apostila unicamp - calculos açucar e alcool

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  • 7/28/2019 Apostila Unicamp - calculos aucar e alcool

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASFACULDADE DE ENGENHARIA MECNICACOMISSO DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA MECNICA

    Cogerao e Integrao Trmica em Usinas deAcar e lcool

    Autor: Mrcio HigaOrientador: Antonio Carlos Bannwart

    07/2003PDFCreate!5

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASFACULDADE DE ENGENHARIA MECNICACOMISSO DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA MECNICA

    Cogerao e Integrao Trmica em Usinas deAcar e lcool

    Autor: Mrcio HigaOrientador: Antonio Carlos Bannwart

    Curso: Engenharia Mecnicarea de Concentrao: Trmica e Fluidos

    Tese de doutorado apresentada comisso de Ps Graduao da Faculdade de Engenharia

    Mecnica, como requisito para a obteno do ttulo de Doutor em Engenharia Mecnica.

    Campinas, 2003S.P . Brasil

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    FICHA CATALOGRFICA ELABORADA PELABIBLIOTECA DA REA DE ENGENHARIA - BAE - UNICAMP

    H533cHiga, Mrcio

    Cogerao e integrao trmica em usinas de acar elcool / Mrcio Higa.--Campinas, SP: [s.n.], 2003.

    Orientador: Antonio Carlos Bannwart.Tese (Doutorado) - Universidade Estadual deCampinas, Faculdade de Engenharia Mecnica.

    1. Acar Usinas. 2. Recuperao do calor. 3.Energia eltrica e calor-cogerao. 4. Analise trmica.5. Engenharia trmica. I. Bannwart, Antonio Carlos. II.Universidade Estadual de Campinas. Faculdade deEngenharia Mecnica. III. Ttulo.PDFC

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    Resumo

    HIGA, Mrcio, Cogerao e Integrao Trmica em Usinas de Acar e lcool, Campinas:

    Faculdade de Engenharia Mecnica, Universidade Estadual de Campinas, 2003. 137 p.

    Tese (Doutorado).

    A avaliao do potencial de cogerao em usinas de acar e lcool depende de diversos

    fatores, entre os quais se incluem a demanda trmica no processo de produo, o tipo de

    tecnologia utilizada nas turbinas, o nvel de presso do vapor nas caldeiras, e o auto-consumo de

    potncia. Para maximizar a gerao eltrica excedente para venda ao mercado, ou alcanar

    melhor aproveitamento energtico dentro da planta trmica, necessrio que, alm dos balanos

    de massa e energia do processo (1a lei da termodinmica), se utilize tambm a 2a lei da

    termodinmica, a qual considera as irreversibilidades trmicas existentes e permite que se

    obtenham metas factveis de cogerao. Para este propsito, a anlise Pinch na representaoexergtica oferece uma valiosa ferramenta que fornece resultados de entalpia, temperatura e fator

    de Carnot graficamente, permitindo uma visualizao dos principais pontos de irreversibilidades

    do sistema. Este trabalho faz uma reviso deste mtodo, e segue por um estudo de caso em uma

    usina de acar e lcool, que recentemente aumentou o seu potencial de cogerao. Comparando-

    se algumas alternativas diferentes de cogerao nessa planta, conclui-se que quanto melhor for a

    integrao trmica da mesma, melhores sero as condies para maximizao da gerao de

    potncia excedente. Alm disso, diversas medidas de reduo do consumo de vapor de processo

    da usina so analisadas.

    Palavras Chave

    - Cogerao, Integrao Trmica, Usinas de Acar e lcool, Anlise Pinch.

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    Abstract

    HIGA, Mrcio, Cogeneration and Thermal Integration in Sugar and Alcohol Plants, Campinas:

    Faculdade de Engenharia Mecnica, Universidade Estadual de Campinas, 2003. 137 p.

    Tese (Doutorado).

    The evaluation of the cogeneration potential in sugar and alcohol plants depends on several

    factors, e.g. thermal demand of the production process, turbine technology, steam generator

    pressure, power consumption of the mills. To maximize the net electric power generated for sale

    to the market, or to reach better energy use in the plant, it is necessary, besides mass and energy

    balances of the process (1st law of thermodynamics), also the analysis through the 2nd law of

    thermodynamics, which accounts for the existent thermal irreversibilities, and allows to obtain

    real possibilities of improvements (targets). For this purpose Pinch analysis in exergy

    representation is a valuable tool that provide results for enthalpy, temperature and Carnots factorgraphically, allowing visualization of areas of larger irreversibilities. This work reviews this

    method, further applying it to the study of a sugar-cane based sugar and alcohol plant, which has

    recently improved its cogeneration potential through the installation of a back pressure extraction

    turbine. By comparing different cogeneration alternatives, it is concluded that the better the

    thermal integration is, the better the maximization conditions will be to generate exceeding power

    for sale. Besides these comparisons, other possible alternatives of reduction of steam

    consumption in process are studied.

    Key Words

    - Cogeneration, Thermal Integration, Sugar and Alcohol Industries, Pinch Analysis.

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    Dedicatria

    Dedico este trabalho a minha esposa Tatiana Takahashi Higa, que esteve sempre ao meu

    lado durante toda esta caminhada.

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    Agradecimentos

    Foram muitas as contribuies durante a realizao deste trabalho, as quais presto meusagradecimentos:

    A toda minha famlia por todo incentivo em todos os momentos.

    Ao Prof. Dr. Antonio C. Bannwart que sempre se mostrou solcito em todas asoportunidades.

    Aos engenheiros Alberto Shintaku e Hlcio Lamnica da COPERSUCAR pelos dados,

    informaes e sugestes que muito contriburam para a realizao deste trabalho.

    A todos os colegas e amigos do Departamento de Energia que dividiram as lutas do dia a

    dia.

    Ao Rodrigues e Neusa, funcionrios do Departamento de Energia, que foram sempre

    prontos e dispostos para me auxiliarem.

    A todos os professores e funcionrios da UNICAMP, que ajudaram de forma direta e

    indireta na concluso deste trabalho.

    Ao Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) que viabilizou o desenvolvimento desta tese.PDFCreate!5

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    ndice

    1 Introduo......................................................................................................................................1

    2 Anlise Pinch: uma Reviso.....................................................................................................6

    2.1 Curvas Compostas (CCs) ...................................................................................................7

    2.2 Mtodo Tabular (Cascata Trmica)..................................................................................10

    2.3 Grande Curva Composta (GCC) ......................................................................................14

    2.4 Utilizao das Curvas Compostas....................................................................................15

    2.5 Total Site Integration .......................................................................................................16

    2.6 Grande Curva Composta Exergtica (GCCE)..................................................................19

    2.6.1 Ciclo Carnot ..................................................................................................................21

    2.6.2 Ciclos Reais...................................................................................................................23

    2.6.3 Cargas e Demandas Trmicas da Caldeira....................................................................262.7 Construo da GCCE .......................................................................................................27

    3 Tecnologias de Gerao de Potncia...........................................................................................29

    3.1 Ciclos de Turbinas a Vapor..............................................................................................29

    3.1.1 Utilizao de Turbinas de Contra Presso com Condensao Atmosfrica..................30

    3.1.2 Conjunto com Turbinas de Contra Presso e de Condensao .....................................31

    3.1.3 Extrao-Condensao (CEST: Condensing-Extracion Steam Turbine)......................32

    3.1.4 Gerao de Vapor..........................................................................................................34

    3.2 Ciclos de Potncia com Gaseificao do Bagao e Utilizao de Turbinas a Gs ..........35

    3.2.1 Ciclos BIG-CC(Biomass Integrated Gasifier/Combined Cycle) .................................35

    3.2.2 Ciclos BIG-STIG (Biomass Integrated Gasifier/Steam Injected Gas Turbine)............36

    3.2.3 Dificuldades Tecnolgicas ............................................................................................37

    4 Tecnologia de Processo...............................................................................................................39

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    4.1 Adio de gua (Embebio) durante a Extrao do Caldo............................................40

    4.1.1 Moagem.........................................................................................................................41

    4.1.2 Difusores .......................................................................................................................42

    4.2 Integrao Trmica da Destilao....................................................................................43

    4.3 Evaporao.......................................................................................................................45

    4.3.1 Evaporador em Mltiplos Efeitos (EME) .....................................................................45

    4.3.2 Tecnologias, Temperatura e Presso no EME ..............................................................47

    4.3.3 Integrao do EME........................................................................................................50

    4.3.4 Utilizao do Condensado.............................................................................................52

    5 Aplicao do Mtodo e Algoritmo..............................................................................................53

    5.1 Algoritmo .........................................................................................................................54

    5.2 Critrios de Avaliao de Eficincia de Sistemas de Cogerao.....................................576 Maximizao da Gerao de Potncia: Estudo de Caso .............................................................60

    6.1 Estudo de Caso (Planta Inicial e Projeto 1)......................................................................61

    6.2 Consumo de Processo.......................................................................................................66

    6.3 Aumento no Consumo de Processo (Projeto 2) ...............................................................71

    6.4 Utilidades em Mltiplos Nveis de Temperatura (Projeto 3) ...........................................73

    6.5 Aumento na Capacidade do Turbo-Gerador (Projeto 4) ..................................................80

    6.6 Utilizao de Turbinas de Condensao (Projeto 5) ........................................................85

    6.7 Comparao dos Resultados.............................................................................................89

    7 Reduo do Consumo de Vapor de Processo..............................................................................92

    7.1 Utilizao de Vapor Vegetal (VV) no Processo...............................................................95

    7.2 Nmero de Efeitos do EME ...........................................................................................100

    7.3 Utilizao de Condensados ............................................................................................104

    7.4 Discusso de Resultados ................................................................................................105

    8 Concluses e Sugestes.............................................................................................................109

    8.1 Concluses .....................................................................................................................110

    8.2 Sugestes para Futuros Trabalhos..................................................................................113

    Referncias Bibliogrficas ...........................................................................................................115

    Apndice A Rede de Trocadores de Calor Utilizando a Anlise Pinch ...................................123

    A.1 Configuraes Gerais das Redes Estimadas no Captulo 7...........................................125

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    Apndice B Modelagem do Evaporador de Mltiplos Efeitos ....................................................127

    B.1 Balanos de Massa e Energia ........................................................................................127

    B.2 Equaes........................................................................................................................128

    B.3 rea dos Evaporadores..................................................................................................131

    B.4 Configuraes Gerais do EME Utilizadas no Captulo 7..............................................133

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    Lista de Figuras

    Figura 1.1- Esquema tradicional de gerao e consumo de vapor em usinas ..................................2

    Figura 2.1- Integrao trmica entre duas correntes (quente e fria).................................................7

    Figura 2.2- a) Correntes trmicas individuais; b) Curva composta (correntes combinadas) ...........8

    Figura 2.3- Curvas compostas quente e fria.....................................................................................8

    Figura 2.4- Separao do sistema nas regies sumidouro e fonte.............................................9

    Figura 2.5- Intervalos de temperaturas de correntes quentes e frias ..............................................11

    Figura 2.6- Cascata trmica............................................................................................................12

    Figura 2.7- Cascata trmica com troca de calor impossvel...........................................................13

    Figura 2.8- Cascata trmica com consumo mnimo de energia .....................................................13

    Figura 2.9- a) Curvas compostas quente e fria; b) Grande curva composta ..................................14

    Figura 2.10- Diagrama de cebola (Linnhoff e Dhole, 1993) ......................................................16Figura 2.11- a) GCC - Processo 1; b) GCC - Processo 2; c) Perfis fontes e sumidouros ..............17

    Figura 2.12- Utilizao dos perfis para determinao das metas de cogerao.............................18

    Figura 2.13- Carnot x Entalpia ........................................................................................................20

    Figura 2.14- Carnot para SSSP........................................................................................................21

    Figura 2.15: Representao grfica do ciclo Carnot......................................................................23

    Figura 2.16- Representao grfica do cicloRankine:...................................................................24

    a) temperaturas reais na caldeira b) temperaturas mdias.........................................................24

    Figura 3.1- Ciclo com turbinas de contra-presso e utilizao de condensador atmosfrico ........31

    Figura 3.2- Ciclo com utilizao de turbinas de contra-presso e condensao............................32

    Figura 3.3- Ciclo com utilizao de turbinas de extrao-condensao (CEST)...........................33

    Figura 3.4- Ciclo de potncia BIG-CC...........................................................................................36

    Figura 3.5- Ciclo de potncia BIG-STIG.......................................................................................37

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    Figura 7.5- Curvas compostas da planta disponibilizando V.V. do 2o efeito ................................98

    Figura 7.6- Curvas compostas da planta disponibilizando V.V. do 3o efeito ................................99

    Figura 7.7- Curvas compostas da planta com EME utilizando apenas 1 efeito...........................101

    Figura 7.8- Curvas compostas da planta com EME utilizando 2 efeitos .....................................102

    Figura 7.9- Curvas compostas da planta com EME utilizando 3 efeitos .....................................102

    Figura 7.10- Curvas compostas da planta com EME utilizando 5efeitos ....................................103

    Figura B.1- Representao de um efeito do evaporador mltiplos efeitos ..................................128

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    Lista de Tabelas

    Tabela 2.1- Correntes trmicas de um processo.............................................................................10

    Tabela 2.2- Carga trmica dos intervalos de temperaturas ............................................................12

    Tabela 2.3- Propriedades termodinmicas do fluido......................................................................22

    Tabela 2.4- Consumo e produo do Ciclo de Carnot...................................................................22Tabela 2.5- Consumo e produo do Ciclo de Carnot...................................................................22

    Tabela 2.6- Propriedades termodinmicas do fluido do cicloRankine ..........................................25

    Tabela 2.7- Consumo e produo do ciclo Rankine.......................................................................25

    Tabela 2.8- Consumo e produo do ciclo Rankine.......................................................................25

    Tabela 5.1- Coeficientes de ponderao do trabalho e calor para sistemas de cogerao .............58

    Tabela 5.2- Frao mssica dos elementos qumicos do bagao ...................................................59

    Tabela 6.1- Moagem da usina ........................................................................................................61

    Tabela 6.2- Caldeiras......................................................................................................................62

    Tabela 6.3- Turbinas ......................................................................................................................62

    Tabela 6.4- Exergias dos sistemas de cogerao............................................................................63

    Tabela 6.5- Dados energtico e exergtico do bagao...................................................................63

    Tabela 6.6- Consumo de energia e vapor de processo ...................................................................66

    Tabela 6.7- Propriedades do vapor de processo.............................................................................67

    Tabela 6.8- Fornecimento do vapor de processo............................................................................67

    Tabela 6.9- Aquecimento e resfriamento do caldo ........................................................................67

    Tabela 6.10- Cozimento .................................................................................................................67

    Tabela 6.11- Destilao..................................................................................................................68

    Tabela 6.12- Resultados gerais do evaporador de mltiplos efeitos da planta inicial ...................68

    Tabela 6.13- Dados do evaporador de mltiplos efeitos da planta inicial .....................................68

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    Tabela 6.14- rea do evaporador para planta inicial .....................................................................69

    Tabela 6.15- Temperaturas dos trocadores de calor na planta inicial ............................................71

    Tabela 6.16- Estimativa das reas dos trocadores de calor na planta inicial .................................71

    Tabela 6.17- Resumo das operaes consumindo vapor das turbinas ...........................................71

    Tabela 6.18- Consumo de energia e vapor de processo do projeto 2.............................................72

    Tabela 6.19- Resultados gerais do EME do projeto 3....................................................................77

    Tabela 6.20- Dados do EME do projeto 3......................................................................................77

    Tabela 6.21- Estimativa da rea do evaporador necessria para o projeto 3 .................................77

    Tabela 6.22- Consumo e disponibilidade de energia trmica de processo no projeto 3 ................78

    Tabela 6.23: Propriedades termodinmicas do vapor da caldeira..................................................80

    Tabela 6.24- Resultados gerais do EME do projeto 4....................................................................81

    Tabela 6.25- Dados do EME do projeto 4......................................................................................82Tabela 6.26- Estimativa da rea do evaporador necessria para o projeto 4 .................................82

    Tabela 6.27- Consumo e disponibilidade de energia trmica de processo no projeto 4 ................83

    Tabela 6.28.- Temperaturas dos trocadores de calor no projeto 4 .................................................83

    Tabela 6.29.- Estimativa das reas dos trocadores de calor no projeto 4.......................................84

    Tabela 6.30- Resultados gerais do EME do projeto 5....................................................................85

    Tabela 6.31- Dados do EME do projeto 5......................................................................................86

    Tabela 6.32 Estimativa da rea do evaporador necessria para o projeto 5...................................86

    Tabela 6.33- Consumo e disponibilidade de energia trmica de processo no projeto 5 ................87

    Tabela 6.34.- Temperaturas dos trocadores de calor no projeto 5 .................................................87

    Tabela 6.35.- Estimativa das reas dos trocadores de calor no projeto 5.......................................87

    Tabela 6.36- Exergias dos sistemas de cogerao..........................................................................89

    Tabela 6.37- ndices entre exergias dos projetos ...........................................................................90

    Tabela 6.38- Resultados comparativos de produo e consumo....................................................90

    Tabela 6.39- Resultados comparativos de eficincias trmicas no sistema de cogerao .............91

    Tabela 7.1- Resumo do consumo de aquecimento e resfriamento do caldo ..................................93

    Tabela 7.2- Consumo do cozimento, destilao e evaporao.......................................................93

    Tabela 7.3- Consumo de energia e vapor de processo ...................................................................93

    Tabela 7.4- Consumo do EME (Mxima extrao de VV no 1o Efeito)........................................97

    Tabela 7.5- Dados do EME (Mxima extrao de VV no 1o Efeito).............................................97

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    Tabela 7.6- Estimativa da rea do EME (Mxima extrao de VV no 1o Efeito) .........................97

    Tabela 7.7- Temperaturas dos trocadores de calor (Mxima extrao de VV no 1o Efeito) .........97

    Tabela 7.8- reas dos trocadores de calor (Mxima extrao de VV no 1 o Efeito) ......................98

    Tabela 7.9- Fornecimento de calor para o cozimento e destilao (Mxima extrao 1 o Efeito)..98

    Tabela 7.10- Dados de consumo do EME e do processo com as sangrias de vapor vegetal .......100

    Tabela 7.11- Dados de consumo do EME e do processo com o nmero de efeitos do EME......104

    Tabela 7.12- Dados de consumo do EME e do processo com utilizao dos condensados.........105

    Tabela 7.13- Exergias dos sistemas de cogerao........................................................................106

    Tabela 7.14- Resultados comparativos de produo e consumo..................................................106

    Tabela 7.15- Resultados comparativos de eficincias trmicas no sistema de cogerao ...........107

    Tabela A.1- Temperaturas dos trocadores de calor na planta (Extrao de VV at 2o Efeito)...125

    Tabela A.2- Estimativa das reas dos trocadores de calor (Extrao de VV at 2 o Efeito).........125Tabela A.3- Fornecimento de calor para o cozimento e destilao(Extrao at 2o Efeito).......126

    Tabela A.4- Temperaturas dos trocadores de calor com sangria de VV at o 3 o efeito...............126

    Tabela A.5- Estimativa das reas dos trocadores de calor com sangria de VV at o 3 o efeito....126

    Tabela A.6- Fornecimento de calor para o cozimento e destilao(Extrao at 3o Efeito).......126

    Tabela B.1- Resultados gerais do EME(Mxima extrao de VV no 2o Efeito) ........................133

    Tabela B.2- Dados do EME (Mxima extrao de VV no 2o Efeito) ..........................................133

    Tabela B.3- Estimativa da rea do evaporador necessria(Extrao de VV no 2o Efeito)..........134

    Tabela B.4- Resultados gerais do EME(Extrao de VV no 3o Efeito).....................................134

    Tabela B.5- Dados do EME(Mxima extrao de VV no 3o Efeito) ..........................................134

    Tabela B.6- Estimativa da rea do evaporador necessria(Extrao de VV no 3o Efeito).........134

    Tabela B7- Resultados gerais do EME (1 Efeito)........................................................................135

    Tabela B.8- Dados do EME (1 Efeito).........................................................................................135

    Tabela B.9- Estimativa da rea do evaporador necessria (1 Efeito)...........................................135

    Tabela B.10- Resultados gerais do EME (2 Efeitos) ...................................................................135

    Tabela B.11- Dados do EME (2 Efeitos) .....................................................................................135

    Tabela B.12- Estimativa da rea do evaporador necessria (2 Efeitos).......................................136

    Tabela B.13- Resultados gerais do EME (3 Efeitos) ..................................................................136

    Tabela B.14- Dados do EME (3 Efeitos) .....................................................................................136

    Tabela B.15- Estimativa da rea do evaporador necessria (3 Efeitos).......................................136

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    Tabela B.16- Resultados gerais do EME (5 Efeitos) ...................................................................136

    Tabela B.17- Dados do EME (5 Efeitos) .....................................................................................137

    Tabela B.18- Estimativa da rea do evaporador necessria (5 Efeitos).......................................137

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    Nomenclatura

    Letras Latinas

    E Energia [kJ]ex Exergia [kJ]ExQ Exergia associada a transferncia de calor [kJ]h Entalpia [kJ/kg]Iexced.M ndice de energia excedente pela quantidade de cana moda [kWh/tc]Iexced.B ndice de energia excedente em funo do bagao utilizado [kWh/tb]QH Calor fornecido por um reservatrio quente [kJ]QL Calor cedido para um reservatrio frio [kJ]Qp Calor fornecido ao processo [kJ]Wc Trabalho consumido por um compressor [kW]Wt Trabalho produzido por uma turbina [kW]Wliq Trabalho lquido produzido por uma mquina trmica [kW]T Temperaturas [oC]RP/Q Razo potncia/calor para um sistema de cogeraoS Entropia [kJ/kg.oC]

    Letras Gregas

    Eficincia;I.MT Eficincia energtica para uma mquina trmica;I.CG Eficincia na utilizao do combustvel para um sistema de cogerao;P.CG Eficincia energtica ponderada para um sistema de cogerao;II.MT Eficincia da segunda lei para uma mquina trmica;exCG Eficincia exergtica para um sistema de cogerao; Variao de propriedades;

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    xix

    Subscritos

    0 Referncia ao meio ambiente;H Fluidos quentes;

    L Fluidos frios;VC Volume de controle;

    Siglas

    ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica;BIG-GT Biomass Integrated Gasifier/Gas Turbine;CC Curva composta;CEST Condensing-Extraction Steam Turbine;

    EME Evaporador de mltiplos efeitos;GCC Grande curva composta;GCCE Grande curva composta exergtica;HENS Heat Exchanger Networks Synthesis;MT Mquina trmica;PCI Poder calorfico inferior;PURPA Public Utility Regulatory Policy Act;SSSP Site Source-Sink Profiles;tb Tonelada de bagao utilizado;tc Tonelada de cana moda;tsi Total site integration;

    UMIST University of Manchester Institute of Science & Technology;VE Vapor de escape;VV Vapor vegetal;

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    1

    Captulo 1

    Introduo

    A falta de investimentos no setor eltrico durante a dcada de 90, juntamente com outros

    fatores, tais como a ausncia de um adequado planejamento energtico, o aumento da demandano consumo decorrente do crescimento econmico, e problemas de seca, resultou no ano de 2001

    na maior crise de energia eltrica do Brasil dos ltimos anos. Alm do racionamento em si,

    aqueles fatores confirmaram a necessidade de construo de novas usinas hidreltricas e

    termeltricas, bem como apontaram para o aumento da produo de energia eltrica atravs da

    cogerao.

    No contexto desta ltima, o setor sucro-alcooleiro demonstra um grande potencial de

    gerao de energia eltrica, havendo uma tendncia mundial para a utilizao da cogerao nesse

    setor, devido a atrativos econmicos e ambientais. Pelo lado econmico, alm do aproveitamento

    do bagao resultante da prpria produo como combustvel, a atratividade decorre do fato dos

    produtos principais, acar e lcool, requerem energia trmica e permitirem um rateio dos custos

    de produo com a eletricidade. Na questo ambiental, embora no Brasil quase a totalidade da

    energia eltrica seja gerada com recursos hdricos, sem a emisso de gases poluentes, a cana-de-

    acar uma fonte estvel e renovvel de energia. Para a gerao eltrica em usinas trmicas, o

    bagao pode produzir eletricidade com impacto ambiental muito menor quando comparado a

    outros combustveis, em especial ao carvo mineral e leo combustvel (Lora et al, 2000).

    O esquema mais tradicional de funcionamento de uma usina de acar e lcool pode ser

    observado na Figura 1.1. A matria-prima principal a cana, que aps ser moda, fornece o caldo

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    para a gerao de vapor, o bagao gaseificado para utilizao em turbinas a gs (BIG-GT:

    Biomass Integrated Gasifier/Gas Turbine). Nestes dois tipos de ciclos, a vapor e a gs, so

    possveis vrios arranjos do conjunto gerao-processo,visando aumentar a oferta de gerao de

    energia eltrica, podendo-se inclusive a combinar os dois ciclos (Combined Cycle).

    No caso da cogerao, a maximizao da gerao eltrica excedente depende do consumo

    de vapor de processo, pois essencial em qualquer forma de gerao de potncia o atendimento

    da demanda trmica no processamento do caldo para a produo de acar/lcool. Uma vez que o

    vapor de escape da turbina normalmente utilizado para o processo, a melhor integrao trmica

    entre ambos tambm pode diferir conforme os nveis de temperatura e presso das utilidades

    (vapor) a serem disponibilizadas, de acordo com a tecnologia de gerao de potncia escolhida.

    Estabelece-se assim, uma relao de interdependncia entre a gerao de potncia e a integraotrmica, tornando o problema mais complexo pelo fato dos processos de produo de acar e

    lcool tambm possurem alternativas internas de integrao, com possibilidades de utilizao do

    vapor de escape em diferentes operaes.

    Devido importncia do assunto, diversos trabalhos a respeito tm sido realizados com

    diferentes enfoques. Alguns estudos so mais especficos nas opes de tecnologias de

    cogerao, no potencial das mesmas, e em suas viabilidades econmicas (Coelho,1992;

    Walter,1994), enquanto outros se preocupam com a ferramenta ou mtodo de otimizao, como a

    programao dinmica, anlise exergtica e termoeconmica (Barreda del Campo, 1997 e 1999;

    Fernandez e Nebra, 2002; Paracuellos, 1987; Paz e Cardenas, 1997), e anlise pinch

    (Christodoulou, 1992; Higa, 1999). As reas de estudo das usinas tambm so diferentes, j que

    para alguns trabalhos o processo de produo o ponto principal a ser analisado (Higa, 1999;

    Fernandez e Nebra, 2002), enquanto para outros a nfase est na gerao de potncia (Prieto et al,

    2001).

    Todas as metodologias acima mencionadas oferecem concluses teis na avaliao de uma

    planta de produo de acar e lcool, no sendo objetivo deste trabalho compar-las. O que se

    pretende realizar aqui uma investigao sistemtica de como a integrao trmica de uma usina

    pode propiciar a otimizao de um sistema de cogerao, isto a maximizao da gerao

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    eltrica excedente. Para este fim, a anlise pinch foi selecionada como ferramenta de anlise,

    sendo utilizada na avaliao de uma planta base com vistas incluso de melhorias, propostas a

    partir dos diagramas de curvas compostas energtica e exergticas da planta. Esta ferramenta tem

    apresentado excelentes resultados em estudos deste tipo, mostrando-se eficaz inclusive em

    problemas bastante complexos, como o caso de uma planta de refino de petrleo (Rossi e

    Bannwart, 1995).

    A proposta deste trabalho a realizao de avaliaes energticas em uma planta de

    produo de acar e lcool, incluindo tanto a integrao trmica do processo quanto a gerao

    de potncia. As primeiras aplicaes da anlise pinch no setor de acar ocorreram a partir de

    1984/85 em indstrias europias, via redimensionamentos de projetos visando reduo de

    consumo de energia na produo de acar derivado da beterraba (Twaite, Davenport eMacDonald, 1986; Carter e Thompson, 1990; Christodoulou, 1992 e 1996). O mtodo tem sido

    utilizado tambm na frica para anlise de processos de produo de acar de cana (Singh,

    Riley e Seillier, 1997). Tanto em um caso quanto no outro, utiliza-se a anlise pinch para

    avaliao apenas da integrao trmica do processo. Este trabalho pretende contribuir com a

    incluso, no somente do processo de consumo trmico, como tambm da gerao de potncia,

    analisando a planta completa. Alm disso, o caso especfico brasileiro de produo simultnea de

    acar e lcool traz repercursses significativas e interessantes nas recuperaes energticas.

    Diversas simulaes e anlises trmicas so realizadas, visando otimizar a produo de

    energia eltrica excedente, e procurando a melhor forma de integrao trmica do processo de

    produo da usina. Os resultados, considerando diferentes opes de tecnologias de gerao de

    potncia e de formas de integrao trmica, so apresentados e discutidos, demonstrando que

    melhores ndices de eficincia trmica e de produo de energia eltrica excedente podem ser

    obtidos. O trabalho est estruturado da seguinte forma: no captulo 2 faz-se uma breve reviso da

    anlise pinch; no captulo 3 so descritas as principais tecnologias de gerao de potncia e

    sistemas de cogerao passveis de utilizao no setor sucro alcooleiro; no captulo 4 descreve-se

    o processo de produo de acar e lcool; no captulo 5 descreve-se a aplicao da metodologia

    proposta, incluindo diferentes formas de avaliao energtica ao caso em estudo e apresenta-se o

    correspondente algoritmo; no captulo 6 apresenta-se os resultados das anlises trmicas de

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    diferentes projetos para o sistema completo de cogerao; no captulo 7 aborda-se a reduo do

    consumo de vapor de processo visando a melhor integrao trmica da planta; e finalmente no

    captulo 8 apresenta-se as principais concluses do estudo, com sugestes para trabalhos futuros.

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    Captulo 2

    Anlise Pinch : uma Reviso

    A anlise ou tecnologia pinch, ou ainda mtodo do pinch-point como tambm

    conhecido, foi introduzida por Linnhoff et al. (1979) com o objetivo de se obter a melhorintegrao trmica de um processo. Inicialmente os estudos buscavam apenas um timo

    energtico (consumo mnimo de utilidades), envolvendo posteriormente as redues das reas de

    transferncia de calor e do nmero de equipamentos utilizados, visando o custo timo global de

    toda a rede.

    Atravs de combinaes de correntes quentes e frias de uma planta trmica, este mtodo

    tem sido utilizado com muito sucesso, permitindo identificar as melhores opes de projeto em

    redes de trocadores de calor (HENS: Heat Exchanger Networks Synthesis). Segundo Smith

    (2000), desde o desenvolvimento do mtodo houve milhares de aplicaes nas mais variadas

    indstrias, como petrolferas, petroqumicas, qumicas, siderrgicas, alimentcias, de bebidas, de

    suco e de papel. Somente no ano de 2000 havia mais de 500 projetos que utilizavam a anlise

    pinch, sendo que em 1997 havia tambm um consrcio apoiando novos desenvolvimentos no

    mtodo coordenado pela UMIST (University of Manchester Institute of Science & Technology)

    e formado por 16 empresas multinacionais, entre as quais se incluam a ELF-France, Mobil-UK,

    Kellogg-USA, etc (Ebrahim e Kawari, 2000).

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    2.1 Curvas Compostas (CCs)

    A integrao trmica entre duas correntes, quente e fria, de um processo qualquer pode ser

    realizada por meio da construo de um diagrama temperatura-entalpia (Figura 2.1). A mxima

    recuperao de calor possvel determinada atravs da sobreposio da corrente quente na

    corrente fria, na qual uma diferena mnima de temperatura (Tmin), escolhida pelo projetista de

    acordo com o custo de capital, limita a aproximao entre as mesmas.

    Figura 2.1- Integrao trmica entre duas correntes (quente e fria)

    Por conter apenas duas correntes, esta integrao relativamente simples se comparada

    com processos mais complexos possuindo um nmero maior de correntes trmicas. Neste ltimo

    caso, a anlise pinch pode ser utilizada na orientao da integrao trmica, por meio de

    combinaes das correntes quentes e frias da planta. Estas combinaes, conhecidas como curvas

    compostas (CCs), so obtidas atravs das somatrias das capacidades trmicas de todas as

    correntes quentes e frias do processo. A Figura 2.2a contm curvas individuais de duas correntes

    quentes no diagrama temperatura-entalpia, com suas respectivas cargas e capacidades trmicas.

    Somando as capacidades trmicas das correntes presentes em cada nvel de temperatura, a CC

    resultante descrita na Figura 2.2b, observando-se que as quebras existentes na mesma sempre

    correspondem a pontos de incio ou trmino de uma corrente.

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    Figura 2.2- a) Correntes trmicas individuais; b) Curva composta (correntes combinadas)

    Para um processo contendo tanto correntes quentes, como correntes frias, as CCs do mesmo

    podem ser representadas na Figura 2.3. De forma similar integrao trmica entre apenas duas

    correntes, o valor da mxima recuperao de calor do processo global obtido do intervalo

    sobreposto entre as CCs, sendo tambm possvel determinar as metas dos consumos mnimos de

    utilidades quente (QHmin) e fria (QCmin) necessrios ao processo, que so indicados pelos extremos

    das curvas.

    Figura 2.3- Curvas compostas quente e fria

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    Neste caso, a sobreposio entre as curvas compostas tambm limitada por uma diferena

    mnima de temperatura (Tmin) imposta pelo projeto de acordo com o custo de capital, sendo uma

    restrio para que os fluidos envolvidos possam trocar calor entre si. No Tmin est localizado o

    menor ponto de aproximao entre as curvas, conhecido como pinch-point. Em termos de

    aplicao, o pinch-point separa o sistema em duas regies, ilustradas na Figura 2.4. Acima do

    pinch, a regio denominada sumidouro, pois precisa receber calor adicional para atender a

    demanda, e por esta razo, as correntes quentes devem fornecer todo calor possvel para as

    correntes frias e no devem ser resfriadas por utilidades externas, e abaixo do pinch, a regio

    denominada fonte de calor, pois dispe de mais energia do que necessita, e por este motivo as

    correntes frias devem receber calor apenas das correntes quentes, sem receber calor de utilidades

    externas. importante observar que no deve haver troca de calor entre estas regies atravs do

    pinch, pois qualquer transferncia de calor entre as mesmas implica em aumento, tanto da

    necessidade de utilidade quente como da utilidade fria.

    Figura 2.4- Separao do sistema nas regies sumidouro e fonte

    Baseadas nas explicaes anteriores, as regras bsicas do mtodo com a finalidade de

    garantir a maior recuperao de calor so: 1- as utilidades quentes devem ser utilizadas apenas na

    regio acima do pinch; 2- as utilidades frias devem ser utilizadas apenas na regio abaixo do

    pinch; 3- no deve haver troca de calor entre as regies atravs do pinch. Para o projeto da

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    rede de trocadores de calor, o mtodo tambm possui algumas regras que auxiliam a alcanar as

    metas estabelecidas e esto descritas no Apndice A.

    2.2 Mtodo Tabular (Cascata Trmica)

    As curvas compostas so ferramentas para se fazer avaliaes trmicas de forma grfica.

    Entretanto, a anlise pinch tambm pode ser realizada por meio de definies de intervalos de

    temperaturas, nos quais as correntes quentes e frias envolvidas no processo podem trocar calor

    entre si. A composio destes intervalos denominada de cascata trmica, sendo a mesma uma

    outra ferramenta para se fazer a anlise pinch de forma alternativa, tambm conhecida como

    mtodo tabular (Bannwart, 1995).

    Tabela 2.1- Correntes trmicas de um processo

    CorrenteTrmica

    TipoTinferior[o C]

    Tsuperior[o C]

    CapacidadeTrmica[kW/o C]

    CargaTrmica

    [kW]1 Fria 20 135 2,0 2302 Quente 60 170 3,0 3303 Fria 80 140 4,0 2404 Quente 30 150 1,5 1805 Quente 170 170 - 1006 Fria 135 135 - 110

    Suponha um processo com as correntes trmicas da Tabela 2.1. Desejando-se fazer uma

    integrao trmica do mesmo so definidos os intervalos de temperaturas, nos quais uma corrente

    quente pode fornecer calor para uma corrente fria. Para respeitar uma restrio de diferena de

    temperatura (Tmin) igual a 10o C, as temperaturas dos intervalos (i) so determinadas somando-

    se um valor de Tmin/2 (5o C) para as temperaturas as correntes frias, e subtraindo-se Tmin/2 para

    as temperaturas das correntes quentes, conforme a relao abaixo:

    i = Tj + Tmin

    sendo:

    i: intervalo de troca de calor;

    i: temperatura do intervalo i;

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    j: corrente trmica do processo;

    Tj: temperaturas extremas da corrente j;

    Com a determinao das temperaturas, estas so dispostas em um diagrama (Figura 2.5) em

    ordem decrescente, criando-se os intervalos nos quais as correntes trmicas do processo so

    posicionadas em seus respectivos nveis, as correntes quentes com Tmin/2 abaixo da temperatura

    original, e as correntes frias com Tmin/2 acima da temperatura original. Para garantir o

    cumprimento da 2a lei da termodinmica, uma corrente quente pode fornecer calor apenas dos

    intervalos que esto no mesmo nvel ou acima dos intervalos da corrente fria a serem aquecidos,

    garantindo o Tmin definido pelo projetista da rede de trocadores.

    170Intervalo

    165o170

    170 1

    165o

    140 150

    2145o

    135 3

    140o135

    135 4

    140o5

    85o

    80 Corrente Fria 655o

    60Corrente quente 7

    25o20 30

    Figura 2.5- Intervalos de temperaturas de correntes quentes e frias

    Aps a criao do diagrama, as cargas trmicas so calculadas atravs da somatria das

    capacidades trmicas das correntes presentes em cada intervalo. A Tabela 2.2 contm estesvalores, considerando positivo, o sinal das correntes frias, e negativo, o sinal das correntes

    quentes. Com os valores numricos da tabela, acrescidos da utilidade quente (QH) e fria (QL), o

    diagrama da Figura 2.5 pode ser configurado em intervalos que dispem (negativo) ou

    necessitam (positivo) de energia, criando-se a cascata trmica da Figura 2.6.

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    Tabela 2.2- Carga trmica dos intervalos de temperaturas

    Intervalo(i)

    i - i-1CPC CPH

    [kW/o C]Hi

    [kW]1 0 - 3,0 - 1002 20 - 3,0 - 60

    3 5 - 0,5 - 2,54 0 1,5 1105 55 1,5 82,56 30 - 2,5 - 75,07 30 0,5 15

    sendo:Hi = (CPC CPH) (i - i-1) + qi, a carga trmica do intervalo;

    Hi < 0, significa liberao de energia, e Hi > 0 consumo de energia;

    CPC: Capacidade trmica de uma corrente fria presente no intervalo i;

    CPH: Capacidade trmica de uma corrente quente presente no intervalo i;

    qi: Carga trmica de correntes com temperatura constante, presente no intervalo i.

    Utilidade Quente1 = 165

    oC QH

    H1 = - 1002 = 165

    oC

    H2 = - 603 = 145

    oC

    H3 = - 2,54 = 140

    oC

    H4 = 110

    5 = 140oC

    H5 = 82,5

    6 = 85oC

    H6 = -75

    7 = 55oC

    H7 = 15

    8 = 25o

    C QCUtilidade Fria

    Figura 2.6- Cascata trmica

    Para a integrao trmica do processo, sabendo que a transferncia de calor entre as

    correntes deve ocorrer apenas das temperaturas mais elevadas para as mais baixas, e supondo que

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    o calor fornecido pela utilidade quente seja nulo (QH = 0), o fluxo de calor poderia ser

    representado atravs da Figura 2.7.

    Utilidade Quente

    1 = 165o

    C QH = 0H1 = - 100

    2 = 165oC 100

    H2 = - 603 = 145

    oC 160

    H3 = - 2,54 = 140

    oC 162,5

    H4 = 1105 = 140

    oC 52,5

    H5 = 82,56 = 85

    oC -30

    H6 = -75

    troca de calor

    impossvel7 = 55

    oC 45

    H7 = 158 = 25

    oC QC = 30

    Utilidade Fria

    Figura 2.7- Cascata trmica com troca de calor impossvel

    Utilidade Quente

    1 = 165

    o

    CQ

    H= 30

    H1 = - 1002 = 165

    oC 130

    H2 = - 603 = 145

    oC 190

    H3 = - 2,54 = 140

    oC 192,5

    H4 = 1105 = 140

    oC 82,5

    H5 = 82,56 = 85

    oC 0

    H6 = -75

    pinch-point

    7 = 55oC 75

    H7 = 158 = 25

    oC QC = 60

    Utilidade Fria

    Figura 2.8- Cascata trmica com consumo mnimo de energia

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    Entretanto, observa-se que a troca de calor 30 kW impossvel, sendo este valor o mnimo

    de energia que deve ser fornecido pela utilidade quente. A Figura 2.8 representa a cascata trmica

    com o fornecimento mnimo de calor, indicando tambm o pinch-pointno nvel = 85o C, o que

    significa 90o C de temperatura nas correntes frias e 80o C nas correntes quentes.

    2.3 Grande Curva Composta (GCC)

    A alternativa grfica utilizada no mtodo representando a cascata trmica a grande curva

    composta (GCC). Esta ferramenta ilustrada na Figura 2.9 combina as curvas compostas quente e

    fria em uma nica, sendo realizada tambm atravs da somatria da capacidade trmica das

    mesmas em cada nvel de temperatura. Assim como na cascata trmica, para a construo da

    GCC, as correntes trmicas do processo so deslocadas no eixo vertical do grfico, considerandoas temperaturas das correntes quentes com Tmin/2 abaixo do valor original e com o sinal

    negativo, e as correntes frias temperaturas com Tmin/2 acima dos valores originais e com sinal

    positivo. Deslocando a GCC atravs do ponto mnimo da somatria obtida para o valor zero do

    eixo horizontal da entalpia, a temperatura deste ponto coincide com o pinch-point.

    Figura 2.9- a) Curvas compostas quente e fria; b) Grande curva composta

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    Atravs da GCC possvel observar melhor que nos nveis de temperatura acima do

    pinch, o processo necessita apenas de utilidade quente, enquanto abaixo do pinch a demanda

    por utilidade fria. Alm disso, as reas escuras da ilustrao indicam as regies em que o

    processo pode suprir a prpria demanda. Em caso de mais de uma utilidade (utilidades em

    mltiplos nveis de temperatura), torna-se possvel a escolha de uma delas com base no nvel de

    temperatura mais prximo da demanda, minimizando as irreversibilidades de transferncia de

    calor. Neste caso, h tambm o benefcio de que algum trabalho possa ser obtido, como seria o

    exemplo da turbina a vapor, capaz de gerar potncia, utilizando a degradao do vapor de alta

    presso para o vapor de baixa presso (Singh, Riley e Seiller, 1997).

    2.4 Utilizao das Curvas Compostas

    Tanto as CCs como a GCC podem ser vistos como balanos energticos em funo da

    temperatura. Neste caso, os termos do calor fornecido e recebido pelo processo atravs das

    utilidades quentes e frias servem para satisfazer a primeira lei da termodinmica. J em relao

    segunda lei da termodinmica, como dito anteriormente, a aproximao entre as curvas serve para

    minimizar as irreversibilidades, melhorando o rendimento segundo este conceito.

    A Figura 2.10 ilustra a viso global de uma planta industrial, representando

    hierarquicamente o projeto do processo, atravs do diagrama de cebola. Normalmente

    assumido que se necessita da definio completa do processo interno antes que se possa

    projetar a rede de recuperao de calor (HEN), e que necessria aHEN, antes da determinao

    do sistema de utilidades. Tanto as CCs fria e quente, quanto a GCC so baseadas no processo

    interno da fbrica, e ambas so utilizadas para a iterao da HENe do sistema de utilidades com

    o processo interno. As CCs pemitem que o projetista possa prever antecipadamente qual a

    recuperao de calor possvel, enquanto a GCC permite que o projetista saiba de antemo quais

    utilidades sero necessrias. Desta forma, a GCC efetivamente fornece uma ponte entre o

    projeto do processo e o sistema de utilidades, tornando possvel, por exemplo, avaliar de forma

    rpida e confivel qual o efeito que mudanas internas de um processo trariam ao sistema de

    utilidades (Linnhoff e Dhole, 1993).

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    Figura 2.10- Diagrama de cebola (Linnhoff e Dhole, 1993)

    2.5 Total Site Integration

    A anlise pinch como demonstrada anteriormente trabalha com um nico processo. J o

    total site integration introduzido por Dhole e Linnhoff em 1992 amplia esta possibilidade,

    permitindo que vrios processos servidos e ligados por um nico sistema central de utilidades

    sejam analisados, obtendo-se metas de consumo para combustvel, produo na cogerao, de

    emisso de poluentes e de resfriamentos, antes mesmo da existncia do projeto. Estas metas

    permitem orientar os projetistas nos mais variados casos, tanto de construo de novas unidades,como em ampliaes, reformulaes e modificaes na indstria (Dhole e Linnhoff, 1992).

    O desenvolvimento desta ferramenta tm sido realizado na Universidade de Manchester

    (UMIST), tendo a participao de outros institutos de pesquisas e indstrias de vrios pases

    como a Frana (Ecole des Mines-ARMINES), Espanha (Universitat Politecnica de Catalunya-

    UPC, Barcelona: Courtaulds Espaa S/A-CE), Grcia (Athens: SPEC S/A), Reino Unido

    (Hellenic Aspropyrgos Refinery S/A-HAR, Linnhoff March Ltda-LM, Northwich), Eslovquia

    (Bratislava: Pulp and Paper Research Institute-PPRI), e Alemanha (TU Hamburg-Harburg-

    TUHH). Desta colaborao foram desenvolvidos diversos procedimentos para o planejamento e

    estabelecimento de metas, incluindo aspectos como a minimizao do consumo de energia e

    gua, custos ambientais e possveis aes regulatrias, impacto econmico de modificaes de

    processos, construo de softwares e estudos de casos (Klemes et al, 1997).

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    O passo 1, eliminando as reas escuras das GCCs realizado com base que antes da

    integrao global da planta, cada processo tambm est bem integrado, buscando a mxima

    recuperao de energia interna possvel. Esta medida permite que apenas as partes dos processos

    que realmente precisam de utilidade externas, sejam analisadas globalmente com os demais

    processos da planta, evitando o aumento excessivo de variveis desnecessrias para a integrao.

    J o passo 2, elevando ou abaixando os nveis de temperatura das curvas visam apenas garantir o

    Tmin de transferncia de calor. Como na construo de cada GCC as temperaturas j haviam

    sido anteriormente elevadas ou abaixadas de acordo com o tipo quente ou frio, para a

    determinao das demandas das utilidades, no h neste caso a preocupao grfica de manter a

    distncia do Tmin, pois os contatos das curvas de utilidades com os perfis globais obtidos j

    consideram este valor.

    Figura 2.12- Utilizao dos perfis para determinao das metas para o consumo de

    combustvel, carga da turbina, emisses e resfriamentos.

    Aps a construo dos perfis (SSSP) possvel estabelecer as metas do consumo de vapor

    em vrios nveis de temperatura integrado a um sistema de cogerao. No exemplo da Figura

    2.12, as demandas de vapor de mdia presso (MP) para todos os processos so fornecidas pela

    turbina atravs de uma extrao intermediria (B), enquanto que para o vapor de baixa presso

    (BP), parte gerado pelo prprio processo (D), e o restante fornecido pelo escape da turbina

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    (C). Baseado nas demandas de (B) e (C), e sabendo que a turbina deve atender as mesmas,

    determina-se atravs de simulaes a gerao primria do vapor da caldeira (A) de alta presso

    (AP) e a cogerao (W). O valor de (A) tambm indica a capacidade da caldeira, enquanto o

    valor de (E), indica a demanda de utilidade fria para os processos. Atravs da projeo no eixo

    horizontal, possvel obter a demanda do combustvel (F), que permite tambm estabelecer a

    meta para as emisses de poluentes, quando se conhece o combustvel utilizado.

    2.6 Grande Curva Composta Exergtica (GCCE)

    As maiores crticas anlise pinch alegam que a mesma aplicvel quando envolve

    apenas transferncia de calor, no permitindo a otimizao do sistema em casos envolvendo

    tambm a gerao de potncia. Entretanto, a anlise utilizando a grande curva compostaexergtica (GCCE) oferece justamente a possibilidade de se trabalhar com a energia trmica e

    mecnica simultaneamente, sendo um avano para a utilizao da anlise pinch.

    Embora o mtodo, como explanado anteriormente tenha sido introduzido em 1979,

    somente a partir de 1989, a GCCE passou a ser utilizada como ferramenta de anlise (Linnhoff e

    Ahmad, 1989), tornando-se ainda mais difundida com a introduo do total site integration. Na

    Figura 2.12 foi exemplificado como possvel determinar as metas do sistema de cogerao

    atravs de simulaes com a turbina. Entretanto, a GCCE tambm apresentada por Dhole e

    Linnhoff (1993) para definio destas metas de cogerao ilustrada na Figura 2.13. Neste

    grfico o eixo vertical da temperatura utilizado anteriormente substitudo pelo termo da

    eficincia de Carnot(fator de Carnot: 1 T0/T), onde T0 a temperatura ambiente de referncia,

    e T so as temperaturas envolvidas nos processos ou turbinas do sistema trmico.

    Segundo Kotas (1986), a exergia associada transferncia de calor (ExQ) determinada

    pelo mximo trabalho que poderia ser obtido usando o ambiente como um reservatrio de energia

    trmica de nvel zero. Assim, para uma taxa de transferncia de calor (Q) em uma determinada

    temperatura, a mxima taxa de converso da energia trmica para a realizao de trabalho, seria:

    ExQ = Q (1 T0/ T) (2.1)

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    Figura 2.13- Carnot x EntalpiaBaseado na equao (2.1), a exergia do calor fornecido a turbina (QH) representada pela

    rea 1-2-3-4, enquanto a exergia do calor cedido ao ambiente (QL) pela rea 4-5-6-7. Assim, o

    mximo de trabalho que uma mquina trmica pode gerar a diferena entre estas exergias,

    limitadas na ilustrao pela rea 1-2-3-7-6-5. J o trabalho real, que a meta da cogerao,

    obtido multiplicando esta rea pela eficincia da mquina trmica.

    Quando se analisa tambm o processo de produo, os perfis fonte e sumidouro da Figura2.12 so includos no diagrama da Figura 2.13, com o eixo vertical substitudo pelo fator de

    Carnot, formando a Figura 2.14. Observa-se que a meta de cogerao pode ser obtida atravs da

    sobreposio da curva do vapor de escape sobre a demanda do processo. Nesta ilustrao, o vapor

    de mdia presso (MP) e o vapor de baixa presso (BP) so as utilidades fornecidas ao processo.

    Para um sistema de cogerao em que todo o vapor utilizado na turbina tambm fornecido ao

    processo, pode-se visualizar o potencial de cogerao representado pela rea listrada da figura,

    sendo que o valor real obtido multiplicando-se a rea listrada pela eficincia exergtica daturbina.

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    Consideremos uma mquina trmica operando segundo o ciclo de Carnot, na qual a

    temperatura ambiente de 25o C, o fluxo de massa de 1 kg/s de vapor, e as propriedades

    termodinmicas so as da Tabela 2.3. Destes valores, os consumos e produo de calor e potncia

    podem ser calculados (Tabela 2.4), resultando no trabalho lquido de 337 kW (Tabela 2.5).

    Observa-se na Tabela 2.5, que alm da forma tradicional de determinao do trabalho lquido,

    pela diferena do calor fornecido e cedido pela mquina trmica, na ltima linha da tabela o valor

    calculado utilizando o fator de Carnot, e refere-se justamente a rea listrada representada na

    Figura 2.15, entre o calor fornecido ao ciclo e calor cedido ao ambiente.

    Tabela 2.3- Propriedades termodinmicas do fluido

    1 2 3 4

    Temperatura [oC] 215 215 127 127

    Carnot 0,389 0,389 0,2556 0,2556

    Entalpia [kJ/kg] 2800 920 2.424 881

    Entropia [kJ/kg.oC] 6,323 2,47 6,323 2,47

    Tabela 2.4- Consumo e produo do Ciclo de Carnot

    QH [kW] QL [kW] Wturbina

    [kW]

    Wbomba

    [kW]1.880 1.543 376 39

    Tabela 2.5- Consumo e produo do Ciclo de Carnot

    Wlquido [kW]

    QH - QL 337

    QHH - QLL 337PDFCreate!5

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    Figura 2.15: Representao grfica do ciclo Carnot

    Quando se analisa apenas o eixo horizontal da Figura 2.15 para (Carnot= 0), verifica-se que

    o balano de energia do ciclo est representado no mesmo atravs dos fluxos de calor, o que

    permite a obteno do trabalho lquido na mquina trmica. Assim, este grfico torna possvel a

    realizao da anlise trmica do ciclo, tanto pela 1a lei da termodinmica, obtida considerando os

    aspectos energticos (entalpia), como tambm pela 2a lei da termodinmica, incluindo a

    disponibilidade em relao ao meio ambiente (fator de Carnot). Uma vantagem do mesmo em

    relao ao simples balano energtico, que desta forma possvel visualizar que o potencial

    mximo de gerao se refere apenas a rea do grfico (QHH),e no a todo o calor fornecido ao

    ciclo (QH), podendo-se verificar tambm que as irreversibilidades esto associadas no apenas a

    quantidade de calor rejeitado pelo ciclo (QL), mas inclui o nvel de temperatura em que isto

    ocorre, representado pelo fator de Carnot(L).

    2.6.2 Ciclos Reais

    Segundo Dhole e Linnhoff (1993), apenas o conhecimento das temperaturas envolvidas nosistema e as ferramentas propostas so suficientes para obter as metas de cogerao, tornando-se

    desnecessrias simulaes com a turbina. Entretanto, nos exemplos apresentados pelos autores as

    temperaturas de trabalho utilizadas so sempre constantes, diferenciando de um ciclo real de

    potncia a vapor, em que a temperatura varia durante o fornecimento de calor (ciclo Rankine).

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    Desta forma, na prtica necessrio que as propriedades do ciclo sejam conhecidas para que as

    metas sejam estabelecidas.

    Utilizando-se os dados das Tabelas 2.6 a 2.8 o grfico do ciclo Rankine pode ser

    representado na Figura 2.16-a, com variao da temperatura na gerao do vapor. Entretanto, a

    construo da curva pode ser facilitada atravs da temperatura mdia de fornecimento do calor ao

    ciclo (THmed), que pode ser calculada com os valores de entropia atravs da equao 2.2, e

    utilizada na reconstruo da curva, representada atravs da Figura 2.16-b.

    Svc = vc (Q/T)rev (2.2)

    THmed = qH/sH = 2.484,9 / (6,75 1,6068) = 483,1 K = 210o C.

    Figura 2.16- Representao grfica do ciclo Rankine:

    a) temperaturas reais na caldeira b) temperaturas mdiasPDFCreate!5

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    Tabela 2.6- Propriedades termodinmicas do fluido do ciclo Rankine

    1 A b 2 3 4

    Presso [MPa] 2,1 2,1 2,1 2,1 0,25 0,25

    Temperatura [oC] 127,56 213,9 213,9 300 127 127

    Carnot 0,256 0,388 0,388 0,480 0,2556 0,2556

    Entalpia [kJ/kg] 537,1 915,6 2.800 3.022 2.595 535,2

    Entropia [kJ/kg.oC] 1,6068 2,461 6,33 6,75 6,75 1,6068

    Tabela 2.7- Consumo e produo do ciclo Rankine

    QH [kW] QL [kW] Wturbina[kW] Wbomba[kW]

    2.484,9 2.059,8 427 1,9

    Tabela 2.8- Consumo e produo do ciclo Rankine

    Wlquido [kW]

    QH - QL 425,1

    QHH - QLL 422,9

    As reas listradas nos dois grficos da Figura 2.16 so equivalentes, referindo-se ao

    potencial de cogerao do sistema. Embora, neste exemplo, o fornecimento de calor ao vapor

    (QH), j fosse conhecido atravs do ciclo com fluxo mssico de 1 kg/s, este valor tambm poderia

    ser calculado, conhecendo-se apenas o calor rejeitado (QL), as temperaturas envolvidas, e

    utilizando a equao 2.3 de definio da escala Kelvin, em que o fluxo de calor proporcional a

    temperatura.

    QH = QL x TH/TL (2.3)

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    2.6.3 Cargas e Demandas Trmicas da Caldeira

    A estimativa de fornecimento de calor, ou carga trmica til da gerao de vapor (QH),

    torna possvel atravs da equao 2.4, o clculo de demanda total de energia da caldeira (Q T)

    quando a eficincia trmica (cald) da mesma conhecida. Este valor permite tambm a

    determinao do consumo do combustvel atravs da equao 2.5 e da utilizao do seu poder

    calorfico inferior (PCI). Embora estes clculos sejam aproximados, desconsiderando a energia

    associada aos fluxos de combustvel e do ar de combusto, os mesmos so satisfatrios para a

    maioria das situaes.

    cald = QH / QT (2.4)

    QT = mcomb PCI (2.5)

    Para traar a curva de queima do gs da caldeira, alm da demanda total de energia da

    caldeira, delineada no eixo horizontal do grfico, a temperatura adiabtica de chama do gs

    (Tadiabtca.) deve ser estimada atravs da equao 2.6 com base na demanda total de energia da

    caldeira (QT), temperatura ambiente de referncia (T0), e utilizando um valor mdio do seu calor

    especfico (cgs). Como em condies de funcionamento real, h perdas de calor por radiao coma gua, e tambm perdas atravs das paredes, cinza, etc, na prtica a energia disponvel na

    fornalha (Qd) menor do que a demanda total de energia da caldeira (QT), diminuindo a

    temperatura de chama calculada na equao 2.7. Como o clculo do calor trocado por radiao

    bastante complexo, e as perdas pela parede e cinzas tambm so muitas vezes imprecisas, Bazzo

    (1992) utiliza ndices associados s mesmas para a correo da energia disponvel na fornalha,

    simplificando a obteno dos valores desejados, que ainda so razoveis para as aplicaes que

    no exigem muita preciso. Estes ndices so utilizados no trabalho atravs da equao 2.8.

    Tadiabtica = T0 + QT / (mgs x cgs) (2.6)

    Tadiabtica = T0 + Qd / (mgs x cgs) (2.7)

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    Qd = QT prpp (2.8)

    Sendo:

    pr: ndice de perda de calor por radiao (0,98)

    pp: ndice de perdas na parede, cinzas, etc (0,98)

    O calor especfico do gs de combusto das equaes 2.5 e 2.6 calculado atravs por meio

    da equao 2.9, contendo a somatria do calor especfico (c i) de cada elemento da combusto

    multiplicada por sua respectiva frao mssica (xi). Entretanto, como o calor especfico depende

    da temperatura de combusto, e esta no conhecida, os clculos no so realizados diretamente,

    devendo-se fazer iteraes para a obteno dos mesmos, atravs da admisso de um valor inicial

    para o calor especfico.

    cgs = (xi ci) (2.9)

    As fraes mssicas dos componentes do gs de combusto podem ser determinadas

    atravs de clculos estequiomtricos da reao de combusto do combustvel, com seu respectivo

    ndice de excesso de ar. J os valores individuais para os calores especficos dos elementos da

    combusto podem ser obtidos atravs de tabelas, ou equaes para determinadas faixas de

    temperaturas, e so encontradas nas literaturas sobre combusto ou reaes qumicas, devendo-se

    tomar os devidos cuidados para que os valores utilizados tenham sempre uma mesma temperatura

    de referncia.

    2.7 Construo da GCCE

    A construo da GCCE pode ser realizada seguindo as explicaes descritas anteriormente,

    as quais podem ser resumidas nos seguintes passos:

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    1o passo : Construes das CCs e GCC dos processos envolvidos;

    2o passo : Construo dos perfis trmicos da planta (SSSP);

    3o passo : Determinao das metas de consumo trmico atravs dos perfis;

    4o passo : Delineamento das curvas de utilidades quentes e frias na GCCE;

    5o passo : Determinao da temperatura mdia de fornecimento do vapor de alta presso;

    6o passo : Clculo da carga trmica da caldeira;

    7o passo : Delineamento das curvas de utilidades quentes e frias na GCCE;

    8o passo : Clculo da demanda de energia do combustvel;

    9o passo : Estimativa da temperatura adiabtica de chama dos gases de queima;

    10o passo : Delineamento da curva do gs de queima;

    11o passo : Determinao das exergias dos fluxos atravs das reas sob cada curva;

    12o passo : Clculo do potencial mximo de gerao atravs das diferenas exergticas;

    Embora os exemplos citados neste trabalho sejam referentes apenas a ciclos operando com

    turbinas a vapor, a GCCE pode ser utilizada tambm em ciclos de turbinas a gs ou combinados.

    A vantagem deste tipo de anlise que possvel visualizar em um nico grfico no apenas a

    integrao trmica do processo, mas tambm o sistema de potncia, e isto de forma integrada

    sendo, portanto, recomendada para avaliao de sistemas de cogerao.

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    Captulo 3

    Tecnologias de Gerao de Potncia

    Como mencionado anteriormente no captulo 1, alm da queima do bagao diretamente em

    caldeiras para a gerao de vapor, outra possibilidade que tm sido largamente estudada agaseificao da biomassa para a utilizao em turbinas a gs. Tanto os ciclos a vapor, como os

    ciclos de turbinas a gs, ou a mesmo a combinao destes ciclos, possuem diversos arranjos e

    tecnologias disponveis. Neste captulo feita uma breve reviso dos mesmos.

    3.1 Ciclos de Turbinas a Vapor

    Embora as pesquisas de gerao de eletricidade com a utilizao de turbinas a gs baseadas

    na gaseificao da biomassa estejam avanando e demonstrem maior potencial, as nicas

    tecnologias comerciais utilizadas para a gerao de energia eltrica atravs do bagao da cana,

    ainda so baseadas nas turbinas a vapor. Segundo Bowell (1996), as turbinas a vapor podem ser

    classificadas da seguinte forma:

    Contra-presso: O vapor expandido na turbina sai acima da presso atmosfrica e

    utilizado no processo;

    Condensao: O vapor sai abaixo da presso atmosfrica e condensa em equipamentos a

    vcuo;

    Extrao (pass out): Parte do vapor deixa a turbina entre a entrada e a sada, onde um

    conjunto de vlvulas regula o fluxo para a seo de exausto, mantendo a extrao na

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    presso requerida pelo processo. Pode ser configurada tanto em turbinas de contra-presso

    ou de condensao;

    Presso mista (pass in): Alm do vapor de alta presso, utiliza vapor de menor presso

    entrando na parte baixa da turbina. Usada com caldeiras de dupla presso, ou plantas

    combinadas com turbinas a gs ou motores a diesel.

    Em usinas de cana de acar, o tipo de turbina universalmente mais utilizado o de contra-

    presso, onde o vapor de alta presso se expande e sai com presso entre 0,2 e 0,3 MPa (abs.)

    para ser utilizado no processo. Entretanto, mesmo para os ciclos a vapor, este esquema est longe

    de apresentar a melhor performance na gerao de potncia excedente, havendo outras

    alternativas com maiores potenciais. Bowel (1996) sugere alguns esquemas de cogerao com

    turbinas a vapor que visam maximizar a gerao de potncia, apresentando vantagens edesvantagens para os mesmos.

    3.1.1 Utilizao de Turbinas de Contra Presso com Condensao Atmosfrica

    Neste esquema, a mxima quantidade de vapor pode ser produzida do bagao disponvel,

    para utilizao nas turbinas de contra-presso at o nvel de presso requerido pelo processo. O

    excedente de vapor descarregado atravs de uma vlvula redutora para o condensador

    atmosfrico (Figura 3.1).

    Vantagens:

    Baixo custo;

    Familiaridade dos operadores com os equipamentos;

    Aproveita todo o vapor disponvel para a gerao de potncia;

    Mesmo se o vapor excedente for insuficiente para o condensador, o sistema ainda vai

    funcionar.

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    Desvantagem:

    Energia entre a presso do processo e a do condensador atmosfrico perdida, e no

    convertida em eletricidade.

    Figura 3.1- Ciclo com turbinas de contra-presso e utilizao de condensador atmosfrico

    3.1.2 Conjunto com Turbinas de Contra Presso e de Condensao

    Neste caso, as turbinas de contra-presso fornecem o vapor para o processo, enquanto o

    excedente de vapor utilizado em turbinas de condensao. Sistemas eletrnicos garantem o

    controle de passagem de vapor com prioridade para o processo (Figura 3.2).

    Vantagem:

    Aproveita melhor o vapor disponvel para gerao de eletricidade.

    Desvantagem:

    Alto custo devido ao maior nmero de estgios e tamanho das ps da turbina de

    condensao;

    Condensadores a vcuo requerem bombas, tubos e torres de resfriamento maiores do que

    os condensadores atmosfricos;

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    Pouca flexibilidade para colocao ou retirada de operao da turbina de condensao,

    devido s perdas de aproximadamente 15% do fluxo durante 30-40 minutos para acionar a

    mquina fria (15-20 minutos para mquinas mornas).

    Figura 3.2- Ciclo com utilizao de turbinas de contra-presso e condensao

    3.1.3 Extrao-Condensao (CEST: Condensing-Extracion Steam Turbine)

    Ao invs da combinao de turbinas de contra-presso e condensao, este sistema utiliza

    uma nica turbina, na qual pode ocorrer a extrao para o vapor de processo de acordo com a

    demanda e o excedente utilizado at a condensao (Figura 3.3-A). Segundo Srivastava (1997),

    para a configurao dos turbo-geradores no se deve utilizar a combinao da contra-presso comturbina de condensao, pois o custo maior do que na turbina de extrao-condensao (CEST).

    Vantagem:

    Aproveita melhor o vapor disponvel para gerao de eletricidade com mais flexibilidade

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    3.1.4 Gerao de Vapor

    A utilizao do bagao para gerao de vapor em usinas de acar ocorre desde o sculo

    XIX. Primeiramente, apenas para o processo, o vapor substituiu o fogo que era utilizado

    diretamente para a concentrao do caldo. Depois, passou a ser utilizado tambm para gerao de

    trabalho mecnico em motores a vapor, que foram abandonados posteriormente, sendo

    substitudos por turbinas a vapor. Embora haja vrias referncias de pequenas unidades de

    gerao eltrica, a queima do bagao com esta finalidade passou a ser significativa apenas no

    incio do sculo XX (Kinoshita, 1991).

    Os sistemas de gerao de vapor com dupla utilizao, como fonte de calor e para a

    produo de potncia, tm sido aprimorados aumentando a capacidade de gerao, os nveis depresso, de temperatura e de eficincia. Em usinas brasileiras, a gerao de vapor ocorre

    normalmente entre presses de 1,8 e 2,1 MPa e entre temperaturas de 280 e 310o C, para ser

    utilizada nas turbinas de contra-presso. Nesta configurao, embora haja possibilidades de

    pequeno excedente de energia para a venda, a produo mdia de potncia praticamente o

    mesmo consumo da usina. No caso em que se deseja maximizar a gerao de potncia essencial

    que ocorra aumento de presso e temperatura. Alguns valores sugeridos esto na faixa de 3,2

    MPa e 360o C, 6,0 MPa e 450o C, 8,0 MPa e 470o C, ou 10,5 MPa e 525o C (Walter, 1994). Para

    estes nveis de presso, a gerao de potncia utilizando sistemas CEST pode aumentar para

    valores entre 70 e 120 kWh/tc, disponibilizando um excedente de 50-100 kWh/tc para a venda

    (Ogden et al, 1990).

    Segundo Dixon (1999), a combusto e a gerao de vapor so os processos que requerem

    os maiores investimentos em uma usina de acar e, tradicionalmente, o aumento da capacidade

    tem sido realizada pela instalao de novas caldeiras que, entretanto, impem um grande e

    desproporcional gasto econmico nas usinas. Por esta razo, muitas pesquisas esto dirigidas para

    o desenvolvimento dos componentes da caldeira, procurando maximizar a queima do bagao,

    melhorar a utilizao do calor radiante no equipamento e aumentar a gerao atravs de novas

    tecnologias para os queimadores.

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    Em ciclos a vapor, o bagao queimado in natura na caldeira, aps o processo de extrao

    do caldo, quando possui em mdia 50% de umidade. Conforme este teor de umidade decresce,

    aumenta o poder calorfico do bagao, permitindo maior capacidade na gerao de vapor. Isto

    pode ser feito com a utilizao de secadores para o bagao, aproveitando o calor rejeitado pelo

    gs da chamin, que se encontra em nveis de temperatura em que isto possvel. Esta medida,

    entretanto, deve ser feita observando a relao custo-benefcio, comparando tambm a utilizao

    do pr-aquecedor do ar de combusto, economizador para a gua de alimentao, ou sistemas

    integrados contendo a utilizao simultnea destes dispositivos da caldeira. De forma geral, a

    secagem do bagao traz um maior rendimento energtico do que o pr-aquecimento do ar, mas os

    custos so mais elevados. Por esta razo, as analises dos projetos devem ser de forma integrada,

    incluindo tanto os aspectos energticos, como os econmicos.

    3.2 Ciclos de Potncia com Gaseificao do Bagao e Utilizao de Turbinas a Gs

    Conforme mencionado anteriormente, o ciclo de turbina a gs apresenta o maior potencial

    de gerao de energia eltrica, e com a utilizao desta tecnologia, as usinas brasileiras tm

    condies de produzir entre 2-4 GW, se forem oferecidos incentivos financeiros e ambientais

    (Walter e Overend, 1999). Neste caso, ao invs de queimar o bagao diretamente na caldeira para

    a gerao de vapor, o bagao gaseificado (combustvel slido oxidado parcialmente para

    formar um combustvel gasoso) e queimado em turbinas a gs (BIG-GT: Biomass Integrated

    Gasifier/Gas Turbine). Os ciclos podem ser com injeo de vapor (BIG-STIG: Steam Injected

    Gas Turbine) ou combinados (BIG-CC: Combined Cycle), e tm sido estudadas a partir do final

    dos anos 80 (Ogden et al, 1990, Larson et al, 1990).

    3.2.1 Ciclos BIG-CC(Biomass Integrated Gasif ier/Combined Cycle)

    Um esquema do ciclo BIG-CC pode ser observado na Figura 3.4. Primeiramente, o bagao

    gaseificado utilizando vapor e ar comprimido, passando a seguir para a remoo de partculas,

    no controle primrio em um limpador de gases (ciclone), e posteriormente por outro controle

    mais refinado, como um filtro de gs, antes de ser queimado em uma cmara de combusto

    juntamente com o ar proveniente do compressor. Finalmente, o gs quente resultante da

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    Figura 3.5- Ciclo de potncia BIG-STIG (Fonte: adaptado de Ogden et al, 1990)

    3.2.3 Dificuldades Tecnolgicas

    Os principais problemas mencionados pelos autores para este ciclo so tecnolgicos,

    devido a indisponibilidade comercial dos gaseificadores, a dificuldade de alimentao do bagao

    no equipamento, e problemas com a limpeza dos gases quentes antes da entrada na cmara de

    combusto da turbina. Como o bagao possui muitos resduos alcalinos, esta etapa

    indispensvel para a manuteno da cmara de combusto e da turbina a gs. Alm disso, neste

    tipo de turbina o consumo de vapor de processo tambm deve estar em nveis bem baixos, como

    ser mostrado no captulo posterior.

    Para a limpeza dos gases, alm dos ciclones (Figura 3.4 e 3.5) que eliminam os resduos

    maiores, na maioria dos ciclos propostos tm sido utilizado filtros cermicos para gases os

    quentes. Este recurso ajuda a eliminar resduos menores e podem trabalhar com temperaturas

    superiores a 1000o C, como o caso da gaseificao pressurizada (Turn, 1999). Para a eliminao

    de agentes alcalinos resultantes da gaseificao da biomassa so utilizados sistemas resfriadores

    de gs, que condensam e removem os mesmos antes da entrada nas turbinas. Souza-Santos

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    (1999) patenteou um sistema em que os gases gerados nos gaseificadores no so diretamente

    utilizados na cmara de combusto, mas fazem um aquecimento indireto do ar atravs de leito

    fluidizado (suspenso de alumina na corrente de gs/ar), permitindo que os gases da turbina

    tenham uma quantidade muito menor de resduos ou substncias alcalinas. Este sistema,

    denominado pelo autor de ABIG/GT (AtmosphericBiomass Integrated Gasifier/Gas Turbine),

    trabalha com a gaseificao em presso atmosfrica, diminuindo tambm outra dificuldade para

    estes sistemas, que normalmente precisam fazer a alimentao do bagao de forma pressurizada.

    No ltimo caso so utilizados dispositivos que operam de forma descontnua, com sistemas de

    aberturas e fechamentos na alimentao do bagao, e que auxiliam a vencer os problemas de

    gradiente de presso.

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    Captulo 4

    Tecnologia de Processo

    O consumo de vapor de processo na usina um fator de grande influncia na gerao de

    potncia, tanto para ciclos a vapor como em ciclos utilizando a tecnologia de gaseificao eturbinas a gs. Para os ciclos a vapor, como o processo normalmente utiliza o vapor na faixa de

    presso de 0,25 MPa (abs.), este vapor no pode ser expandido para presses inferiores. Isto

    diminui o potencial de gerao em turbinas de condensao ou em CEST, que aproveita melhor a

    exergia e produz mais trabalho. Para o caso de ciclos BIG-GT, este um fator determinante para

    a viabilidade deste tipo de projeto. Segundo Hobson et al (1999) o consumo mnimo no ciclo

    BIG-CC deveria ser de 350 kg/tc, enquanto Ogden (1990) avalia que para o BIG-STIG o

    consumo deveria estar situado entre 270 e 300 kg/tc.

    Ogden et al (1990) apresenta um grfico com o potencial de gerao de eletricidade em

    funo do consumo de vapor de processo (Figura 4.1). Observa-se nesta figura, que tanto para os

    ciclos envolvendo tecnologias de turbinas a gs, como para turbinas de extrao-condensao, o

    menor consumo de vapor de processo permite uma maior capacidade de gerao de potncia.

    Coelho (1992), considera que os investimentos na reduo do consumo de vapor so uma

    varivel importante no planejamento da usina, enquanto Bowell (1996), ressalta que essencial a

    implementao de medidas de economia de energia, como eliminao de vazamentos de gua,

    vapor e condensados e a reduo do consumo de eletricidade ao mnimo. J para Srivastava

    (1997), as medidas de conservao de energia no so compulsrias, mas aumentam a viabilidade

    das plantas de cogerao, pois aps a determinao do consumo e do investimento em algum tipo

    de turbina, esta configurao no poder ser alterada facilmente.

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    Figura 4.1- Potencial de produo de eletricidade e vapor em sistema de cogerao com

    bagao (Ogden, 1990)

    Para uma eficiente integrao do processo de produo, algumas operaes do processo que

    so mais significativas em termos de consumo energtico global na planta so apresentadas nas

    seesseguintes, descrevendo-se possveis medidas a serem adotadas para a reduo do consumo

    de vapor.

    4.1 Adio de gua (Embebio) durante a Extrao do Caldo

    A extrao do caldo da cana pode ser realizada basicamente de 2 maneiras, atravs das

    moendas ou dos difusores. Embora a mais tradicional e utilizada forma seja a moagem, em

    determinadas regies a difuso tambm bastante utilizada, como o caso da frica. Alguns

    processos alternativos tm sido desenvolvidos, buscando sempre melhores ndices de extrao,

    com menores consumos globais para o processo, seja de energia trmica, potncia mecnica ou

    de gua.

    De forma geral, quanto maior o teor de fibra da cana, maior deve ser o teor de adio da

    gua (embebio) durante a extrao do caldo. A maior taxa de embebio permite uma melhor

    extrao da sacarose. Na questo de capacidade dos equipamentos e consumo energtico, quanto

    maior a quantidade de gua adicionada, necessita-se de uma maior capacidade de tratamento e

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