revista feneis 2006

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ANO VI • Nº 30 • outubro–dezenbro de 2006

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Revista Feneis 2006

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  • ANO VI N 30 outubrodezenbro de 2006

  • Aquisio:Os interessados em adquirir nosso material, devero depositar o valor total da compra

    desejada no Banco do Brasil, agncia 3010-4, conta corrente 30450-6. Posteriormente,dever ser enviado o comprovante de depsito para a FENEIS/RJ, via fax ou correio,juntamente com a relao do material desejado. FENEIS-RJ Rua Major vila n 379 Tijuca Rio de Janeiro RJ 20511-140 Tel/PABX: (021) 2567-4880 Fax: (021)2284-7462

    Ateno:Informamos que a cada livro solicitado dever ser acrescentada a quantia de R$

    5,00 (cinco reais) referente s despesas de correio pelo envio do material registrado.

    Kit doprofessorlivro e DVDR$ 80,00

    Kit doalunolivro e DVDR$ 30,00

  • DIRETORIA

    Diretor-PresidenteAntnio Mrio Sousa DuarteDiretor Primeiro Vice-PresidenteMarcelo Silva LemosDiretor Segundo Vice-PresidenteShirley VilhalvaDiretora AdministrativaMrcia Eliza de PolDiretor Financeiro e de PlanejamentoMax Augusto Cardoso HeerenDiretora de Polticas EducacionaisMarianne Rossi Stumpf

    DIRETORIAS REGIONAIS

    Rio de Janeiro RJDiretor Regional: Walcenir Souza Lima

    Porto Alegre RSDiretor Regional: VagoDiretora Regional Administrativa: Vnia Elizabeth ChiellaDiretora Regional Financeira: Denise Kras Medeiros

    Tefilo Otoni MGDiretor Regional: Luciano de Sousa GomesDiretora Regional Administrativa: Sueli Ferreira da SilvaDiretora Regional Financeira: Rosenilda Oliveira Santos

    Recife PEDiretor Regional: Marcelo BatistaDiretor Regional Administrativo: Benevando Magalhes FariaDiretor Regional Financeiro: Csar Augusto da Silva Machado

    Braslia DFDiretor Regional: Messias Ramos CostaDiretora Regional Administrativa: Edeilce Aparecida Santos BuzarDiretor Regional Financeiro: Amarildo Joo Espndola

    Belo Horizonte MGDiretora Regional: Rosilene Ftima Costa Rodrigues NovaesDiretor Regional Financeiro: Antnio Campos de Abreu

    So Paulo SPDiretor Regional: Neivaldo Augusto ZovicoDiretora Regional Administrativa: Neiva de Aquino AlbresDiretor Regional Financeiro: Richard Van Den Bylaardt

    Curitiba PRDiretora Regional: Karin Llian StrobelDiretora Regional Administrativa: Iraci Elzinha Bampi SuzinDiretor Regional Financeiro: Angelo Ize

    Manaus AMDiretor Regional: Marlon Jorge Silva de AzevedoDiretora Regional Financeira: Waldeth Pinto Matos

    Fortaleza - CEDiretora Regional: Maria Masa Farias JordoDiretora Regional Administrativa: Mariana Farias LimaDiretor Regional Financeiro: Rafael Nogueira Machado

    Florianpolis SCDiretor Regional: Fbio Irineu da SilvaDiretora Regional Administrativa: Idavania Maria de Souza BassoDiretor Regional Financeiro: Deonsio Schmitt

    CONSELHO FISCAL

    Efetivo1 Membro Efetivo e Presidente Jos Tadeu Raynal Rocha2 Membro Efetivo e Secretrio Carlos Eduardo Coelho Sachetto3 Membro Efetivo Vago

    Suplentes1 Membro suplente Luiz dinarte Farias2 membro suplente- Antnio Carlos Cardoso 3 membro suplente- Clara Ramos Pedroza

    CONSELHO DE ADMINISTRAO

    Carlos Alberto Ges Jos Onofre de SouzaSlvia Sabanovaite Marcus Vinicius CalixtoBetiza Pinto Botelho

    EDITORIA

    Conselho Editorial Editora e Jornalista responsvelWalcenir Souza Lima Ndia Mello (MT 19333)Flvia MazzoRita de Cssia Lobato DiagramaoNdia Mello Olga Rocha dos Santos

    Secom Setor de ComunicaoRita de Cssia Lobato

    Colhendobonsfrutos

    Estamos iniciando2007. tempo de refletir-mos, avaliarmos erros eacertos e nos renovarmosem esperana. tempo deagradecermos colaborado-res, profissionais e amigos que se envolveram com a nossacausa, fortaleceram a nossa luta e foram fundamentaispara nossas conquistas. tempo de sonharmos e pensar-mos em novos projetos para o ano que se inicia.

    Durante o ano de 2006 colhemos bons frutos. Ossurdos participaram do vestibular para Letras-Libras daUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e fica-mos orgulhosos com o resultado. Passaram 447 surdos.Os que no foram vitoriosos nessa prova no precisamdesanimar. Com a nova regulamentao outras oportu-nidades certamente surgiro. O Prolibras, previsto parajaneiro, uma outra grande chance para docentes, tra-dutores e intrpretes de Lngua Brasileira de Sinais. Cria-do pelo Ministrio da Educao (MEC), em cumprimen-to da Lei 10.436/02 e o Decreto 5.626/2005, esse exa-me certificar os que j atuam na rea, mas no possu-em ainda a formao acadmica. Estaremos torcendoespecialmente pelos surdos que iro participar dessedesafio, na certeza de que estaro avanando em con-quistas.

    Aproveito para destacar a excelente parceria entre aFENEIS/RJ e a Associao Alvorada na realizao de umafesta comemorativa pelo Dia do Surdo (Pgina 20). Esteexemplo de trabalho, com a FENEIS ao lado das associa-es de surdos, dever ser seguido em outras regies doBrasil. A celebrao oficial da FENEIS pelo Dia do Surdoaconteceu este ano mais uma vez no Rio de Janeiro, noauditrio do Senai, e repetiu o sucesso do evento anteri-or. Vale a pena ler a cobertura do acontecimento queest publicada nesta edio (Pginas 13 a 19).

    Mas a participao da FENEIS em eventos que envol-vem questes ligadas ao surdo no param por a, voalm do Brasil. fundamental a troca de experinciascom outros pases que vivem problemticas semelhan-tes a nossa. No Chile, a comemorao dos 80 anos daAssociao dos Surdos e a Conveno Sulamericana dePessoas Surdas, com a presena da FMS, foram bastanteespeciais. Houve discusses importantes sobre o desen-volvimento e a integrao da pessoa surda (Pgina 27).

    Boas festas para todos!

    Antonio Mrio Sousa DuarteDiretor-Presidente

    FENEIS

    palavra do presidente

  • 4 - Revista da FENEIS

    De surdo para surdoEnfrentando desafios

    Riguel Brum passou por vrias fases at entender que a Libras pode-ria abrir muitas possibilidades. Desde ento ele um incentivadordo aprendizado da Lngua de Sinais. Segundo ele, h uma barreirade comunicao entre surdos e ouvintes, e para romper isso neces-srio que todos aprendam a Libras. Conhea mais sobre os obstcu-los e conquistas que fizeram parte da histria de Riguel. Pgina 9

    InternacionalA 1 Conveno Sulamericana de Pessoas Surdas, no Chile, reu-niu membros da Federao Mundial de Surdos (FMS) em momen-tos de debate, decises e confraternizao. Estiveram representa-dos diversos pases, entre eles o Brasil atravs do presidente daFENEIS, Antnio Mrio Sousa Duarte. Pgina 27

    AssociaoDia do Surdo na AlvoradaUma parceria com a FENEIS tornou possvel uma pro-gramao bastante especial na Associao Alvorada. Oevento em comemorao pelo Dia do Surdo tratou dacaminhada do surdo a partir da regulamentao da Lei10.432/02. Pgina 20

    Pelas RegiesFuncionrios aprendem Libras em Aeroporto

    Em setembro teve incio um curso de Libras para 70 empregadosdo Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba. O objetivo foi qualifi-car os profissionais do aeroporto para o atendimento ao surdo, afim de divulgar a Lngua de Sinais e facilitar a comunicao entresurdos e ouvintes. Pgina 11

    CulturaBiblioteca homenageia educador surdo

    A Prefeitura de Angra dos Reis inaugurou um novo espaopblico de leitura. Trata-se da Biblioteca Moiss Gazale, naEscola Municipal de Surdos (Ermes). A iniciativaimplementada, atravs da Secretaria de Educao, Cincia,Tecnologia e Inovao, atende a 120 alunos da Educao In-fantil ao Ensino Fundamental. Esta a primeira biblioteca dopas que homenageia um educador surdo. Pgina 10

  • Revista da FENEIS - 5

    SUMRIO

    Dia do Surdo:Regulamentao da Libras na prtica

    Dia 26 de setembro foi celebradomais um dia do surdo. Alm derepresentar uma conquista na his-tria dos direitos desses cidados,a comemorao dessa data umaimportante oportunidade para setraar novos planos e reafirmar osprogressos obtidos durante a lutapela igualdade de condies.

    Palavra do Presidente .............................................3

    Cartas ao Leitor ......................................................6

    Comunicando ........................................................7

    De Surdo para Surdo ..............................................9

    Cultura .................................................................10

    Notcias Regionais ................................................ 11

    Associao ...........................................................20

    Notcias Regionais ................................................21

    Espao Aberto ......................................................25

    Endereos .............................................................30

    Infantil ..................................................................31

    SUMRIOSUMRIO CAPA:

  • 6 - Revista da FENEIS

    cartas do leitor

    Programa para DeficientesAuditivos e Visuais

    A Associao de Pais e Amigos de Surdosde Piracicaba (Apaspi) uma instituio filan-trpica que atende aos surdos desde 1977. Pe-dimos informaes sobre o programa para De-ficientes Auditivos e Visuais, citado na mat-ria publicada na pgina 7 da revista n 28 (abrila junho/06).

    Vera A. B. Schiavon - Assistente Social

    Revista da FENEIS respondeA FENEIS apenas publicou a reportagem, no

    tendo qualquer ligao com o trabalho divulga-do. Sugerimos que faa contato direto com a Ins-tituio para mais informaes.

    Assinatura de RevistaEu sou surda e gostaria muito de receber

    os exemplares da Revista da FENEIS em mi-nha casa. Peo que me informe as possibili-dades e os preos. Moro na cidade de Praia

    Grande, no litoral paulista.Desde j agradeo a ateno e aguardo o

    retorno.Monica Tintore de Arajo

    Revista da FENEIS respondePara receber a nossa publicao basta preen-

    cher o cupom encartado no meio da revista, se-guir as instrues e envi-lo FENEIS/RJ.

    Dia do Surdo RSQuero comunicar que conseguimos oficia-

    lizar o Dia do Surdo em nosso municpio deTrs Passos, no Rio Grande do Sul. Agora adata oficializada pela lei 4.026 e para nsfoi uma grande conquista! A noite cultural dacomunidade surda aqui em Trs Passos foimuito linda e maravilhosa, e o prefeito fez aentrega oficial da lei em nossas mos, diantede um pblico de cerca de 350 pessoas.

    Professora Elisngela Reuter - Trs Passos, RS

    1.500 alunos. Todos comcamisas estampadas emlibras

    Desfile em Tefilo Otoni

    A Escola Municipal IrmMaria Amlia, em Tefilo Otoni(MG), organizou um desfile es-pecial na ocasio de 7 de setem-bro. Os 1.500 alunos e surdospresentes vestiam camisas es-tampadas em Libras.

  • Revista da FENEIS - 7

    comunicando

    Desde o dia 24 de agosto,dez profissionais portadores dedeficincia auditiva j estoprestando servio nas varas doTRT de Belo Horizonte (MG).Outros dez contratados j estoem treinamento e a previso de que, ao todo, sejam empre-gadas 40 pessoas. Os novos fun-cionrios auxiliaro na autua-o de peas processuais. Esseprojeto um convnio, previs-

    TRT contrata portadoresde deficincia auditiva

    to na Lei de Licitaes n 8.666/93, que foi firmado com aFENEIS, em carter experimen-tal, e ter a durao de umano.O treinamento desses pro-fissionais foi realizado pela As-sessoria de Apoio Primeira Ins-tncia, juntamente com a Dire-toria de Recursos Humanos doTRT.

    Fonte:TRT.MG http:/or5.mg.trt.gov. br

    O 1 Encontro de JovensSurdos do RS aconteceu de 2a 5 de novembro, em Capoda Canoa. O objetivo do even-to foi reunir jovens surdos paracompartilhar experincias, va-lorizar o uso de Libras e possi-bilitar um espao para qualifi-cao para o exerccio na edu-cao de surdos e na lideran-a junto comunidade. O en-

    Eventoem MatoGrossodo Sul

    O 2 Encontro dos Profissio-nais Tradutores/Intrpretes deLngua Brasileira de Sinais deMato Grosso do Sul (2 EPILMS)foi realizado nos dias 17 e 18 denovembro. O evento foi promo-vido pela Associao de Intrpre-tes de Libras de MS. Mais infor-maes no site www.apilms.orgou atravs do e-mail [email protected].

    Surdos de PernambucoNo dia 2 de setembro, os

    surdos de Pernambuco estive-ram reunidos para um dia depalestras sobre assuntos rela-cionados Comunidade Surda.O evento contou com a presen-a de Antnio Campos deAbreu, diretor regional daFENEIS-MG. Ele falou sobre a

    WFD (Federao Mundial dosSurdos), entre outros assuntos.Na ocasio, os jovens surdosforam chamados a adquiriremnovas experincias, alm deconhecerem mais seus direitos.Tambm estiveram palestrando,Marianne Stumpf, Karin Strobele Gladis Perlin.

    Seminriosobresurdez

    Os surdos e os processos deaprendizado foi o tema do IISeminrio sobre Surdez, queaconteceu no Rio de Janeiro, naPenha. O evento foi realizado nodia 5 de novembro, pela Pasto-ral dos Surdos, em parceria como Grupo Palavra de Deus em Si-lncio. O objetivo do evento foidebater sobre a questo dos pro-cessos de aprendizado do indi-vduo surdo e da importncia dafamlia nesse processo. A progra-mao contou com duas pales-tras: A famlia do surdo e suaresponsabilidade educacional,ministrada pela professora,fonoaudiloga e me de surdoSandra Oliveira Pinto; e O En-sino da Lngua Portuguesa paraSurdos, pela professora LetciaQueiroz Lopes.

    Encontro de JovensSurdos do RS

    contro contou com vrias pa-lestras, entre elas, Como oLder Surdo, por Rodrigo Ma-chado (Argentina); Experin-cia em eventos internacionaisde Jovens Surdos, por AgustnRodriguez e Direito Surdo,por Augusto Schallenberger.Mais informaes no site http://www. surdosol.com.br/even-tos/ejsrs/

  • 8 - Revista da FENEIS

    de surdo para surdo

    Psicologia e surdezNo dia 14 de novembro, as

    Faculdades Integradas MariaThereza sediaram o 1 EncontroFluminense de Psicologia e Sur-dez. Com o tema O Psiclogoe o Surdo um convite refle-xo, o evento contou com a

    presena dos palestrantes Esme-ralda Stelling, pedagoga e mede surdo; Luciana Ruiz, psiclo-ga surda; Luciana Rangel, surda;e Marcos Souza Jr., psiclogosurdo.

    Falandosobresurdez

    Com o objetivo de com-preender as diferenas e conhe-cer o potencial dos surdos, omini-curso Falando sobre sur-dez foi realizado nos dias 7 e14 de novembro, na sede dopIGT. O programa do cursoabordou a histria da surdez, osdiferentes tipos de surdez, asmetodologias de ensino aplica-das criana surda e a aquisi-o da Lngua.

    Encontro deProfessores de Surdos

    Aconteceu em Campo Gran-de (MS) o I Encontro de Profes-sores da Sala de Recursos paraSurdos e Deficientes Auditivosdas Escolas Estaduais, nos dias16 a 18 de outubro. O eventoreuniu profissionais envolvidosno apoio especializado para sur-dos e deficientes auditivos, ca-pacitando-os e promovendo odebate sobre a proposta bilngepara incluso do aluno surdo nas

    escolas, pelas Secretarias de Edu-cao em nvel nacional. A pro-gramao contou com palestrascomo Desenvolvimento da Lin-guagem nas Crianas Surdas,ministrada pela fonoaudilogaClia Maciel; e Projeto Sala deRecursos Modernizada para Sur-dos e Deficientes Auditivos,pela professora Rozilane Ribei-ro; entre outras.

    Guardas municipaisaprendem Librasem Rio das Ostras

    Os guardas municipais deRio das Ostras esto aprenden-do a Lngua Brasileira de Sinais(Libras). Assim que terminarem,faro os cursos de ingls e es-

    panhol. O objetivo preparara cidade para receber os cercade cem mil turistas no vero e200 mil no reveillon e no car-naval.

    FENEISrecebeMoo

    A FENEIS recebeu, em no-vembro, da Cmara Municipaldo Rio de Janeiro, por interm-dio do vereador MrcioPacheco, uma Moo de Lou-vor, Gratido e Aplauso. A ho-menagem foi feita pelos relevan-tes servios prestados comu-nidade surda. Representou aFENEIS, na ocasio, o diretor re-gional (FENEIS-RJ) WalcenirSouza Lima.

    FENEISFederao Nacional de Educao e Integrao dos Surdos

    Comunicando atravs da Libras

  • Revista da FENEIS - 9

    de surdo para surdo

    O comunicativo Rguel Brumde Paula, 22 anos, mesmo tendorecebido o auxlio de umafonoaudiloga na infncia, e ten-do sido oralizado, reconhece queo aprendizado de Libras foi fun-damental divisor de guas em suavida. Atualmente, ele ensina a Ln-gua Brasileira de Sinais para ou-vintes e surdos na Escola Munici-pal Maria Rodrigues Baranb. noite, faz faculdade de Turismo.Os ouvintes nada sabem sobre acultura surda. Voc precisa sersurdo para entender. Os ouvintesdeveriam aprender Libras para aju-dar os surdos, avalia.

    Rguel no aceita o termo por-tador de necessidade especial,pois a palavra portador desper-ta, segundo ele, outros conceitosque no apenas a disfuno audi-tiva. Prefiro a palavra surdo,explica ele, que s descobriu queera surdo aos 13 anos. Apesar delutar para que o filho levasse umavida normal desde o dia em queos mdicos confirmaram a defici-ncia, sua me nunca havia lhedito que era surdo. Foi umafonoaudiloga da Escola Munici-pal Maria Rodrigues Baranb quelevou Rguel para conhecer a tur-ma de surdos. Na ocasio, umainstrutora de Libras pediu que ti-rasse o aparelho. Como ele con-firmou que no ouvia nada, ela lhedisse que era surdo.

    Izaura Pinto Coelho Brumainda guarda recortes de jornais,cpias de leis, folders explica-tivos a respeito da deficinciaauditiva e o laudo mdico con-firmando a deficincia bilateralno aparelho auditivo de Rguel.Aps o nascimento prematuro deseu filho, aos seis meses e meiode gestao, ela teve que apren-

    der a lidar com a realidade dossurdos, que at ento lhe eradesconhecido. Izaura comeoua desconfiar da surdez do meni-no quando ele ainda era beb, eno atendia quando ela chama-va e nem olhava na direo dosbarulhos que fazia para chamara ateno do filho. At os seisanos, Rguel viveu em meio aosilncio, pois sem conhecer ossons, no aprendeu a falar. Eleainda lembra das viagens embusca de tratamento. O primei-ro som que ouviu, segundo suame, que at hoje no esqueceesse momento, foi o barulho dagua aberta no tanque. Quandoele ouviu a gua, foi at ela cor-rendo. O menino tambm come-ou a reconhecer as palavras, embaixo volume com o auxlio deum aparelho, embora no enten-desse seu significado. Para auxi-liar na oralizao de Rguel, suame pregou figuras com palavrasnas paredes da casa e proibiu

    que se comunicassem com elepor meio de gestos.

    Me e filho tiveram tambmque aprender a lidar, no s com opreconceito das pessoas, comocom a deficincia do ensino, queno est preparado para receberuma pessoa surda. No Centro deEducao Infantil, Rguel comeoua ser alfabetizado, e conheceu aprofessora Vnia Maciel RibeiroCosta, de quem se lembra com ca-rinho. Tendo mudado algumas ve-zes de escola, deparou-se em mui-tas ocasies com a dificuldade decompreender e ser compreendido.Sofria muito e no tinha amigos,quando me ouviam falando, riamde mim, desabafa.

    Aos 19 anos, foi convidadopor uma amiga do Lions Clubede Ipatinga, cidade mineira ondemora, para uma visita ao Minis-trio de Surdos da Igreja Batistade Bom Retiro. L, conheceu ainstrutora Wanilda Varella, comquem aprendeu os primeiros si-nais de Libras, aps ter que bri-gar com a me para que lhe des-se autorizao para aprender aLngua dos Sinais.

    Atravs do aprendizado dessanova Lngua, Rguel passou a teruma infinidade de possibilidades.Segundo ele, relacionando as pa-lavras aos smbolos, teve mais fa-cilidade de memorizar e, dessaforma, penetrou na comunidadedos surdos, fazendo novos ami-gos. Desde ento, Rguel umincentivador do aprendizado deLibras. H uma barreira de co-municao entre surdos e ouvin-tes. Um no tem pacincia como outro. Para superar esta barrei-ra, necessrio que todos apren-dam Libras, conclui.

    Texto adaptado

    Vencendo barreiras

  • 10 - Revista da FENEIS

    cultura

    Prefeitura inaugura espaode leitura, homenageandoprofessor surdo

    Reconhecendo a necessidadede que o aluno surdo necessitade uma metodologia especial, deum espao especial e de incen-tivos, a Prefeitura de Angra dosReis inaugurou um novo espaopblico de leitura: a BibliotecaMoiss Gazale, na Escola Muni-cipal de Surdos (Emes), no Cen-tro da cidade. A iniciativa, imple-mentada atravs da Secretaria deEducao, Cincia, Tecnologia eInovao, atende a 120 alunos,da educao infantil ao ensinoFundamental.

    A Biblioteca Moiss Gazale jpossui um bom acervo literrio.Segundo a diretora da Emes,Cristina Helena Lopes Ferreira, ameta complementar o acervo ato final do ano. A professora de Ln-gua Portuguesa, Romana GomesMarques, ser a dinamizadora dabiblioteca. De acordo com a Co-ordenadora de Educao Comu-nitria da SMCEE, Vera CristinaCunha Lima, responsvel pelaimplantao de bibliotecas nas es-colas, esta a primeira do pas quehomenageia um educador surdo.Moiss Gazale uma refernciapara todos os alunos da escola. instrutor de Libras e um dosprofessores mais queridos na Emespor sua fora de vontade, dedica-o, amor e luta pela afirmaodos direitos dos surdos.

    Durante a cerimnia de inau-gurao, o homenageado MoissGazale esteve acompanhado otempo todo pela esposa PatrciaGazale, que instrutora de Librasna instituio. Moiss comeou

    a lecionar na escola no ano de2000. Hoje , por motivos de sa-de, no est mais dando aulas naEmes, mas est sempre presentena escola. Diversas homenagensforam feitas ao professor que, emquase todos os discursos, foi lem-brado por sua coragem, pulso fir-me e solidariedade.

    Muito emocionado, o profes-sor agradeceu a Deus em pri-meiro lugar por sua fora, pelaescola de Surdos de Angra queele viu crescer, e por todos osalunos que esto tendo oportu-nidade de estudar, de se co-municar e de exercer seus direi-tos de cidadania. Junto com osalunos, ele descerrou a faixa deinaugurao e abriu as portas dabiblioteca que promete abrigarsonhos e fazer com que todosapreciem mais a leitura paracrescerem cada vez mais.

    Na ocasio, a Gerente deEducao Especial da Secretaria

    de Educao, Luciane Pires,agradeceu ao governo municipalpor acreditar na equipe de edu-cao de surdos e lhes dar todasas condies para desenvolverum bom trabalho na escola. Te-mos tudo nesta escola para cres-cer cada vez mais e criar novasoportunidades para diversos alu-nos, que antes ficavam margemdos acontecimentos da cidade ehoje esto mais participativos doque nunca, disse.

    Alm dos representantes daPrefeitura, participaram da ceri-mnia de inaugurao a presi-dente da Associao dos Surdosdo Municpio de Angra dos Reis(Asmar), Andra Giovanella; apresidente da Associao dosPais e Amigos dos DeficientesAuditivos (Apada), Rita de CssiaMoreira; e o representante daFederao Nacional de Educa-o e integrao dos Surdos(FENEIS), Fernando Valverde.

    Alunos, professores, diretor da Escola (Emes) e da Asmar, representantes daSecretaria de Educao, Apada e da FENEIS

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  • Revista da FENEIS - 11

    Os empregados doAeroporto InternacionalAfonso Pena, em Curi-tiba, esto sendo quali-ficados para atender aossurdos. Dia 12 de se-tembro teve incio umcurso de Libras para 70empregados. O cursotem carga horria de 40horas/aula e ministra-do, em dois turnos, pe-los instrutores daFENEIS Daniel AntnioPassos e LucianaCristina Cruz e Silva.

    O objetivo dessa ini-ciativa qualificar osprofissionais do Aeropor-to, envolvidos com oatendimento ao pblicocom deficincia auditiva,promover o conheci-mento dessa cultura, divulgar aLngua dos Sinais e potencializara comunicao entre surdos eouvintes.

    O curso faz parte do Projetode Acessibilidade do GovernoFederal, e obedece ao decreto n5626 de 2005, que estabeleceque empresas concessionrias deservios pblicos e rgos daadministrao pblica federaldevem garantir s pessoas surdaso tratamento diferenciado, pormeio do uso e difuso e da tra-duo e interpretao de Libras.

    notcias regionaisCuritiba

    Curso de Libraspara funcionrios deaeroporto em Curitiba

    Segundo a instrutora Luciana,que teve como tradutora a aten-dente do Balco de Informaesda Infraero, Svia Arago, emsua grande maioria a turma defuncionrios tem facilidade noaprendizado e muito participa-tiva. O supervisor do Aeroportoe aluno do curso, Cludio Dom-broski, indicou como fontes dematerial, o site da FENEIS, (www.feneis.org.br), e o site Acesso Bra-sil, (www. acesso brasil. org.br),um dicionrio on-line de Libras.No final do curso, os alunos re-

    ceberam um DVD e um livro so-bre o assunto.

    Libras a lngua materna dossurdos no Brasil, possui todos oscomponentes classificatrios deuma lngua e para seu aprendi-zado necessria a prtica. Nosanos 60, a comunicao atravsde sinais, depois de estudada eanalisada, passou a ser denomi-nada de Lngua. Algumas es-colas j prestam atendimento es-pecfico aos surdos. Tambm jexistem materiais didticosdirecionados para o aprendiza-

    Turma de funcionrios do aeroporto: facilidade para aprender Libras

  • 12 - Revista da FENEIS

    de portadores de deficincia emconcursos pblicos, bem comode cumprir a reserva de vagas de5% at 20% para este pblico.Na ocasio, foram debatidos te-mas como a elaborao doedital, a nomeao dos candida-tos aprovados, adaptao de pro-vas, garantia da acessibilidade,estgio probatrio e aplicao dareserva legal em concursos ondeh oferta de cargos por especia-lidade.

    A inteno da Corde com a re-alizao desta Cmara foi tornarclara a interpretao das leis, apartir de casos prticos, propon-do, inclusive, a complementaodas normas atuais, por meio deAtos Regulatrios, para que o di-reito dos cidados com deficin-cia no seja mais violado.

    De acordo com o Corde, odescumprimento da legislaotem gerado uma srie de aescivis pblicas, impetradas pe-

    A professora Shirley Vilhalva,2 vice-presidente da FENEIS, ea intrprete de Libras, Milena Pe-reira, da Secretaria de Estado deEducao de Mato Grosso do Sul(SED), participaram de uma C-mara Tcnica, para sanar dvi-das sobre reserva de vagas parapessoas com deficincias emconcursos pblicos.

    O evento durou dois dias efoi organizado pela Coordena-doria Nacional para Integraoda Pessoa Portadora de Defici-ncia (Corde), rgo da Secreta-ria Especial dos Direitos Huma-nos da Presidncia da Repbli-ca. A Cmara reuniu operadoresdo direito, realizadores de con-curso e representantes de movi-mentos voltados aos portadoresde deficincia.

    O objetivo do evento foi au-xiliar as instituies em suas di-ficuldades em atender legisla-o vigente acerca da incluso

    Campo Grande (MS)

    Cmara Tcnica discutereserva de mercadopara deficientes

    los ministrios pblicos Fede-ral e estaduais. Este problemaainda tem gerado mandados desegurana e aes judiciaismovidas pelos candidatos comdeficincia.

    As participantes Shirley eMilena atuam no Centro deCapacitao de Profissionais daEducao e de Atendimento sPessoas com Surdez (CAS/MS) eforam indicadas pelo ConselhoNacional dos Direitos da PessoaPortadora de Deficincia (Conade)para integrarem a Cmara Tcni-ca. Atualmente, Shirley aindaconselheira do Conade.

    Mais informaes sobre a in-cluso de portadores de defici-ncia em concursos pblicospodem ser obtidas pelo endere-o eletrnico [email protected], pelo site http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/principal.asp, ou pelo te-lefone (61) 3429-3684.

    do de Libras, que podem ser en-contrados no site da FENEIS.

    A FENEIS uma entidade fi-lantrpica, sem fins lucrativos,de carter assistencial, educaci-onal e scio-cultural, que repre-senta as pessoas surdas ou comdeficincia auditiva. Um de seusprincipais objetivos a legiti-mao e a valorizao da cul-

    tura surda na sociedade. AFENEIS atende tambm aos fa-miliares dos surdos, instituies,organizaes governamentais eno-governamentais, professo-res, fonoaudilogos e profissio-nais da rea. a entidade demaior representao dos surdosno Brasil, e filiada Federa-o Mundial dos Surdos FMS

    (representante dos surdos em di-versas organizaes mundiais,como Organizao das NaesUnidas - ONU e OrganizaoInternacional do Trabalho OIT). Os instrutores da FENEISutilizam tcnicas diversificadas,como aulas expositivas, dinmi-cas de grupo, palestras, leiturase discusso de textos.

  • Revista da FENEIS - 13

    Dia do Surdodiscute educao

    e futuroDa Redao

    dia do surdo

    No dia 26 de setembro foicelebrado mais um dia do sur-do. Alm de representar umaconquista na histria dos direi-tos desses cidados, a come-morao dessa data uma im-portante oportunidade para setraar novos planos e reafirmaros progressos obtidos durantea luta pela igualdade de condi-es.

    Pela terceira vez consecuti-va, a FENEIS organizou umevento que teve como objetivolevar informao e, ao mesmotempo, levantar discusses so-bre os principais temas relaci-onados aos direitos e desejosda comunidade surda. Este ano,o tema central do evento foi ALibras depois da Regulamenta-o: o que muda na prtica.Realizado no dia 29 de setem-bro no auditrio do Senai, naTijuca (RJ), o encontro contoucom a participao de novepalestrantes e de um pblicode, aproximadamente, 400pessoas. Tambm foram apre-sentados esquetes de teatro erealizados sorteios.

    Logo aps o intrprete Fl-vio Milano interpretar o Hino

    Nacional em Libras, RoniseOliveira, que todos esses anostem apresentado de forma di-nmica e criativa o evento,agradeceu a participao de to-dos e convidou os integrantesque comporiam a primeiramesa.

    O presidente da FENEIS An-tonio Mario Sousa Duarte, deuincio ao evento, pedindo umminuto de silncio em home-nagem ao querido amigo e tam-bm aliado na luta pelos direi-to dos surdos Gilson TostesBorba, da Associao Alvora-da, falecido pouco antes do

    evento. Em seguida, AntonioMario falou da alegria de po-der participar do evento e daimportncia de se ter um dia spara os surdos. Ele ainda des-tacou que, apesar das grandesvitrias obtidas, ainda h mui-to o que fazer.

    A primeira palestrante foi aprofessora Marlene de Olivei-ra Gotti, representante do Mi-nistrio da Educao, que ini-ciou a sua explanao falandosobre o que j foi feito, emmbito nacional, para melho-rar as condies de educaoda populao surda. Segundo

    Fotos: FENEIS/RJ

    O Diretor Financeiro e de Planejamento da FENEIS Max Heeren ao lado dospalestrantes do evento

  • 14 - Revista da FENEIS

    Marlene Gotti, um dos fatoresque mais dificultam o cumpri-mento do decreto que regula-menta a Libras o fato de o Bra-sil ser um pas de proporescontinentais, o que impossibi-lita uma fiscalizao mais efe-tiva. O que tambm estaria pre-judicando a difuso da Lnguade Sinais o fato a quantidadede professores ser suficientepara atender s necessidades dapopulao. Ela fez um apelopara que se realizem concursospblicos e, principalmente,para que se crie uma estruturapara a formao desses profes-sores: um curso no surge donada. O governo tem que pro-porcionar condies oramen-trias para que ele se concreti-ze, afirmou Marlene Elacomplementou a sua palestrafalando sobre o Prolibras, umexame de proficincia em Li-bras, que objetivava contratarprofissionais para suprir o mer-cado de trabalho. Ela informouainda que a prova no obtevea divulgao adequada porcausa do processo eleitoral epediu que todos os presentesajudassem a propag-la. Marle-ne encerrou a sua participaoressaltando que, apesar do cer-t i f icado oferecido peloProlibras, importante obter ocertificado de graduao, poiso curso universitrio proporci-ona uma viso mais abrangentesobre a profisso do intrprete.

    Antonio Campos de Abreu,diretor regional financeiro daFENEIS de BH, foi o segundopalestrante do dia e falou so-bre as Lnguas de Sinais ado-tada em cada pas, com desta-que para a Lngua Brasileira

    Diretor Financeiro e de Planejamento da FENEIS Max Heeren e colaboradores

    A Cia de dana Movimento em Silncio (MES)

    Toda equipe da FENEIS/RJ contribuiu para o sucesso do evento

  • Revista da FENEIS - 15

    Chamou a ateno do pblico presente a participao especial do grupo de teatro e pantomina Mensagem Arte

    O final do evento foi marcado por apresentaes de dana e coreografia

    A apresentadora Ronise na entregados brindes sorteados pela FENEIS

    Antnio Campos e Enilde Falstich

    Esquetes com mensagens de paz em tom de humordescontraram a platia

    Funcionrios da FENEIS: alegria com o resultado doevento

    de Sinais. Ele tambm citou asdiversas organizaes mundi-ais de surdos ao redor do mun-do e ressaltou o trabalho daFENEIS, elogiando a sua atua-o e importncia no proces-so de reconhecimento da Li-bras e da Comunidade Surdado Brasil.

    A terceira palestrante foi a lin-gista Tnya Amara Felipe, coor-denadora do Programa Interio-

    rizando Libras MEC/FENEIS, quefalou sobre os movimentos cria-dos pelos surdos e de como elesse desenvolveram a partir da d-cada de oitenta, aps a criaoda FENEIDA. Segundo ela, em1987, quando os prprios sur-dos assumiram o comando daassociao, ocorreu um proces-so de valorizao da identida-de surda semelhante ao chama-do Black Power protagoniza-

  • 16 - Revista da FENEIS

    do pelos negros nos EstadosUnidos.

    Tanya acrescentou que aComunidade Surda, por possuiruma lngua prpria, precisa exi-gir do governo medidas espe-cficas que criem condiesapropriadas para o seu desen-volvimento. A criao da Leida Libras, obtida no final de2002 j foi um avano nessesentido, mas necessrio se fa-zer muito mais. A histria dossurdos est sendo construda,sendo importante que hajaunio e habilidade para articu-lar as propostas de mudana. fundamental persistir nos obje-tivos, mesmo que hajam mo-mentos de cansao e de des-nimo: fazemos um trabalho deformiguinha, mas o resultadoest a.

    Cia de dana Mes em ao no encerramento da programao

    Presidente da FENEIS, Antnio Mrio e a representante da SEESP/MEC,Marlene Gotti

    Os intrpretes da FENEIS/RJ que atuaram no encontro no Dia do Surdo. Nocentro, o Diretor Max Heeren

    Rita Lobato, frente da organizaodo evento, passa informaes aos

    participantes

    Emeli Marques, mestre emLingstica Aplicada e uma das

    palestrantes do evento

  • Revista da FENEIS - 17

    Antnio Mrio, presidente da FENEIS Roseni Silvado Cardoso,coordenadora estadual de Educao

    Espoecial

    Myrna Salermo, mestre emLingstica

    Regina Lcia Moraes Lage,professora da APADA

    Marianne Stumpf, diretora depolcicas educacionais da FENEIS

    Tanya Amara Felipe, coordenadorado programa Interiorizando Libras -

    MEC/ FENEIS

    Enilde Faulstich, mestre emLingstica

    Ronise Oliveira, apresentadora doevento pelo terceiro ano consecutivo

    Marta Ciccone, responsvel pelaequipe do Instituto Superior Bilinge

    de Educao do INES

    Antnio Campos de Abreu, diretorregional financeiro da FENEIS - BH.

    Seguindo o programa de pa-lestras, a coordenadora estadu-al de educao especial RoseniSilvado Cardoso falou sobre oque muda no ensino bsico apartir da Lei de Libras. Para ela,essa Lei vem fortalecer algumasproposies que j foram co-locadas. Alm da necessidadede mais intrpretes no merca-do de trabalho, citada anterior-mente, Roseni declarou que preciso haver adaptaes de or-dem cultural, sobretudo no quediz respeito avaliao acad-mica desses surdos e da inclu-so da disciplina Libras no cur-rculo regular. Outros desafioscitados pela secretria foram aobteno de professores capa-citados para educao infantile ensino fundamental e profis-sionais que ensinem o Portugu-

  • 18 - Revista da FENEIS

    s como segunda lngua, res-peitando as diferenas.

    O tema seguinte, desenvol-vido por Emeli Marques, mes-tre em Lingstica Aplicada, foiA Formao do Intrprete de Li-bras, depois da regulamenta-o. Ela esclareceu que a re-gulamentao que estabelececomo a Lei de Libras ser postaem prtica. Disse tambm que importante que se formemcada vez mais intrpretes. Emelideclarou que, de acordo com aprpria lei, todos os intrpretesformados pelas instituies ci-vis sero credenciados peloMEC desde que haja vnculocom uma universidade. Ela des-tacou a funo do intrprete queatua em sala de aula, afirman-do que ele como o professor,j que, ao interagir com o alu-no, acaba dando uma aula pa-ralela . Finalizando sua parti-

    cipao, ela incentivou que to-dos fizessem o exame Prolibras,ainda que tivessem receios emrelao ao contedo cobrado.

    Esteve palestrando na oca-sio tambm a lingista EnildeFaulstich, que falou sobre ocurso de Portugus no Brasil

    como segunda Lngua. Ela fa-lou sobre a necessidade da in-cluso da matria nos currcu-los dos surdos e alertou para aimportncia de se levar emconsiderao o aspecto cultu-ral e gramatical antes de se ava-liar cada aluno surdo.

    A professora e lingistaMyrna Salermo exps sobre oprofessor surdo no ensino b-sico e no superior. Segundo ela,hoje em dia, os surdos estomuito mais conscientes do va-lor da sua formao acadmi-ca do que h alguns anos atrs,quando eles apenas se preocu-pavam em ingressar o mais r-pido possvel no mercado detrabalho. Myrna ressaltou que,apesar dos cursos j oferecidos,como Pedagogia, os surdostambm devem buscar outrascarreiras com as quais se sin-tam identificados. Ela ainda fa-lou da habilitao do professorsurdo e da importncia de seadquirir cada vez mais conhe-cimento por meio de cursos de

    Na recepo, funcionrios da FENEIS davam as boas-vindas aos participantes

    Durante todo o dia, intrpretes de Libras no mediram esforos para facilitar acomunicao com os surdos

  • Revista da FENEIS - 19

    extenso, como mestrado edoutorado.

    A palestrante Regina LuciaMoraes Lage, professora de sur-dos, falou sobre a Libras comoferramenta necessria em salade aula. De acordo com a suavivncia, na Associao de Paise Amigos de Deficientes Audi-tivos de Niteri, a utilizaodessa lngua promove umaintegrao natural entre as cri-anas. Para ela, o aprendizadovem como conseqncia da ri-queza desse convvio. Reginaainda exibiu vdeos com o tra-balho desenvolvido na Apadae destacou a eficincia dos ele-mentos ldicos no despertar deconscincia desses alunos.

    A penltima palestrante foia professora responsvel pelaequipe do Instituto Superior Bi-lnge de Educao do Institu-to Nacional de Educao deSurdos, Marta Ciccone. Segun-do ela, o INES dever ser pio-neiro num curso de Pedagogiaque oferece educao bilngepara os seus alunos, alm de in-

    vestir numaf o r m a ointerdisci -plinar dosestudantes.

    MarianneS t u m p f ,professorade educa-o de sur-dos da Uni-v e r s i d a d ede SantaCatarina e Do incio ao fim do encontro, os intrpretes atuaram

    Surdos-cegos participaram do evento pelo Dia do Surdo

    Marcou presena tambm o Grupo de Teatro Brasileiro de Surdos

    diretora de polticas educacio-nais da FENEIS, encerrou o ci-clo falando da conquista da fa-culdade em Libras e reforan-do a idia de que necessriose criar cada vez mais oportu-nidades para os surdos se esta-belecerem como profissionaisno mercado de trabalho.

    O evento contou ainda comapresentaes teatrais e de dan-a, conduzidas pelo Teatro Bra-sileiro de Surdos (TBS), Grupode Teatro e Pantomina Mensa-gem Arte e Companhia de Dan-a Movimento em Silncio.

  • 20 - Revista da FENEIS

    Alm do evento promovidopela FENEIS tradicionalmentepara celebrar o Dia do Surdo,este ano uma parceria com aAssociao Alvorada, no Rio deJaneiro, viabilizou um outromomento especial envolvendoas comemoraes em torno daocasio. A idia de realizar umaprogramao que contasse como apoio da FENEIS partiu da pr-pria Associao, que ficou bas-tante otimista com relao par-ticipao dos surdos. O eventoda Associao aconteceu no dia14 de outubro, s 19 horas, eabordou a mesma questo dis-cutida pela FENEIS no auditriodo Senai no dia 29 de setembro:a regulamentao da Libras.

    Quanto mais discusses sobreesse assunto, melhor para a ca-minhada da comunidade surdadaqui para frente. Segundo a di-reo regional da FENEIS, esse foio motivo da parceria e o total in-centivo ao evento da Alvorada.

    associao

    Em parceria com a FENEIS,Alvorada tambmcomemorou Dia do Surdo

    Alm disso, segundo o presiden-te da FENEIS, Antnio MrioSousa Duarte, essa parceria emeventos um exemplo para queo mesmo acontea com outras as-sociaes pelo Brasil afora.

    Elaborado com muito cuida-do pelos organizadores, o pro-grama envolveu atividades bas-tante dinmicas e o tema, almde bem atual, foi, segundo a di-retoria da Alvorada, de grandeimportncia para a vida dossurdos. Os que participaram

    das festividades pelo Dia doSurdo na Alvorada ficarammuito animados com a progra-mao, que dever se repetir noano que vem. Alm das pales-tras, os presentes ganharamuma camisa e participaram desorteios de um celular, DVD,cafeteira, liquidificador e ferrode passar.

    A Associao Alvorada temsempre programaes especiaispara os surdos e fica na RuaParanapiacaba, no 127, Piedade.

    Antnio Mrio demonstrou satisfaocom a programao

    Presidncia daFENEIS ediretoriasregionaisrepresentadasno evento daAssociao

    Diretoria da Alvorada e organizadores do encontro

  • Revista da FENEIS - 21

    O III Seminrio Paranaense deSurdos, de 18 a 21 de agosto, emFaxinal do Cu (PR) , destacou-sepela qualidade da programao epresena de participantes. O even-to foi organizado pela Secretariade Estado de Educao/ Departa-mento de Educao Especial emparceria com a FENEIS/PR.

    Estiveram presentes os repre-sentantes da FENEIS AntnioMrio Sousa Duarte (presidenteda FENEIS), Rosani Suzin (Feneis/PR), Marcelo Silva Lemos (pri-meiro-vice-presidente daFENEIS) e Shirley Vilhalva (se-gunda vice-presidente) quepalestraram respectivamente so-bre O papel da FENEIS nos mo-vimentos surdos brasileiros, Con-tribuies da legislao cida-dania surda; Motivao; e ndi-os Surdos: Caminhos a percor-rer na Educao. Tambm parti-ciparam da programao MarcosAntnio Sousa (MG),palestrando sobre A formao daconscincia crtica do Surdo; Ri-mar Romano (SP), sobre Ativida-des Culturais; Paulo Andr (RJ) ,sobre O que voc precisa saber

    Paran realiza Seminriovoltado para os surdos

    sobre as drogas; Cacau Mourosobre A arte do corpo em movi-mento.

    Diversas oficinas marcaram tar-des e manhs do evento, alternan-do as palestras. Os participantesse dividiram em grupos, partici-pando em diversos ambientes detemas como Libras I, Poesia em Li-bras, Teatro e Expresso Corporal,Drogas, Liderana Surda e Legis-lao, Teatro Infantil. Libras eCorporalidade, Comunicao dosSurdocegos, entre outros.

    notcias regionais

    Cerca de 700 pessoas participaram do seminrio Grupo expressivo de intrpretes presente no encontro do Paran

    Rosane, Karin,Vera e Sueli. Nocentro, Antnio

    MrioA oficinade teatroatraiu os

    participantes

    O grupo aprende umpouco mais sobre aarte do teatro

    Da esquerda para direita, MarciaElisa de Pol, Karin Lilian Strobel,Sueli Fernandes, Josefa Maria de

    Oliveira Povh, Veralucia Carvalho eRosani Favoreto

  • 22 - Revista da FENEIS

    Congresso na Bahiadiscute a Educao naperspectiva dos surdos

    Aconteceu de 2 a 4 de no-vembro, no Auditrio da Reito-ria da UFBA, o Congresso Naci-onal sobre Educao de Surdos,numa promoo do Espao Uni-versitrio de Estudos Surdos (EU-SURDO), ligado ao Programa dePs-Graduao em Educao daFaculdade de Educao da Uni-versidade Federal da Bahia, e co-ordenado por Ndia Regina Li-meira de S. Foi o primeiro even-to de grande porte desse Espaoque tem como objetivo desen-volver esforosinterinstitucionais para a efe-tivao de pesquisas e estudossobre a surdez e sobre os surdos,bem como analisar e propor po-lticas educativas para surdos noNordeste, estabelecendo umfrum permanente de debates,em cooperao com instituiessociais e a comunidade surda.

    O Congresso discutiu o tema

    Educao Significativa para osSurdos, num Novo Tempo, econtou com inmeros represen-tantes das comunidades surdasde diversos estados brasileiros,com profissionais surdos (princi-palmente da rea da educao),e com estudantes de um modo

    geral,, e familiaresde surdos. O nme-ro de inscritos girouem torno de 600pessoas.

    O Congresso

    discutiu a educao do surdo sobsua perspectiva, a dos profissio-nais ouvintes e a dos intrpretesde Libras. Houve oportunidade,ainda, para discusses e informa-es acerca da educao de sur-dos no mbito da graduao e daps-graduao no Brasil.

    Viso do auditrio do Palcio da Reitoria da UFBA lotado no CongressoNacional sobre Educao de Surdos

    Professoras Ndia S(coordenadora doCongresso) e MarleneGotti(SEESP/MEC), noCongresso Nacionalsobre Educao deSurdos.

    notcias regionais

    Tanya A. Felipe, lingista presente noencontro

  • Revista da FENEIS - 23

    Palestraram os seguintes no-mes: Gldis Perlin (UFSC- SC);Enilde Faustich (UnB DF);Marlene Gotti (SEESP/MEC DF); Ndia Regina Limeira de S (UFBA - BA); Tania Amara

    Presidente da FENEIS sendo recebido no Congresso Nacional sobreEducao de Surdos - BA

    Felipe (FENEIS RJ); VivianeHeberle (UFSC - SC); MartaCiccone (INES RJ); Ktia Regi-na Santos (Secretaria Municipalde Educao do Rio de Janeiro- RJ); Tibiri Maineri (Escola

    Municipal de EnsinoFundamental HelenKeller RS); AnaThalhammer (Facul-dade Radial SP);Larissa Rebouas(BA); Tadeu Rocha(Presidente do Con-selho Fiscal daFENEIS); Andr Rei-chert (UFRGS RS);

    Marlon Jorge Azevedo (FENEIS AM); Antonio Mrio SousaDuarte (Presidente da FENEIS);Nelson Pimenta (TBS RJ); Mil-ton Bezerra (BA); Karin Strobell(UFSC SC); Ricardo Sander(SP); Sidney Feltrin (RJ);Neemias Santana (BA); IranvithScantbelruy (Instituto Nely Fal-co de Souza AM); EdgarCorrea Veras (CAS GO);

    Tambm estiveram partici-pando Ktia Marangon, repre-sentante da Secretria de Educa-o Especial do Ministrio daEducao; Naomar Monteiro deAlmeida Filho, reitor da UFBA;Roberto Sidney Macedo, coorde-nador do Programa de Ps-Gra-duao da UFBA e Helena deSouza Nunes (UFRGS - RS), co-ordenadora da Rede Nacional daFormao Continuada de Profes-sores da Educao Bsica (SEB/MEC), dentre outros.

    Congresso de Surdosda Bahia

    Pouco antes do CongressoNacional o Encontro de Surdosda Bahia, realizado no dia 2 denovembro, no mesmo auditrio.A programao do Encontro foi

    Palavra do presidente daFENEIS na abertura do Congresso

    Nacional

    O presidente da FENEIS aolado do vice-presidente da

    CESBA

  • 24 - Revista da FENEIS

    preparada pelo Centro de Surdosda Bahia (CESBA), e contou comum grupo expressivo de surdosde diversas cidades baianas, bemcomo de diversos estados doBrasil. Neste Encontro, os surdoselaboraram um importante do-cumento, intitulado: A Educa-o que Ns, Surdos, Queremos,e Temos Direito. Para a compo-sio do texto desse documen-to, os surdos fizeram uma am-pla discusso.

    Ainda paralelamente ao Con-gresso, foi realizada, na tarde dodia 3 de novembro, umareunio com todos os co-ordenadores e representan-tes de CAS no Brasil,dirigida pela professoraMarlene Gotti (SEESP/MEC).Todos os estados brasileirosestiveram presentes.

    O Congresso Nacionalsobre Educao de Surdoscontou com o apoio daSEESP/MEC e da CAPES/MEC, no mbito do Progra-ma de Apoio EducaoEspecial (Projeto de Apoioao Pesquisador).

    Segundo Ndia Regina,esses eventos foram de fun-damental importncia, ten-

    Todos os estados estavam representatados na reunio com os CASs

    Marlene Gotti (foto acima) na oportunidade se reuniu com os coordenadores erepresentantes da CAS no Brasil

    do em vista que possibilitaramtrazer as mais recentes discus-

    ses da rea para o nordeste bra-sileiro, e o fato de que os surdosbaianos tiveram a oportunidadede realizar um encontro com umnmero significativo derepresentates do Brasil, sendo ca-pazes, inclusive, de mostrar umagrande articulao poltica nasistematizao de suas idias.

    Ficou decidido que o prxi-mo evento promovido pelo EU-SURDO ser o Congresso Esta-dual sobre Educao de Surdos,no ms de junho de 2007, emSalvador - BA.

    Mais informaes e fotos:www.eusurdo.ufba.br

    Colaborou Ndia S

  • Revista da FENEIS - 25

    espao aberto

    A educao que ns, Surdos,queremos e temos direitoDocumento elaborado pela comunidade surda a partirdo Encontro de Surdos na Bahia, realizado na reitoriada UFBA-Universidade Federal da BahiaO Sistema EducacionalBrasileiro

    O sistema educacional brasi-leiro procura adaptar-se aos no-vos paradigmas educacionais. AConstituio Federal de 1988,em seu artigo 205, preconizaque a educao direito de to-dos, dever do Estado e da fam-lia, visando ao pleno desenvol-vimento da pessoa, o seu prepa-ro para a cidadania e sua qua-lificao para o trabalho, asse-gurando o direito e o respeito sdiferenas.

    Estamos vivenciando a pers-pectiva da Incluso, dimensosocial que postula princpios b-sicos para oferecimentos de opor-tunidades e direitos iguais to-dos, no importando suas dife-renas. Na perspectiva de que aeducao inclusiva deve serestruturada em um processo edu-cacional que leve em considera-o os limites e potencialidadesde cada educando. Esse proces-so educacional deve utilizar-sedas vias multi-sensoriais no pro-cesso de aprendizagem, no spela viso e/ou audio, mas pelainterao de todos os sentidos, afim de proporcionar aprendiza-gem significativa a todos. Obser-va-se, ento, que reconhecer asdiferenas o princpio bsicopara o exerccio da prtica docen-te em ateno s diferenas emclasse inclusiva.

    Todavia, o que se tem perce-

    bido, em grande parte, nas esco-las pblicas estaduais so classestidas como homogneas, prepon-derando sempre um ensinodescontextualizado, sem aprendi-zagem significativa, apenas me-cnica e, portanto, desconectadada realidade dos educandos sur-dos.

    necessrio oferecer condi-es de qualidade educativapara as pessoas surdas, a fim deque possam se desenvolver con-forme suas potencialidades, e talsituao s poder ocorrer defato no momento em que a opi-nio do surdo seja respeitada. Eno momento ele clama pela salas para alunos surdos, sem queesse clamor represente sua exclu-so no sistema de ensino, pois aIncluso existente atualmenteacaba ficando somente no siste-ma de ensino. Isso porque huma organizao que implcitaou explicitamente valoriza oouvir, o saber ouvir, o ser ouvin-te, trazendo uma relaoexcludente entre os ouvintes eseus pares. As aulas no soapropriadas para o aluno surdo,so utilizadas apenas tcnicas dememorizao, apenas porverbalizaes sobre o objeto aser aprendido, de forma mec-nica e descontextualizada. Noh recursos suficientes, nem sen-svel interesse para a realizaode aes pedaggicas que auxi-liem no desenvolvimento

    cognitivo desses alunos, propi-ciando a todos os alunos o con-tato com os objetos a seremaprendidos, utilizando-se apenasmodelos para ouvintes.

    As polticas educacionais de-vem levar em considerao asdiferenas e as situaes indivi-duais dos alunos surdos, enfati-zando-se a necessidade de ummovimento transformador daeducao como um todo, no sereferindo s ao processo de in-cluso escolar, mas propondoalternativas que viabilizem aqualidade do ensino, atravs depropostas pedaggicas significa-tivas.

    A Educaao de Surdos naBahia numa PerspectivaInclusiva

    O que se pode perceber queo processo de incluso dos alu-nos surdos, nas classes regularesde ensino, no est acontecen-do como preconizam as leis: odilogo e o esprito crtico noso exercitados nos mbitos es-colares.

    Segundo os surdos que parti-ciparam do Encontro de Surdosna Bahia,o aluno surdo em clas-se inclusiva ainda norteadopela obrigao de igualar-se cultura ouvinte, seguindo os fun-damentos lingsticos, histricos,polticos e pedaggicos destacultura. Mas, necessrio que seleve em conta que a escola, ao

  • 26 - Revista da FENEIS

    considerar o surdo como ouvin-te numa lgica de igualdade, estlidando com uma pluralidadecontraditria e, conseqente-mente, negando a singularidadedo indivduo surdo, como afir-mam vrios estudiosos do ramo.

    Os rgos governamentais le-gitimam o processo de inclusosocial, mas no provm as esco-las pblicas de recursos para oatendimento educacional de qua-lidade para todos. A utilizao daLngua de Sinais um exemplontido,pois lhes afirma o direitoao uso, no entanto, h apenas arecomendao para que pais eprofessores aprendam essa ln-gua, sendo que muitos professo-res de escolas pblicas no sabema Libras. No se trata apenas deoptar pelo processo de inclusona escola regular, necessriopropor meios e alternativas que,considerando a existncia da cul-tura surda, a ele seja permitidaaprendizagem significativa.

    Apesar da quase abundnciade leis, no que se refere edu-cao inclusiva, possvel afir-mar que falta, alm de uma for-mao do profissional da educa-o; formao de professoresintrpretes e a proposta de mei-os e modos de execuo de umaprtica pedaggica comprome-tida. uma inovao que impli-ca perptuo esforo de atualiza-o e reestruturao das condi-es atuais da maioria das insti-tuies de nvel fundamental,mdio e superior. Sendo assim,encontramos um paradoxo noque se refere as propostas de in-cluso e as reais condies dasclasses inclusivas para o alunosurdo. Observamos que as neces-sidades dos sujeitos surdos nose restringem apenas s questespertinentes linguagem, mas h,tambm, uma gama de outros fa-tores, como a forma visual de

    apreenso do mundo, to rene-gada na escola inclusiva, pois noh uma reestruturao curricularpedaggica, para aproveitamen-to dos recursos pictricos e desinais. O currculo se encontraapenas adequado para estudan-tes ouvintes, no contemplandotodos os alunos.

    O papel do educador de ex-trema relevncia para o aprendi-zado do aluno surdo, atravs douso de metodologias adequadas sua realidade e da utilizao daprimeira lngua (Libras), alm dosmais variados recursos de comu-nicao e o ensino da segunda ln-gua (Portugus). Contudo, umagrande parte do professorado daclasse inclusiva em redes de ensi-no, sequer conhece ou ouviu fa-lar da Lngua Brasileira de Sinais,o que dificulta ainda mais o pro-cesso satisfatrio da incluso paraos surdos.

    Segundo os alunos surdos, oque ocorre nas salas de inclusono so aulas apropriadas para oaluno surdo, so tcnicas dememorizao, apenas por verba-lizaes sobre o objeto a seraprendido, de forma mecnica edescontextualizada. No h recur-sos suficientes nem sensvel inte-resse para a realizao de aespedaggicas que auxiliem no de-senvolvimento cognitivo dessesalunos, propiciando a todos osalunos o contato com os objetosa serem aprendidos, utilizando-semodelos desses objetos.

    A Educao que ns ,Surdos,Queremos e Temos Direito

    Para a efetiva realizao deuma educao de qualidade paraos surdos, ns reivindicamos:1. Direitos iguais para todos

    como base para uma socie-dade mais justa e igualitria,como preconizam a Consti-tuio Federal Brasileira e a

    Declarao de Salamanca, oDecreto 5626/2005 e a reco-mendao 01/2006 doCONADE encaminhada parao Conselho de Pessoas comDeficincia;

    2. Reestruturar o curricular pe-daggico para aproveitamen-to dos recursos pictricos e desinais, pois o currculo se en-contra apenas adequado paraestudantes ouvintes;

    3. Implementar a Lngua de Si-nais nos currculos escolares;

    4. Assegurar a presena do pro-fessor surdo e do intrpreteprofissional na sala de aula;

    5. Alfabetizar crianas surdasatravs do Bilingismo;

    6. Participao poltica educaci-onal das pessoas surdas nosprocessos de discusso eimplementao de Leis, De-cretos, etc.;

    7. Oferecimento de vagas paraprofessor surdo nas Institui-es de Ensino, principal-mente para o ensino da Ln-gua de Sinais;

    8. Garantia de acesso a culturasurda;

    9. Construo de escola de sur-dos e creche para crianassurdas, com estrutura propor-cional para tal;

    10. Inserir nos programas edu-cacionais, inclusive nos tele-jornais a legenda e janela deintrprete;

    11. Formao diversificada eampliao de cursos para sur-dos;

    12. Assegurar o acesso a recur-sos tecnolgicos que auxiliemno processo de aprendizagemdos alunos surdos, inclusiveo painel de legenda em salade aula para os alunos surdosque solicitarem;

    13. Concursos pblicos comgarantia de 20% da reserva devagas para surdos.

  • Revista da FENEIS - 27

    De 24 a 28 de outubro, osmembros da Federao Mundi-al de Surdos (FMS) estiveramreunidos na 1 ConvenoSulamericana de Pessoas Sur-das, realizada em Santiago, noChile. Alm do presidente daFENEIS, Antnio Mrio SousaDuarte, representando o Brasil,estiveram participando da Con-veno educadores, pais e ami-gos da comunidade surda, re-presentantes da Argentina, Bo-lvia, Colmbia, Equador,Paraguai, Peru e Venezuela. Oobjetivo do evento foi promo-ver um espao de reflexo, den-tro do contexto da realidadesurda chilena e gerar iniciativase planos de trabalho conjuntoem sintonia com as metas daFMS. O evento tambm possi-bilitou os presentes conheceremum pouco sobre os problemasda cada um dos pases membrose participar de debates sobretemas relacionados surdez,como lngua, cultura, comuni-dade, participao social e ci-dadania, educao e direitos. OEncontro contou com palestran-tes como Dr. Roz Rosen, dos Es-tados Unidos, que falou sobreDireitos Humanos e Educao;Dr. Jay Innes, coordenador deeducao da UniversidadeGallaudet, nos EUA, ministran-do sobre o tema Liderana So-cial e Educacional; Martha Lu-cia Osorno, colombiana e mem-bro da FMS, que abordou aquesto das Mulheres Surdas; eCira Moran Poleo, venezuelanae Secretria Sulamericana daFMS, expondo sobre Liderana;entre outros.

    internacional

    Encontro rene membrosda FMS no Chile

    Antnio Mrio comMarianne Stumpf,

    diretora de polticaseducacionais da

    Feneis. Ambosestiveram

    representando aFENEIS no Chile

    Com Maria EugeniaRios, presidente da Fe-derao Nacional deSurdos da Venezuela

    Com a intrprete doevento. A Lngua de

    Sinais foi interpretadapara 9 pases

    representados

    Com a representante daAssociao de JovensSurdos do Chile

    Presidente daFederao de Surdosdo Equador, Vincio

    Baquero

    Programaesculturais, comdanas ecoreografiasmarcaram oevento

    Maquete daSede da

    Associaode Surdos

    do Chile

    Reunio daFMS com osdelegados denove pases

    Festa dos 80 anos daAssociao do Chile: um dos

    destaques foi o desfile de miss

    Os nove presidentes dasentidades representativas dossurdos na Amrica do Sul e os

    nove delegados

    O presidente da Federao deSurdos da Bolvia, AnbalSubirana, e o delegado

    boliviano Marcelo Quiroga

    Grupo de brasileiros presentesno Encontro

    Vice presidente da FMS,Feliciano Sola; presidente daFeneis, Antnio Mrio Sousa

    Duarte; e membro da FMS, LenMitchell

    Homenagem especial aos 80anos da Associao desurdomudos do Chile

  • 28 - Revista da FENEIS

    Com o objetivo de incen-tivar a participao e capa-citar os jovens surdos a re-petirem a iniciativa em suascidades, o 1 Encontro de Jo-vens Surdos do Cone Sul foirealizado de 18 a 20 deagosto, em Buenos Aires, Ar-gentina.

    Esta a primeira vez queo evento, de responsabilida-de do Departamento Juve-nil da Confederao Argen-tina de Surdos (DJCAS), promovido. A idia dosorganizadores que outrasedies sejam organizadas,em diferentes pases, propor-cionando o encontro e con-graamento dos jovens sur-dos do Cone Sul.

    Na ocasio, o Brasil este-ve representado por Rodrigo Ma-chado, da FENEIS-RS, e AndrWeizenmann, da Sociedade dosSurdos do Rio Grande do Sul.Durante o evento, que contoucom a participao de cerca de55 jovens, Rodrigo Machadoapresentou a proposta de que,em 2008, o Brasil seja a Sede doEncontro, que ocorrer a cadadois anos. Aps uma eleio oBrasil foi vitorioso com 15 votosa favor e recebeu um trofu, queficar no pas at 2008.

    Antes deste evento, os jovenssurdos da Amrica do Sul no seconheciam, nem participavamdos encontros e congressos or-ganizados pela Federao Mun-dial de Jovens Surdos (WFDys).

    Pela primeira vez,encontro rene jovenssurdos do Cone Sul

    Essa foi a primeira vez que tive-ram a oportunidade de estaremreunidos para compartilhar ne-cessidades, experincias, a pol-tica de cada pas, o desenvolvi-mento da participao surda nosmovimentos da confederao ede diversas instituies, entreoutros temas.

    A organizao do evento per-cebeu que h a necessidade deiniciar uma nova sustentao, aMisso Cone Sul, de intercm-bio entre os jovens do Cone Sul,para efetivao de contatos,compartilhamento de movimen-tos e da lngua, e como platafor-ma para propostas FederaoMundial de Surdos.

    Segundo Rodrigo, impor-

    tante participar do movimentode jovens surdos para constru-o da identidade surda verda-deira. dessa forma que a co-munidade surda se fortalece. Aparticipao nos eventos, almde treinar os jovens em ativida-des de lazer e organizao, tam-bm estimula o trabalho em con-junto, para que possam compar-tilhar experincias gratificantes efiquem cientes de sua capacida-de de tornarem-se reais protago-nistas de seu futuro, incentiva.

    O 2 Encontro de Jovens Sur-dos do Cone Sul ser realizadono Brasil, em Porto Alegre (RS),em julho de 2008. Mais infor-maes e fotos no site http://www.jovenesordos.com.ar.

    internacional

    Grupo de jovens que participaram do Cone Sul

  • Revista da FENEIS - 29

    notcias regionais

    Alunos da Apas/SCvisita FENEIS/SP

    Com o objetivo de conscien-tizar as pessoas a respeito doconsumo indevido de energia, aCompanhia de Energia de SantaCatarina (Celesc) lanou o livro Aprendendo com a Celesc naEscola. A publicao umastira da histria do Chapeu-zinho Vermelho, que ensina aoleitor como economizar energia.

    A realizao desse livro s foipossvel porque a Companhia deEnergia de Santa Catarina (Celesc)promoveu um concurso que con-tou com a participao de vriasinstituies. A vencedora foi aAssociao de Pais e Amigos dosSurdos da cidade de So Miguel

    do Oeste/SC (Apas), que comoprmio recebeu a verba para pro-duzir o livro. Alm da publica-o, a Apas ganhou uma viagempara visitar uma instituio quetrabalhe com surdos em qualquercidade brasileira. A FENEIS/SP foia escolhida pela Apas, sendocontemplada, ento, com a visi-ta de 34 pessoas, entre adultos ecrianas. Na ocasio, o diretor re-gional Neivaldo Augusto Zovicoexplicou ao grupo os objetivos daFederao. Durante a visita ain-da foi servido um lanche e hou-ve ainda um momento de trocade experincias e integrao en-tre os alunos e os funcionrios da

    Mos voluntriasA Federao Nacional de

    Educao e Integrao dos Sur-dos do Distrito Federal (FENEIS/DF) realizou no dia 4 de no-vembro um evento para estimu-lar a participao voluntria nosprojetos da instituio. A progra-mao realizada no auditrio doSenac contou com a presena decerca de 40 pessoas. Foi um mo-mento nico de debates entresurdos e ouvintes interessados naquesto do voluntariado.

    Um dos palestrantesfoi Messias Ramos Cos-ta, que ficou bastantefeliz com o resultado doEncontro. Segundo ele,o trabalho junto ao sur-do um desafio impor-tante para a sociedade.Durante o evento, 13pessoas aceitaram o de-

    FENEIS. Alguns exemplares do li-vro produzido pelas crianas daApas/SC foram entregues FENEIS, que presenteou os alunoscom uma pequena lembrana.

    safio e se disponibilizaram paratrabalhar voluntariamente aolado da FENEIS.

    J passaram e continuamexercendo cargos na FENEISmuitos voluntrios nas reascultural , de intrprete, educa-o, eventos, designer e outras.

    Vrias pessoas falaram desuas experincias, disseram queestavam emocionados e sensibi-lizadas com a proposta dovoluntariado.

    Palestras...

    confraternizao...

    ereuniesmarcaramosmomentosdoevento Participantes do evento

  • 30 - Revista da FENEIS

    FENEIS Matriz

    Rua Major vila, 379Tijuca Rio de Janeiro RJ20511-140Tel: (21) 2567-4800Fax: (21) 2284-7462

    Diretoria:[email protected]

    Setor de Comunicao:[email protected]

    Celes:[email protected]

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    Recurso Humanos:[email protected]

    Intrpretes:[email protected]

    Revista da FENEIS:[email protected]

    FENEISpelo BrasilFENEIS - Belo Horizonte - MGRua Albita, 144Cruzeiro30310-160Telefax: (31) [email protected]

    FENEIS- Teofilo Otoni (MG)Rua Doutor Joo Antnio n 115CentroTefilo Otoni-MG39800-016Telefax: (33) [email protected]

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    FENEIS Santa CatarinaRua Padre Roma, 288 - CentroFlorianoplis-SC88010-090Telefax: (48) [email protected]

    endereos

  • Revista da FENEIS - 31

    infantil

    Esta linda menininha sechama Vitria SilvaVieira da Silva, e emborano parea, ela tem 3aninhos. Muito charmosa,em visita FENEIS, elanos agraciou com suasimpatia e naturalidade.

    Vestida com a cor quemais gosta, rosa, ela noscontou o segredo de suasade. Ela se alimentabem. Entre suaspreferncias esto sopade ervilha e yogurte.

    Dentre as brincadeirasque mais gosta esto darbanho em suas bonecas,correr com suascoleguinhas, pula-pula,

    Vitria: cercada de amore carinho dos pais surdos

    Vitria filha do casalAna Paula P. Silva eAnderson V. Da Silva,ambos surdos. Ela j secomunica com eles emLibras. Durante aentrevista Vitria foimuito carinhosa e gentilconosco, um reflexo doamor recebido em casa.

    Parabns aos pais deVitria pelo estimulo quevem oferecendo a suapequena, que estdesenvolvendo muito bemvalores que envolvemamor e educao, setornando uma meninasimptica e atenciosa.

    Colaborou Rita Lobato

    balano, desenhar etomar um delicioso banhode piscina. Gosto muitode brincar com meu paitambm, acrescenta.Vida de criana mesmouma delcia!

    Vitria esbanja charme

    Recebendo carinho dos pais

    Agarradinha com a me

    No colinho do pai

    Ela j sabe Libras

  • Preencha o cupom encartadona revista.