tpr - total physical response no ensino da lingua inglesa

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO UPE FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE PETROLINA - FFPP DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO ALEX ANDRADE SAMPAIO MARIA DAS GRAÇAS BEZERRA CABRAL Reflexões sobre o uso da abordagem Total Physical Response (TPR) nos primeiros passos do aprendizado da língua inglesa. Petrolina Dezembro, 2007

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Trabalho sobre o uso da abordagem TPR - Total Physical Response - no ensino da língua inglesa

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Page 1: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE

FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE

PETROLINA - FFPP

DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO

ALEX ANDRADE SAMPAIO

MARIA DAS GRAÇAS BEZERRA CABRAL

Reflexões sobre o uso da abordagem Total Physical

Response (TPR) nos primeiros passos do aprendizado da

língua inglesa.

Petrolina

Dezembro, 2007

Page 2: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

ALEX ANDRADE SAMPAIO

MARIA DAS GRAÇAS BEZERRA CABRAL

Reflexões sobre o uso da abordagem Total Physical

Response (TPR) nos primeiros passos do aprendizado da

língua inglesa.

Monografia apresentada ao Departamento de Pós-

Graduação da Faculdade de Formação de

Professores de Petrolina – FFPP/UPE, como

requisito para obtenção de Grau de Especialista em

programação de Ensino de Língua Inglesa.

Orientadora: Profª. Ms. Edna Maria Alencar de Sá

Petrolina

Dezembro, 2007

Page 3: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

A nossos pais.

Page 4: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

“É preciso aprender a pensar, é preciso aprender

a falar e escrever; o fim dessas três coisas é uma

cultura aristocrática. Desconfio de todas as

pessoas com sistemas e as evito. A vontade de

sistema constitui uma falta de lealdade”

Nietsche

Page 5: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

RESUMO

SAMPAIO, Alex A.; CABRAL, Maria das G. B. Reflexões sobre o uso da

abordagem Total Physical Response (TPR) nos primeiros passos do

aprendizado da língua inglesa. Monografia. Curso de Pós-Graduação da

Faculdade de Formação de Professores de Petrolina – FFPP/UPE. Petrolina. p.

53, 2007.

Este estudo trata da abordagem Total Phyical Response, mais conhecida por

TPR, que visa a ensinar a língua estrangeira de forma similar ao aprendizado da

primeira língua pela criança: através de comandos e movimentos físicos, sob a

alegação de que dessa forma, os estudantes utilizarão o hemisfério direito

cerebral, mais suscetível à aprendizagem. Através de uma pesquisa

bibliográfica, identificamos a metodologia das lições, o syllabus e as técnicas de

apresentação desta abordagem. Aulas experimentais e uma entrevista com um

especialista permitiram inferir que, embora como abordagem única o TPR tenha

o problema de limitação de vocabulário e das estruturas apresentadas, ser

excessivamente centrada no professor e requerer poucos alunos por turma ou um

grande espaço físico de sala de aula, é extremamente útil ao ser utilizado como

técnica complementar no ensino da língua em turmas iniciais de inglês, pois

proporciona o contexto e a baixa ansiedade necessária para a aquisição rápida da

língua estrangeira.

Palavras-chave: TPR, abordagem comunicativa, hemisfério direito do cérebro

Page 6: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 7

1 MARCO TEÓRICO .................................................................................................................................. 12

1.1 O APRENDIZADO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA SEGUNDO KRASHEN ........................................................ 12 1.1.1 Introdução ..................................................................................................................................... 12 1.1.2 A hipótese do Input ........................................................................................................................ 13 1.1.3 A hipótese do Filtro afetivo ........................................................................................................... 15

1.2 OS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS .............................................................................................................. 16 1.3 O MITO DA SUPERIORIDADE DAS CRIANÇAS NO APRENDIZADO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA ................... 18

2 TOTAL PHYSICAL RESPONSE (TPR): EMPREENDENDO UMA ANÁLISE ............................... 20

2.1 HISTÓRICO .......................................................................................................................................... 20 2.2 LIÇÕES DE TPR ................................................................................................................................... 21

2.2.1 Introdução ..................................................................................................................................... 21 2.2.2 Apresentação ................................................................................................................................. 21 2.2.3 Trabalhando os vocábulos apresentados ...................................................................................... 22 2.2.4 Comandos TPR .............................................................................................................................. 23 2.2.5 Ambiente ........................................................................................................................................ 23 2.2.6 Arranjo da sala de aula ................................................................................................................. 24 2.2.7 Número ideal de alunos por sala de aula ...................................................................................... 25

2.3 HABILIDADES ...................................................................................................................................... 26 2.3.1 Listening – a habilidade fundamental ........................................................................................... 26 2.3.2 Reading .......................................................................................................................................... 27 2.3.3 Speaking ........................................................................................................................................ 28 2.3.4 Writing ........................................................................................................................................... 29

2.4 ERROS ................................................................................................................................................. 29 2.5 SYLLABUS ........................................................................................................................................... 29 2.6 MATERIAIS UTILIZADOS EM AULAS DE TPR ........................................................................................ 30

2.6.1 Introdução ..................................................................................................................................... 30 2.6.2 Props ............................................................................................................................................. 31 2.6.3 O quadro negro e a mesa do professor .......................................................................................... 32

2.7 GAMES ................................................................................................................................................ 32 2.8 AVALIAÇÕES ....................................................................................................................................... 34 2.9 TPR É SÓ COMANDOS? ........................................................................................................................ 36

2.9.1 Comandos e descrições simples ..................................................................................................... 37 2.9.2 Seqüência de ações ........................................................................................................................ 38 2.9.3 Diálogos em atividades naturais ................................................................................................... 40 2.9.4 Interpretação de ações .................................................................................................................. 41

2.10 PRINCÍPIOS COGNITIVOS QUE FUNDAMENTAM O TPR ......................................................................... 41 3 METODOLOGIA ...................................................................................................................................... 43

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................. 45

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 46

APÊNDICE A. RELATÓRIO DE AULA ......................................................................................................... 49

APÊNDICE B. ENTREVISTA COM O PROFESSOR MARK SILVERS.................................................... 51

Page 7: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

7

INTRODUÇÃO

Esta monografia trata do estudo de uma abordagem para o ensino de línguas estrangeiras,

termo que recomenda maiores esclarecimentos, pois muitas vezes é confundido com método,

técnica ou currículo. Fizemos uso então, da definição de Brown (1994, apud RENSAHW

2007):

Abordagem (approach) – Pressupostos teóricos e crenças sobre a natureza da língua e da

aprendizagem da língua. Envolve princípios filosóficos relacionados com a natureza da

língua, princípios psicológicos concernentes com a natureza do aprendizado e, de forma mais

ampla, com princípios sócio-políticos ligados aos objetivos da educação.

Método (method) – um conjunto generalizado de estratégias de aulas para alcançar objetivos

lingüísticos. Métodos tendem a ser primeiramente relacionados com regras e comportamento

de estudantes e do professor e secundariamente com objetivos lingüísticos e de conteúdo.

Currículo (curriculum/syllabus) – Conteúdo de um determinado programa de língua

Técnica (technique) – Qualquer um dos vários exercícios, atividades ou equipamentos

utilizados em sala de aula para atingir os objetivos de uma aula.

Assim, abordagem é o termo mais abrangente, pois engloba os pressupostos teóricos

acerca da língua e da aprendizagem e define o método, que contém normas de aplicação

destes pressupostos. Com estes conceitos, observamos que alguns termos consagrados, como

método direto apresentam uma imprecisão terminológica, pois este não é um método e sim,

uma abordagem (LEFFA, 1988). Conforme síntese de Lewis (2006), na ciência de ensinar

uma língua estrangeira, o currículo responde o quê, o método determina como e a abordagem

explica o porquê.

Usualmente, damos o nome de abordagem tradicional no ensino de línguas àquelas

práticas nas quais o professor explica uma determinada regra gramatical e em seguida passa

exercícios escritos com repetições da nova estrutura apresentada. Conforme Krashen e Terrel

(2000), nada é mais distante dos fatos históricos: tradicionalmente, o homem tem aprendido

línguas através do contato direto com falantes em situações real de comunicação com

Page 8: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

8

finalidades específicas, como nos intercâmbios comerciais. Para esses autores, os livros

gramaticais têm sua origem na valorização que os nobres gregos e romanos davam a estes

estudos. Durante a Idade Média, o latim ainda perdurou como língua franca, e provavelmente

os compêndios gramaticais serviam como suporte à escrita e conviviam paralelamente com o

aprendizado da língua em interações cotidianas entre falantes. Entretanto, aos poucos o latim

foi se restringindo aos meios acadêmicos e às comunicações diplomáticas. Assim, a ênfase no

ensino das línguas estrangeiras passou a ser a leitura e tradução de textos, e a gramática era o

suporte básico para esta atividade. Por inércia, esta abordagem manteve-se popular até o fim

do Séc XIX.

Uma das primeiras e mais conhecida reação à abordagem gramatical foi o chamado

método direto, cujo nome teve sua origem em uma publicação do Ministério Francês de

Instrução Pública de 1901 (KRASHEN E TERREL, 2000).

Esta abordagem foi impulsionada pelos movimentos migratórios e o crescimento do

comércio internacional característicos daquela época. A ênfase era na comunicação na língua

alvo através da associação direta de significados, sem tradução. Um exemplo de lições no

método direto (Figura 1) mostra uma de suas falhas: as lições eram constituídas “por frases

artificiais e descontextualizadas” (PAIVA, 2005):

Figura 1. Fragmentos de lição do livro Essential English, book one (Fonte: Paiva, 2000)

A base metodológica que faltava no método direto foi alcançada na abordagem áudio-

lingual, desenvolvida pelo exército americano durante a Segunda Guerra Mundial. Esta

abordagem baseada no behaviorismo, considerava a aprendizagem um produto do

condicionamento realizado pelo processo de estímulo e resposta. Dessa forma, as estruturas

gramaticais deveriam ser praticadas até que o estudante as produzisse automaticamente

(PAIVA, 2005). A seguir uma típica lição áudio-lingual:

Page 9: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

9

Do you speak

French?

Spanish?

English?

Italian?

No,

I

We don‟t

They

speak

French

Spanish

English

Italian He

She doesn‟t

O erro não era admitido, portanto, a produção deveria ser controlada para que a

correção fosse feita imediatamente após a sua detecção. O professor agia como um maestro,

dirigindo produções ora de um estudante, ora do grupo, ora de uma fila. As inúmeras

repetições tornavam esta abordagem por demais enfadonha, principalmente para adultos, além

de tolher a criatividade dos falantes. (PAIVA, 2005)

Embora o método direto e a abordagem áudio-lingual constituam avanços em relação à

abordagem gramatical, ambas repetem o erro de priorizar a forma, ou seja, as estruturas

gramaticais, em detrimento do real objetivo de qualquer língua, que é a comunicação.

Krashen e Terrel (2000) consideram um erro assumir que a compreensão consciente de regras

gramaticais seja um pré-requisito para a aquisição da competência comunicativa, aqui

entendida como a habilidade de utilizar a língua em interações sociais. O ensino sistemático

das estruturas gramaticais somente residualmente habilita o estudante a comunicar-se em reais

situações de uso de uma língua. De acordo com Widdonson (apud PAIVA, 2005):

“communicative abilities embrace linguistic skills but not the reverse”.

Paiva (2005) considera que as abordagens comunicativas nasceram com o avanço dos

estudos lingüísticos a partir do final da década de 50, especialmente a partir dos estudos de

Chomsky que ressaltava a singularidade do falante e a característica criativa da comunicação.

A evolução dos novos paradigmas comunicativos continuou com Dell Hymes, que defendeu a

competência comunicativa como dependente do domínio da forma pela qual a língua é usada

pelos membros de uma comunidade, ou seja, da adequação da fala ao contexto real em que

esta é exigida. Em seguida Canale e Swain (apud PAIVA, 2005) determinaram quatro

dimensões comunicativas: a gramatical, a sociolingüística, a discursiva e a estratégica.

Page 10: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

10

Para Paiva (2005, p.133), as principais características das abordagens comunicativas

são:

1. A língua deve ser entendida como discurso, ou seja, um sistema para

expressar sentido;

2. Deve-se ensinar a língua e não sobre a língua;

3. A função principal da língua é a interação com propósitos

comunicativos;

4. Os aprendizes devem ter contato com amostras de língua autêntica;

5. A fluência é tão importante quanto a precisão gramatical;

6. A competência é construída pelo uso da língua;

7. Deve-se incentivar a criatividade dos alunos;

8. O erro deve ser visto como testagem de hipóteses;

9. A reflexão sobre os processos de aprendizagem deve ser estimulada de

forma a contribuir para a autonomia dos aprendizes

10. A sala de aula deve propiciar a aprendizagem colaborativa.

Entre os teóricos do ensino comunicativo, destacamos o lingüista norte-americano

Krashen. Em seu trabalho junto ao professor Terrel, “The Natural Approach” (2000), ele

propôs uma abordagem que seguisse um caminho natural para a aquisição de línguas. Através

deste livro, tivemos o primeiro contato com a abordagem TPR, abreviação para “Total

Physical Response”, objeto de estudo desta monografia.

Esta abordagem procura ensinar a língua estrangeira de forma semelhante com que

tomamos os primeiros contatos com nossa primeira língua, ou seja, ouvindo e compreendendo

o significado das mensagens pela expressão corporal de nossos pais.

Desse modo, esta pesquisa tem como objetivo geral analisar a abordagem TPR como

ferramenta para aquisição de uma língua. Para tanto, serão destacados seus fundamentos,

propósitos e técnicas, desenvolvendo-se a partir disto uma reflexão crítica em relação aos seus

limites e potencialidades

Para isto, estruturamos nossa monografia em capítulos, além desta introdução. No

capítulo 1, apresentamos o marco teórico necessário para o estudo da abordagem: os conceitos

e definições de Krashen, como a teoria do monitor, a diferença entre a aquisição e a

aprendizagem da língua e a hipótese do filtro afetivo; as últimas pesquisas sobre a

especialização dos hemisférios cerebrais, pois um dos fundamentos do TPR é a utilização do

hemisfério direito para a aquisição da língua e finalmente, relatamos um estudo sobre o mito

da superioridade das crianças no aprendizado da língua estrangeira.

No capítulo 2 mostramos o histórico do TPR e seus princípios. Estudamos as técnicas

para a prática de lições, que basicamente utilizam comandos para apresentar vocabulário e

estruturas da língua. Verificamos o ambiente necessário, o lay-out da sala de aula, o ensino de

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11

quatro habilidades: listening, reading, speaking e writing, o syllabus e o tratamento de erros.

Descrevemos os materiais auxiliares utilizados, os games, a forma de avaliação e o alcance de

seus comandos. Finalizamos com uma reflexão sobre os princípios cognitivos que

fundamentam a abordagem.

O capítulo 3 contém a metodologia adotada nesta monografia, basicamente uma pesquisa

bibliográfica complementada com algumas aulas em TPR e uma entrevista com Silvers, autor

de livros e introdutor desta abordagem no Brasil. O relatório de aula e a íntegra da entrevista

estão reproduzidos no apêndice A e B.

No último capítulo desta monografia tecemos nossas considerações finais sobre a

abordagem, suas deficiências, virtudes e as recomendações para sua utilização em sala de

aula.

Esperamos que o estudo dessa abordagem sirva como passo inicial para despertar nos

atuais e futuros professores de inglês o interesse não somente nesta abordagem, mais no

estudo crítico sobre como realizar aulas efetivamente comunicativas.

Page 12: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

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1 MARCO TEÓRICO

1.1 O aprendizado da língua estrangeira segundo Krashen

1.1.1 Introdução

O livro do professor Stephen Krashen "Second Language Acquisition and Second

Language Learning" (1981) fornece-nos pontos de reflexões sobre o aprendizado da língua

humana.

Neste trabalho, Krashen estabeleceu a teoria do Monitoramento no aprendizado de

uma segunda língua (L2). Segundo esta teoria, adultos desenvolvem suas habilidades em

línguas estrangeiras por meio de dois sistemas independentes: o de aquisição (acquisition) e

o de aprendizagem (learning).

A aquisição é similar ao processo pelo qual crianças aprendem a falar, a saber:

− Requer interação na L2;

− A preocupação é com a compreensão da mensagem e não com a forma;

− Correção de erros e ensino consciente de regras gramaticais não são importantes. As

regras são intuídas.

Há ainda duas hipóteses secundárias sobre aquisição: falantes nativos podem alterar

suas formas de expressão quando tentam se comunicar com aprendizes da língua,

simplificando-a, para facilitar a compreensão; e as estruturas gramaticais são adquiridas em

uma ordem similar de morfemas.

Já a aprendizagem ocorre através da apresentação de regras gramaticais e correção de

erros. Não há uma seqüência lógica de estruturas gramaticais aprendidas, embora os syllabus

tendam a seguir do simples ao complexo.

A teoria do monitoramento prega que a aprendizagem só é utilizada de forma

monitorada. As falas são realizadas pelo sistema adquirido, sendo que o sistema aprendido só

intervém antes ou depois, geralmente visando uma maior precisão, conforme o esquema da

Figura 2.

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13

Figura 2. Funcionamento dos sistemas adquirido e aprendido. Fonte: Krashen (1981)

Existem as seguintes condições para o monitoramento:

− Requer tempo, ou seja, durante a conversação geralmente não há tempo para

raciocinar sobre as regras gramaticais conscientes e aplicá-las. Portanto, conversações

praticamente não utilizam este sistema.

− O falante deve estar focado na forma;

− O falante deve dominar as regras gramaticais conscientes.

Uma nota importante é que a linguagem adquirida também permite a auto-correção,

porém esta é realizada pela gramática adquirida subconscientemente. É o que ocorre com os

nativos quando percebem erros nas falas.

Situações que permitem as três condições do monitoramento são muito raras, sendo a

mais óbvia a de testes gramaticais. Assim Krashen conclui (tradução nossa):

“O problema não é que somente podemos monitorar utilizando regras

conscientes, o cerne da questão é que o aprendizado somente pode ser

utilizado quando agimos como monitores”. (p. 4)

Em função desta teoria, devemos considerar que o ensino de uma língua estrangeira deve

visar a sua aquisição. A partir deste ponto, a questão é: como se procede esta aquisição? Para

respondê-la, Krashen estabelece a hipótese do Input, tema do próximo tópico.

1.1.2 A hipótese do Input

Nesta hipótese, mais elaborada no seu trabalho “The Natural Approach” junto Tracy

Terrel (2000), Krashen considera que a compreensão auditiva e em leituras é de primordial

Page 14: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

14

importância em um programa de línguas e que as habilidades de falar e escrever fluentemente

emergirão naturalmente a partir do momento em que o estudante construir sua competência a

partir de comprehensible input, entendido como novas informações transmitidas e

compreendidas.

Dessa forma, a hipótese estabelece uma similaridade entre a aquisição da primeira língua

e a de línguas estrangeiras. Em ambos os casos, a comunicação entre professor/aluno ou

pais/filhos deve ser “vigiada”, para que aconteça o comprehensible input necessário à

aquisição, tendo as seguintes características:

− Obedece ao princípio aqui e agora (here and now) , ou seja há sempre um contexto de

realidade em relação à mensagem transmitida;

− É sintaticamente simples, e vai ganhando complexidade à medida em que a maturidade

da estudante se desenvolve;

− A finalidade é a comunicação.

Ainda segundo esta hipótese, para que a aquisição progrida, é necessário que o estudante

entenda estruturas do próximo estágio de aprendizado. Isto é possível através de contexto e

informações extra-lingüísticas. Mais formalmente, o estudante deve mover-se do seu estágio

atual de aprendizado, representado como nível i para o estágio imediatamente subseqüente, ou

seja, i+1, através da compreensão da nova estrutura. Isto porém, inevitavelmente adviria em

duas impossibilidades práticas: a de se estabelecer o nível i a todo momento e a de se

comunicar utilizando apenas estruturas do nível i+1.

Este problema é contornado por Krashen através do corolário de que o input não tem que

ser necessariamente estabelecido de forma precisa. O professor deve preocupar-se apenas que

os alunos compreendam o que está sendo dito ou lido. Quando há suficiente input, i+1 será

automaticamente incluído da mesma forma que serão revistas estruturas previamente

adquiridas. É algo como uma rede, ilustrada na Figura 3.

No chamado Input apenas ajustado, o falante somente tenta ser compreendido. Quando

isto acontece, ele “lança” uma rede de estruturas que incluirá a i+1.

A hipótese do Input fundamenta-se na teoria conhecida como silent period, ou período do

silêncio, estabelecida por Hatch (apud ASHER, 2003) e depois confirmada em vários outros

estudos, como em Hakuta (1974) e Gough (1978) (apud ASHER, 2003). Esta teoria

demonstra que a aquisição da língua estrangeira em ambientes informais ou mesmo a da

primeira língua por crianças, é precedida por um período de muita exposição compreensiva à

língua com o mínimo de produção.

Page 15: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

15

Figura 3. Input preciso X Input apenas ajustado. Fonte: Krashen & Terrel (2000), adaptada.

Finalmente, fecharemos a análise da obra de KRASHEN (1981) com outra hipótese

vinculada ao aprendizado, a hipótese do Filtro afetivo (Affective Filter).

1.1.3 A hipótese do Filtro afetivo

Esta hipótese determina que variáveis relacionadas à postura (attitude) dos alunos diante

do estudo da língua estrangeira concorrem para o sucesso da aquisição da língua, mas não

necessariamente afetam o aprendizado. Entre estas variáveis podemos citar:

Motivação integrativa: o desejo de ser membro de uma comunidade que utiliza outro

idioma estimula a interação com falantes desta língua e, portanto, favorece inputs;

Auto-confiança: Pessoas mais seguras de si e extrovertidas estão mais aptas a

interagirem e receberem inputs.

Empatia: A capacidade de se comprometer e identificar-se com os sentimentos e

experiências de outras permite uma melhor interação com falantes da língua estrangeira.

Assim, para explicar a relação positiva entre postura e aquisição da língua, sugere-se que

estudantes com ótimas atitudes estão mais “abertos” a inputs e, portanto, possuem um baixo

filtro afetivo. A operação deste filtro é esquematizada na Figura 4.

Page 16: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

16

Figura 4. Funcionamento do filtro afetivo. Fonte: Krashen & Terrel (2000)

1.2 Os Hemisférios Cerebrais

Conforme Ludescher (2007) e Asher(2003), a descoberta dos hemisférios cerebrais foi

possível graças a testes em laboratórios efetuados em gatos e macacos pelos cientistas

ganhadores do prêmio Nobel Roger Sperry e Ronald Meyers no início dos anos 50. Nos seus

testes, eles verificaram que os hemisférios esquerdo e direito daqueles animais processam

informações de forma independente e trocam informações entre si através do corpo caloso,

um tecido neural que os conecta. Posteriormente, constatou-se este fenômeno biológico

através de testes em seres humanos que sofriam de epilepsia grave. A epilepsia ocorre em um

hemisfério do cérebro e irradia para o outro hemisfério através do corpo caloso. Como estes

não respondiam às drogas, a única maneira de reduzir seus efeitos à época era retirando este

tecido neural para evitar a expansão do ataque epilético.

Para as experiências sobre hemisférios, pacientes que sofreram extração do corpo

caloso eram postos sentados diante de uma tela opaca. Atrás desta tela eram postos objetos

que somente podiam ser reconhecidos pelo manuseio. Imagens e palavras eram exibidas de

maneira que poderiam ser vistas por um olho somente (Figura 5). Sabe-se que o lado esquerdo

do cérebro controla os órgãos do lado direito (visão, audição, braços...) e vice-versa.

Em um típico experimento, uma palavra, por exemplo, garfo era projetada na tela para

somente ser vista pelo olho esquerdo, e, portanto, processada no hemisfério direito do cérebro.

Neste caso, o paciente não conseguia dizer que palavra tinha visto. Porém, quando solicitado a

escrever a palavra com a mão esquerda, ele a escrevia corretamente. Quando, por sua vez, a

palavra era exibida à sua vista direita, ele a falava prontamente.

Page 17: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

17

Similarmente, se uma objeto familiar como uma escova de dentes é posta em sua mão

esquerda, o paciente demonstra reconhecê-la, por exemplo, simulando o movimento de

escovação. Porém ele não consegue dizer o nome do objeto.

Foi a partir destes experimentos que se desenvolveram as teorias da

especialização dos hemisférios. Sabe-se que o lado esquerdo do cérebro é responsável pela

língua, enquanto o lado direito é responsável pela percepção espacial, como ilustrado na

Tabela 1.

Figura 5. Experimento com epiléticos sem o corpo caloso. Fonte: Ludescher (2007)

Tabela 1. Funções dos hemisférios cerebrais.

Hemisfério Esquerdo Hemisfério Direito

Linguagem Relações espaciais

Funções relacionadas ao tempo Percepção Gestalt

Pensamento propositivo Pensamento apropositivo

Considerações parte-todo

Música

Fonte: Krashen (1985 - tradução nossa)

Page 18: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

18

O neurocirurgião Joseph Bogen citado por Krashen (1985) e Ludescher (2007)

especulou que cada lado do cérebro utiliza modos cognitivos diferentes, um propositivo e

outro apropositivo, como ilustrado na Tabela 2.

Tabela 2. Modos cognitivos propostos por Bogen

Hemisfério esquerdo Hemisfério Direito

Racional Intuitivo

Conservador Receptivo

Linear Espacial

Analítico Holístico

Fonte: Ludescher (2007 – tradução nossa)

1.3 O mito da superioridade das crianças no aprendizado da língua estrangeira

É senso comum que crianças aprendem mais facilmente uma língua estrangeira que

adultos. Segundo Asher (2003) esta hipótese provavelmente deriva da observação de famílias

de imigrantes em países de línguas diversas: em geral, as crianças adquirem a nova língua

rápida e facilmente enquanto seus pais penam por anos, geralmente, sem atingir a fluência.

Asher explica esta diferença pelo contexto do aprendizado: crianças mais jovens

adquirem a língua estrangeira quando as pessoas que cuidam delas fazem inúmeras

declarações naquela língua direcionando à criança repetidas atividades, tais como tomar

banho, comer, vestir e brincar. Crianças mais velhas adquirem a língua no contexto de

brincadeiras com outras crianças através de direcionamentos como “jogue a bola”, “não pise

na linha”, “venha aqui”.

Page 19: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

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Figura 6. Comparação entre o desempenho de adultos e crianças no aprendizado do inglês. Fonte:

Asher(2003).

Já os adultos tendem a ter contatos com a língua em contextos estáticos, em que a

língua está desvinculada das ações. Conversas entre adultos são do tipo “Oi, hoje faz um

bonito dia, não é?” seguida de respostas como “Sim. Ouvi falar que vai chover neste final de

semana”

Em um estudo, Price e Asher (2003) compararam adultos e crianças que estudaram

uma língua estrangeira da mesma forma: através de comandos e movimentos corporais. Os

resultados, representados na Figura 6, demonstram que, ao contrário do senso comum, os

adultos superaram as crianças no aprendizado em todas as faixas de idade.

Uma ressalva deve ser feita: pesquisas realizadas por Asher e Garcia e confirmadas

por Krashen (1969, apud ASHER 2003) concluem que, no tocante à pronúncia, pessoas que

adquirem a língua estrangeira após a puberdade tendem a não conseguir imitar os sons

nativos, geralmente falando com sotaque.

Comandos seguidos de ações são a base do TPR conforme veremos a seguir.

Page 20: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

20

2 TOTAL PHYSICAL RESPONSE (TPR): EMPREENDENDO UMA ANÁLISE

2.1 Histórico

O precursor do TPR foi o professor inglês Harold E. Palmer. Em 1925, enquanto

diretor do Instituto de Pesquisa para o Ensino do Inglês no Japão, publicou seu livro “English

through Actions”, onde propunha que nos contatos iniciais com a língua estrangeira, os

estudantes deveriam ter uma quantidade considerável de aulas que consistiam em executar

comandos proferidos pelo professor. (ROMIJN e SEELY, 2001)

Em 1960, sem conhecer o trabalho de Palmer, Asher iniciou seus estudos sobre sua

abordagem, divulgando vários trabalhos em revistas especializadas que em 1977 foram

consolidados no livro “Learning Another Language Through Actions”. Segundo Asher, as três

idéias-chaves de sua abordagem instrucional para a aquisição de uma língua estrangeira são:

− A compreensão da língua falada deve ser desenvolvida antes da fala;

− A compreensão deve ser desenvolvida através de movimentos corporais do

estudante. O imperativo é uma poderosa ajuda por que permite ao instrutor proferir comandos

para manipular o comportamento dos estudantes;

− Não se deve forçar a fala dos estudantes. À medida que os estudantes internalizarem

um mapa cognitivo da língua estrangeira através da compreensão do que é ouvido, surgirá um

momento em que eles estarão prontos para falar espontaneamente.

Garcia (2001) considera dois conceitos fundamentais para a compreensão da

abordagem TPR:

1. A noção de que um envolvimento com a resposta física total é um de seus pilares −

a idéia de introduzir uma segunda língua a estudantes através de comandos deriva do caminho

natural pelo qual aprendemos nossa primeira língua, ou seja, ouvindo e agindo fisicamente em

resposta a pedidos, direcionamentos ou comandos de membros de nossa família.

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2. O TPR é uma abordagem que utiliza o lado direito do cérebro, mais tolerante a

novas idéias para a compreensão, o que elimina a tradução para a língua materna e torna a

aquisição menos cansativa.

2.2 Lições de TPR

2.2.1 Introdução

As lições de TPR se dividem em duas fases:

Na primeira, que podemos chamar de “apresentação”, o professor representa as

instruções, proferindo o comando e executando a ação. A seguir, repete as instruções e

executa as ações em conjunto com os estudantes.

Na segunda fase, a de “trabalho”, os comandos devem ser demonstrados pelos

estudantes, individualmente ou como um todo, através de comandos do professor, proferidos

tanto seqüencialmente como aleatoriamente.

2.2.2 Apresentação

Para diversificar as apresentações, Garcia (2001) sugere formas indiretas de introduzir

novos comandos ou itens, a saber:

− O professor cria situações onde o estudante tem que escolher entre dois itens, sendo

que um já é conhecido. Assim, pelo processo de eliminação, o outro será reconhecido. Ex.:

Apresenta-se ao aluno a cor Red e a palavra Pen. Há na mesa uma caneta vermelha e outra

azul. Se o professor comandar “Touch the blue pen”, o aluno compreenderá o que significa

esta nova palavra;

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− A mesma técnica pode ser utilizada com duas opções desconhecidas. Se o aluno

errar na primeira tentativa, o professor solicita “please, try again”;

− O professor apresenta um novo item que é óbvio para o estudante em função do

comando anterior ou de gestos do professor. Ex.: Após a introdução do comando “open the

door”, o professor diz ao estudante “close the door”. Se houver hesitação, o professor faz um

gesto indicando o movimento.

Empiricamente, tanto Garcia (2001) quanto Ray e Seely (2004) consideram que o

número ideal de vocábulos a serem apresentados é, no máximo, três1.

2.2.3 Trabalhando os vocábulos apresentados

Os novos termos devem ser combinados com aqueles já dominados pelos estudantes

para que eles progridam na aquisição do Inglês. Asher (2003) chama de novelties as

recombinações inéditas de constituintes que já foram usadas na aula. Por exemplo, se os

estudantes já estão familiarizados com os comandos “walk to the table” e “sit on the chair”,

uma instrução como “sit on the table” é inédita, pois não foi ensaiada anteriormente, sendo

portanto uma noveltie. As recombinações são importantes. Quando modeladas corretamente

pelos estudantes, indicam que eles encontraram a flexibilidade para reordenar elementos, fator

crucial para a fluência.

Garcia (2001) explica o poder destas recombinações através do “princípio do fatorial”:

quatro livros de cores diferentes podem ser posicionados de 24 formas diferentes. Se

acrescentarmos mais um livro, as combinações possíveis passam a ser 120, um crescimento

exponencial. Estes cálculos mostram o imenso potencial de recombinações possíveis com

alguns poucos itens de vocabulários apresentados na forma de TPR.

Segundo Garcia(2001) as “novelties” podem ser combinações mais complexas de

comandos simples. Exemplo: Após muitas atuações de comandos como “scratch you head”,

scratch his head”, “put the pen in the basket”, “pick up the pen that is inside the basket”, “put

the pen on Peter’s head”, pode-se gerar uma estrutura como “Mary, scratch Peter’s head with

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the red pen that is inside the basket”. Para que as frases soem coerentes, é importante incluir

desde cedo, no vocabulário apresentado, palavras fortemente gramaticais, como “of”, “with” e

“and”. É claro que devemos ser cuidadosos ao proferir tais comandos para não sobrecarregar

os estudantes.

Ainda segundo Garcia (2001), ao trabalhar itens já apresentados devem-se evitar dois

extremos: o primeiro é não tornar os comandos previsíveis, por exemplo, repetindo

excessivamente a seqüência “sit down”, “stand up” e “walk”, após um comando “sit down”, o

aluno tenderá a executar “stand up”, mesmo que o comando tenha sido outro. O outro

extremo seria tentar realizar “pegadinhas” com o aluno, por exemplo, fazendo gestos de sentar

quando dando o comando “walk”, ato que somente confundirá os estudantes, além de reduzir

a confiança no professor nas perfomances seguintes.

2.2.4 Comandos TPR

Os comandos são dados principalmente na forma de imperativo. Para a língua inglesa

isto não gera maiores problemas, pois nela a forma imperativa é a mesma ou a base da maior

parte dos tempos verbais, e, excetuando-se o caso do particípio e do passado dos verbos

irregulares, as alterações mórficas necessárias para as flexões de tempo são relativamente

simples: basicamente, acrescentamos o prefixo –ing nos tempos contínuos, o prefixo –ed nos

tempos passado e particípio passado e –s na conjugação da terceira pessoa do presente

simples.

2.2.5 Ambiente

Garcia (2001) enfatiza que o bom professor de TPR deve estimular um ambiente de

máxima descontração. É importante reduzir o tanto quanto possível a tensão na realização de

comandos pelos alunos. Deve-se incitar a participação coletiva desde o início das aulas, por

exemplo, aplaudindo as perfomances.

1 Um estudo do neurocientista Herbert Simon reforça este dado empírico: ele demonstrou que o tamanho ideal

para a memorização de grupos de palavras ou números, significativos ou não (este é o caso de novas palavras) é

de três. (WIKIPEDIA, 2007)

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Opcionalmente, podemos incentivar aos estudantes a escolher e adotar um cognome

anglo-saxônico. Isto impede uma “quebra de ritmo” nos comandos, mantendo a sonoridade do

inglês. Por exemplo, o comando “João, go to the table” não soa natural como “John, go to the

table”. Além disso, pessoas tendem a agir menos hesitantemente quando assumindo

“personagens”. Os cognomes podem ser postos em cartões e colados nas carteiras dos alunos

para uma fácil visualização.

2.2.6 Arranjo da sala de aula

Garcia (2001) recomenda que se organize a sala de maneira que metade das carteiras

fique em oposição à outra metade, com uma área vazia no meio, para a livre movimentação

dos estudantes e do professor. Três cadeiras, que ele chama de base ficam entre as carteiras,

geralmente no fundo da sala, de maneira que possam ser vistas por todos os estudantes. É a

partir desta base que o professor profere e executa cada novo comando, juntamente com dois

alunos voluntários. Cadeiras sem braço são preferíveis, pois permitem maior liberdade de

movimentação. Cores diferentes para estas cadeiras facilitarão o uso das técnicas de

apresentação. A mesa do professor será útil para a movimentação, na execução de alguns

comandos e na utilização de props, conforme veremos posteriormente.

Quando testados individualmente, os estudantes são chamados para iniciar as respostas

aos comandos a partir desta base. A Figura 7 mostra um esquema desta organização.

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Figura 7. Organização da sala de aula para lições TPR

2.2.7 Número ideal de alunos por sala de aula

O número recomendado de alunos por turma é de 20 a 25 alunos (ASHER, 2003). A

priori, tal número invalidaria o ensino com esta abordagem na maior parte das escolas

públicas ou privadas do Brasil. Entretanto, poderíamos generalizar esta restrição para o ensino

em qualquer outra abordagem de língua estrangeira ou até mesmo para o ensino em geral.

Não obstante, Silvers (2005) desenvolveu um material para estudantes do ensino

fundamental baseado no TPR aplicado em escolas públicas do Estado do Amazonas, onde as

salas de aula tinham mais de 40 alunos. Porém, para tal quantidade de alunos, é necessário

espaço físico suficiente para movimentação dos mesmos. Asher (2003) cita casos de aulas

com 60 a 70 alunos por vez aplicadas com sucesso. Como esta é uma abordagem basicamente

oral, o professor deve planejar o nível de controle em função direta do número de alunos.

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2.3 Habilidades

2.3.1 Listening – a habilidade fundamental

Podemos dividir o uso da língua em quatro habilidades: leitura, audição, fala e escrita.

Algumas vezes, as duas primeiras são classificadas como habilidades passivas, enquanto as

duas últimas são ativas. Porém, na prática do uso da língua, ouvir está bem longe de ser uma

habilidade passiva, pois sabemos que compreender perfeitamente a língua falada é realmente

uma tarefa árdua. Conforme Lewis (1993), uma terminologia mais coerente seria dividir os

dois grupos referidos em habilidades receptivas e produtivas.

No aprendizado da nossa primeira língua (L1), a primeira habilidade desenvolvida é a

audição. Embora não haja consenso no meio científico em relação ao aprendizado de uma

língua estrangeira, consideramos que é mais sensato acreditar que ele possa se desenvolver de

maneira semelhante à L1 do que o contrário. Já dissemos que o TPR tem este conceito de

forma de aprendizado como básico.

Portanto, a prioridade do TPR é a audição. Lewis (1993) credita a ênfase atual na

produção do aluno dada por grande parte dos cursos de língua estrangeira a dois fatores:

1. Influência residual do Behaviorismo, que sustentava de forma errônea que “corrigir

produção era um passo adiante para produzir corretamente” (p. 9, tradução nossa).

2. O uso dos princípios do Syllabus funcional, de Wilkins, de maneira inadequada: este

syllabus era dirigido a adultos em cursos de curta duração – era necessário uma rápida

produção. Em cursos de longa duração, é mais apropriado encorajar os alunos a produzir que

exigir isto deles.

Em nossas aulas de língua estrangeira, podemos perceber facilmente o efeito

“perverso” de forçar a produção oral em alunos. Há um clima de constrangimento óbvio ao

observarmos um estudante balbuciar frases em Inglês sob a atenção de toda a sala. Os estudos

de Krashen (1981) demonstram a importância da baixa ansiedade para a aquisição da língua e

que o melhor caminho é fornecer ao máximo o comprehensible input e deixar o estudante

falar quando ele se sentir confortável e motivado para isso.

Krashen e Terrel (2000) citam estudos de Gary, efetuados em 1975 em crianças

demonstrando que adiar a conversação no ensino de uma segunda língua utilizando listening

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não interfere negativamente na aquisição da língua, ao contrário: na maior parte dos casos isto

é benéfico. Asher (2003) realizou o mesmo estudo com adultos indicando o mesmo resultado.

Este período de espera até iniciar a conversação ficou sendo conhecido no meio acadêmico

como silent period - mais uma vez, esta técnica baseia-se conceito de semelhança no

aprendizado primeira língua/língua estrangeiro. Nos passos seguidos para a aquisição língua,

a criança somente passa a falar depois de obter um bom entendimento auditivo da língua.

Brown (apud HOGE 2007) vai mais adiante na defesa do silent period: ele atribui o sotaque

típico dos adultos nas línguas estrangeiras como resultado da tentativa prematura de falar.

2.3.2 Reading

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino

Fundamental – Língua Estrangeira, consideram que o foco principal no ensino da língua

estrangeira deva ser na habilidade de leitura. A justificativa é que esta é a habilidade mais

adequada às “(...) condições existentes na maior parte das escolas brasileiras.” (1998, p. 21)

A leitura é uma habilidade receptiva. A priori não haveria problema em exibir os

comandos na forma escrita, pois isto permitiria a utilização adicional da memória visual. O

problema é que o inglês é reconhecidamente uma das línguas com menor coerência entre a

grafia e a pronúncia, especialmente no tocante às vogais. Palavras com mesma grafia e

diferentes pronúncias como “speak-steak” (//-//), “tour-sour-pour” (//-//-

//) são mais a regra que exceção. Assim, a leitura prematura pode acarretar em erro de

pronúncia. Observamos que tanto nas lições de TPR propostas por Asher (2003) quanto nas

de Garcia (2001) e Cabello (2006), a forma escrita é somente exibida após quatro a doze

aulas. Entretanto, melhor que procurar um número ideal de lições prévia à apresentação de

leitura, consideramos mais lógico que a forma escrita só deva ser exposta após certificar-se da

completa internalização dos comandos na forma auditiva pelos alunos.

Segundo estes autores a transição forma ouvida/forma escrita deve ocorrer na forma

mais sutil possível, ou seja, nada de especificar diretamente “agora, vou lhes mostrar como se

escreve walk”. Garcia (2001) sugere o uso de figuras simplificadas e símbolos desenhados no

quadro para mostrar as formas escritas, como ilustrado na Figura 8.

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Figura 8. Representações simplificadas de comandos

Ainda sobre esse assunto, Garcia (2001) apresenta uma lista de comandos em

seqüência que formam scenarios (roteiros), geralmente com situações engraçadas, que podem

ser escritas em tiras de papel, e entregues aos alunos para que eles leiam e executem, como

por exemplo:

Go to the table. Take the basket. Put the basket on your head. Walk in the

classroom with the basket on your head. Put the basket on the floor. Put your

right foot in the basket. Turn around two times with your foot in the basket

(p. V-5)

Go to the chalkboard. Write the word „snake‟. Erase the „n‟ and the „a‟.

Draw a basket. Draw two legs on the basket. Erase the right leg. Write the

name of your snake on the basket. Erase all of it with two hands (p. V-5)

2.3.3 Speaking

Conforme ressaltamos anteriormente, a produção oral somente deve acontecer após

algumas aulas em habilidades receptivas. Garcia (2001) recomenda aguardar cerca de 12h de

instruções em TPR antes de iniciar as atividades de speaking. Estas podem ser feitas através

da técnica de role reversal (inversão de papéis), em que os alunos são estimulados a dar

comandos para o professor executar. Este procedimento também pode ser feito entre

estudantes em pequenos grupos. Para esta última tarefa, também podem ser utilizados

scenarios como os exemplificados anteriormente.

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2.3.4 Writing

Quanto à habilidade writing, após a internalização de comandos, o professor pode

exercitá-la através de ditados, exibindo figuras que representam ações para eles descreverem

por escrito, ou estimulando os a escreverem pequenos diálogos, scenarios (conforme descritos

posteriormente, ou pequenas cenas curtas (skits) e representá-las em sala de aula.

2.4 Erros

Conforme Garcia (2001), Não há espaços para erros em aulas através da abordagem

TPR. Se os estudantes não estão atuando corretamente em respostas aos comandos, há uma

falha na apresentação do professor, excessivamente rápida ou faltando alguns passos.

Quanto aos erros na fase de produção, o TPR segue os princípios das abordagens

comunicativas para tratamento de erro, conforme Paiva (2007): considerá-los como testagem

de hipóteses e evitar correções dirigidas ao estudante

2.5 Syllabus

De acordo com Ludescher (2007), pelas lições de TPR é possível inferir o plano de

curso de um programa em TPR. Em seu livro de lições para o primeiro ano de Inglês, após as

cinco aulas iniciais, Cabello(2007) exibe o vocabulário e estruturas apresentadas,

reproduzidos a seguir:

Especificação Dados

Verbs Stand (up), sit (down), walk, turn around,

stop, jump, point to, touch, pick up, put

down, write, open, close, hit, throw, turn on,

turn off, give, take, draw, laugh, cut, run,

show, push, pull, scream

The Classroom Table, door, floor, chalkboard, pen, address,

magazine, straight line, square, chair, light,

clock, paper, chalk, name, cat, crooked line,

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window, ceiling, wall, pencil, book, flower,

watch, circle

Parts of the Body Head, nose, leg(s), foot/feet, finger(s), chest,

mouth, ear(s), shoulder(s), hair, face, eye(s),

arm(s), knee(s), hand(s), throat

Colors Red, blue, white, green, yellow, pink, black

Possessives My, your

Prepositions On, between, with, under, next to, in, around

Numbers One to fifteen (1 – 15)

Sentence structures Touch the table, write your name, turn on the

light, pick up the red flower, point to the

floor, draw a circle on the chalkboard

Assim, em conformidade com a análise de Ludescher (2007), podemos verificar que o

syllabus de um curso em TPR é baseado em sentenças, com seleção lexical baseada na

facilidade de apresentação através de movimentos e não de acordo com a freqüência de uso ou

o grau de necessidade do vocabulário. A ênfase é no significado, e não na forma. As

estruturas gramaticais são explicadas de forma indutiva, ou seja, através do aprendizado de

seu uso em várias situações, sem o estabelecimento de regras gerais.

2.6 Materiais utilizados em aulas de TPR

2.6.1 Introdução

As aulas de TPR aproveitam-se de materiais disponíveis no ambiente de qualquer sala-

de-aula. A Figura 9 nomeia os objetos mais comuns para utilização junto com comandos:

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Figura 9. Objetos em sala-de-aula que podem ser usados com comandos. Fonte: Cabello (2006)

Além disto, pode-se utilizar vestimentas e acessórios dos alunos, como shoes, glasses, t-

shirts, rings, blouses e watches. As cores podem ser explicadas através destes próprios

objetos.

2.6.2 Props

O termo prop no jargão teatral indica acessório utilizado no palco. No ensino do inglês

em TPR significa objetos auxiliares utilizados nas aulas. Objetos típicos das salas de aula

podem e devem ser usados para explicar verbos transitivos, como “go to the chalkboard” ou

“point to the chair”. Porém, figuras como cartazes representando números, objetos de

plásticos que representam objetos da vida real como frutas, veículos de brinquedo permitem

uma maior quantidade de comprehensible inputs e uma maior flexibilidade nas lições. Garcia

(2001) recomenda utilizar uma caixa (box) com alimentos e talheres de plásticos como frutas,

ovos e garfos e uma cesta (basket) contendo outros tipos de props para utilização em

comandos.

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2.6.3 O quadro negro e a mesa do professor

Considerado instrumento básico dos professores, é extremamente valioso em aulas de

TPR, tanto para a apresentação de itens como para sua revisão. Para isto, basta o professor,

nas suas aulas iniciais, deixar os alunos familiarizados com os comandos “write”, “erase” e

“draw”. Dessa forma, será possível comandos como “John, run to the chalkboard and write

your name”. “Draw a table”. “Erase the left leg of the table” e assim em diante.

A mesa do professor deve estar localizada em uma posição estratégica de maneira que

esteja à vista de todos os alunos. Assim, o professor pode direcionar comandos para a mesa e

utilizá-la para exibir props.

2.7 Games

Jogos permitem um ambiente de interação e descontração que reduz o estado de

ansiedade dos estudantes e seus filtros afetivos, facilitando o aprendizado. São especialmente

úteis na revisão de lições. Na pesquisa não encontramos material específico para games em

TPR, embora autores de trabalhos nesta abordagem, como Woodruff-Wieding e Ayala (2006),

Garcia (2001) e McKay (2005) tenham publicações sobre games em geral ou os apresentem

em suas lições.

Entretanto, Woodruff-Wieding e Ayala (2006) estabelecem cinco princípios da

abordagem TPR que devem fundamentar games: 1. apresentar a língua como meio de

comunicação contextual; 2. Estabelecer a recepção antes da produção; 3. adiar a demanda por

uma produção sem erro até que um alto grau de compreensão seja atingido; 4) apresentar

gramática como um aspecto da comunicação significativa e 5) usar o máximo possível de

instruções em língua estrangeira.

Garcia (2001) propôs um curioso Bingo TPR, que utiliza desenhos simplificados que

representam comandos e objetos TPR para serem utilizados em sala-de-aula. Uma reprodução

de uma cartela deste jogo pode ser vista na Figura 10.

Vale destacar que O site MES-English (2007) oferece gratuitamente cartelas de Bingo

com desenhos coloridos e mais bem elaborados que podem ser adaptados para rever

instruções TPR.

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Figura 10. Cartela de Bingo com comandos TPR. Fonte: Garcia (2001)

Um game interessante e de fácil aplicação em sala de aula para revisar as formas

escritas é uma adaptação do tradicional jogo norte-americano “scrabble” (no Brasil mais

conhecido como “Palavras Cruzadas”): Com auxílio de uma régua para quadro-negro, o

professor desenha um quadriculado típico de palavras cruzadas e escreve uma palavra já

ensinada, conforme a Figura 11. A classe é dividida em dois grupos, cada um com um giz de

uma cor diferente para escrever o máximo possível de palavras em um determinado período

de tempo, sendo ou não obrigatório (a depender do nível de dificuldade que o professor

deseja) utilizar letras de palavras já preenchidas. Ganha o jogo a equipe que utilizar o maior

número de letras.

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Figura 11. Exemplo de jogo scrabble no quadro-negro.

2.8 Avaliações

O processo de ensino do TPR permite uma avaliação contínua dos alunos, convidados

pelo professor para realizarem os comandos. Ray e Seely (2004) sugerem que o professor

controle o fluxo de aula através do que eles chamam de “termômetros”, que são três ou quatro

alunos com menor ritmo de aprendizado. Dirigindo a aula para eles, e avaliando-os sempre,

consegue-se uma boa garantia de que os comandos foram compreendidos.

Garcia (2001) sugere pôr uma série de comandos em tiras de papéis, solicitar ao aluno

que retire alguns aleatoriamente e pontue em função da quantidade e do nível do acerto.

Silvers (2005) criou um modelo de avaliação adaptado para turmas numerosas. Cada

avaliação é formada por um teste Listen and Act e um teste Read and Draw. No primeiro, os

estudantes são divididos em grupos de cinco. O professor dá a cada estudante do grupo um

comando. Se o estudante representa o comando corretamente, ganha dois pontos; se a

representação for parcialmente correta, um ponto e se totalmente errada, zero. A equipe ganha

a soma das pontuações de seus membros, conforme a Figura 12.

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Figura 12. Teste Listen and Act. Fonte: Silvers (2005, p.249)

No teste de Read and Draw, individual, para contrabalançar o primeiro teste, o

professor distribui aos alunos uma folha com espaço em branco onde o aluno deve desenhar

alguns comandos listados. É recomendável fazer conjuntos de comandos diferentes por

provas, para evitar “cola”. Como exemplo, temos o seguinte teste:

“Draw a big square.

1. In the center, draw a church;

2. At the top, draw a window;

3. At the bottom, draw an airplane;

4. In the upper left-hand corner, draw a hat;

5. In the lower right-hand corner, draw a circle;

6. In the lower left-hand corner, draw an eye;

7. In the upper right-hand corner, draw a flag;

8. Next to the church, on the left, draw a sad face;

9. Next to the church, on the right, draw a tall man;

10. Over the sad face, draw a kite;

11. Under the flag, draw a ruler.” (p. 234)

Na Figura 13, temos uma representação do que poderia ser um desenho com as

respostas deste problema feitas por um estudante:

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Figura 13. Modelo de resposta a teste Read and Draw. Fonte: Silvers (2005, p. 236)

2.9 TPR é só comandos?

Aparentemente, o TPR teria uma limitação, somente permitindo o aprendizado de

vocabulário e estruturas simples, vinculadas a comandos, como “stop” e “open the door”.

Contudo, veremos a seguir que esta abordagem é muito mais do que comandos, permitindo

apresentar uma grande variedade de estruturas da língua de forma natural.

Romijn e Seely (2001) classificam as práticas de TPR em quatro tipos básicos: 1.

Comandos e descrições simples; 2. Seqüências de ações; 3. Diálogos em atividades naturais

(natural action dialogs); 4. Interpretação de ações (action role-playing).

As duas primeiras constituem o denominado TPR clássico e devem ser utilizadas para

apresentar o vocabulário e estruturas básicas a iniciantes no estudo da língua. As duas últimas

podem ser utilizadas para apresentar estruturas mais complexas.

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2.9.1 Comandos e descrições simples

São os comandos “soltos” e descrições simples típicos do TPR como “go to the table”.

Especialmente com a ajuda de “props”, grande parte do vocabulário pode ser explicado

através deles, inclusive os de forte conotação gramatical.

Exemplos (Os símbolos (A), (B)... Devem ser substituídos pelos nomes dos alunos):

Números: Utilizar “flashcards” com os números e o/ou quadro negro.

“I’m going to write the number 1 on the board” [o professor escreve o número no quadro]

“(A), pick up the number 4”

“(B), write the number 10 on the board”

“(A), pick up 11 and 12 and throw them to (B)” (CABELLO, 2007, p. 7-9)

“(A), write your telephone number” (SILVERS, 1998, p. 156)

Cores: Utilizar “props” coloridos:

“(A), touch the red book “ (CABELLO, 2007, p. 12)

“(B), touch someone who wears blue”

Partes do corpo:

“(A), touch your head”

“(B), put your hands on the table” (CABELLO, 2007, p. 8)

Letras:

“Write L”

“Erase the K” (GARCIA, 2001, p. III-2)

“(A) Write your name on board”

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Pronomes:

“He is a student”. “touch his arm if he is a student”

“(A), write your name on board”. [Enquanto o estudante escreve]: ”He is writing on the

board”

“Point to her head”

“Touch my foot and then smile at me” (SCHESSLER, 1997, p. 18-21)

If Clauses:

“If today is Monday, draw a circle. If not, draw a heart” (SILVERS, 1998, p. 124)

Present continuous:

“I touch the table”. “(A), walk to the table that I’m touching” (SCHESSLER, 1997, p. 24)

Simple Past:

“(A), walk to the board”. [Após (A) ter realizado o commando]: “(B), point to where Steve

walked” (SCHESSLER, 1997, p. 23)

2.9.2 Seqüência de ações

São ações organizadas para demonstrar operações. Podem ser utilizadas para ilustrar

aspectos culturais ou situações do cotidiano. Romijn e Seely (2001) recomendam que só se

utilize esta sequëncia quando o vocabulário estiver plenamente internalizado,

desaconselhando o uso para iniciantes. A Figura 14 mostra uma seqüência do cotidiano e a

Figura 15 exibe uma situação.

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Figura 14. Sequência do cotidiano. Fonte: Renshaw (2007)

Figura 15. Situação. Fonte: Romijn e Seely (2001, p. 22)

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40

Esta seqüência pode ser utilizada para as aulas de listening em que os estudantes

executam as instruções dadas pelo professor; speaking - estudantes ditam os comandos um

para os outros; ditados e clozes.

2.9.3 Diálogos em atividades naturais

O termo diálogo aqui utilizado difere do tradicional uso deste termo em salas de aula,

onde um curto roteiro é apresentado aos estudantes e finalmente falado por eles. Neste caso, o

diálogo desenvolve-se naturalmente entre o professor e os estudantes. A ação ocorre em um

contexto real diante de situações expostas pelo professor: as estruturas são apresentadas

simultaneamente com seu uso. As questões do professor e as respostas dos alunos tornam-se,

então, o diálogo para a prática e o aprendizado. Estes diálogos constituem uma excelente

ferramenta para apresentação de estruturas gramaticais.

É importante enfatizar que as aulas de TPR supõem o aprendizado de estruturas

gramaticais de forma induzida, ou seja, vivenciando várias situações de uso da estrutura para

obter a regra geral. Nas aulas tradicionais, geralmente o professor trabalha em um processo de

dedução: expõe a regra, explicando-a e submete os alunos à práticas da forma, abstraindo-se

da circunstância onde ela é utilizada. Para Romijn e Seely (2001), a partir deste processo

resulta o conhecimento de uma estrutura que eles podem até saber formular corretamente,

porém somente têm uma vaga idéia de como usá-la. O resultado é que eles não a usam em

absoluto. Os autores acrescentam que mesmo que se explanem as circunstâncias e sejam

dados exemplos práticos, os estudantes ainda ficarão carentes do feeling em relação a quando

as circunstâncias estarão presentes para o uso da estrutura, e concluem: “Para a maior parte

dos estudantes não é suficiente entender as circunstâncias. Eles devem vivenciá-las” (2001, p.

29, tradução nossa). Exemplos (P = Professor):

Page 41: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

41

Wh_ Questions.

P − “(A), touch (B)’s arm”

A – [toca o braço de (B)]

P − “(C), who did (A) touch?”

C − [Resposta esperada]: “S/He touched (B)’s arm”

P − “(A), put your book on the floor”. [após a ação]: “(B), Where is (A)’s book?”

B − [resposta esperada] “It’s on the floor” (SCHESSLER, 1997, p. 32-33)

Negative forms

[Há um livro e uma caneta em cima da mesa do professor]

P – “(A), pick up the book”

A – [Inicia a pegar o livro]

P − “Don’t pick up the pen!”

A − “I’m not picking up the pen” [O estudante já domina o presente contínuo]

P − “What are you doing?”

A – “I’m picking the book”. (Conforme estrutura proposta por Romijn e Seely, 2001, p. 95)

2.9.4 Interpretação de ações

São exercícios livres em que uma situação é exposta a um grupo de alunos para que

eles atuem para resolvê-la. Exemplos:

You need to buy some things in the store. You ask your friend to do

it for you because you are very busy. Ask your friend to bring you a few

things (foods)

You find a 4-year-old girl in the middle of the street. She is crying

and frightened. Try to communicate with her (GARCIA, 2001, p. V-27)

2.10 Princípios cognitivos que fundamentam o TPR

Os princípios cognitivos que fundamentam o TPR já apresentados anteriormente

mostram que essa abordagem segue um caminho similar à aquisição da primeira língua pela

criança, ou seja, prioriza a audição orientada pela linguagem corporal, e utiliza o lado direito

do cérebro, menos conservador e mais receptivo a novas informações.

Page 42: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

42

Krashen e Terrel (2000) na proposta de uma abordagem natural, consideram o

comprehensible input – informações na língua estrangeira recepcionadas de forma

compreensiva pelos alunos – a base para a aquisição da língua, e o TPR fornece este tipo de

input. Asher (2003) adiciona a este conceito a credibilidade, pois para ele, os comandos TPR

permitem uma experiência pessoal e íntima com a língua que facilitam a sua aquisição.

Outro ponto em comum entre as abordagens natural e o TPR é o polêmico conceito do

silent period. Ambas refutam a produção imediata da língua pelo aluno e consideram que o

speaking é o resultado natural do processo de aquisição da língua e não a sua causa.

Asher (2003) dá outra interpretação aos conceitos de aquisição e aprendizagem

estabelecidos por Krashen (1985) como processos respectivamente inconscientes e

conscientes de “captação” de informações pelo cérebro. Para Asher, a aprendizagem é um

processo do lado esquerdo do cérebro, pois envolve conceitos como múltipla exposição,

estudar, stress e trabalhar, enquanto que a aquisição ocorre quando na utilização do lado

direito do cérebro, com conceitos como internalização à primeira exposição, stress-free, e

brincar.

A seguir, apresentaremos a metodologia utilizada neste trabalho.

Page 43: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

43

METODOLOGIA

Esta monografia tinha como objetivos estudar a abordagem TPR, verificar seus princípios

cognitivos e analisar a sua prática em salas de aula.

A pesquisa, realizada dentro do âmbito das ciências sociais, categoriza-se como

qualitativa. Conforme Chizzoti (1990), neste tipo de pesquisa, ao invés de seguir-se um plano

previamente estabelecido, com hipóteses e variáveis a serem enumeradas e medidas,

procedimentos típicos da pesquisa quantitativa, o direcionamento ocorre ao longo de seu

desenvolvimento, a obtenção de dados é feita pelo contato direto e intensivo do pesquisador

com a situação-objeto do estudo, procurando, então, entender os fenômenos a partir da

perspectiva dos participantes da situação estudada para, a partir daí, retirar novas

interpretações dos fenômenos estudados.

Ainda segundo Chizzotti (1990), a abordagem qualitativa foge dos paradigmas das

ciências exatas, que procura leis e explicações gerais – o estudo do comportamento humano e

social não deve buscar a regularidade e sim, significados..

Martins e Pinto (2001) propuseram dois critérios para a classificação de pesquisa: quanto

ao fim e quanto aos meios.

Quanto ao fim, realizamos uma pesquisa exploratória, pois visa proporcionar maior

familiaridade com a abordagem TPR, com vistas a torná-la explícita. Embora a pesquisa

exploratória não teste hipóteses diretamente, permite a construção destas hipóteses,

clarificando os conceitos do tema estudado (MARTINS e PINTO, 2001).

Quanto aos meios, a pesquisa foi bibliográfica: estudo sistematizado com base em

material publicado em livros, revistas, redes eletrônicas, disponíveis ao público.De acordo

com Martins e Pinto (2001, p. 48) Tal tipo de pesquisa “Fornece material analítico para

qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode-se esgotar por si mesma.”. Foi um

trabalho exaustivo, não sendo apenas um ato de cortar-e-colar. Envolveu a seleção de obras, o

que por si só já é uma tomada de decisão e deve ser fundamentada. Demandou a verificação

do contraditório, leituras, fichamentos, releituras, busca de obras, verificações de resenhas,

artigos. Depois disso, foi necessário ligar logicamente os temas, interpretar e analisar as idéias

e relacionar fatos.

Para esse trabalho, iniciamos com a leitura do livro que deu origem ao TPR:

“Learning Another Language Trough Actions”, de Asher (2003), em que encontramos a

Page 44: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

44

fundamentação teórica e os princípios do TPR. A partir dessa leitura, nos familiarizamos com

seus elementos práticos: syllabus, métodos e técnicas de ensino. Para a justificativa da

abordagem, foram necessárias leituras complementares sobre princípios cognitivos,

principalmente aqueles relacionados ao aprendizado da língua.

Munidos desse referencial teórico, iniciamos o processo dialético formador da práxis.

A prática nos permite um refinamento e posicionamento crítico da teoria, e sua reconstrução

adaptada à nossa realidade. O educador Lajonquère, em citação de Pimenta e Lima (2004),

forneceu-nos esta expressão: “assim como os textos são escritos ao sabor de uma época,

depois são lidos ao calor de uma outra” (p. 44). Esta frase poderia ser reescrita com o início

“as teorias são escritas em uma época e realidade social...” para nos dar um argumento

decisivo sobre a necessidade de um segundo passo.

Assim, a análise crítica da abordagem TPR foi feita a partir de duas lições de TPR que

aplicamos em uma turma de 4ª série do Ciclo Fundamental de uma escola da rede pública de

Petrolina, com 40 alunos de ambos os sexos, cuja idade média era de cerca de 10 anos de

idade. A base dessas lições foi extraída do Livro “Total Physical Response in First Year

English” de Cabello (2006). As lições sofreram algumas adaptações que julgamos necessárias,

especialmente no conteúdo léxico. Utilizamos como suporte “index cards”, fichas com os

comandos da aula conforme proposta de Mckay (2005), descritas e exibidas no Apêndice A.

A análise e o conteúdo foi complementado com auxílio de uma entrevista com Steven

Silvers, Mestre em Espanhol pela Universidade da Califórnia (UCLA), professor de Inglês

aposentado pela Universidade Federal do Amazonas, autor de vários livros sobre TPR e

introdutor de materiais de aulas nesta abordagem em escolas públicas do Amazonas.

Page 45: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

45

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De uma forma ou de outra o Total Physical Response, ou TPR, está presente em salas

de aula quando o professor utiliza mímicas e gestos em suas lições. Nas apresentações de

comandos TPR, a língua é utilizada para comunicação e a competência é adquirida pelo uso

da língua. As estruturas gramaticais são apresentadas indutivamente e o vocabulário, através

de ações. Dessa forma, não há dúvidas de que se aprende a língua e não sobre a língua.

O uso de ações físicas para a aquisição de uma língua apresenta o problema de

limitação de vocabulário, sendo que parte dele pode ser considerado irrelevante como meio de

comunicação efetivo na língua. Verificamos também que a abordagem é excessivamente

centrada no professor, o que diante da realidade social em que vivemos, com sobrecarga de

aulas, torna-a impraticável para o uso exclusivo durante todo o período letivo. A grande

movimentação que acontece com os alunos em sala de aula em decorrência das ações

comandadas dificulta a manutenção da ordem, especialmente em turmas numerosas e

indisciplinadas.

Como as aulas de inglês nos ciclos básicos das escolas públicas geralmente são

agregadas em dois horários, torna-se impossível manter a atenção da turma por 90 minutos

realizando comandos. Mesmo assim, nas aulas em que usamos o TPR, é notável a rápida e

duradoura aquisição pelos alunos dos itens ensinados. Consideramos que o aprendizado é

eficiente por utilizar vários sistemas de percepção mental concomitantemente: visual,

cinético, auditivo e de raciocínio lógico (nos casos de novelties). Outro fator positivo nessa

abordagem é o ambiente de baixa ansiedade que ela proporciona, pelo seu aspecto lúdico e

por não cobrar precocemente a produção dos alunos. Conforme Krashen (1981), a baixa

ansiedade concorre para a redução do filtro afetivo, aumentando o rendimento na aquisição da

língua.

O uso da abordagem TPR como única no ensino do Inglês é um desafio que demanda

mudanças de atitudes de professores e alunos. Segundo Silvers (2005) o TPR como

abordagem isolada deve ser realizado apenas nas primeiras aulas do aprendizado da língua,

pois permite uma imediata compreensão do uso da língua como meio em um ambiente de

descontração. Entretanto, tanto ele como nós recomendamos o seu uso como técnica sempre

que possível, especialmente na forma de interpretação e seqüência de ações e de diálogos em

atividades naturais, conforme explicitado anteriormente nesse trabalho.

Page 46: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

46

REFERÊNCIAS

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CABELLO, Francisco. Total Physical Response in First Year - English. 2nd

Edition. Sky

Oaks Productions, Inc. Califórnia, USA.2006.

CHIZZOTI, Antonio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. Cortez. São Paulo(SP).

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Page 49: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

49

APÊNDICE A. RELATÓRIO DE AULA

Para as aulas, utilizamos fichas (index cards), conforme sugestão de Mckay (2002).

Em cada ficha anotamos alguns comandos na frente e no verso, que manipulávamos durante

as aulas. Por convenção e para um maior controle, utilizamos uma simbologia: palavras

sublinhadas e em negrito indicam novos comandos; palavras sem destaque eram repetições

de comandos já efetuados e frases em itálico indicavam recombinações (novelties). Abaixo,

uma reprodução de algumas dessas fichas (frente e verso):

Frente Verso

1. Stand up

2. Sit down

3. Turn Around

Turn around and sit down

Stand up, please

Stand up and Turn around

4. Point to the chair

5. Go to the table

6. Clap

Sit down on the table

Turn around and clap

Go to the chair and clap

7. Touch the door

8. Sit on the piece of paper

9. What is this? The door? The paper?

Go to the table and touch the piece of paper

Turn around on the piece of paper

Touch the teacher, clap and sit down

Fonte: McKay (2002)

Na primeira lição, utilizamos uma técnica sugerida por Asher (2003) que causou um

efeito positivo nos alunos: iniciamos lendo a série de comandos que iriam ser ensinados.

Obviamente, os alunos nada compreenderam. Garantimos que ao final da aula eles iriam

entender estes comandos. No fim da aula, repetimos os comandos e os alunos ficaram felizes

por tê-los compreendidos e desenvolveram todas as ações requeridas. Como problemas,

verificamos que após 50 min, a aula tornou-se repetitiva, e, portanto, consideramos que este

deva ser o tempo máximo para a referida atividade. Conseguimos fazer com que os alunos

aprendessem doze vocábulos. Tivemos um problema de indisciplina em função dos alunos

disputarem a “base” para realizar os comandos junto com o professor. Como a sala era muito

pequena e o número de alunos, excessivo (40), o espaço de ação conjunto foi insuficiente. Na

segunda aula, realizada após uma semana, mostramos figuras representando as ações

anteriores para revisão. Pela facilidade de compreensão dos comandos, percebemos a

efetividade da abordagem TPR para uma memorização permanente de vocabulário. Os alunos

se divertiram fazendo papel de “door”, por exemplo, segurando a figura com sua

Page 50: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

50

representação. Assim, utilizamos comandos como “(A), point to the door” e “Door, point to

(A)”. Mais uma vez verificamos que o tempo máximo de uma atividade de TPR é de 50

minutos e a indisciplina também foi um problema, especialmente por falta de espaço. Como o

colégio não tem salas maiores e nem salas vazias para dividirmos a turma, consideramos a

experiência encerrada.

Page 51: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

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APÊNDICE B. ENTREVISTA COM O PROFESSOR MARK SILVERS.

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From: [email protected]

To: [email protected]

Subject: Re: Monografia TPR- confirmação

Date: Fri, 24 Aug 2007 16:47:45 -0400

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Here are my answers to your questionnaire. I will send some attachements in another e-mail

tomorrow or later today

1-Pelo que pesquisamos, não conseguimos descobrir se o TPR é difundido no Brasil como é

em outros paises. O Senhor poderia nos dizer o porque?

I don‟t believe that TPR is widely known or used in Brazil, certainly not to the degree that

it should be. Over the years I have presented papers at professional meeting (BRAZ-TESOLs

and ENPULIs –Encontro Nacional de professores Universitários de Língua Inglesa). I believe

that teachers who have done a university course in Letras-Língua inglesa almost certainly

have at least heard of TPR because practically every methodology textbook talks about TPR

and cites Dr. Asher. But I imagine that few if any Letras courses give anything more than a

passing reference. Many teachers in private language institutes (ICBEU, Cultura Inglesa,

FISK etc) have also probably heard about TPR, as they often go to professional meetings.

Teachers in the public schools have probably had much less contact with TPR. I think that the

main reason that TPR has not taken hold to a larger extent in Brazil is related to the lack of

training, lack of special courses (duration of 15 -30 hours) dedicated to showing how to teach

through TPR. It is certainly not enough to tell a group of teachers that the method exists and

that the students learn by performing actions.

2- Dependendo de sua respota à pergunta anterior, o TPR teria mais sucesso no Brasil se

associado a outros métodos?

Yes. I think that TPR in Brazil is best used as a supplement to other teaching materials. It

can be the core of a course, as I tried to do, but to be successful there would have to be

extensive teacher training, to show the teachers how to use the materials, lots of hands-on

training.

3- O Senhor acha que o TPR se adapta à realidade sócio-cultural do aluno brasileiro?

I have used TPR at all levels, from junior high (5a) to university students. I never had a

problem with the students. Everything depends on the teacher, if the teacher really believes in

the method and is personally convinced that it is the best way to learn a foreign language,

particularly at the beginning levels.

Page 52: TPR - Total Physical Response No Ensino Da Lingua Inglesa

52

4- Qual o futuro do TPR no Brasil?

As a supplement to a course book.

5- Em Manaus existem atualmente escolas públicas utilizando o método? Se a resposta for

"sim", poderia dizer quais?

My TPR materials were used by the state and municipal schools, but their use has been

discontinued. Unfortunately I was not able to convince the decision makers that the materials

were a valid way to learn English. There were many teachers who did not care to use the

materials, often because they had not been trained and did not know how to use the materials

or the reasons behind the materials. There were also teachers who did not use the materials

because they did not like this kind of approach. Not everyone likes such a active approach to

teaching, especially if they have large classes and many groups throughout the day. But there

were also a good number of teachers who used the materials, liked the materials and gave

positive feed-back. The materials are still being used by some teachers, but not as a public

school policy.

6- Quais os principais problemas enfrentados pelos professores na aplicação do método?

(embora Asher nos aconselhe a "apagar" esta palavra)?

The biggest problem appears to be with the older students, 7a and 8 a Séries. They felt silly

doing some of the commands, particularly those commands which were performed actively in

front of their classmates (Run to the door). In my revision, I eliminated the commands which

would be more embarrassing and concentrated on simpler commands most of which could be

done at the students seats (Put your hands on your hear; shake hands with a friend, etc).

Unfortunately when the public schools did their evaluation of the materials, they did not really

even look at the kind of commands that had replaced the original set.

Another problem is the fact that if you have many groups during the day and each group is

large, the method becomes very strenuous for the teacher, very tiring. To counter this problem

I revised the commands so that the commands would not be so tiring either for the teacher or

for the students. I also included a lot of drawing activities. I also had plans for other more

traditional activities. Thus my feeling that you cannot use TPR as the only kind of classroom

activity. It has to be interchanged with other more traditional and calmer activities. Dr. Asher

also recognizes the importance of variety.

7- E quanto aos alunos, qual é a receptividade dos mesmos a essa abordagem?

Again, this depends on the age of the students (and also on the teacher). The fifth and sixth

grades were quite receptive; the seventh and eighth grades not so receptive. But then we never

had a chance to try out the new version, and I think that the new version would have been

better received. I wouldn‟t suggest using TPR for “Ensino Médio”

8- Qual a possibilidade do Senhor servir de intermediário para que entremos em contato

com alguma escola em Manaus que utilize o método?

There are no schools actually using the materials. I can give you some e-mails of teachers

who you can contact.

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9-O senhor tem conhecimento da existência de algum trabalho/pesquisa que avaliou a

eficácia do método aí em Manaus?

Yes. I did an evaluation and will attach it for you.

10- O Senhor gostaria de fazer um comentário pessoal sobre o TPR?

In spite of the problems I had to implement a TPR approach in the public schools, I am

convinced that if it is used along with other techniques and approaches it would bring

unprecedented results. The truth is that the present approaches to the teaching of English in

the public schools, which have been used for so many decades, have never been the least bit

successful and in my opinion never will be. If at the end of the 8th grade the students can

easily understand, perform and give the commands then they will have taken the first real

steps to learning English. A command understood and performed is a concrete sign that the

spoken language has been understood, and these commands can be quite complex.