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revista ANEFAC Maio/Junho 2012 1

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Economy & Finance


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Entrevista - Demes Britto. Quebra do Sigilo Fiscal e Bancário.

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carta ao leitor

João Carlos Castilho GarciaPresidente da ANEFAC

Esta edição traz em suas páginas o resultado do intenso trabalho realizado internamente pela ANEFAC e suas diretorias, que se converte em novidades e conhecimento para a comunidade de negócios. O Indicador ANEFAC dos países do G20 e a recente integração da Associação ao Codim ressaltam nossos esforços. Destaque ainda para a presença do professor Iran Siqueira Lima, presidente da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), na capa e nas primeiras páginas com a entrevista que oferece um verdadeiro panorama das ações desenvolvidas pela academia diante das mudanças intensas vividas pelo mundo da contabilidade nos últimos anos.A parceria com a Fipecafi está presente ainda em outras pá-ginas desta edição, trazendo iniciativas mais que bem-vindas ao mercado brasileiro. No evento promovido juntamente com a

Revista ANEFACUma publicação da Associação

Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade

Rua 7 de Abril, 125 - 4º andar - Cj. 405CEP 01043-000 - Centro - São Paulo/SP

Fone: 11 2808-3200 / Fax: 11 2808-3232www.anefac.com.br

[email protected]

Presidente: João Carlos Castilho Garcia

Conselho Editorial: Renato Zuccari (Diretor Responsável), Andrew F. Storfer, José Ronoel

Piccin, Louis Frankenberg, Roberto Vertamatti e Roberto Müller

_____________________________________

Vertical de Finanças: Ailton Leite (Vice-Presi-dente), Fernando Blanco, Louis Frankenberg,

Jorge Augustowski e Miguel José Ribeiro de Oliveira

Vertical de Administração: Gianni Ricciardi (Vice-Presidente), André Coutinho, Charles

Barnsley Holland, Manoel Ignácio Torres Mon-teiro, Pedro Moreira, Ricardo Motz e Yara Cintra

Vertical de Contabilidade: Edmir Lopes de Car-valho (Vice-Presidente), Carlos Aragaki, Cassius Carvalho, Eduardo Nunes de Carvalho, Fernan-

do Viana de Oliveira Filho e Marta Pelucio

Eventos: Amador Rodriguez (Vice-Presidente), Clóvis Ailton Madeira, Dagoberto Uszko, David

Kallás e José Egídio da Silva Barbosa

Relações Institucionais: Sidney Matos (Vice-Presidente), Ari Torres, Carlos Roberto

Matavelli, Livio Antonio Giosa e Rubens Lopes da Silva

ANEFAC Rio de JaneiroRené Martins (Diretor- Geral), Ana Cristina

França, César D. Carvalho, Eduardo Corrêa, Cléber Santiago, Leandro Ardito, Luiz Paulo Silveira, Marcelo Gaspar e Miguel Bahury

Associados: Antonio Carlos Machado (Vice-Pre-sidente), Antonio Corrêa, Dr. Roberto Fragoso, Luiz Everardo Muezerie, Mauro Tozzi e Maria

Helena Pettersson

Administração e Tesouraria: Carlos Roberto Matavelli (Vice-Presidente)

Conselho de Administração: Roberto Vertamatti (Presidente), Andrew F. Storfer, Carlos Roberto

Matavelli, Charles Barnsley Holland, Clóvis Ailton Madeira, Gennaro Oddone, José Ronoel

Piccin, Luis Cláudio Fontes, Pedro Lucio Siqueira Farah e Rubens Lopes da Silva

___________________________________

Edição: Suzamara Bastos (Mtb 45.822) e Carolina Bridi (Mtb 54.739)

Redação: Carla Legner, Carolina Andrade e Jennifer Almeida

Fotos: Jonathan Koiti e banco de imagens

Diagramação e Arte: Patricia [email protected]

As opiniões expressas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade dos seus autores.

ANEFAC sobre as novas perspectivas no gerenciamento de carreira, o enfoque foi dado à conquista de objetivos profissionais encontrando felicidade no trabalho. E a parceria eficiente se confirma com a grande novidade: um curso internacional inédito na Améri-ca Latina. ANEFAC e Fipecafi trazem ao Brasil, pela primeira vez, o IIBV 301, curso de avaliação sobre ativos intangíveis.Ainda nesta edição, outras discussões importantes ao cenário empresarial, como o papel do marketing para a expansão das empresas, o e-commerce como forma de alcançar novos mercados, e os caminhos trilhados pela Receita Federal diante dos novos sistemas para cruzar informações.

Boa leitura!

O reflexO de nOssO trabalhO

sumário

12 panoramaTente, Transforme, Reinvente

22 finanças Executivos estão otimistas com a economia

26 contabilidadeReforma eficiente

10 especialContribuintes na mira do governo

08

eventoE-commerce em expansão

28 carreiraNovas perspectivas no gerenciamento de carreira

04 entrevistaContabilidade alinhada

24 administração Terceirização em pauta

38 perfilDeterminação e foco

50 ponto de vistaA lição que vem do Butão

31

36

reuniões técnicasAssuntos em foco

codimANEFAC integra grupo de entidades do Codim

48 fazendo contasEm que devo apostar minhas reservas financeiras: renda fixa ou variável?

20 ideias & inteligênciaMarketing para pequenas empresas

16 insideUma leitura apurada sobre o Brasil

40

44

42

viagemLondres: capital olímpica de 2012

artigoQualidades de um vencedor

cursoCertificação de avaliadores

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cOntabilidade

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entrevista

I ran Siqueira Lima, presidente da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) fala com exclusividade para a Revista ANEFAC sobre os assuntos que permeiam a convergência contábil no Brasil. Desde sua avaliação sobre o que já foi conquistado neste pro-cesso, o que ainda está por vir, o papel de entidades envolvidas, até o posicionamento do Brasil perante a comunidade contábil internacional.

“O CPC saiu de sua posição passiva de apenas emitir a versão brasileira das normas e passou a participar do processo de emissão das normas do IASB (International Accounting Standards Board). É o Brasil marcando posição no mercado internacional e mostrando que sua imagem está mudando no mundo não por fatores fortuitos, mas sim por muito trabalho e competência”, conclui. Confira a seguir a entrevista na íntegra.

Revista ANEFAC: De que forma a Fipecafi está atuando para oferecer ao mercado profissionais já preparados para trabalhar em um cenário de contabilidade internacional?Iran Siqueira Lima: A Fipecafi tem se dedicado ao tema e realiza uma série de cursos sobre as nor-mas contábeis internacionais. Promove cursos “in company”, outros de curta e média duração e MBA específico sobre IFRS (International Financial Repor-ting Standards) para treinar as pessoas que atuam na área contábil e correlatas. A Fundação faz, também, consultorias e elabora Pareceres Técnicos sobre a implantação das normas contábeis internacionais.

R.A.: Como a Fundação colabora com a atuali-zação dos profissionais para além das salas de aula e qual foi o papel da Fipecafi no processo de convergência para as IFRS?I.S.L.: A Fipecafi participa, formalmente, desde 1990, do processo de convergência e sempre teve representantes atuantes. No início, na Comissão Consultiva de Normas Contábeis da CVM (Comis-são de Valores Mobiliários), depois no próprio CPC

alinhada

(Comitê de Pronunciamentos Contábeis). Ou seja, a Fundação sempre participou tanto dos processos políticos que levaram à decisão governamental pela convergência, quanto do processo técnico de elaboração das normas brasileiras correspondentes às internacionais.

Os professores da FEA-USP (Faculdade de Eco-nomia, Administração e Contabilidade da Univer-sidade de São Paulo) e da Fipecafi têm realizado diversas palestras sobre o assunto e atuado de for-ma significativa na elaboração dos pronunciamentos do CPC. A atuação do Prof. Dr. Eliseu Martins, que, durante muitos anos, foi diretor-presidente da Fipe-cafi e que hoje é o presidente do Conselho Curador, é inconteste. A presença dele, representando a Fipecafi, foi primordial no processo de convergência. Cabe, também, assinalar a importante participação no processo de harmonização das normas do Prof. Dr. Ariovaldo dos Santos, um dos mais destacados especialistas na matéria.

A Fipecafi participou também na elaboração de literatura de referência no assunto. Elaborou o “Manual de Contabilidade Societária” e produziu o

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cOntabilidade

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“Manual de Normas Internacionais de Contabilida-de” em conjunto com a Ernst & Young Terco.

A Fipecafi participa com incentivos - inclusive financeiros - para trabalhos acadêmicos sobre a matéria, como dissertações, teses, artigos para congressos e para revistas especializadas, e criação de banco de dados para pesquisas.

R.A.: Qual o papel da Fundação CPC nos desen-volvimento das atividades do Comitê?I.S.L.: A Fundação CPC tem como objetivo promover todas as condições para que o CPC possa funcionar da melhor maneira possível e sem preocupações materiais. Por isso, a Fundação procura obter os fundos necessários, administrar, deliberar sobre gastos com viagens internacionais para participação nos eventos do IASB ou de outros órgãos norma-tizadores; realização de eventos como congressos e simpósios. O objetivo é manter a contabilidade brasileira em linha com a melhor qualidade do mer-cado internacional. Os membros trabalham gratui-tamente (inclusive os gestores da Fundação e seus conselheiros). A Fundação proporciona condições para que possam se dedicar aos assuntos técnicos.

R.A.: Quais os principais desafios enfrentados pela Fundação CPC? E quais foram as principais conquistas até agora?I.S.L.: O maior desafio é conseguir recursos hu-manos e financeiros. Os recursos humanos têm se constituído em um dos grandes desafios do CPC, ou seja, encontrar profissionais que possam auxiliar na tradução e preparação de minutas a serem apresen-tadas ao CPC. Mesmo assim, merece nota o fato de o CPC, mesmo com essa dificuldade, ter, num período relativamente curto, traduzido e implantado no Brasil, todos os importantes IAS/IFRS.

Relativamente ao aspecto financeiro, merece des-taque a atitude da CVM de ter permitido que alguns “Termos de Compromissos” (multas por práticas inadequadas de agentes do mercado de capitais) sejam cumpridos por meio de doações à Fundação CPC, e isso tem ajudado enormemente. Assim, a Fundação agradece à autarquia, especialmente à sua presidente e aos diretores. As maiores conquis-tas têm sido verificar que as iniciativas da Fundação

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entrevista

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CPC têm produzido resultados extraordinários, colaborando fortemente para a reputação que o Brasil hoje desfruta no mundo com relação à implementação das normas contábeis internacionais. R.A.: Recentemente, FASB e IASB comprometeram-se por meio de comunicado oficial a revisar o IFRS 9, que trata sobre instru-mentos financeiros. Qual sua opinião a respeito da revisão da norma, mesmo que tenha sido aprovada recentemente após discus-são pública?I.S.L.: O CPC tem sido caute-loso com relação ao assunto, pois há crítica de especia-listas de diversos países. A posição original do FASB (Fi-nancial Accounting Standards Board) era diametralmente oposta à do IFRS 9 (o FASB queria a adoção do valor justo para todos os instrumentos

financeiros e a IFRS 9 aplica valor justo para al-guns e custo amortizado para outros). Agora ao firmarem o documento, evidenciam os dois órgãos que pretendem chegar a um denominador comum que provavelmente não será o critério extremo do FASB, mas que possivelmente não será a aplicação da segregação atual proposta pelo IFRS 9 de quais instrumentos financeiros devem ser avaliados ao valor justo e quais ao custo.

R.A.: As companhias brasileiras cumpriram o prazo de adaptação às IFRS com sucesso e o momento atual é de revisões e aperfeiçoamen-to. Quais foram os principais erros e acertos no intenso processo de convergência?I.S.L.: O maior acerto foi concluir, em 2008, que não seria interessante oferecer um tempo amplo

para adaptação. A hipótese era que todos deixariam para se adaptar na última hora. E como era obriga-tória a adaptação da primeira parte em 2008 por conta da Lei 11.638/2007, deliberou-se por emitir o conjunto restante de normas em 2009 para sua aplicação em 2012 e, assim, ter todo o processo implantado. Tempo curto - exíguo mesmo - mas numa época em que todos estavam muito animados com a mudança. E deu tudo certo. Os órgãos reguladores estão de parabéns. Afinal, puderam ser implantadas essas normas para as empresas individualmente e também as principais normas para as demonstrações consolidadas. Desconheço outro país que tenha feito o que foi feito no Brasil, até mesmo no tempo em que essa implantação foi executada.

Quanto a erros, talvez tenha sido o de ter dado muita ênfase aos critérios de reconhecimento e mensuração de ativos, passivos, receitas e despesas e pouco ao processo de divulgação. Pouca atenção foi dada ao que hoje é uma tarefa que exige muito tempo, muito cuidado e muito conhecimento: a elaboração das notas explicativas. Só para se ter uma ideia, é comum encontrar em universidades norte-americanas e europeias disciplinas específicas sobre elaboração de notas explicativas. O que ainda é raridade no Brasil.

R.A.: Como o investidor pode procurar adaptar-se às demonstrações financeiras após a adoção das normas internacionais para “ler” correta-mente as empresas?I.S.L.: Essa é a lição que todos teremos que apren-der juntos, não só os investidores, mas também os profissionais que preparam, os que auditam, os que analisam e outros que terão, cada um a seu modo, que se adaptar às novas regras. Desse modo, não só os investidores, mas todos os profissionais que atuam nessa área precisam se atualizar. Não é tarefa fácil, pois ainda faltam materiais de divul-gação apropriados, uma vez que alguns são exage-radamente técnicos e outros simples demais. De qualquer forma, o fundamental seria começar lendo todos os sumários de todos os Pronunciamentos emitidos pelo CPC.

A Fipecafi procura suprir essa carência e coloca à disposição dos interessados diversos treinamen-

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“tos presenciais e por meio de eLearning (ensino a distância). Em breve, haverá o lançamento do curso de extensão sobre IFRS na modalidade eLearning, que, dessa forma, poderá atingir maior número de profissionais que necessitam do apri-moramento técnico.

R.A.: Quais as perspectivas para a agenda de revisões das normas ainda em 2012? Qual será o impacto para as empresas?I.S.L.: O Brasil já demonstrou que é capaz de se adaptar de maneira rápida às regras adotadas pelo FASB. Assim, não tenho dúvidas que as alterações que virão também serão absorvidas rapidamente e, para isso, a Fipecafi está realizando todos os esforços necessários dos seus pesquisadores com a eficiente supervisão dos professores Eliseu Martins, Ariovaldo dos Santos e Nelson Carvalho, para que esse grande compromisso perante a sociedade brasileira seja alcançado.

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O CPC está divulgando seu plano de trabalho, onde se vê que poucas revisões ainda são neces-sárias. Está focando mais no acompanhamento das revisões do próprio IASB. Os impactos das revisões são pequenos para as empresas, de forma geral. O papel principal do CPC passou a ser, agora, participar do processo de análise e de oferecer sugestões ao IASB com relação às minutas de novas normas. Veja-se no site do CPC quanto se tem trabalhado na análise e no processo de participação do que de novo se cria ou se revisa no IASB.

O CPC saiu de sua posição passiva de emitir a versão brasileira das normas já emitidas pelo IASB e passou a participar do processo de emis-são das normas do IASB. É o Brasil marcando posição no mercado internacional e mostrando que sua imagem está mudando no mundo não por fatores fortuitos, mas sim por muito trabalho e competência.

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curso

certificaçãO de avaliadOres

Com o objetivo de capacitar profis-sionais no universo de avaliação de ativos intangíveis sob os enfoques de diagnósticos, premissas, análise de risco, valor justo, metodologias, aplicabilidade e normas internacio-

nais, a ANEFAC, por meio do CBAN (Comitê Brasi-leiro de Avaliadores de Negócios, em parceria com a Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) traz, pela primeira vez na América Latina, o IIBV 301, curso internacional voltado a investidores de mercado, contadores, pe-ritos, auditores, consultores, avaliadores, gerentes e demais profissionais ligados a operações societárias e mercado de capitais.

Entre os dias 13 e 16 de junho, o curso será oferecido pela principal instituição internacional de avaliação de negócios da atualidade: o Instituto Internacional de Avaliadores de Negócios (IIBV). Trata-se de uma instituição formada pela união das tradicionais sociedades de avaliação dos Estados Unidos e Canadá (ASA - American Society of Ap-praisers e CICBV - Canadian Institute of Chartered Business Valuers), que está em colaboração per-manente com os padrões do International Valuation Standards Council (IVSC), órgão que estabelece padrões de avaliação internacional baseados nas normas do IFRS.

Desenvolvido por uma equipe de profissionais com profundo conhecimento de avaliação em ativos intangíveis para relatórios financeiros, o IIBV 301 é um curso avançado com base nos princípios-chave da avaliação de ativos intangíveis e nas aplicações reais das técnicas e métodos de avaliação aceitas da área.

Ao final do curso, ministrado por Raymond Rath, analista financeiro juramentado do CFA (Chartered Financial Analist), secretário do Comitê de Avaliação de Negócios da American Society of Appraisers (ASA) e diretor da PwC em Los Angeles, será aplicada uma prova de certificação internacional.

ANEFAC e Fipecafi oferecem curso inédito de avaliação de ativos

intangíveis na América Latina

>>Ativos intangíveisOs ativos intangíveis vêm recebendo um enfoque especial desde a adoção das normas IFRS (Inter-national Financial Reporting Standards) no Brasil. A aplicação das técnicas de avaliação sofre permanente reciclagem, apresentando sempre novos desafios para contadores, auditores, reguladores e avaliadores.

Para o diretor do CBAN, Luiz Paulo Silveira, o valor de mercado de uma empresa está cada vez mais relacionado aos ativos intangíveis do que aos ativos tangíveis. Como exemplo, ele cita os padrões contábeis internacionais, que priorizam a marcação a valor justo dos ativos e passivos das empresas, incluindo a identificação e avaliação de todos os ativos intangíveis adquiridos em operações de Fusões e Aquisições. “Dependendo do segmento, estes ativos podem representar até 80% dos ativos totais de uma companhia”, destaca.

Raymond Rath, professor do IIBV 301, observa que a importância dos ativos intangíveis para as empresas e as economias aumentam conforme os mercados continuam se globalizando. Após 30 anos prestando serviços de avaliação, ele destaca que, até 12 anos atrás, havia uma modesta orien-tação sobre uma série de tópicos de avaliação, tais como ativos intangíveis. “As mudanças nas regras contábeis americanas e o padrão IFRS aumentaram os requisitos para a avaliação de ativos intangíveis. Como estas avaliações impactam nos resultados financeiros de muitas empresas públicas e privadas, a necessidade de melhor avaliação prática aumen-tou com o passar dos anos”, afirma.

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Silveira aponta que, como se trata de ativos que não conseguimos ver ou medir diretamente, faz-se necessário a criação de modelos matemáticos complexos de forma a obter uma indicação de valor de forma indireta. Além disso, cada segmento de negócio possui um grupo de ativos intangíveisdi-ferente que direcionam o valor da companhia, os quais precisam ser identificados de forma precisa, e não subjetiva. “O profissional que lida com ava-liação de intangíveis precisa ter um conhecimento tanto de ciências exatas como de ciências sociais, além de uma boa dose de experiência no ramo de avaliações”, afirma.

Para Rath, um dos maiores desafios na avaliação de ativos intangíveis é o uso de modelos teóricos. “Como intangíveis são tipicamente valorizadas como parte de uma empresa em funcionamento, existem desafios na alocação do lucro de uma empresa entre capital de giro, ativos fixos e diferentes ativos intangíveis. Um julgamento profissional significativo é necessário”, defende. Silveira complementa ao afirmar que o conceito de avaliação é um universo bastante amplo, que inclui padrões diferenciados de valor como o valor justo de mercado, valor de investimento e o valor intrínseco ou pessoal. Rath destaca que estas e outras questões serão abor-dadas em profundidade no IIBV 301.

>>O cursoLuiz Paulo Silveira passou, nos últimos meses, por cursos do IIBV nos Estados Unidos e acredita que o primeiro curso da instituição no Brasil será um sucesso em função da demanda existente para-esclarecimentos do assunto e pela inexistência de cursos técnicos de avaliação de intangíveis no país.“Este curso será o marco inicial da aproximação do IVSC com os avaliadores brasileiros e deverá criar as bases para a formação de multiplicadores deste conhecimento em todo o território brasileiro através de instituições de ensino”, considera.

Para ele, o processo de convergência no Brasil foi realizado em um período extremamente curto, o que ocasionou algumas lacunas no ambiente-contábil pós IFRS. “A principal destas lacunas é a inexistência de um ambiente normativo e acadêmico para a profissão de avaliador de negócios, tendo-

se passado dois anos desde a adoção inicial do IFRS”, alerta. Silveira afirma que o IIBV 301 cria a perspectiva de uma nova profissão no Brasil - a de avaliadores de negócios, hoje desempenhada de forma não uniforme e não regulada por diversos profissões, entre eles, auditores,engenheiros, ad-ministradores, economistas e contadores.

“O curso é destinado a estes profissionais que lidam com avaliações de negócios, seja em empre-sas de auditoria, bancos, corretoras, administrado-res de fundos, consultorias, que, de alguma forma, adquiriram o conhecimento através de literatura estrangeira, e que desejam agora aprender o que há de mais atual na matéria, com a possibilidade de obtenção de um certificado internacional ao final do curso”, aponta.

Confira os tópicos abordados pelo IIBV 301: •A importância dos ativos intangíveis;•História, cenário, e razões para avaliar;•Interesses em torno da avaliação de IPR&D (In-Process Research and Development) – pesquisa e desenvolvimento em andamento;•Assuntos relevantes nos relatórios financeiros;•Pré-requisitos de auditoria;•Métodos de Avaliação: teoria, aplicação e questões-chave:– Fluxo de caixa descontado;– Relief from Royalty;– Excess Earnings;– Abordagem de custo.

•Participantes do mercado x Premissas específicas das empresas;•Principal ativo gerador de renda: clientes ou tecnologia;•Vida útil e taxa de depreciação;•Encargos de Ativos Contributivos - Contri-butory asset charges.

Luiz Paulo Silveira (CBAN)

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especial

Para reduzir a sonegação fiscal, o poder público vem criando meca-nismos para controlar os gastos dos contribuintes. Em 2007, o governo do estado de São Paulo lançou a Nota Fiscal Paulista, emitida pelas

empresas quando requisitada pelo consumidor toda vez que ocorre uma compra e transmitida ao governo automaticamente por meio eletrônico. Em abril deste ano, foram liberados R$ 921,7 milhões em créditos, o maior valor desde a criação da NFP.

Embora o programa tenha cerca de 13 milhões de contribuintes cadastrados, ainda existem muitas dúvidas sobre o uso das informações que são trans-mitidas pela NFP. Alguns consumidores acreditam que é uma ferramenta para cruzar dados com o que é informado na declaração do imposto de renda e autuar sonegadores. Ou seja, se o contribuinte declara que ganha pouco e não tem poupança,

mas ao mesmo tempo é um potencial consumidor e investidor, levanta suspeitas da Receita Federal.

“Esses programas vieram para otimizar a ativida-de de fiscalização do Estado e, portanto, este pode utilizar tais dados para identificar ilícitos tributários. Mas a autuação de contribuintes apenas com base em informações obtidas através destes programas e de outros semelhantes, com o cruzamento de da-dos, é ilegal e pode ser questionada judicialmente”, diz Paulo Pimentel, advogado tributarista e sócio do escritório Fernandes & Pimentel.

Para otimizar a obtenção de dados, também em 2007 entrou em vigor o SPED (Sistema Público de Escrituração Digital), que é a substituição de todos arquivos relativos à escrituração de uma empresa (documentos contábeis) em um arquivo digital. Segundo o artigo 2º do Decreto 6.022/2007, o instrumento foi criado para unificar as atividades de recepção, validação, armazenamento e auten-ticação de livros de documentos que integram a escrituração comercial e fiscal dos empresários e das sociedades empresarias por via digital.

“O processo de mudança na sistemática de registro e apuração de tributos, consequente-mente da arrecadação, com a substituição do sistema de emissão de documentos fiscais em papel pelo SPED, em tese sustentada pelo Fisco, implica na modernização da administração tribu-tária brasileira, o que penaliza o contribuinte em tempo real”, diz Demes Britto, advogado e diretor tributário da ANEFAC.

Para ele, o sistema eletrônico de informações fiscais cria o maior mecanismo de controle contra os contribuintes e atribui poderes extraordinários ao Fisco.

Os dados obtidos por meio destes programas não confirmam nenhuma fraude, são apenas indí-cios. Por isso, uma eventual autuação por parte do

cOntribuintes na mira dO gOvernO

Poder público cria mecanismos eletrônicos para coibir sonegação

de impostosPor Carolina Andrade

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Paulo Pimentel (Fernandes & Pimentel)

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Fisco só poderia acontecer mediante um processo administrativo que permita ao contribuinte esclare-cer eventuais informações contraditórias e exercer sua ampla defesa. “Muitas autuações lavradas pelo Fisco com base única e exclusivamente em tais cruzamentos de dados, sem a existência de pro-cesso administrativo anterior, já foram questionadas judicialmente pelos contribuintes, que têm obtido êxito em anular tais autuações”, diz Pimentel. Ou seja, o uso destes dados pelo Fisco não é ilegal, e sim a autuação pelo órgão com base apenas nestes dados. Caso o Fisco identifique ilícitos tributários através deste cruzamento de dados, deve iniciar um processo administrativo primeiro.

Recentemente, a 7ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região entendeu que o Fisco pode quebrar sigilo fiscal sem a prévia autorização judicial quando há processo administrativo-fiscal contra o contribuinte. Por isso, um empresário do Paraná, supostamente acusado de deixar de contabilizar depósitos em suas contas bancárias, foi condena-do porque havia divergência sobre os valores que apuraram a incidência do IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física).

Segundo os desembargadores, não houve quebra de sigilo fiscal e obtenção ilícita de provas. Para o relator da Apelação na 7ª Turma, Desembar-gador Federal Élcio Pinheiro de Castro, não existe ilicitude no caso analisado, pois a documentação bancária foi obtida pela Receita Federal no curso do procedimento administrativo-fiscal previamente instaurado, com apoio no artigo 6º da Lei Comple-mentar 105/2001, regulamentado pelo Decreto 3.724/2001, que permite à Administração Tributária o acesso aos documentos, livros de instituições financeiras e registros desde que haja processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso.

Para Britto, a decisão é equivocada porque em dezembro de 2010 o relator do Supremo Tribunal Federal, ministro Marco Aurélio, já havia decidido que, conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção - a quebra do sigilo - submetida ao crivo do Judiciário.

Na ocasião, uma empresa foi comunicada pelo seu banco que, por determinação da Receita Federal, deveria entregar extratos e documentos que comprovassem a movimentação financeira da companhia. “Fica claro, portanto, que a quebra do sigilo fiscal com fundamento que a documentação bancária foi obtida pela Receita Federal no curso do procedimento administrativo fiscal previamente instaurado, conflita com a Constituição Federal e o entendimento do Supremo Tribunal Federal, de que para quebra do sigilo fiscal se faz necessário o exame do Judiciário”, explica Britto.

Segundo especialistas, embora o sistema ele-trônico de informações fiscais crie um mecanis-mo de controle contra os contribuintes e atribua poderes extraordinários ao Fisco, o contribuinte que se sentir lesado deve buscar o Judiciário para invalidar procedimentos arbitrários quanto a quebra e invasão do sigilo fiscal do contribuinte.

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panorama

tente, transfOrme, reinvente

Entre os dias 17 e 20 de maio, acon-tece em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, o 14o Congresso ANEFAC, cujo tema é “Descobrindo oportu-nidades – Tente, Transforme, Rein-vente”. Além de palestras técnicas e

fóruns de discussão, o evento vai abordar tendências para os negócios e formas de remodelar empresas.

“Escolhemos esse tema para mostrar que tudo está sempre evoluindo, e que estamos sempre buscando uma forma inovadora e eficaz de alcançar nossos objetivos na vida pessoal e profissional. Estamos sempre correndo atrás de oportunidades”, afirma Rubens Lopes da Silva, diretor comercial de parceiras da ANEFAC e membro da organização do Congresso.

De acordo com ele, o público-alvo do evento passou por uma transformação ao longo das edições. Nos primeiros eventos, a maioria dos participantes era de homens, mas a presença das mulheres aumentou consideravelmente. O evento é destinado a executivos de finanças, contabilidade e administração, além de advogados, professores e estudantes.

Neste ano, a ANEFAC traz uma novidade para os congressistas: com exceção de uma palestra, todas

as outras atividades serão destinadas também aos acompanhantes.

Nas edições anteriores, os familiares participa-vam de uma programação alternativa, com ativida-des ligadas a assuntos de conhecimento geral com profissionais de saúde, psicologia e áreas afins. “Um dos objetivos do Congresso é fazer do evento uma grande oportunidade de união familiar. Por isso, não fazia sentido segregarmos as atividades de forma que marido, esposa e filhos ficassem sepa-rados durante o dia”, explica Clóvis Ailton Madeira, membro do Conselho de Administração da ANEFAC e responsável pela organização do evento.

Ele afirma que, cada vez mais, o Congresso atrai novos públicos. Para este ano, são esperadas cerca de 180 pessoas. Na primeira edição, participaram 40 pessoas. “Acredito que este aumento significativo do número de participantes deve-se ao fato de que o Congresso da ANEFAC tem um perfil diferenciado. Além de tratar de temas relevantes do momento, busca integrar as famílias. E, com a vida corrida que muitos executivos levam, poder unir o conhecimento ao lazer é de grande valia”, explica Lopes.

Nos quatro dias de programação haverá duas palestras e dois painéis, além de aulas de pintura, karaokê, bingo, show de rock e campeonato de futsal. Na sexta-feira, Sofia Esteves, sócia da DMRH, abre a programação com a palestra “Impacto das gerações no mundo corporativo”. Mais tarde, Maria Helena Pettersson, sócia da Ernst & Young Terco, modera o painel “Transformação pela igualdade de gêneros, gerações e condição social”, com

14o Congresso ANEFAC aborda as transformações no mundo dos negóciosPor Carolina Andrade

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apresentações de Vera Cordeiro, superintendente geral da Associação Saúde Criança; Lúcia Araújo, gerente geral do Canal Futura; e Sofia Esteves, sócia da DMRH.

No sábado de manhã, será realizado o painel que dá nome ao evento. “Descobrindo oportunidades – Tente, transforme e reinvente” será moderado por Nelson Carvalho, da FEA/USP, com participação de Mathias Mangels, presidente da Symnetics; Maria Alice Cavalcanti, gerente executiva Tributária da Pe-trobras; Daniel Domeneghetti, CEO da DOM Strategy Partners; e José Luiz Alquéres, diretor executivo da JL Alquéres Engenharia Consultiva. Na tarde do sábado, os congressistas terão a oportunidade de conhecer um dos cases de maior sucesso entre os empresários do Brasil: a trajetória do negócio da Cacau Show, contada por seu presidente, Alexandre Tadeu da Costa.

Desde a criação do Congresso, em 1998, a escolha dos assuntos abordados passou por mudanças. No início, a programação contava com assuntos mais técnicos. Com o passar dos anos, temas ligados ao relacionamento em equipe, liderança, sustentabilidade e motivação ganharam espaço na grade. As discussões mais áridas foram deixadas para as reuniões realizadas pela ANEFAC em suas progra-mações mensais.

Além do conhecimento que agrega aos participantes, o Congresso promove a prática de networking. “As pessoas têm a oportunidade de se relacionarem com várias outras que atuam em áreas similares ou mesmo em outras áreas, e isso agrega valor não só ao evento, mas à vida profissional dos associados”, ressalta Madeira.

>>O eventoBaseado nas premissas qualificação profissio-nal, networking e entretenimento, o Congresso ANEFAC pretende proporcionar aos participan-tes a descoberta de novas oportunidades em um ambiente inspirador. Não foi por acaso que Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, foi o cenário

escolhido para este encontro de associados e suas famílias.

Centenas de executivos das maiores empresas do país, responsáveis pela implementação das políticas empresariais, discutirão cenários e perspectivas, de um ponto de vista renovado ao lado das belezas naturais disponíveis no Meliá Angra – Marina & Convention Resort.

Além da programação do Congresso, os par-ticipantes terão à disposição as opções de lazer e esportes. A piscina, com sinuosas curvas que reproduzem os contornos de Angra dos Reis, os jar-dins cercados pelas águas, a marina com 20 vagas molhadas junto ao píer e 300 vagas secas em seis hangares próprios, quadras de tênis e poliesporti-va, salão de jogos, suporte à prática de esportes náuticos e Kids Club com monitores especializados complementam os dias no hotel.

A experiência vivida nas 13 edições anteriores do Congresso torna esta edição uma das mais aguar-

dados, seja pela opor-tunidade de encontro de empresários e pro-fissionais de diferentes regiões brasileiras, ou pelas opções de lazer para toda a família.

Acima, Rubens Lopes da Silva (ANEFAC).

Ao lado, Clóvis Ailton Madeira (ANEFAC)

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panorama

>>Conheça os palestrantes

ALExANDRE TADEu DA CoSTA

JoSé LuIz ALQuéRES

Fundador e presidente da Cacau Show, Alexandre Costa começou a produzir e vender chocolates com apenas 17 anos, em 1988. Criou a Cacau Show, in-dústria de chocolates com grande força como marca de varejo. Iniciou seu sistema de franquias em 2002 e hoje é a maior rede de lojas de cho-colates finos do mundo, com 1.150 lojas no Brasil. É um dos grandes destaques entre os jovens empreendedores brasileiros, uma referência em gestão de negócio.

DANIEL DomENEghETTI

Especialista em estratégia corporativa, top management consulting, gestão de ativos intangíveis e valor sustentá-vel, é sócio do Grupo ECC e CEO da DOM Strategy Partners, responsável pela formulação e modelagem da Metodologia IAM (Intangible Assets Management), pelo PIB (Programa Intangíveis Brasil), pelo Reputation Index e pelos principais cases de gestão de ativos intangíveis para as 1000 maiores empre-sas do país.

É membro do Conselho Estratégico da Alcoa do Brasil, Alstom Power, Worley-Parsons, CNEC, Conselheiro Independente da QGEP e Vale Soluções em Energia, CEBRI (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) e membro do Conselho Executivo do ICC (Internatio-nal Chamber of Commerce), Paris. É ainda autor e editor de diversos livros e artigos na área de energia, urbanismo e cultura, e membro da Acade-mia Nacional de Engenharia.

LúCIA ARAúJo

Foi editora do jornal local da TV Bandeirantes, fez parte da equipe da Abril Vídeo e foi editora chefe do Jornal da Globo, da TV Globo. Chefiou os programas jornalísticos da TV Cultura e desenvolveu uma série de programas na emissora. Passou ainda por canais como GNT, Canal Futu-ra, CNBC - o canal financeiro da rede NBC e, em 1999, assumiu a direção do Canal Futura, no Rio de Janeiro.

mARIA ALICE F. DESChAmPS CAVALCANTI

Desde 2003, atua como gerente executiva respon-sável pela função tributária da Petrobras e empresas do Sistema Petrobras. Em 2009, foi eleita por uma pesquisa da revista International Tax Review uma das dez mais admiradas executivas na área tributária da América Latina. Em 29 de abril de 2011, foi eleita presidente do Conselho Fiscal da Braskem S/A.

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mARIA hELENA PETTERSSoN

SoFIA ESTEVES

Sócia sênior de auditoria da Ernst & Young Terco por mais de dez anos, possui experi-ência com IPOs e transações em mercados de capitais, in-cluindo algumas das maiores operações de reestruturação de dívida ocorridas no Brasil. Liderou diversos projetos de integração de transações, além de diversas outras ativi-dades relacionadas a transa-ções corporativas.

mAThIAS mANgELS

É CEO da Symnetics Latino Americana e vice-presidente das operações da Symnetics na Europa, denominada BSCol CEE. Aprofundou-se em pes-quisa e consultoria centrada na concepção e execução de estratégia para organizações privadas, públicas e funda-ções sem fins lucrativos nas Américas e na Europa. Foi o CEO da Maxitec e Pesquisador em estratégias empresariais na Battelle Research Institute, em Genebra, Suíça.

NELSoN CARVALho

Professor na FEA USP, mem-bro de vários conselhos de administração em empresas e coordenador de comitês de auditoria. É membro do Comitê de Sustentabilidade da BM&FBovespa, chairman do Grupo de Trabalho Capacity Building in Accounting and Financial Reporting, e coorde-nador de Relações Internacio-nais do Comitê de Pronuncia-mentos Contábeis (CPC).

Fundadora e presidente do Grupo DMRH e Cia de Talen-tos, é professora da FIA no curso de MBA de Recursos Humanos; professora convi-dada do Insper e Fundação Dom Cabral; membro dos Conselhos do Colégio Viscon-de de Porto Seguro, Aiesec/Insper, Portal ClickCarreira e NextView People; e autora de livros sobre carreira.

VERA CoRDEIRo

Graduada em medicina pela UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, trabalhou como médica clínica-geral no Hospital da Lagoa, onde fundou o Departamento de Medicina Psicossomática. Participou da fundação da Associação Saúde Criança; é membro honorária da Academia de Medicina RJ; vice-presidente da PATH: A catalyst for global health; empreeendedora social da Skoll Foundation; membro do Conselho Diretor da Ashoka e do Conselho da PATH; empre-endedora social da Schwab Foundation; líder da AVINA; e superintendente geral da Associação Saúde Criança Renascer.

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Escala Sigmark

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uma leitura apurada sObre O brasil

Embora o Brasil apareça como 6a

economia do mundo em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), na prática, a riqueza conquistada não se converte em desenvoltimento humano e qualidade de vida. A

conclusão é da edição 2012 do Índice ANEFAC dos Países do G20. “Podemos ser a 6a economia em termos de rendimento bruto, mas quando olhamos pelas perspectivas da ONU (Organização das Nações Unidas) na medição do IDH (Indice de Desenvolvimento Humano), não percebemos o mesmo desempenho do país”, afirma Gianni Ric-ciardi, vice-presidente de Administração da ANEFAC, e criador do método Sigmark - metodologia que converte números em uma escala de cores, utilizado na produção do estudo.

De acordo com o Índice ANEFAC, o Brasil avançou uma posição no ranking geral dos in-dicadores da ONU, considerando os países do G20. O ranking mostra o país em 13o lugar, atrás

de países como Argentina e México, com uma pon-tuação parcialmente satis-fatória, mas bem inferior às nações desenvolvidas.

O país evoluiu no ranking da pobreza, saúde e na desigualdade de gênero, mas caiu no ranking da educação e da desigualda-de, quando comparado ao

estudo que leva em consideração os números de 2010. As demais categorias mantiveram-se estáveis em relação ao ano anterior. Ricciardi observa que, entre as variáveis, o indicador de sustentabilidade será considerado, comparativamente, apenas a partir dos dados de 2012, em função da redefini-ção, pela ONU, dos indicadores que o compõe, o que dificultou a análise com relação ao ano anterior.

Continuam chamando a atenção, assim como na pesquisa anterior, alguns indicadores que de-monstram a necessidade de mais esforços, além das providências que vêm sendo adotadas, em especial do governo, para alterar este quadro. En-tre os mais importantes, estão o IDH, a renda per capita e o coeficiente de Gini, além de educação e saúde. Roberto Vertamatti, presidente do Conselho de Administração e responsável pelo Índice ao lado de Ricciardi, afirma que, sem melhorias especial-mente nestes indicadores, o Brasil permanecerá na situação atual, com um PIB de US$ 2,1 trilhões que classifica o país entre as principais economias

Indicador ANEFAC compara Brasil a países do G20 com base na correlação entre indicadores econômicos e sociais

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do mundo, mas com um PIB per capita de US$ 10.162 por habitante/ano.

“Se olharmos na individualidade da população, encontramos uma realidade diferente daquela de um país que possa ser considerado 6a economia mundial. Isso significa que, sim, o pais é forte, mas a distribuição de renda ainda precisa melhorar mui-to. Para medir o desenvolvimento de um país, o PIB per capita é um indicador muito mais importante que o PIB”, aponta Vertamatti.

“Podemos ser a 6a economia em termos de rendimento bruto, mas quando olhamos pelas perspectivas da ONU na me-dição do IDH, não percebe-mos o mesmo desempenho do país”

BRASIL 2010 x BRASIL 2011Comparativo do Brasil 2010 X 2011, sendo que quanto menor a posição melhor:

RANkINg gERALComparativo 2010 X 2011 dentro dos países do G-20, as flutuações representam a alteração da posição dos 19 países em cada ranking

Além do IDH, o coeficiente de Gini, que mede a distribuição de renda da população, também chama atenção. Em relação ao G20, o Brasil fica em 17ª posição no ranking de classificação, somente à frente da África do Sul e Índia. “Temos, nos últimos 15 anos, inegavelmente, reduzido internamente o coeficiente de Gini, no entanto, no contexto das nações ocupamos ainda a 117ª posição, mostrando efetivamente que a distri-buição de renda continua muito deficiente em

Gianni Riciardi (ANEFAC)

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18 revista ANEFAC • Maio/Junho 201218 revista ANEFAC • Maio/Junho 2012

inside

nosso país, apesar da melhoria ocorrida nos anos recentes”, observa.

Por outro lado, a pesquisa destaca uma melhora importante com relação à desigualdade de gênero (Gender). Outro indicador em que o Brasil continua com destaque positivo é o da sustentabilidade, em que são apresentadas baixas taxas de emissão de carbono, assim como um alto percentual do território protegido.Vertamatti aponta dificuldades grandes e desafiadoras. “Nesta grande tarefa, todos devem contribuir: governo, indústriais, igrejas, associações, pois para construir uma nação desenvolvida, é necessário desenvolver o cidadão como um todo”, considera. Com relação às perspectivas para 2012, tendo como base os resultados do Índice ANEFAC, Vertamatti aponta a necessidade de uma nova fase no que diz respeito à educação, com novos progra-mas, novas premissas de ensino e mais recursos destinados à área. “Sem este novo programa, definitivamente, não conseguiremos ser um país desenvolvido no futuro”, declara.

>>O estudoO Indicador ANEFAC dos países do G20 tem como responsáveis Gianni Ricciardi e Roberto Vertamat-ti, que iniciaram sua produção em 2011, tendo como base os indicadores de 2010. A partir desta segunda edição, o estudo passa a ter um caráter contributivo para o desenvolvimento do país a partir da análise comparativa, que norteia os principais focos de atenção para que o Brasil converta o bom momento econômico pelo qual está passando em desenvolvimento social. “É preciso equilibrar o cres-cimento econômico com o desenvolvimento social”, afirma Ricciardi.

Para Vertamatti, o Indicador ANEFAC assume o status de contribuição anual da associação para o governo e a sociedade. “A intenção, evidentemente, não é criticar, mas sim apontar claramente os diver-sos indicadores em que o Brasil precisa melhorar para se tornar um país desenvolvido”, aponta. Para ele, os benefícios deste trabalho inédito já podem ser sentidos, principalmente, pela crescente cons-cientização da sociedade e do governo sobre uma nova postura para levar o país a um patamar mais elevado de desenvolvimento.

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“Os indicadores são reflexos de tudo o que fa-zemos no país. Ou seja, qualquer movimentação dos indicadores reflete as atitudes de cada um dos agentes econômicos de nossa sociedade”, diz. Para Ricciardi, a principal contribuição desta pesquisa é comparar o Brasil com os países corretos e a partir de indicadores coerentes com a realidade da população.

De acordo com ele, o trabalho envolvido na produção do Índice dura cerca de dois meses. O processo se inicia com a coleta de dados publica-dos pela ONU, que consolida indicadores de fontes diversas, entre as principais, os próprios países e seus bancos centrais. Ocorre então a transcrição cuidadosa dos dados obtidos no endereço eletrô-nico da ONU para uma planilha, onde é aplicado o método Sigmark a todas as variáveis. O método traduz o significado dos números, gerando resultan-tes de medidas de diferentes naturezas.

Cada número apresentado pelo país é compara-do com os demais números, transformado em uma

escala de 0 a 10 conforme a distância contada em desvios padrões de afas-tamento em relação à média, sendo o número 5 a posição central, resultando na escala Sigmark.

Cada variável é correlacionada com o IDH, e as resultantes são classificadas em rankings dentro de cada categoria. Só então é criado o ranking geral. A partir destas classificações, é possível desen-volver a análise comparativa, resultado final do estudo.

Ricciardi afirma que a cada ano o estudo ganha mais consistência em função do aumento da base comparativa com os anos anteriores. Ele considera ainda que, mesmo que a ONU altere a composição de indicadores, em alguns casos, de ano para ano, a resultante obtida no estudo continua sendo comparável em função do uso da correlação como peso comparativo.

Roberto Vertamatti (ANEFAC)

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ideias & inteligência

Investir em ações de marketing nem sempre está nos planos de pequenas empresas. Mas para crescer e ter resultados palpá-veis, explorar a marca e a exposição de seus produtos é um diferencial competitivo fundamental. O primeiro passo é dimensio-

nar o tamanho da verba disponível para divulgação. Com faturamento menor, normalmente as pequenas companhias não possuem um departamento de co-municação estruturado. Mesmo assim, é importante traçar um plano de ações.

Segundo o empresário e economista Luis Fernan-do Klava, o parâmetro mais comum para definir o orçamento é um percentual das vendas atuais ou

desejadas. Depois, é preciso fazer uma provisão para o ano, considerando que esse tipo de investimento não é de curto prazo e a divulgação da marca não deve ser trabalhada uma única vez, a partir de um

único anúncio, por exemplo. A comunicação deve ser trabalhada diariamente, independente do porte da companhia. Com o tempo, o tipo e a intensidade das estratégias vão se modificando.

Para Márcio Iavelberg, sócio da Blue Numbers, consultoria especializada em pequenas e médias empresas, antes de pensar em ações de marketing, a empresa tem que se preocupar em solidificar sua marca e ter um bom conceito visual. “É fundamen-tal ter um site bem feito e assinatura eletrônica no e-mail, por exemplo. É muito importante para transmitir uma imagem profissional do negócio”, diz.

Para ter foco e não desperdiçar tempo e recursos, conhecer o público-alvo é primordial . Para isso, uma pesquisa de opinião pode revelar informações preciosas que ajudarão a compor a estratégia de

divulgação. Segundo Iavelberg, traba-lhar o marketing de uma marca sem saber qual é o perfil do consumidor quase sempre acarreta investimento em mídias erradas. “Não adianta anunciar na revista mais famosa de negócios só porque ela tem um bom nome no mercado se o público consumidor do seu produto não tem o costume de ler aquela publicação”, explica.

Outro erro cometido por pequenas empresas é a aposta em um único canal de comunicação. Atualmente, existe uma infinidade de mídias concorrentes com público-alvo específico. Por isso, dificilmente uma só vai conseguir atingir o número necessário de pessoas. “A empresa deve procurar diversificar sua

marketing para pequenas empresasMesmo com orçamento limitado, é possível divulgar a marca e ter bons resultadosPor Carolina Andrade

Acima, Luis Fernando Klava. Ao

lado, Flavio Horta (Digitalks)

“Não adianta anunciar na revista mais famosa de negócios só porque ela tem um bom nome no mercado se o público consumidor do seu produto não tem o costume de ler aquela publicação”

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exposição e investir um pouco em cada mídia para identificar de onde vem o melhor resultado. O marke-ting digital, por exemplo, oferece muitas opções e cabe à companhia identificar em qual deles sua divulgação surte o melhor efeito”, explica Flavio Horta, diretor da Digitalks, agência especializada em marketing digital.

Apostar em mídias especializadas é uma das opções que mais combinam com orçamentos limi-tados. Além de mais baratas, costumam trazer um retorno rápido porque atingem o público desejado imediatamente.

Atuar em mídias sociais também deve estar nos planos de qualquer empresa que deseja aproveitar a explosão da Internet para expandir os negócios. Com o aumento do acesso à banda larga, redes como Facebook e Twitter ganharam ampla exposição no Brasil e funcionam como uma vitrine interativa para os produtos. “Hoje em dia, toda empresa precisa participar das redes sociais. Mesmo que ela não queira, já está lá porque, certamente, tem alguém falando sobre ela na Internet. Mas o importante não é a quantidade de seguidores que a empresa possui porque isso não se converte em vendas. É preciso um trabalho focado de marketing para que as pessoas conheçam sua marca através das redes e saibam o que seus produtos podem fazer por elas”, explica Horta.

O mais interessante das mídias sociais, segun-do Iavelberg, é a possibilidade de participação da empresa em grupos que fazem parte do público de interesse de seu produto.“Não é uma aposta de que aquela ação vai atingir o consumidor desejado. É possível entrar nas comunidades certas, sem erro. É uma forma muito ágil de atingir o cliente final. E com o boca-a-boca digital, o retorno acontece muito rápido”, diz.

Na Internet, uma forma de marketing conde-nada por alguns é o uso de pop-ups e banners. Mas para especialistas, mesmo assim, esse tipo de divulgação gera resultados de forma indire-ta. “Esse tipo de ação visa martelar a marca na cabeça do público, que toda vez que abre o site se depara com aquele anúncio. É uma ação institucional, que gera uma receita posterior”, explica Iavelberg.

>>Oito passos para divulgar sua marca:

1 Otimize o site da empre-sa para que ele apareça

com destaque na busca do Google. Não se paga para aparecer entre os primeiros resultados do buscados, mas é possível contra-tar uma consultoria para analisar o site e dar opções sobre como a empresa pode melhorar sua presença na Internet e, assim, ficar entre as páginas mais acessadas;

2Invista em links patroci-nados que aparecem na

busca do Google;

3Tenha um e-mail marke-ting, mas não atire para

todos os lados se não quiser ir direto para a caixa de spam, o que só atrapalha a imagem da empresa. O ideal é montar uma lista de pessoas interessadas em receber notícias sobre sua empresa e seu produto;

4Invista em mídias so-ciais, uma das que mais

dá retorno para as empre-sas hoje em dia. Primeiro, monitore como sua marca aparece na Internet e o que o consumidor diz sobre ela. Ter um planejamento de como atuar nas mídias so-ciais é fundamental porque funcionam como um canal de atendimento também. No

Twitter e no Facebook, por exemplo, a empresa pode interagir com os consumido-res respondendo a pergun-tas e reclamações;

5Aposte nas tradicionais mídias online. Anun-

ciar em banners e pop-ups ajuda a fixar a marca na mente dos consumidores. Funciona como uma ação de branding;

6Construa uma boa imagem da empresa

na Internet através de um site chamativo e perfis bem estruturados nas redes sociais;

7Invista na produção de conteúdo para celular

e tablets. A linguagem de mobile é diferente da usada em Internet e é preciso ter uma comunicação alinhada para transmitir o conteúdo de forma assertiva;

8Compare os resultados das ações de marketing.

Existem softwares e pro-fissionais responsáveis por identificar em qual mídia a empresa obteve o melhor resultado. A partir disso, é possível eleger quais foram as melhores estratégias e eliminar gastos com ações que não tiveram sucesso.

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pesar do clima de incerteza mundial, o Brasil é o 2o país mais otimista com a economia local, segundo o International Business Report, ranking mundial elabo-rado pela Grant Thornton Inter-national. “Uma série de fatores

contribui para este resultado. O Brasil passou a ser a bola da vez há algum tempo porque vai sediar a Copa de 2014 e fará um investimento muito alto em infraestrutura para o evento, o que aquece a eco-nomia. Além disso, a recente medida provisória que desonera a folha de pagamento trouxe novo ânimo para os empresários”, analisa Leandro Scalquette, sócio da área de tributos da Grant Thornton.

A medida provisória que Scalquette se refere é a MP no. 563, anunciada em abril pelo governo federal como parte do plano Brasil Maior, que contempla uma série de medidas de estímulo à economia e incentivos ao setor produtivo, entre eles, alguns benefícios fiscais para as indústrias.

As empresas dos setores de calçados e couro, móveis, plástico, têxtil, confecções, material elétrico, autopeças, mecânica, naval, aérea, de fabricação de ônibus e de bens de capital contribuirão sobre o valor

A

finanças

PERCENTUAL DE EMPRESAS QUE CITAM GRANDES EVENTOS ESPORTIVOS COMO FERRAMENTAS IMPORTANTES PARA ATRAçãO DE INVESTIMENTOS

da receita bruta com a alíquota de 1%, até o fim de 2014. Tal medida substitui a contribuição previden-ciária patronal de 20% sobre a folha de pagamento.

Outro ponto da MP 563 que proporcionou o aumento da confiança do empresariado brasileiro na economia do país é o que diz respeito ao preço de transferência, que são as margens de lucro com operações de importação e exportação de produ-tos através do calculo do IR (Imposto de Renda) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). Pelas novas regras, os impostos serão calculados de outro modo, o que deve ser positivo para os contribuintes e evita que as empresas nacionais remetam seus lucros ao exterior para pagar menos tributos. “A discussão sobre o preço de transferên-cia já corre nos bastidores empresariais há muito tempo. O objetivo do governo é que as empresas convertam esses benefícios em crescimento para o país e aumento do emprego. Veio na hora exata”, explica Scalquette.

Para o diretor financeiro e de relações com inves-tidores da Alpargatas, José Roberto Lettieri, essas medidas ainda não são suficientes para impor um ritmo de crescimento maior ao Brasil e este otimis-mo todo precisa ser avaliado com cautela. “Quando se fala em otimismo, estamos vendo apenas um lado da moeda. Não adianta só pensar em poten-cial de crescimento das empresas e da economia como um todo se o país ainda tem problemas de ordem política, social e econômica. Sem algumas reformas, principalmente tributária, o Brasil vai ficar para trás enquanto países como Coréia estão despontando e ganhando produtividade”, diz.

Segundo o relatório da Grant Thornton, 86% dos empresários brasileiros estão otimistas com a eco-nomia nos próximos 12 meses. O resultado reflete uma alta de 12 pontos percentuais em relação à última pesquisa. À frente do Brasil está o Peru, onde o empresariado mostra 90% de otimismo em relação à economia. O estudo considerou a opinião de 11.500 empresas de 40 países.

Outros países que também estão satisfeitos e animados com o futuro são: Emirados Árabes (84%),

executivOs estãO Otimistas cOm a ecOnOmia

Fonte: Grant Thornton IBR 2012

Relatório internacional da Grant Thornton aponta Brasil como

2o país mais otimista no mundo com a economia local

Por Carolina Andrade

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revista ANEFAC • Maio/Junho 2012 23

Filipinas (82%), Geórgia (78%), Índia (74%), Chile (68%), Alemanha (64%) e México (62%). Na Tailân-dia, houve o maior salto no resultado: no trimestre anterior, a expectativa com a economia do país era negativa (-52%) e passou para 8%, um crescimento de 60 pontos percentuais. Por outro lado, o país mais pessimista é a Espanha (-71%), seguida por Japão (-53%) Grécia (-52%), França (-39%), Bélgica (-36%) e Holanda (-24%).

Entre os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o otimismo cresceu sete pontos per-centuais e atingiu 41%, enquanto na América do Norte o otimismo cresceu 41 pontos percentuais e alcançou 47%. Na zona do euro, os países apre-sentaram uma elevação de sete pontos percentuais na comparação com o quarto trimestre de 2011, para 41%. Nesta região, fortemente afetada pela crise mundial, o sentimento de otimismo cresceu e passou de -16% para -4%.

“Claro que o Brasil parece muito melhor quando comparado com a situação dramática de alguns países europeus. Mas, de todo modo, a economia brasileira tem apresentado sinais consistentes de aquecimento. Muitas empresas estrangeiras estão vindo ao país, aumentando os investimentos, e a previsão é de que o Brasil torne-se um canalizador de negócios”, explica Scalquette.

Para 2012, as expectativas dos economistas para o Brasil são muito boas. Segundo especia-listas, o PIB (Produto Interno Bruto) deve crescer 3%, e a inflação deve ficar controlada por volta de 5%, dentro da meta de 6,5% estabelecida pelo governo. Para Lettieri, a desaceleração da inflação reflete a retenção do consumo no Brasil. A inflação de serviços e de bens de capital foi extremamente alta em 2011 e, mesmo com a alta nominal dos salários no período, o consumidor está segurando as compras porque a conta não fecha.

Mesmo com a retração, o executivo avisa que o varejo ainda tem muito espaço para crescer no país. “O Brasil tem uma cultura muito forte de consumo e é difícil frear de uma vez. Mas, assim como aconteceu em 2011, as marcas mais tradicionais levarão vanta-gens porque as pessoas deixarão de comprar produtos para testar”, avalia. Na Alpargatas, as perspectivas são positivas. O plano de crescimento atual da empresa prevê que a receita passe dos atuais R$ 2,6 bilhões para R$ 5,5 bilhões em 2015.

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José Roberto Lettieri (Alpargatas)

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24 revista ANEFAC • Maio/Junho 2012

administração

Está em discussão na Câmara dos Deputados um texto substitutivo ao Projeto de Lei 4330/04, pro-posto pelo deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que trata da regula-mentação do trabalho terceirizado

no Brasil. O novo documento, feito pelo deputado Roberto Santiago (PSD-SP), cria facilidades para o processo de contratação de terceiros por emprega-dores e defende, por exemplo, que a terceirização seja liberada para todas as atividades. Atualmente, a constituição brasileira permite que apenas as “ati-vidades meio” das empresas tenham mão-de-obra terceirizada. Ainda não existe nenhuma lei do tipo no Brasil, o que tem contribuído para o aumento de ações trabalhistas e prejuízo das empresas.

“O objetivo da regulamentação é reduzir os erros na interpretação do trabalho terceirizado. Hoje em dia, juízes entendem de uma forma, empresas de outra, trabalhadores têm sua visão e sindicatos têm seus pleitos. É impossível chegar a um consenso”, afirma Livio Giosa, diretor de relações governamen-tais da ANEFAC e presidente do Centro Nacional de Modernização Empresarial (Cenam).

A terceirização de mão-de-obra é usada no mundo desde a década de 1980 com base no código civil comercial. No Brasil, os primeiros se-tores que a usufruíram foram o automobilístico e o bancário. Os trabalhadores que eram funcionários contratados pelas montadoras foram demitidos ou transferidos para empresas que prestavam serviços terceirizados. Quem era segurança, por exemplo, e foi trabalhar em uma empresa prestadora de servi-ços do gênero, foi obrigado a se filiar ao sindicato

de trabalhadores ligado a segurança, e não mais ao sindicato dos metalúrgicos. E assim aconteceu com todas as áreas.

Com essa troca, os sindicatos perderam asso-ciados e criou-se um mal estar entre as empresas e as entidades, contribuindo para a criação do estigma de que a terceirização não era uma boa saída. O advogado e secretário de Organização da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Miguel Pereira, avalia que é preciso ter cuidado quando se fala da terceirização para que o trabalhador não seja tratado como uma mercadoria. “Muitas vezes, o que algumas empresas chamam de terceirização é a pratica ilegal de intermediar mão-de-obra. As

terceirizaçãO em pauta

Revisão de projeto de lei sobre mão-de-obra terceirizada gera conflitosPor Carolina Andrade

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revista ANEFAC • Maio/Junho 2012 25

e as leituras de contas da Eletropaulo e Sabesp. E o resultado é muito positivo e ágil”, afirma.

Sílvia Martins, proprietária da Mapea RH, con-sultoria de Recursos Humanos, afirma que, apesar das correntes de retrocesso, a terceirização é um fato que veio para ficar no país e o que mais aflige os envolvidos é a insegurança jurídica. “Hoje são muitos projetos sobre a terceirização transitando pelo governo e isso impede que haja uma regula-mentação”, explica.

Ambientada com a prestação de serviços para o setor de tecnologia, Sílvia afirma que o segmento é um dos que mais terceiriza serviços e sofre com a falta de leis. Bancos em geral requisitam muitos serviços de tecnologia, até porque é um diferencial competitivo para eles. Em compensação, o uso de profissionais terceirizados costuma trazer muitos problemas jurídicos. “O risco trabalhista individual é muito grande. Muitas vezes, os funcionários ter-ceirizados de áreas de tecnologia e segurança, por exemplo, entram com ação trabalhista pedindo que o banco reconheça a atividade dele como bancá-rio porque essa função tem muitas vantagens na legislação em relação a outras profissões”, alerta.

Miguel Pereira ressalta que a terceirização tam-bém gera problemas aos empregados. Segundo ele, quando contratadas, algumas empresas não cumprem contratos e a consequência é o prejuízo para o funcionário, que fica sem direitos trabalhis-tas, previdenciários e rescisórios. De acordo com Giosa, na maioria dos casos, o descumprimento de contratos acontece justamente pela política de contratação pelo menor preço. Isso afeta a quali-dade dos serviços prestados e contribui para que a empresa fique com menos recursos disponíveis para executar bons serviços.

Apesar de os sindicalistas defenderem que a tercei-rização pode ter um impacto social muito grande com o corte de empregos formais, Sílvia afirma que, com a regulamentação do terceiro, o mercado de trabalho deve ficar aquecido. “A partir do momento que as empresas ganham segurança jurídica na contratação de terceiros e ficam certas de que terceirizar serviços não se transformará em um passivo oculto para elas, certamente o número de contratações vai subir, o que aquece a economia como um todo”, conclui.

empresas terceirizam para diminuir custos com salários e aumentar o lucro”, diz.

Giosa explica que houve uma corrente de pensa-mento que dizia que a terceirização era o mesmo que precarizar os direitos do trabalhador. Mas, segundo ele, isso se deve à falta de conhecimento sobre o assunto. Em 1993, a Lei no. 8666, que rege os processos de licitação no país, obrigou as empresas públicas a con-tratarem serviços pelo menor preço. “Os prestadores de serviço começaram a pensar que, se tivessem que receber menos, teriam que reduzir os benefícios para os funcionários. Foi aí que surgiu o termo precarização”, conta. A partir disso, muitos funcionários entraram com processos trabalhistas contra as empresas, as quais quebraram porque não tinham como se manter vendendo serviços por preços extremamente baixos.

Hoje, o Brasil tem milhões de processos do tipo em andamento e 70% deles são ligados a em-presas que prestavam serviços para companhias públicas. Na avaliação de Giosa, o setor público tem sido o grande vilão da economia em função da centralização econômica e tamanho da máquina administrativa, que se reverte em impostos eleva-dos para a sociedade. “Para buscar a excelência pública, a terceirização é a solução mais eficiente e econômica. O Brasil tem alguns bons exemplos disso. São terceirizados o serviço de guincho da CET

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contabilidade

refOrma eficienteCom Centro de Serviços Compartilhados, Carrefour ganhou eficiência e reduziu custosPor Carolina Andrade

Quando chegou à Direção de Admi-nistração e Contabilidade (DAC) do Carrefour, o administrador de empre-sas Emerson Weslei Dias visualizou um cenário conturbado e recebeu a missão de melhorar a contabilidade

da empresa no Brasil. O processo de comunicação com a matriz, na França, era difícil, havia atraso no cronograma, falta de procedimentos e problemas com auditoria. A empresa possui mais de 15 mil lojas e escritórios em 35 países, o que dificultava a unificação de procedimentos. No total, são 475 mil funcionários e 15 negócios administrados.

“Na época, para tentar resolver o problema, o Carrefour decidiu centralizar muitos processos, mas sem métodos e, por isso, qualquer tarefa simples tornava-se algo complexo de fazer”, conta. Dias analisou, durante muito tempo, a forma como os processos eram realizados em sua área e definiu um plano de ações. O sucesso foi tão grande que, mais tarde, foi destacado para reformar outros de-partamentos e aplicar melhorias gerais. “O foco do meu trabalho era aumentar os ganhos de qualidade e produtividade, que o próprio grupo entendia que estava em falta. Optamos por transformar a área

administrativa em uma central de serviços colabo-rativa ao negócio”, lembra.

As mudanças ainda não foram totalmente concluí-das, mas em três anos, o Carrefour já obteve a redução de 50% nos custos com importação, 20% nos gastos com contabilidade, além da otimização de recursos humanos, que gerou corte de um terço da equipe.

O projeto contemplou modificações em três áreas: estrutura, pessoas e processos. Apesar de as unidades possuírem sistema de operação e negócio independentes, o back office do grupo era centralizado. “Nossa inquietação estava diante de muitas áreas, como importação, jurídico, recursos humanos, financeiro, entre outros. Não sabíamos se os processos eram eficientes, se tinham indi-cadores de acompanhamento e sistemas que os apoiassem”, explica.

Para chegar ao modelo de melhoria proposto, alguns indicadores de processos e resultados foram levantados para sinalizar e buscar a origem dos problemas. Estes mesmos indicadores contribuem para mostrar o desempenho do negócio, analisar os resultados, tomar decisões com maior segurança e, sobretudo, aumentar a interação entre as diversas funções dentro da empresa. “Quando um plano

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deste nível é implementado, é necessário pontuar quais comportamentos e objetivos o grupo causa em seus funcionários e quais deveria causar. Isso é importante para definir onde se quer chegar”, diz.

A estratégia principal foi a criação de um Centro de Serviços Compartilhados (CSC) - uma organi-zação baseada em processos que presta serviços para várias unidades de uma ou mais empresas. Primeiro, foi feita a implantação do projeto piloto na contabilidade e analisados a metodologia, o impacto na companhia e os resultados. Depois, a estratégia seguiu para outros setores. “Mudamos a cultura do grupo de administração para prestação de serviços principalmente para enxergar o ponto de encontro do grupo com seus clientes e ouvir a necessidade deles”, afirma.

Muitos funcionários foram alocados ou subs-tituídos, outros foram treinados para mudar de função. Dentro do processo de governança, era preciso regular, controlar e gerir os resultados, desenvolver profissionais para buscar soluções e fornecer serviços de qualidade dentro do prazo. O grupo implementou o “Gestão à vista”, um projeto que prevê a instalação de painéis de televisão em cada departamento para transmitir indicadores de medição de resultados e analisar a performance dos processos. “Com um problema definido, é preciso divulgar a todos o desafio da melhoria, para que os envolvidos possam acompanhar o seu desempe-nho. É uma forma de facilitar a comunicação com a equipe”, explica.

Este programa traz muito mais benefícios do que parece teoricamente, segundo Dias. De acordo com ele, além da divulgação de dados para um grande número de pessoas simultaneamente - prática que ajuda a estabelecer o compartilhamento do conheci-mento, esta estratégia ainda estimula a competição sadia e promove um feedback dos resultados. Nesta mesma linha, a empresa implementou o “Pit Stop Mensal”, uma avaliação periódica de algumas pes-soas da equipe. “Esse método aumenta a eficiência do trabalho dos funcionários e o tempo de resposta diminui”, avalia.

A interação dos líderes com sua equipe também foi reforçada no Carrefour. Dias explica que a cria-ção de uma agenda gerencial com os líderes, para

assegurar momentos com sua equipe, foi a forma encontrada para identificar fatos que possam ser trabalhados preventivamente, além de gerar moti-vação, envolvimento e desenvolvimento. Do mesmo modo, o grupo criou espaços para que houvesse um envolvimento das categorias de base na trans-formação das áreas.

Na parte de infraestrutura, o Carrefour apostou na melhoria dos sistemas. O sistema utilizado na unidade brasileira é gerenciado pela França, por isso, a empresa estabeleceu uma linha de comuni-cação única, com monitoramento das ações através de teleconferências quinzenais ou semanais para permitir maior conectividade entre as pessoas e os objetivos.

Em um grupo tão grande, o acompanhamento periódico dos resultados é essencial para que o foco do trabalho não se perca. “Não basta reunir a equipe toda semana ou todo mês para ler rela-tório de resultados. É preciso que estes encontros tenham um objetivo e resultem em melhorias para a empresa. Ou seja, as informações extraídas das reuniões devem ser consolidadas e analisadas. Os coordenadores precisam ter participação efetiva nesses encontros para discutirem os desvios mais importantes e pensarem em novas estratégias para reformular o que não está dando certo”, defende.

Para chegar nesta integração, o Carrefour inves-tiu fortemente em tecnologia. A estratégia foi crucial para compartilhar sistemas, melhorar o nível de atividades transacionais e viabilizar o atendimento de alta performance. Com a implementação do centro de serviços, o Carrefour aumentou a sinergia entre as áreas de infraestru-tura, tecnologia, processos, método e pessoas, obteve ganho de escala, reduziu tempo, esforços e custos, padronizando muito mais que os procedimentos. O resultado principal destas iniciativas foi a conquista de uma maior eficiência, que ultrapas-sou os limites internos e foi percebida, principalmente, pelos clientes.

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carreira

nOvas perspectiva s nO gerenciamentO de carreira

ANEFAC e Fipecafi mostram como profissionais devem se

preparar diante das mudanças no conceito de carreira

Por Jennifer AlmeidaP

rofissionais das áreas de finanças, ad-ministração e contabilidade reuniram-se na manhã do dia 20 de abril, no auditório da Fipecafi (Fundação Insti-tuto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), em São Paulo, para

o workshop ANEFAC Carreira Fipecafi – “Desafios e Competências para uma Carreira de Sucesso”. Na ocasião, os participantes souberam como en-trar, permanecer, progredir e expandir o prazo de permanência corporativa, levando em conta o que

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foi considerado um fator fundamental - encontrar felicidade no trabalho.

Os palestrantes José Augusto Minarelli, pre-sidente da Lens & Minarelli, e Geise Costa Trintinalia, gerente de Cultura Organizacional da Serasa Experian, abordaram questões ligadas ao gerenciamento de carreira ao se desenvolver com-petências técnicas da profissão combinadas com elementos como comunicação, marketing pessoal e networking.

“O tema desperta bastante interesse junto aos profissionais porque o mundo em que vivemos hoje é muito mais competitivo e o nível de exigências em relação a resultados e competitividade aumentou”, destacou Luiz Everardo Muezerie, da Diretoria de Carreira da ANEFAC. A Diretoria materializa, como informou, a preocupação da Associação com o tema. “Em 2010 ampliamos o leque de serviços implantando o ANEFAC Carreira, uma ferramenta de web que funciona como um canal de comunicação entre as empresas e os associados, de forma que as companhias possam identificar talentos e os profissionais possam identificar oportunidades de trabalho”, explicou.

Para Rubens Lopes da Silva, membro do Conselho e diretor de Parceiras da ANEFAC, a combinação de profissionais experientes com aqueles que estão ingressando no mercado de trabalho é um dos pro-pósitos da parceria da Associação com a Fipecafi, a qual se materializou no MBA Controller.

A Professora da Fipecafi, Nancy Assad, afirmou que, hoje em dia, muito mais do que ter uma for-mação, é preciso ter competências, principalmente, para fazer a gestão da carreira.

nOvas perspectiva s nO gerenciamentO de carreira

>>Na práticaCom experiência na área de outplacement, José Augusto Minarelli afirmou que poucas pessoas en-tendem a lógica do mercado de trabalho. Segundo ele, de um modo geral, as pessoas têm medo de venderem a si mesmos ao mercado. “Reformulem isso. Vender é um ato nobre, é oferecer ajuda ao outro para resolver o problema dele”, advertiu. Para ele, é mais fácil para um profissional falar bem da empresa em que atua do que de si mesmo.

De acordo com o executivo, as pessoas devem cultivar permanentemente a condição de serem contratadas. Trabalhar com o que gosta ou tratar de gostar para fazer bem feito é, na visão de Minarelli, estar atento às exigências do mercado. Além das competências técnicas e tecnológicas, ele acredita que ter atitudes adequadas, ser comunicativo e estar na memória das pessoas são pontos signifi-

cativos de marketing profis-sional. “Quem eu conheço ou quem pode me recomendar é o principal meio de acesso a novas experiências profissio-nais”, opinou.

Um dos pontos ressal-tados por Minarelli foi o de encarar o networking como uma atitude e não como uma técnica de solução de problemas. O presidente da Fipecafi, Iran Siqueira Lima, disse que se tornar conhecido no ambiente profissional é muito inte-

As pessoas devem cultivar

permanen-temente a

condição de serem contra-tadas. Traba-

lhar com o que gosta ou tratar de gostar para fazer bem feito é estar atento às exigências do mercado

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ressante para a carreira. “É chocante quando não há mais demanda para aquilo que fazemos, precisamos acompanhar a evolução das deman-das do mercado”, orientou Minarelli ao elencar os cuidados no gerenciamento da carreira. Ser ético, preocupar-se com a saúde física, mental, espiritual e “no mínimo, crer para poder ver as coisas acontecerem”, complementou.

Geise Costa Trintinalia, gerente de Cultura Or-ganizacional da Serasa Experian, compartilhou a experiência da empresa na palestra “Felicidade no

carreira

Trabalho – Significado e Propósito para as Pesso-as”. Ela destacou que a Serasa Experian enxerga o profissional como um ser humano indivisível, ou seja, o desenvolvimento das pessoas se dá por duas vertentes: pessoal e profissional. “Hoje em dia, o esforço das pessoas é pela busca de serem mais felizes. Um resultado de alta performance é gerado por um ambiente de trabalho propício”, explicou.

Uma das ferramentas utilizadas pela Serasa Experian para medir a felicidade no ambiente de trabalho é a pesquisa global de engajamento. Rea-lizada a cada três meses, a pesquisa preocupa-se em saber o quanto os funcionários estão felizes em trabalhar na empresa, na sua área e por trabalhar com o seu líder. Para Trintinalia, pessoas felizes são profissionais melhores e têm maior probabilidade de engajamento.

As constatações da pesquisa apresentada por ela mostram 84% de engajamento dos profissionais que trabalham na empresa e nota 8,2 no índice de felicidade. “Sentir que o trabalho que fazem é rele-vante, promover a coesão interna e fazer com que

as pessoas se sintam felizes na Serasa Experian é a linha de desenvolvimento e ações da empresa” revelou a executiva.

O desenvolvimento contínuo dos líderes e dos talentos, assim como o fortalecimento para promover a felici-dade é a receita de sucesso da com-

panhia, atualmente com operação em 40 países. “Trabalhamos na empre-sa um conceito de alta gestão de carreira, onde as pessoas entendem o que elas querem e atuam de acordo com as opor-tunidades oferecidas pela Serasa Experian. Defende-mos que as pessoas têm que fazer suas escolhas para que elas sejam felizes no trabalho e tenham um propósito na atividade que desenvolvem”, concluiu.

Ao lado, Augusto Minarelli (Lens & Minarelli). Abaixo, à esq., Geise Costa Trintinalia (Serasa Experian) e à dir., Luiz Everardo Muezerie (ANEFAC)

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reuniões técnicas

>>Pronunciamentos contábeis em análise

Entre o final de fevereiro e o final de abril, a ANEFAC realizou seis reuniões técnicas, promo-vidas pelas diretorias de Normas Internacionais de Contabilidade, Economia, Controladoria, Estudos Tributários e Processos e Riscos. Entre os temas tratados, estão a crise mundial, pronunciamentos contábeis em audiência pública, pontos de atenção nas demonstrações financeiras, a visão do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) sobre o ágio; e as mudanças nos padrões de auditoria interna.

assuntOs em fOcOPor Carla Legner e Jennifer Almeida

ICPC 18A revisão do ICPC 18 foi a questão apresentada pela diretora executiva de Normas Internacionais de Contabilidade da ANEFAC, Marta Pelucio, na reunião técnica realizada no dia 24 de fevereiro, em São Paulo. Para ela, um dos grandes desafios para o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contá-beis) é a adaptação do controle de Investimentos Societários no Brasil de forma convergente às IFRS (International Financial Reporting Standards). “Este desafio reside no fato de que as demonstrações

contábeis primárias, no Brasil, são as demonstra-ções individuais, contrariamente ao modelo IFRS, no qual as demonstrações contábeis primárias são as consolidadas”, explica.

A Revisão do Pronunciamento Técnico CPC 18 foi para audiência pública em 20 de outubro de 2011, sugerindo alterações unicamente nos itens 22A a 22C. De acordo com Marta, houve a proposta de não eliminação dos resultados nas demonstrações individuais de uma controlada quando da venda de

Reunião técnica de normas de contabilidade

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32 revista ANEFAC • Maio/Junho 201232 revista ANEFAC • Maio/Junho 2012

ativos para a controladora ou outras controladas do mesmo grupo econômico.O assunto dividiu opiniões entre os presentes na reunião quanto à melhor saída: ajustar o resultado não realizado, conforme ICPC 18 original ou não ajustar o resultado não realizado, conforme audiência pública.

Para Marta, essas mudanças deveriam ter sido implantadas aos poucos. Após mais de uma hora de debate, aos profissionais resta aguardar o resul-tado para saber se essa revisão será, realmente, aprovada. “Nossa preocupação é que, dependendo das operações existentes entre a controlada e sua controladora e da margem de lucratividade utilizada, essa alteração venha a causar efeitos significativos para as análises de investimentos com base nos dividendos a serem distribuídos”, finalizou Marta.

ICPC 08 E 09A Diretoria de Normas Internacionais de Contabili-dade da ANEFAC reuniu-se também no dia 20 de abril para discutir outros dois pronunciamentos do CPC que estão em audiência pública, buscando entender os pontos polêmicos do ICPC 09, que

>>A crise pelo mundoA primeira reunião técnica de Economia em 2012 discutiu o panorama econômico brasileiro e a crise mundial. O encontro aconteceu no dia 29 de fe-

trata das demonstrações contábeis individuais, e do ICPC 08, sobre a contabilização da proposta de pagamento de dividendos.

Para Marta Pelucio, um grande problema de tra-dução do IAS (International Accounting Standards) para o CPC é a demonstração contábil individual. “A opção do Comitê foi emitir o ICPC 09, uma in-terpretação que não tem um correlato em norma internacional, pois ele é uma realidade brasileira e diz que uma empresa controlada que vai fazer demonstrações consolidadas também deve, na demonstração contábil individual, aplicar o MEP (Método de Equivalência Patrimonial)”, observou.

Na revisão do ICPC 08, o grupo respondeu a seis questões específicas propostas pelo Comitê. Entre elas, se concordam com a previsão contida na minuta do ICPC 08 de que o dividendo obrigatório previsto na legislação societária brasileira ou no estatuto representa, na data das demonstrações contábeis, uma obrigação presente como resulta-do de evento passado. As sugestões deverão ser enviadas ao órgão até o dia 21 de maio. O próximo encontro do grupo será no dia 28 de junho, em São Paulo.

vereiro, em São Paulo, e teve como palestrante o especialista em Economia Aplicada e membro do Conselho de Administração da ANEFAC, Andrew Frank Storfer.

Para Andrew, desde 2006 já se especulava algum tipo de turbulência na economia americana, mas somente em 2008 os indícios de um colapso real-mente foram confirmados. Com a queda do PIB, a ausência de confiança do consumidor, a falta de mão de obra e a enorme queda na construção, 2011 foi um ano difícil, mesmo que no último trimestre tenha apresentado alguma reação, a qual se sustentará durante 2012. Ele ressalta que o setor imobiliário e de construção civil ainda são grandes problemas dentro da economia americana, pois representam uma grande parte da cadeia produtiva. Ainda sobre os Estados Unidos, Andrew destacou como princi-pais problemas o déficit público muito acentuado, o déficit comercial, e o juro baixo.

reuniões técnicas

Reunião técnica de economia

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Na zona do euro, mesmo com medidas mais rígidas - como aumento de impostos, cortes de serviços públicos, aposentadorias e salários de funcionalismo, a situação continua difícil para Gré-cia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália. A Irlanda, que recebeu aporte da União Europeia para evitar o calote, organizou tudo o que podia, mas continua pagando juros elevados. Já a Alemanha foi apontada como o mais estável dos países da região. Para resolver uma crise, Andrew indicou quatro passos: reconhecer o problema, encontrar solução técnica, buscar saída política e ter coragem para implemen-tar as soluções encontradas.

Com relação à China, grande potência da economia internacional, Andrew aponta uma boa reação diante da crise. Seu PIB crescerá menos, mas ainda com vigor, cerca de 8% ao ano nos próximos dois anos. “A lição de casa visa priorizar controle fiscal e da inflação

e aumento sustentado do consumo”, afirma. Diante desse cenário, o economista destaca crescimento mundial baixo com recuperação mais demorada nos

próximos dois anos.Quanto ao Brasil, An-

drew acredita que, agora, o governo tem a chance de implementar ações dentro de planejamento de longo prazo, aproveitando os pró-ximos três anos para ganhar competitividade. “Existe um cenário econômico bastante desenhado, com poucas mu-danças. Por isso, é possível traçar um projeto bastante favorável para o crescimento brasileiro”, concluiu.

>>Contestando o ágioA reestruturação societária e a amortização do ágio têm causado decisões divergentes na interpretação do que é substância econômica ou propósito nego-cial pelo CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), definiu Cassius Carvalho, diretor executivo de Estudos Tributários da ANEFAC, no início da reunião de Estudos Tributários realizada no dia 1º de março, em São Paulo. Gileno Barreto, membro do Conselho Administrativo do CARF e sócio do escritório Loeser e Portela Advogados, falou sobre a visão do Conselho sobre o assunto.

“Estamos no mesmo campo de batalhas lu-tando em conjunto contra alguns abusos da fis-calização”, declarou o advogado. De acordo com ele, nos últimos cinco anos, o Fisco escrutinou ao extremo o ágio, além de criar um arcabouço técnico para contestá-lo. Segundo o advogado, é preciso desmistificar a questão de que uma ou outra reestruturação societária está sendo escrutinada. “Todas estão sendo, inclusive as mais simples”, complementou. Em uma opera-ção simples, o que tem sido visto no CARF é que quando não há nada mais a tratar, o auditor fiscal vai dizer que o ágio pago, quando efetivamente

pago, é desproporcional. “A partir dessas situa-ções mais simples, o que tem sido contestado são as empresas veículos”, relatou.

Sobre o caso Santander, julgado pelo CARF em 2011, Barreto afirmou que o enfoque da operação não foi a incorporação do Banespa pelo Santander, e sim provar que o ágio não estava no Brasil. Para ele, esse é um ponto bastante controverso porque a operação foi feita de forma distinta, seguindo o Programa Nacional de Desestatização, da Lei 8.666 e o regulamento do Banco Central.

De acordo com ele, o movimento normal do Santander seria entrar no Brasil, aportar capital em uma empresa nacional, criar uma holding e então fazer o movimento societário de compra do Banespa. Ao detalhar a operação, ele explicou que o Santander constituiu uma holding, fez um instru-mento de mandato, seus representantes vieram para o Brasil e deram o lance. Internou-se o câmbio na Santander Holding, depois foi feita a OPA (Oferta Pública de Aquisição).

“O ágio encontrou com o lucro e foram feitas as deduções posteriores. Prevaleceu o princípio da legalidade, decidiu-se que o ágio estava sim no

“Existe um cenário econô-mico bastante desenhado, com poucas mudanças. Por isso, é possível traçar um proje-to bastante favorável para o crescimento brasileiro”

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Brasil e poderia ser deduzido”, completou Barreto. Demonstrou-se que não houve simulação e o va-lor do ágio foi comprovado pela OPA. Quanto aos

>>Áreas de atenção das demonstrações financeiras sob a ótica da CVMAna Abreu, da Eduk Brasil, apontou a governan-

ça corporativa como um tema imprescindível. Na opinião de Aragaki, o Brasil ainda está um pouco distante da governança corporativa ideal. No entan-to, não se pode negar que a adaptação para IFRS trouxe uma grande mudança nesta área. Ao se falar da dificuldade de implementação das normas internacionais contábeis nas empresas de capital fechado, a executiva ressaltou que os CPCs para pequenas e médias empresas parecem utopia em função dos altos investimentos.

“Muitas vezes, o controller está sozinho dentro da empresa para discutir questões com outro en-foque que não seja da contabilidade”, considerou, ao dizer que um dos focos das reuniões técnicas é debater questões práticas que ocorrem no dia a dia das empresas. Desta forma, os profissionais presentes ajudam-se mutuamente através da troca de experiências.

>>Mudanças nos padrões de auditoria interna

de Auditoria Interna) foi um dos focos da primeira reunião do Grupo Técnico de Processos e Riscos da ANEFAC, promovida em 17 de abril, em São Paulo. “Somos uma diretoria fomentadora de estudos técnicos em processos, gestão de riscos e auditoria interna e governança corporativa”, apontou Eduardo Nunes de Carvalho, diretor executivo responsável, ao expor os propósitos do grupo.

Os assuntos em pauta incluíram também os prin-cipais pontos da pesquisa PwC 2012 de status da profissão de auditoria interna, definição do calendário para os próximos encontros e temas para as discus-sões futuras, além de convite para o preenchimento de nova pesquisa do IIA, que foca as tendências da profissão do auditor interno.

Segundo Nunes, o IIA está avaliando alguns de seus padrões de auditoria interna, que devem ser aprovados em outubro desse ano.

diversos casos que chegam ao CARF, ele afirmou que o Conselho está analisando cada um de acordo com o conjunto da operação.

A Diretoria de Controladoria da ANEFAC realizou sua primeira reunião técnica do ano no dia 29 de março, em São Paulo. Carlos Aragaki, diretor executivo de Controladoria, conduziu a troca de opiniões e expe-riências entre os participantes. O grupo comentou sobre a divulgação da CVM a respeito das áreas que requerem maior atenção nas divulgações das demonstrações financeiras após a implementação das normas IFRS.

Entre eles, o tratamento do ativo imobilizado e sua vida útil; taxa de utilização para cálculo do AVP; constituição e divulgação de contingências; reconhecimento de receitas; incorporação reversa; e divulgação de instrumentos financeiros derivativos. Um dos pontos ressaltados pelos participantes foi a linguagem utilizada nas notas explicativas. “Parece que fazemos as notas para nós mesmos”, comentou Aragaki, mencionando a falta de clareza na redação das notas.

O estudo das mudanças nas normas de auditoria interna em discussão no IIA (Instituto Internacional

reuniões técnicas

Reunião técnica de processos e riscos

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os membros do Conselho de Administração da ANEFAC e organizadores do 14o Congresso ANEFAC, Clo-vis Ailton Madeira e Rubens Lopes da Silva, participaram do programa Comunicação Executiva, de Reinaldo Passadori, no dia 21 de março, para falar sobre o evento. O programa é veiculado na ClicTv (Portal UOL).

No mesmo canal, o presidente do Conselho de Ad-ministração da ANEFAC, Roberto Vertamatti, discute temas pertinentes ao cenário econômico brasileiro semanalmente no Programa Momento Econômico. O programa vai ao ar toda segunda-feira, às 10h na ClicTV (Portal UOL).

Rubens Lopes da Silva e João Carlos Castilho Garcia, presidente da ANEFAC, membro do Conselho de Administra-ção, participaram de reunião da FACPC (Fundação de Apoio ao Comitê de Pronunciamentos Contábeis) com técnicos do IASB (InternationalAccounting Standards Board) e do FASB (Financial Accounting Standards Board), em São Paulo, no dia 27 de março. Durante a reunião, foram discutidas minutas de futuras normas IFRS, atualmente em audiência pública ou na fase de análise de respostas.

Ailton Leite, vice-presidente de Finanças da ANEFAC, prestigiou a autora Juliana Vianna LacretaGobbi no coquetel de lançamento do volume 6 da Coleção Academia-Empresa, no dia 11 de abril, em São Paulo.

Fernando Viana de oliveira Filho, diretor executivo de Perícias Contábeis e Econômicas da ANEFAC, no dia 20 de abril, palestrou para alunos do curso de graduação em Ciências Contábeis da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) a convite do professor Ivam Ricardo Peleias.

Jorge Augustowski, diretor executivo de Economia da ANEFAC representará a Associação no Congresso Consumidor Moderno de Crédito, Cobrança e Meios de Pagamento, nos dias 8 e 9 de maio, na Fecomercio, em São Paulo. Augustowski será um dos palestrantes na plenária “Afinal de contas, o Brasil pode um dia ter juros realmente baixos? Quando? E como?”, ao lado de Ricardo Loureiro (Serasa Experian); Maílson da Nóbrega (ex-ministro e sócio da Tendências Consultoria); Marcos Lisboa (Itaú Unibanco); e Ademir Losekann (Caixa).

giro diretor

“A grande novidade é que a pesquisa pode ser feita em grupo e tem textos em português, o que comprova a importância do Brasil no cenário global”, afirmou.

Na opinião de Hermann Garbeto Nestlehner, da área de TI da Mosaic Fertilizantes do Brasil, a função do conta-dor e auditor está ligada a éti-ca, “então ele não tem que se eximir de responsabilidade”,

replicou, ao comentar a adição de texto à introdução das normas que sugere que todos os auditores in-ternos são responsáveis por cumprir com as normas relacionadas à objetividade individual, proficiência e zelo profissional devido. Além disso, segundo o texto, os auditores internos são responsáveis por cumprir com as normas relevantes ao desempenho de suas responsabilidades profissionais. O grupo foi unânime em concordar com a mudança.

Ao comentar a alteração à norma 1.110, que tra-ta da independência organizacional, Nunes afirmou que as funções definidas estavam em sentido mais técnico, não abordando o sentido orçamentário. Para ele, a aprovação pelo Conselho do orçamento de auditoria interna e da remuneração do respon-sável pela auditoria interna são bons exemplos de reporte funcional e reforçam a independência da atividade de auditoria interna.

Nunes compartilhou com os participantes os principais pontos da pesquisa da PwC 2012 a respeito da profissão de auditoria interna. Entre os 1.530 executivos de 16 segmentos econômicos provenientes de 66 países, houve um consenso: a crise econômica aumentou os riscos e, conse-quentemente, a importância da auditoria interna. Ele destacou ainda os fatores levados em consi-deração pela pesquisa para que o auditor interno tenha sucesso. Entre elas, pensar e agir estrate-gicamente; alinhar-se com os recursos alocados; compreender os negócios da empresa; contar com especialistas; aconselhar melhorias e boas práticas; construir confiança por meio de diálogos contínuos; e simplificar relatórios.

“Somos uma diretoria

fomentadora de estudos

técnicos em processos, gestão de

riscos e audi-toria interna

e governança corporativa”

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36 revista ANEFAC • Maio/Junho 2012

codim

A iniciativa, considerada única no mercado internacional, reúne 12 entidades representativas do mercado de capitais brasileiro, com dois mem-bros cada uma. A ANEFAC é representada pelo vice-presidente de Contabilidade, Edmir Lopes de Carvalho, e pelo vice-presidente de Relações com Associados, Antonio Carlos Machado. Edmir afirma que, para a ANEFAC, fazer parte do Codim é um marco bastante significativo, pois o Comitê tem feito bons trabalhos junto a outras instituições. “Agora, a ANEFAC pode contribuir formalmente em todas as questões que estão em andamento e as que vierem a ser discutidas no futuro. A ideia é que a ANEFAC possa agregar valor a esse grupo, assim como adquirir conhecimento e experiência”, diz. Para Edmir, a ANEFAC possui, em seu quadro de associados, executivos com muito conhecimento técnico, boa formação acadêmica e experiência profissional. “Isso faz com que possamos contribuir de forma prática e com fundamentos”, considera.

Machado afirma que a ANEFAC destaca-se no mer-cado por manter uma posição acentuada com relação a transparência da divulgação das informações pelas empresas. “Participar do Codim significa poder dar voz à esta posição, atuando diretamente na elaboração de orientações ao mercado que promovam a transpa-rência desejada”, diz. Para ele, a ANEFAC - com mais de 40 anos de associação e mais de mil executivos associados, representantes das empresas de maior destaque no Brasil -, utilizará sua experiência para contribuir com o Codim. “Temos uma base muito rica de associados que poderá ser consultada nos diversos assuntos sob os quais o Codim irá se pronunciar. Com isso, poderemos ter orientações ainda mais consis-tentes com a visão do mercado”, defende.

anefac integ ra grupO de entidades dO cOdimComitê recebe reforços em uma fase de amadurecimento na produção de Pronunciamentos de Orientação ao mercado

Em janeiro deste ano, a ANEFAC passou a integrar o Codim (Comi-tê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado), que inicia seu oitavo ano de atividade. Formado em abril de 2005, então

por oito entidades, o Codim surgiu com o objetivo de orientar as companhias abertas brasileiras no caminho de uma maior padronização das melhores formas de divulgação de informações, contribuindo para o desenvolvimento do mercado de capitais.

Acima, à esq., Haroldo Levy Neto. À

dir., Edmir Lopes de Carvalho. Abaixo, à

esq., Geraldo Soares e à dir., Antonio Carlos

Machado

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>>O CodimDesde seu surgimento, o Codim divulgou 11 Pronun-ciamentos de Orientação (PO) ao mercado. De acordo com os coordenadores Geraldo Soares e Haroldo Levy Neto, o Comitê está entrando em uma fase de maior amadurecimento e de melhor divulgação de seus pronunciamentos junto aos públicos de interesse, entre eles, profissionais de relações com investido-res, administradores de empresas e profissionais de investimentos. “Estamos acelerando a produção e a discussão de novos temas”, destaca Levy.

Do final de 2005 até o final de 2010, foram divul-gados sete POs. Só em 2011, foram mais três. Em 2012, já foi divulgado o PO 11 “Período de Silêncio - Ofertas Públicas de Distribuição: Manifestação na Mídia”; e outros dois pronunciamentos estão em audiência pública: “Comunicação Eletrônica - We-bsite de RI” e “Melhores Práticas para Elaboração e Divulgação do Relatório Anual”. A expectativa é de que, neste ano, sejam produzidos sete pronun-ciamentos. “Ou seja, produziremos em um ano um resultado comparável aos primeiros cinco anos de trabalho”, completa Soares. Além disso, com objetivo de aumentar a visibilidade do Comitê, será realizada a 2a edição do Seminário Codim.

Ao olhar para trás, os coordenadores reconhecem um balanço positivo dos anos de atividade à frente do grupo. “Este Comitê representa o consenso das mais relevantes entidades do mercado de capitais. É impor-tante destacar que não há nada comparável ao Codim no mundo. Em nenhum outro mercado, entidades de classe voluntariamente discutem profundamente os te-mas, abrem para audiência restrita aos seus associados e, finalmente, realizam audiência pública”, aponta Levy.

Ele explica que o processo de trabalho do Comitê passa por um amplo fórum de discussão, em que os participantes contribuem com seu tempo e co-nhecimento, e o mercado de capitais ganha com a orientação das entidades. “Desta forma, ganha-se muita força e credibilidade para que os públicos estratégicos das empresas exijam a adesão cada

vez maior aos pronunciamentos e aos caminhos identificados por esses interessados para a entrega da melhor informação possível”, considera.

De acordo com ele, um reforço que tem ocorrido de forma recorrente são os Ofícios Circulares da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), sugerindo a leitura dos Pronunciamentos do Codim. “Fizemos nestes últimos anos, de forma particular, uma série de recomendações a várias empresas para que corrigissem algumas práticas e seguissem os nossos pronunciamentos. Tivemos muito sucesso na adesão delas”, complementa.

>>A formação do ComitêO Codim nasceu da identificação de práticas inade-quadas de divulgação de informações aos agentes do mercado de capitais pelas companhias abertas brasileiras. Duas entidades, a Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) e o Ibri (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) uniram-se inicialmente para criar um Comitê auto-orientador das melhores práticas de divulgação de informações ao mercado.

Convidaram então, à época, outras seis entidades: Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Aber-tas), Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais); Anbima (Associação Brasileira das Enti-dades dos Mercados Financeiro e de Capitais), Ancord (Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercado-rias), BM&FBovespa (Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuro) e IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). Dois anos mais tarde, foram convidados o CFC (Conselho Federal de Contabilidade) e o Ibracon (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil). Este ano, foram integradas a ANEFAC e a Abrapp, fechando um grupo de 12 entidades.

De acordo com os coordenadores, as entradas de novas entidades são sempre estudadas e discutidas entre todas as entidades-membro para analisar o que pode ser agregado ao Codim com outros profissionais de áreas que representam categorias profissionais com visões e focos diferentes. Outro ponto importante é o interesse que vem sendo demonstrado por certas entidades nas respostas às audiências públicas do Codim. “A ANEFAC se enquadra perfeitamente nestes requisitos, pois colabora conosco desde o início”, conclui Levy.

anefac integ ra grupO de entidades dO cOdim

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perfil

determinaçãO e foco Gennaro Oddone acredita

no esforço e na dedicação para alcançar objetivos pessoais e profissionais

O que determinou o caminho tra-çado por Gennaro Oddone na vida e na carreira foi sua dispo-sição em correr atrás de seus objetivos. O presidente da Tegma costuma dizer que, na vida, tudo

que conquistamos é fruto de 10% a 20% de ins-

piração e 80% de transpiração. “Determinação, foco, traçar bem os objetivos e ter humildade são fatores fundamentais para conquistar aquilo que desejamos”, afirma. Para ele, todos os dias são de aprendizado a partir da convivência com todos

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que estão ao seu redor.“Isso contribui muito para a formação pessoal e profissional. Com humildade, é possível se relacionar bem e desenvolver tudo em conjunto, porque não conseguimos nada sozinhos na vida”, completa.

Graduado em economia com mestrado pela Fa-culdade de Administração e Economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica no Estado de São Paulo), Oddone tem especialização em Finanças pela New York University. É professor de Finanças do curso de Pós-Graduação da USCS (Universida-de de São Caetano do Sul) e diretor do Comitê de Economia, Finanças e Banking da ANEFAC.

Antes de chegar à presidência da Tegma Gestão Logística, há cerca de cinco anos, atuou também como diretor superintendente durante três anos e como di-retor administrativo-financeiro durante cinco anos. Ao todo, são 13 anos de dedicação à companhia, na qual viveu um dos momentos mais marcantes de sua carrei-ra – a oferta pública inicial de ações da empresa, em 2007. “Um trabalho diuturno, um tremendo desafio. Quando você consegue enxergar que aquilo se tornou verdade, a satisfação é muito grande, especialmente por saber que eleva o patamar da companhia, que cria condições de acelerar seu crescimento, aliadas ao fortalecimento da governança e à exposição da companhia ao mercado”, define.

Ele lembra que a ideia do IPO vinha amadurecendo dentro da empresa até que fosse tomada a decisão de dar o pontapé inicial. Dali para frente, foram sete meses de intensa dedicação, dia, tarde e noite, para colocar a companhia na Bolsa. “A Tegma já estava preparada para este processo. Tínhamos um excelente grau de governança, procedimentos de companhia aberta, Conselho de Administração instaurado, audi-toria externa há muitos anos, o que ajudou a queimar etapas a partir da decisão de ir a mercado”, conta.

Oddone passou ainda por cargos de alta gerência em outras empresas. Atuou como diretor de controle e finanças na Panex Indústria e Comércio entre 1995 e 1999; como sócio da Brascon Consultoria e Treinamento entre 1991 e 1995; como diretor administrativo e financeiro da Brazul Transportes de 1988 a 1990; como gerente financeiro da Agro Pecuária Cônsul - empresa do grupo Brasmotor, de 1986 a1988; e como assessor financeiro da

Brasmotor de 1980 a 1985.Hoje, à frente da Tegma, seu principal desafio é

compreender e alinhar os objetivos da companhia. Ou seja, fazer com que a estratégia traçada pelo Conselho em conjunto com a diretoria se torne uma linguagem acessível aos colaboradores, para que todos consigam fazer com que aquela estratégia se torne ação. “Motivar as pessoas a enxergar isso com clareza, olhar para frente e dizer: ‘o caminho que a empresa está trilhando faz sentido para mim

como pessoa e como profis-sional’, é meu principal desa-fio atualmente”, afirma. “Com todos motivados, cria-se uma energia positiva para alcançar os objetivos de médio e longo prazo”, conclui.

Casado com Maria Lucia e pai de dois filhos - Fernando e Helisa, em seus momentos de descanso, Oddone gosta de via-jar e ir à praia com a família. Faz caminhadas com regularidade para recarregar as energias físicas e mentais, e gosta de leituras, desde revistas e livros técnicos até biografias e livros com enfoque histórico.

Maria Lucia e Genaro Oddone

“Motivar as pessoas a enxergar isso com clareza, olhar para frente e dizer: ‘o caminho que a empresa está trilhando faz sentido para mim como pessoa e como profissional’, é meu principal desafio”

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londres capital Olímpica de 2012

viagem

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A expertise adquirida na

preparação para os Jogos

Olímpicos 2012 coloca

Londres como um importante

centro de negócios para empresas

e executivos brasileiros

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linhas de energia elétrica, pontes, vias e outras obras que nos últimos anos já mudaram a cara da região. Outros R$ 2 bilhões foram direcionados para obras no metrô londrino e no sistema de transporte.

Londres é a primeira cidade a sediar oficialmente os Jogos Olímpicos por três vezes - as anteriores foram em 1908 e 1948. A maioria das sedes dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2012 serão localizadas em três zonas. Além delas, algumas sedes estarão nos arredores da cidade ou fora da região metropolitana. Algumas instalações são mundialmente famosas, como o Hyde Park e o Estádio de Wembley. Outras serão construídas espe-cialmente para os Jogos, como o Estádio Olímpico de Londres e o Centro Aquático. Fora de Londres, estádios como o St. James’ Park, em Newcastle e o Millenium Stadium, em Cardiff, sediarão as partidas de futebol. A Olimpíada acontecerá entre 27 de julho a 12 de agosto deste ano, seguidos pelos Jogos Paraolímpicos entre 29 de agosto e 9 de setembro.

Os eventos esportivos aproxima-ram Inglaterra e Brasil por meio da projeção internacional dos preparativos que envolvem Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. As Olimpíadas de 2012 em

Londres, a Copa do Mundo no Brasil de 2014, e as Olimpíadas de 2106 no Rio de Janeiro estreita-ram as relações comerciais entre os dois países, que se beneficiam com a troca de experiências e conhecimento tecnológico e operacional. Por trás de tudo isso, está uma intensa rede de negócios se desenvolvendo.

A expertise adquirida na preparação para os Jogos Olímpicos 2012 coloca Londres como um importante centro de negócios para empresas e executivos brasileiros. É inegável o grande interesse das companhias inglesas em retomar investimentos no Brasil e firmar parcerias para entrar na onda próspera da economia nacional, reforçada pelas perspectivas de ampliação de negócios em áreas como infraestrutura, por exemplo.

Enquanto as empresas britânicas contam com a experiência de trabalhar nos Jogos Olímpicos para tentar capitalizar o potencial de negócios gerado pelos eventos a serem realizados no Brasil,Londres entra na rota dos executivos brasileiros e, para além dos negócios, vale a pena reparar no que a capital britânica tem de melhor.

O interesse se fortalece diante das semelhan-ças em relação aos projetos de desenvolvimento das áreas próximas ao parque olímpico tanto em Londres como no Rio. A região leste da capital britâ-nica, historicamente mais carente de infraestrutura que o resto da cidade, recebeu investimentos de pelo menos R$ 5,4 bilhões na implantação de

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Dubai combina passado, presente e futuro em um destino

de modernidade e tradição

artigo

qualidades de um vencedOrBrian L. McGuire*

O Super Bowl (jogo final do cam-peonato anual de futebol ame-ricano) nos Estados Unidos é um dos mais populares eventos esportivos do ano. Apesar de ser distintamente norte-americano, é

um dos espetáculos de maior audiência mundial. Nas semanas que antecedem o grande jogo do ano, inúmeros comentaristas especializados e tor-cedores adiantam seus prognósticos de resultados, fundamentando quem será vencedor e quem será perdedor e terá de “esperar até o próximo ano”. Mesmo que no esporte a definição de “vencedor” seja apropriada para uma partida entre dois times de futebol,vale a pena apresentar algumas ideias – baseadas, em parte, em uma mensagem de Robert C. Morgan, membro do Conselho Curador de uma universidade - sobre o que significa ser um vencedor no verdadeiro sentido da palavra.

Primeiro, um vencedor é uma pessoa autêntica, uma pessoa genuína e sincera, e não uma repro-dução de outra pessoa. Um perdedor, por outro lado, é um impostor, um imitador. No mundo, os perdedores são aqueles que gastam uma quanti-

dade significativa de seu tempo tentando provar coisas. Estão sempre tentando convencer os

outros que são algo ou alguém.Em segundo lugar, um vencedor é uma

pessoa com autonomia. Um vencedor é al-guém que toma suas próprias decisões. Não procura acender uma vela para ver de que lado o vento está soprando. É preciso muita

coragem para se levantar e dizer: “Este é o

meu posiciona-

mento” ou “Isto é o que eu acredito “. Às vezes, sentimo-nos muito vulneráveis nestas situações.

Ao contemplar vulnerabilidades, lembro-me de uma história sobre um motorista de caminhão que entrou em uma lanchonete e pediu uma refeição. Assim que recebeu sua comida, uma gangue de motoqueiros entrou na lanchonete e se direcio-naram para onde o motorista do caminhão estava sentado. Um membro da gangue meteu seu charuto no purê de batatas do motorista. Outro meteu as cinzas do seu cigarro em cima do bife e, em seguida, mergulhou o cigarro na xícara de café.

Em vez de tornar-se violento, o motorista do ca-minhão levantou, vestiu o casaco, pagou a conta e saiu. Os membros da gangue sentaram num canto e riram quando a garçonete aproximou-se para tirar o pedido do líder da gangue,que disse: “Esse motorista de caminhão que saiu não parece ser macho”. A garçonete respondeu: “Não, e ele não é muito bom motorista. Ele acabou de atropelar e passar por cima de oito motocicletas, enquanto saía do estacionamento”.

Não somos tão vulneráveis como o evento acima. Um verdadeiro vencedor sabe o que quer e o que re-presenta. É um pensador disposto a viver pelas suas crenças, independentemente das consequências. Infelizmente, existem algumas pessoas tão insegu-ras na vida que se sentem desconfortáveis quando alguém é diferente. Sentem-se seguros somente quando todos pensam ou agem da mesma forma.

Em terceiro lugar, um vencedor é um realizador e empreendedor. Um vencedor não é necessariamen-te uma pessoa que supera alguém, mas que tem objetivos na vida e se esforça para superar vários obstáculos para alcancá-los. O lema do vencedor é, muitas vezes, “pelo menos eu tentei”.Eles têm mais medo de não tentar do que de falhar. Por outro lado, a melhor descrição de um perdedor é alguém que sente que não pode conseguir alguma coisa,

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não tem objetivos reais ou não sabe para onde está se conduzindo na vida. O mote do perdedor é, frequentemente, “se” apenas. “Se eu tivesse aceitado aquele emprego, se eu tivesse obtido aquele diploma”. É uma vida de arrependimento, culpa e, acima de tudo, medo.

Finalmente, um vencedor é alguém com compai-xão. Vencedores são capazes de mostrar conside-ração pelos outros. Perdedores vivem dentro de si e, normalmente, só se importam consigo mesmos.

Vivemos em um mundo egoísta, aquele em que o slogan é, muitas vezes, “A ganância é boa” - para usar as palavras infames de Gordon Gekko no filme Wall Street. Parece que vivemos em um mundo onde estamos encorajados a nos colocarmos em primeiro lugar. Se tivermos algum tempo e energia disponível a seguir, olhamos ao redor para ver o que precisa ser feito. Quando o senso de preocupação por outros supera a preocupação por si, temos o indicador de um vencedor.

Neste caso, não temos que olhar muito longe

para encontrar vencedores. Por exemplo, Chesley B. Sullenberger, capitão da US Airways voo 1549, conhecido como o “Milagre no Rio Hudson.” Sul-lenberger milagrosamente pousou o avião com 155 passageiros e tripulantes a bordo. Muitas pessoas diriam que ele já era um herói naquele ponto. Mas ao invés de sair do avião e ser um dos primeiros a ser resgatado, ficou para trás até ter a certeza que todo mundo estava a salvo. É um exemplo de verda-deiro vencedor, cuja compaixão pelos outros supera a preocupação por si mesmo. Eu encorajo a todos em nosso trabalho diário para pensar sobre essas qualificações e o que pode significar no modo como nos conduzimos. Isso envolve tomada de decisões, luta incansável por aquilo em que acreditamos, e pensamento coletivo. Nós, como profissionais, seremos melhores por isso, e transformaremos o mundo ao nosso redor.* Brian L. Mc Guire é presidente do IMA Internacional.Este artigo foi publicado originalmente na edição de fevereiro de 2012 da revista Strategic Finance, e traduzido por Charles Holland, diretor da ANEFAC e membro do IMA.

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evento

O e-commerce está entrando em ebulição no Brasil. Esta é a opi-nião de Germán Quiroga, funda-dor da Nova Pontocom, empresa brasileira que reúne as operações online de Casas Bahia, Extra e

Ponto Frio, além das marcas Ponto Frio Atacado e eHub. Quiroga esteve no primeiro evento do ano realizado pela Diretoria de Logística da ANEFAC, em 18 de abril, no auditório da GS1, em São Paulo. Ele falou aos executivos sobre desafios e oportunidades do e-commerce e abordou aspectos tributários e jurídicos ligados ao tema.

A Nova Pontocom nasceu há três anos a partir da associação de Casas Bahia e Pão de Açúcar e, hoje, é a vice-líder do segmento com 19% de fatia de mercado. As marcas comercializam pela Internet mais de 60 mil itens divididos em 24 categorias. Para Quiroga, o comércio eletrônico está em franco crescimento no Brasil e sua expansão tem como base o aumento da renda e do crédito, na ascensão da classe C e no maior acesso à banda larga.

Em 2009, o setor faturou R$ 10 bilhões e em 2011 chegou a R$ 20 bilhões. A média de cresci-mento nos últimos cinco anos é de 34%. Sozinha, a Nova Pontocom teve lucro líquido de R$ 28 milhões no ano passado – uma das poucas do segmento que encerrou o período com resultado positivo. “No Brasil, apenas metade da população tem acesso à Internet ainda. Por isso, o e-commerce, que já é grande, tem muito para crescer”, diz. Só em no-

e-cOmmerce em expansãOANEFAC discutiu oportunidades e desafios do comércio eletrônico a partir do case da Nova Pontocom

Da esq. para a dir., José Egidio Barbosa

(ANEFAC), Karina Rocha(GS1), João

Carlos Castilho Garcia (ANEFAC), Germán

Quiroga (Novo Pontocom), Pedro

Moreira (ANEFAC), Charles Sampaio

(GS1) e Genaro Oddone (Tegma)

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vembro do ano passado, por exemplo, a empresa participou do Black Friday – uma alusão ao dia criado pelos norte-americanos em que as lojas dão descontos atraentes - e vendeu quase o dobro do que comercializou no Natal de 2010.

Apesar de tanto otimismo, o segmento ainda enfrenta desafios para deslanchar no Brasil. Um deles é a questão tributária. Não há no país uma legislação própria para o e-commerce e ainda existe muita dúvida no que diz respeito ao pagamento de impostos e recebimento de receitas. Isso tem gerado uma guerra fiscal por parte dos estados, segundo Quiroga.

O governo corre contra o tempo para aprovar o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) 56/11, que regula a cobrança de alíquotas de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) nas vendas por meio eletrônico. O objetivo é dividir a cobrança do imposto entre os estados de origem e de destino. Hoje, um produto fabricado em São Paulo e comprado pela Internet por uma pessoa no Nordeste paga ICMS nos dois locais. Ou seja, a cobrança é dobrada e quem paga a conta é o consumidor.

A expansão da rede de Internet banda larga pelo país está a todo vapor e tem contribuído para que outros estados embarquem na onda das compras virtuais. “Algumas promoções de frete grátis para os locais onde a empresa tem sede acabam con-centrando as compras em determinadas regiões. Por outro lado, com a chegada da Internet rápida para o interior do país, temos percebido uma des-concentração do comércio online em São Paulo e Rio de Janeiro”, analisa o executivo.

Para Quiroga, o país precisa desenvolver uma boa rede logística para facilitar a expansão do comercio eletrônico. “Fora do eixo das capitais e Rio-São Paulo, precisamos de boas soluções de transportadoras. Embora as alternativas de empre-sas de entrega estejam cada vez maiores, algumas regiões ainda dependem exclusivamente do serviço

e-cOmmerce em expansãO

dos Correios”, ressalta.As fraudes, que antes eram comuns no comércio

eletrônico, hoje já são um problema superado e não afetam nem 1% das transações porque as empresas se especializaram e aprenderam estratégias para coibir a prática. O tipo mais comum, segundo ele, é o uso de dados de cartão de crédito de outras pessoas, obtidos por roubo ou clonagem. Devido a problemas gerados por outras empresas no passa-do, alguns consumidores ainda têm ressalvas para comprar direto da Internet. Clientes foram lesados com atraso na entrega, envio de produto errado e atendimento mal feito. Para o executivo, isso não impede o desenvolvimento do setor.

“O e-commerce é rejeitado por alguns clientes que estão traumatizados porque foram lesados. Felizmente, é uma pequena porcentagem e isso está sendo superado. Em pouco tempo, esse es-tigma vai acabar no país. Nosso índice de eficácia é alto e não tememos isso porque nossa gestão é diferente das outras do setor”, afirma. No final de 2011, as empresas da Nova Pontocom lançaram uma campanha com foco no cumprimento de pra-zos de entrega dos produtos. Tudo para assegurar a compra do consumidor e passar credibilidade.

Segundo Quiroga, o e-commerce tem uma dinâ-

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evento

mica distinta do varejo físico e, por isso, exige outro foco. A Nova Pontocom é a única empresa de comércio eletrô-nico cujas as marcas admi-nistradas possuem um braço físico. Isso traz sinergias e resultados mais pomposos porque determinadas estru-turas, como a de marketing, podem ser aproveitadas e compartilhadas.

Ele destaca que um dos diferenciais competitivos da Nova Pontocom é sua compo-sição de talentos. Os execu-tivos da equipe têm mais de dez anos de experiência com e-commerce e muitos pos-suem vivências em comum.

Para complementar, o grupo é constantemente enriquecido com novos talentos, que trazem uma visão mais moderna dos negócios.

Tanto esforço recebeu reconhecimento. No ano passado, a empresa recebeu do site Reclame Aqui o prêmio de melhor Serviço de Atendimento ao Consu-midor (SAC). Segundo pesquisa do e-bit, no segundo semestre do ano passado, 89% dos consumidores dos sites do Extra e do Ponto Frio mostraram o desejo de fazer novas compras, percentual que reflete a sa-tisfação dos clientes. “Nosso nível de serviço atingiu o pico de qualidade. Criamos um modelo exclusivo de gestão de transportadora para suportar cenários de estresse”, diz o fundador da empresa.

um caminho de sucesso e de grande interesse dos executivos”, diz.

O e-commerce é um dos segmentos de interesse também da GS1, empresa de automação comercial que sediou o encontro com Quiroga. “O segmento é uma das vertentes em que a identificação digital pode auxiliar bastante, até mesmo sob o ponto de vista internacional. Nosso papel é auxiliar o mercado a não ter inseguranças a partir do uso de padrões de identificação de mercadorias”, explica Charles Silva, gerente de finanças e serviços cor-porativos da GS1.

Karina Rocha, assessora de Soluções de Negó-cios Corporativos da GS1, explica que a partir da correta identificação e troca de informações entre centro de distribuição, transportadora e cliente final, os gargalos podem ser resolvidos. “O código de barras já existe há 30 anos e traz muita segurança para o empresário. A nova tendência é a identifi-cação por rádio frequência através da leitura por chip. Estamos em um momento de evolução da troca de informações”, complementa.

O idealizador do evento, Pedro Moreira, diretor de Logística da ANEFAC, concorda que o e-com-merce está na moda, mas ainda enfrenta alguns obstáculos, sobretudo na área de logística. “Um dos principais desafios é desenvolver uma rede capilarizada de entregas. O Brasil tem um sério problema de infraestrutura. Hoje investe cerca de 0,5% do PIB. O país tem dimensões continentais e necessita de plataformas logísticas que melhorem o acesso das empresas à população”, defende. Para Moreira, o segmento precisa unir-se em prol do sucesso coletivo. “As empresas precisam entender que se elas partilharem os serviços de logística, todas irão ganhar e o mercado vai crescer”, conclui.

Apesar do avanço das telecomunicações, Denílson Tomazini, Gestor da GolLog, avalia que o país precisa melhorar a qualidade do serviço, contribuindo para a adesão do e-commerce em todas as regiões brasileiras. “Alguns estados ainda dependem da Internet discada e o pulso equivale a uma ligação interurbana. Quando o Brasil estiver mais bem preparado, o comércio eletrônico vai deslanchar”, finaliza.

Denílson Tomazini (GolLog)

>>Assuntos que importamBuscar temas que vislumbrem o futuro é o objetivo dos eventos que a ANEFAC tem promovido. Para o presidente da entidade, João Carlos Castilho Garcia, o e-commerce está em evidência e sua expansão depende de novos projetos de logística, uma das diretorias que a Associação ganhou recentemen-te. “Estamos fornecendo conteúdo técnico para os associados. Com o crescimento do acesso à Internet banda larga por uma parcela maior da população, o comércio eletrônico tem se mostrado

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dados foram fisgados da edição de 17 de março de 2012 da revista The Economist:• O mercado acionário do Japão, que em 1989 estava no seu auge, até 2010 ainda se encon-trava 75% abaixo de seu índice de valorização máxima;• Desde o final de 1999 até 2011, o mercado acionário norte americano tem estado, em mé-dia, 7,6% anuais abaixo do valor das obrigações governamentais;• O índice Dow Jones dos Estados Unidos, que deveria alcançar 36.000 pontos segundo o livro do autor James glassman, encontra-se atual-mente com míseros 13.000 pontos. • O chamado EquityRisk Premium (ERP - Índice-prêmio existente para investidores de títulos de renda variável em relação aos títulos governa-mentais de renda fixa), estudado pelo London Business School entre 2000 e 2011, passou a ser negativo (-7%) para uma média mundial e para os próprios Estados Unidos (- 8%).

O índice mais negativo para o ERP ocorreu no Japão, alcançando quase 9% negativos. Sabemos que, para o Brasil, o mercado acionário negativo ocorreu durante todo o ano de 2011, recuperando-se parcialmente neste início de 2012. Mesmo com uma taxa Selic de 9,75% (em março deste ano), o viés está para uma baixa ainda maior para títulos de renda fixa. Diante destes fatos, a pergun-ta que não quer calar é: também em nosso país seguiremos as idênticas tendências internacionais negativas para o ERP?

fazendo contas

Louis Frankenberg,

Diretor Executivo de Finanças da ANEFAC

[email protected]

www.seufuturofinanceiro.blogspot.com

em que devo apostar minhas reservas financeiras:

renda fixa Ou variável?grosso modo, é possível clas-sificar reservas patrimoniais de uma pessoa ou família em títu-los de renda fixa, renda variável, investimentos imobiliários ou aplicações no próprio negócio.

Além destas, é claro que ainda existem inúmeras outras modalidades de investimento. Vou, entretan-to, ater-me aos dois primeiros tópicos.

Títulos de investimento em renda fixa são tradi-cionalmente de pouco ou nenhum risco, próprios para pessoas conservadoras ou com reservas limi-tadas. Estão aí incluídas Cadernetas de Poupança eCDB’s(Certificado de Depósito Bancário), por exemplo. Ao contrário, títulos de renda variável são aqueles dos quais desconhecemos o rendimento futuro. São indicados para pessoas com mais capital ou desejosos de assumir maiores riscos. Incluem, por exemplo, ações de empresas de capital aberto e fundos de investimento em ações.

Pouca gente, entretanto, dá suficiente impor-tância a algumas considerações de ambas as mo-dalidades, como, por exemplo, tributos incidentes sobre o rendimento. Em nosso país, todos conhe-cem o poder destrutivo do fator inflacionário, que, no passado, tanto mal fez a todos que desejavam acumular reservas para construir um futuro mais tranquilo.Mesmo que no Brasil o rendimento da renda fixa continue sendo positivo, ou seja, acima do índice inflacionário, um alerta internacional está sendo dado: alguns conceitos tradicionais do passado já não são mais tão sólidos. Os seguintes

A

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O Butão é um pequeno país situado na Cordilheira do Himalaia, entre a China e a Índia, com cerca de 800 mil habitantes. Já há algum tempo, ele tem chamado a aten-ção de economistas, psicólogos,

sociólogos e antropólogos de todo o mundo. É que seus governantes inventaram e implantaram um original índice para medir o desenvolvimento do país: o FIB, no lugar do PIB. Ou seja, vale o índice de Felicidade Interna Bruta no lugar do conhecido Produto Interno Bruto, que mede toda a produção de um país. O objetivo principal do FIB é medir o nível de satisfação do povo.

Em poucas palavras: no reino do Butão, o que vale é ser feliz!

O FIB parte do princípio de que o verdadeiro de-senvolvimento de uma sociedade só acontece quan-do os desenvolvimentos espiritual e material estão lado a lado, um complementando e reforçando o outro. A produtividade e o lucro só fazem sentido quando contribuem para aumentar a qualidade de vida e o bem estar das pessoas – aspecto que não é levado em conta pelo nosso PIB.

Ou seja, o FIB coloca o ser humano no centro da questão ao levar em conta fatores como bem-estar psicológico, saúde, resiliência ecológica, gover-nança, padrão de vida, uso do tempo, vitalidade comunitária, educação e cultura.

A boa notícia é que, conforme a imprensa tem

divulgado, o Brasil pretende imitar o Butão, tendo também o seu FIB. A Fundação Getúlio Vargas (FGV), através do seu recém-criado Instituto de Finanças, já está elaborando a metodologia do novo índice.

Mas, atenção, vamos com calma, nada de euforia antecipada. Apesar de toda a boa vontade dos nossos economistas, vamos imitar o Butão só até a página dez. Se lá a satisfação do povo é mais importante do que o desempenho da produção industrial, aqui a coisa não vai ser tão radical assim – mesmo que o PIB seja considerado um índice incompleto porque, por exemplo, ignora dados como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ou o nível de segurança das cidades.

A verdade é que, gostem ou não, o índice de Felicidade Interna Bruta que será proposto ao go-verno pela FGV não irá deixar de lado a questão da produção. Até onde se sabe, ele fará uma mistura de apuração da felicidade e da produção – quer dizer, o PIB tradicional será um dos componentes do cálculo do FIB.

Bom, vamos aguardar!Como recentemente disse um ministro, o

brasileiro tem um jeitinho próprio de fazer as coisas e, no fim, dá tudo certo. Torço para que sim. Mas não posso deixar de me perguntar: será que existe mesmo um jeitinho para se medir a felicidade do povo, tendo um olho no coração e outro na carteira?

ponto de vista

Floriano Serra é Psicólogo, palestrante, consultor e diretor-executivo da Somma4 Gestão de Pessoas. É autor de mais de 15 livros e de 300 artigos sobre o comportamento humano

a liçãO que vem dO butãO

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