogerao
atravs de simulaes com a turbina. Entretanto, a GCCE tambm apresentada por Dhole e
Linnhoff (1993) para definio destas metas de cogerao ilustrada na Figura 2.13. Neste
grfico o eixo vertical da temperatura utilizado anteriormente substitudo pelo termo da
eficincia de Carnot(fator de Carnot: 1 T0/T), onde T0 a temperatura ambiente de referncia,
e T so as temperaturas envolvidas nos processos ou turbinas do sistema trmico.
Segundo Kotas (1986), a exergia associada transferncia de calor (ExQ) determinada
pelo mximo trabalho que poderia ser obtido usando o ambiente como um reservatrio de energia
trmica de nvel zero. Assim, para uma taxa de transferncia de calor (Q) em uma determinada
temperatura, a mxima taxa de converso da energia trmica para a realizao de trabalho, seria:
ExQ = Q (1 T0/ T) (2.1)
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Figura 2.13- Carnot x EntalpiaBaseado na equao (2.1), a exergia do calor fornecido a turbina (QH) representada pela
rea 1-2-3-4, enquanto a exergia do calor cedido ao ambiente (QL) pela rea 4-5-6-7. Assim, o
mximo de trabalho que uma mquina trmica pode gerar a diferena entre estas exergias,
limitadas na ilustrao pela rea 1-2-3-7-6-5. J o trabalho real, que a meta da cogerao,
obtido multiplicando esta rea pela eficincia da mquina trmica.
Quando se analisa tambm o processo de produo, os perfis fonte e sumidouro da Figura2.12 so includos no diagrama da Figura 2.13, com o eixo vertical substitudo pelo fator de
Carnot, formando a Figura 2.14. Observa-se que a meta de cogerao pode ser obtida atravs da
sobreposio da curva do vapor de escape sobre a demanda do processo. Nesta ilustrao, o vapor
de mdia presso (MP) e o vapor de baixa presso (BP) so as utilidades fornecidas ao processo.
Para um sistema de cogerao em que todo o vapor utilizado na turbina tambm fornecido ao
processo, pode-se visualizar o potencial de cogerao representado pela rea listrada da figura,
sendo que o valor real obtido multiplicando-se a rea listrada pela eficincia exergtica daturbina.
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Consideremos uma mquina trmica operando segundo o ciclo de Carnot, na qual a
temperatura ambiente de 25o C, o fluxo de massa de 1 kg/s de vapor, e as propriedades
termodinmicas so as da Tabela 2.3. Destes valores, os consumos e produo de calor e potncia
podem ser calculados (Tabela 2.4), resultando no trabalho lquido de 337 kW (Tabela 2.5).
Observa-se na Tabela 2.5, que alm da forma tradicional de determinao do trabalho lquido,
pela diferena do calor fornecido e cedido pela mquina trmica, na ltima linha da tabela o valor
calculado utilizando o fator de Carnot, e refere-se justamente a rea listrada representada na
Figura 2.15, entre o calor fornecido ao ciclo e calor cedido ao ambiente.
Tabela 2.3- Propriedades termodinmicas do fluido
1 2 3 4
Temperatura [oC] 215 215 127 127
Carnot 0,389 0,389 0,2556 0,2556
Entalpia [kJ/kg] 2800 920 2.424 881
Entropia [kJ/kg.oC] 6,323 2,47 6,323 2,47
Tabela 2.4- Consumo e produo do Ciclo de Carnot
QH [kW] QL [kW] Wturbina
[kW]
Wbomba
[kW]1.880 1.543 376 39
Tabela 2.5- Consumo e produo do Ciclo de Carnot
Wlquido [kW]
QH - QL 337
QHH - QLL 337PDFCreate!5
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Figura 2.15: Representao grfica do ciclo Carnot
Quando se analisa apenas o eixo horizontal da Figura 2.15 para (Carnot= 0), verifica-se que
o balano de energia do ciclo est representado no mesmo atravs dos fluxos de calor, o que
permite a obteno do trabalho lquido na mquina trmica. Assim, este grfico torna possvel a
realizao da anlise trmica do ciclo, tanto pela 1a lei da termodinmica, obtida considerando os
aspectos energticos (entalpia), como tambm pela 2a lei da termodinmica, incluindo a
disponibilidade em relao ao meio ambiente (fator de Carnot). Uma vantagem do mesmo em
relao ao simples balano energtico, que desta forma possvel visualizar que o potencial
mximo de gerao se refere apenas a rea do grfico (QHH),e no a todo o calor fornecido ao
ciclo (QH), podendo-se verificar tambm que as irreversibilidades esto associadas no apenas a
quantidade de calor rejeitado pelo ciclo (QL), mas inclui o nvel de temperatura em que isto
ocorre, representado pelo fator de Carnot(L).
2.6.2 Ciclos Reais
Segundo Dhole e Linnhoff (1993), apenas o conhecimento das temperaturas envolvidas nosistema e as ferramentas propostas so suficientes para obter as metas de cogerao, tornando-se
desnecessrias simulaes com a turbina. Entretanto, nos exemplos apresentados pelos autores as
temperaturas de trabalho utilizadas so sempre constantes, diferenciando de um ciclo real de
potncia a vapor, em que a temperatura varia durante o fornecimento de calor (ciclo Rankine).
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Desta forma, na prtica necessrio que as propriedades do ciclo sejam conhecidas para que as
metas sejam estabelecidas.
Utilizando-se os dados das Tabelas 2.6 a 2.8 o grfico do ciclo Rankine pode ser
representado na Figura 2.16-a, com variao da temperatura na gerao do vapor. Entretanto, a
construo da curva pode ser facilitada atravs da temperatura mdia de fornecimento do calor ao
ciclo (THmed), que pode ser calculada com os valores de entropia atravs da equao 2.2, e
utilizada na reconstruo da curva, representada atravs da Figura 2.16-b.
Svc = vc (Q/T)rev (2.2)
THmed = qH/sH = 2.484,9 / (6,75 1,6068) = 483,1 K = 210o C.
Figura 2.16- Representao grfica do ciclo Rankine:
a) temperaturas reais na caldeira b) temperaturas mdiasPDFCreate!5
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Tabela 2.6- Propriedades termodinmicas do fluido do ciclo Rankine
1 A b 2 3 4
Presso [MPa] 2,1 2,1 2,1 2,1 0,25 0,25
Temperatura [oC] 127,56 213,9 213,9 300 127 127
Carnot 0,256 0,388 0,388 0,480 0,2556 0,2556
Entalpia [kJ/kg] 537,1 915,6 2.800 3.022 2.595 535,2
Entropia [kJ/kg.oC] 1,6068 2,461 6,33 6,75 6,75 1,6068
Tabela 2.7- Consumo e produo do ciclo Rankine
QH [kW] QL [kW] Wturbina[kW] Wbomba[kW]
2.484,9 2.059,8 427 1,9
Tabela 2.8- Consumo e produo do ciclo Rankine
Wlquido [kW]
QH - QL 425,1
QHH - QLL 422,9
As reas listradas nos dois grficos da Figura 2.16 so equivalentes, referindo-se ao
potencial de cogerao do sistema. Embora, neste exemplo, o fornecimento de calor ao vapor
(QH), j fosse conhecido atravs do ciclo com fluxo mssico de 1 kg/s, este valor tambm poderia
ser calculado, conhecendo-se apenas o calor rejeitado (QL), as temperaturas envolvidas, e
utilizando a equao 2.3 de definio da escala Kelvin, em que o fluxo de calor proporcional a
temperatura.
QH = QL x TH/TL (2.3)
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2.6.3 Cargas e Demandas Trmicas da Caldeira
A estimativa de fornecimento de calor, ou carga trmica til da gerao de vapor (QH),
torna possvel atravs da equao 2.4, o clculo de demanda total de energia da caldeira (Q T)
quando a eficincia trmica (cald) da mesma conhecida. Este valor permite tambm a
determinao do consumo do combustvel atravs da equao 2.5 e da utilizao do seu poder
calorfico inferior (PCI). Embora estes clculos sejam aproximados, desconsiderando a energia
associada aos fluxos de combustvel e do ar de combusto, os mesmos so satisfatrios para a
maioria das situaes.
cald = QH / QT (2.4)
QT = mcomb PCI (2.5)
Para traar a curva de queima do gs da caldeira, alm da demanda total de energia da
caldeira, delineada no eixo horizontal do grfico, a temperatura adiabtica de chama do gs
(Tadiabtca.) deve ser estimada atravs da equao 2.6 com base na demanda total de energia da
caldeira (QT), temperatura ambiente de referncia (T0), e utilizando um valor mdio do seu calor
especfico (cgs). Como em condies de funcionamento real, h perdas de calor por radiao coma gua, e tambm perdas atravs das paredes, cinza, etc, na prtica a energia disponvel na
fornalha (Qd) menor do que a demanda total de energia da caldeira (QT), diminuindo a
temperatura de chama calculada na equao 2.7. Como o clculo do calor trocado por radiao
bastante complexo, e as perdas pela parede e cinzas tambm so muitas vezes imprecisas, Bazzo
(1992) utiliza ndices associados s mesmas para a correo da energia disponvel na fornalha,
simplificando a obteno dos valores desejados, que ainda so razoveis para as aplicaes que
no exigem muita preciso. Estes ndices so utilizados no trabalho atravs da equao 2.8.
Tadiabtica = T0 + QT / (mgs x cgs) (2.6)
Tadiabtica = T0 + Qd / (mgs x cgs) (2.7)
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Qd = QT prpp (2.8)
Sendo:
pr: ndice de perda de calor por radiao (0,98)
pp: ndice de perdas na parede, cinzas, etc (0,98)
O calor especfico do gs de combusto das equaes 2.5 e 2.6 calculado atravs por meio
da equao 2.9, contendo a somatria do calor especfico (c i) de cada elemento da combusto
multiplicada por sua respectiva frao mssica (xi). Entretanto, como o calor especfico depende
da temperatura de combusto, e esta no conhecida, os clculos no so realizados diretamente,
devendo-se fazer iteraes para a obteno dos mesmos, atravs da admisso de um valor inicial
para o calor especfico.
cgs = (xi ci) (2.9)
As fraes mssicas dos componentes do gs de combusto podem ser determinadas
atravs de clculos estequiomtricos da reao de combusto do combustvel, com seu respectivo
ndice de excesso de ar. J os valores individuais para os calores especficos dos elementos da
combusto podem ser obtidos atravs de tabelas, ou equaes para determinadas faixas de
temperaturas, e so encontradas nas literaturas sobre combusto ou reaes qumicas, devendo-se
tomar os devidos cuidados para que os valores utilizados tenham sempre uma mesma temperatura
de referncia.
2.7 Construo da GCCE
A construo da GCCE pode ser realizada seguindo as explicaes descritas anteriormente,
as quais podem ser resumidas nos seguintes passos:
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1o passo : Construes das CCs e GCC dos processos envolvidos;
2o passo : Construo dos perfis trmicos da planta (SSSP);
3o passo : Determinao das metas de consumo trmico atravs dos perfis;
4o passo : Delineamento das curvas de utilidades quentes e frias na GCCE;
5o passo : Determinao da temperatura mdia de fornecimento do vapor de alta presso;
6o passo : Clculo da carga trmica da caldeira;
7o passo : Delineamento das curvas de utilidades quentes e frias na GCCE;
8o passo : Clculo da demanda de energia do combustvel;
9o passo : Estimativa da temperatura adiabtica de chama dos gases de queima;
10o passo : Delineamento da curva do gs de queima;
11o passo : Determinao das exergias dos fluxos atravs das reas sob cada curva;
12o passo : Clculo do potencial mximo de gerao atravs das diferenas exergticas;
Embora os exemplos citados neste trabalho sejam referentes apenas a ciclos operando com
turbinas a vapor, a GCCE pode ser utilizada tambm em ciclos de turbinas a gs ou combinados.
A vantagem deste tipo de anlise que possvel visualizar em um nico grfico no apenas a
integrao trmica do processo, mas tambm o sistema de potncia, e isto de forma integrada
sendo, portanto, recomendada para avaliao de sistemas de cogerao.
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Captulo 3
Tecnologias de Gerao de Potncia
Como mencionado anteriormente no captulo 1, alm da queima do bagao diretamente em
caldeiras para a gerao de vapor, outra possibilidade que tm sido largamente estudada agaseificao da biomassa para a utilizao em turbinas a gs. Tanto os ciclos a vapor, como os
ciclos de turbinas a gs, ou a mesmo a combinao destes ciclos, possuem diversos arranjos e
tecnologias disponveis. Neste captulo feita uma breve reviso dos mesmos.
3.1 Ciclos de Turbinas a Vapor
Embora as pesquisas de gerao de eletricidade com a utilizao de turbinas a gs baseadas
na gaseificao da biomassa estejam avanando e demonstrem maior potencial, as nicas
tecnologias comerciais utilizadas para a gerao de energia eltrica atravs do bagao da cana,
ainda so baseadas nas turbinas a vapor. Segundo Bowell (1996), as turbinas a vapor podem ser
classificadas da seguinte forma:
Contra-presso: O vapor expandido na turbina sai acima da presso atmosfrica e
utilizado no processo;
Condensao: O vapor sai abaixo da presso atmosfrica e condensa em equipamentos a
vcuo;
Extrao (pass out): Parte do vapor deixa a turbina entre a entrada e a sada, onde um
conjunto de vlvulas regula o fluxo para a seo de exausto, mantendo a extrao na
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presso requerida pelo processo. Pode ser configurada tanto em turbinas de contra-presso
ou de condensao;
Presso mista (pass in): Alm do vapor de alta presso, utiliza vapor de menor presso
entrando na parte baixa da turbina. Usada com caldeiras de dupla presso, ou plantas
combinadas com turbinas a gs ou motores a diesel.
Em usinas de cana de acar, o tipo de turbina universalmente mais utilizado o de contra-
presso, onde o vapor de alta presso se expande e sai com presso entre 0,2 e 0,3 MPa (abs.)
para ser utilizado no processo. Entretanto, mesmo para os ciclos a vapor, este esquema est longe
de apresentar a melhor performance na gerao de potncia excedente, havendo outras
alternativas com maiores potenciais. Bowel (1996) sugere alguns esquemas de cogerao com
turbinas a vapor que visam maximizar a gerao de potncia, apresentando vantagens edesvantagens para os mesmos.
3.1.1 Utilizao de Turbinas de Contra Presso com Condensao Atmosfrica
Neste esquema, a mxima quantidade de vapor pode ser produzida do bagao disponvel,
para utilizao nas turbinas de contra-presso at o nvel de presso requerido pelo processo. O
excedente de vapor descarregado atravs de uma vlvula redutora para o condensador
atmosfrico (Figura 3.1).
Vantagens:
Baixo custo;
Familiaridade dos operadores com os equipamentos;
Aproveita todo o vapor disponvel para a gerao de potncia;
Mesmo se o vapor excedente for insuficiente para o condensador, o sistema ainda vai
funcionar.
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Desvantagem:
Energia entre a presso do processo e a do condensador atmosfrico perdida, e no
convertida em eletricidade.
Figura 3.1- Ciclo com turbinas de contra-presso e utilizao de condensador atmosfrico
3.1.2 Conjunto com Turbinas de Contra Presso e de Condensao
Neste caso, as turbinas de contra-presso fornecem o vapor para o processo, enquanto o
excedente de vapor utilizado em turbinas de condensao. Sistemas eletrnicos garantem o
controle de passagem de vapor com prioridade para o processo (Figura 3.2).
Vantagem:
Aproveita melhor o vapor disponvel para gerao de eletricidade.
Desvantagem:
Alto custo devido ao maior nmero de estgios e tamanho das ps da turbina de
condensao;
Condensadores a vcuo requerem bombas, tubos e torres de resfriamento maiores do que
os condensadores atmosfricos;
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Pouca flexibilidade para colocao ou retirada de operao da turbina de condensao,
devido s perdas de aproximadamente 15% do fluxo durante 30-40 minutos para acionar a
mquina fria (15-20 minutos para mquinas mornas).
Figura 3.2- Ciclo com utilizao de turbinas de contra-presso e condensao
3.1.3 Extrao-Condensao (CEST: Condensing-Extracion Steam Turbine)
Ao invs da combinao de turbinas de contra-presso e condensao, este sistema utiliza
uma nica turbina, na qual pode ocorrer a extrao para o vapor de processo de acordo com a
demanda e o excedente utilizado at a condensao (Figura 3.3-A). Segundo Srivastava (1997),
para a configurao dos turbo-geradores no se deve utilizar a combinao da contra-presso comturbina de condensao, pois o custo maior do que na turbina de extrao-condensao (CEST).
Vantagem:
Aproveita melhor o vapor disponvel para gerao de eletricidade com mais flexibilidade
de operao.PDFCreate!5
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3.1.4 Gerao de Vapor
A utilizao do bagao para gerao de vapor em usinas de acar ocorre desde o sculo
XIX. Primeiramente, apenas para o processo, o vapor substituiu o fogo que era utilizado
diretamente para a concentrao do caldo. Depois, passou a ser utilizado tambm para gerao de
trabalho mecnico em motores a vapor, que foram abandonados posteriormente, sendo
substitudos por turbinas a vapor. Embora haja vrias referncias de pequenas unidades de
gerao eltrica, a queima do bagao com esta finalidade passou a ser significativa apenas no
incio do sculo XX (Kinoshita, 1991).
Os sistemas de gerao de vapor com dupla utilizao, como fonte de calor e para a
produo de potncia, tm sido aprimorados aumentando a capacidade de gerao, os nveis depresso, de temperatura e de eficincia. Em usinas brasileiras, a gerao de vapor ocorre
normalmente entre presses de 1,8 e 2,1 MPa e entre temperaturas de 280 e 310o C, para ser
utilizada nas turbinas de contra-presso. Nesta configurao, embora haja possibilidades de
pequeno excedente de energia para a venda, a produo mdia de potncia praticamente o
mesmo consumo da usina. No caso em que se deseja maximizar a gerao de potncia essencial
que ocorra aumento de presso e temperatura. Alguns valores sugeridos esto na faixa de 3,2
MPa e 360o C, 6,0 MPa e 450o C, 8,0 MPa e 470o C, ou 10,5 MPa e 525o C (Walter, 1994). Para
estes nveis de presso, a gerao de potncia utilizando sistemas CEST pode aumentar para
valores entre 70 e 120 kWh/tc, disponibilizando um excedente de 50-100 kWh/tc para a venda
(Ogden et al, 1990).
Segundo Dixon (1999), a combusto e a gerao de vapor so os processos que requerem
os maiores investimentos em uma usina de acar e, tradicionalmente, o aumento da capacidade
tem sido realizada pela instalao de novas caldeiras que, entretanto, impem um grande e
desproporcional gasto econmico nas usinas. Por esta razo, muitas pesquisas esto dirigidas para
o desenvolvimento dos componentes da caldeira, procurando maximizar a queima do bagao,
melhorar a utilizao do calor radiante no equipamento e aumentar a gerao atravs de novas
tecnologias para os queimadores.
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Em ciclos a vapor, o bagao queimado in natura na caldeira, aps o processo de extrao
do caldo, quando possui em mdia 50% de umidade. Conforme este teor de umidade decresce,
aumenta o poder calorfico do bagao, permitindo maior capacidade na gerao de vapor. Isto
pode ser feito com a utilizao de secadores para o bagao, aproveitando o calor rejeitado pelo
gs da chamin, que se encontra em nveis de temperatura em que isto possvel. Esta medida,
entretanto, deve ser feita observando a relao custo-benefcio, comparando tambm a utilizao
do pr-aquecedor do ar de combusto, economizador para a gua de alimentao, ou sistemas
integrados contendo a utilizao simultnea destes dispositivos da caldeira. De forma geral, a
secagem do bagao traz um maior rendimento energtico do que o pr-aquecimento do ar, mas os
custos so mais elevados. Por esta razo, as analises dos projetos devem ser de forma integrada,
incluindo tanto os aspectos energticos, como os econmicos.
3.2 Ciclos de Potncia com Gaseificao do Bagao e Utilizao de Turbinas a Gs
Conforme mencionado anteriormente, o ciclo de turbina a gs apresenta o maior potencial
de gerao de energia eltrica, e com a utilizao desta tecnologia, as usinas brasileiras tm
condies de produzir entre 2-4 GW, se forem oferecidos incentivos financeiros e ambientais
(Walter e Overend, 1999). Neste caso, ao invs de queimar o bagao diretamente na caldeira para
a gerao de vapor, o bagao gaseificado (combustvel slido oxidado parcialmente para
formar um combustvel gasoso) e queimado em turbinas a gs (BIG-GT: Biomass Integrated
Gasifier/Gas Turbine). Os ciclos podem ser com injeo de vapor (BIG-STIG: Steam Injected
Gas Turbine) ou combinados (BIG-CC: Combined Cycle), e tm sido estudadas a partir do final
dos anos 80 (Ogden et al, 1990, Larson et al, 1990).
3.2.1 Ciclos BIG-CC(Biomass Integrated Gasif ier/Combined Cycle)
Um esquema do ciclo BIG-CC pode ser observado na Figura 3.4. Primeiramente, o bagao
gaseificado utilizando vapor e ar comprimido, passando a seguir para a remoo de partculas,
no controle primrio em um limpador de gases (ciclone), e posteriormente por outro controle
mais refinado, como um filtro de gs, antes de ser queimado em uma cmara de combusto
juntamente com o ar proveniente do compressor. Finalmente, o gs quente resultante da
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Figura 3.5- Ciclo de potncia BIG-STIG (Fonte: adaptado de Ogden et al, 1990)
3.2.3 Dificuldades Tecnolgicas
Os principais problemas mencionados pelos autores para este ciclo so tecnolgicos,
devido a indisponibilidade comercial dos gaseificadores, a dificuldade de alimentao do bagao
no equipamento, e problemas com a limpeza dos gases quentes antes da entrada na cmara de
combusto da turbina. Como o bagao possui muitos resduos alcalinos, esta etapa
indispensvel para a manuteno da cmara de combusto e da turbina a gs. Alm disso, neste
tipo de turbina o consumo de vapor de processo tambm deve estar em nveis bem baixos, como
ser mostrado no captulo posterior.
Para a limpeza dos gases, alm dos ciclones (Figura 3.4 e 3.5) que eliminam os resduos
maiores, na maioria dos ciclos propostos tm sido utilizado filtros cermicos para gases os
quentes. Este recurso ajuda a eliminar resduos menores e podem trabalhar com temperaturas
superiores a 1000o C, como o caso da gaseificao pressurizada (Turn, 1999). Para a eliminao
de agentes alcalinos resultantes da gaseificao da biomassa so utilizados sistemas resfriadores
de gs, que condensam e removem os mesmos antes da entrada nas turbinas. Souza-Santos
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(1999) patenteou um sistema em que os gases gerados nos gaseificadores no so diretamente
utilizados na cmara de combusto, mas fazem um aquecimento indireto do ar atravs de leito
fluidizado (suspenso de alumina na corrente de gs/ar), permitindo que os gases da turbina
tenham uma quantidade muito menor de resduos ou substncias alcalinas. Este sistema,
denominado pelo autor de ABIG/GT (AtmosphericBiomass Integrated Gasifier/Gas Turbine),
trabalha com a gaseificao em presso atmosfrica, diminuindo tambm outra dificuldade para
estes sistemas, que normalmente precisam fazer a alimentao do bagao de forma pressurizada.
No ltimo caso so utilizados dispositivos que operam de forma descontnua, com sistemas de
aberturas e fechamentos na alimentao do bagao, e que auxiliam a vencer os problemas de
gradiente de presso.
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Captulo 4
Tecnologia de Processo
O consumo de vapor de processo na usina um fator de grande influncia na gerao de
potncia, tanto para ciclos a vapor como em ciclos utilizando a tecnologia de gaseificao eturbinas a gs. Para os ciclos a vapor, como o processo normalmente utiliza o vapor na faixa de
presso de 0,25 MPa (abs.), este vapor no pode ser expandido para presses inferiores. Isto
diminui o potencial de gerao em turbinas de condensao ou em CEST, que aproveita melhor a
exergia e produz mais trabalho. Para o caso de ciclos BIG-GT, este um fator determinante para
a viabilidade deste tipo de projeto. Segundo Hobson et al (1999) o consumo mnimo no ciclo
BIG-CC deveria ser de 350 kg/tc, enquanto Ogden (1990) avalia que para o BIG-STIG o
consumo deveria estar situado entre 270 e 300 kg/tc.
Ogden et al (1990) apresenta um grfico com o potencial de gerao de eletricidade em
funo do consumo de vapor de processo (Figura 4.1). Observa-se nesta figura, que tanto para os
ciclos envolvendo tecnologias de turbinas a gs, como para turbinas de extrao-condensao, o
menor consumo de vapor de processo permite uma maior capacidade de gerao de potncia.
Coelho (1992), considera que os investimentos na reduo do consumo de vapor so uma
varivel importante no planejamento da usina, enquanto Bowell (1996), ressalta que essencial a
implementao de medidas de economia de energia, como eliminao de vazamentos de gua,
vapor e condensados e a reduo do consumo de eletricidade ao mnimo. J para Srivastava
(1997), as medidas de conservao de energia no so compulsrias, mas aumentam a viabilidade
das plantas de cogerao, pois aps a determinao do consumo e do investimento em algum tipo
de turbina, esta configurao no poder ser alterada facilmente.
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Figura 4.1- Potencial de produo de eletricidade e vapor em sistema de cogerao com
bagao (Ogden, 1990)
Para uma eficiente integrao do processo de produo, algumas operaes do processo que
so mais significativas em termos de consumo energtico global na planta so apresentadas nas
seesseguintes, descrevendo-se possveis medidas a serem adotadas para a reduo do consumo
de vapor.
4.1 Adio de gua (Embebio) durante a Extrao do Caldo
A extrao do caldo da cana pode ser realizada basicamente de 2 maneiras, atravs das
moendas ou dos difusores. Embora a mais tradicional e utilizada forma seja a moagem, em
determinadas regies a difuso tambm bastante utilizada, como o caso da frica. Alguns
processos alternativos tm sido desenvolvidos, buscando sempre melhores ndices de extrao,
com menores consumos globais para o processo, seja de energia trmica, potncia mecnica ou
de gua.
De forma geral, quanto maior o teor de fibra da cana, maior deve ser o teor de adio da
gua (embebio) durante a extrao do caldo. A maior taxa de embebio permite uma melhor
extrao da sacarose. Na questo de capacidade dos equipamentos e consumo energtico, quanto
maior a quantidade de gua adicionada, necessita-se de uma maior capacidade de tratamento e
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