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ISSN-1981-2566 1 COMUNICAÇÕES ORAIS FORMAÇÃO INICIAL EM PSICOLOGIA ESCOLAR: PRÁTICA NUMA ESCOLA ESTADUAL DE PORTO VELHO/RO Área temática: Formação do Psicólogo Escolar/Educacional CLAUDIR PAULO LOCH JUNIOR; LUCIANO SÉRGIO DE SOUSA GUEDES; CINTIA FROTA BISCONSIN Desde a década de 1980 vem sendo denunciadas e combatidas pela Psicologia Escolar Histórico-Crítica as concepções e as práticas do Psicólogo Escolar que estão calcadas no modelo clínico de atendimento individual que compreende estar no aluno e/ou em suas relações parentais as causas das dificuldades de aprendizagem e a origem do fracasso escolar. A Teoria Crítica questiona duramente esse entendimento de ser humano fragmentado, uma vez que considera e analisa o todo da estrutura escolar e sua conjuntura sócio-político-ideológica, onde a história escolar do aluno mantém uma relação dialógica entre ele, seu meio e outros indivíduos, inexistindo por si só. Destarte, visando uma formação profissional comprometida com a igualdade social e com uma prática não-alienante que compreenda a totalidade do processo de escolarização e despreze todo preconceito que permeia o cotidiano escolar, as disciplinas de PEPA I e II, ministradas sob o olhar da Teoria Crítica, oportunizaram aos acadêmicos de Psicologia da Universidade Federal de Rondônia o aprendizado dos conhecimentos teórico-práticos necessários a uma atuação crítica e coletivizada do Psicólogo no âmbito escolar. Deste modo, esse trabalho pretende expor os resultados da intervenção de um grupo de alunos numa Escola Estadual de Porto Velho/RO que buscou proporcionar aos pais, professores e alunos com alguma queixa escolar um espaço onde pudessem expor suas queixas, angústias e expectativas em relação aos gestores escolares, à instituição escolar e ao sistema educacional. TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE: OS (DES)CAMINHOS DA CONSTRUÇÃO DE UM CONCEITO Área temática: Formação do Psicólogo Escolar/Educacional IEDA MARIA MUNHÓS BENEDETTI; ALEXANDRA AYACH ANACHE - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL O presente trabalho traz a análise do processo de construção do conceito de TDA/H o conceito e seus pontos críticos, os sujeitos diagnosticados e a escola e a família envolvidos, os tratamentos e a literatura sobre o tema, enfim, os descaminhos de um transtorno. Partindo de casos entrevistados, a pesquisa se desenvolve em quatro grandes momentos. No primeiro, faz-se uma análise evolutiva do método científico, estabelecendo os fundamentos metodológicos da pesquisa, com a apresentação da Metodologia Qualitativa utilizada na tese. O segundo traça o cenário no qual foi construído e atua o conceito de TDA/H o capitalismo contemporâneo , analisando a escola, suas recentes transformações, a família e a sociedade de consumo. O terceiro momento traz uma revisão de literatura sobre o conceito de TDA/H, a partir da visão hegemônica (positivista). Por fim, são apresentadas vertentes críticas que oferecem contrapontos à visão hegemônica: a Psicodinâmica e a abordagem Histórico-Cultural; Infere-se que o TDA/H é um megadiagnóstico: todo um conjunto de manifestações subjetivas do sujeito contemporâneo foi apropriado pela ciência positivista que o classificou, definiu, mediu e propôs estratégias de cura tornando-o elemento gerador de consumo. Na dinâmica desse mega-conceito, escola e família ficam eximidas da responsabilidade de repensar suas práticas e vinculações, ficando a culpa centrada no sujeito que recebe o diagnóstico. Conclui-se, também, que as dimensões gigantescas conferidas ao TDA/H permitiram que vários possíveis outros diagnósticos fossem abarcados por uma única expressão conceitual e que várias questões fossem condensadas por uma única sigla. Assim, infere-se que o referido transtorno pode realmente existir a partir de um dado modelo que referencia a construção do conhecimento, mas está super dimensionado e, sobre sua alçada, escondem-se erros cometidos nos campos da ética, da má formação profissional, da banalização da medicamentacão, da superficialidade das análises e das leviandades ideológicas.

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ISSN-1981-2566

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COMUNICAES ORAIS

FORMAO INICIAL EM PSICOLOGIA ESCOLAR: PRTICA NUMA ESCOLA ESTADUAL DE PORTO VELHO/RO

rea temtica: Formao do Psiclogo Escolar/Educacional

CLAUDIR PAULO LOCH JUNIOR; LUCIANO SRGIO DE SOUSA GUEDES; CINTIA FROTA BISCONSIN

Desde a dcada de 1980 vem sendo denunciadas e combatidas pela Psicologia Escolar Histrico-Crtica as

concepes e as prticas do Psiclogo Escolar que esto calcadas no modelo clnico de atendimento

individual que compreende estar no aluno e/ou em suas relaes parentais as causas das dificuldades de

aprendizagem e a origem do fracasso escolar. A Teoria Crtica questiona duramente esse entendimento de

ser humano fragmentado, uma vez que considera e analisa o todo da estrutura escolar e sua conjuntura

scio-poltico-ideolgica, onde a histria escolar do aluno mantm uma relao dialgica entre ele, seu

meio e outros indivduos, inexistindo por si s. Destarte, visando uma formao profissional comprometida

com a igualdade social e com uma prtica no-alienante que compreenda a totalidade do processo de

escolarizao e despreze todo preconceito que permeia o cotidiano escolar, as disciplinas de PEPA I e II,

ministradas sob o olhar da Teoria Crtica, oportunizaram aos acadmicos de Psicologia da Universidade

Federal de Rondnia o aprendizado dos conhecimentos terico-prticos necessrios a uma atuao crtica

e coletivizada do Psiclogo no mbito escolar. Deste modo, esse trabalho pretende expor os resultados da

interveno de um grupo de alunos numa Escola Estadual de Porto Velho/RO que buscou proporcionar aos

pais, professores e alunos com alguma queixa escolar um espao onde pudessem expor suas queixas,

angstias e expectativas em relao aos gestores escolares, instituio escolar e ao sistema educacional.

TRANSTORNO DE DFICIT DE ATENO E HIPERATIVIDADE: OS (DES)CAMINHOS DA CONSTRUO DE UM

CONCEITO

rea temtica: Formao do Psiclogo Escolar/Educacional

IEDA MARIA MUNHS BENEDETTI; ALEXANDRA AYACH ANACHE - UNIVERSIDADE FEDERAL DE

MATO GROSSO DO SUL

O presente trabalho traz a anlise do processo de construo do conceito de TDA/H o conceito e seus

pontos crticos, os sujeitos diagnosticados e a escola e a famlia envolvidos, os tratamentos e a literatura

sobre o tema, enfim, os descaminhos de um transtorno. Partindo de casos entrevistados, a pesquisa se

desenvolve em quatro grandes momentos. No primeiro, faz-se uma anlise evolutiva do mtodo cientfico,

estabelecendo os fundamentos metodolgicos da pesquisa, com a apresentao da Metodologia

Qualitativa utilizada na tese. O segundo traa o cenrio no qual foi construdo e atua o conceito de TDA/H

o capitalismo contemporneo , analisando a escola, suas recentes transformaes, a famlia e a

sociedade de consumo. O terceiro momento traz uma reviso de literatura sobre o conceito de TDA/H, a

partir da viso hegemnica (positivista). Por fim, so apresentadas vertentes crticas que oferecem

contrapontos viso hegemnica: a Psicodinmica e a abordagem Histrico-Cultural; Infere-se que o

TDA/H um megadiagnstico: todo um conjunto de manifestaes subjetivas do sujeito contemporneo foi

apropriado pela cincia positivista que o classificou, definiu, mediu e props estratgias de cura tornando-o

elemento gerador de consumo. Na dinmica desse mega-conceito, escola e famlia ficam eximidas da

responsabilidade de repensar suas prticas e vinculaes, ficando a culpa centrada no sujeito que recebe o

diagnstico. Conclui-se, tambm, que as dimenses gigantescas conferidas ao TDA/H permitiram que

vrios possveis outros diagnsticos fossem abarcados por uma nica expresso conceitual e que vrias

questes fossem condensadas por uma nica sigla. Assim, infere-se que o referido transtorno pode

realmente existir a partir de um dado modelo que referencia a construo do conhecimento, mas est super

dimensionado e, sobre sua alada, escondem-se erros cometidos nos campos da tica, da m formao

profissional, da banalizao da medicamentaco, da superficialidade das anlises e das leviandades

ideolgicas.

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O PSICLOGO ESCOLAR E A ORIENTAO PROFISSIONAL: DESVENDANDO E ABRINDO NOVOS CAMINHOS

rea temtica: Formao do Psiclogo Escolar/Educacional

LARISSY ALVES COTONHOTO; IVONE MARIA NUNES PERES; MARLI ISABEL DE SOUZA; VANESSA

KELLEN ALVES CAIXETA; CSSIA ANGLICA NOGUEIRA BARBOSA; ESEQUIAS CAETANO DE

ALMEIDA NETO; HOHANA HASSAN JOMAA CENTRO UNIVERSITRIO DE PATOS DE MINAS

O presente estudo teve por objetivo investigar e caracterizar a percepo de alunos de uma escola pblica

sobre o papel do psiclogo escolar enquanto orientador profissional. A pesquisa foi realizada com 100

alunos de 3 ano colegial diurno e noturno de uma escola estadual de Patos de Minas. Foi elaborado e

aplicado um questionrio semi-aberto e feita uma comparao entre as respostas de alunos do turno diurno

e noturno. Os resultados parciais revelaram que 45% dos alunos trabalham independente de estudarem

pela manh ou noite. Do total, 25% estavam atrasados em sua trajetria escolar. Em relao s

expectativas profissionais, 32,5% dos alunos visavam reconhecimento profissional, 31,5% pretendiam

ganhar dinheiro, 30,6% buscavam a felicidade e apenas 3,2% relacionaram escolha profissional status

ou no tinham nenhuma expectativa profissional. Os alunos atriburam ao psiclogo escolar o papel de

orientador atravs de palestras, dinmica de grupo e outras estratgias pertinentes (34,25%); propostas

com motivaes profissionais (25%); desenvolvimento de atividades prticas em relao s profisses

(24%) e informaes sobre as profisses atuais de trabalho (16,66%). Pode-se concluir, a partir da leitura e

interpretao dos dados que os alunos que participaram da pesquisa tm uma viso positiva do que seja o

papel do psiclogo escolar junto ao ensino mdio, mas percebe-se haver a necessidade de apresentar,

esclarecer e discutir os resultados deste estudo para uma futura interveno, pois dessa forma o psiclogo

poderia realizar, alm das atribuies mencionadas na pesquisa, outras intervenes como apoio e

acompanhamento psicopedaggico, orientao de pais e professores para que alunos pr-vestibulandos

possam se sentir preparados, seguros e confiantes em relao ao futuro profissional. Esse estudo contribui

para que as escolas percebam a necessidade de ter um psiclogo e, juntos, trabalharem e promoverem

uma educao de qualidade.

A REPRESENTAO DE DEUS EM ESTUDANTES DE PSICOLOGIA

rea temtica: Formao do Psiclogo Escolar/Educacional

MARA LUCIA CARDOSO FERRETTI; ELIANE BRIGIDA MORAIS FALCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO

Esta pesquisa desenvolveu um estudo comparativo das representaes sociais sobre Deus, realizado em

trs momentos da graduao (incio, meio e final) do curso de Psicologia de duas universidades, uma

pblica e outra privada. Discutiram-se as caractersticas das possveis relaes entre o contexto acadmico

e cientfico da formao e a crena religiosa dos alunos. A metodologia, de natureza qualitativa, utilizada foi

a do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), criada por Lefvre e Lefvre (2000). Os dados foram coletados

com o preenchimento de um questionrio composto por perguntas abertas e fechadas, tendo estas ltimas,

permitido investigar o padro sociocultural dos alunos. As questes abertas abordaram o tema sobre a

descrio e definio de Deus. Os resultados parciais mostram que em ambas as universidades a presena

do sexo feminino maior, porm o nmero de jovens na universidade pblica mais elevado do que na

particular. Prevaleceu entre os estudantes o discurso de Deus como Protetor, declarando-se

predominantemente religiosos cristos. A importncia do conhecimento das representaes sociais de

Deus entre os estudantes elemento necessrio para a compreenso do comportamento estudantil diante

das explicaes cientficas apresentadas no curso de psicologia.

DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA EDUCATIVO PARA ADOLESCENTES INGRESSANTES NO MERCADO DE

TRABALHO: UMA EXPERINCIA DE ESTGIO

rea temtica: Formao do Psiclogo Escolar/Educacional

TATIANE ZANFELICI UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS; FERNANDA AGUILLERA

UNIVERSIDADE DE SO PAULO, CENTRO UNIVERSITRIO HERMNIO OMETTO E UNIVERSIDADE

METODISTA DE PIRACICABA

Objetivou-se apresentar uma experincia de estgio supervisionado na rea Prticas Educativas e

Sociais, realizado por um grupo de alunas de um curso de Psicologia. O estgio consistiu na elaborao e

implementao de um programa educativo para grupos de adolescentes ingressantes no mercado de

trabalho (menores aprendizagens). Participaram grupos que frequentavam duas instituies educacionais,

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sem fins lucrativos, as quais atendiam jovens de baixa renda familiar que cursavam o ensino mdio em

escolas pblicas, visando ao oferecimento de capacitao e encaminhamento dos jovens para o trabalho,

porm cuidando para que os estudos no fossem abandonados. Aps levantar as necessidades

institucionais, caracterizar o pblico atendido e consultar referncias bibliogrficas da rea, o programa foi

estruturado e implementado, tendo em vista o ensino de algumas habilidades sociais e de comunicao aos

grupos de adolescentes. Foram realizados cerca de cinco encontros semanais com 14 grupos, trabalhando

com as temticas: Comunicao, Assertividade, Resoluo e Enfrentamento de Problemas, Auto-

estima, e Escolhas. Algumas das estratgicas utilizadas foram: expresso escrita, dramtica ou artstica,

dinmicas de grupo, discusso de filmes e histrias. Ao trmino, os encontros eram avaliados

anonimamente pelos adolescentes, que pareceram satisfeitos com o programa, atribuindo-lhe conceitos

como timo e Bom, e sugerindo a introduo de mais encontros sobre assuntos variados. Os

coordenadores e profissionais responsveis pela instituio tambm se mostraram satisfeitos, comentando

que as oficinas beneficiavam os adolescentes ensinando tcnicas que favoreciam o contato social, sendo

refletidas nos relacionamentos com os colegas, na instituio e no ambiente de trabalho posterior. O vnculo

entre a universidade e as instituies foi renovado ao final do ano, possibilitando que o programa fosse

novamente oferecido. Acredita-se que o estgio cumpriu seus objetivos, trazendo benefcios aos

adolescentes, s instituies, e proporcionando s estagirias conhecerem alternativas de formao na

profisso, bem como colaborando no aprendizado do desenvolvimento de um programa educativo.

A EVASO ESCOLAR MOTIVADA POR HOMOFOBIA E SUAS CONSEQUNCIAS SOBRE A TRAJETRIA DE VIDA DE

JOVENS LGBT DE CAMADAS POPULARES

rea temtica: Educao e Direitos Humanos

MARCOS ROBERTO VIEIRA GARCIA

A literatura internacional tem chamado a ateno para o aumento significativo em alguns pases do nmero

que jovens que vivem em situao de rua (homeless youths). Um contingente significativo deste segmento

por volta de 20 % nas grandes cidades norte-americanas composto de jovens LGBT (lsbicas, gays,

bissexuais e trangneros), mais susceptveis expulso ou fuga de casa em idade precoce do que os(as)

heterossexuais, o que leva muitos(as) a viverem em abrigos ou nas ruas. Entre os elementos que levam

estes jovens situao de rua est a evaso escolar precoce, motivada em grande parte pela homofobia

dentro da escola. A presente apresentao visa discutir a respeito da ocorrncia significativa do mesmo

fenmeno no Brasil. Embora a bibliografia sobre homoerotismo brasileira esteja concentrada nas pessoas

LGBT de segmentos de renda mdios e altos, alguns estudos sobre a populao em situao de rua e

sobre a trajetria social de travestis no Brasil mostram que aparentemente grande a evaso escolar de

jovens LGBT, motivando dificuldades em relao ao acesso a ocupaes que exigem escolaridade e,

consequentemente, levando-os a uma situao de pobreza e/ou ao recurso ao comrcio sexual. O trabalho,

na ltima parte, discute as respostas polticas frente a esta situao, em especial o incentivo a organizao

poltica dos jovens LGBT, o combate homofobia nas escolas e a reivindicao por programas de ateno

especfica a este segmento por parte de organizaes governamentais e no-governamentais.

UMA EXPERINCIA DE PSICOLOGIA EM ONG

rea temtica: Educao e Direitos Humanos

NEIVA DE ASSIS

Apresento o relato de interveno em uma ONG em Blumenau SC, a partir de uma perspectiva social

crtica. Inicialmente observou-se ausncia de espaos de interao, de um PPP construdo coletivamente,

refletindo em poucos resultados do trabalho educativo. Por meio de um projeto de formao continuada, os

educadores tiveram encontros mensais para reflexo sobre a prtica educativa. A construo do PPP foi

uma das aes mais significativas; todos os educadores responsabilizaram-se em discutir e definir uma

linha de trabalho, construram uma proposta educativa para a ONG. A participao da psicologia foi

fundamental para a consolidao de concepes e prticas educativas que considerem crianas e

adolescentes socialmente construdos, respeitando a diversidade e oportunizando saltos qualitativos no

desenvolvimento destes sujeitos. A psicologia atuou tambm diretamente com as famlias, visando a

participao da comunidade no processo educativo. Em 2005, desenvolveu-se um projeto de organizao

comunitria e apoio-sciofamiliar, com oficinas educativas, trabalho psicossocial, voltado para preveno e

promoo de convivncia familiar e comunitria. Ocorreu por meio de conversas, visitas domiciliares,

articulao com a rede de servios, constituio de um grupo de mulheres, encontros para discusso das

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problemticas da comunidade, entre outros. O projeto incluiu ainda a construo de uma horta comunitria,

envolvendo as famlias nos mutires, na organizao, aproximando-se mais do dia-a-dia de seus filhos.

Estes mutires na verdade, caracterizaram-se como espaos de interao entre os adultos, crianas,

comunidade e instituio. A psicologia foi fundamental para chamar ateno para as relaes que se

estabeleciam na instituio, consolidando espaos de participao comunitria. O trabalho educativo da

equipe voltou-se para a famlia e a comunidade e no para um aluno descontextualizado de sua realidade e

de suas mediaes. Com tudo isso, enfatiza-se a atuao da psicologia para que educadores,

crianas/adolescentes e famlias envolvam-se na construo de relaes de respeito e cooperao.

DIREITOS HUMANOS E EDUCAO: PERSPECTIVAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE.

rea temtica: Educao e Direitos Humanos

SRGIO DE OLIVEIRA SANTOS UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS RIO CLARO

Nossa produo tem por base que o ser humano no algo estanque e definitivo, podendo ser moldado e

(re)inventado junto de suas formas de conhecer, experenciar e pensar(-se) no mundo. Tais formas so

regidas por valores que se materializam em economias, intituies e polticas sociais ao longo da histria.

Histria que, tomada na perspectiva efetiva trazida por Foucault, vai de encontro estabilidade, s crenas

nas constncias e processualidades contnuas, imutveis e sagradas desenvolvidas pelo ser humano ao

longo dos tempos. Nada no homem nem mesmo seu corpo bastante fixo para compreender outros

homens e se reconhecer neles dizia o francs. Por esse vis, e atravs do conceito de vida em Nietzsche

que se apresenta como conservao e superao, grosso modo, entendemos que o que se produziu da

Modernidade Contemporaneidade em nome da vida aqui se toma as revolues, declaraes e formas

de produo de bens e do prprio ser humano nada mais foi que um engodo para subjug-la. Isto resta

claro na degradante e vulnervel experincia de vida humana e planetria nos dias atuais. Somente uma

educao que esteja para alm do bem e do mal poder engendrar na sociedade ocidental contempornea

perspectivas de valor que dm conta de ser palco/movimento para o surgimento de um ser humano tico ao

invs de moral, que no desperdice a experincia de estar vivo, podendo assim contribuir para a eficincia

e a efetividade dos direitos humanos e, consequentemente, para a constituio de discursos (psicolgicos,

pedaggicos etc.) voltados muito mais para as liberdades, igualdades e fraternidades...

RACISMO SUTIL: OLHANDO PARA O BRASIL E PARA A ESPANHA

rea temtica: Educao e Direitos Humanos

SYLVIA DA SILVEIRA NUNES UNIVERSIDADE DE SO PAULO

Financiador: FAPESP

Pensar a educao para todos significa olhar para a diversidade que compe a sala de aula. O racismo e

suas implicaes nas relaes humanas fazem parte desse quadro, uma vez que em nossa realidade, a

idia de raa continua presente. H dcadas, o conceito de raa tem sido questionado em diferentes reas

do conhecimento, pois no possvel a delimitao de grupos humanos homogneos o suficiente para

configurar raa. Assim, para a cincia, no existem raas humanas. No entanto, no cotidiano, as

consequncias deste conceito persistem. Pesquisas mostram mudanas na forma de apresentao do

racismo. Nas ltimas dcadas, observamos maior crescimento do racismo sutil em detrimento do racismo

flagrante. Com o objetivo de comparar realidades de dois pases diferentes Brasil e Espanha, a presente

pesquisa combinou mtodos quantitativo (escalas de racismo sutil e flagrante) e qualitativo (entrevistas).

Dentre os vrios grupos humanos possveis de ser alvo de prticas racistas, enfocamos o racismo contra

negros no Brasil e contra ciganos na Espanha. Embora existam diferenas na histria de cada grupo,

comum entre eles o fato de estarem h sculos em territrio brasileiro e espanhol, respectivamente, e

persistirem as prticas discriminatrias contra eles. As escalas foram respondidas por 87 alunos brasileiros

e 80 espanhis. Dentre esses, 3 brasileiros e 5 espanhis foram entrevistados. A anlise das escalas

aponta maior facilidade dos espanhis em declarar o racismo. As entrevistas trazem mais elementos para a

compreenso desse fenmeno, apontando algumas questes da dinmica do preconceito racial, tais como

o problema da sutileza na discriminao, a culpabilizao da vtima e a no percepo da racializao

presente. A concluso no sentido de elucidar formas sutis de apropriao do discurso racial. Sugerimos

outras pesquisas e intervenes a fim de que a reflexo sobre esse problema social favorea a superao

do preconceito nas relaes humanas.

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GNERO, ESCOLA E CONFLITO COM A LEI: UM ESTUDO DE REGISTROS DE ATENDIMENTO A ADOLESCENTES EM

MEDIDA SCIOEDUCATIVA EM MEIO ABERTO

rea temtica: Educao e Direitos Humanos

VNIA APARECIDA CALADO; MARILENE PROENA REBELLO DE SOUZA UNIVERSIDADE DE SO

PAULO; NICOLAU APOENA CASTRO USINAS SIDERRGICAS DE MINAS GERAIS S/A

Financiador: CNPQ

Esta pesquisa aborda a complexa rede de relaes presente na escola para compreender os fatores que

articulam as questes de gnero, fracasso escolar e o cometimento de um delito na escola. O referencial

terico adotado a Psicologia Histrico-Cultural. Objetivos: compreender as relaes estabelecidas entre

adolescentes e escola que produzam atos de indisciplina que culminem no cumprimento de medidas

scioeducativas em meio-aberto; identificar a presena das questes de gnero estabelecidas nas relaes

entre adolescentes e escola. A pesquisa foi realizada num municpio da Grande So Paulo e se encontra

na fase final de anlise dos dados. Na etapa quantitativa mapeamos pastas tcnicas de adolescentes que

cumpriram medida scioeducativa em meio aberto entre 2000-2007, para estudo exploratrio dos atos

produzidos na escola e interpretados como delitos. So 628 pastas, 91,6% meninos, 8,4% meninas; 68,5%

com 15-17 anos; 65% das meninas e 52% dos meninos estudavam; 60% cursavam entre a 5 e a 8 srie

do Ensino Fundamental, proporcionalmente as meninas apresentam maior escolaridade. O censo escolar

de 2007 do Estado de So Paulo, elaborado pelo INEP, apresenta que 85% dos alunos matriculados no

Ensino Fundamental tinham entre 11-14 anos e 20% entre 15-19 anos, perfil diferente da populao

mapeada nesta pesquisa. As meninas cometeram mais furto (25%) e agresso (22%), os meninos mais

roubo (37%) e furto (19%). 19 pastas pertencem a adolescentes que cometeram ato infracional na escola,

sendo a agresso o delito predominante. Na segunda etapa da pesquisa, selecionamos 4 pastas para

anlise da trajetria escolar do adolescente durante o cumprimento da medida. Os atendimentos

apresentam foco individual, sem resgate de trajetria escolar e o que levou ao cometimento do delito, sem

aes em parceria com a escola. A gravidez adolescente se revela como o exerccio de um papel social

diferente e valorizado culturalmente.

A PRESENA DAS IDIAS PEDAGGICAS DA ESCOLA NOVA EM MANUAIS DE PSICOLOGIA EDUCACIONAL DA

DCADA DE 1930

rea temtica: Histria da Psicologia Escolar/Educacional

EDER AHMAD CHARAF EDDINE; SONIA DA CUNHA URT UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO

GROSSO DO SUL

O presente trabalho analisa a influncia das idias pedaggicas na histria da disciplina Psicologia

Educacional. Para isso, focalizamos no perodo que corresponde ao incio da institucionalizao das idias

da Escola Nova, movimento assim denominado porque apresentou um conjunto de princpios que prope a

reviso das formas tradicionais de ensino, embasando-se, inicialmente, na Psicologia e Biologia. Ao discutir

as idias pedaggicas da Pedagogia Nova, nosso intento, de mesmo modo, perceber como a disciplina

Psicologia Educacional desse perodo, sofre as influncias das idias da Escola Nova, difundidas pelo

psiclogo Loureno Filho a partir da dcada de 1930. Para tanto, utilizamos alguns manuais produzidos

entre 1930 at 1940. A disciplina Psicologia foi inserida nas Escolas Normais, mais precisamente, em 1890,

pela Reforma de Benjamim Constant. Contudo, no contexto educacional brasileiro, essa insero,

oficialmente, ocorre por decreto, a partir do ano de 1928, que inclui essa disciplina em seu currculo,

contribuindo com a produo de conhecimento, por meio de pesquisas e estudos realizados em laboratrio

e com as experincias prticas em salas de aula. Nesse sentido, investigamos como a disciplina foi

pensada a partir da anlise de alguns manuais brasileiros produzidos neste perodo, notadamente as obras

Noes de Psicologia aplicadas Educao, de Iago Pimentel, Introduo Psicologia Educacional, de

Noemy da Silveira Rudolfer, e, por ltimo, Estrutura e aprendizagem: novos rumos da psicologia

pedaggica, de Lucia Magalhes e Joaquim Ribeiro, todos editados na dcada estudada. O resultado

evidencia que h uma influncia das idias da Escola Nova nos manuais publicados na dcada de 1930,

principalmente no da Noemy da Silveira Rudolfer.

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DE DOMINATRIX A PARCEIRA: BREVE FOCO SOBRE OS ENCONTROS E DESENCONTROS ENTRE PSICOLOGIA E

EDUCAO

rea temtica: Histria da Psicologia Escolar/Educacional

LILIAN ROSE ULUP; FRANCISCO TEIXEIRA PORTUGAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO

O trabalho enfoca, brevemente, encontros e desencontros entre psicologia e educao no Brasil, desde

fins do sculo XIX, e avana possibilidades de superao. Inspira-se nas contribuies da psicologia

histrico-social e da psicologia institucional. Alinha-se com aqueles que criticam a prtica psicolgica

escolar baseada no modelo clnico, mas que defendem a importante contribuio da rea na construo de

uma educao de qualidade. A tessitura da parceria entre psiclogo e professor requer a mudana das

representaes sociais hegemnicas modos de pensar, sentir, viver sobre o psiclogo escolar.

preciso que: a) este encare criticamente o papel desempenhado pela cincia psicolgica, ainda presente

em alguns domnios, baseada numa concepo especialista -a qual sobredetermina, com conceitos psi, a

variedade do cotidiano escolar-, patologizante e adaptacionista, que entende os processos psquicos como

naturais, resultantes de uma essncia humana; tal abordagem, conforme demonstrado por diversos

autores, tanto da educao quanto da psicologia, contribui para a produo do fracasso escolar, atribuindo

a culpa ao indivduo seja o aluno, seja sua famlia; b) o professor encare o psiclogo no mais como

detentor de um saber tcnico capaz de tudo resolver ou como algum cuja colaborao para os processos

educacionais prescindvel. Tal parceria requer que o psiclogo deixe de ocupar o lugar que, em algumas

prticas, lhe apraz e que, em certos dispositivos de trabalho, lhe atribudo. preciso que tanto ele quanto

o professor construam um novo olhar entre si. Essa a abordagem que tem formado o estgio curricular e

a disciplina de psicologia escolar no Instituto de Psicologia / UFRJ.

PSICOLOGIA E RENASCIMENTO: ESTUDAR O HOMEM A PARTIR DE DA VINCI E MAQUIAVEL

rea temtica: Histria da Psicologia Escolar/Educacional

LUCIANA DADICO UNIVERSIDADE DE SO PAULO

Financiador: CNPQ / MINISTERO DEGLI AFFARI ESTERI ITALIA

Durante o Renascimento, assistiu-se a profundas mudanas na conformao do homem moderno, mas,

fato relevante para a histria da Psicologia, as transformaes tambm no modo de se compreender e

estudar o homem de ento. A difuso da leitura e da escrita em latim e em vulgar contriburam na

reelaborao do pensamento medieval a partir do acesso aos textos filosficos clssicos, enquanto a

perspectiva cientfica auxiliava na promoo de substanciais alteraes perceptivas envolvidas no

desenvolvimento de novas formas de pensamento e de representao artstica. Leonardo Da Vinci, a partir

de uma concepo da arte como expresso das emoes humanas, buscar identific-las por meio das

alteraes que estas promovem na fisionomia do rosto, agora estudadas e sistematizadas. As linhas da

face passam a ser vistas como sinais exteriores do que se conceber como mundo interno do homem, sua

"alma", "esprito" ou "inconsciente". Maquiavel, por sua vez, preocupado em estabelecer regras polticas

que auxiliassem politicamente os governos locais em meio a um perodo de grande instabilidade, ir

ocupar-se dos homens agrupados em povos e corporaes, coesos por meio de sentimentos como amor ou

temor. Responsveis por instituir um novo modo de olhar o ser humano, procurando as regras e as

excees daquilo que outrossim podemos chamar a "essncia" ou a "interioridade" do homem, ambos

deram importantes passos na direo de uma Psicologia compreendida como cincia, voltada ao estudo do

ser humano em seus aspectos objetivos e subjetivos, com implicaes importantes para o pensamento

psicolgico moderno.

TRAJETRIA DE UMA EQUIPE DE PSICOLOGIA INSERIDA NA REDE MUNICIPAL DE EDUCAO DE PORTO ALEGRE

rea temtica: Histria da Psicologia Escolar/Educacional

MARTA XAVIER FADRIQUE; LUCIA ALMEIDA DA SILVA; SIRLENE REGINA DA COSTA GINDRI; ANA

CRISTINA BRUM DA SILVA; MARA LAGO SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAO

Este trabalho pretende apresentar reflexes sobre a trajetria de uma equipe de psiclogas a servio das

escolas da Rede Municipal de Educao de Porto Alegre, discutindo a construo de uma oferta de

trabalho que leve em conta a escola como uma instituio, cujas demandas podem ser mais bem

trabalhadas a partir da perspectiva da Psicologia Institucional. Os primeiros profissionais da Psicologia

iniciaram o trabalho na SMED de Porto Alegre no final dos anos 80, como parte de uma equipe

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multidisciplinar para avaliao de crianas para ingresso nas escolas especiais. Posteriormente, os

psiclogos passaram a fazer parte das equipes de assessoria que atendiam as escolas de Ensino

Fundamental, Mdio e Educao Infantil. Com o aprofundamento do movimento de Incluso, mudaram as

demandas das escolas: surgem desde questes relacionadas aos processos de Incluso, a dificuldades de

aprendizagem ou de adaptao dos alunos ao regramento escolar; at problemas com funcionrios, nas

relaes de trabalho e no gerenciamento de conflitos entre os educadores Se por um lado esta ampliao

do trabalho possibilitou aos profissionais um deslocamento da lgica dos especialismos, por outro, tornou

imprescindvel a formulao de uma oferta da Psicologia que se diferenciasse das ofertas tradicionais e

escapasse de uma lgica individualista na compreenso dos problemas. A partir disso, procuramos pensar

em outro modo de responder aos pedidos da escola, com o aporte da Psicologia Institucional, pois

individualizar e centrar a dificuldade no aluno ou no professor no tem se mostrado eficiente, j que no

contempla espaos de reflexo sobre os institudos da escola nem promove transformaes significativas

no cotidiano escolar.

PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL NA PRIMEIRA REPBLICA: A TEORIA DE MANOEL BOMFIM

rea temtica: Histria da Psicologia Escolar/Educacional

RAFAEL PINHEIRAL FERREIRA

O presente trabalho objetiva realizar uma anlise qualitativa das aplicaes da psicologia ao campo

educacional da teoria de Manoel Bomfim (1868-1932) e compar-las com as atuais diretrizes do Conselho

Federal de Psicologia e a atuao contempornea dos psiclogos escolares. Professor e mdico sergipano,

Bomfim, principalmente durante a Primeira Repblica, entre os anos de 1890 a 1932, teve forte atuao no

cenrio educacional brasileiro na capital da recm-formada Repblica, atuando por muitos anos na Escola

Normal, no Liceu de Educao e no Pedagogium, o museu pedaggico brasileiro, extinto no ano de 1919.

Para o autor, a educao seria um fato natural que corresponderia forma mais elementar no processo de

formao psicolgica dos indivduos, conferindo-lhes os meios para atingir e realizar as contingncias do

viver humano, apresentando-se como uma necessidade resultante do viver social, das atividades de

adaptao do homem e tendo como principal objetivo preparar o indivduo para que pudesse desenvolver

de forma eficaz sua sade fsica e mental, desenvolver instruo suficiente para que os indivduos

conhecessem a si mesmos e ao meio em que viviam, dotando a inteligncia ento de bons mtodos de

pensar, bem como de capacidades de ateno e observao e qualidades de iniciativa e crtica. A

educao aparecia como toda ao sistemtica ou interveno necessria na formao do indivduo, aonde

se conquistaria ento a qualidade de ser humano, em que a psicologia seria a forma pela qual se

desenvolveriam estratgias e estudos para que esses objetivos pudessem ser alcanados. Em suma, seria

por meio das intervenes educacionais mediadas pela atuao dos psicologistas, termo utilizado na

poca, que se desenvolveriam todas as potencialidades que caracterizariam o indivduo, de onde o autor

postulou que a educao deveria ser obrigao do Estado nacional e acessvel a toda populao, para a

formao de uma nao forte e saudvel.

ORIENTAO PROFISSIONAL E PROTOCOLO: UMA DUPLA QUE D CERTO?

rea temtica: Orientao Profissional

LUCIANA PIRES CORRA NEVES; MRIO JOS BERTINI SILVA DE JESUS; LAS PARANAIBA; CARMEN

LCIA REIS UNIVERDADE FEDERAL DE UBERLNDIA

A orientao profissional tem se mostrado ao longo dos anos como um tipo de interveno capaz de

consubstanciar a escolha profissional contribuindo para a tomada de decises que levem em conta um

nmero muito maior de determinaes e maior qualidade na anlise das mesmas. Nesse contexto, o

presente trabalho pretende apresentar o uso do protocolo enquanto recurso de interveno com

adolescentes. Define-se protocolo como o relato dos fatos que se passaram com o grupo durante a sesso;

esse deve ser realizado por apenas uma pessoa. Ressalta-se que esse registro pode ser realizado

livremente, podendo ser escrito ou no, desde que represente os fatos que ocorreram naquele encontro a

ser registrado. O procedimento relatado nesse trabalho foi realizado com um grupo de trs adolescentes

com mdia de idade 17 anos, que cursam 2 e 3 ano do ensino mdio e curso pr-vestibular, em encontros

semanais. O protocolo foi utilizado como disparador para reflexes sobre as problemticas apontadas pelos

adolescentes sobre a escolha profissional. O uso desse recurso possibilitou aos adolescentes uma tomada

de conscincia sobre as determinaes da escolha e um maior engajamento no processo de orientao

profissional.

ISSN-1981-2566

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REFLEXES SOBRE O PAPEL DA ESCOLA NA CONSTRUO DO PROJETO DE VIDA DO ADOLESCENTE

rea temtica: Orientao Profissional

MARIA ELISA GRIJ GUAHYBA DE ALMEIDA

Vrios so os fatores que influenciam na construo de um projeto de vida. Porm a escola, pelo fato de

ser o lugar onde o adolescente passa grande parte do seu tempo, fator de forte influncia tanto no

desenvolvimento vocacional, como na socializao, na formao da identidade e no desenvolvimento da

personalidade dos adolescentes. Esta comunicao tem por objetivo refletir sobre a importncia do papel

da escola no processo de construo do projeto de vida do adolescente e levantar questes a respeito de

como as atuais prticas educacionais vm contribuindo nesse processo. Destacamos como desafios

importantes a articulao do saber escolar com as experincias cotidianas, de forma a dar sentido

aprendizagem e ao saber adquiridos na escola, assim como a ideia de orientao profissional enquanto um

processo contnuo ao longo da escolaridade. A orientao profissional, inserida no contexto escolar,

pensada em forma de processo contnuo e no apenas como uma interveno pontual permite auxiliar

o jovem na escolha de uma profisso, mas tambm se constitui como um espao de reflexo crtica a

respeito do sentido da escola e do trabalho, bem como da realidade na qual o adolescente est inserido e

elabora o seu projeto de vida.

TRABALHANDO A ESCOLHA PROFISSIONAL COM GRUPO DE ADOLESCENTES.

rea temtica: Orientao Profissional

MARIANA DE ABREU BARBOSA PEREIRA DA SILVA; ALISSON MACHADO BORGES; CARMEN LCIA

REIS UNIVERDADE FEDERAL DE UBERLNDIA

A Orientao Profissional, no Brasil, pode ser vista, geralmente, como apenas um auxlio na escolha de

uma profisso ou carreira, visando satisfao do que escolhe. Porm, ao nos aproximarmos do fenmeno

escolha, percebemos que necessrio uma busca cuidadosa dentre as diversas possibilidades,

considerando-se os determinantes da escolha. Nesse sentido, o trabalho do orientador profissional deve

visar criao de espaos para discusso e reflexo sobre o escolher de modo que permita a produo de

novos sentidos e a apropriao, de fato, dessa (s) escolha (s). O presente trabalho refere-se ao relato de

uma experincia de estgio em Orientao Profissional, realizado na clnica escola do Instituto de

Psicologia da Universidade Federal de Uberlndia. Participam desse servio um grupo de 4 jovens com

faixa etria de 16 anos que esto cursando o 3 ano do Ensino Mdio em escola da rede de ensino privada

da cidade de Uberlndia-MG. Esse foi divido em quatro eixos temticos: autoconhecimento, informao

sobre cursos tcnicos e em nvel de Ensino Superior, mercado de trabalho e vestibular/universidade, que

so desenvolvidos em aproximadamente doze encontros. Para discutir os temas citados utilizamos jogos,

vivncias, visualizaes, pesquisas sobre as profisses e os cursos desejados. O uso de tais recursos tem

possibilitado que esses jovens percebam a escolha de uma profisso com mais segurana e clareza, onde

esta assume um lugar de significativa importncia no plano individual, uma vez que a escolha profissional

envolve a definio de quem se deseja ser muito mais do que a escolha do que fazer.

SINGULARIDADES DO SUJEITO-PROFESSOR DA EJA PELO OLHAR DA COMPLEXIDADE.

rea temtica: Orientao Profissional

SILVANA DE OLIVEIRA CORTADA; ELAINE TERESINHA DAL MAS DIAS UNIVERSIDADE NOVE DE

JULHO

Financiador: CAPES / PROSUP

O presente trabalho aborda a presena da subjetividade nas falas dos professores da EJA (Educao de

Jovens e Adultos) referenciadas pela a noo de sujeito da Teoria da Complexidade de Edgar Morin. Como

metodologia apresenta pesquisa qualitativa que versa sobre a anlise de depoimentos utilizando, como

procedimento, a tcnica da histria oral temtica, por fornecer subsdios ao entendimento de como o

docente v a si mesmo e o outro, as relaes scio-educativas e o trabalho pedaggico. Objetiva a

identificao das singularidades que determinam suas relaes interpessoais e a conduo do fazer

educativo, partindo da hiptese de que este professor apresenta caractersticas peculiares e interesses

pessoais que o orientam para esse segmento educacional. Conclui-se que dar voz ao professor favorece a

manifestao de sentimentos e emoes, certezas e incertezas, alegrias e angstias, limitaes e acertos

na descrio de como cada um direciona o ato educacional, denotando o sentido de sua trajetria no

contexto educativo. Obteve-se a resposta de que solidariedade, altrusmo e afetividade so marcas

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identitrias comuns a esses professores, sujeitos abstrados de suas histrias de vida, com verdades

objetivas interiorizadas como realidade subjetiva.

O PROCESSO DE ESCOLHA PROFISSIONAL DE ADOLESCENTES DE UBERABA-MG: DEMANDAS E MOTIVAES

rea temtica: Orientao Profissional

WANDERLEI ABADIO DE OLIVEIRA; WALTER MARIANO DE FARIA SILVA NETO; JORGE LUIZ DA SILVA;

FLVIA ROBERTA BASSO; IVONILDA CRUZ CARDOSO; FERNANDA ASSIS COSTA UNIVERSIDADE

DE UBERABA

A escolha profissional , em geral, um processo que deve ser fomentado dentro de parmetros e

motivaes pessoais, que conciliem a realizao pessoal e profissional com as expectativas do mercado.

Assim, neste estudo, objetivou-se caracterizar a escolha profissional de adolescentes do municpio de

Uberaba-MG, comparando as motivaes das escolhas entre alunos da rede pblica e da rede particular.

Para tanto, foram realizadas quatro entrevistas com adolescentes, com idade mdia de 17 anos,

concluintes do ensino mdio. Os participantes da pesquisa j realizaram suas escolhas, quais sejam: dois

adolescentes pretendem realizar cursos na rea de Exatas Engenharia e Sistema de Produo; e os

outros dois pretendem, respectivamente, cursar Administrao de Empresas e Direito. Ainda existem

dvidas quanto ao futuro profissional e estas refletem as exigncias para que acontea uma sntese entre a

responsabilidade individual e a social. Para que as escolhas fossem realizadas os entrevistados buscaram

informaes sobre as reas e tendem a conciliar seus desejos pessoais com a prtica profissional.

Destaca-se que os jovens da rede pblica tm maior contato com o mercado de trabalho, pois atuam ou

esto envolvidos em grupos que propiciam este contato. Na outra ponta, os alunos da rede privada

conseguem vislumbrar o mercado com outras perspectivas, definindo metas quanto aos cursos e

instituio em que desejam ingressar na graduao. No que tange a profisso dos pais, esta foi

mencionada como influncia para a escolha apenas por um dos participantes. A partir dos resultados,

identifica-se uma necessidade de aes de orientao profissional nos ambientes escolares, que permitam

ao jovem obter conhecimentos pertinentes ao definir seu futuro profissional. Elucida-se, contudo, que a

orientao profissional no se limita graduao e isso exige iniciativas de instruo que respeitem as

caractersticas pessoais, os desejos, as tendncias e os contextos sociais em que os jovens esto

inseridos.

FAMLIA-ESCOLA: UMA ANLISE DAS PRODUES ACADMICAS NOS LTIMOS CINCO ANOS

rea temtica: Famlia

CARLA PELLICER DOS SANTOS; PAULA CRISTINA MEDEIROS REZENDE UNIVERSIDADE FEDERAL

DE UBERLNDIA

Financiador: CNPQ

Este trabalho compreende um levantamento bibliogrfico realizado na base de dados Biblioteca Virtual de

Sade BVS acerca do tema famlia-escola, para a compreenso dos sentidos nas produes acadmicas

dos ltimos cinco anos. Foram utilizados diferentes descritores, a saber: famlia e escola (274), famlia e

creche (30), reunio de pais (0), famlia-escola (2). Por meio da leitura dos resumos, selecionaram-se

aqueles que apresentavam uma discusso sobre o relacionamento entre a famlia e a escola no contexto

educacional. Ao todo foram eleitas 10 publicaes para a presente anlise, destacando que o elevado

nmero de artigos encontrados abrange discusses relacionadas a diferentes reas e a discusses

especficas sobre famlia e escola. O levantamento situado na BVS no pretende esgotar as produes

acadmicas existentes sobre a temtica. A leitura e anlise dos artigos possibilitaram a produo de alguns

sentidos: relao famlia-escola compreendida como colaborao na qual cada uma das instncias possui

um conjunto determinado de funes que se complementam; a forma de escola e famlia se relacionarem

est arraigada em concepes sociais, econmicas e histricas de idealizao da escola associada a uma

submisso das famlias que encontram dificuldades na participao escolar devido jornada de trabalho;

cobrana das escolas pela participao ativa das famlias em atividades em casa, nas reunies de pais,

festas da escola, considerando este aspecto como fundamental para o sucesso escolar dos alunos. Estas

reflexes suscitaram questionamentos importantes sobre aspectos que extrapolam as questes referentes

ao sucesso ou fracasso escolar de crianas, pensando a relao famlia-escola como fundamental para

discutir aspectos ideolgicos, histricos e sociais que perpassam a educao, a construo da infncia na

nossa sociedade. Acredita-se que importante dar visibilidade para desigualdades que se configuram no

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contexto educacional, permitindo a construo de um compromisso social e de relaes mais horizontais

entre os diferentes protagonistas da educao.

O LUGAR DOS PAIS NA ESCOLA SEGUNDO OS EDUCADORES: UM ESTUDO SOBRE PARCERIA FAMLIA-ESCOLA

rea temtica: Famlia

JOSIANE DA COSTA MAFRA SOUZA; LCIA HELENA FERREIRA MENDONA COSTA UNIVERSIDADE

FEDERAL DE UBERLNDIA

Este trabalho um recorte de uma pesquisa qualitativa mais ampla e visa compreender os significados

construdos pelos educadores a respeito da parceria pais-escola. Esta pesquisa teve como colaboradoras

uma diretora e uma educadora do ensino fundamental de nove anos e de uma escola pblica municipal da

periferia de Uberlndia-MG. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, aplicadas individualmente,

com durao mdia de uma hora e trinta minutos, versando sobre: O que voc entende por parceria entre

educadores e pais? Em sua opinio como deveria ser ou acontecer esta parceria? Como os pais podem

contribuir com vocs em relao aprendizagem das crianas? Aps a transcrio das entrevistas, foram

identificados trs blocos temticos: (1) Parceria famlia-escola: o que ? (2) Parceria famlia-escola: Como

e como deveria ser? (3) Lugar dos pais na escola. Analisando os dados, as educadoras revelaram que a

parceria acontece quando pais e escola ajudam-se mutuamente, a amizade mtua para chegar a um bem

comum visando o desenvolvimento da criana. Pais e educadores dialogando e no transferindo

responsabilidades. Afirmaram, ainda, que o dilogo deve ocorrer com constncia, onde a troca de

experincia possa ocorrer espontaneamente. O conhecimento do mtodo e processo pedaggico da escola

por ambas as partes, facilitar que falem a mesma lngua, bem como para auxiliarem e acompanharem o

desenvolvimento da criana. Por fim, as entrevistadas asseguraram que a parceria deve acontecer atravs

de reunies agendadas, encontros espordicos atravs da escola aberta. Neste sentido, a pesquisa

evidenciou que para os educadores os pais tambm devem ser educadores, que precisam apoiar o

professor, dando opinies, aprendendo com os filhos na escola, enfim, sendo responsveis pela educao

social da criana. Deste modo, este trabalho procura evidenciar que a parceria possibilita melhorar o

ambiente escolar, e transformar a experincia educacional dos alunos numa vivncia mais significativa.

FAMLIA E ESCOLA: UMA PARCERIA POSSVEL E NECESSRIA?

rea temtica: Famlia

JULIANA MENDES ALVES; MARIA TEREZA DA CUNHA COUTINHO PONTIFCIA UNIVERSIDADE

CATLICA DE MINAS GERAIS

Famlia e escola: uma parceria possvel e necesria? Este trabalho uma proposta de reflexo sobre a

funo da famlia e da escola nos dias atuais, aps tantas mudanas destas duas instituies to

importantes na constituio do sujeito. Escola e famlia em um novo contexto, com novas funes, precisam

se reorganizar para funcionarem em parceria, contribuindo positivamente no processo ensino

aprendizagem. Com este estudo foi possvel refletir sobre as funes da famla e da escola, e como isso

tem contribuido positivamente no contexto educacional nos dias atuais. E com a pesquisa de campo foi

possvel ilustrar essa realidade. Com a observao do contexto escolar e a participao da famlia nos

processos educacionais, percebeu-se que tanto a escola quanto a famlia encontram-se perdidas na

atuao eficiente no processo ensino aprendizagem de seus educandos (as ) e filhos (as).

FAMLIA E ESCOLA: ESPAOS DE PROMOO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

rea temtica: Famlia

LAURA MARISA CARNIELO CALEJON; GUILLERMO ARIAS BEATN UNIVERSIDADE DE HAVANA;

ADRIANA MOLINA UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL / CENTRO DE DESENVOLVIMENTO

PROFISSIONAL E PESSOAL

Financiador: FAPEMIG

Uma das linhas de pesquisa do grupo Aprendizagem, Construo do Conhecimento e Contexto

Sociocultural trata da famlia e da escola como espaos de promoo do desenvolvimento humano, assim

como do dilogo, considerado necessrio entre estas instituies ou espaos sociais de promoo do

desenvolvimento. As investigaes nesta direo so orientadas por resultados de pesquisas realizadas

por Arias Beatn e seus colaboradores na Universidade de Havana e em outros centros de investigao no

contexto cubano. O grupo citado sistematizou, ao longo dos anos e a partir de diferentes investigaes,

caractersticas daquelas famlias que se mostravam capazes de promover o desenvolvimento de seus

componentes. As investigaes sustentam polticas pblicas e organizao de programas de ateno no

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contexto mencionado. Os estudos sobre famlias desenvolvidos pelos pesquisadores do grupo e por alunos

do curso de especializao em Psicopedagogia tomam como referncia os indicadores assinalados,

construdos a partir do enfoque Histrico-cultural, procurando analis-los de forma crtica, a partir do

contexto cultural em que foram produzidos. A anlise aponta para a reafirmao de alguns indicadores de

famlia potenciadoras no nosso contexto, e para a necessidade de reviso de outros encontrados no

contexto cubano, dadas as peculiaridades do contexto brasileiro.

O ENVOLVIMENTO DOS PAIS NA EDUCAO ESCOLAR DOS FILHOS: UM ESTUDO EXPLORATRIO

rea temtica: Famlia

LUCIANA B. FEVORINI; JOS FERNANDO BITENCOURT LOMONACO UNIVERSIDADE DE SO PAULO

O presente estudo procurou avaliar o grau de envolvimento de pais das classes sociais mdia-alta e alta da

populao na educao escolar dos seus filhos. A seleo das escolas particulares da cidade de So Paulo

foi feita a partir dos resultados de seus alunos no exame do ENEM (Exame Nacional do Ensino Mdio):

escolheu-se uma escola com boa colocao (entre as dez primeiras), uma com colocao mdia (entre as

60 primeiras) e uma que no obteve bons resultados. O instrumento para a coleta de dados foi a entrevista

semi-estruturada. Foram realizadas 13 entrevistas com casais ou apenas com a me, totalizando 21

entrevistados. A anlise dos resultados revelou que estes pais e mes, contrariando esteretipos e/ou

crenas comuns a respeito do envolvimento dos pais na vida escolar dos filhos, mostraram-se muito

envolvidos com a escolaridade de seus filhos e afirmaram no delegar escola tarefas como a formao de

valores e o estmulo disciplina. A idia de diferentes estudiosos de que a famlia vive uma crise de valores

e de autoridade e que delega escola tarefas que no se sente capaz de realizar no foi corroborada neste

estudo. Em face dos resultados foram sugeridos alguns caminhos para a escola desenvolver uma parceria

efetiva com as famlias de seus alunos: estabelecer relaes simtricas e de co-responsabilidade com os

pais e oferecer a eles espaos de debate e reflexo sobre questes que vivenciam no dia a dia com seus

filhos.

ESCOLHAS DE TRAJETRIAS ACADMICAS E REPRESENTAES SOCIAIS DA UNIVERSIDADE PBLICA ENTRE

EX-ALUNOS DA ESCOLA PBLICA

rea temtica: Ensino Superior

DAVID A. ROMEROS DE ASSIS; CARLOS HENRIQUE GERKEN UNIVESIDADE FEDERAL DE SO

JOO DEL-REI

Financiador: FAPEMIG

Preocupados em compreender alguns dos mecanismos subjetivos implicados no acesso Universidade

Pblica por parte de jovens oriundos da escola pblica, realizamos em 2007, uma pesquisa na qual foram

investigadas as representaes sociais de um grupo de alunos do 3 ano do ensino mdio de uma escola

pblica de So Joo del-Rei a respeito de seu ingresso em uma Universidade Pblica. Este trabalho nos

mostrou que as representaes sociais do referido grupo colocavam a instituio Universidade Pblica em

posio de destaque, como local de realizao pessoal e profissional, tal como um templo do conhecimento

presente nos sonhos mais remotos dos alunos. Mas concomitante a esse contedo, outro, igualmente

relevante, apontava para a impossibilidade do ingresso, para as dificuldades percebidas na realizao de

um desejo fugidio. Na presente pesquisa buscamos compreender, dois anos mais tarde, quais foram as

trajetrias escolhidas por estes mesmos alunos, o porqu de suas escolhas, as estratgias para efetiv-las

e como estas se relacionam com as representaes sociais da Universidade Pblica. Para tanto

aplicaremos um questionrio em 141 sujeitos a fim de entender quais foram seus destinos aps o ensino

mdio. Em um segundo momento elegeremos pequenos grupos de sujeitos que fizeram as mesmas

escolhas e realizaremos com eles entrevistas em profundidade. Nosso referencial terico a teoria das

representaes sociais de Serge Moscovici. Tentaremos ainda fazer uma aproximao da Psicologia Social

com pesquisas da Sociologia da Educao. Para a leitura dos dados utilizaremos a analise de contedo de

Bardin. Como resultados esperamos encontrar elementos que nos permitam refletir sobre o quanto os ex-

alunos so sujeitos de suas escolhas e de que maneira suas representaes podem ajuda-los a vencer

certas determinaes sociais.

A PARTICIPAO DA ESCOLA NA CONSTRUO DE TRAJETRIAS DE SUCESSO ESCOLAR: REFLEXES A PARTIR

DE HISTRIAS DE ESTUDANTES DAS CAMADAS POPULARES NO ENSINO SUPERIOR PBLICO

rea temtica: Ensino Superior

DBORA CRISTINA PIOTTO; RENATA DE OLIVEIRA ALVES UNIVERSIDADE DE SO PAULO

ISSN-1981-2566

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Os estudos sobre o fracasso escolar que partem de uma concepo crtica da relao entre escola e

sociedade e discutem a participao da escola em sua produo so mais numerosos do que pesquisas

sobre o sucesso escolar que partem de tal perspectiva. Alguns estudos brasileiros se dedicaram a

pesquisar trajetrias escolares bem-sucedidas, porm seus focos de investigao foram as prticas

educativas familiares. Assim, o objetivo do presente trabalho discutir algumas questes relativas

participao da escola na construo de trajetrias de sucesso escolar nas camadas populares. Para isso

analisamos aspectos de entrevistas em profundidade realizadas com duas estudantes de Pedagogia de

uma universidade pblica, provenientes das camadas populares. Com base nas contribuies de estudos

sobre o tema, bem como em alguns conceitos da teoria histrico-cultural, discutimos como a escola esteve

presente na construo das trajetrias analisadas.

A VISO DE ESTUDANTES UNIVERSITRIOS DAS CAMADAS POPULARES SOBRE A CONTRIBUIO DA ESCOLA

PARA SUAS TRAJETRIAS

rea temtica: Ensino Superior

DBORA CRISTINA PIOTTO UNIVERSIDADE DE SO PAULO

Os estudos que versam sobre trajetrias de escolarizao bem-sucedidas nas camadas populares so

pouco freqentes quando comparados ao nmero de estudos que tratam do fracasso escolar. Nas

pesquisas que investigam o tema, destaca-se a discusso sobre o papel e a contribuio da famlia para a

construo de histrias de sucesso escolar nos meios populares. Procurando contribuir para o debate sobre

qual o papel da escola na construo do sucesso escolar, objetivo do presente trabalho apresentar e

discutir a viso de estudantes do ensino superior pblico, provenientes das camadas populares, sobre sua

experincia escolar. Para isso foram entrevistados cinco estudantes oriundos das camadas populares e que

ingressaram em cursos de alta seletividade de uma universidade pblica paulista, a saber: Administrao,

Biologia, Farmcia, Medicina e Psicologia. Dos relatos dos estudantes destaca-se que, muito embora eles

team crticas educao recebida, sobretudo no que se refere experincia em escolas pblicas, eles

tambm reconhecem algumas contribuies dessa mesma escola para suas trajetrias.

PROCESSOS DE APRENDIZAGEM E ENSINO NA UNIVERSIDADE:UMA ANLISE DOS ARTIGOS PUBLICADOS NA

REVISTA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCIONAL

rea temtica: Ensino Superior

SYLVIA HELENA SOUZA DA SILVA BATISTA; IVELY ABDALLA; SONIA ABDALLA; CINTHIA REGO;

THAMIRES DA SILVA SOUTO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO PAULO

Financiador: CNPQ

Este trabalho inscreve-se no mbito do projeto Docncia, inovao curricular e formao: da produo

cientfica nacional (1997-2007) a propostas de desenvolvimento docente em sade (CNPQ). Assume-se

que os processos de aprendizagem e ensino articulam teoria e prtica, mediando a construo de saberes

na interface dos campos cientficos. OBJETIVO: Identificar e caracterizar artigos publicados na Revista da

Associao Brasileira de Psicologia escolar e Educacional que abordem processos de aprendizagem e

ensino na universidade, perodo de 2001 a 2008. O processo de coleta de dados envolveu localizao dos

artigos atravs dos identificadores de assunto ensino superior, aluno, aprendizagem, professor, ensino,

optando pelo perodo em que todos os nmeros da revista esto disponveis on-line. Aps a localizao,

cuja busca incidiu somente na seo artigos originais, procedeu-se a leitura dos mesmo identificando-se a

origem institucional dos autores, focos de investigao, desenhos metodolgicos e principais resultados.

Mapeou-se 17 artigos publicados, com a produo publicao distribuindo-se em todo o perodo estudado.

Os artigos trazem como autores pesquisadores, principalmente, da regio sudeste do pas, com significativa

incidncia de estudos no campo dos processo de aprendizagem, assumindo o estudante universitrio como

o sujeito nuclear das pesquisas. Um achado importante refere-se natureza quali-quantitativa dos estudos,

trazendo como temticas: leitura na universidade, mtodos de estudo, motivao, aprendizagem de

lnguas, dilemas morais, adaptao de ingressantes, criatividade, rendimento e estratgias pedaggicas,

mudana de curso, concepes de estudantes, concepes de docentes, avaliao da aprendizagem,

autoconceito. Os dados captados permitem reconhecer os processos de aprendizagem e ensino na

universidade como um campo temtico significativo, trazendo enfoques a serem descortinados e

demandando um aprofundamento dos recortes que possam envolver o docente universitrio e sua

formao, ampliando compreenso dos processos de constituio da docncia em cursos superiores a

partir de uma perspectiva complexa e multireferenciada.

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DOCNCIA NO ENSINO SUPERIOR, PSICOLOGIA DA EDUCAO E LICENCIATURAS: O DESAFIO NA FORMAO DE

PROFESSORES

rea temtica: Ensino Superior

VIVIANE PRADO BUIATTI MARAL; CIRLEI EVANGELISTA SILVA SOUZA UNIVERSIDADE FEDERAL

DE UBERLNDIA

A Psicologia da Educao uma das disciplinas oferecidas nos cursos de formao de professores, sendo

obrigatria s licenciaturas. tambm uma rea de pesquisa com implicaes para a aprendizagem e o

ensino, que tem relaes com a prtica educacional, o que significa que toda construo de seu trabalho

consiste em unir a prtica da educao escolar em seus diferentes nveis de ensino com a psicologia

cientfica. Para ns, docentes, o grande desafio est em se pensar nesta disciplina de forma

contextualizada, para que no se torne algo isolado da realidade dos diferentes cursos de licenciatura.

Temos buscado, em nossa prtica, fazer esta reflexo e empreender esforos para vincular o ensino da

Psicologia da Educao ao contexto de cada curso, estando voltados para as problemticas que os

licenciados vivenciaro futuramente em sua prtica cotidiana enquanto professores. Nessa perspectiva, a

Psicologia da Educao objetiva contribuir para que os professores desenvolvam uma perspectiva terico-

prtica de atuao, visto que esta disciplina tem a funo de refletir sobre as diferentes posies e olhares

a partir dos quais possam ser pensadas a realidade educacional e as relaes sociais nela presentes. Para

que isso acontea, preciso se discutir sobre os conhecimentos construdos socialmente e que podero ser

teis ao trabalho do professor, reflexo que depender do modo como a Psicologia da Educao ser

ministrada, apreendida, refletida e concretizada na prtica pelos licenciados e pelos docentes que a

lecionam. Dessa forma, percebe-se que a docncia no Ensino Superior compreende inmeros desafios que

envolvem uma atuao muito solitria que, por vezes, se reflete na prtica do professor formador por meio

da apropriao dos currculos e ementas das disciplinas prontas e delineadas por outros, que precisariam

ser repensadas para que seu fazer esteja sempre em consonncia com as novas demandas de

aprendizagem que se consolidam socialmente.

O DILOGO ENTRE ADOLESCENTES E PROFESSORES NUMA VISO HISTRICO-CULTURAL

rea temtica: Desenvolvimento Humano

CLUDIA SILVA DE SOUZA; DBORA NOGUEIRA TOMS; LCIA HELENA DE PAULA MENEZES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA

Esta pesquisa se insere numa perspectiva crtica em psicologia, que compreende a escola como um dos

contextos de desenvolvimento, uma vez que o adolescente se constitui por meio de relaes que

estabelece com seus pares e com os adultos envolvidos em seu processo de aprendizagem. Neste estudo,

investigamos algumas interaes que acontecem no espao escolar, partindo da anlise das concepes

dos adolescentes acerca dos dilogos que eles instituem com os seus professores. Constatamos que os

assuntos discutidos com maior frequncia esto relacionados vida escolar, especialmente aos contedos

das matrias estudadas em sala de aula. Temas da vida cotidiana, como festas, futebol, novelas, tambm

foram mencionados, porm com menor intensidade. Quando questionados sobre o que gostariam de

conversar com os docentes, alguns adolescentes manifestaram o desejo de aprofundar o dilogo acerca de

assuntos em que eles pudessem refletir e ampliar seus projetos e experincias de vida. Alm disso,

verificamos em alguns relatos uma dissociao entre o ensino e a aprendizagem, na qual este processo

no visto como algo dialtico, ou como uma relao de troca entre professor e aluno, mas apenas como

uma transmisso de informaes. Esses dados so preocupantes, pois a escola consiste num espao de

formao humana para alm da transmisso de contedos, onde o adolescente encontra, ou deveria

encontrar contribuies mais efetivas para o seu processo de subjetivao, com vistas construo da

autonomia.

CRITRIOS MEDIACIONAIS E OS CONTOS DE FADA COMO ELEMENTOS PROMOTORES DO DESENVOLVIMENTO

INFANTIL

rea temtica: Desenvolvimento Humano

DBORA NOGUEIRA TOMS; CELIA VECTORE; FERNANDA MACHADO; JULIENE MADUREIRA

FERREIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA

O desenvolvimento e a aprendizagem da criana pequena vm sendo alvo de muitas pesquisas ao longo

das ltimas dcadas, tendo em vista que o cuidado nos primeiros anos de vida so considerados

fundamentais para um desenvolvimento satisfatrio. Algumas caractersticas do comportamento do adulto

ISSN-1981-2566

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nas interaes infantis podem criar experincias de aprendizagem e conseqentemente promover o

desenvolvimento, o que chamamos de mediao. Este trabalho apresenta cinco critrios mediacionais que

devem ser enfatizados nas interaes adulto-criana, em especial, nos contextos de educao infantil. So

eles: focalizao, expanso, afetividade, recompensa e regulao do comportamento. Isto corrobora com

pesquisas que mostram que quando as crianas experimentam uma aprendizagem mediada desde os

princpios da educao infantil, desenvolvem comportamentos que potencializam suas aes de

aprendizagem no futuro. Neste estudo, os contos de fada foram inseridos como instrumento auxiliar na

construo de significados da vida diria, pois eles oferecem sentido ao mundo, sendo essencial sua

incluso no cotidiano infantil. Foram realizadas seis sesses, junto a um grupo de crianas de 5 anos de

idade, numa creche do interior de Minas Gerais. No primeiro momento foi explicado o objetivo do trabalho

para as crianas a fim de conseguir o consentimento das mesmas. Os encontros que se seguiram foram de

narrativas, sendo dois utilizando os critrios mediacionais e dois sem utiliz-los. Os resultados da mediao

atravs dos contos de fadas, alm de apontarem os contos como recursos adequados no trabalho com

crianas pequenas, tambm mostram a eficcia da mediao entre adulto e criana, para o

desenvolvimento global desta, uma vez que se verificou a elaborao de novos significados e sentidos das

situaes cotidianas, pelas crianas, bem como um acrscimo no vocabulrio, e enriquecimento das

associaes e discernimentos infantis.

O PROBLEMA DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO NA CLNICA PSICANALTICA COM CRIANAS

rea temtica: Desenvolvimento Humano

DELIA MARIA CARMEN DE CSARIS

A Psicologia do Desenvolvimento, alm de questes de ndole cientfica, se encontra cada vez mais voltada

a problemas de carter sociocultural. Isto significa que a Psicologia do Desenvolvimento participa na

atualidade, junto Psicologia Geral, de preocupaes ligadas ao ser humano contextualizado no tempo e

no espao, e em uma realidade social em permanente construo. Essa realidade fsica e simblica, isto

porque o ser humano est imerso em um mundo de linguagem, mitos, arte e religio que constituem uma

verdadeira rede que o pr-existe e o marca subjetivamente em sua experincia vital. Esta experincia vital

est composta de aspetos nitidamente individuais, mas tambm sociais, o que faro dele um ser autnomo,

sujeito e ator social. Nesta vertente passamos do estdio da criana e do adolescente como entes fixos, ao

estdio do desenvolvimento como mudana, onde a varivel temporal adquire uma grande relevncia. A

partir daqui se produzem importantes transformaes nas representaes que se tem da infncia, as que

so de grande relevncia para os pesquisadores que visam compreender a influncia do meio no

moldamento e reproduo de determinados comportamentos. Frente a este panorama geral da disciplina

at agora denominada Psicologia do Desenvolvimento me pergunto sobre quais so as influncias destas

mudanas na prtica da Psicanlise. A respeito so muitas as abordagens e pontos de vista que as

diferentes escolas psicanalticas tm a respeito do desenvolvimento. Neste trabalho no me referirei a elas

seno a algumas reflexes sobre a importncia de uma interlocuo da Psicanlise com a Psicologia do

Desenvolvimento e a Psicologia Gentica visando clnica com crianas.

FREQUNCIA DE ENVOLVIMENTO PATERNO: COMPARANDO PAIS DE MENINOS E DE MENINAS

rea temtica: Desenvolvimento Humano

FABIANA CIA; ELIZABETH JOAN BARHAM UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS

Financiador: FAPESP

A interao pai e filho tem sido considerada por vrios pesquisadores como um influenciador direto no

desenvolvimento infantil, principalmente no desenvolvimento socioemocional e intelectual. No entanto,

acredita-se que o envolvimento do pai com o filho pode ser afetado pelo sexo da criana. Diante disso, o

presente estudo teve por objetivo o de comparar a frequncia de envolvimento paterno, entre pais de

meninos e de meninas. Participaram deste estudo 97 pais (homens), com mdia de idade de 35 anos, que

tinham filhos na 1 ou 2 sries do Ensino Fundamental, sendo que 50,5% das famlias eram de classe

socioeconmica baixa e mdia baixa. Destes pais, 49 tinham filhos do sexo masculino e 50 do sexo

feminino (dois pais tinham filhos gmeos). A coleta de dados ocorreu em duas instituies de ensino

municipais e uma estadual, localizadas em uma cidade de mdio porte do interior do estado de So Paulo.

Para avaliar a frequncia do envolvimento paterno, os pais preencheram ao questionrio Avaliao do bem-

estar pessoal e familiar e do relacionamento pai-filho Verso Paterna (composto por trs escalas). Para

comparar os grupos de pais utilizou-se o teste-t. Como principais resultados, pode-se verificar que os pais

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de meninos apresentaram uma frequncia mdia estatisticamente maior nas escalas de Comunicao entre

pai e filho (t(97) = 2,70, p.

REPERTRIO DE HABILIDADES SOCIAIS, PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO E DESEMPENHO ACADMICO EM

ADOLESCENTES: ESTABELECENDO RELAES ENTRE AS VARIVEIS

rea temtica: Desenvolvimento Humano

FABIANA CIA; CAMILA DE SOUSA PEREIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS; ELIZABETH

JOAN BARHAM UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS

Financiador: FAPESP

Segundo Psicopatologia do Desenvolvimento Humano, a adolescncia uma fase de transio, que requer

novas habilidades e adaptaes, o que aumenta a probabilidade de o indivduo apresentar problemas no

desenvolvimento social e no desempenho acadmico. Considerando o nmero crescente de adolescentes

com baixo desempenho acadmico e com comportamentos de risco, este estudo avaliou as relaes entre

o repertrio de habilidades sociais, os problemas de comportamento e o desempenho acadmico entre

adolescentes do sexo feminino e masculino. Participaram cinco professores da disciplina de Portugus, que

avaliaram 68 alunos (36 sexo feminino e 32 sexo masculino) da 5 srie (todos com 11 anos),

freqentadores de uma escola pblica. Para avaliar o repertrio de habilidades sociais, os problemas de

comportamento e o desempenho acadmico dos alunos, os professores preencheram o Social Skills Rating

System Verso para Professores (composto por 56 itens). Para verificar as relaes entre as variveis

utilizou-se o teste de correlao de Pearson. Os resultados demonstraram que o repertrio de habilidades

sociais estava negativamente correlacionado com os problemas de comportamento externalizantes (r= -

0,665, p).

IMAGINAO E INFNCIA: UMA ABORDAGEM HISTRICO-CULTURAL

rea temtica: Desenvolvimento Humano

GABRIELLA NUNES NEVES; DANIELE NUNES HENRIQUE SILVA; FABRCIO SANTOS DIAS DE ABREU;

HENRIQUE MELO CARVALHO; LAS PINHEIRO DE MENEZES; MARCOS JNIOR SANTOS DE

ALVARENGA UNIVERSIDADE DE BRASLIA

Financiador: UNIVERSIDADE DE BRASLIA

Vigotski (2007 e 2008) dedicou-se compreenso do funcionamento imaginativo e o caracterizou pela

capacidade de o homem criar novas imagens por meio de associao e dissociao das impresses

percebidas do real. Para ele, a imaginao responsvel pela composio de aes criadoras, que se

manifestam em todos os aspectos da vida cultural do homem. De fato, no h nada no mundo (excetuando-

se o que da ordem da natureza) que no seja resultado da autoria humana. A cincia, a arte e a tcnica

so exemplos de produes que, ao serem viabilizadas pela imaginao, nos conferem uma dimenso

autoral. Como autor, cada indivduo tem objetivado no real, nas diversas obras que compartilha, que cria ou

que v sendo criadas, um saber original sobre a prpria realidade. Por isso, impossvel pensar em atos

criadores dissociados dos atos de significao e dos processos de interpretao historicamente produzidos.

Nesse sentido, imaginar e conhecer so processos indissociveis da atividade consciente e constituem o

princpio do processo criativo (Ges & Cruz, 2006). Interpretao e modos prprios de expresso,

demonstrados nas aes inventivas, permitem a explorao de esferas cognoscitivas e sensveis da

vivncia subjetiva no mundo. Essas dimenses emergem desde a tenra infncia, a partir do momento em

que as crianas brincam, narram, desenham, produzindo uma variedade de aes criadoras que dialogam

profundamente com a realidade. Uma criana faz-de-conta que professora; uma outra conta as peripcias

de um personagem, ao narrar a histria de um caroo de feijo (Silva, 2006). Todas essas construes

inventivas fazem parte do cotidiano da criana e so fundamentais para o seu desenvolvimento. No

presente trabalho, pretendemos abordar teoricamente, a partir da perspectiva histrico-cultural, o papel da

atividade criadora no desenvolvimento infantil e sua articulao com os espaos formativos, em destaque,

para escola.

CONTANDO E CONSTRUINDO HISTRIAS: O PAPEL DO PSICLOGO ESCOLAR COMO MEDIADOR NOS PROCESSOS

DE ENSINO E APRENDIZAGEM

rea temtica: Desenvolvimento Humano

HELENA FERREIRA VANDER VELDEN; MARCELO BOSCH BENETTI DOS SANTOS; MARISA EUGNIA

MELILLO MEIRA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS BAURU

ISSN-1981-2566

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O presente trabalho trata de um projeto de Contao de Histrias, realizado em uma escola municipal da

cidade de Bauru (SP), com alunos entre nove e dez anos que cursam 4 srie do ensino fundamental.

Atravs da socializao e da educao, disposies culturais relativamente permanentes so

internalizadas, sendo assim capazes de estruturar o comportamento individual e grupal e reproduzir as

relaes de classe existentes. Vivemos atualmente em uma ordem social estratificada, na qual os grupos

dominantes determinam quais so os valores culturais mais valorizados socialmente e os legitimam. Estes,

por sua vez, quando inculcados por meio da educao so geralmente aceitos e respeitados, na ordem

social, pelos grupos subordinados. Considerando que cabe educao escolar um papel fundamental na

luta pela transformao dessas relaes sociais e tendo como base os pressupostos da Pedagogia

Histrico-Crtica e da Psicologia Histrico-Cultural, entende-se que o psiclogo escolar deve contribuir para

que a escola cumpra sua funo social de transmitir aos alunos os contedos historicamente produzidos,

garantindo as condies necessrias para a humanizao dos indivduos atravs da apropriao dos

conhecimentos e possibilitando processos reflexivos que ajudem a desvelar o cotidiano alienado. Como

finalidades do trabalho com histrias, pode-se destacar a contribuio para o desvelamento da realidade, a

livre expresso de projees simblicas, o despertar da paixo pela leitura e a formao de valores. O

trabalho de contao estruturado em trs eixos principais de atuao com as crianas, com as famlias

e com a escola e sua metodologia consiste em contar a histria, destacar sua temtica principal, verificar

a compreenso da histria pelas crianas, desenvolver atividades de reflexo e vivncia e, por fim, realizar

uma sntese da temtica trabalhada.

CONTRIBUIES DA PSICOLOGIA HISTRICO-CULTURAL: UM ESTUDO DA RELAO ENTRE DESENVOLVIMENTO

INFANTIL E PROCESSO EDUCATIVO.

rea temtica: Desenvolvimento Humano

JANAINA CASSIANO SILVA

Financiador: FAPESP

Apesar dos avanos na legislao brasileira no atendimento das crianas de 0 a 6 anos, principalmente

aps a Constituio de 1988, a promulgao da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB) em

1996 e dos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educao Infantil em 1998, ainda se verifica que o

trabalho nas instituies de Educao Infantil est pautado, essencialmente, no cuidado com as crianas e

o trabalho educativo muitas vezes no ocorre. Visando contribuir para este debate, a presente pesquisa de

Mestrado, financiada pela Fapesp, tem por objetivo aprofundar a reflexo acerca da Educao Infantil, a

viso do assistencialismo x ensino, e contribuir para o processo de consolidao da Educao Infantil como

segmento educacional promotor do desenvolvimento humano integral. Apresentaremos neste trabalho parte

de nosso estudo terico referente relao entre o desenvolvimento infantil e o processo educativo na

perspectiva da Psicologia Histrico-Cultural. A Psicologia Histrico-Cultural surgiu no incio do sculo XX na

ex-Unio Sovitica (URSS), no contexto da Rssia ps-revolucionria. Esta corrente tem como principais

referncias L. S. Vigotski, A. N. Leontiev e A. R. Luria, que junto com representantes como Elkonin,

Davidov, Zaporzhets, Galperin, Bozhovich compe a chamada Escola de Vigotski. A tarefa da psicologia

histrico-cultural consiste na investigao das particularidades psicolgicas da criana segundo sua idade,

que no se limitam caracterstica dos processos psquicos isolados e sim, pelo contrrio, revele a

estrutura da personalidade integral da criana em seu processo de formao e desenvolvimento. Ademais,

temos que o desenvolvimento psquico na infncia influenciado pela educao e ensino estabelecidos por

adultos, que organizam a vida da criana, criam condies especficas e transmitem-lhes a experincia

social acumulada pela humanidade.

A APROPRIAO DA SEXUALIDADE PELO ADOLESCENTE: DVIDAS, VIVNCIAS E MITOS

rea temtica: Desenvolvimento Humano

JANAINA F. CARDOSO CAOBIANCO; JANAINA FERNANDES CARDOSO CAOBIANCO

Este Trabalho constitui-se de uma pesquisa qualitativa que teve como objetivo investigar quais so as

dvidas vivenciadas e expressas por pr-adolescentes e adolescentes, regularmente matriculados na

stima srie do ensino fundamental de duas escolas pblicas de Curitiba no ano de 2007, no que se refere

a vivncia da sexualidade no seu contexto scio-cultural. Os dados foram coletados atravs das anotaes

realizadas em oficinas de sexualidade ofertadas aos alunos, bem como perguntas escritas anonimamente

pelos participantes, no incio e final de cada encontro. Estas oficinas ocorriam semanalmente, num total de

dez encontros por grupo. Participaram da pesquisa um total de sessenta e sete alunos. O que se verificou

ISSN-1981-2566

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na anlise dos dados que as dvidas dos pr-adolescentes e adolescentes so muito semelhantes entre

seus pares. As questes foram agrupadas em quatro grandes temas: dvidas com relao ao

conhecimento do seu corpo; dvidas com relao ao desenvolvimento humano, infncia, puberdade,

juventude e velhice; dvidas com relao s vivencias individuais e coletivas da sexualidade e dvidas com

relao s doenas sexualmente transmissveis, DSTs/HIV e Aids. A maioria das questes se

concentravam no conhecimento do prprio corpo. Constatou-se nas questes e dvidas trazidas pelos

sujeitos da pesquisa que eles no se apropriam da sexualidade humana como algo construdo

historicamente num tempo e lugar, percebem esta vivncia como algo biolgica e socialmente determinado.

Por conta disto, eles no se apoderam de suas vivncias e suas escolhas individuais. H muitos mitos e

preconceitos envolvendo a sexualidade. Existe um desconhecimento e uma no apropriao da

sexualidade. O psiclogo escolar/educacional pode auxiliar neste processo de apropriao do sujeito nas

suas escolhas e construo de uma sexualidade crtica, responsvel e prazerosa.

A INFNCIA INDGENA DOS POVOS BAKAIRI

rea temtica: Desenvolvimento Humano

JURACY MACHADO PACFICO; MARIA IVONETE BARBOSA TAMBORIL; JULIANE DE OLIVEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDNIA CAMPUS VILHENA

Financiador: UNIVERSIDADE COMUNITRIA REGIONAL DE CHAPEC (UNOCHAPEC)

O estudo investigou a infncia indgena no que se refere s condies e caractersticas do desenvolvimento

infantil em seus aspectos social, econmico e cultural, a partir da perspectiva das crianas e adultos

indgenas dos povos Bakairi, da Aldeia Cana, no municpio de Nobres/Mato Grosso. A partir de uma

abordagem qualitativa, com pesquisa bibliogrfica e emprica, atravs da observao e da entrevista, o

estudo procurou responder s questes: como a infncia indgena dos povos Bakairi? Como se

desenvolvem, em relao aos aspectos social, econmico e cultural? Quais so os seus limites, valores e

educao na comunidade em que vivem? O estudo considerou ainda que, atualmente, as crianas esto

em contato de forma direta ou indireta com vrias realidades e delas apreendem valores e estratgias de

compreenso de mundo e de formao de suas prprias identidades individual e social j que acabam

vivendo e interagindo intensamente com outras crianas, partilhando experincias, quase sempre em

situaes mediadas por adultos. Conclui que as crianas indgenas apropriam-se de sua cultura, seja

reproduzindo, reinventando ou recriando o seu mundo pela mediao com os adultos, com as crianas e

com todo o meio que vivem.

ORIENTAO SEXUAL COM ADOLESCENTES NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA SCIO-HISTRICA

rea temtica: Desenvolvimento Humano

MARCIO MAGALHAES DA SILVA; JESSICA RODRIGUES ROSA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

CAMPUS BAURU

Em uma concepo crtica de educao a orientao sexual deve se inserir na escola como parte do

processo de formao que visa promover o desenvolvimento humano pela apropriao dos contedos

cientficos produzidos e acumulados historicamente. Esta apropriao no ocorre pela mera apresentao

de contedos, mas pela relao que se estabelece entre estes contedos e a vida cotidiana dos

orientandos. Por isso o orientador deve estar atento para as vrias formas de expresso da sexualidade,

tais como grafites, brincadeiras, pardias, palavres, xingamentos, relacionamentos afetivo-amorosos, e s

diferentes fontes de informao e conhecimento acessveis, tais como a famlia, amigos, escola, trabalho,

profissionais de sade e mdia. Estes contedos emergentes da prtica social devem constituir a primeira

etapa do trabalho do orientador, de acordo com a proposta didtica de Gasparin (2007), adotada neste

trabalho realizado com alunos da stima srie do ensino fundamental em uma escola pblica municipal de

Bauru, denominada prtica social inicial do contedo. Na fase da problematizao procura-se evidenciar

aspectos contraditrios da prtica: aspectos histrico-culturais da sexualidade compreendidos como

naturais, por exemplo, so questionados. Na fase da instrumentalizao o contedo formal apresentado

como resposta aos problemas identificados, desvelando-se o processo histrico-social da construo de

conceitos como adolescncia e dos papis atribudos ao gnero masculino e feminino, por exemplo.

Diferentes recursos podem ser utilizados em todas as fases, tais como filmes, msicas, tcnicas grupais,

brincadeiras, gincanas, kits de orientao sexual, folhetos informativos, redao individual, inclusive nas

duas fases de avaliao da aprendizagem, sendo a primeira de elaborao terica de solues para os

problemas detectados na prtica (catarse) e a segunda da vivncia cotidiana dos novos contedos

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aprendidos (prtica social final dos contedos). Gasparin, J. L. Uma didtica para a pedagogia histrico-

crtica Coleo educao contempornea. 4 ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2007.

HBITOS DE ESTUDO EM ESTUDANTES DA EDUCAO SUPERIOR: ESTUDOS PRELIMINARES

rea temtica: Avaliao e Medidas no Contexto Escolar

DENISE PEREIRA DE ALCANTARA FERRAZ; ANDR LUIZ MORAES RAMOS; ANELISE DE BARROS

LEITE NOGUEIRA; ELISABETH HOFFMANN SANCHEZ; ESTEFNIA M DE ALMEIDA GONALVES;

JULIANA DOS ANJOS CORRA LIMA; LGIA MARIA TEIXEIRA DE FARIA BREZOLIN; LUCIANA MARIA

PINTO; LVIA DIEGO STUART ANICETO SIMES; WILSON DE FREITAS MUNIZ CENTRO

UNIVERSITRIO SALESIANO DE SO PAULO CAMPUS LORENA

Levando-se em conta a democratizao na educao superior, e a ampliao da demanda, as

investigaes que esclarecem aspectos do comportamento estudantil so fundamentais, de acordo com a

realidade de cada pas. Apresentam-se, por ora, resultados de uma investigao (2006-2008) como parte

de um projeto maior acerca dos hbitos de estudo na educao superior. O objetivo principal foi realizar o

estudo psicomtrico do instrumento utilizado e efetuar anlises iniciais sobre os fatores identificados (total

9) em torno do tema. A faixa etria dos participantes (781) era de 17 a 55 anos, com mdia 25, observando-

se que 42,5% trabalhavam e 57,5% no trabalhavam no perodo da coleta, sendo alunos de diversos

cursos de uma instituio particular do interior do estado de So Paulo. O instrumento foi um Questionrio

(informatizado, 97 questes), aplicado individualmente, sobre Hbitos de Estudo em Estudantes da

Educao Superior, adaptado pelo Grupo de Pesquisa a partir de Tierno (2003), sistema Likert 5 pontos. Os

resultados mostraram que este instrumento est capacitado para avaliar o fenmeno hbitos de estudos em

estudantes universitrios em 9 fatores, representativos do fenmeno na amostra estudada: planejamento

do estudo, dificuldades no uso de tcnicas de estudo, uso de tecnologias, estudo em grupo, condies

ambientais adequadas para o estudo, falta de atualizao do conhecimento, dificuldade de organizao

espao-temporal, desateno e desmotivao, anotao da matria. Acima do escore mdio (3,0) esto os

fatores anotao da matria (4,1), e estudo em grupo (3,9) que se destacam como positivos. Dentre os

resultados abaixo do escore mdio esto os resultados do planejamento de estudo (2,8), uso de

tecnologias (2,7), requerendo ateno especial. Novas aplicaes sero programadas, tendo-se em vista a

comparao cursos / sries, maior nmero de dados para as anlises e uso mais rigoroso de provas

estatsticas.

AVALIAO EDUCACIONAL: BUSCANDO NOVOS RUMOS

rea temtica: Avaliao e Medidas no Contexto Escolar

JLIA ANDRS ROSSI

Avaliaes esto presentes em qualquer prtica de ensino. Porm, deve-se refletir se o critrio que a

maioria das escolas adota realmente fidedigno e vlido para afirmar se o aluno est capacitado ou no

para ir para a prxima srie. A forma de avaliao tradicional reduz toda a situao escolar, com seus

aspectos sociais, econmicos, emocionais, etc, em um momento unicamente objetivo, de relao entre o

aluno e o conhecimento adquirido; como se nada mais, alm do momento escolar, constitusse a relao

entre ensino-aprendizagem. Assim, a avaliao, aparentemente neutra e imparcial, torna-se um instrumento

de controle, culpabilizando o aluno ou o professor pelo fracasso e servindo como mantenedor do status-

quo. Este trabalho tem como objetivo fundamental que os profissionais ligados a educao reflitam

criticamente acerca dos sistemas avaliativos, e que percebam que a mudana tanto na forma de avaliar

como no sistema educacional no deve ocorrer de maneira isolada, e sim como um processo conjunto e

integrado. Prope-se, ento, uma avaliao constituda por uma perspectiva scio-interacionista,

condizente