revista força campolina 22

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Gustavo Andrade Entrevista Fazenda do Segredo Haras das Gerais Espádua a fora não existe Nacional 2014 Matérias Matérias Ano 07 | nº 22 | Agosto/2014 Capricho JHR Portinari Mandala x Agitada das Duas Marias Bi Campeão Nacional Grande Campeão Brasileiro 2014

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Revista Força Campolina 22 - Agosto/2014

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Page 1: Revista Força Campolina 22

Gustavo AndradeEntrevista

Fazenda do SegredoHaras das Gerais

Espádua a fora não existeNacional 2014

Matérias

Matérias

Ano 07 | nº 22 | Agosto/2014

Capricho JHRPortinari Mandala x Agitada das Duas Marias

Bi Campeão NacionalGrande Campeão Brasileiro 2014

Page 2: Revista Força Campolina 22
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Índice

Expediente

Gustavo AndradeUm homem DEZtemido

Fazenda do SegredoUm criatório referência

Espádua a fora não existeCampolina: Espádua a dentro, contra espádua a dentro

Haras das GeraisRaça pura, vigor e beleza

34ª Semana Nacional do Campolina

Haras JHRConfins/MG

(31) 9954.8642 - Nil(31) 9981.1563 - Henrique(31) 9954.9078 - José [email protected]

Entrevista

Matérias

Matérias

Capricho JHR Portinari Mandala x Agitada das Duas Marias

Bi Campeão NacionalGrande Campeão Brasileiro da Raça 2014

4 Força Campolina | Agosto 2014

DireçãoMarco Livrã[email protected]

Direção de ArteTiago [email protected]

Edição e DiagramaçãoMarco LivrãoTiago Martins

Jornalista responsável

Bianca Costa MT 10619

FotosAna ClarkDuarteHamilton SilvesterIvan MachadoNilo CoimbraPedrãoPedro ViottiRoberto PinheiroSérgio TeixeiraSidney Araújo

Agência e Produção

(31) 2555.8900www.cheiodeideias.com.br

Rua Angustura, 210 | Sala 2/CSerra | Belo Horizonte/MGCEP: 30.220-290

Gustavo AndradeEntrevista

Fazenda do SegredoHaras das Geraes

Espádua a fora não existeNacional 2014

Matérias

Matérias

Ano 07 | nº 22 | Agosto/2014Ano 07 | nº 22 | Agosto/2014

Capricho JHRPortinari Mandala x Agitada das Duas Marias

Bi Campeão NacionalGrande Campeão Brasileiro 2014

11

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58

6824

Capa

Foto Capa:Hamilton Silvester

Page 5: Revista Força Campolina 22

Editorial

participação mais decisiva nos primórdios da seleção e criação de nossa raça, mais também em tantos outros que procuro em meus devaneios e nos encontros de ami-gos. Um exemplo é Hugo Fontes, que também compõe meu time de heróis, certamente mais contemporâneo, mas preenchia de alegria contagiante todos os locais onde sua presença era marcante, ouço distante um eco de sua voz “sempre alta”, em brando. São tantos sem-blantes que passaram e deixaram exemplos para nossos destinos.

Se meus heróis não “morreram de overdose”, não ven-deram milhões de CDs, nem fizeram show megalomanía-cos, não escreveram best sellers, ou muito menos ganha-ram uma Copa do Mundo, eles, e são vários: técnicos, tratadores, juízes, usuários, amigos, que ajudaram a fazer a raça melhor a cada dia... Mas são meus e guardo eles num local que só a alma sabe chegar, onde a saudade é perene, e onde a determinação cresce e faz minha vida mais envolvida com a raça Campolina - sempre.

Força Campolina.

Capas, espadas, armas espetaculares, vôos fantásticos e sonhos, enfeitaram nossa mentes infantis repletos de heróis e personagens fantásticos.

Alguns, ainda se margeiam em outras figuras como heróis, políticos, pensadores, esportistas, escritores, en-fim personalidades que formam o cotidiano de nossas vidas, cada um com seu coração e sua forma.

Meus heróis são diferentes, eles compunham desde a minha mais nova idade, a admiração pelos desbravadores que iniciaram a criação de cavalos no Brasil. Em minha lembrança, e euforicamente nos meus destinos lembro com saudade de Márcio Andrade, professor, amigo e “herói - primeiro”, saibam que eu sonhava com ansie-dade para encotra-lo em sua Campo Grande, de onde o aprendizado se misturava em forma de fanatismo. Ali forjei meu conceito de cavalo funcional, de cavalo mar-chador, bem perto do Campolina que galgamos nos dias de hoje.

Certamente, a fascinação vinha por uma mistura de simplicidade e sofisticação que aquele emblema causava em minha alma, já embriagada pelo amor a equinocultura nacional, em especial claro o cavalo Campolina.

Outrora lembro com carinho de José Eugê-nio Dutra Câmara - agora por muitos (os mais jovens claro) conhecido como pai de Dudu, mas para mim uma figura totalmente especial, coisa que Dudu também herdou, me ensinou numa certa oportunidade a ter paciência, principal-mente porque eu queria ver a raça crescer no meu valente estado de Pernambuco, mais um herói saudoso.

São bustos d’ouro que guardo com carinho e se juntam este ano a Gastão Resende Filho, herdeiro da “linhagem Gás”, certamente o ber-ço mor da raça Campolina, que partiu monta-do no Rex e levando na bagagem a exaltação a expressão e a caracterização racial cobiçada na raça. E em retórica, saibam, gosto sim do Cam-polina Funcional e Marchador, mas também sou apaixonado pela expressão racial. Quero tudo no cavalo de meus sonhos.

Mas os heróis não são aqueles que necessa-riamente que com o tempo e o destino tiveram

“Um herói não é alguém que consegue ganhar alguma coisa devido aos seus poderes sobrenaturais mas pessoas que, não tendo poderes sobrenaturais,

conseguem fazer qualquer coisa de sobrenatural” João Manoel Viera

Força Campolina | Agosto 2014 5

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Page 8: Revista Força Campolina 22

DécadaO Haras Luanda agradece a tOdOs que cOntribuíram para O

sucessO dO LeiLão da década!

compradores dO leilãO luanda 2014:

Abril/2014 • SAlvAdor pArou e o cAmpolinA dA bAhiA entrou pArA A hiStóriA dA rAçA!

Público recorde100% de satisfação!

r$ 1.603.890.00de faturamentO!!!

95% dos lotesefetivAmente vendidos!

Parabéns à toda equiPe!Muito obrigado aos Parceiros e Muita sorte aos novos ProPrietários!

L e i L ã o

e d i ç ã o e s p e c i a L

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www.harasluanda.com.br

campanÁrio aGropecuÁria LTda. Haras Luanda LTda - meJair Fonseca pinTo Juniorricardo GonTiJo FernandesBaruLHo aGrop. LTda./ cLÁudio r.G. da cunHaLuis carLos de maTTos cosTa BarrosHenriQue arruda GuimarãesJosé euGÊnio duTra camara FiLHoirasa indÚsTrias reunidas aLianÇa s/aLuiZ roBerTo HorsT siLVeira pinToJosué rodriGuesmoZarT auGusTo soares de escoBarmauro arruda FiLHo GioVanni mascarenHas araÚJoroGério da siLVa oLiVeiraneLson Grassi meLo FrancoronaLdo monTeiroruBens cHasTineT piTanGueira FiLHoedmundo sampaio JonessÓcraTes de carVaLHo seaBrapauLo césar BaHia FaLcãoÁLVaro Hermano carneiro souToKarine FreiTas da paZrenan de Lana ardiToGaBrieL cardoso LopesJosé aLBerTo cardoso siLVaWiLson cardoso campos JuniorroBerTo da rocHa mascarenHascésar auGusTo BarreTo BarBoZaosmar LourenÇo VaZJardeL aYres siLVaJuseLY reis souZaGeraLdo riBeiro sanTosmarcus GusTaVo de souZa sarmenToJosé daYreLL de Lima andradeJoão - TeL. deÍmarceLo coeLHo paraHYBaGusTaVo cardoso de andrade aGrop. HiBipeBa LTda. / noriVaL siQueiTa neToinsTiTuiÇão Lar Vida pauLo mendes marTins marioTTi - meHaras JHr LTda maurÍcio WanderLeY esTanisLau da cosTa eduardo aFonso muZZi Lopes canÇado

avanticom.com.br

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DécadaO Haras Luanda agradece a tOdOs que cOntribuíram para O

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avanticom.com.br

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A

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A

Gustavo AndradeUm homem DEZTEMIDO

revista Força Campolina conver-sou com o médico e criador Gustavo Andrade que nos contou um pouco de sua história e falou sobre temas importantes para o atual momento da raça.

FC: Conte-nos um pouco sobre o início de seu envolvimento com o Campolia

Estou na raça desde 1988, quando tinha apenas 13 anos e me filiei a ABCCC; meu pai tinha um sítio em Barbacena e aprendi a montar e gostar de cavalos. Fiquei apaixonado quando conheci o Cam-polina, sobretudo pela sua beleza e andamento macio, logo tornou-se meu “sonho de consumo” e acaba-mos comprando alguns animais de qualidade ruim, criados sem estru-tura e manejo adequados, mas que serviram para consolidar essa paixão pelo cavalo.

Essa primeira fase durou até meados de 1993, quando fui morar nos USA por um ano e vendemos a propriedade e os animais devido a dificuldades financeiras. Além disso, entrei na Faculdade de Medicina da UFMG em 1995 e me formei em 2000, período em que sobrava muito pouco tempo para acompa-nhar os eventos do cavalo.

O período de 2001 e 2005 foi dedi-cado a Residência Médica em Neuro-cirurgia e posterior subespecialização em cirurgia de coluna, inclusive com alguns cursos no exterior. Em 2005, ocorreria um leilão Chiribiribinha no

Entrevista

Foto

: Ace

rvo

Cria

dor

Força Campolina | Agosto 2014 11

||| Gustavo Andrade e Aaron, reprodutor do Haras dos Anjos

Page 12: Revista Força Campolina 22

Os animais do Haras dos Anjos têm demonstrado grande desen-voltura durante os campeonatos, conte-nos sobre os animais pre-miados e os objetivos do criatório

Em pouco tempo e com orça-mento modesto, conseguimos comprar nosso garanhão Aaron R4 de Potyretá e fazê-lo bicampeão nacional, além de diversos outros títulos, Angelina Jolie da Lagoa Negra Reservada Campeã Nacional de Marcha. Luna do Vale Dumont também foi diversas vezes campeã

RJ, numa época em que estaria lá para um congresso - fui ao leilão e comprei uma égua, Tieta do Porto Alegre, em parceria com o José Dayrell, que for-malizou meu retorno ao mundo do cavalo, do cavalo Campolina.

Até 2010 adquiri algumas éguas e o potro preto Taj Mahal da Con-ceição, em parceria com um grande amigo, Dudu, que me possibilitou manter meus animais na Fazenda Lagoa Negra, em Barbacena, onde além de aprender sobre cavalos, aprendi diversas lições de vida com uma das pessoas mais carismáticas e marcantes que pude conhecer, o saudoso Dr. José Eugênio Dutra Câmara. Nessa fase, também muito me ajudou o amigo Roberto Martins, igualmente cedendo espaço em sua fazenda e me passando sua experi-ência na raça.Em 2010 achei que estava na hora de caminhar com as próprias pernas e assumir todos os aspectos da criação, foi quando comprei o atual Haras dos Anjos (em homenagem a minha esposa e filhos), em Casa Grande/MG, próximo a Conselheiro Lafaiete e a 120km de BH. Desde então, temos procurado produzir animais belos e sobretudo marchadores, sem nunca

Somos um

grupo de amigos

fraternos, amantes

de um bom

cavalo marchador,

personificando

essa verdadeira

revolução na

seleção do nosso

Campolina.

perder a caracterização racial.É no Haras dos Anjos que apro-

veito a família, cozinhando, caval-gando com os meninos e recebendo os amigos. Nos últimos anos, realizo uma media de 200 a 250 interven-ções cirúrgicas por ano, numa espe-cialidade especialmente impiedosa com erros e deslizes, sendo inegável que o haras também funciona como minha terapia para o estresse pro-fissional. Acho que Deus se diverte com essa historia toda e tem nos ajudado bastante.

Gustavo AndradeEntrevista

||| Gustavo e os DEZtemidos

12 Força Campolina | Agosto 2014

||| Gustavo, criação compartilhada com a família

Page 13: Revista Força Campolina 22

Estamos voltando a ter orgulho de criar

o mais belo e mais puro cavalo

marchador e isso é fundamental para

atrairmos novos usuários

e criadores, garantindo o futuro

da nossa raça

de raça e marcha, assim como Pantera da Maranata, esta na marcha picada.

Nosso objetivo e desafio é a produção consistente de animais superiores, com nosso sufixo, a partir da nossa tropa e eventualmente recorrendo a incorporação de indivíduos diferenciados, via óvulos ou coberturas, para agregar ainda mais.

O senhor faz parte do grupo dos Deztemidos, fale do conceito do grupo e sua avaliação do mesmo

Somos um grupo de amigos fraternos amantes de um bom cavalo marchador, criado exatamente no período em que houve maior procura e valoriza-ção do Campolina Marchador e Funcional, personifi-cando essa verdadeira revolução na seleção do nosso Campolina. Para mim é uma honra fazer parte desse grupo!

O que o senhor pensa a respeito dos julgamentos?Antes de tudo, cabe salientar que uma revolução

que vem ocorrendo na raça, de valorização, anda-mento e funcionalidade, cria uma certa confusão de conceitos, de criadores e árbitros. O perfil dos animais levados à pista mudou e parece que a forma de avalia-ção também. Dessa forma, acho que falta padroniza-ção e homogeneidade nos julgamentos, refletindo nos resultados. A maneira de interpretar o padrão deve ser ditada pelo corpo técnico da ABCCC, via reciclagem. A entidade deveria ter alguém que acompanhasse os eventos, tanto para identificar e cobrar eventuais falhas de julgamento como para dividir com os árbitros toda a pressão a que estão sujeitos.

Qual sua opinião sobre a atual gestão da ABCCC Avalio a gestão atual como excelente, principalmente

pela atuação em dois pontos muito carentes: divulgação e apoio ao pequeno criador, além da criatividade para recursos, como patrocínios, leilão do bem, entre outros. As convenções,incentivo aos poeirões, profissionalização do marketing, subsídios para leilões na TV, mudança na programação da nacional, entre outras medidas, ajudam a mostrar, a divulgar, a mudança notável pela qual a raça vem passando e só assim vai atrair novos criadores. Já os peque-nos criadores se beneficiam de maior agilidade cartorial, dos cursos da Escola Campolina e da visita técnica gratuita.

Na minha concepção, apesar de todas as controvér-sias e respeitando as opiniões diversas, o grande e talvez único erro da administração atual foi a maneira como se extinguiu o julgamento em separado do Campolina de pelagem pampa, e olha que não sou criador de pampa! O momento atual é de agregar, não de criar desavenças, e acho que essa posição deveria ser revista. Ainda assim, acho que estamos voltando a ter orgulho de criar o mais belo e mais puro cavalo marchador e isso é fundamental para atrairmos novos usuários e criadores, garantindo o futuro da nossa raça.

Cite um cavalo, uma égua que e um marchador, que em sua opinião são destaque na raça

Cavalo da raça: Aproveito a oportunidade para homenagear Artista dos Inconfidentes, e tudo que ele representou

Égua da raça: Elba da JADMarchador: Apolo da Mata Grande

Força Campolina | Agosto 2014 13

||| Recebendo prêmio na Nacional

Foto

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Matéria

A

FAZENDA DO SEGREDOUm criatório referência

história da Fazenda do Segredo começa como tantas outras, sempre atreladas à

paixão pelas coisas do campo. No início da década de 80, por influência do amigo

Américo Moacir de Oliveira, proprietário da fazenda Casa Branca, adquiriu-se a Fa-

zenda do Segredo, no município de Passa Tempo/MG.

Já nesse momento a pecuária leiteira e a criação de cavalos tomaram frente na

estrutura da fazenda. Mas não só isso: a paixão pelos muares também levou à cria-

ção de jumentos da raça Pêga, começando incialmente com duas jumentas dadas de

presente pelo amigo Américo Moacir. Atualmente essa tropa é formada por jumentas

base de sangue Passa Tempo (filhas de Apollo do Segredo, um filho de Dombe de

Passa Tempo) que vem sendo cruzadas com os jumentos dos amigos Luciano e Cláu-

dio Resende, da Fazenda Camenguém, em Lagoa Dourada/MG.

24 Força Campolina | Agosto 2014

Page 25: Revista Força Campolina 22

Força Campolina | Agosto 2014 25

||| Tomaz, Joaozinho e João Muzzi

||| Pista de treinamento e apresentação

||| Jakie Daniels do Segredo, um dos futuros reprodutores ||| Jetta do Segredo, direcionamento de marcha e raça

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Fazenda do SegredoMatéria

A paixão pelos asininos e muares ad-

veio do atavismo que sempre direcionou

a criação. No fim do século XIX, Carlos

Muzzi o patriarca da família desenvol-

via com vigor e valentia o tropeirismo.

Partindo de Caeté/MG, seguia com fre-

quência, no lombo de mulas, atraves-

sando o sertão brasileiro, até alcançar

o Mato Grosso e Paraguai, em viagens

que demoravam meses. Décadas após,

seu neto, João Muzzi, veio a desenvol-

ver a seleção de asininos e muares que

caracterizam a Fazenda do Segredo.

A estrutura da criação está dividida

entre a Fazenda do Segredo, limítrofe à

cidade de Passa Tempo/MG e a Fazenda

Santa Fé, uma parte da antiga Fazen-

da Campo Grande, berço da linhagem

Passa Tempo. Na Segredo ficam os ani-

mais de pista, e na Santa Fé, na nascen-

te do rio Pará, a tropa de cria e recria.

Uma característica marcante da

tropa da Fazenda do Segredo, seja

no Campolina, seja nos jumentos e

muares, é a funcionalidade, foco pri-

mordial da criação. São décadas de se-

leção em animais de andamento des-

tacado e biótipo funcional. E isso com

o propósito de entender o cavalo a

partir de seu uso frequente, como em

passeios, cavalgadas e lida do campo.

A base da seleção Segredo é com-

posta de animais da linhagem Passa

Tempo, sangue esse que foi a estrutura

para se usar dois cavalos escolhidos pela

qualidade de andamento: Quasar de

Alfenas (um filho do Iluminado de Alfe-

nas com Jessamine de Alfenas, ambos

Jupter de Passa Tempo) e UUA de Santa

Rita, Campeão Nacional de Marcha.

Inicialmente a criação da fazenda

se manteve sem qualquer objetivo de

pista, até que, há alguns anos, se per-

cebeu a qualidade de um animal que

veio a revolucionar a raça: Nairobe

Mandala. Através do Nairobe marcou-

-se um novo momento da raça, que

necessitava se ajustar ao cavalo como

um animal de função e beleza morfo-

lógica, firmando-se, a partir daí, uma

forte amizade com a família Mandala,

parceiros a amigos que compartilham

os propósitos e princípios que funda-

mentam a criação Segredo.

Dessa amizade nasceu, junto com

os Haras Brejaúba e Recanto, o con-

domínio Gladiator´s, um grupo que

se destaca pela parceria, alegria em

criar e escolha de animais de alta se-

leção, tais como Urano da Dona Flor,

Meiga de São João, Pira de São João e

Confiança Lua, todos eles campeões e

grande campeões em pistas diversas.

Nessa base de tropa de filhas do

Quasar de Alfenas e UUA de Santa

Rita, que aos poucos foi aumentada

||| Jóia Rara do Segredo

||| Jumentas Segredo, seleção de marcha

Filhas de UUA de Santa Rita, qualidade de marcha |||

26 Força Campolina | Agosto 2014

Page 27: Revista Força Campolina 22

com a aquisição de parte das tropas

Moenda e Maravilha, optou-se por

usar outras três linhagens reconheci-

das por suas qualidades funcionais:

Nairobe Mandala, Marengo do Varjão

e Hirço do Barulho, um lindo preto

pampa filho do Estalo do Pantaleão

em égua Jupter de Passa Tempo.

Dessa maravilhosa mistura nasceram

animais que vem fixando o propósito da

fazenda, cujos exemplos são: Gael do

Segredo (Nairobe Mandala x Luminosa

do WAT – QF de Santa Rita) e Gaudì do

Segredo (Nairobe Mandala x Herdeira

do Campoléo – UUA de Santa Rita). E

uma geração de potros vem mostran-

do destacada qualidade, como Jack

Daniel´s do Segredo (Hirço do Barulho x

Granada das Minas Gerais, em condo-

mínio com o Haras LA, Haras WC, Haras

Juramento e Haras Rancharia), Klondike

do Segredo (Hirço do Barulho x Batalha

do Segredo), Katmandu do Segredo

(Hirço do Barulho x Brincadeira do Mo-

mento) e tantos outros.

Servem atualmente à fazenda, além

dos animais já citados, um grupo de ga-

ranhões de importantes linhagens, den-

tre eles Tissot Mandala (Portinari Man-

dala, condomínio Mangredo), Urano

da Dona Flor (Quartel de Passa Tempo,

condomínio Gladiator´s), Jato do Cam-

poléo (Cale da Hibipeba), Jangadeiro

do Campoléo (UUA de Santa Rita), Ve-

neno do Recanto da Garça (fechado na

linhagem Passa Tempo, em uso com

criadores e os amigos de Alfenas para

um projeto de fixação da linhagem

Passa Tempo), Índio do Engenho Novo

(Marengo do Varjão), Lutero do Barulho

(Gavião do Barulho) e Hirço do Barulho

(Estalo do Pantaleão em égua Jupter de

Passa Tempo), além de potros que serão

testados nessa estação, tais como Mos-

queteiro do Engenho Novo (Marengo

do Varjão), Líder do Engenho Novo (Ma-

rengo do Varjão) e Massari do Engenho

Novo (Marengo do Varjão, em condomí-

nio com a Cabanha do Areado).

Uma importante etapa da fazenda

será a confirmação desses acasala-

mentos na geração que será monta-

da no próximo ano, que já vem com

grandes promessas, tais como Jetta

do Segredo, Justa Causa do Segredo

e Johnny Walker do Segredo.

Juntamente com o Campolina, o

Pêga e os Muares, a fazenda prossegue

com seu projeto de seleção do gado

Gir Leiteiro, base para formação de be-

zerras e novilhas girolanda de alto po-

tencial que são oferecidas ao mercado.

Esse, ao fim e ao cabo, o objetivo

da criação: o desenvolvimento da fun-

ção na mais bela raça de equinos, o

Campolina Marchador.

||| Jóia Rara do Segredo

Filhas de UUA de Santa Rita, qualidade de marcha |||

Haia do Segredo |||

Força Campolina | Agosto 2014 27

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Campeão Potro Mirim Pampa - Pará de Minas/MG 2008Res. Potro Mirim Convencional - Pará de Minas/MG 2008Grande Campeão Raça Pampa - Pará de Minas/MG 2008

Campeão Melhor Cabeça - Pará de Minas/MG 2008Res. Campeão Potro Mirim Convencional - Estadual 2008Campeão Potro Jovem Campolina Pampa - Estadual 2008

Res. Melhor Cabeça - Estadual 2008Res. Grande da Raça Convencional - Estadual 2008.

Res. Campeão Campolina Pampa - Governador Valadares/MG 2008

Campeão de Marcha Cavalo Adulto - Pará de Minas/MG 2012Campeão Cavalo Adulto Convencional - Pará de Minas/MG 2012

Grande da Raça Convencional e Pampa - Pará de Minas/MG 2012Grande Marchador - Pará de Minas/MG 2012

Campeão Cavalo Adulto Convencional e Pampa - Alagoinhas 2012Res. Grande Pelagem Pampa - Alagoinhas/BA 2012

Grande Campeão da Raça - Convencional e Pampa - Recife/PE 2013Campeão de Marcha e Campeão Cavalo Sênior - Pará de Minas/MG 2013Campeão Grande da Raça e Grande Marchador - Pará de Minas/MG 2013

Campeão Cavalo Sênior, Campeão de Marcha e Res. Grande Marchador - Superagro 2013Campeão Cavalo Sênior Convencional - Nacional 2013

Campeão Cavalo Sênior Pampa - Nacional 2013Res. Campeão Nacional de Marcha Convencional e Pampa Cavalo Sênior - Nacional 2013

Campeão Cavalo Sênior - Salvador/BA 2013Campeão de Marcha e Res. Grande da Raça - Salvador/BA 2013

Res. Campeão Cavalo Sênior - Brasileira 2014Campeão Cavalo Sênior, Campeão de Marcha e Grande da Raça - Esmeraldas/MG 2014

Res. Grande Marchador - Esmeraldas/MG 2014Campeão Cavalo Sênior - Pará de Minas/MG 2014

Campeão de Marcha e Res. Grande Marchador - Pará de Minas/MG 2014Campeão Cavalo Sênior - Feira de Santana/BA 2014

Campeão de Marcha - Feira de Santana/BA 2014Campeão Cavalo Sênior - Conselheiro Lafaiete/MG 2014Res. Grande da Raça - Conselheiro Lafaiete/MG 2014

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Page 42: Revista Força Campolina 22

Matéria

M

“Espádua a fora não existe”Campolina: Espádua a dentro, contra espádua a dentro.

42 Força Campolina | Agosto 201442 Força Campolina | Agosto 2014

ontabilidade ou equitabilidade: termo utilizado mundialmente para definir a capacidade dos cavalos de atender prontamente o cavaleiro profissional, mas principalmente o cavaleiro amador é pré-requisito obrigatório para desfrutar 100% da comodidade da marcha. Não há nenhuma novidade na afirma-ção de que o maior marchador do Brasil, com a habilidade maior na comodidade do seu andamento é o Campolina. Principalmente se avaliarmos as variações que vão desde a marcha picada, de centro, batida, entre outras. Vamos encon-trar cavalos que agradam a todos. Sem entrar na preferência pessoal, acredito que essa afirmação deva ser compartilhada pela maioria dos leitores.

O que não podemos é assistir passivamente, e sem a menor cul-pa dos cavalos, a uma montabili-dade desastrosa, que está aconte-cendo nas outras raças brasileiras. O problema não está nas raças brasileiras, que têm a docilidade como característica, inclusive cita-do nos padrões raciais, tampouco naqueles cavalos que são usados para as cavalgadas, lida das fazen-das, enduros e outras funções que as raças cumpre com competência. O problema nasce no treinamen-to para os concursos de marcha. Atualmente, sem querer cometer injustiças, apenas um percentual muito baixo dos cavalos que par-ticipam de concursos poderia ser oferecido, de forma confiável, a

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uma criança ou a uma senhora, enfim, a um cavaleiro amador para montar. O discurso é o de que vão atrapalhar a marcha. Essa desculpa, quando dada a um familiar ou a um amigo, é aceita; no entanto, al-guns dos nossos juízes (experientes

cavaleiros) já se lesionaram devido a essa falta de montabilidade, que vai desde a hora de montar no ca-valo até a hora de descer.

É certo que outras raças de cava-lo também têm aqueles indivíduos que só devem ser montados por

profissionais. Trata-se, contudo, de uma minoria e quando possível, eles não são levados às exposições. No que diz respeito aos animais de raça nacional, por sua vez, estes fatos estão se tornando a regra: tanto a existência de cavalos com péssima montabilidade (pressão no treinamento), quanto o hábito de levá-los às exposições e valorizá--los, o que contribui com a fama injusta de cavalo bravo.

Um dos motivos para a má mon-tabilidade do cavalo marchador é a pouca e mal preparada oferta de mão de obra. O brasileiro é ex-tremamente talentoso, mas só isso não é suficiente para formar um profissional. Atualmente as prin-cipais maneiras de formação dos novos apresentadores é sair lenta-mente da limpeza das cocheiras ou do manejo com o gado até apre-sentar os cavalos nas exposições, com algumas clínicas rápidas de equitação. Este processo é falho, forma um Peão (cavaleiro) com bai-xo conhecimento teórico, alguma sensibilidade mas com uma dificul-dade enorme de aceitar qualquer tipo de evolução (novas técnicas) .Este perfil de profissional parece ser o ideal, mas para concorrên-cia entre raças, mercado externo e evolução de qualquer atividade comercial não é o recomendado. Atribuo a outro motivo a falta de montabilidade: a valorização da troca rápida das diagonais, levan-do a diminuição da amplitude da passada, muito valorizado no Passo Fino.

Se o Campolina almeja uma pe-netração nacional e internacional cada vez maior, vai precisar cuidar de melhorar a montabilidade, onde o amador é o cliente. Para formar um bom profissional nas ativi-dades: casqueamento, primeiros

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socorros, manejo de potros, éguas, garanhões, alimentação, toalete, domas racionais (doma, corresponde ao jardim de infância dos cavalos), preparação para exposição, enfim atividades di-árias de um haras, com boas clínicas rápidas se forma um profissional, o problema está na equi-tação superior, que leva tempo.

Sem entrar na terminologia técnica, espádua a dentro, contra espádua a dentro não seria afo-ra?, mobilização de garupa, equitação superior: equitação sólida, contemporânea, que qualquer cavaleiro usufrua do cavalo depois de pronto, com montabilidade (cavaleiro amador tenha pra-zer em montar) e principalmente respeitando as etapas do trabalho, atingindo saúde dos equinos em todas as fases da sua vida.

Para formação da equitação superior, temos que entender que qualquer manifestação cultu-ral humana, como: dança, música, artes marciais, esportes, pinturas, etc. Que precisem evoluir em uma escala crescente o caminho é o clássico! A equitação não é diferente, tanto é que os exérci-tos do mundo inteiro a utilizavam antes da pól-vora para formar o maior número de cavaleiros habilidosos, os cavaleiros, soldados com uma es-pada na mão, rédeas na outra e um cavalo muito bem equitado ganhavam as guerras. Hoje preci-samos de um exercito de cavaleiros habilidosos para ganhar mais mercado.

Alguns criadores e técnicos do Campolina têm resistência ao clássico, medo de influenciar a cul-tura da raça, mas este receio não tem fundamen-to. Uma coisa é a cultura a outra é a didática para transmitir conhecimento de mais de dois mil anos, os primeiros escritos de equitação co-nhecidos pelo homem datam de duzentos anos antes de Cristo (Xenofonte descrevia espádua a dentro etc.) e temos raças de cavalos diferentes com culturas diferente espalhados pela Europa toda, com a mesma origem na equitação, se ig-norarmos estes fatos, vamos ter um bom cavalo com uma equitação de terceiro mundo.

Podemos afirmar com segurança que se o Campolina preservar a cultura da raça e abando-nar o preconceito a equitação clássica vai dar o salto necessário para o futuro, botando no mer-cado cavalos com excelente montabilidade, fa-cilitando que novos adeptos se apaixonem pelo Campolina.

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Espádua a fora não existeMatéria

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Comanche do Bandarrah

Grande Marchador e Grande da Raça Adulto Fenagro 2013

Grande Marchador e Grande da Raça Adulto Exporural 2013

Campeão Cavalo Jovem e Campeão Cavalo Jovem de Marcha Nacional 2013

Reservado Grande da Raça Adulto Nacional 2013

Grande da Raça Adulto Barbacena 2014

Grande Marchador e Grande Raça Adulto - Especializada Feira de Santana 2014

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HARAS DAS GERAISRaça pura, vigor e beleza

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amor por cavalos, veio aos quatro anos, quando montou pela primeira vez um Campolina de seu pai, na fazenda Primavera no Norte de Minas. De des-cendência Espanhola, a advogada Leia Castilho, não tem medido consequên-cias para manter aquilo que acha ser o ideal para a raça que ama: a pureza sem mesclagem, sem experimentos e sem misturas.

Foi a partir de sua união com Ricar-do Valente, em 1995, que tomou gos-to de verdade pelo Campolina. Com o tempo percebeu que seu negócio era mesmo dedicar-se a sua maior paixão, o cavalo. Fincou pé na fazenda e de lá para cá, a cumplicidade com a raça, lhe rendeu experiência suficiente para co-nhecer cada gosto dos animais do seu plantel.

A paixão pela marcha tomou conta e faz da Gerais hoje, uma referência na criação do animal puro. “Nunca pen-samos na comercialização do animal, mas manter a sua linhagem perfeita e intocável, deixando fluir naturalmente a procriação da espécie. Durante todos esses anos de convívio, aprendemos

conhecer a fundo, o gosto de cada animal aqui nas Gerais. O cavalo literal-mente pula a cerca, e escolhe a sua par-ceira, nós conhecemos a preferência de cada animal nosso e respeitamos, daí a preservação e a manutenção dos nos-sos animais, pois sabemos que temos éguas, que não aceitam determinados garanhão e vice e versa. Tivemos muito trabalho com as puladas de cercas de alguns animais, já que os acasalamen-tos aconteceram na calada da noite, nos restando esperar pelo nascimento, para fazermos o DNA da cria” contou Leia Castilho.

“Foi pensando em manter e aperfei-çoar a morfologia da raça, que adquiri-mos coberturas do Desacato e Ilumina-do de Alfenas, fazendo cruzamento com nossas primeiras matrizes, Passatempo e Gaz. Ainda naquela época, não exis-tia a preferência pelo matiz do animal, mas por gosto ao Amarilho, adquirimos a Festeira do Kilombo, Dançarina RPC, Folia do Tezourinho e mais uns tantos animais que nos proporcionaram muitas alegrias. Neste meio tempo, colecio-namos grandes amigos, dentre eles, a

||| Sede do Haras das Gerais

família JHR, que nos presenteou com a Tutoia Cataguá, que já veio prenha do Completo do Angelim e que deles, nas-ceu a Bocaiúva das Gerais. Desta, veio, o Formoso das Gerais, um dos nossos ga-ranhões. da amarilha Festeira do Kilom-bo e Desacato, nasceu Caxambu, hoje com o Haras Pampa e Preto do Recife, nosso grande parceiro. Temos poucos animais, mas os que temos, são ani-mais totalmente diferenciados. Sempre fizemos questão de manter a privacida-de de nosso plantel, exatamente para manter pura a característica da raça, e ainda assim, hoje nos causa estranheza a não citação e a propagação por parte da Associação, do nosso grande Cam-peão dos Campeões, Incêndio JHR, um animal que nos enche de orgulho e que ganhou todos os títulos de sua catego-ria e faz parte da seleta família Gerais” explicou Leia.

“As escolhas de suas próprias parcei-ras fazem do Incêndio JHR, um animal privilegiadíssimo e diferenciado. Dele temos vários herdeiros, como: Ferve-douro das Gerais, Campeão de Marcha, Hematita, Montes Claros, dentre vários outros espalhados pelo mundo, que foram doados a amigos. Bambui das Gerais, Hexa Campeão Nacional filho da Dançarina RPC, também é um dos nossos orgulhos. Outra criação nossa e que nos honra é a Romaria da Gerais, uma potra de 34 meses que despertou o interesse em nosso principal e único parceiro. Infelizmente na nossa região e no nosso meio, percebemos a clara discriminação por parte da maioria dos criadores em relação aos nossos ani-mais, uma vez que mesmo formando animais com toda esta potencialidade,

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||| A direita: Paisagem e baias; abaixo, Leia Castilho, apaixonada pelos seus animais

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Haras das GeraisMatéria

||| Hematita das Gerais e Januária das Gerais, duas das grandes matrizes

||| Ricardo, Leia e Ademar Rigueira, parceria entre os criadores de Minas e Pernambuco

||| Ademar Rigueira, do Haras Capibaribe, monta Hematita das Gerais

os nossos não são reconhecidos, respeitados, talvez, porque o que sabem fazer, mostram na pista. É preciso conscientiza-ção dos criadores de animais de ponta, que parcerias e for-mação de condomínio se faz necessário para uma maior di-fusão da nossa raça. Hoje temos o grato reconhecimento de um parceiro do Nordeste, que é o Haras Preto e Pampa, que vê em nossos animais a qualidade perfeita para o verdadei-ro futuro da nossa raça. Mesmo tendo fábrica de campeões na Gerais, nunca despertamos o interesse dos criadores da região e se tivéssemos que vender nossos animais, achamos nós, não teria a valorização praticada nos cavalos “monta-dos” da raça, que alguns criadores insistem em manter no meio e que estão a milhas de distância de serem qualificados como o verdadeiro Campolina. Aqui não temos e nem cria-mos por vaidade, esse é o segredo, mas sabemos o ouro que temos” desabafou a Leia Castilho

Com três reprodutores de peso: Incêndio JHR, Formoso das Gerais e Montes Claros das Gerais, este último, em con-domínio com Ademar Rigueira Neto, a Gerais tem espalhado campeões com suas mais de 10 matrizes, todas com quali-dades excepcionais, mas destacando dentre elas, Januária, Hematita e Grupiara das Gerais. São pais,filhos, irmãos dos destacados, Bambui das Gerais, Hexa Campeão de Marcha, Fervedouro das Gerais, Campeão de Marcha, além das cam-peãs Ituiutaba, Liberdade e Prata das Gerais, valendo desta-car que ainda existe boas matrizes que não são da seleção, como Alegoria do Momento, Conquista, dentre outras. Hoje a Gerais mantém em seu plantel, 25 animais de ponta e está pronta pra começar a fazer TE e expandir para todo o mundo.

Fora das pistas, desde 2004, quando faturou o título maior da raça, o de Campeão dos Campeões, com o Incêndio JHR, Leia Castilho está preparando um retorno para 2014, quan-do apresentará na Nacional do Campolina. Com pensamento mudado, Leia, sempre acreditou que pode manter uma raça pura, com qualidade e sem necessidade de recorrer a mistu-ras, descaracterizando assim, uma raça de porte que já nas-ceu tendo o vigor e a beleza de um excelente animal.

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Exposição Nacional 201434ª Semana Nacional do Cavalo Campolina

distribuirá R$ 300mil em prêmios

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Semana Nacional do Cavalo Cam-polina, que recebeu mais de 10 mil visitantes e reuniu 750 animais em pista em 2013, ocorre em nova data neste ano: de 8 a 19 de outubro, no Parque da Gameleira, em Belo Hori-zonte (MG). E essa não será a única novidade. Durante a 7ª Convenção Brasileira do Cavalo Campolina, no começo de maio, o presidente da ABCCC (Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Campolina), Luiz Roberto Horst Silveira Pinto, re-velou que R$ 300 mil serão distribuí-dos em prêmios, entre os quais já foi definido o sorteio de um carro zero quilômetro entre todos os exposito-res e outro a ser presenteado ao me-lhor criador montado.

Outra inovação é a obrigatorieda-de do exame antidoping para todos os cavalos Campolina inscritos, me-dida que vai coibir o uso de anabo-lizantes ou drogas que mascarem o desempenho dos animais. O Conse-lho Deliberativo Técnico (CDT) estu-da a forma como conduzirá o pro-cesso, entretanto, uma listagem de substâncias proibidas será divulgada. Já foi decidido que o estatuto segui-rá os mesmos padrões da Federação Equestre Internacional (FEI).

Mudança no Julgamento da raça

Logo após a 34ª Semana Nacional do Cavalo Campolina, começa a valer a alteração promulgada pelo CDT nos julgamentos da raça, que recai sobre o peso das notas atribuídas pelos jura-dos na classificação dos cavalos. Mor-fologia e andamento passarão a ter a mesma importância, decisão que foi

batizada de “50/50”. Vale ressaltar que durante a Nacional deste

ano (2014) continua valendo a regra atual, na qual morfo-logia corresponde a 60% da nota. A preocupação com o

andamento também motivou a criação de provas funcionais,

que acontecerão em exposições com mais de 80 campolinas. Por en-quanto não valerão pontos, mas futu-ramente podem ser decisivas nos casos de empate.

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Leilões oficiais

A programação comercial da Se-mana Nacional do Cavalo Campolina contará com três leilões, reservando--se boa parte do horário nobre à rea-lização de eventos sociais. O primeiro deles será o Leilão do Haras Chapar-ral, em 16 de outubro, às 20 horas. No dia seguinte, às 14 horas, será a vez do Leilão do Haras Chiribiribinha. E, por fim, o tradicional Leilão Raça Sun Shine, agendado para o dia 18 de outubro, às 14 horas, encerrará as vendas com chave de ouro. Os três remates são chancelados pela Cam-polina Marchador e serão transmiti-dos pelo Canal Terraviva para todo o Brasil.

Gestão administrativa

Em apenas um ano e cinco me-ses, Luiz Roberto Horst Silveira Pinto provocou mudanças contundentes na governança da associação, es-pecialmente em relação ao Conse-lho Deliberativo Técnico (CDT) e ao Conselho Consultivo, que agora não param de pensar na expansão e nos rumos da raça. Depois, fundou a Es-cola Nacional do Cavalo Campolina (ENACAM), que oferece cursos para criadores e usuários, além de ajudar na formação de mão de obra espe-cializada; e o Colegiado de Jurados, que conduz o trabalho dos jurados

nas exposições, com exceção da Na-cional, na qual o associado é quem escolhe os jurados por meio de votação.

Uma preocupação recorrente é a falta de envolvimento dos mais jo-vens na criação, os futuros herdeiros desse grande legado. Um agravante é a reconhecida falta de entrete-nimento nas exposições, algo que começou a ser reformulado no ano passado. “A faixa de idade da gera-ção de jovens ativos na raça, atual-mente, não é menor que 35 anos”, avalia o presidente.

Nova marcaAinda na 7ª Convenção do Cavalo Campolina, em Belo Ho-

rizonte (MG), foi lançada a nova marca da ABCCCampolina, que agora passa a ser conhecida também por Campolina Mar-chador. A nova campanha simboliza o renascimento do Cavalo Campolina no mercado equestre, sob o desafio de atrair no-vos criadores e investidores, manter seus associados e resgatar aqueles que deixaram a raça, além de valorizá-los cada vez mais, reconhecendo o importante papel que desempenham nos rumos da raça e da associação

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