behaviorismo radical e análise do comportamento oliver zancul prado
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Behaviorismo Radical e Análise
do ComportamentoOliver Zancul Prado
• Psicologia Comportamental: baseada na análise do comportamento, que é norteada na filosofia do behaviorismo radical.• Aplicação da ciência nos assuntos humanos
(comportamento) para resolver os principais desafios da cultura.• Características da ciência: progresso cumulativo,
aceitar fatos, busca de relações ordenadas, manipulação de variáveis, formulação de modelos teóricos para previsão e controle do objeto de estudo.
Ciência e Behaviorismo Radical
• Tese principal: é possível uma ciência do comportamento• Ciência é determinista (relações ordenadas)• Posição entra em conflito com algumas noções
de livre arbítrio.o Comportamento pode ocorrer independente
de eventos passados• Adota postura pragmática em ciência:• Não existem duas naturezas (interna e externa),
apenas uma• Verdade relacionada a valor prático• Não afirma nem refuta a metafísica
Behaviorismo Radical
• Habitações humanas: as verdades científicas ajudam a manter de pé ou explicam porque caiu.• Explicação culturalmente aceita • Comportamento: crenças religiosas ou
pseudocientíficas ainda são utilizadas pela cultura para explicar comportamento• Necessidade de se demonstrar que o
comportamento é passível de estudo científico• Explicação é sinônimo de descrição
(interpretação das relações organismo e ambiente)
Behaviorismo Radical
• Ciência determinista, pragmática e descritiva. Como isso é psicologia?• Cultura reconhece o psicólogo como um
profissional e cientista da “mente” e da privacidade humana. • Psicologia teve sua origem formal em
laboratórios, mas sempre se interessou por assuntos da subjetividade humana.• Behaviorismo Radical se interessa pela
subjetividade mas rejeita o mentalismo:o Dualismo mente e corpo, interno/fisiológico e
externoo Eventos mentais são explicação de
comportamentos
Subjetividade humana
• Exemplo: Comportamento Bizarro e Esquizofrenia• Behaviorismo Radical: Rótulos (nomes) são
comportamentos e não podem ser utilizados para explicar outros comportamentos.• O que produz o evento mental? (na relação
organismo ambiente)• Eventos privados (subjetividade e privacidade)
são objetos de estudo legítimos para uma ciência do comportamento• Dificuldade: acesso aos fenômenos• Instrumentos não resolvem
Subjetividade humana
• Solução: análise do relato verbal• Consciência: reação privada ao próprio
comportamentoo É importante para a cultura então é
importante para o indivíduo.o "O indivíduo torna-se consciente do que ele
está fazendo apenas depois que a sociedade tiver reforçado respostas verbais com relação a seu comportamento como fonte de estímulos discriminativos." Skinner
• Proposta de Skinner para um modelo explicativo causal e histórico• Baseado na seleção natural de Darwin
o Mudança ambiental, variação genética, "competição"
• Três níveis: filogenético (espécie), ontogenético (indivíduo) e cultural• Disciplinas: biologia, psicologia e antropologia• “EU”: é utilizado como agente iniciador
explicativo pois não conseguimos observar e se lembrar de toda a história evolutiva
Seleção Por consequências
• Senso comum: “controle” e “coerção” são sinônimos. • Tal noção é um efeito da coerção: a maioria dos
controles existentes são coercitivos• Psicologia Comportamental:• Comportamento está sob controles• Nem todas as formas de controle são coercitivas• Não inventou o controle, estuda as formas de
controle• Conhecer as fontes de controle pode ajudar a
aumentar a noção de liberdade
Controle e Comportamento
• Para se compreender como se dão os controles comportamentais é necessário se definir o que é comportamento• Dificuldade: comportamento é um assunto
“intimo” para todos. • É necessário desaprender enquanto entramos
em contato com uma ciência do comportamento• Definição inicial de comportamento:
o Atividade ou função do organismoo Pode ser públicoo Ou privado (encoberto, ocorre dentro da pele)
Controle e Comportamento
• Principais dimensões:• Frequência: número de ocorrências• Magnitude: força e Duração: tempo• Cuidado: rótulos são utilizados para nomear não
para explicar comportamentos (mentalismo)• Esquizofrenia: ações baseadas em eventos não
compartilhados por outros, sintomas positivos (comportamentos bizarros, delírios e perseverança com temas), Sintomas negativos (embotamento afetivo, contato visual restrito e ausência de expressão facial)
Definições de Comportamento
• Comportamento é sempre uma relação organismo ambiente• Não existe resposta sem estímulo• Não existe estímulo sem resposta• Ambiente é externo ao comportamento• Significado do comportamento se encontra nesta
relação• Verbalização: “Água” • Função descritiva• Função de mando
Definições de Comportamento
• O que diferencia o comportamento de um movimento “inanimado”?• Comportamento ocorre como uma coordenação
sensório-motora• Coordenação se dá num fluxo dinâmico• Evento comportamental: contexto, resposta e
consequência• Estado comportamental: regularidade e
probabilidade de ocorrência• Processo comportamental: direção da dinâmica
do comportamento ao longo do tempo
Definição de Comportamento
• Metodologia principal: delineamento de sujeito único.• Linha de base e intervenção• Sujeito é o seu próprio controle• Se concentra no processo de mudança• Ao invés de estatística, gráficos de frequência• Resultado: modelos que descrevem as várias
formas de controle do comportamento
Metodologia de Estudo
• Primeiro nível de seleção: reflexos e padrões fixos de ação.• Suscetibilidade a tipos de condicionamento
operante e reflexo• Privação e saciação• Segundo nível de seleção: modelagem,
condicionamento operante e reflexo• Controle de estímulos: discriminação e
generalização
Modelos conceituais
• Aprendizagem é por emparelhamento e repetição• Generalização e extinção
Condicionamento Reflexo
• Reforçadores e punidores• Quatro tipos de relação com o ambiente:• Relação: Ação - consequência positiva• Relação: Ação - consequência negativa• Extinção: supressão da consequência
reforçadora• Recuperação: supressão da punição
Condicionamento Operante
• Controle aversivo: em abundância na natureza e na cultura• Natureza: dores, doenças, ambiente hostil• Cultura humana: coerção e punição predominam
nas relações.• Reforço positivo: predominantemente não
coercitivo• Reforço negativo, punição (positiva e negativa):
predominantemente coercitivo• Punição como revanche, como exemplo e como
corretivo
Controle aversivo e punição
• A cultura condena a punição mas não conhece alternativas viáveis• Skinner e Sidman: punição corretiva não produz
os resultados desejados• Proposta da análise do comportamento: ao invés
de punição: • reforço positivo de comportamentos alternativos, • modelagem e extinção
Punição
• Rato pressionando a barra em CRF• Introdução de punição leve (choque)• Supressão temporária da resposta• Retorno da resposta punida (privação e falta de
alternativas)• Aumento da intensidade do choque• Reinício do processo
Experimento ilustrativo
• Quem desistirá antes? Rato ou experimentador?• Modelo para se compreender “reincidências”• Quem não aprendeu?• Porque a punição é tão generalizada na cultura?• Produz efeitos imediatos (mas não duradouros)• Não depende de privação ou saciação• Não depende de arranjos de contingências
complexos• Skinner e Sidman versus Catânia: enfoques
diferentes quanto ao papel da punição• Exemplo de punição "não coercitiva"
Discussão
• Reflexos, Punição condicionada e fuga e esquiva• Primeiro efeito: eliciação de reflexos. Interferem
no desempenho, podem predispor para agressividade • Estímulos emparelhados com a punição se
tornam aversivos condicionados: efeito tóxico• Quem dá choques se transforma em choque• Estimula contra-controle (reforçamento negativo,
fuga e esquiva)
Efeitos Colaterais da Punição
• Fuga na cultura: Desligar-se de problemas, ter crises nervosas, comportamentos agressivos, delegar responsabilidades, não fazer nada até desistir completamente. Seja desistir da escola, da família, do trabalho, da religião, da sociedade ou até mesmo da vida.
• Rato pula do compartimento A para B após receber choque (reforçamento negativo: fuga)• Luz sinaliza a ocorrência do choque• Rato pula do compartimento A para B após a luz
se acender e não recebe choque (reforçamento negativo: esquiva)• Foge da luz (aversivo condicionado) e se esquiva
do choque.• Se desligar o choque: rato continua a pular sob
controle da luz. • O rato ficou “louco”? Se comporta sem reforço
ou punição visível.
Experimento ilustrativo
• Aprendizado por reforçamento negativo: padrão estereotipado, “paranoico” e mecânico.• Esquiva é mais adaptativo do que fuga• A causa da esquiva está no passado e não no
futuro (estímulo que foi evitado)• Esquiva: expectativas como causas?
(mentalismo)• Compreensão de transtornos e patologias
mentais: qual o papel da esquiva?
Discussão
• Descrever comportamentos em termos de excessos ou déficits (ao invés de rótulos mentalistas)• Intervenções realizadas no ambiente• Etapas:• Identificação de comportamento alvo• Identificação de variáveis que mantém o
comportamento• Seleção e implementação do tratamento• Avaliação do resultado do tratamento
Diretrizes para mudança comportamental
• Escolha de reforçadores: observação do comportamento e opção de escolha para o cliente do serviço• Atenção em relação as operações motivacionais
(privação e saciação)• Reforços devem ser contingentes a emissão da
resposta e serem liberados imediatamente após ela• Cliente deve ser informado sobre o
funcionamento da intervenção• Deve se programar o término da intervenção –
mudança de reforçamento arbitrário para natural
• O processo independe da consciência ou vontade das pessoas para operar• Diversos comportamentos problema estão sendo
reforçados positiva ou negativamente• Ao invés de punir comportamento problema
busca-se reforçar comportamento alternativo• Efeito do reforço: diminuição de comportamentos
concorrentes• Utiliza-se preferencialmente extinção para
comportamentos problema• Deve se ficar sensível a uma classe ampla de
respostas• Deve se ficar sensível a mudanças pequenas
Reforçamento é um fato
• Esquizofrenia: rótulo constantemente utilizado de forma mentalista• Rótulo que “condena” a pessoa a isolamento e
aposentadoria da vida• Desde a década de 1950 o assunto é estudado
pela análise do comportamento• Criação de modelos experimentais em
laboratório e pesquisas aplicadas
BRITTO, et al. (2006) mudança de comportamento verbal de um paciente esquizofrênico
• Participante: paciente de 49 anos, diagnosticado aos 20 anos• Reforçamento diferencial de falas adequadas
(atenção social)• Extinção de falas psicóticas• Sessões de 45 minutos duas vezes por semana• Observação inicial (definição das classes de
resposta)• Delineamento ABAB (linha de base e intervenção
– linha de base e intervenção) seguido de follow up • Resultados: redução das falas psicóticas e
aumento das falas adequadas
• Comportamento verbal “psicótico” está em grande parte sob controle de contingências de reforço• Falas adequadas permitirão ao paciente se
relacionar de outra forma com o mundo (qualidade de vida)• Implicações importantes para políticas de saúde
mental• Treinamento profissional, de cuidadores e de
familiares• O quanto da esquizofrenia é produto de
contingências aversivas?
Discussão: