resumo livro itiro iida

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1. O que é a Ergonomia 1.1 Definição e objetivos da Ergonomia 1.2 Nascimento e evolução da Ergonomia 1.3 O taylorismo e a Ergonomia 1.4 Abrangência da Ergonomia 1.5 Aplicações da Ergonomia 1.6 Custo e benefício da Ergonomia Métodos e técnicas em ergonomia 2.1 Abordagem sistêmica da Ergonomia 2.2 O projeto de pesquisa 2.3 Realização da pesquisa 2.4 Definição da amostra 2.5 Coleta dos dados experimentais 2.6 Análise ergonôrruca do trabalho 2.7 Métodos participativos Organismo humano .. 3.1 Função neuromuscular 3.2 Coluna vertebral 3.3 Metabolismo 3.4 Visão

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Resumo Livro Itiro Iida

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1. O que a Ergonomia

1.1 Definio e objetivos da Ergonomia

1.2 Nascimento e evoluo da Ergonomia

1.3 O taylorismo e a Ergonomia

1.4 Abrangncia da Ergonomia

1.5 Aplicaes da Ergonomia

1.6 Custo e benefcio da Ergonomia

Mtodos e tcnicas em ergonomia

2.1 Abordagem sistmica da Ergonomia

2.2 O projeto de pesquisa

2.3 Realizao da pesquisa

2.4 Definio da amostra

2.5 Coleta dos dados experimentais

2.6 Anlise ergonrruca do trabalho

2.7 Mtodos participativos

Organismo humano ..

3.1 Funo neuromuscular

3.2 Coluna vertebral

3.3 Metabolismo

3.4 Viso

3.5 Audio

3.6 Outros sentidos

4. Antropometria: medidas

4.1 Variaes das medidas

4.2 Realizao das medies

4.3 Antropometria esttica

4.4 Antropometrias dinmica e funcional

4.5 Construo de modelos humanos

5.Antropometria: aplicaes

5.1 Uso de dados antropomtricos

5.2 Critrios para aplicao dos dados antropomtricos

5.3 O espao de trabalho

5.4 Superfcies horizontais

5.5 O problema do assento

6 Biomecnica ocupacional

6.1 Trabalho muscular

6.2 Trabalhos esttico e dinmico

6.3 Posturas do corpo

6.4 Aplicao de foras

6.5 Levantamento de cargas

6.6 Transporte de cargas

7. Posto de trabalho

7.1 Enfoques do posto de trabalho

7.2 Projeto do posto de trabalho

7.3 Anlise da tarefa

7.4 Arranjo fsico do posto de trabalho

7.5 Dimensionamento do posto de trabalho

7.6 Construo e teste do posto de trabalho

7.7 Postos de trabalho com computadores

7.8 Estudo de caso reabastecimento de avies

8. Controles e manejos

,~8.1 Movimentos decontrole

~8.2 Controles

~'8.3 Automao dos controles

~.4 Manejos

8.5 Ferramentas manuais

10. Dispositivos de informao

10.1 Apresentao das informaes

10.2 Palavra escrita

10.3 Simbolos

10.4 Principais tipos de mostradores

10.5 Alarmes

1. O que Ergonomia

Este captulo inicial apresenta o conceito de ergonomia. Ela surgiu logo aps a II Guerra Mundial, como conseqncia do trabalho interdisciplinar realizado por diversos profissionais, tais como engenheiros, fisiologistas e psiclogos, durante aquela guerra.

1.1 Definio e objetivos da ErgonomiaA ergonomia o estudo da adaptao do trabalho ao homem. O trabalho aqui tem urna acepo bastante ampla, abrangendo no apenas aqueles executados com mquinas e equipamentos, utilizados para transformar os materiais, mas tambm toda a situao em que ocorre o relacionamento entre o homem e urna atividade produtiva. A ergonomia tem urna viso ampla, abrangendo atividades de planejamento e projeto, que ocorrem antes do trabalho ser realizado, e aqueles de controle e avaliao, que ocorrem durante e aps esse trabalho. Tudo isso necessrio para que o trabalho possa atingir os resultados desejados. A ergonomia inicia-se com o estudo das caractersticas do trabalhador para, depois, projetar o trabalho que ele consegue executar, preservando a sua sade.Diversas associaes nacionais de ergonomia apresentam as suas prprias definies. Aquela mais antiga a da Ergonomics Society (www.ergonomics.org.uk), daInglaterra:''Ergonomia o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento, ambiente eparticularmente, a aplicao dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na soluo dos problemas que surgem desse relacionamento. "No Brasil, a Associao Brasileira de Ergonomia (www.abergo.org.br) adota a seguinte definio:"Entende-se por Ergonomia o estudo das interaes das pessoas com a tecnologia, a organizao e o ambiente, objetivando intervenes e projetos que visem melhorar, de forma integrada e no-dissociada, a segurana, o conforto, o bem-estar e a eficcia das atividades humanas. "No mbito internacional, a Internatio1Wl Ergonomics Association (www.iea.cc) aprovou urna definio, em 2000, conceituando a ergonomia e suas especializaes:"Ergonomia (ou Fatores Humanos) a disciplina cientfica, que estuda as interaes entre os seres humanos e outros elementos do sistema, e a profisso que aplica teorias, princpios, dados e mtodos, a projetos que visem otimizar o bem estar humano e o desempenho global de sistemas. "

Os praticantes da ergonomia so chamados de ergonomistas e realizam o planejamento, projeto e avaliao de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas, tornando-os compatveis com as necessidades, habilidades e limitaes das pessoas. Os ergonomistas devem analisar o trabalho de forma global, incluindo os aspectos fsicos, cognitivos, sociais, organizacionais, ambientais e outros.Ergonomia Fsica - Ocupa-se das caractersticas da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecnica, relacionados com a atividade fsica.Ergonomia Cognitiva - Ocupa-se dos processos mentais, como a percepo, memria, raciocnio e resposta motora, relacionados com asinteraes entre as pessoas e outros elementos de um sistema.Ergonomia Organizacional - Ocupa-se da otimizao dos sistemas scio-tcnicos, abrangendo as estruturas organizacionais, polticas e processos.

Portanto, a ergonomia estuda tanto as condies prvias como as conseqncias do trabalho e as interaes que ocorrem entre o homem, mquina e ambiente durante a realizao desse trabalho.A ergonomia estuda os diversos fatores que influem no desempenho do sistema produtivo e procura reduzir as suas conseqncias nocivas sobre o trabalhador. Assim, ela procura reduzir a fadiga, estresse, erros e acidentes, proporcionando segurana, satisfao e sade aos trabalhadores, durante o seu relacionamento com esse sistema produtivo.

Sade - a sade do trabalhador mantida quando as exigncias do trabalho e do ambiente no ultrapassam as suas limitaes energticas e cognitivasSegurana - a segurana conseguida com os projetos do posto de trabalho, ambiente e organizao do trabalho, que estejam dentro das capacidades e limitaes do trabalhadorSatisfao - satisfao o resultado do atendimento das necessidades e expectativas do trabalhador.Eficincia - eficincia a conseqncia de um bom planejamento e organizao do trabalho, que proporcione sade, segurana e satisfao ao trabalhador.

1.2 Nascimento e evoluo da ErgonomiaAo contrrio de muitas outras cincias cujas origens se perdem no tempo e no espao, a ergonomia tem uma data "oficial" de nascimento: 12 de julho de 1949. Nesse dia, reuniu-se, pela primeira vez, na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores interessados em discutir eformalizar a existncia desse novo ramo de aplicao interdisciplinar da cincia. O termo ergonomia foi adotado nos principais pases europeus, substituindo antigas denominaes como fisiologia do trabalho e psicologia do trabalho.

A primeira associao cientfica de ergonomia foi a Ergonomics Research Society, fundada na Inglaterra, no incio da dcada de 1950. Nos Estados Unidos foi criada, em 1957, a Hurnan Factors Society. A terceira associao surgiu na Alemanha, em 1958. A partir disso, durante as dcadas de 1950 e 60, a ergonomia difundiu-se rapidamente em diversos pases, principalmente no mundo industrializado. No Brasil, a Associao Brasileira de Ergonomia - Abergo, foi fundada em 1983. Antes disso, tinha-se realizado, no Rio de Janeiro, o I Seminrio Brasileiro de Ergonomia, em 1974, quando diversos pesquisadores brasileiros apresentaram os seus trabalhos. Em 1961 fundou-se a Associao Internacional de Ergonomia, que agrega, hoje, as associaes de ergonomia dos diversos pases.

1.3 O taylorismo e a ErgonomiaTaylorismo um termo que se deriva de Frederick Winslow Taylor (1856-1915), um engenheiro norte-americano que iniciou, no final do sculo XIX, o movimento de "administrao cientfica" do trabalho e se notabilizou pela sua obra Princpios de Administrao Cientfica. Taylor considerava que o trabalho deveria ser cientificamente observado de modo que, para cada tarefa, fosse estabelecido o mtodo correto de execut-la, com um tempo determinado, usando as ferramentas corretas. Os trabalhadores deveriam ser controlados, medindo-se a produtividade de cada um e pagando-se incentivos salariais queles maisprodutivos. Para cada tipo de tarefa deveria ser desenvolvido o melhor mtodo de realizar o trabalho, de modo que nada fosse deixado ao livre arbtrio do operrio. Esse mtodo era implantado como um padro, a ser seguido por todos. Para cada tarefa era determinado o seu respectivo tempo padro.Pelo lado dos trabalhadores, houve, desde o incio, urna certa resistncia aceitao da cronometragem e dos mtodos definidos pela gerncia. Isso provocou uma ntida separao. De um lado, a gerncia da fbrica determinava os mtodos e os tempos padres para execuo das tarefas. Do outro, o trabalhador precisava execut-las de forma impositiva.

O trabalho prescrito pela gerncia nem sempre considerava as condies reais onde o trabalho era executado e nem as caractersticas individuais do trabalhador. Os trabalhadores achavam que isso os oprimia. Diante disso, reagiam, descumprindo regras estabelecidas, desregulando mquinas e prejudicando intencionalmente a qualidade.O taylorismo atribua a baixa produtividade tendncia de vadiagem dos trabalhadores, e os acidentes de trabalho negligncia dos mesmos. H uma srie de fatores ligados ao projeto de mquinas e equipamentos, ao ambiente fsico (iluminao, temperatura, rudos, vibraes), ao relacionamento humano e diversos fatores organizacionais que podem ter uma forte influncia sobre o desempenho do trabalho humano.Outro conceito taylorista cada vez mais questionado o do "homem econmico". Segundo ele, o homem seria motivado a produzir simplesmente para ganhar dinheiro.Ento, cada trabalhador deveria ser pago de acordo com a sua produo individual. H, de fato, certas pessoasque se motivam mais pelo dinheiro. Mas estas se incluem entre os trabalhadores de menor renda e aqueles de temperamento individualista, que so mal vistos e isolados pelos prprios colegas. Outros sero motivados por fatores diversos como a auto-realizao, coleguismo, justia, respeito e reconhecimento do trabalho que realizam.Na dcada de 1920 surgiu a escola de relaes humanas, em conseqncia de uma famosa experincia realizada por Elton Mayo na empresa Westem Electric, situado em Hawthome, EUA. Mayo pretendia investigar a influncia dos nveis de iluminamento sobre a produtividade. Para isso, preparou uma sala, onde um grupo de trabalhadores foi colocado sob observao contnua. medida que o nvel de iluminamento na sala foi aumentando, a produtividade do grupo tambm subiu. Numa segunda etapa, esse nvel foi reduzido. Porm, surpreendentemente, a produtividade continuou a subir. Isso foi chamado de efeito Hawthorne. Nesse caso, o aumento da produtividade no seria explicado apenas pelos fatores fsicos. Os trabalhadores foram alvo de ateno especial e, sabendo que estavam sendo observados, sentiam-se valorizados e ficaram motivados a produzir cada vez mais.

Atualmente h um respeito maior s individualidades, necessidades do trabalhador e normas de grupo. Uma das conseqncias dessa nova postura gerencial foi a gradativa eliminao das linhas de montagem, onde cada trabalhador realiza tarefas simples e altamente repetitivas, definidas pela gerncia. Essas linhas, consideradas, como o supra-sumo do taylorismo, parecem que esto condenadas a serem substitudas por equipes menores, mais flexveis, chamadas de gruposautnomos. No sistema produtivo de grupos autnomos, cada grupo se encarrega de fazer um produto completo.

1.4 Abrangncia da ErgonomiaA ergonomia pode dar diversas contribuies para melhorar as condies de trabalho. Em empresas, estas podem variar, conforme a etapa em que ocorrem. Em alguns casos, so bastante abrangentes, envolvendo a participao dos diversos escales administrativos e vrios profissionais dessas empresas. Entre esses profissionais, destacam-se: Mdicos do trabalho, Engenheiros de projeto, Engenheiros de produo, Engenheiros de segurana e manuteno entre outros.A contribuio da ergonomia, de acordo com a ocasio em que feita, classifica-se em concepo, correo, conscientizao (Wisner, 1987) e participao.

Ergonomia de concepoA ergonomia de concepo ocorre quando a contribuio ergonmica se faz durante o projeto do produto, da mquina, ambiente ou sistema. Esta a melhor situao, pois as alternativas podero ser amplamente examinadas, mas tambm se exige maior conhecimento e experincia.

Ergonomia de correoA ergonomia de correo aplicada em situaes reais, j existentes, para resolver problemas que se refletem na segurana, fadiga excessiva, doenas do trabalhador ou quantidade e qualidade da produo. Muitas vezes, a soluo adotada no completamente satisfatria, pois ela pode exigir custo elevado de implantao.

Ergonomia de conscientizaoA ergonomia de conscientizao procura capacitar os prprios trabalhadores para a identificao e correo dos problemas do dia-a-dia ou aqueles emergenciais. Muitas vezes, os problemas ergonmicos no socompletamente solucionados; nem na fase de concepo e nem na fase de correo. Portanto, importante conscientizar o operador, atravs de cursos de treinamento e freqentes reciclagens, ensinando-o a trabalhar de forma segura, reconhecendo os fatores de risco que podem surgir, a qualquer momento, no ambiente de trabalho.

Ergonomia de participaoA ergonomia de participao procura envolver o prprio usurio do sistema, na soluo de problemas ergonmicos. Esse princpio baseado na crena de que eles possuem um conhecimento prtico, cujos detalhes podem passar desapercebidos ao analista ou projetista.

Os conhecimentos sobre ergonomia geralmente so gerados atravs de pesquisas realizadas em universidades e institutos de pesquisa. A Associao Internacional de Ergonomia considera cinco nveis de difuso dos conhecimentos cientficos e tecnolgicos:Nvel 1. O conhecimento dominado apenas por um nmero restrito de pesquisadorese professores;Nvel 2. O conhecimento dominado por especialistas da rea e por estudantes de ps-graduao;Nvel 3. O conhecimento dominado por estudantes universitrios em geral;Nvel 4. O conhecimento dominado por empresrios, polticos e outras pessoas da sociedade, que tomam decises de interesse geral;Nvel 5. O conhecimento incorporado ao processo produtivo e passa a ser "consumido" pela populao em geral.

Anlise de sistemasA anlise de sistemas preocupa-se com o funcionamento global de uma equipe de trabalho que usa uma ou mais mquinas. Abrange aspectos mais gerais, como a distribuio de tarefas entre o homem e a mquina, mecanizao de tarefas e assim pordiante.

Anlise dos postos de trabalhoA anlise dos postos de trabalho o estudo de uma parte do sistema onde atua um trabalhador. A abordagem ergonmica ao nvel do posto de trabalho faz a anlise da tarefa, da postura e dos movimentos do trabalhador e das suas exigncias fsicas e cognitivas.

Caractersticas do trabalho modernoModernamente, poucos trabalhadores dependem da fora fsica, mas principalmente dos aspectos cognitivos. A cognio refere-se ao processo de aquisio (aprendizagem), armazenamento (memria) e uso dos conhecimentos para o trabalho.

1.5 Aplicaes da ErgonomiaNuma situao ideal, a ergonomia deve ser aplicada desde as etapas iniciais do projeto de uma mquina, sistema, ambiente ou local de trabalho. Estas devem sempre incluir o ser humano como um de seus componentes. s vezes necessrio adotar certas solues de compromisso. Isso significa fazer aquilo que possvel, dentro das restries existentes, mesmo que no seja a alternativa ideal.

Ergonomia na indstriaA ergonomia contribui para melhorar a eficincia, a confiabilidade e a qualidade das operaes industriais. Isso pode ser feito basicamente por trs vias: aperfeioamento do sistema homem-mquina-ambiente, organizao do trabalho e melhoria das condies de trabalho.O aperfeioamento do sistema homem-mquina-ambiente pode ocorrer tanto na fase de projeto de mquinas, equipamentos e postos de trabalho, como na introduo de modificaes em sistemas j existentes. Uma segunda categoria de atuao da ergonomia est relacionada com os aspectos organizacionais do trabalho, procurando reduzir a fadiga e amonotonia, e a falta de motivao provocada pela pouca participao do mesmo nas decises sobre o seu prprio trabalho. Em terceiro lugar, a melhoria feita pela anlise das condies ambientais de trabalho, como temperatura, rudos, vibraes, gases txicos e iluminao.

1.6 Custo e benefcio da ErgonomiaA anlise do custo/benefcio indica de um lado, o investimento (quantidade de dinheiro) necessrio para implementar um projeto ou uma recomendao ergonmica, representado pelos custos de elaborao do projeto, aquisio de mquinas, materiais e equipamentos, treinamento de pessoal e queda de produtividade durante o perodo de implantao. Do outro lado, so computados os benefcios, ou seja, quanto vai se ganhar com os resultados do projeto. A podem ser computados itens como economias de material, mo de obra e energia, reduo de acidentes, absentesmos e aumento da qualidade e produtividade. Em princpio, o projeto s ser considerado economicamente vivel se a razo custo/benefcio, expresso em termos monetrios, for menor que 1,0, ou seja, os benefcios forem superiores aos respectivos custos.

Risco do investimentoNa rea de ergonomia, isso pode ser provocado principalmente pelo avano tecnolgico, que promove mudanas substanciais na natureza do trabalho, a ponto de extinguir certas tarefas e cargos.

Fatores intangveisPortanto, esses riscos do investimento e fatores intangveis, mesmo no sendo economicamente mensurveis, podem ser to importantes ou at mesmo mais importantes que aqueles quantificveis. As decises que envolvem riscos e fatores intangveis so tomadas em nveis mais altos daadministrao, enquanto aqueles quantificveis podem ficar a cargo de escales intermedirios.

2. Mtodos e tcnicas em ErgonomiaNeste captulo vamos examinar como so construdos os conhecimentos em ergonomia, de modo que sejam considerados vlidos e aceitos por todos. A unidade bsica da ergonomia o sistema homem-mquina-ambiente. Isso significa que uma parte desse sistema 'governada pelas cincias naturais como a biologia, fisiologia, fsica e qumica. A outra, pelas cincias sociais, como a psicologia, sociologia e antropologia.

2.1 Abordagem sistmica da ErgonomiaO enfoque ergonmico baseado na teoria de sistemas. Assim, existem trs aspectos que caracterizam um sistema: os seus componentes (elementos ou subsistemas); as relaes (interaes) entre os subsistemas; e a sua permanente evoluo.

Componentes do sistema Fronteira - so os limites do sistema, que pode tanto ter uma existncia fsica, como a membrana de uma clula ou parede de uma fbrica, como pode ser uma delimitao imaginria para efeito de estudo, como a fronteira de um posto de trabalho. Subsistemas - so os elementos que compem o sistema, e esto contidos dentro da fronteira. Interaes - so as relaes entre os subsistemas. Entradas (inputs) - representam os insumos ou variveis independentes do sistema. Sadas (outputs) - representam os produtos ou variveis dependentes do sistema. Processamento - so as atividades desenvolvidas pelos subsistemas que interagem entre si para converter as entradas em sadas. Ambiente - so variveis que se situam dentro ou fora da fronteira e podem influir no desempenho do sistema.

Sistemahomem-mquina-ambienteO conceito de mquina aqui bastante amplo. Abrange qualquer tipo de artefato usado pelo homem para realizar um trabalho ou melhorar o seu desempenho. Existem dois tipos bsicos de mquinas: as tradicionais e as cognitivas. As mquinas tradicionais nos ajudam a realizar trabalhos fsicos. As mquinas cognitivas so aquelas que operam sobre as informaes.

Interaes no sistema homem-mquina-ambienteO homem, para atuar, precisa das informaes fornecidas pela prpria mquina, alm do estado do trabalho, ambiente interno e externo e de instrues sobre o trabalho. Essas informaes so captadas atravs dos rgos sensoriais, e so processadas no sistema nervoso central, gerando uma deciso. Esta se converte em movimentos musculares, comandando a mquina por meio das aes de controle. A mquina emite uma sada, atuando sobre o ambiente externo.

Otimizao e subotimizaoEm linguagem matemtica, a soluo tima de um problema aquela que maximiza ou minimiza a funo objetivo, dentro das restries impostas a esse problema. As solues que se afastam do ponto timo, tanto para cima como para baixo, so chamadas de sub-timas. Em um sistema, nem sempre o conjunto das solues subtimas dos subsistemas leva soluo tima do sistema.As subotimizaes ocorrem freqentemente no sistema homem-mquina-ambiente. o caso, por exemplo, de carros que conseguem correr at 200 km/h, mas a sua potncia sub-utilizada porque a velocidade mxima permitida na estrada de 100 km/h. Inversamente, h casos de serralheiros que cortam com serra manual porque no dispe de uma serra eltrica, o que poderia melhorar a suaprodutividade. Nesse caso, h uma subotimizao da capacidade humana, pela limitao da ferramenta utilizada.Normalmente, o projeto de um sistema dividido em partes, cada uma sob responsabilidade de uma equipe. Se cada equipe procurar otimizar a sua parte, sero produzidas diversas solues sub-timas. Entretanto, quando essas solues subtimas foram conjugadas entre si, dentro do sistema global, no significa necessariamente que a soluo resultante seja tima.

Considerao errnea da fronteiraA subotimizao ocorre freqentemente devido considerao errnea da fronteira do sistema. Ou seja, a soluo tima procurada dentro de um espao limitado, inferior ao do sistema, ou por julgamentos errados sobre a verdadeira fronteira do sistema.

Subotimizaes em grandes projetosAs sub otimizaes tendem a aumentar nos grandes projetos, em que cada parte terceirizada, para ser executada por diferentes equipes ou diferentes empresas. Para se garantir a otimizao global em grandes projetos, necessrio haver uma organizao e coordenao eficiente dos diversos subsistemas para se garantir um bom desempenho do sistema como um todo.

2.2 O projeto de pesquisaO projeto de pesquisa um plano elaborado antes de se iniciar a pesquisa. uma antecipao da realidade, propondo-se a atingir determinados objetivos ou metas. Muitos projetos so iniciados sem uma definio clara dos seus objetivos.

Atividades preliminares pesquisaElas so muito importantes porque, se forem bem elaboradas, podero proporcionar economias de tempo, esforo e dinheiro.

Definio dos objetivosA primeira providncia necessria, antes deiniciar uma pesquisa, definir o seu objetivo. Os objetivos devem ser definidos claramente de forma operacional. Por exemplo,"melhorar a aprendizagem" simplesmente no serve. Deve haver uma especificao mais clara, como "aprender a produzir desenhos animados no programa de design grfico XYZ" ou "aprender a montar a parte mecnica do rdio modelo ABC".As condies em que sero realizados os experimentos tambm devem ser definidas com clareza, pois determinados resultados, obtidos sob certas circunstncias, no sero necessariamente vlidos em outras condies.

Levantamento do "estado da arte"O levantamento do "estado da arte" destina-se a verificar tudo aquilo que j se conhece sobre o assunto, tendo dois objetivos bsicos. Em primeiro lugar, para saber se a pesquisa ou projeto pretendido ainda no foi realizado. Em segundo, para dar suporte pesquisa ou projeto

Utilidade das pesquisas anterioresDada a enorme quantidade de informaes cientficas e tecnolgicas hoje disponveis, bem possvel que j haja informaes prontas sobre aquilo que se pretende. Contudo, no caso da ergonomia, deve-se considerar que os resultados dependem de certas condies em que os experimentos foram realizados. De qualquer modo, o exame de pesquisas semelhantes j realizadas, so teis para analisar os seguintes aspectos: Equipamento; Sujeitos; Anlises e Concluses.

Elaborao do projeto de pesquisaEm geral, as seguintes informaes mnimas so exigidas: objetivo; justificativa; metodologia; equipe; cronograma; oramento.

2.3 Realizao da pesquisa

Escolha de mtodos e tcnicasMtodo de pesquisa um procedimento ou caminhoutilizado pelo pesquisador para estabelecer a relao entre causa e efeito. O mtodo composto de uma srie de etapas, partido de uma hiptese (tambm chamada de pressuposto) para se chegar ao resultado da pesquisa, confirmando ou rejeitando essa hiptese.Existem basicamente, duas formas de realizar experimentos em ergonomia. Uma, no laboratrio, em condies artificialmente construdas e controladas. Outra forma observar o fenmeno nas condies reais, no prprio campo ou local em que ocorre.

Experimentos de laboratrioO pesquisador pode exercer maior controle no laboratrio. Assim, pode manipular as variveis independentes (entradas) de acordo com o plano experimental, para assegurar que os dados sejam adequadamente colhidos.

Experimentos de campoOs experimentos de campo servem para verificar o comportamento do projeto nas condies reais de uso. So feitos ainda em condies controladas, para sanar eventuais problemas, antes que o sistema seja colocado em uso efetivo.

Comparaes entre experimentos de laboratrio e de campoO experimento de laboratrio tem a vantagem de ser mais facilmente controlado, alm de produzir resultados a custos menores e tempo mais curto. A observao em condies reais mais difcil, demorada, e pode sofrer diversos tipos de interferncias externas. Naturalmente, o experimento de laboratrio, sendo uma simplificao da realidade, envolve alguns riscos. Na situao simulada, so eliminados determinados fatores que, na prtica, podem ter uma influncia maior do que se previa, a ponto de invalidar os resultados conseguidos em laboratrio.

Escolha das variveisUma pesquisa emergonomia geralmente consiste em estabelecer relaes entre determinadas variveis. As variveis usadas em ergonomia geralmente referem-se ao homem, mquina, ao ambiente ou ao sistema.

Variveis independentesVariveis independentes ou de entrada (inputs) so aquelas que podem ser deliberadamente manipuladas, para verificar como influem no desempenho de um sistema. Alguns exemplos de variveis independentes so: Altura da mesa de trabalho; Diferentes nveis de iluminamento

Variveis dependentesAs variveis dependentes ou de sada (outputs) esto relacionadas com os resultados do sistema. Ao contrrio das variveis independentes, que podem ser arbitrariamente escolhidas, aquelas dependentes nem sempre so facilmente determinadas, pois dependem do tipo de interao entre os elementos (subsistemas) que compem o sistema e os resultados que o mesmo provocar. Na ergonomia, a maioria das variveis dependentes recai no tempo, em erros ou em algum tipo de conseqncia fisiolgica ou psicolgica.

Verificaes do controleExistem diversas tcnicas experimentais para se saber at que ponto as variveis independentes esto influenciando os resultados do experimento. Uma das tcnicas mais sofisticadas, usadas em experimentos de medicina e psicologia, a do controle de gmeos idnticos (co-twin control) que tm a mesma carga gentica. Eles so usados em experimentos em que essa carga gentica poderia influir nos resultados e, ento, garante-se, desde o incio, igualdade de condies quanto a esse fator. Nos experimentos de ergonomia, geralmente se usa a tcnica do grupo de controle e do placebo.

Grupo de controleO grupo decontrole aquele que no submetido s variveis independentes do experimento. Ele mantido em condies semelhantes ao do grupo experimental, exceto na incidncia das variveis independentes. Se os resultados forem semelhantes para os dois grupos, pode-se supor que essas variveis no tiveram influncia nos resultados e estes foram devidos a algum outro fator no-controlado.

Uso do placeboPlacebo uma substncia inerte, que aplicado ao grupo de controle. Usa-se, por exemplo, quando se quer investigar o efeito de um medicamento sobre o grupo experimental. Evidentemente, o placebo tem aspecto idntico ao do medicamento, e nenhum dos dois grupos informado se est tomando o placebo ou o medicamento verdadeiro.

Controle das condies experimentaisUm experimento de laboratrio, para ser bem sucedido, precisa isolar os fatores estranhos ou, em outras palavras, eliminar todas as fontes de "rudos", que tendem a mascarar os verdadeiros efeitos pretendidos.

Atitudes e expectativasCada pessoa que participa de um experimento tem atitudes e expectativas prprias. Ou seja, ela no neutra, pois tem idias prprias sobre o seu experimento. Isso, naturalmente, pode influir nos resultados. Para que essas influncias sejam minimizadas, normalmente se trabalha somente com voluntrios, que estejam, a princpio, dispostos a colaborar, sem serem forados a isso.

InstruesUma forma importante para controlar as atitudes e expectativas pela instruo correta passada aos sujeitos, de modo que os objetivos e os procedimentos fiquem claramente estabelecidos, para eliminar qualquer tipo de suposies ou mal-entendidos.MotivaoA motivao outro fator difcil de ser controlado, quando se faz experimentos com o ser humano. O importante, nesse caso, que todos os sujeitos tenham o mesmo grau de motivao. Por outro lado, no fcil saber qual o estmulo que mais motiva um determinado sujeito. Geralmente, para reduzir as diferenas motivacionais, recomenda-se que os sujeitos sejam estimulados positivamente.

Fatores sociaisOs sujeitos fazem parte da sociedade e o contato entre eles ou deles com o pesquisador podem influir nos resultados. Por exemplo, a presena ou ausncia do pesquisador na sala de experincia pode influir no desempenho dos sujeitos. Alm disso, freqentemente, as pessoas manifestam opinies que tendem a concordar com os pesquisadores ou chefes, pensando em agrad-los.

2.4 Definio da amostra

Diferenas individuaisAs diferenas individuais so aquelas que ocorrem entre as pessoas e podem atingir nveis significativos (estatura, peso, capacidade auditiva...). Portanto, o processo de escolha de um grupo de pessoas para um experimento, pode introduzir srias distores, se no for bem controlado. Em alguns casos, uma determinada tendncia procurada deliberadamente.

Caracterizao dos sujeitosEm ergonomia, certos experimentos podem ser direcionados para determinados tipos de pessoas que possuam caractersticas semelhantes ao dos futuros usurios do sistema ou produto que se quer desenvolver. As principais caractersticas humanas, a serem consideradas na escolha de sujeitos para testes em ergonomia, so:

Caractersticas gerais: Sexo, idade, origem (local de nascimento, urbano ou rural).Caractersticas fsicas:Dimenses corporais (estatura, peso, envergadura); Caractersticas sensoriais (acuidade visual, acuidade auditiva, percepo de Cores); Caractersticas psicomotoras (fora, coordenao motora, tempo de reao)Caractersticas psicossociais: Inteligncia geral; Habilidades (numrica, espacial, verbal, mecnica); Personalidade (liderana, motivao, cooperao)Instruo e experincias: Nvel de instruo; Conhecimentos especficos (mecnica, eletricidade, pilotagem, treinamentos especficos); Experincias especiais: (operao de softwares especiais, trabalho em turnos, combate militar)

Tipos de amostragensA tcnica da amostragem consiste em selecionar um nmero limitado de sujeitos que participaro do experimento, reproduzindo, da melhor forma possvel, as caractersticas presentes do universo que eles representam. Os tipos de amostragem mais comuns so os seguintes:Amostragem casual - A amostragem casual a mais utilizada e tambm aquela que produz resultados mais duvidosos. Corno o prprio nome indica, ela feita sem cuidados especiais.Amostragem aleatria - Na amostragem aleatria, os sujeitos so escolhidos ao acaso. Isso significa que todos os elementos de uma populao tm iguais probabilidades de figurar na amostra.Amostragem estratificada - A amostragem estratificada semelhante aleatria, mas feita de acordo com uma classificao prvia (intervalo de idade; formao; experincia...) dos sujeitos e certas caractersticas que podero influir nos resultados.Amostragem proporcional estratificada - No tipo anterior, todos os estratos comparecem com igual nmero de sujeitos. Entretanto, quando houver um conhecimentoprvio da predominncia relativa de algum estrato sobre o outro, a amostra pode ser feita proporcionalmente ao aparecimento dessas caractersticas na populao.

Tamanho da amostraO tamanho da amostra, ou seja, a quantidade de sujeitos a serem utilizados no experimento depende de dois fatores.Em primeiro lugar, depende da variabilidade da varivel que se quer medir. Quanto maior for a disperso das medidas, maior dever ser o tamanho da amostra e vice-versa.Em segundo lugar, depende da preciso que se deseja nas medidas. Isso significaque as concluses sero vlidas dentro de uma certa margem de confiana.

2.5 Coleta dos dados experimentais

As medidas do ser humano recaem em duas categorias gerais: objetivas e subjetivas.

Medidas objetivasAs medidas objetivas so aquelas realizadas com o auxlio de instrumentos de medida e resultam em um determinado valor numrico. Exemplos de medidas objetivas so as medidas antropomtricas e biomecnicas, como estatura, peso e fora.

Medidas subjetivasMedidas subjetivas so aquelas que dependem de julgamento dos sujeitos. Por exemplo, fadiga e conforto dependem de muitos fatores e dificilmente podem ser determinados por medidas instrumentais, ainda que indiretamente.No caso de variveis subjetivas que apresentam variaes contnuas, existem basicamente duas tcnicas usadas em sua quantificao.O primeiro construir uma "escala" com uma srie de frases, cada uma representando um determinado valor nessa escala. A segunda forma, construir simplesmente uma linha, com marcao de uma escala, ou marcar apenas as duas extremidades, para que a pessoa possaassinalar por interpolao.

Observaes diretasA tcnica de observao do comportamento envolve olhar o que as pessoas fazem e registr-lo de alguma forma. Depois, isso descrito, analisado e interpretado.

Observaes informais e formaisAs observaes podem ser informais ou formais. Aquelas informais so menos estruturadas. O observador tem uma grande liberdade para escolher as informaes a serem obtidas e sobre a forma de registr-las. Pode-se simplesmente fazer anotaes sobre o que acontece. A observao formal envolve um trabalho prvio de seleo, classificao e descrio dos eventos a serem observados.

Observaes contnuas e por amostragemAs observaes ainda podem ser contnuas ou por amostragem. A observao contnua feita sem interrupo. A observao por amostragem feita instantaneamente, de modo que os intervalos entre dois registros consecutivos variam aleatoriamente

EntrevistasEntrevista um tipo de conversa dirigida com certos objetivos. Ela pode ser informal, semi-estruturada ou estruturada.

Grupo de focoGrupo de foco (focus group) um tipo de entrevista realizado coletivamente, com 6 a 10 pessoas. Elas so convidadas para discutir algum assunto, visando chegara certos consensos.

QuestionriosOs questionrios de auto-preenchimento so meios eficientes e baratos quando se quer consultar um grande nmero de pessoas em pouco tempo. Contudo, tem tambm as suas desvantagens. As informaes obtidas geralmente so superficiais. difcil de verificar se o preenchimento foi feito de forma honesta e sria.

2.6 Anlise ergonmica do trabalho

A anliseergonmica do trabalho (AET) visa aplicar os conhecimentos da ergonomia para analisar, diagnosticar e corrigir uma situao real de trabalho. Ela foi desenvolvida por pesquisadores franceses e se constitui em um exemplo de ergonomia de correo. O mtodo AET desdobra-se em cinco etapas: anlise da demanda; anlise da tarefa; anlise da atividade; diagnstico; e recomendaes.

Anlise da demandaDemanda a descrio de um problema ou uma situao problemtica, que justifique a necessidade de uma ao ergonmica. A anlise da demanda procura entender a natureza e a dimenso dos problemas apresentados.

Anlise da tarefaTarefa um conjunto de objetivos prescritos, que os trabalhadores devem cumprir. Ela corresponde a um planejamento do trabalho e pode estar contida em documentos formais, como a descrio de cargos. A AET analisa as discrepncias entre aquilo que prescrito e o que executado, realmente. Isso pode acontecer porque as condies efetivas (como mquinas desajustadas, materiais irregulares) so diferentes daquelas previstas e tambm porque nem todos os trabalhadores seguem rigidamente o mtodo prescrito.

Anlise da atividadeAtividade refere-se ao comportamento do trabalhador, na realizao de uma tarefa. Ou seja, a maneira corno o trabalhador procede para alcanar os objetivos que lhe foram atribudos. Ela resulta de um processo de adaptao e regulao entre os vrios fatores envolvidos no trabalho. A atividade influenciada por fatores internos e externos.Os fatores internos localizam-se no prprio trabalhador e so caracterizados pela sua formao, experincia, idade, sexo e outros, alm desua disposio momentnea, como motivao, vigilncia, sono e fadiga. Os fatores externos referem-se s condies em que a atividade executada. Classificam-se em trs tipos principais: contedo do trabalho (objetivos, regras e normas); organizao do trabalho (constituio de equipes, horrios, turnos); e meios tcnicos (mquinas, equipamentos, arranjo e dimensionamento do posto de trabalho, iluminamento, ambiente trmico).

Formulao do diagnsticoO diagnstico procura descobrir as causas que provocam o problema descrito na demanda. Refere-se aos diversos fatores, relacionados ao trabalho e empresa, que influem na atividade de trabalho.

Recomendaes ergonmicasAs recomendaes referem-se s providncias que devero ser tomadas para resolver o problema diagnosticado. Essas recomendaes devem ser claramente especificadas, descrevendo-se todas as etapas necessrias para resolver o problema.

Cargo, tarefa, atividade e aoCargo o conjunto de tarefas ou atribuies e responsabilidades a serem exercidas regularmente por uma pessoa. Ele no deve ser confundido com a pessoa que o exerce. Embora a AET faa uma diferena conceitual entre tarefa e atividade, na prtica, eles podem ter o mesmo significado, principalmente nas pequenas e mdias empresas, que no possuem descries formalizadas dos cargos. Assim, por extenso, tarefa pode referir-se tambm quilo que o ocupante desse cargo realiza, no exerccio de sua funo. Isso, para a AET, j seria uma atividade. Por outro lado, o termo atividade pode significar tambm ao, que corresponde a um nvel mais detalhado da tarefa. Ou seja, um cargo compostode vrias tarefas e estas desdobram- se em aes.

2.7 Mtodos participativosMtodos participativos so aqueles em que o pesquisador deixa de ser um simples observador e passa a fazer parte ativa da soluo do problema. A participao pode ser entendida tambm como a incluso dos futuros usurios ou consumidores na soluo do problema.

Pesquisa-aoA pesquisa-ao um mtodo em que os pesquisadores e os participantes da situao ou do problema esto envolvidos de modo cooperativo ou participativo, em estreita associao, na busca da soluo

Ergonomia participativaErgonomia participativa um mtodo pelo qual os usurios finais da ergonomia desempenham um papel ativo na identificao e anlise dos problemas ergonmicos, assim corno na formulao e implementao de suas solues. Ela envolve o treinamento dos trabalhadores e organizao de grupos participativos.

Projeto participativoO projeto participativo um caso particular da ergonomia participativa, aplicado ao design de novos produtos ou redesign de produtos existentes. Difere-se dos projetos tradicionais, que realizado por especialistas, e o usurio s envolvido na fase final de avaliao do prottipo. Nesse tipo de desenvolvimento, o feedback do usurio demorado. Se houver algum erro de concepo, a sua correo fica mais difcil, pois o projeto j se encontra em estado adiantado. No projeto participativo, o usurio envolvido desde a etapa inicial. Assim, no h uma separao entre o projeto e a sua avaliao.

3. Organismo humano

3.1 Funo neuromuscular

As foras do organismo so exercidas por contraesmusculares. Os msculos no se contraem por si prprios, mas so comandados pelo sistema nervoso central, que composto pelo crebro e medula espinhal. Esses comandos decorrem, por sua vez, de algum tipo de estmulo ambiental.

Sistema nervosoO sistema nervoso constitudo de clulas nervosas ou neurnios, que so caracterizadas por irritabilidade (sensibilidade a estmulos) e condutibilidade (conduo de sinais eltricos).

SinapsesAs clulas nervosas conectam-se entre si, para formar uma cadeia de transmisso de sinais. Essas conexes chamam-se sinapses. Estruturalmente, as clulas nervosas so formadas de trs partes: o corpo e dois tipos de terminaes, chamadas de dendrites e axnio. Em uma clula pode haver vrias dendrites, mas h sempre um nico axnio. A sinapse a ligao de um axnio com uma dendrite da clula seguinte e tem as seguintes propriedades:

Sentido nico - Os sinais so sempre conduzidos em um s sentido, entrando pelas dendrites e saindo pelo axnio.Fadiga - Quando utilizadas com muita freqncia, as sinapses reduzem a sua capacidade de transmisso.Efeito residual - Quando o mesmo estmulo repete-se rapidamente, um aps o outro, no mesmo canal, o segundo transmite-se mais facilmente que o primeiro.Desenvolvimento - A estimulao repetida e prolongada durante vrios dias pode levar a uma alterao fsica da sinapse, de modo que ela passa a ser estimulada com mais facilidade.Acidez - Um aumento do teor alcalino no sangue aumenta a excitabilidade, enquanto o aumento da acidez tende a diminuir consideravelmente a atividade neuronal.

MsculosOs msculos so responsveis por todosos movimentos do corpo. So eles que transformam a energia qumica armazenada no corpo em contraes e, portanto, em movimentos.Os msculos lisos encontram-se nas paredes dos intestinos, nos vasos sanguneos, na bexiga, no aparelho respiratrio e em outras vsceras. Os msculos do corao so diferentes de todos os outros. Os msculos lisos e do corao no podem ser comandados voluntariamente. Os msculos estriados esto sob o controle consciente e atravs deles que o organismo realiza trabalhos externos. Portanto, apenas o estudo destes importante para a ergonomia.

Irrigao sangunea do msculoCada msculo recebe suprimento de oxignio, glicognio e outras substncias, pelo sistema circulatrio. Este constitudo de artrias, que vo se ramificando sucessivamente at se transformarem em vasos capilares.

Fadiga muscularFadiga muscular a reduo da fora, provocada pela deficincia da irrigao sangunea do msculo. Ela um processo reversvel, que pode ser superada por um perodo de descanso.Se houver deficincia de irrigao sangunea, o oxignio no chega em quantidade suficiente, e comea a haver, dentro do msculo, um acmulo de cido ltico e potssio, assim como calor, dixido de carbono e gua, gerados durante o metabolismo.

O corpo humano como um sistema de alavancasUm msculo s tem dois estados possveis: desenvolver tenso dentro de si mesmo ou relaxar-se. Quando a tenso do msculo for suficiente para superar certa resistncia, h um encurtamento, que chamado de contrao concntrica. O caso inverso, em que a resistncia supera a tenso, chamado de contraoexcntrica e, mesmo tenso, pode haver um alongamento do msculo.Para cada movimento, h pelo menos dois msculos que trabalham antagonicamente: quando um se contrai, outro se distende. O que se contrai chama-se protagonista e o que relaxa antagonista. Para evitar movimentos bruscos, a contrao e a distenso do par de msculos antagnicos devem ocorrer de forma coordenada, de modo que um deles v se contraindo e outro se distendendo. Os trabalhadores treinados conseguem fazer esses movimentos com mais facilidade, resultando em movimentos harmnicos.Da maneira anloga s alavancas mecnicas, o corpo trabalha com trs tipos de alavancas, que dependem das posies relativas de aplicao da fora, resistncia e apoio:Alavanca interfixa - O apoio situa-se entre a fora e a resistncia.Alavanca interpotente - A fora aplicada entre o ponto de apoio e a resistncia.Alavanca inter-resistente - A resistncia situa-se entre o ponto de apoio e a fora.

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3.2 Coluna vertebralA coluna vertebral uma estrutura ssea constituda de 33 vrtebras empilhadas, uma sobre as outras. Classificam-se em cinco grupos. De cima para baixo: 7 vrtebras se localizam no pescoo e se chamam cervicais; 12 esto na regio do trax e se chamam torcicas ou dorsais; 5 esto na regio no abdmen e se chamam lombares; abaixo, 5 esto fundidas e formam o sacro e as 4 da extremidade inferior so pouco desenvolvidas e constituem o cccix. Estas 9 ltimas vrtebras fixas situam-se na regio da bacia e se chamam tambm de sacrococcigeanas.Portanto, apenas 24 das 33 vrtebras so flexveis e, destas, as que tm maior mobilidade so as cervicais(pescoo) e as lombares (abdominais). As vrtebras torcicas esto unidas a 12 pares de costela, formando a caixa torcica, que limitam os movimentos. Cada vrtebra sustenta o peso de todas as partes do corpo situadas acima dela. Assim sendo, as vrtebras inferiores so maiores, porque precisam sustentar maiores pesos. Para equilibrar-se, a coluna apresenta trs curvaturas: a lordose (concavidade) cervical, cifose (convexidade) torcica e a lordose lombar.A coluna tem duas propriedades: rigidez e mobilidade. A rigidez garante a sustentao do corpo, permitindo a postura ereta. A mobilidade permite rotao para os lados e movimentos para frente e para trs. Isso possibilita grande movimentao da cabea e dos membros superiores.

Deformaes da colunaA coluna uma das estruturas mais fracas do organismo. Ela se assemelha a um jogo de armar, que fica na posio vertical, sustentado por diversos msculos, que tambm so responsveis pelos seus movimentos. Ela apresenta maior resistncia para foras na direo axial, sendo mais vulnervel para foras de cisalhamento (perpendiculares ao eixo).Sendo uma pea muito delicada, est sujeita a diversas deformaes. Estas podem ser congnitas (existem desde o nascimento das pessoas) ou adquiridas durante a vida, por diversas causas, como esforo fsico, m postura no trabalho, deficincia da musculatura de sustentao, infeces e outras. Quase sempre, esses casos esto associados a processos dolorosos. As principais anormalidades da coluna so a lordose, cifose e escoliose[pic]

Lordose - Corresponde a um aumento da concavidade posterior da curvatura na regiocervical ou lombar, acompanhado por uma inclinao dos quadris para frente.Cifose - o aumento da convexidade, acentuando-se a curva para frente na regio torcica, correspondendo ao corcunda.Escoliose - um desvio lateral da coluna. A pessoa vista de frente ou de costas, pende para um dos lados, para direita ou para esquerda.

LombalgiaLombalgia significa "dor na regio lombar". provocada pela fadiga da musculatura das costas. O tipo mais simples ocorre quando se permanece durante muito tempo na mesma postura, com a cabea inclinada para frente. Pode ser aliviada com mudanas freqentes de postura, levantando e sentando-se.

3.3 MetabolismoMetabolismo o estudo dos aspectos energticos do organismo humano. A energia do corpo humano proveniente da alimentao. Os alimentos sofrem diversas transformaes qumicas e uma parte usada para a construo de tecidos e outra, como combustvel.

AlimentaoA alimentao humana constituda principalmente de substncias como protenas, carboidratos e gorduras.

Capacidade muscularA capacidade de um msculo em realizar exerccios pesados e prolongados depende diretamente da quantidade de glicognio armazenado inicialmente no msculo, porque a sua reposio mais lenta que o consumo.

Metabolismo basalMetabolismo basal a energia necessria para mant-lo apenas as funes vitais do organismo, sem realizar nenhum trabalho externo.

Energia gasta no trabalhoJ vimos que um homem adulto gasta 1 800 kcal/dia com o seu metabolismo basal, ou seja, apenas para se manter vivo, em estado de repouso. Contudo, as pessoas, mesmo em repouso,realizam pequenos movimentos que tambm demandam energia. Assim, um homem adulto que consuma menos de 2 000 kcal/dia na alimentao, incapaz de realizar qualquer tipo de trabalho. Portanto, s a energia que exceder a essa cota mnima pode ser utilizada no trabalho.

Subnutrio e rendimentoSe a quantidade de energia gasta no for suprida pela alimentao, o trabalhador apresentar uma reduo de peso e uma queda no rendimento, alm de ficar mais suscetvel a doenas

3.4 Viso

A viso o rgo do sentido mais importante que possumos, tanto para o trabalho como para a vida diria. As suas caractersticas tm sido muito estudadas devido a essa importncia no trabalho.

Clulas fotossensveisO olho tem dois tipos de clulas fotossensveis, que so os cones e bastonetes. Em cada olho existem cerca de 6 a 7 milhes de cones e 130 milhes de bastonetes. Os cones s funcionam com maior nvel de iluminao e so responsveis pela percepo das cores, alm da percepo de espao e de acuidade visual. Os bastonetes j so sensveis a baixos nveis de iluminao e no distinguem cores, mas apenas os tons cinza, do branco ao preto.

Adaptao claridade e penumbraNo processo de adaptao claridade, quando se passa de um ambiente escuro para claro, h um ofuscamento temporrio, que dura um a dois minutos, at que os cones comecem a funcionar normalmente. Quando a claridade for muito grande, ocorre o ofuscamento, indicando que o olho no consegue mais adaptar-se. A adaptao penumbra, no sentido inverso, do claro para o escuro, o processo muito mais lento. Nesse caso, so os cones que deixam defuncionar, para aumentar a sensibilidade dos bastonetes. O olho adaptado penumbra torna-se muito mais sensvel do que aquele adaptado luz.

Acuidade visualA acuidade a capacidade visual para discriminar pequenos detalhes. Ela depende de muitos fatores, sendo que os dois mais importantes so o iluminamento e o tempo de exposio.

AcomodaoA acomodao a capacidade de cada olho em focalizar objetos a vrias distncias. Isso se torna possvel pela mudana da forma do cristalino, pela ao dos msculos ciliares.

ConvergnciaA convergncia a capacidade dos dois olhos se moverem coordenadamente, para focalizar o mesmo objeto.A acomodao e convergncia so processos simultneos, que dependem da musculatura dos olhos e tm a funo de manter a imagem "nica" no foco. Quando se passam vrias horas com a viso concentrada, pode ocorrer a fadiga nessa musculatura e podem surgir distores como a percepo de imagens duplas.

Percepo de coresA luz pode ser definida como uma energia fsica que se propaga atravs de ondas eletromagnticas.

Movimentos visuais de perseguioSe o objeto estiver em movimento, o olho capaz de persegui-lo. Mas, para isso, precisa, antes, identificar o padro do movimento.

3.5 Audio

A funo do ouvido captar e converter as ondas de presso do ar em sinais eltricos, que so transmitidas ao crebro para produzir as sensaes sonoras. Se os olhos se assemelham a uma cmara fotogrfica, o ouvido assemelha-se a um microfone.

Anatomia do ouvidoO ouvido dividido em trs partes: externo, mdio e interno. Os sons chegam por vibraes do ar,captados pelo ouvido externo, transformando-se em vibraes mecnicas, no ouvido mdio, e finalmente em presses hidrulicas, no ouvido interno.

Percepo do somOs movimentos mecnicos bruscos no ambiente produzem flutuaes da presso atmosfrica que se propagam em forma de ondas que, ao atingir o ouvido, produzem a sensao sonora. Um som caracterizado por trs variveis: freqncia, intensidade e durao.

MascaramentoO mascaramento ocorre quando um componente do som reduz a sensibilidade do ouvido para outro componente.

3.6 Outros sentidos

Alm da viso e da audio, o organismo humano possui mais 12 sentidos, como olfato, paladar, senso cinestsico, tato, dor e outros. Entretanto, apresentam pouco interesse para a ergonomia, excetuando-se os trs primeiros, que sero vistos a seguir.

Olfato e paladarOlfato e paladar so usados em diversas atividades e podem ser importantes para algumas profisses, como a de cozinheiro e provadores de perfumes e alimentos (vinhos, caf). Em ambientes de trabalho, podem funcionar como alerta, indicando vazamentos de gases ou incio de um incndio.Do ponto de vista fisiolgico, olfato e paladar esto relacionados entre si. O sabor de um alimento resulta, por exemplo, da combinao do seu cheiro e paladar. Os sensores, tanto do olfato como do paladar, so quimioreceptores, que so estimulados por molculas em soluo no muco nasal ou na saliva da boca.

Senso cinestsicoO senso cinestsico fornece informaes sobre movimentos de partes do corpo, sem necessidade de acompanhamento visual. Permite tambm perceber foras e tenses internas e externasexercidas pelos msculos. As clulas receptoras esto situadas nos msculos, tendes e articulaes. Quando h uma contrao muscular, essas clulas transmitem informaes ao sistema nervoso central, sobre os movimentos e as presses que esto ocorrendo, permitindo a percepo dos movimentos.

Interao entre os rgos dos sentidosDiversos experimentos comprovam que h interaes entre os rgos dos sentidos. Por exemplo, rudos intensos perturbam a concentrao e o desempenho visual. Paredes avermelhadas provocam sensao de calor. Em geral, as interaes entre os rgos dos sentidos so aceitveis enquanto cada um deles permanecer dentro das faixas normais de operao.

4. Antropometria: medidas

A antropometria trata das medidas fsicas do corpo humano.

4.1 Variaes das medidasAt a Idade Mdia, todos os calados eram do mesmo tamanho. Essa seria uma situao desejvel pelo fabricante, pois a produo de nico modelo "padronizado" do produto simplifica enormemente os seus problemas de produo, distribuio e controle de estoques. Do lado do consumidor, a padronizao excessiva nem sempre se traduz em conforto, segurana e eficincia. Para que esse tipo de problema seja tratado adequadamente, so necessrias trs tipos de providncias:a) Definir a natureza das dimenses antropomtricas exigidas em cada situao;b) Realizar medies para gerar dados confiveis;c) Aplicar adequadamente esses dados.

Diferenas entre os sexos

Variaes intra-individuaisAs variaes intra-individuais so aquelas que ocorrem durante a vida de uma pessoa. Pode-se dizer que o ser humano sofre contnuas mudanas fsicas durantetoda a vida.A estatura atinge o ponto mximo em torno dos 20 anos e permanece praticamente inalterada dos 20 aos 50 anos. Entretanto, a partir dos 55 a 60 anos, todas as dimenses lineares comeam a decair. Outras medidas, como o peso e a circunferncia dos ossos podem aumentar. Durante o envelhecimento, observa-se tambm uma gradativa perda de foras e mobilidade, tornando os movimentos musculares mais fracos, lentos e de amplitude menor.

Variaes tnicasExistem muitos exemplos de inadequao dos produtos que foram exportados para outros pases sem considerar as necessidades de adaptao aos usurios.

Influncia da etnia nas propores corporais

Influncia do clima nas propores corporaisOs povos que habitam regies de climas quentes tm o corpo mais fino e os membros superiores e inferiores relativamente mais longos. Aqueles de clima frio tm o corpo mais cheio, so mais volumosos e arredondados. Em outras palavras, no corpo dos povos de clima quente predomina a dimenso linear, enquanto, no de clima frio, tende para formas esfricas.

As pesquisas de SheldonUma das demonstraes mais interessantes das diferenas inter-individuais dentro da mesma populao, foi apresentado por William Sheldon (1940). Ele realizou um minucioso estudo de uma populao de 4 000 estudantes norte-americanos. Alm de fazer levantamentos antropomtricos dessa populao, fotografou todos os indivduos de frente, perfil e costas. A anlise dessas fotografias, combinada com os estudos antropomtricos, levou Sheldon a definir trs tipos fsicos bsicos, cada um com certas caractersticas dominantes: ectomorfo, mesomorfo eendomorfo.Ectomorfo - Tipo fsico de formas alongadas. Tem corpo e membros longos e finos, com um mnimo de gorduras e msculos.Mesomorfo - Tipo fsico musculoso, de formas angulosas. Apresenta cabea cbica, macia, ombros e peitos largos e abdmen pequeno.Endomorfo - Tipo fsico de formas arredondadas e macias, com grandes depsitos de gordura. Em sua forma extrema, tem a caracterstica de uma pra (estreita em cima e larga embaixo).

Variaes secularesAs variaes seculares estudam as mudanas antropomtricas ocorridas em longo prazo, abrangendo vrias geraes.

Padres internacionais de medidas antropomtricasAt meados do sculo passado, houve preocupao em diversos pases em estabelecer seus padres nacionais de medidas antropomtricas. Contudo, a partir da dcada de 1950, trs fatos novos contriburam para reverter essa tendncia. Em primeiro lugar, houve uma crescente internacionalizao da economia. Alguns produtos, produzidos em certos pases, passaram a ser vendidos no mundo todo. Em segundo, os acordos de comrcio internacional, formando blocos econmicos, com reduo das tarifas alfandegrias. Em terceiro, as alianas militares, surgidos aps a II Guerra Mundial, exigiram certa padronizao internacional de produtos militares, com diversos reflexos na indstria em geral.

4.2 Realizao das medies

Sempre que for possvel e economicamente justificvel, as medies antropomtricas devem ser realizadas' diretamente, tomando-se uma amostra significativa de sujeitos que sero usurios ou consumidores do objeto a ser projetado.

Definio de objetivosA primeira providncia definir onde oupara qu sero utilizadas as medidas antropomtricas. Dessa definio decorre a aplicao da antropometria esttica ou dinmica, escolha das variveis a serem medidas e os detalhamentos ou precises com que essas medidas devem ser realizadas.

Antropometria estticas, dinmica e funcionalA antropometria esttica aquela em que as medidas se referem ao corpo parado ou com poucos movimentos e as medies realizam-se entre pontos anatmicos claramente identificados. A antropometria dinmica mede os alcances dos movimentos. Os movimentos de cada parte do corpo so medidos mantendo-se o resto do corpo esttico. As medidas antropomtricas relacionadas com a execuo de tarefas especficas so chamadas de antropometria funcional.Passando-se da antropometria esttica para a dinmica e, desta para a funcional, observa-se um aumento do grau de complexidade, exigindo-se tambm instrumentos de medida mais complexos.

Definio das medidasA definio das medidas envolve a descrio dos pontos do corpo, entre os quais sero tomadas as medidas. Uma descrio mais detalhada indica a postura do corpo, os instrumentos antropomtricos a serem utilizados e a tcnica de medida a ser utilizada, alm de outras condies. Em geral, cada medio a ser efetuada deve especificar claramente a sua localizao, direo e postura.Escolha dos mtodos de medioOs mtodos para realizar as medies antropomtricas se classificam basicamente em dois tipos: diretos e indiretos. Os mtodos diretos envolvem instrumentos que entram em contato fsico com o organismo. Usam-se rguas, trenas, fitas mtricas e outros. As medies indiretas geralmenteenvolvem fotos do corpo ou partes dele contra uma malha quadriculada. Uma variante dessa tcnica a de traar o contorno da sombra projetada sobre um anteparo transparente ou translcido.

4.3 Antropometria esttica

Tabelas de medidas estrangeirasUma das tabelas de medidas antropomtricas mais completas que se conhece a norma alem DIN 33402 de junho de 1981.

Medidas brasileirasAinda no existem medidas abrangentes e confiveis da populao brasileira. Entretanto, diversos levantamentos j foram realizados, quase sempre restritos a determinadas regies e ocupaes profissionais.

4.4 Antropometrias dinmica e funcional

Os dados de antropometria esttica so recomendados para o dimensionamento de produtos e locais de trabalho que envolvem apenas pequenos movimentos corporais. Se o produto ou posto de trabalho for dimensionado com dados da antropometria esttica, ser necessrio, posteriormente, promover alguns ajustes para acomodar os principais movimentos corporais.

Registro dos movimentosO registro dos movimentos geralmente realizado em um sistema de planos triortogonais. Um plano bem definido aquele vertical, que "divide" o homem em duas partes simtricas, direita e esquerda, e se chama plano sagital de simetria. Todos os planos paralelos a ele so chamados tambm de planos sagitais, esquerda ou direita do plano sagital de simetria. Os planos verticais perpendiculares aos planos sagitais chamam-se planos frontais. Os que ficam na frente so os frontais anteriores e os que ficam s costas, planos frontais posteriores. Os planos horizontais, paralelos ao piso, so chamados de planostransversais.

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Esses registros podem apresentar dois tipos de alcances, um para a zona preferencial, e outra para o alcance mximo. O primeiro corresponde ao movimento realizado mais facilmente, apenas com o movimento dos braos e menos gasto energtico. Enquanto isso, o de alcance mximo envolve movimentos simultneos do tronco e ombros. Podem ser mais demorados e menos precisos.

Alcance dos movimentosA fisiologia usa alguns termos prprios para designar os movimentos musculares. Movimentos dos membros que tendem a afastar-se do corpo ou de suas posies normais de descanso chamam-se abduo e o movimento oposto, aproximando-se se chama aduo. O movimento do brao acima da horizontal flexo e, para baixo, extenso. O movimento de dobrar o antebrao sobre o brao flexo. O movimento inverso extenso. Girando o antebrao sobre o cotovelo, para fora a rotao lateral e, ao contrrio, rotao medial. O movimento de rotao da mo, com o polegar girando se para dentro do corpo, chama-se pro nao e quando gira para fora, supinao.

4.5 Construo de modelos humanos

A partir das medidas antropomtricas podem ser construdos diversos tipos de modelos humanos, que podem ser teis no projeto e avaliao de produtos e postos de trabalho. Esses modelos podem ser bidimensionais, tridimensionais, computacionais ou matemticos. Cada um pode ter diferentes graus de detalhamento e de realismo na representao do corpo humano.

Modelos bidimensionaisOs modelos bidimensionais mais simples geralmente so construdos de papelo, plstico ou madeira compensada. Esses modelos so usados para ajudar o projetista deprodutos e postos de trabalho. So muito teis para testar certos aspectos crticos, como o posicionamento dos controles em postos de trabalho.

Modelos tridimensionaisPara estudos mais completos podem ser construdos modelos tridimensionais, tambm chamados de manequins, no apenas para testar o dimensionamento de espaos, mas tambm para medir outros parmetros, como a distribuio de pesos, momento de inrcia, resistncia ao impacto, e assim por diante. Manequins mais sofisticados reproduzem por completo, todo o contorno do corpo e apresentam pesos, durezas e resistncias semelhantes ao do organismo vivo. Mais recentemente tem-se construdo robs semelhantes figura humana, tambm chamados de andrides, que tm movimentos prprios e diversos tos de teste.

Modelos computacionaisExistem diversos modelos computacionais, que podem ser utilizados em projetos de equipamentos e postos de trabalho. Entre aqueles comercialmente disponveis, destacam-se: cyberman, combiman, crew chief, Jack, Sammie, mannequin.

Modelos matemticosMuitos pesquisadores j se dedicaram construo de modelos matemticos do ser humano. A idia bem simples e tentadora. Em vez de realizar medies de dezenas de variveis antropomtricas, seriam realizadas apenas duas ou trs, e as demais seriam deduzidas por frmulas matemticas. Contudo, no uma tarefa fcil, pois nem todos os segmentos corporais so proporcionais entre si.

5. Antropometria: aplicaes

5.1 Uso de dados antropomtricos

Naturalmente, mais rpido e econmico usar dados antropomtricos j disponveis do que fazer levantamentos antropomtricos prprios. Seisso constitui uma soluo prtica, por outro lado, deve ser acompanhado de certos cuidados, que sero apresentados a seguir.

Uso de tabelasAntes de se usar tabelas de medidas antropomtricas, necessrio verificar certos fatores que influem nos resultados dessas medidas, tais como: Etnia; Profisso; Faixa Etria; poca; Condies especiais.

5.2 Critrios para aplicao dos dados antropomtricos

A falta dessa adaptao pode reduzir a eficincia do produto, justificando-se os custos industriais envolvidos. Para fazer essa adaptao, h cinco princpios para a aplicao das medidas antropomtricas, apresentados a seguir.

1 Princpio: Os projetos so dimensionados para a mdia da populaoDe acordo com esse princpio, os produtos so dimensionados para a mdia da populao, ou seja, para o percentil de 50%. Esse princpio aplicado principalmente em produtos de uso coletivo, que devem servir a diversos usurios, como o banco do ponto de nibus.

2 Princpio: Os projetos so dimensionados para um dos extremos da populaoDe acordo com esse princpio, emprega-se um dos extremos, superior (percentil 95%) ou inferior (5%) para o dimensionamento de projetos. Existem certas circunstncias em que os projetos feitos para as pessoas mdias no seriam satisfatrios. Por exemplo, se dimensionssemos uma sada de emergncia para a pessoa mdia, em caso de acidente, simplesmente 50% da populao conseguiria passar.

3 Princpio: Os projetos so dimensionados para faixas da populaoAlguns produtos so fabricados em diversos tamanhos, de modo que cada um acomode uma determinada parcela da populao. o caso, por exemplo,de camisas que so fabricadas nas dimenses P (pequeno), M (mdio) e G (grande).

4 Princpio: Os projetos apresentam dimenses regulveisAlguns produtos podem ter certas dimenses regulveis para se adaptar aos usurios individuais. Essas regulagens geralmente no abrangem o produto como um todo, mas apenas algumas variveis consideradas crticas para o desempenho. Por exemplo, as cadeiras operacionais podem ter regulagens para a altura do assento e ngulo do encosto.

5 Princpio: Os projetos so adaptados ao indivduo

Existem tambm casos, embora mais raros no meio industrial, de produtos projetados especificamente para um indivduo. So os casos de aparelhos ortopdicos

Consideraes sobre a aplicao dos princpiosDo ponto de vista industrial, quanto mais padronizado for o produto, menores sero os seus custos de produo e de estoques. Assim, as aplicaes dos primeiros e segundo princpios so mais econmicas, e o custo aumenta consideravelmente para terceiro e quarto princpios, sendo praticamente proibitivo para o quinto princpio.

5.3 O espao de trabalho

O espao de trabalho um volume imaginrio, necessrio para o organismo realizar os movimentos requeridos durante o trabalho. Examinaremos, a seguir, os fatores que devem ser considerados no dimensionamento do espao de trabalho.

PosturaO fator mais importante no dimensionamento do espao de trabalho a postura. Existem trs posturas bsicas para o corpo: deitada, sentada e de p.

Tipo de atividade manualA natureza da atividade manual a ser executada influi nos limites do espao de trabalho. Os trabalhos que exigemaes de agarramento com o centro das mos, como no caso de alavancas ou registros, devem ficar pelo menos 5 a 6 cm mais prximos do operador dos que as tarefas que exigem a atuao apenas das pontas dos dedos, como pressionar um boto.

VesturioO vesturio pode tanto aumentar o volume ocupado pelas pessoas, como limitar os seus movimentos.

Cadeiras de rodaAs larguras das passagens, corredores e postos devem ser dimensionadas para permitir a circulao das cadeiras de roda.

Espao pessoalCada pessoa tem necessidade de um espao para guardar seus objetos pessoais, desde ferramentas de uso exclusivo como artigos de higiene.

5.4 Superfcies horizontais

As superfcies horizontais de trabalho tm especial interesse em ergonomia, pois sobre elas que se realiza grande parte dos trabalhos de montagens, inspees, servios de escritrios e outros.

Dimenses da mesaExistem duas variveis importantes no dimensionamento da mesa: a sua altura e a superfcie de trabalho. A altura deve ser regulada pela posio do cotovelo e deve ser determinada aps o ajuste da altura da cadeira. Em geral, recomenda-se que esteja 3 a 4 cm acima do nvel do cotovelo, na posio sentada. Se a mesa tiver uma altura fixa, a cadeira deve ter altura regulvel. Se a cadeira for fixa e tiver uma altura superior altura popltea, deve-se providenciar apoio para os ps.

Alcances sobre a mesaA superfcie da mesa deve ser dimensionada de acordo com o tamanho da pea a ser trabalhada, os movimentos necessrios tarefa e o arranjo do posto de trabalho. A rea de alcance timo sobre a mesa pode ser traada, girando-se os antebraos emtorno dos cotovelos com os braos cados normalmente ao lado do tronco. Estes descrevero um arco com raio de 35 a 45 em. A parte central, situada em frente ao corpo, fazendo interseo com os dois arcos, ser a rea tima para se usar as duas mos. A rea de alcance mximo ser obtida girando-se os braos estendidos em torno do ombro. Estes descrevem arcos de 55 a 65 cm de raio.

Bancada para trabalho em pA altura ideal da bancada para trabalho em p depende da altura do cotovelo e do tipo de trabalho que se executa. Em geral, a superfcie da bancada deve ficar 5 a 10 cm abaixo da altura dos cotovelos. Para trabalhos de preciso, conveniente uma superfcie ligeiramente mais alta e aquela para trabalhos mais grosseiros e que exijam presso para baixo, superfcies mais baixas.No caso de bancada fixa, melhor dimension-la pelo trabalhador mais alto e providenciar um estrado, que pode ter altura de at 20 em para o trabalhador mais baixo. Esse estrado pode ter uma altura diferente para cada trabalhador, ajustando-se s suas dimenses antropomtricas.

5.5 O problema do assento

O assento provavelmente, uma das invenes que mais contribuiu para modificar o comportamento humano. A desvantagem o aumento da presso sobre as ndegas e a restrio dos alcances. Um assento mal projetado pode provocar estrangulamento da circulao sangunea nas coxas e pernas. H diversas vantagens em trabalhar na posio sentada: Consome menos energia, em relao posio em p e reduz a fadiga; Reduz a presso mecnica sobre os membros inferiores; Reduz a presso hidrosttica da circulao nasextremidades e alivia o trabalho do corao; Facilita manter um ponto de referncia para o trabalho (na posio de p, o corpo fica oscilando); Permite o uso simultneo dos ps (pedais) e mos.

Suporte para o peso do corpoNa posio sentada, todo o peso do tronco, acima da bacia, transferido para o assento, aliviando a presso sobre os membros inferiores.

Conforto no assentoConforto uma sensao subjetiva produzida quando no h nenhuma presso localizada sobre o corpo. mais fcil falar em ausncia de desconforto, pois este pode ser avaliado. O desconforto medido de forma indireta, por exemplo, pedindo-se para uma pessoa preencher o "mapa" corporal das zonas de desconforto.

Relaxamento mximoO fisiologista G. Lehmann (1960) fez experimentos sobre o relaxamento mximo. Os sujeitos ficavam imersos na gua, evitando-se qualquer tipo de contrao voluntria dos msculos. Obteve uma postura com a pessoa deitada com a cabea e a coluna cervical ligeiramente inclinada para frente, braos levantados a 450 do corpo, pernas ligeiramente levantadas, fazendo um ngulo de 130 nos joelhos. Curiosamente, a NASA registrou, em 1978, uma postura semelhante para os astronautas em condies de gravidade zero.

Existem seis princpios gerais sobre os assentos, derivados de diversos estudos anatmicos, fisiolgicos e clnicos da postura sentada. Eles estabelecem tambm os principais pontos a serem considerados no projeto e seleo de assentos, como veremos a seguir.

Princpio 1: As dimenses do assento devem ser adequadas s dimenses antropomtricas do usurioNo caso, a dimensoantropomtrica crtica a altura popltea (da parte inferior da coxa sola do p), que determina a altura do assento

Princpio 2: O assento deve permitir variaes de posturaAs freqentes variaes de postura servem para aliviar as presses sobre os discos vertebrais e as tenses dos msculos dorsais de sustentao, reduzindo-se a fadiga.

Princpio 3: O assento deve ter resistncia, estabilidade e durabilidadePara ser resistente, o assento deve ter solidez estrutural suficiente para suportar cargas.A norma NBR 14110 recomenda resistncia a uma carga mnima de 112 kg. Estabilidade a caracterstica do assento que no tombe facilmente. Durabilidade a caracterstica do assento de no se danificar com o uso contnuo. Recomenda-se que essa durabilidade seja de pelo menos 15 anos.

Princpio 4: Existe um assento mais adequado para cada tipo de funoIsso quer dizer que no existe um tipo absoluto de assento, ideal para todas as ocasies.Mas h um assento recomendvel para cada tipo de tarefa.

Princpio 5: O encosto e o apia-brao devem ajudar no relaxamentoEm muitos postos de trabalho, a pessoa no usa continuamente o encosto, mas apenas de tempos em tempos, para relaxar. O encosto deve ter a forma cncava. Os apia-braos tambm no so usados continuamente, mas para os relaxamentos ocasionais. Servem para descansar os antebraos e ajudam a guiar o corpo durante o ato de sentar-se e levantar-se. Essa ajuda importante principalmente para as pessoas idosas e aquelas que tm dificuldades de movimentar-se.

Princpio 6: Assento e mesa formam um conjunto integradoA altura do assento deve ser estudada tambm em funo daaltura da mesa, de modo que a superfcie da mesa fique aproximadamente na altura do cotovelo da pessoa sentada.

Dimensionamento de assentosExistem muitas recomendaes diferentes para o dimensionamento dos assentos.Essas diferenas podem ser explicadas por trs causas principais: Os assentos diferenciam-se quanto s aplicaes, por exemplo, assento de um motorista de nibus diferente de um assento para uso em fbrica ou escritrio; H diferenas antropomtricas entre as populaes H preferncias individuais

A postura semi-sentadaOs postos de trabalho apresentam, em geral, duas posturas bsicas: de p e sentado. Cada uma tem vantagens e desvantagens. Contudo, h trabalhos que exigem freqentes mudanas entre as duas posturas. Para esses casos, desenvolveu-se a cadeira semi-sentada.Comparadas com as cadeiras tradicionais, aquelas semi-sentadas so pouco confortveis. Mesmo assim, podem proporcionar um grande alvio, mesmo que temporrio, ao suportar o peso corporal. Alm disso, ajudam a estabilizar a postura, pois um trabalhador em p geralmente fica com o corpo oscilando.

6. Biomecnica ocupacional

A biomecnica ocupacional uma parte da biomecnica geral, que se ocupados movimentos corporais e foras relacionados ao trabalho. Assim, preocupa-se com as interaes fsicas do trabalhador, com o seu posto de trabalho, mquinas, ferramentas e materiais, visando reduzir os riscos de distrbios msculo-esquelticos. Analisa basicamente a questo das posturas corporais no trabalho, a aplicao de foras, bem como as suas conseqncias.

6.1 Trabalho muscularO corpo humano assemelha-se aum sistema de alavancas movido pela contrao muscular. So esses movimentos que permitem realizar diversos tipos de trabalho. Contudo, essa "mquina humana" possui diversos tipos de limitaes e fragilidades, que devem ser consideradas no projeto e dimensionamento do trabalho.

6.2 Trabalhos esttico e dinmicoA irrigao sangnea dos msculos feita pelos vasoscapilares. Atravs desses capilares, o sangue transporta oxignio at os msculose retira os subprodutos do metabolismo.

Trabalho estticoO trabalho esttico aquele que exige contrao contnua de alguns msculos, para manter uma determinada posio. Esse tipo de contrao, que no produz movimentos dos segmentos corpreos, chamada de contrao isomtrica.

Trabalho dinmicoO trabalho dinmico ocorre quando h contraes e relaxamentos alternados dos msculos, corno nas tarefas de martelar, serrar, girar um volante ou caminhar. Portanto, o trabalho esttico, sendo altamente fatigante, deve ser evitado sempre que possvel. Quando isso no for possvel, pode ser aliviado, permitindo-se mudanas de posturas, melhorando o posicionamento de peas e ferramentas ou providenciando- se apoios para partes do corpo com o objetivo de reduzir as contraes estticas dos msculos.

Dores muscularesA dor causada pela acumulao dos subprodutos do metabolismo no interior dos msculos. Isso decorre das contraes musculares acima da capacidade circulatria em remover os subprodutos do metabolismo. Ocorre, sobretudo, nos trabalhos estticos, porque eles prejudicam a circulao sangnea nos vasos capilares.

Traumas muscularesOs traumasmusculares so provocados pela incompatibilidade entre as exigncias do trabalho e as capacidades fsicas do trabalhador. Ocorrem basicamente devido a duas causas: impacto e esforo excessivo.Trauma por impacto - O trauma por impacto ocorre quando a pessoa atingida por uma fora sbita, durante um curto espao de tempo, em uma regio especfica do corpo.Trauma por esforo excessivo - Esse tipo de trauma ocorre durante a atividade fsica no trabalho, principalmente quando h cargas excessivas, sem a concesso das devidas pausas. Tipicamente, provoca leses como tendinites, tenossinovites, compresses nervosas e distrbios lombares.Os maiores problemas no trabalho geralmente so decorrentes dos traumas por esforos excessivos. Eles so responsveis pela maior parte de afastamento dos trabalhadores, em conseqncia das doenas e leses no sistema msculo-esqueltico.

6.3 Posturas do corpo

Postura o estudo do posicionamento relativo de partes do corpo, como cabea, tronco e membros, no espao. A boa postura importante para a realizao do trabalho sem desconforto e estresse.

Posturas inadequadasO redesenho dos postos de trabalho para melhorar a postura promove redues da fadiga, dores corporais, afastamentos do trabalho e doenas ocupacionais. Existem trs situaes principais em que a m postura pode produzir conseqncias danosas: Trabalhos estticos que envolvem uma postura parada por longos perodos; Trabalhos que exigem muita fora; e Trabalhos que exigem posturas desfavorveis, como o tronco inclinado e torcido.

Posturas bsicasTrabalhando ou repousando, o corpo assume trs posturasbsicas: as posies deitada, sentada e em p. Em cada uma dessas posturas esto envolvidos esforos musculares para manter a posio relativa de partes do corpo.

Posio deitadaNa posio deitada no h concentrao de tenso em nenhuma parte do corpo. O sangue flui livremente para todas as partes do corpo, contribuindo para eliminar os resduos do metabolismo e as toxinas dos msculos, provocadores da fadiga.

Posio de pA posio de p apresenta vantagem de proporcionar grande mobilidade corporal. Os braos e pernas podem ser utilizados para alcanar os controles das mquinas. Tambm grandes distncias podem ser alcanadas andando-se.

Posio sentadaA posio sentada exige atividade muscular do dorso e do ventre para manter esta posio. Praticamente todo o peso do corpo suportado pela pele que cobre o osso squio, nas ndegas

Inclinao da cabea para frenteMuitas vezes necessrio inclinar a cabea para frente para se ter uma melhor viso, como nos casos de pequenas montagens, inspeo de peas com pequenos defeitos ou leitura difcil. Essas necessidades geralmente ocorrem quando: O assento muito alto; A mesa muito baixa; A cadeira est longe do trabalho, dificultando as fixaes visuais; H necessidades especficas, como no caso do microscpio.

Sistema OWASPosturas classificadas nas seguintes categorias:Classe1 postura normal, que dispensa cuidados, a no ser em casos excepcionaisClasse 2 postura que deve ser verificada durante a prxima reviso rotineira dos mtodos de trabalho.Classe 3 postura que deve merecer ateno em curto prazoClasse 4 postura quedeve merecer ao imediata.

O procedimento descrito foi aplicado durante dois anos na empresa siderrgica para identificar e solucionar os principais focos de problemas. Os resultados levaram melhoria do conforto e contriburam decisivamente para a remodelao de algumas linhas de produo, que apresentavam maior gravidade.

Diagrama das reas dolorosasO diagrama das reas dolorosas foi proposto por Corlett e Manenica (1980). O corpo humano divido em 24 segmentos, facilitando a localizao de reas em que os trabalhadores sentem dores. O ndice de desconforto classificado em 8 nveis que varia do nvel zero para "sem desconforto" at o nvel sete "extremamente desconfortvel", marcadas linearmente da esquerda para direita. A principal vantagem desse diagrama o seu fcil entendimento.

Questionrio nrdicoO questionrio nrdico foi desenvolvido para auto-preenchimento (Figura 6.8). H um desenho dividindo o corpo humano em 9 partes. Os trabalhadores devem responder "no" ou "sim" para trs situaes envolvendo essas 9 partes: Voc teve algum problema nos ltimos 7 dias? Voc teve algum problema nos ltimos 12 meses? Voc teve que deixar de trabalhar algum dia nos ltimos 12 meses devido ao problema?Em relao ao sistema OWAS e o Diagrama de reas Dolorosas, tem a vantagem da maior simplicidade e estender o prazo de ocorrncia dos problemas aos ltimos 12 meses, enquanto os outros realizam "fotografias" instantneas.

6.4 Aplicao de foras

Caractersticas dos movimentosPara fazer um determinado movimento, diversas combinaes de contraes musculares podem ser utilizadas, cada umadelas tendo diferentes caractersticas de velocidade, preciso e movimento. Para grandes foras, deve-se usar preferencialmente a musculatura das pernas, que so as mais resistentes.Preciso - Os movimentos de maior preciso so realizados com as pontas dos dedos.Ritmo - Os movimentos devem ser suaves, curvos e rtmicos. Aceleraes ou desaceleraes bruscas, ou rpidas mudanas de direo so fatigantes, porque exigem maiores contraes musculares.Movimentos retos - O corpo, sendo constitudo de alavancas que se movem em torno de articulaes, tem uma tendncia natural para executar movimentos curvos.Terminaes - Os movimentos que exigem posicionamentos precisos, com acompanhamento visual, so difceis e demorados.

Alcance verticalQuando o brao mantido na posio elevada, acima dos ombros, os msculos dos ombros e do bceps fatigam-se rapidamente, e podem aparecer dores provocadas por uma tendinite dos bceps, especialmente nos trabalhadores mais idosos, que tem menos mobilidade nas juntas.

Alcance horizontalO alcance horizontal, com um peso nas mos, provoca uma solicitao maior dos msculos do ombro para contrabalanar o momento criado pelo peso. Isso ocorre devido distncia relativamente grande desse peso em relao ao ombro.

Fora das pernasA fora das pernas varia consideravelmente em funo da posio relativa assento/pedal.

6.5 Levantamento de cargas

O manuseio de cargas responsvel por grande parte dos traumas musculares entre os trabalhadores. Aproximadamente 60% dos problemas musculares so causados por levantamento de cargas e 20%, puxando ou empurrando-as.Recomendaes para o levantamento de cargasResumindo as consideraes acima, podem ser feitas as seguintes recomendaes prticas para o levantamento de cargas: Mantenha a coluna reta e use a musculatura das pernas, como fazem os halterofilistas. Mantenha a carga o mais prximo possvel do corpo, para reduzir o momento (no sentido da Fsica) provocado pela carga. Procure manter cargas simtricas dividindo-as e usando as duas mos para evitar a criao de momentos em torno do corpo. A carga deve estar a 40 cm acima do piso. Se estiver abaixo, o carregamento deve ser feito em duas etapas. Coloque-a inicialmente sobre uma plataforma com cerca de 100 cm de altura e depois pegue-a em definitivo. Antes de levantar um peso, remova todos os obstculos ao redor, que possam atrapalhar os movimentos.

Equao de NIOSH para levantamento de cargasA equao de NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health EUA) foi desenvolvida para calcular o peso limite recomendvel em tarefas repetitivas de levantamento de cargas. Essa equao foi desenvolvida inicialmente em 1981 e revisada em 1991, tendo o objetivo de prevenir ou reduzir a ocorrncia de dores causadas pelo levantamento de cargas. Ela refere-se apenas tarefa de apanhar uma carga e desloc-la para deposit-la em outro nvel, usando as duas mos.

Recomendaes do NIOSH para levantamento de cargasA equao estabelece um valor de referncia de 23 kg que corresponde capacidade de levantamento no plano sagital, de uma altura de 75 cm do solo, para um deslocamento vertical de 25 cm, segurando-se a carga a 25 cm do corpo. Essaseria a carga aceitvel para 99% dos homens e 75% das mulheres, sem provocar nenhum dano fsico, em trabalhos repetitivos.

6.6 Transporte de cargas

Recomendaes: mantenha a carga prxima ao corpo; Adote um valor adequado para cargas unitrias; Use cargas simtricas; Providencie pegas adequadas; Trabalhe em equipe; Defina o caminho; Supere os desnveis do piso; Elimine desnveis entre postos de trabalho; Use carrinhos; Use transportadores mecnicos.

Legislao brasileiraA legislao brasileira tem uma norma para transporte e manuseio de materiais, especificamente para o trabalho com sacarias (Norma Regulamentadora NR 11). Outra norma (NR18) estabelece o limite mximo de 60 kg para transporte e descarga individual em obras de construo, demolio e reparos.

7. Posto de trabalho

Posto de trabalho a configurao fsica do sistema homem-mquina-ambiente. uma unidade produtiva envolvendo um homem e o equipamento que ele utiliza para realizar o trabalho, bem como o ambiente que o circunda.

7.1 Enfoques do posto de trabalho

H, basicamente, dois tipos de enfoques para analisar o posto de trabalho: o taylorista e o ergonmico. O enfoque taylorista (ver seo 1.3) baseado nos princpios de economia dos movimentos. O enfoque ergonmico baseado principalmente na anlise biomecnica da postura e nas interaes entre o homem, sistema e ambiente. O enfoque taylorista, embora seja criticado por ser pouco cientfico, ainda importante, por ser largamente utilizado na prtica.

Enfoque taylorista do posto de trabalhoO enfoque taylorista do posto de trabalho baseia-se no estudo dos movimentoscorporais necessrios para executar um trabalho e na medida do tempo gasto em cada um desses movimentos. Resumidamente, chamado de estudo de tempos e movimentos.O desenvolvimento do melhor mtodo feito geralmente em laboratrio de mtodos, onde os diversos dispositivos, materiais e ferramentas so colocados em posies mais convenientes, baseados em critrios empricos e experincias pessoais do analista de mtodos. Esse processo abrange trs etapas:

1. Desenvolver o mtodo preferido - Para desenvolver o mtodo preferido, o analista de trabalho deve: a) definir o objetivo da operao; b) descrever as diversas alternativas de mtodos para se alcanar o objetivo; c) testar essas alternativas; e d) selecionar o mtodo que melhor atenda ao objetivo.

2. Preparar o mtodo padro - O mtodo preferido deve ser registrado para se converter em padro, ou seja, ser implantado em toda fbrica. Para isso, deve-se: a) realizar uma descrio detalhada do mtodo, especificando os movimentos necessrios e a seqncia dos mesmos; b) fazer um desenho esquemtico do posto de trabalho, mostrando o posicionamento das peas, ferramentas e mquinas, com as respectivas dimenses; e c) listar as condies ambientais (iluminao, calor, gases, poeiras) e outros fatores que podem afetar o desempenho.

3. Determinar o tempo-padro - O tempo padro o tempo necessrio, a um operrio experiente, para executar o trabalho usando o mtodo padro, incluindo-se a as tolerncias de espera (por exemplo, aguardar a mquina completar o ciclo), as ineficincias do processo produtivo, e as tolerncias para fadiga (dependem da carga de trabalho e das condiesambientais).

Enfoque ergonmico do posto de trabalhoO enfoque ergonmico tende a desenvolver postos de trabalho que reduzam as exigncias biomecnicas e cognitivas, procurando colocar o operador em uma boa postura de trabalho. Os objetos a serem manipulados ficam dentro da rea de alcance dos movimentos corporais.No enfoque ergonmico, as mquinas, equipamentos, ferramentas e materiais so adaptados s caractersticas do trabalho e capacidades do trabalhador, visando promover o equilbrio biomecnico, reduzir as contraes estticas da musculatura e o estresse geral.

7.2 Projeto do posto de trabalho

O projeto do posto de trabalho faz parte de um planejamento mais global das instalaes produtivas, tambm chamado de arranjo fsico ou layout de fbricas e escritrios. Esse planejamento das instalaes feito em trs nveis.

Nvel 1. Projeto do macro-espao - Nesse nvel, feito um estudo do espao global da empresa.Nvel 2. Projeto do micro-espao - No nvel micro, a ateno focalizada em cada unidade produtiva, ou seja, no posto de trabalho.Nvel 3. Projeto detalhado - O projeto detalhado estabelece as caractersticas da interface homem-mquina-ambiente, para que as interaes entre esses subsistemas sejam adequadas.

Levantamento de dadosPara o projeto adequado do posto de trabalho, necessrio obter informaes sobre a natureza da tarefa, equipamento, posturas e ambiente.

7.3 Anlise da tarefaA primeira etapa do projeto de um posto de trabalho fazer uma anlise detalhada da tarefa. Esta pode ser definida como sendo um conjunto de aes humanas que tornapossvel um sistema atingir o seu objetivo. Ou, em outras palavras, o que faz funcionar o sistema, para se atingir o objetivo pretendido.A anlise da tarefa realiza-se em trs nveis. O primeiro, chamado de descrio a tarefa, ocorre em um nvel mais global, o segundo, chamado de descries das aes, em um nvel mais detalhado, e o terceiro, uma reviso crtica, para corrigir os eventuais problemas.

Descrio da tarefaA descrio da tarefa abrange os aspectos gerais da tarefa e as condies em que ela executada. Geralmente envolve os se