1 universidade estadual de santa cruz...

102
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL GISELLE DE SOUZA RODRIGUES ANTAGONISMO DE Trichoderma spp. E LEVEDURAS À Ceratocystis cacaofunesta ILHÉUS BAHIA 2016

Upload: others

Post on 11-Jul-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL

GISELLE DE SOUZA RODRIGUES

ANTAGONISMO DE Trichoderma spp. E LEVEDURAS À Ceratocystis

cacaofunesta

ILHÉUS – BAHIA

2016

Page 2: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

1

GISELLE DE SOUZA RODRIGUES

ANTAGONISMO DE Trichoderma spp. E LEVEDURAS À Ceratocystis

cacaofunesta

Dissertação apresentada para obtenção do título de

mestre em Produção Vegetal à Universidade

Estadual de Santa Cruz.

Área de concentração: Proteção de Plantas

Orientadora: Edna Dora Martins Newman Luz

Co-orientadora: Andréa Miura da Costa

ILHÉUS – BAHIA

2016

Page 3: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

1

GISELLE DE SOUZA RODRIGUES

ANTAGONISMO DE Trichoderma spp. E LEVEDURAS À Ceratocystis

cacaofunesta

Ilhéus, 23 de Fevereiro de 2016.

_________________________________________ Edna Dora Martins Newman Luz

Eng. Agrônoma, PhD em Fitopatologia, Fiscal Federal Agropecuário CEPLAC/ PPGPV – UESC

(Orientadora)

_________________________________________ Stela Dalva Vieira Midlej Silva

Agrônoma, DSc. em Agronomia (Fitopatologia) CEPLAC

_________________________________________ José Luiz Bezerra

Biólogo, PhD em Fitopatologia PPGPV – UESC

Page 4: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

1

Aos meus pais Rita e Almiro, pessoas que mais amo e que sempre me apoiaram,

dando-me muito carinho e amor. A eles que me mostraram os valores da vida, me

ajudaram em minhas decisões mais importantes e me ensinaram a procurar sempre

em Deus a força maior.

Dedico

Page 5: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

1

“Os pássaros e os índios sumindo... sumindo... sumindo

como fora o macaco jupará semeando a roxa amêndoa nas matas aprovando o cacau que os homens trouxeram para as Terras do Sem Fim.”

(José Delmo)

Page 6: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

AGRADECIMENTOS

Agradecer faz parte do vocabulário e da atitude de quem percebeu que

sempre precisa de algo ou de alguém para levar avante suas tarefas, das mais

simples às mais complexas. Enumerar a tudo e a todos é algo difícil. Mencionar

alguns não significa que outros não estiveram presentes nessa caminhada. A

todos, os registrados ou não, minha súplica ao Deus de meu coração, a fim de que

a compreensão, a humildade, a paz, a tolerância, a generosidade e a justiça sejam

esteios de suas vidas. Assim, agradeço:

Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir

em frente e lutar pelos meus objetivos. Ele que me livra de todos os males e

perigos, guia meus passos e ilumina meus caminhos. Sou grata por todos os dons

que me confere.

À Universidade Estadual de Santa Cruz pela oportunidade que tive de cursar

mestrado nesta instituição. Ao colegiado da pós-graduação em Produção Vegetal,

em nome de Caroline (secretária), todos os professores que tive a oportunidade de

conviver durante as disciplinas e todos os coordenadores que assumiram este

cargo durante meu mestrado.

À Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira pela concessão do

local de realização dos experimentos, material e acolhimento.

À minha orientadora Edna Dora por ter me orientado com tanto carinho,

atenção, com conselhos construtivos. Agradeço também pela confiança, pelo apoio

e pela grande e fundamental ajuda na construção deste trabalho.

À minha co-orientadora Andreia por disponibilizar espaço para realização do

meu trabalho, doar isolados e fornecer ideias de como conduzir o meu trabalho.

Aos funcionários da CEPLAC que me ajudaram na realização do trabalho,

cada um com sua contribuição: Tita, Lurdinha, Sr. Orlando, Sr. Ananias, Sr.

Elenísio, Sr. Valdir, Dilze, Virgínia, Ana Rosa, Denise, Dr. Bezerra, Maguinaldo,

Catarino, Sr. Edmundo, George Sodré e Cenilda.

À Alessandro que me ajudou desde o trabalho pesado na autoclavagem de

solo à correção da dissertação.

Aos meus companheiros e amigos os quais convivi durante estes anos e me

ofereceram ajuda quando precisei: Elisângela, Francis, Carol, Neto, Silvia, Tamira,

Page 7: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

Nathally, Mateus e também àqueles que eu porventura não citei, agradeço a cada

um pelas suas contribuições na minha vida pessoal e profissional.

À Lindolfo e Carol pela ajuda com as análises estatísticas.

À CAPES pela concessão da bolsa de mestrado.

A todos estes citados e não citados, minha imensa gratidão!

Page 8: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Sintomas da murcha de ceratocystis em cacaueiro. Planta adulta

com folhas secas ainda aderidas (A), cancro e lesão necrótica no tronco (B) e

necrose interna atingindo o lenho (C) (Fotos: OLIVEIRA; LUZ,

2012)....................................................................................................................

CAPÍTULO 1

Figura 1 – Repicagem dos isolados de Trichoderma spp. para confronto após

três (A), quatro (B) e cinco (C) dias do desenvolvimento das colônias de

Ceratocystis cacaofunesta...................................................................................

Figura 2 – Corte dos discos de folhas em cortador semiautomático (A); Corte

superficial na nervura central das folhas (B); Discos de folhas imersos na

suspensão de um dos antagonistas (C); Inoculação do Ceratocystis

cacaofunesta nos discos de folhas 24 h após a imersão na suspensão dos

antagonistas (D). .................................................................................................

Figura 3 – Mudas de cacaueiro cultivadas sob condições de casa de

vegetação no Sefit / Cepec / Ceplac..................................................................

Figura 4 – Incisão no caule da muda de cacaueiro (A); Inoculação do

Ceratocystis cacaofunesta no ferimento (B); Câmara úmida no local da

inoculação (C)......................................................................................................

Figura 5 – Crescimento radial das colônias de Ceratocystis cacaofunesta

(isolado Cc20) em quatro meios de cultura diferentes a cada 24 horas. SAB:

sabouraud; AM: ágar-malte; BDAb: batata-dextrose-ágar preparado com

batatas e; BDAc: preparado a partir de meio desidratado comercializado.........

11

28

31

33

34

38

Page 9: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

Figura 6 – Colônias de Ceratocystis cacaofunesta (isolado Cc20) nos meios

de cultura batata-dextrose-ágar preparado com batatas (BDAb) (A) meio

desidratado (BDAc) (B), sabouraud (SAB) (C) e ágar-malte (AM) (D)................

Figura 7 – Colônias de Ceratocystis cacaofunesta (isolado Cc20)

confrontadas ou não com isolados de Trichoderma spp. Isolado Pc4c1 (A);

isolado 312 (B); isolado ALF247 (C); isolado 2927 (D); e isolado Tc26 (E) no

terceiro dia de pareamento; e testemunha aos 10 dias (F).................................

Figura 8 – Porcentagem de inibição do crescimento de colônias de

Ceratocystis cacaofunesta (isolado Cc20) por antagonistas do gênero

Trichodema..........................................................................................................

Figura 9 – Padrão de crescimento micelial observado no confronto de

patógeno isolado Cc20 x antagonista Trichoderma atroviride (isolado 7CC) no

primeiro (A), segundo (B) e terceiro (C) dia de pareamento...........................

Figura 10 – Número de peritécios de Ceratocystis cacaofunesta formados

após quatro dias nos discos de folhas tratados com os antagonistas e

inoculados com o patógeno e percentagem de inibição em relação a

testemunha.........................................................................................................

Figura 11 – Número de peritécios de Ceratocystis cacaofunesta formados

sobre discos de folhas de cacaueiro e percentuais de inibição provocados

pela ação combinada de antagonistas em relação à testemunha (T1= T68+Tc26;

T2= T68+2927; T3= T68+7CC; T4= Tc26+2927; T= Tc26+7CC; T6= 2927+7CC; T7=

T68+Tc26+2927; T8= T68+Tc26+7CC; T9= T68+2927+7CC; T10= Tc26+2927+7CC;

T11= T68+Tc26+2927+7CC; T12= T68; T13= 7CC; T14= Tc26; T15= 2927).......................

Figura 12 – Plântulas de cacaueiro do experimento com tratamento de

sementes: saudáveis (A); Mortas por Ceratocystis cacaofunesta (B); Detalhe

das folhas murchas (C)........................................................................................

39

41

42

42

46 47 50

Page 10: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

Figura 13 – Lesão interna causada por Ceratocystis cacaofunesta em mudas

de cacaueiro inoculadas em ferimento no caule..................................................

CAPÍTULO 2

Figura 1 – Confronto do patógeno com uma das leveduras antagonistas.........

Figura 2 – Mudas estaqueadas na câmara de nebulização para enraizamento.

Figura 3 – Diâmetro médio das colônias de Ceratocystis cacaofunesta

(isolado Cc20) confrontadas em placas de Petri com isolados de leveduras e

da testemunha (sem confronto) durante treze dias de avaliação........................

Figura 4 – Colônias de Ceratocystis cacaofunesta (isolado Cc20) em

confronto com isolados de leveduras no 13º dia de avaliação. Isolado LEV 92

(A); Isolado LEV 170 (B); Testemunha (C)..........................................................

Figura 5 – Número de peritécios de Ceratocystis cacaofunesta e percentual

de inibição provocado pelos antagonistas.........................................................

Figura 6 – Porcentagem de mudas enraizadas de cacaueiro mortas por

Ceratocystis cacaofunesta mediante a presença dos isolados de leveduras.....

51

58

61

65

66

68

69

Page 11: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

LISTA DE QUADROS E TABELAS

CAPÍTULO 1

Quadro 1 – Agentes de biocontrole utilizados nos experimentos......................

Quadro 2 – Escala de notas para avaliação do teste de confronto direto entre

antagonistas e Ceratocystis cacaofunesta (BELL et al.,1982)..........................

Quadro 3 – Tratamentos do experimento 2 para as suspensões dos

antagonistas, isolados e as combinações.........................................................

Tabela 1 – Inibição da germinação de esporos de Ceratocystis cacaofunesta

quando tratados com seis concentrações de secretoma dos antagonistas do

gênero Trichoderma..........................................................................................

Tabela 2 – Porcentagem de plantas vivas dos tratamentos com os

antagonistas ao 22º dia após a inoculação de Ceratocystis cacaofunesta em

relação as testemunhas inoculada e absoluta...................................................

Tabela 3 – Peso médio do sistema radicular e da parte aérea das plantas

tratadas com os antagonistas e sobreviventes a inoculação com Ceratocystis

cacaofunesta e testemunha absoluta................................................................

Tabela 4 – Valores médios das variáveis avaliadas no tratamento com

ferimentos após 35 dias de inoculação de Ceratocystis cacaofunesta.............

CAPÍTULO 2

Quadro 1 – Leveduras utilizadas como agentes de biocontrole........................

Tabela 5 – Percentual de inibição da germinação de esporos de Ceratocystis

cacaofunesta quando tratados com seis concentrações de secretoma das

leveduras..........................................................................................................

26

28

32

44

48

49

52

64

57

67

Page 12: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

SUMÁRIO

EXTRATO.................................................................................................

EXTRACT...............................................................................................

1 INTRODUÇÃO GERAL...................................................................................

2 REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................

2.1 Cacauicultura..................................................................................................

2.2 Ceratocystis cacaofunesta..............................................................................

2.3 Controle biológico ..........................................................................................

2.3.1 Trichoderma spp. como Agentes de Controle Biológico (ABC) ......................

2.3.2 Utilização de leveduras como ABCs............................................................

3 CAPÍTULO 1 – Antagonismo de Trichoderma spp. ao agente

etiológico da murcha de ceratocystis em cacaueiro...........................

RESUMO....................................................................................................

ABSTRACT.................................................................................................

3.1 INTRODUÇÃO...............................................................................................

3.2 MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................

3.2.1 Obtenção do Fitopatógeno e dos Agentes de Controle Biológico (ABC)........

3.2.2 Verificação do crescimento dos antagonistas e do patógeno em

diferentes meios de cultura.......................................................................

3.2.3 Confronto dos agentes de controle biológico com o patógeno...................

3.2.4 Avaliação do potencial dos agentes de biocontrole como inibidores da

germinação dos esporos de C.cacaofunesta..................................................

3.2.4.1 Obtenção dos secretomas dos antagonistas.............................................

3.2.4.2 Obtenção da suspensão de esporos de C. cacaofunesta e testes de

germinação de esporos .............................................................................

3.2.5 Efeito dos biocontroladores sobre a infecção e formação de peritécios

em discos de folhas de cacaueiro ................................................................

3.2.5.1 Experimento 1.................................................................................................

3.2.5.2 Experimento 2................................................................................................

3.2.6 Efeito dos antagonistas no controle da murcha de ceratocystis através

da inoculação em plantas de cacaueiro ........................................................

3.2.6.1 Tratamento de sementes.............................................................................

xv

17

1

5

5

8

12

13

17

21

21

22

23

25

25

26

27

28

29

29

30

30

31

32

32

Page 13: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

3.2.6.2 Efeito dos antagonistas quando aplicados diretamente no ferimento

realizado para inoculação do patógeno em mudas de cacaueiro .................

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................

3.3.1 Verificação do crescimento dos antagonistas e do patógeno em

diferentes meios de cultura...........................................................................

3.3.2 Confronto dos agentes de controle biológico com o patógeno......................

3.3.3 Avaliação do potencial dos agentes de biocontrole como inibidores da

germinação dos esporos de C. cacaofunesta..............................................

3.3.4 Efeito dos biocontroladores sobre a formação de peritécios em discos

de folhas de cacaueiro................................................................................

3.3.5 Efeito dos antagonistas no controle in vivo da murcha de ceratocystis..........

3.3.5.1 Tratamento de sementes..............................................................................

3.3.5.2 Tratamento de ferimentos..............................................................................

4 CAPÍTULO 2 – Antagonismo de leveduras ao agente etiológico da

murcha de ceratocystis em cacaueiro..........................................................

RESUMO...............................................................................................................

ABSTRACT..............................................................................................................

4.1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................

4.2 MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................

4.2.1 Obtenção do Fitopatógeno e dos Agentes de Controle Biológico................

4.2.2 Confronto dos agentes de controle biológico com o patógeno.................

4.2.3 Avaliação do potencial dos agentes de biocontrole como inibidores da

germinação dos esporos de C. cacaofunesta...............................................

4.2.3.1 Obtenção dos secretomas dos antagonistas................................................

4.2.3.2 Obtenção da suspensão de esporos de C. cacaofunesta e testes de

germinação de esporos.................................................................................

4.2.4 Efeito dos biocontroladores sobre a infecção e formação de peritécios

em discos de folhas de cacaueiro ...............................................................

4.2.5 Teste de antagonismo provocado por leveduras em mudas

estaqueadas enraizadas em espuma fenólica.............................................

4.2.6 Ação dos antagonistas no controle da murcha de ceratocystis através

da inoculação em plantas de cacaueiro.......................................................

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................

4.3.1 Confronto das leveduras testadas como ABCs com o patógeno...................

34

35

35

39

43

45

47

47

51

53

53

54

55

57

57

58

59

59

59

60

61

62

63

63

Page 14: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

4.3.2 Avaliação do potencial de isolados de leveduras como inibidores da

germinação dos esporos de C. cacaofunesta.................................................

4.3.3 Efeito dos biocontroladores sobre a infecção e formação de peritécios

em discos de folhas de cacaueiro...........................................................

4.3.4 Teste de antagonismo provocado por leveduras em mudas

estaqueadas enraizadas em espuma fenólica.............................................

4.3.5 Ação ou efeito dos antagonistas no controle da murcha de ceratocystis

através da inoculação em plantas de cacaueiro.........................................

5 CONCLUSÕES GERAIS..................................................................................

REFERÊNCIAS................................................................................................

64

67

68

69

71

72

Page 15: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

ANTAGONISMO DE Trichoderma spp. E LEVEDURAS À Ceratocystis

cacaofunesta

EXTRATO

A murcha de ceratocystis, causada por Ceratocystis cacaofunesta, é uma das mais importantes doenças do cacaueiro (Theobroma cacao L.) e de difícil controle. Não se tem registro do uso do controle biológico para esta doença, embora esta possa ser uma alternativa viável e promissora. Objetivou-se testar alguns isolados de Trichoderma spp. e leveduras como agentes de biocontrole (ABCs) a C. cacaofunesta isolado Cc20. Os candidatos a antagonistas foram T. martiale (ALF247 e 312), T. atroviride (7CC), T. longibrachiatum (Tc25), T. koningiopsis (Tc26), T. virens (T68 e Pc4c1), T. asperellum (316), T. pseudokoningii (854), T. harzianum (2927 e AR006), T. stromaticum (Ts1092), Sporobolomyces roseus (001), Rhodosporidium paludigenum (023, 034, 092, 174, 169, 101, 165, 166 e 170) e Rhodotorula sp. (161). Para atingir este objetivo avaliou-se: i) o crescimento dos fungos filamentosos em quatro meios de cultura: ágar-malte (AM), sabouraud (SAB), batata-dextrose-ágar comercializado (BDAc) e com caldo de batatas (BDAb); ii) o antagonismo através do confronto in vitro dos ABCs com o patógeno e da inibição da germinação de esporos de C. cacaofunesta pelo secretoma dos antagonistas; iii) efeito dos ABCs na formação de peritécios sobre discos de folhas inoculados com o patógeno; iv) tratamento de sementes e irrigação da rizosfera com suspensão de ABCs; v) aplicação dos ABCs sobre o ferimento no caule antes da inoculação do patógeno em mudas; e vi) atuação dos isolados de leveduras em miniestacas inoculadas com o patógeno. Os dados foram analisados nos softwares SISVAR® e SAS® (p<0,05). O patógeno cresceu melhor em BDAb e BDAc, porém, somente BDAb proporcionou abundante formação de peritécios. No confronto in vitro todos os isolados de Trichoderma spp., a exceção T68 (98%), inibiram 100% o crescimento do patógeno no terceiro dia de avaliação. As leveduras 161, 166, 169, 174, 165, 23 e 92 paralisaram o crescimento do patógeno no 11º dia de avaliação. Todos os ABCs reduziram a germinação de esporos do patógeno. Quando aplicados sobre discos de folhas antes de inoculados com o patógeno, todos os isolados diferiram da testemunha e inibiram em algum grau a formação de peritécios, destacando-se, entre os isolados de Trichoderma spp. T68 (98,5%), seguido de 2927, Tc26 (94,03%) e 7CC (92,34%), e dentre as leveduras LEV170 (89,6%). Em combinações dos quatro melhores isolados de Trichoderma spp. (T68, 7CC, 2927 e Tc26) para o tratamento dos discos de folha, os maiores percentuais de inibição do patógeno foram obtidos para as combinações onde o isolado T68 estava presente. As inoculações em plântulas obtidas de sementes tratadas e também irrigadas com a suspensão dos ABCs

xv

Page 16: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

antes da inoculação com o patógeno aos cinco meses de idade causaram alta mortandade das plantas e apenas o isolado 7CC diferiu da testemunha inoculada e dos demais tratamentos. Quando os ABCs foram aplicados no local do ferimento, antes da inoculação com o patógeno, em plantas aos 12 meses de idade, também não foi comprovada a eficiência esperada para os antagonistas. No entanto, no experimento em mudas estaqueadas, os isolados LEV034 e LEV101 tiveram apenas 15 e 15,9% de plantas mortas, respectivamente, sendo superiores aos demais tratamentos. Houve efeito dos isolados 7CC (T. atroviride), T68 (T. virens), Tc26 (T. koningiopsis), 2729 (T. harzianum) e LEV170 (R. paludigenum) sobre a germinação e a formação de peritécios do patógeno; e das LEV 034 e LEV 101 (R. paludigenum) no controle da murcha de ceratocystis em mudas enraizadas. Assim, a hipótese de encontrar fungos biocontroladores de C. cacaofunesta não deve ser descartada.

Palavras-chave: Ceratocystis cacaofunesta, controle biológico, Theobroma cacao, leveduras, Trichoderma spp.

Page 17: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

ANTAGONISM OF Trichoderma spp. AND YEAST TO Ceratocystis cacaofunesta

EXTRACT

The ceratocystis wilt caused by Ceratocystis cacaofunesta, it is one of the most important disease of cacao (Theobroma cacao L.) and difficult to control. There is no record of the use of biological control for this disease, although, this may be a viable and promising alternative. This study aimed to test some Trichoderma spp. and yeasts as biocontrol agents (BCAs) to C. cacaofunesta isolated Cc20. The candidates antagonists were: T. martiale (ALF247 and 312), T. atroviride (7CC), T. longibrachiatum (Tc25), T. koningiopsis (Tc26) T. virens (T68 and Pc4c1), T. asperellum (316), T. pseudokoningii (854), T. harzianum (AR006 and 2927), T. stromaticum (Ts1092), Sporobolomyces roseus (001), Rhodosporidium paludigenum (023, 034, 092, 174, 169, 101, 165, 166 and 170) and Rhodotorula sp. (161). Thus, it was evaluate: i) the growth of filamentous fungi in four culture media: Agar-Malt (AM), Sabouraud (SAB), commercial Potato Dextrose Agar (PDAc) and handmade Potato Dextrose Agar (PDAb); ii) the antagonism by BCAs confronting the pathogen in vitro and inhibiting the spores of C. cacaofunesta germination; iii) the antagonist effect of the BCAs secretomes on perithecia formation over leaf discs inoculated with the pathogen; iv) seeds treatment and irrigation of the soil surface with BCAs spore suspensions; v) application of BCAs on stem injury before the pathogen inoculation in cacao seedlings; and vi) the yeast performance in mini cuttings inoculated with the pathogen. The data were analyzed using the SAS® and SISVAR® software (p<0.05). The pathogen grew better in PDAb and PDAc, but only in BPAb there was abundant perithecia formation. All Trichoderma spp. isolates, except T68 (98%), inhibited 100% the pathogen growth on the third day of culture confront. The yeasts 161, 166, 169, 174, 165, 23 and 92 paralyzed the pathogen growth on the 11th day of evaluation. All BCAs reduced the pathogen spores germination. When applied to the leaf discs before the pathogen inoculation, all isolates inhibited to some extent the pathogen perithecia formation being the best ones among the Trichoderma spp. isolates T68 (98,5%) followed by 2927, Tc26 (94,03%) and 7CC (92,34%) ,and from the yeast, LEV170 (89,6%). In a series of combinations including the four best isolates of Trichoderma spp. (T68, 7CC, 2927 and Tc26) for similar experiment treating leaf discs, the major pathogen inhibition percentages were obtained for combinations where in the isolate T68 was present. The treatment of seeds followed by irrigation of the seedlings with BCA’s inoculum suspensions before inoculation of 5 months-old plants with the pathogen did not control the pathogen and high plant mortality occurred. Only the treatment with isolate 7CC had less number of dead plants than the inoculated control. Even when the BCAs were

Page 18: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

applied at the wounded site of 12-monts-old cacao plants 24 hours before the pathogen inoculation, the expected efficiency of the antagonists was not demonstrated. However, in mini cuttings inoculated with the pathogen the yeasts isolates LEV034 and LEV101 had only 15 and 15.9% of dead plants, respectively, controlling better the pathogen. There was effect of isolates 7CC (T. atroviride), T68 (T. virens), Tc26 (T. koningiopsis), 2729 (T. harzianum) and LEV170 (R. paludigenum) on the germination and perithecia formation of the pathogen; and the LEV034 and LEV101 (R. paludigenum) to control ceratocystis wilt in mini cuttings of cacao. Therefore, the hypothesis of making possible the biological control of C. cacaofunesta using antagonist’s fungi is not discharged yet. Keywords: Ceratocystis cacaofunesta, biological control, Theobroma cacao, yeasts, Trichoderma spp.

Page 19: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

1

1 INTRODUÇÃO GERAL

O cacaueiro, Theobroma cacao L., é uma planta de porte arbóreo, umbrófila

e de ciclo perene pertencente à família MALVACEAE. Ocorre de forma espontânea

desde o Sul do México até a Bolívia e nas margens dos rios da Floresta

Amazônica, que se acredita ser o centro de origem desta espécie. A importância

econômica da cacauicultura deve-se, principalmente, à produção de frutos dos

quais se extraem sementes que servem como matéria-prima para a fabricação de

chocolate (MONTEIRO; AHNERT, 2012), havendo ainda utilização de subprodutos

para outros fins.

Dentre os problemas enfrentados na cacauicultura, destaca-se como uma

das mais severas enfermidades do cacaueiro, a murcha de ceratocystis ou mal do

facão, cujo agente etiológico é o fungo Ceratocystis cacaofunesta Engelbrecht &

T.C. Harrington (2005). O primeiro relato desta doença ocorreu no ano de 1918, no

Equador. No Brasil, foi constatada pela primeira vez em Rondônia, em 1978, e

posteriormente na região sul da Bahia, em 1997. Esta enfermidade destacou-se

economicamente a partir de 1995 devido ao cultivo de plantas suscetíveis à

doença, a exemplo da variedade Theobahia (OLIVEIRA; LUZ, 2012). Acredita-se

que a doença foi introduzida na Bahia juntamente com o plantio de variedades

resistentes à vassoura de bruxa (VB). Após estas introduções foram registrados os

primeiros casos da doença na Bahia.

O patógeno penetra na planta através do uso de ferramentas contaminadas

durante práticas comuns de manejo da cultura como desbrota, colheita e poda

(MARIN et al., 2003) e através do ataque de coleobrocas como as dos gêneros

Xyleborus e Xylosandrus (OLIVEIRA; LUZ, 2005).

Conforme Alarcon (1994), a murcha de ceratocystis é uma enfermidade letal

para o cacaueiro. Os sintomas externos são clorose e murcha das folhas que, por

volta de duas a quatro semanas, secam e morrem, todavia permanecem aderidas à

planta (DELGADO; SUÁREZ, 2003); no estágio mais avançado ocorre o

Page 20: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

2

escurecimento do caule ou ramo que ficam com uma coloração marrom

acastanhada e internamente a coloração castanha pode ser observada no percurso

da colonização do patógeno no sistema vascular da planta (GUERRERO, 1975).

Estudos para o controle desta enfermidade tem relatado que o controle

genético utilizando genótipos resistentes é o mais eficiente (OLIVEIRA; LUZ, 2005),

porém, o tempo para obter uma planta resistente e com características

agronômicas desejáveis é de médio a longo prazo. O método de controle químico

não tem apresentado resultados satisfatórios visto que quando se detecta a

doença, a mesma já se encontra em estágio avançado, o que torna este método

oneroso e ineficiente. Para o controle cultural, recomenda-se a eliminação das

plantas mortas, queimando-as, a fim de debelar a fonte de inóculo do fitopatógeno.

Se a doença for detectada em fases iniciais deve-se retirar a região afetada e

aplicar pasta ou calda desinfetante (ALARCON, 1994). Guerrero (1975) concluiu

que os métodos de controle químico e cultural não tem dado respostas

satisfatórias.

Ram, Valle e Freitas (2004) concluíram que práticas definidas no manejo

integrado foram eficazes para controlar e evitar a disseminação da doença. Eles

testaram manejo integrado versus testemunha relativa (sem práticas profiláticas

após a retirada de tecidos sintomáticos de uma planta) e testemunha absoluta (não

foi aplicada nenhuma medida de controle da enfermidade). O manejo integrado

incluiu: i) controle químico com mistura de fungicida e inseticida (oxido de cobre a

3% + Metamidofós a 0,5%); ii) controle cultural com erradicação de plantas mortas

e irrecuperáveis que foram amontoadas e queimadas; iii) desinfestação das

ferramentas de trabalho após poda e desbrota com solução de hipoclorito de sódio

a 1% ao passar de uma árvore para outra; iv) em plantas com sintomas iniciais da

doença foi feita uma raspagem da parte lesionada e aplicação de solução de

hipoclorito de sódio no local da raspagem + pasta de óxido de cobre a 10% +

benomyl a 1% em água. Na parcela de aplicação do manejo integrado foram

recuperadas 67% das plantas doentes em relação às testemunhas. Esta

porcentagem de controle pode ser acrescida caso outras práticas de manejo sejam

inseridas no programa. No entanto, estas práticas requerem mão de obra extra e

aumento no custo de produção.

Nesse ínterim, o controle biológico surge como uma alternativa promissora a

ser incluída em um programa de manejo integrado de doenças, visto que para

Page 21: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

3

diversos fitopatógenos já foram encontrados inimigos naturais que os controlam

com eficácia. Este método de controle pode ser uma potencial alternativa para

minimizar os prejuízos ocasionados pelas principais doenças e pragas, por

representar uma forma de controle mais duradoura e menos agressiva ao meio

ambiente, sem danos ao ecossistema (MICHEREFF; BARROS, 2001).

Não foram encontrados relatos na literatura revisada sobre estudos para o

controle biológico de C. cacaofunesta. Porém, Ram, Valle e Freitas (2004)

constataram a associação do fungo Gliocladium sp. nas superfícies das lesões de

C. fimbriata Ellis & Halst (nome utilizado pelos autores para o agente da murcha de

ceratocystis) em troncos de cacaueiro, sem observar se havia efeito desse fungo

na inibição das lesões. Sabe-se também que espécies fúngicas pertencentes ao

gênero Trichoderma são eficientes como agentes de controle biológico para

diversos fitopatógenos como Moniliophthora perniciosa (Stahel) Aime & Phillips-

Mora (LOGUERCIO et al., 2012), Rhizoctonia solani J.G. Kühn, Sclerotium rolfsii

Sacc., Fusarium spp., Pythium spp. (FIALHO, 2004). Isolados de Trichoderma

harzianum Rifai e Gliocladium viride Matr. foram eficazes no controle de Botrytis

cinerea Pers. em cultivo do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.) em ambiente

protegido (LISBOA et al., 2007).

A utilização de leveduras no controle de patógenos tem sido pesquisada,

visto que podem ser isoladas diretamente da planta ou do solo, pois integram a

microbiota epifítica e endofítica e agem competindo por nutrientes, colonizando

ferimentos e podem até mesmo induzir resistência (MELLO et al., 2011). Estudos

de microscopia eletrônica confirmaram que as leveduras Sporidiobolus pararoseus,

Pichia spp., P. membranifaciens E.C. Hansen, P. guilliermondii Wick,

Sporobolomyces roseus Kluyver & C.B. Niel, Debaryomyces hansenii (Zopf) Lodder

& Kreger-van Rij e Rhodotorula mucilaginosa (A. Jörg.) F.C. Harrison quando

aplicadas sobre feridas na superfície de frutos de melão, colonizaram a casca,

prejudicaram o crescimento micelial de Fusarium pallidoroseum (Cooke) Sacc. e

diminuíram significativamente a podridão dos frutos do melão (TERAO et al., 2014).

Rhodosporidium paludigenum Fell & Tallman inibiu significativamente o

desenvolvimento de doenças pós-colheita de frutos causados por Penicillium

expansum Link (WANG et al., 2010a), Geotrichum citri-aurantii (Ferraris) E.E. Butler

(LIU et al., 2010), Alternaria alternata (Fr.) Keissl (WANG et al., 2008, 2010a, 2011)

e de Botrytis cinerea Pers. Fr. (WANG et al., 2010b). Fokkema e Meulen (1976)

Page 22: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

4

verificaram que S. roseus, Aureobasidium pullulans (de Bary & Löwenthal) G.

Arnaud e Cryptococcus laurentii var. flavescens (Saito) Lodder & Kreger-van,

leveduras nativas da filosfera do trigo, reduziram 50% a infecção de folhas de trigo

por Septoria nodorum Berk.

Seria então viável o uso de leveduras no controle da murcha de

ceratocystis? De que forma leveduras e fungos filamentosos biocontroladores

poderiam ser utilizados para o controle desta doença? Essas indagações

conduziram ao desenvolvimento desta pesquisa. Nada foi encontrado na

bibliografia consultada sobre microrganismos antagônicos a C. cacaofunesta que

pudessem ser utilizados para o controle biológico da doença. Isto, supõe-se, deve-

se ao fato de que se trata de um patógeno vascular e de grande agressividade.

Sendo assim, buscando saber se seria possível encontrar uma alternativa de

controle através do uso de microrganismos antagônicos, realizou-se a presente

pesquisa, objetivando avaliar o antagonismo de doze espécies pertencentes ao

gênero Trichoderma e onze leveduras, extraídas do filoplano do cacaueiro, in vitro

e in vivo a Ceratocystis cacaofunesta, agente causal da murcha de ceratocystis em

cacaueiro, a fim de subsidiar o manejo sustentável na cacauicultura.

Page 23: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

5

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Cacauicultura

O cacaueiro foi citado pela primeira vez na literatura botânica por Charles

de L’Êcluse que denominou-o como Cacao fructus. Mais tarde, em 1737 Linneus

redescreveu a espécie como Theobroma fructus. Posteriormente, em 1753, o

próprio Linneus atribuiu outro epíteto específico, ficando a espécie T. cacao L.,

designação que permanece até a atualidade (HERMÈ, 2006). “Theobroma” é uma

palavra de origem grega que significa “alimento dos deuses” (FARROW, 2005).

Segundo Farrow (2005), os maias, por volta dos anos 600 a.C.,

estabeleceram as primeiras plantações de cacau em Yucatan e na Guatemala.

Com as colheitas de cacau, esse povo que era tido como importante comerciante

na América Central, aumentou ainda mais sua riqueza. Houve uma época que as

sementes de cacau eram usadas como dinheiro e representavam riqueza

(FRANCO, 2001). Na região Sul da Bahia, as primeiras sementes de cacau

chegaram no século XVIII. Com o clima quente e úmido da região, sob a Mata

Atlântica, deu-se início ao desenvolvimento da cacauicultura baiana (FRANCO,

2001).

O cacaueiro é uma planta pertencente à família MALVACEAE. Possui porte

arbóreo, ciclo perene e é umbrófila. Esta última característica permite que as

plantas sejam cultivadas em regiões sombreadas pela mata, no tradicional sistema

“cabruca”, em que o sub-bosque da mata nativa é raleado e as árvores mais altas

são mantidas com o objetivo de sombrear o cultivo. Esse sistema contribuiu para a

conservação de várias espécies de árvores nativas nas plantações, bem como da

biodiversidade nos fragmentos florestais remanescentes (SAMBUICHI; MIELKE;

PEREIRA, 2009).

Page 24: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

6

Uma planta de cacau chega a atingir 20 m de altura em condições silvestres,

contudo, sob condições de cultivo, a altura desejada está entre 3 e 5 m, visto que

facilita os tratos culturais. O cacaueiro ocorre de forma espontânea desde o Sul do

México até a Bolívia e nas margens dos rios da Floresta Amazônica, onde se

acredita ser seu centro de origem. Como uma típica planta tropical, o cacaueiro é

muito sensível a baixas temperaturas, razão pela qual, a maior parte das

plantações comerciais encontra-se nos trópicos, entre as latitudes 20ºN e 20ºS.

Sua importância econômica deve-se, principalmente, à produção de frutos dos

quais se extraem sementes que servem como matéria-prima para a fabricação do

chocolate (MÜLLER; VALLE, 2012).

As variedades cultivadas de cacau estão agrupadas em três complexos

genéticos: Criollo, Forastero e Trinitário. Todos os tipos possuem ampla

variabilidade, por este motivo, o reconhecimento das variedades se dá pelo

conjunto geral de características (PIRES, 2003).

Nas variedades “Criollo”, os frutos são grandes, geralmente apresentam a

casca fina e rugosa, coloração verde-escuro quando imaturos, passando para

amarelo ou alaranjado quando amadurecem. Possuem sementes grandes, de cor

branca a rósea clara, com muita polpa, dando um produto de superior qualidade

conhecido como cacau fino. As plantas e os frutos são menos resistentes ao

ataque de pragas e infecção de doenças (DIAS, 2001). O grupo “Forastero”

apresenta frutos de casca verde quando novos, que variam da forma de cabaça ao

amelonado, possuem sementes achatadas, de cor violeta intenso. Da variedade

“comum”, amplamente cultivada na zona cacaueira da Bahia, houve uma mutação,

dando origem ao cacau Catongo e cacau Almeida, que se caracterizam por

possuírem sementes brancas. O grupo “Trinitário” é um híbrido resultante do

cruzamento entre os Criollos e os Forasteros, e as variedades deste grupo

produzem sementes de coloração que varia desde o amarelo pálido até o roxo

escuro, e apresentam um produto de características morfológicas e qualidade

comercial intermediárias. Na zona cacaueira da Bahia, a CEPLAC foi a responsável

pela introdução dos clones, para os programas de melhoramento genético dos

cacaueiros baianos (MONTEIRO; AHNERT, 2012).

A cacauicultura sul baiana já passou por várias crises em sua história, seja

por limitações da tecnologia, assistência técnica, infraestrutura, baixos preços do

produto, elevação dos custos, política de crédito etc. (ROCHA, 2008). Dentre os

Page 25: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

7

problemas enfrentados destaca-se uma das mais prejudiciais enfermidades do

cacaueiro, a vassoura de bruxa (VB), cujo agente etiológico é o fungo

Moniliophthora perniciosa. A crise provocada pela VB iniciou-se em 1989 com a

constatação da doença em território baiano (PEREIRA et al., 1989). As

consequências desta crise refletiram-se na perda de produtividade do cacau,

endividamento dos produtores e empobrecimento da população regional, intenso

êxodo rural, degradação dos recursos naturais renováveis e desvalorização

patrimonial. O nome “vassoura de bruxa” deve-se aos sintomas da doença no

cacaueiro, caracterizados pelo superbrotamento de lançamentos foliares, com

proliferação de gemas laterais e a hipertrofia dos tecidos infectados em

desenvolvimento, sobretudo os meristemáticos (OLIVEIRA; LUZ, 2005). Desde o

início da epidemia, em 1989, buscam-se maneiras de controle desta e de outras

doenças através de melhoramento genético, controle cultural, controle biológico e

manejo integrado, a fim de aumentar a produtividade e recuperar a lavoura do

cacau (ARÉVALO; RAM; VALLE, 2012).

As principais doenças do cacaueiro são a monilíase (M. roreri Cif & Paren),

que não ocorre no Brasil, a vassoura de bruxa (M. perniciosa), a podridão parda

(Phytophthora spp.), a murcha de ceratocystis (C. cacaofunesta) e a murcha de

verticillium (Verticillium dahliae Kleb.), existindo ainda outras como podridão negra

da raiz (Rosellinia spp.), podridão vermelha [Ganoderma philippii (Bres. et Henn.)

Bres.], podridão castanha da raiz [Phellinus noxius (Corner) Cunn.], podridão

branca da raiz [Rigidoporus lignosus (Klotzsch) Imazeki], podridão radicular de

mycoleptodiscus [Mycoleptodiscus terrestris (Gerd.) Ostazeski], cancro de

phytophthora (Phytophthora spp.), cancro de lasiodiplodia [Lasiodiplodia

theobromae (Pat.) Griff.], mal rosado [Erythricium salmonicolor (Berk. & Br.)

Burdsall], galha floral [Fusarium decemcellulare Brick. (teleomorfo: Albonectria

rigidiuscula (B. & Br.) Rossman & Samuels)] e antracnose [Colletotrichum

gloeosporioides Penz., (teleomorfo: Glomerella cingulata (Stoneman) Spauld. & H.

Schrenk)] (OLIVEIRA; LUZ, 2005).

O manejo integrado de doenças do cacaueiro tem ganho destaque nos

últimos anos, adequando técnicas que, em harmonia com o ambiente, reduzem a

incidência de doenças a níveis abaixo do dano econômico. Neste programa,

preconiza-se a redução da quantidade e frequência de aplicação de fungicidas e a

Page 26: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

8

utilização de plantas tolerantes ou resistentes que é a parte fundamental do

programa. Dentre as práticas culturais, inclui-se, controle de plantas invasoras,

poda, desbrota, tratamento de restos de colheita, fertilização, bem como práticas

fitossanitárias como remoção de tecidos enfermos e tratamento de casqueiros

(ARÉVALO; RAM; VALLE, 2012). O controle biológico tem sido cada vez mais

estudado para que seja inserido neste programa de manejo, já havendo estudos

com bons resultados. Villamil, Viteri, e Villegas (2015) concluíram que Trichoderma

sp. e Bacillus sp. são potencialmente eficientes no controle biológico de M. roreri

em T. cacao em condições de campo. O fungo Paecilomyces sp. também

demonstrou um alto potencial antagônico frente a M. roreri. (CONTRERAS; RIAÑO,

2013). Hoyos et al. (2008) verificaram que Clonostachys rosea (Preuss) Mussat

tem potencial para controlar M. perniciosa e que existem outros fungos endófitos

associados às primeiras fases de crescimento das plântulas de cacau com igual

capacidade.

As pesquisas quanto ao CB estão avançadas, visto que já existe um produto

biológico registrado no Ministério da Agricultura brasileiro para utilização em

cacauais, o Tricovab®, à base do fungo T. stromaticum Samuels & Pardo-Schulth,

antagônico ao M. perniciosa. Observou-se que o T. stromaticum é capaz de

colonizar vassouras secas e frutos infectados. Mediante os resultados obtidos nas

pesquisas, em 1999 foi instalada na CEPLAC a Unidade de Biocontrole, em Ilhéus,

Bahia, com o objetivo de produzir formulações do fungo para ser distribuído aos

cacauicultores da região (LOGUERCIO et al., 2012).

2.2 Ceratocystis cacaofunesta

Ceratocystis fimbriata Ellis & Halst. (1890) foi considerado o agente

etiológico da murcha de ceratocystis em cacaueiro até o ano de 2005, quando

Engelbrecht e Harrington (2005) criaram a espécie C. cacaofunesta para designar o

agente causal da murcha de ceratocystis. O epíteto específico significa que o fungo

é funesto para o cacaueiro, causando-lhe a morte, ou seja “matador de cacau”.

Segundo a pesquisa de Engelbrecht e Harrington (2005), técnicas de biologia

molecular permitiram separar filogeneticamente C. cacaofunesta de C. fimbriata,

além de outras características como a patogenicidade ao T. cacao e a rara

produção de endoconidios doliformes. Atualmente a classificação do patógeno é a

Page 27: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

9

seguinte: reino Fungi, filo Ascomycota, subfilo Pezizomycotina, classe

Sordariomycetes, ordem Microascales, família Ceratocystidaceae e gênero

Ceratocystis (MYCOBANK.ORG, 2016).

A doença murcha de ceratocystis, conhecida também como mal do facão,

teve sua primeira descrição feita em 1965, no Equador (ALARCON, 1994). E

posteriormente foi relatada em outros países: Colômbia, Equador, Peru, Venezuela,

Costa Rica, Guatemala, México, República Dominicana, Trinidad e Haiti

(THOROLD, 1975 apud OLIVEIRA; LUZ, 2005). No Brasil, o primeiro relato foi no

estado de Rondônia (BASTOS; EVANS, 1978), e na região sul da Bahia foi

constatada oficialmente no ano de 1997 em mudas propagadas para enxertia com

sintomas de cancro em Ilhéus (BEZERRA, 1997). No ano seguinte, a murcha de

ceratocystis foi constatada em cacaueiros adultos clonados em Ituberá (BEZERRA

et al., 1998). Esta doença foi procurada na Bahia na década de 60 por Arnaldo

Gomes de Medeiros e não foi encontrada, sendo registrada somente quando

apareceu em material clonal e seminal selecionado para resistência a VB, dede

então passou a ter importância econômica na região. Após o início da crise da

vassoura de bruxa, em 1989, passou-se a selecionar variedades resistentes a esta

doença, e como a murcha de ceratocystis não havia se manifestado na região, era

desconhecida a suscetibilidade da variedade Theobahia, resultante do cruzamento

de Scavina-6 com ICS-1, à murcha de ceratocystis (OLIVEIRA;LUZ, 2012). Há

relatos de que alguns produtores, no desespero para acabar com a VB, utilizaram

as sementes de Theobahia para formação total de plantios comerciais, o que

acarretou em vasta destruição das lavouras devido ao ataque da murcha de

ceratocystis (SANCHES, 2007).

O fungo na fase sexuada produz peritécios superficiais ou imersos no

substrato, com base globosa, de coloração marrom escura a preta, com 95 –

305 µm de largura e 100 – 275 µm de altura; o rostro é longo e retilíneo,

apresentando a mesma cor da base, possui fímbrias na extremidade, com 310 –

1010 µm de comprimento e 20 – 45 µm de largura. O ostíolo na extremidade do

rostro é marrom claro a hialino, não septado, variando de 30 a 125 µm de

comprimento. Os ascos são evanescentes. Os ascósporos em massa formam uma

massa gelatinosa na ponta do peritécio de cor creme a alaranjada, são

unicelulares, elipsoides, hialinos, com aparência de chapéu, medindo 4,5 – 6,5 µm

de comprimento; 3,5 – 5,5 µm de largura e; 3,0 – 4,0 µm de altura. Na fase

Page 28: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

10

assexuada, endoconidióforos emergem lateralmente da hifa, dispersos ou

agrupados, com 0 – 12 septos, possuindo 40 – 295 µm de comprimento, incluindo

as células basais, e 2,0 – 8,0 µm de largura na base. Formam fiálides hialinas a

castanho claro, com 12 – 85 µm de comprimento, 2,0 – 9,0 µm de largura no meio

e 2,0 – 6,5 µm de largura na ponta. O endoconidio unicelular tem a superfície lisa,

possui formato cilíndrico com extremidades achatadas, coloração hialina a marrom

claro, apresentando 8 – 40 x 2,5 – 5,0 µm, disposto em cadeias de comprimento

variável. Aleurioconidióforos emergem lateralmente a partir da hifa, são septados e

os aleuroconídios são marrons, globosos a piriformes, medindo entre 5 – 25 x 3,5 –

11,5 µm, ocorrendo individualmente ou em cadeias curtas (ENGELBRECHT;

HARRINGTON, 2005). Os clamidósporos são terminais, catenulados, obovatos a

ovais, com paredes espessas e coloração castanha (OLIVEIRA; LUZ, 2005).

A penetração do fungo ocorre de forma indireta, e, em condições de campo,

principalmente através de cortes efetuados por ferramentas durante os tratos

culturais como colheita, poda, desbrota, enxertia etc., mas, também pode decorrer

do ataque de coleópteros, como os dos gêneros Xyleborus e Xylosandrus

(Coleóptera; Scolytidae) (OLIVEIRA; LUZ, 2005) que abrem galerias no caule da

planta, podendo levar propágulos do fungo para o interior da planta aderidos ao

corpo ou em estruturas da região frontal do abdome chamadas de micângias, de

onde já foi isolado C. fimbriata (GOITIA; ROSALES, 2001); Além disso, a serragem

acumulada no solo próximo à planta, proveniente das galerias abertas na planta

pelo inseto, pode também conter partes do fungo, em especial clamidósporos, que

serão dispersas pelo vento, chuva, animais ou até o próprio homem. É possível

ainda que nematoides e ácaros sejam agentes de disseminação (OLIVEIRA; LUZ,

2012).

A murcha de ceratocystis é uma doença vascular que se manifesta

principalmente no xilema das plantas. Apresenta como sintoma externo clorose,

seguida de murcha das folhas, devido a perda da turgidez, que secam e

apresentam leve encarquilhamento, porém permanecem aderidas à planta por volta

de duas a quatro semanas (Figura 1A). Ocorre também externamente, em um

processo mais avançado, o escurecimento do caule ou ramo que ficam com uma

coloração marrom acastanhada (Figura1B). Internamente, observa-se, a partir do

local de penetração do fungo, lesões necróticas deprimidas ou cancros de

coloração escura, estendendo-se desde a região próxima ao coleto até as

Page 29: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

11

bifurcações dos galhos (Figura1C). Devido à tendência ascendente do xilema, o

crescimento da lesão ocorre de forma mais rápida no sentido do ápice da planta

(OLIVEIRA; LUZ, 2005). Contudo, Albelaez (1957) pontua que há uma colonização

quase uniforme também no sentido horizontal. Fungos secundários podem penetrar

oportunamente provocando variações na coloração e, às vezes, manifestando-se

em forma de estrias.

Figura 1 – Sintomas da murcha de ceratocystis em cacaueiro. Planta adulta com

folhas secas ainda aderidas (A), cancro e lesão necrótica no tronco

(B) e necrose interna atingindo o lenho (C) (Fotos: OLIVEIRA; LUZ,

2012).

O método de controle mais pesquisado no mundo para as doenças

causadas por Ceratocystis é a seleção de materiais resistentes, baseando-se no

fato de que o tipo de doença, de caráter vascular, provocada pelo fungo, é de difícil

controle através de outros métodos utilizados, principalmente o uso de produtos

químicos. Assim, isto também ocorreu em relação à cacauicultura no sul da Bahia.

Diversos materiais foram testados para resistência à murcha de ceratocystis e há

várias indicações de clones e variedades que, na Bahia, tem boas perspectivas de

plantio devido a essa característica (LUZ et al., 2013; SANCHES, 2007). Santos

(2015) selecionou 22 novas fontes de resistência a C. cacaofunesta que também

são resistentes à VB, dentre eles CP-41, CP-40, CP-55, CEPEC-2002 e HB-07. O

controle cultural é recomendado principalmente como prevenção e redução da

A

A B C

Page 30: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

12

disseminação do fungo, através de práticas como minimização de ferimentos nas

plantas e esterilização das ferramentas com solução de hipoclorito de sódio a 1%

ao utilizar a mesma ferramenta (OLIVEIRA; LUZ, 2005); erradicação com queima

das plantas mortas; ao detectar sintomas iniciais deve-se efetuar a retirada, com

instrumento esterilizado, de toda a parte afetada com aplicação de uma pasta ou

calda desinfetante ao final (ALARCON, 1994; GUERRERO, 1975). Para esta última

recomendação é necessário que haja pessoas que conheçam bem a doença

executem inspeções frequentes, visto que quando os sintomas externos mais

notáveis começam a aparecer, a doença já se encontra em estágio avançado. O

controle químico tanto do inseto disseminador quanto do fungo tem demonstrado

ser oneroso e ineficiente, principalmente quando utilizado fungicidas de contato.

Todavia, alguns fungicidas sistêmicos tem sido testados com bons resultados em

outros países como Equador e Venezuela, a citar o tiofanato metílico e o benomil

(já não mais comercializado) (OLIVEIRA; LUZ, 2005), contudo, no Brasil não há

registro de produtos para este fungo no Ministério da Agricultura (AGROFIT, 2016).

2.3 Controle biológico

Em virtude da crescente percepção pública acerca da necessidade de

maximizar o uso da agricultura baseada nos princípios da sustentabilidade nas

relações socioambientais, lança-se mão de novas alternativas para o controle de

doenças e pragas que não utilizem ou que procurem minimizar o uso de

agrotóxicos. Dentre os métodos de controle viáveis, o controle biológico se constitui

em uma alternativa potencial dentro de um programa de manejo de doenças de

plantas (LOGUERCIO et al., 2012).

Baker e Cook (1974 apud BERGAMIN FILHO; KIMATI; AMORIM, 1995)

conceituaram controle biológico, ou biocontrole, de doenças como “a redução da

densidade de inóculo ou das atividades determinantes da doença, por um ou mais

organismos sobre um fitopatógeno ou parasita nos seus estados de atividade ou

dormência, realizada naturalmente ou através da manipulação do ambiente,

hospedeiro ou antagonista, ou pela introdução em massa de um ou mais

antagonistas”. Nove anos depois os autores reformularam este conceito, afirmando

que o controle biológico seria a diminuição do inóculo ou da atividade deletéria de

um determinado agente etiológico de uma doença por meio de um ou mais

Page 31: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

13

organismos, acentuando que o homem teria uma participação ativa neste processo,

contudo, sem ser este organismo referido (BERGAMIN FILHO; KIMATI; AMORIM,

1995).

Os organismos utilizados no biocontrole são denominados agentes de

controle biológico (ABC), biocontroladores ou antagonistas. Os ABCs interferem

nas atividades deletérias dos patógenos, na sua sobrevivência ou podem agir

aumentando a resistência da planta hospedeira ao patógeno (AGRIOS, 2005).

Desta forma, os mecanismos por eles utilizados são: parasitismo; produção de

compostos antibióticos e enzimas extracelulares deletérios ao patógeno;

interferência nos fatores de patogenicidade; indução de resistência na planta

hospedeira; e, competição por nutrientes e nichos de colonização (HOWELL,

2003). É essencial que este antagonista sobreviva nas mesmas condições

ambientais do patógeno, apresente um padrão de antagonismo satisfatório, que

não cause danos de reflexo econômico nos cultivos agrícolas, que seja de fácil

produção e inócuo aos seres humanos e animais (FIPKE; PAZINI; ETHUR, 2015).

Mediante alguns resultados promissores de controle biológico, diversos

organismos tem sido amplamente explorados como agentes de controle de

doenças de plantas. Geralmente os antagonistas encontram-se distribuídos na

natureza e, por vezes, são adversários naturais dos patógenos. Assim, o homem

aumentando a população de antagonista, reduz a do patógeno (CORABI-ADELL,

2004).

O gênero fúngico Trichoderma tem sido vastamente estudado e utilizado no

controle biológico de uma gama de fitopatógenos (MACHADO; SILVA, 2013), bem

como algumas leveduras tem sido promissoras e eficientes biocontroladores de

doenças de plantas (VALDEBENITO-SANHUEZA, 2000).

2.3.1 Trichoderma spp. como Agentes de Controle Biológico (ABC)

O gênero Trichoderma está classificado como pertencente ao reino Fungi,

filo Ascomycota, subfilo Pezizomycotina, classe Sordariomycetes, ordem

Hypocreales e família Hypocreaceae (MYCOBANK.ORG, 2016).

As espécies do gênero Trichoderma spp. tem elevado, nos últimos anos, sua

importância econômica na agricultura, uma vez que são capazes de atuar como

agentes de controle de doenças de diversas plantas cultivadas (MORANDI;

Page 32: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

14

BETTIOL, 2009). Além de possuírem propriedades antagônicas baseadas em

mecanismos variados, outras características contribuem para sua ampla utilização,

tais como: presença em ambientes diversificados e sob condições variadas,

facilidade de cultivo e observação, crescimento rápido em diversos substratos, bem

como a importante condição de não serem patógenos de plantas superiores

(SAMUELS, 2006).

A constatação do potencial antagônico de espécies do gênero Trichoderma

foi apontada pela primeira vez em 1932, por Weindling, que sugeriu seu uso no

controle de doenças (SPIEGEL et al., 1998). No ano de 1987, como resultado de

pesquisas no Centro Nacional de Pesquisa de Fruteiras de Clima Temperado da

Embrapa, foi desenvolvido o primeiro produto comercial para controle biológico no

Brasil, tendo Trichoderma viride como ingrediente ativo para a redução da

população de Phytophthora cactorum, causador da podridão de raízes e colo de

macieira (Malus domestica Borkh.) (VALDEBENITO-SANHUEZA, 1987). Desde

então, diversos trabalhos já foram publicados utilizando diferentes espécies de

Trichoderma para biocontrole de doenças de plantas. Atualmente, espécies do

gênero Trichoderma são, reconhecidamente, os fungos agentes de biocontrole

(ABCs) mais importantes e mais estudados no Brasil e na América Latina, exibindo

variabilidade entre linhagens em relação às atividades de biocontrole (SILVA; LUZ,

2000; MORANDI; BETTIOL, 2009).

Dentro do gênero Trichoderma spp. existe uma grande variabilidade

genética, e isto contribui para que se encontre isolados com características

morfológicas e fisiológicas bastante distintas, responsáveis pelo amplo espectro de

ação antagônica do gênero (SAMUELS, 2006). Os mecanismos de ação

antagônica que podem apresentar são: parasitismo, antibiose, competição por

nutrientes e nichos de colonização, indução de defesa do hospedeiro e

modificações na rizosfera (SILVA; LUZ, 2000; MACHADO; SILVA, 2013). Algunas

cepas de Trichoderma produzem trichodermina, dermadina, suzukacilina, viridina,

alameticina e richotoxina, metabólitos que atuam também no processo de

antagonismo (VINALE et al., 2006).

O parasitismo é um tipo de interação ecológica em que um parasito

alimenta-se do hospedeiro (GALLO, 2002). Parasitas atacam hifas e estruturas de

reprodução e sobrevivência dos fitopatógenos, reduzindo os potenciais de infecção

e de produção de inóculo destes. A ação de enzimas, como quitinases, glucanases

Page 33: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

15

e proteases, é frequente, visto que a alimentação dos fungos é por absorção a

partir da ação de enzimas secretadas (HARMAN et al., 2004). O parasitismo

realizado por Trichoderma spp. ocorre sobre diversos fungos, e um caso clássico

no cacaueiro é o de T. stromaticum sobre M. perniciosa, a partir da secreção de

quitinase, endoglucanase e amilase (LOGUERCIO et al., 2012). Fusarium

oxysporum E.F. Sm. & Swingle é controlado por T. longibrachiatum Rifai através do

enrolamento de hifas, colonização dos sítios de penetração, invasão de hifas e

crescimento intracelular (MELO, 1991). Sanchez et al. (2007) verificaram que T.

longibrachiatum apresentou parasitismo a Thielaviopsis paradoxa (De Seynes)

Höhn por meio de produção de enzimas que degradam as células do patógeno e

produção de metabólitos não voláteis. Santos et al. (2014) observaram através de

Microscopia Eletrônica de Varredura o hiperasitismo de T. harzianum, T. virens e T.

atroviride P. Karst. sobre isolados de P. palmivora, P. nicotianae Haan, P.

cinnamomi Rands e P. bisheria Abad, J.A. Abad & Louws.

Antibiose pode ser definida como a interação entre organismos em que um

ou mais metabolitos produzidos por um deles surte efeito deletério sobre o outro

(MORANDI; BETTIOL, 2009). Algumas espécies de Trichoderma produzem

metabolitos tóxicos voláteis e não volateis com ação antagônica ao fitopatógeno.

Alguns destes metabólitos são: ácido harzianico, alameticinas, tricholinas,

antibioticos, 6-pentil-pirano, massoilactona, viridinas, gliovirinas, glisopreninas e

acido heptelidico (BETTIOL, 1991).

Outro tipo de interação ecológica que ocorre com Trichoderma spp. é a

competição. Neste caso, os organismos envolvidos competem pelos nutrientes

disponíveis ou mesmo pelo espaço. A população mais adaptada tende a eliminar a

outra com o passar do tempo (GALLO, 2002). Segundo Howell (2003), a

competição é uma das principais características de isolados de Trichoderma spp.

como agentes de biocontrole, pois, no ambiente da rizosfera, em que comumente é

encontrado, existem diversos macro e microrganismos para competir com eles. Em

experimentos in vitro acontece muito esse tipo de interação que já foi observada

por diversos autores, a citar isolados de Trichoderma spp. (Tc25, Tc26, Tc35, Tc54,

291, 312, 905, 2995, ES5, ES6, ET2, T.atro, SF04 e 7CC) inibindo o crescimento

micelial de Phytophthora palmivora E.J. Butler (TOCAFUNDO, 2008); isolados de

Trichoderma spp. bloquearam o desenvolvimento de T. paradoxa (SANTOS et al.,

2012); Fusarium sp. foi inibido por isolados de Trichoderma sp. (HOFFMANN et al.,

Page 34: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

16

2015); e o isolado TI-2 de Trichoderma spp. sobre Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de

Bary (FIPKE; PAZINI; ETHUR, 2015).

A indução dos sistemas de defesa da planta como mecanismo de agentes

de biocontrole ocorre quando as plantas tratadas com um agente indutor tem seus

mecanismos de defesa ativados, não apenas no sitio de indução como também em

locais reflexo (ROMEIRO, 1999). Amorim e Itamar (1999) constataram esta

interação utilizando isolados de T. harzianum, T. koningii Oudem e uma suspensão

de rizobactérias (Pseudomonas putida, P. fluorescens e Bacillus subtilis) em raízes

de mudas de Citrus sp., infestadas com P. parasitica e P. citrophthora (patógenos).

Silva et al. (2011) relataram promoção de crescimento e indução de resistência à

antracnose [Colletotrichum lagenarium (Pass.) Ellis & Halst.] por Trichoderma spp.

em pepineiro (Cucumis sativus L.).

Espécies de Trichoderma frequentemente são associadas às raízes e

rizosfera de plantas. São organismos avirulentos, oportunistas, com capacidade de

estabelecer relação de simbiose com plantas, colonizando as raízes por meio de

mecanismos semelhantes às micorrizas, produzindo combinações que estimulam

tanto o crescimento como os mecanismos de defesa nas plantas. Podem também

influenciar na microbiota local (HARMAN et al., 2004). Estes fungos podem

colonizar primeiro algumas camadas das raízes e estimular a resistência ao ataque

por agentes patogênicos, quer seja nas raízes, ou em outros tecidos da planta

(SAMUELS, 2006).

O Ministério da Agricultura brasileiro tem registrado e estão disponíveis para

compra e venda no mercado alguns produtos do grupo biológico em que os

ingredientes ativos são cepas de Trichoderma spp. São eles: Quality® e

Trichodermax EC® (T. asperellum) para algodão, feijão e soja; Ecotrich WP®,

Predatox® e Trichodermil SC 1306® (T. harzianum) para a cultura do feijão; e,

Tricovab® (T. stromaticum) para o cacaueiro (AGROFIT, 2016).

Trichoderma é um gênero que engloba diversas espécies com excelente

potencial de biocontrole e que podem ser utilizados na agricultura de forma

sustentável. Portanto, mais estudos acerca do potencial desses organismos como

agentes de controle biológico para fitopatógenos tornam-se necessários a fim de

haver um melhor aproveitamento dos mesmos ampliando as suas possibilidades de

uso na agricultura orgânica.

Page 35: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

17

2.3.2 Utilização de leveduras como ABCs

Leveduras são fungos unicelulares e não se reproduzem em corpos de

frutificação, tendo o processo reprodutivo baseado em fissão binária ou brotamento

(AGRIOS, 2005). Estas espécies fúngicas integram a microbiota epifítica e

endofítica da planta, incluindo folhas, frutos, flores, caule, solo e rizosfera

(VALDEBENITO-SANHUEZA, 2000). Este é um fator de vantagem, visto que são

fenotipicamente mais adaptadas aos nichos e mais hábeis na colonização e

competição por nutrientes (FIALHO, 2004).

Espécies de leveduras tem sido estudadas quanto ao potencial para controle

biológico de doenças de plantas. O antagonismo de leveduras à fitopatógenos tem

demonstrando bons resultados, especialmente no controle de patógenos que

penetram em frutos via ferimentos (DROBY et al., 2009).

As leveduras são consideradas por muitos autores como promissores

agentes de controle biológico, utilizando atributos de: competição por nutrientes,

colonização de ferimentos, parasitismo, produção de enzimas hidrolíticas,

compostos antibióticos e toxinas killer, bem como indução de resistência nas

plantas a agentes patogênicos. A competição por nutrientes e espaço é um dos

mecanismos antagônicos mais importantes desempenhados por leveduras, isto

porque elas possuem rápido processo reprodutivo e de assimilação de nutrientes

do meio (COELHO, 2013). Além das substâncias antibióticas e tóxicas, ROSA et al.

(2010) citam que os gêneros Candida e Rhodotorula podem produzir sideróforos,

compostos quelantes de íons de ferro, o que confere vantagens competitivas

especiais aos isolados que os produzem.

Sporobolomyces roseus Kluyver & C.B. Niel e algumas leveduras dos

gêneros Rhodosporidium e Rhodototula tem demonstrado um elevado potencial

como agentes de biocontrole (ALVES, 2007). Para estas leveduras, o mecanismo

mais frequentemente associado à capacidadade de controle da deterioração de

frutos pós-colheita tem sido a competição por nutrientes (ZHANG et al., 2008;

SPADARO et al., 2002), todavia, há possibilidade também de que ajam por

antibiose (FILONOW, 1998). Sugere-se que no processo de antagonismo também

está envolvida a produção de ácido rodotorulico e de β-1,3-glucanase para

Rhodotorula glutinis (Fresen.) F.C. Harrison (LIMA; MARCO; FELIX, 2000;

Page 36: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

18

FILONOW, 1998) ou a utilização de acetato de butilo por S. roseus, um composto

que estimularia a deterioração de frutos (JANISIEWICZ; KORSTEN, 2002).

Rhodosporidium paludigenum Fell & Tallman está entre as leveduras citadas

pelo potencial de biocontrole, possuindo ampla faixa de ações contra fungos (LU et

al., 2014), sendo caracterizada, principalmente, por mecanismos de competição por

espaço e nutrientes (WANG et al., 2008, 2011), bem como por indução de

resistência (LU et al., 2013a, b). Além disso, tem-se relatado que esta levedura

apresenta grande eficácia em seu crescimento populacional e adaptação quanto à

salinidade (WANG et al., 2010a), acidez (WANG et al., 2013), e quitina (LU et al.,

2014). Zhao et al. (2008) afirmam que muitas dessas ações inibitórias de R.

paludigenum são promovidas por enzimas do grupo das β-1,3-glucanase (GLU),

fenilalanina amônioliase (PAL), peroxidase (POD), e polifenoloxidase (PPO). Tais

enzimas são estudadas na área de biocontrole de póscolheita por estarem

envolvidas na resistência a doenças de plantas. Esta levedura é comumente

testada na pós-colheita de frutos, e quando aplicada antes da colheita é capaz de

reduzir significativamente a decadência dos frutos, aumentando o tempo de

prateleira destes (LU et al., 2014). Aplicações de R. paludigenum antes da colheita

dos frutos de tangerina (Citrus reticulata Blanco cv. ponkan) reduziu

significativamente a doença, bem como a severidade desta causada por Penicillium

digitatum e Penicillium italicum (LU et al., 2013a). Lu et al. (2014) forneceram

evidências de que o tipo de controle biológico da levedura R. paludigenum sobre P.

digitatum em tangerina está relacionado com o aumento da resistência pela defesa

expressada em torno das infecções superficiais, após a inoculação devido ao

etileno e via de sinalização de mecanismos dependentes. Wang et al. (2010c)

testaram, in vitro e in vivo, R. paludigenum quanto à sua eficácia na redução do

mofo cinzento do tomate cereja, causado por Botrytis sp. e provou que este

antagonista reduziu significativamente a incidência da doença provavelmente pela

competição por nutrientes.

Também entre as leveduras mais testadas, encontram-se as do gênero

Rhodotorula, devido aos bons resultados apresentados em experimentações

(MELO, 2012). A utilização de Rhodotorula sp. proporcionou uma redução

considerável da podridão mole causada por Pectobacterium carotovorum subsp.

carotovorum (Jones) Hauben et al. em tomateiro (Solanum lycopersicum L.)

(GOMES; SILVEIRA; MARIANO, 2005). Coelho et al. (2011) concluíram que

Page 37: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

19

Rhodotorula mucilaginosa (A. Jörg.) F.C. Harrison controlou Penicillium expansum

Link em maçãs através da competição por nutrientes. O isolado Rh1 de

Rhodotorula spp. foi eficiente no controle da podridão mole em couve chinesa em

casa de vegetação e em campo (MELLO et al., 2011). Melo (2012) constatou que

R. aurantiaca (isolado LMA1), Pichia anomala (E.C. Hansen) Kurtzman (isolado

CC-2) e R. glutinis (Fresen.) F.C. Harrison (isolado LMS) conseguiram reduzir a

severidade da mancha aquosa (causada por Acidovorax citrulli Schaad et al.) em

plântulas de meloeiro (Cumumis melo L.), e as duas primeiras espécies

mantiveram a eficiência também no tratamento de sementes. R. mucilaginosa (A.

Jörg.) F.C. Harrison e Candida oleophila Montrocher são as mais citadas leveduras

como eficientes para controle de doenças na pós-colheita de citros

(VALDEBENITO-SANHUEZA, 2000).

Vários estudos tem sugerido que a levedura S. roseus atue principalmente

pelos mecanismos de competição por espaço e nutrientes, embora não se descarte

a possibilidade da eventual produção de metabólitos com atividade antifúngica

(FILONOW, 1998; JANISIEWICZ, 1996). Devido ao elevado consumo de açúcares

por S. roseus sugere-se que o antagonismo a B. cinerea seja oriundo da

competição entre esses dois fungos pelos açúcares no meio (FILONOW, 1998).

Entretanto, em lesões na superfície de frutos, competição por outros nutrientes

devem ocorrer, tal como compostos ricos em nitrogênio, presentes em muito menor

quantidade (SPADARO; GULLINO, 2002). Sporobolomyces roseus é capaz de usar

acetato de butilo, composto volátil da maçã que estimula a deterioração do fruto,

como fonte de nutrientes. Ao consumir o acetaro de butilo, S. roseus diminui a

germinação dos conídios de B. cinerea (JANISIEWICZ; KORSTEN, 2002). Alves

(2007) prospectou várias leveduras para o controle biológico de Penicillium

expansum em maçãs e concluiu que muitas leveduras demonstraram potencial

como agentes de biocontrole, tendo-se destacado Rhodosporidium lusitaniae,

Sporobolomyces roseus, Rhodosporidium toruloides, três leveduras de

pigmentação rosada, que apresentaram elevada capacidade de controle da

deterioração de maçãs, apresentando os valores de severidade de infecção mais

baixos.

Os estudos para encontrar e testar agentes de controle biológico a fim de

incluí-los em programas de manejo integrado tem representado um grande

progresso na agricutura, principalmente no âmbito sustentável. As investigações

Page 38: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

20

científicas na fitopatologia avançam e, por meio de tecnologia, tem surgido

respostas-chave sobre as interações planta x ambiente x patógeno, envolvendo

genética, bioquímica, biologia e outras ciências. O objetivo desta pesquisa foi

extender o conhecimento existente sobre o biocontrole de doenças de plantas ao

manejo do fungo C. cacaofunesta, agente causal da doença murcha de

ceratocystis em cacaueiro.

Page 39: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

21

3 CAPÍTULO 1

ANTAGONISMO DE Trichoderma spp. AO AGENTE ETIOLÓGICO DA MURCHA

DE CERATOCYSTIS EM CACAUEIRO

RESUMO

O controle biológico da murcha de ceratocystis do cacaueiro (Ceratocystis cacaofunesta) pode ser uma alternativa promissora e ainda inexplorada para este fungo. Doze isolados de Trichoderma spp. foram testados como agentes de biocontrole (ABCs) de C. cacaofunesta, avaliando-se: i) o crescimento dos fungos filamentosos em quatro meios de cultura: ágar-malte (AM), sabouraud (SAB), batata-dextrose-ágar comercializado (BDAc) e com caldo de batatas (BDAb); ii) o antagonismo através do confronto in vitro dos ABCs com o patógeno e da inibição da germinação de esporos de C. cacaofunesta pelo secretoma dos antagonistas; iii) efeito dos ABCs na formação de peritécios sobre discos de folhas inoculados com o patógeno; iv) tratamento de sementes e irrigação da rizosfera com suspensão de ABCs; v) aplicação dos ABCs sobre o ferimento no caule antes da inoculação do patógeno em mudas. O patógeno se desenvolveu melhor nos meios de cultura com batata. Todos os ABCs inibiram 100% do crescimento do patógeno no terceiro dia, exceto T68 (98%); reduziram a germinação de esporos do patógeno; e, em discos de folhas, T68, 2927, Tc26 e 7CC inibiram entre 98,5 e 92,3% a formação de peritécios do patógeno. Em combinações de ABCs, maior inibição ocorreu nos tratamentos com T68. Não se comprovou a eficiência esperada dos antagonistas nos testes com plantas de cacaueiro aos cinco ou aos 12 meses de idade quando tratadas com os antagonistas nas sementes e aplicados ao solo ou diretamente nos ferimentos 24 h antes da inoculação com o patógeno. Os isolados 7CC, T68, Tc26 e 2729, T. atroviride, T. virens, T. loningiopsis e T. harzianum são promissores como ABCs por atuarem sobre o patógeno.

Palavras-chave: mal do facão, Ceratocystis cacaofunesta, murcha de ceratocystis, controle biológico, Trichoderma.

Page 40: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

22

3 CHAPTER 1

ANTAGONISM OF Trichoderma spp. TO THE ETIOLOGICAL AGENT OF

CERATOCYSTIS WILT IN COCOA

ABSTRACT

Biological control of ceratocystis wilt (Ceratocystis cacaofunesta) of cacao may be a promising and yet unexploited alternative for this fungus. Twelve isolates of Trichoderma spp. were tested as biocontrol agents (BCAs) of C. cacaofunesta evaluating: i) the growth of filamentous fungi in four culture media: Agar-Malt (AM), Sabouraud (SAB), commercial Potato Dextrose Agar (PDAc) and handmade Potato Dextrose Agar (PDAb); ii) the antagonism by BCAs confronting the pathogen in vitro and inhibiting the spores of C. cacaofunesta germination; iii) the antagonist effect of the BCAs secretomes on perithecia formation over leaf discs inoculated with the pathogen; iv) seeds treatment and irrigation of the soil surface with BCAs spore suspensions; v) application of BCAs on stem injury before the pathogen inoculation in cacao seedlings The fungus grew better in mediums with potato. All Trichoderma spp. isolates, except T68 (98%), inhibited 100% the pathogen growth on the third day of culture confront, reduced the pathogen spores germination; and T68, 2927, Tc26 and 7CC inhibited between 98.5 and 92.3% of the pathogen perithecia formation over the inoculated leaf disks. In combinations of BCAs, greater inhibition occurred in treatments were T68 was present. The antagonists did not control the disease as was expected when tested on five or 12 month-old cacao plants obtained of seeds treated with the antagonists and irrigated with then or applied directly to the wounds 24 hours before inoculation with the pathogen. The isolates 7CC (T. atroviride), T68 (T. virens), Tc26 (T. harzianum) and 2729 (T. loningiopsis) are promising as BCAs for acting over the pathogen. Keywords: Ceratocystis cacaofunesta, ceratocystis wilt, biocontrol, Trichoderma spp.

Page 41: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

23

3.1 INTRODUÇÃO

O cacaueiro (Theobroma cacao L.) é uma dicotiledônea arbórea incluída na

família MALVACEAE, nativa das florestas tropicais úmidas das Américas Central e

do Sul (MÜLLER; VALLE, 2012). Cultivado na região tropical, produz frutos para

produção de polpa e, principalmente, para utilização das sementes secas para

produção de chocolate.

A maior parte das perdas causadas por pragas e doenças em cacaueiros

são causadas por doenças fúngicas, dentre as quais se sobressaem a monilíase,

causada por Moniliophthora roreri Cif & Paren, que não ocorre no Brasil; a

vassoura de bruxa cujo agente etiológico é a M. perniciosa (Stahel) Aime & Phillips-

Mora; a podridão parda decorrente do ataque de Phytophthora spp.; a murcha de

ceratocystis ocasionada pelo fungo Ceratocystis cacaofunesta Engelbr. & T.C.

Harr.; e murcha de verticillium provocada por Verticillium dahliae Kleb

(LOGUERCIO et al., 2012).

No ano de 1746 deu-se início à cacauicultura na Bahia, que passou a ser o

principal estado produtor de cacau no Brasil (GRAMACHO et al., 1992), quando

constatou-se a doença vassoura de bruxa, em 1989 (PEREIRA et al., 1989). Esta

doença causou grandes perdas, com decréscimo de mais de 60% na produção de

amêndoas secas de cacau na região (SODRÉ; MARROCOS; LEITE, 2012),

acarretando em danos socioeconômicos e ambientais (LUZ et al. 2013).

Mediante este cenário de baixa produtividade, o Centro de Pesquisas do

Cacau (Cepec), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac),

investiu em pesquisas na tentativa de controlar a doença. Dentre as tecnologias

recorridas estava a implantação de variedades clonais com alta produtividade e

resistência à M. perniciosa (MONTEIRO; ANHERT, 2012). Resultantes dessa

seleção, distribuiu-se aos produtores da região variedades como a Theobahia,

resistente à vassoura de bruxa e, sem que se soubesse, suscetível à murcha de

ceratocystis. Por este motivo, esta doença causou a morte de um número

Page 42: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

24

significativo de plantas a partir de 1995. As enxertias para clonagem e as podas

para remoção de vassouras são apontados como contribuintes para a

disseminação da doença, visto que essas práticas provocam ferimentos para a

entrada do fungo nas plantas, visto que C. cacaofunesta um patógeno de

ferimentos, havendo ainda coleobrocas como as dos gêneros Xyleborus e

Xylosandrus que podem dispersar e inocular o fungo ao penetrar em cacaueiros

(OLIVEIRA; LUZ, 2005).

Ceratocystis cacaofunesta é um patógeno que quando penetra na planta,

destrói os vasos do xilema e os raios medulares impedindo o transporte da água

absorvida pelo sistema radicular para a parte aérea da planta, resultando em

amarelecimento, murcha e leve encarquilhamento das folhas. As folhas

permanecem aderidas por volta de duas a quatro semanas após a morte da planta

(ALBUQUERQUE et al., 2005; OLIVEIRA; LUZ, 2005; ALARCON, 1994).

Por destruir o sistema vascular da planta, o controle desta enfermidade

torna-se muito difícil, porque quando os sintomas aparecem na parte aérea, a

planta já está muito comprometida (TUMURA et al., 2012). Recomenda-se, então:

i) o monitoramento constante da área cultivada, com a finalidade de detectar e

erradicar plantas mortas ou doentes, evitando a disseminação do patógeno; ii) o

controle de insetos vetores; iii) o uso de ferramentas desinfestadas em hipoclorito

de sódio a 1% durante as práticas culturais (RAM et al., 2012; OLIVEIRA et al.,

2009; ALBUQUERQUE et al., 2005). Vários autores concordam que a utilização de

materiais genéticos resistentes é o método mais eficiente e econômico para o

controle da enfermidade (SANCHEZ, 2007; SILVA et al., 2007; ALBUQUERQUE et

al., 2005; OLIVEIRA; LUZ, 2005; RAM et al., 2004).

Na literatura não foram encontrados relatos do uso de controle biológico

para a murcha de ceratocystis em cacaueiro, embora para outros fitopatógenos o

biocontrole seja recomendado. No Brasil, as espécies de antagonistas mais

testadas pertencem ao gênero Trichoderma (MORANDI; BETTIOL, 2009). Inclusive

algumas espécies de Trichoderma mostraram-se promissoras para o controle de

doenças do cacaueiro como a monilíase (VILLAMIL; VITERI; VILLEGAS, 2015;

RENE, 2003; BERNALES, 2001), a podridão parda (SANTOS et al., 2014; RENE,

2003) e a vassoura de bruxa (LOGUERCIO et al., 2012; HOYOS et al., 2008;

RENE, 2003; BERNALES, 2001).

Page 43: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

25

Diante disso, propõe-se avaliar o antagonismo de doze isolados

pertencentes ao gênero Trichoderma, in vitro e in vivo, contra Ceratocystis

cacaofunesta, com o propósito de contribuir para o manejo integrado da murcha de

ceratocystis do cacaueiro.

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Fitopatologia e na

casa de vegetação da Seção de Fitopatologia (Sefit) do Cepec (14º75’54,23 S,

39º23’11,35 W), na Ceplac, município de Ilhéus – Bahia. O clone de cacaueiro

CCN 51, susceptível ao patógeno (SILVA; PAIM; CASTRO, 2004), foi empregado

para execução dos testes in vivo.

Todos os experimentos foram repetidos, para conferir confiança aos

resultados.

3.2.1 Obtenção do Fitopatógeno e dos Agentes de Controle Biológico (ABC)

O isolado do fitopatógeno Ceratocystis cacaofunesta utilizado nos

experimentos foi o Cc20, proveniente da coleção de Ceratocystis do Cepec. Este

isolado foi escolhido por ser altamente virulento e apresentar bom crescimento em

meio de cultura e nos tecidos das plantas suscetíveis; bem como por esporular

farta e rapidamente, sendo, por isso, amplamente utilizado nas pesquisas do

Cepec.

Os isolados candidatos a antagonistas utilizados nos testes foram

Trichoderma martiale (ALF247), T. atroviride (7CC), T. longibrachiatum (Tc25), T.

koningiopsis (Tc26), T. virens (T68), T. martiale (312), T. asperellum (316), T.

pseudokoningii (854) e T. harzianum (2927) obtidos como endófitos de cacaueiro

em quatro municípios da Bahia e pertencentes à coleção do Laboratório de

Biocontrole do Cepec; T. harzianum (AR006) e T. stromaticum (Ts1092)

concernidos da coleção da Prof. Andréa Miura na Agroindústria da Universidade

Estadual de Santa Cruz (UESC); e T. virens (Pc4c1) oriundo da coleção micológica

de Feira de Santana (Quadro 1).

Page 44: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

26

Quadro 1 – Agentes de biocontrole utilizados nos experimentos.

Isolados Espécie Local

2927 Trichoderma harzianum Arataca

7CC T. atroviride Mucugê

T68 T. virens Eunápolis

312 T. martiale Ilhéus

316 T. asperellum Ilhéus

Tc25 T. longibrachiatum Ilhéus

854 T. pseudokoningii Ilhéus

Tc26 T. koningiopsis Ilhéus

ALF 247 T. martiale Ilhéus

AR 006 T. harzianum Ilhéus

Ts1092 T. stromaticum Ilhéus

Pc4c1 T. virens Feira de Santana

3.2.2 Verificação do crescimento dos antagonistas e do patógeno em

diferentes meios de cultura

A fim de selecionar o melhor meio de cultura para o desenvolvimento das

colônias dos fungos filamentosos em meio artificial, testou-se quatro meios: ágar-

malte (AM), sabouraud-dextrose-ágar (SAB) e batata-dextrose-ágar preparado a

partir de meio desidratado comercializado (BDAc), bem como, preparado

diretamente do caldo de batata em condições de laboratório (BDAb). Foi utilizado o

meio extrato de malte da marca Himedia®; ágar Acumedia®; o meio Sabouraud da

marca DifcoTM; o meio BDA desidratado comercializado da marca Himedia®; e o

BDA preparado em laboratório a partir de caldo de batatas foi preparado com 200 g

de batata, 20 g de dextrose (Himedia®), 17 g de ágar (Acumedia®) e 1000 ml de

água destilada. Todos os meios de cultura foram preparados segundo Michereff

(2001).

Cada um dos meios de cultura foi distribuído em placas de Petri com

dimensões de aproximadamente 80 x 15 mm. Após 24 horas do meio vertido,

discos de 5 mm de cultura contendo estruturas tanto dos candidatos a antagonistas

Page 45: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

27

quanto patógeno foram depositados no centro de cada placa de Petri. As placas

foram vedadas e incubadas em BOD, com temperatura de 28ºC, no escuro, em

delineamento inteiramente casualizado (DIC). Cada fungo foi testado nos quatro

meios, com seis repetições. A cada 24 horas media-se o diâmetro das colônias

verticalmente e horizontalmente (tomando-se a primeira leitura como parâmetro do

local para as demais), com régua milimetrada, até ser atingida uma das

extremidades da placa. Anotou-se, também, a forma e aspecto das colônias. A

comparação dos meios foi realizada através do software Sisvar® versão 5.6. O

percentual de inibição foi determinado aplicando-se a fórmula:

em que:

Pinib = percentual de inibição (%);

Test = média da testemunha;

Trat = média do tratamento.

3.2.3 Confronto dos agentes de controle biológico com o patógeno

No segundo experimento in vitro utilizou-se a técnica de cultivo pareado

(DENNIS; WEBSTER, 1971) em placas de Petri contendo o melhor meio de cultura

resultante do experimento anterior.

Para o teste com os antagonistas do gênero Trichoderma, discos de micélio

de 5 mm do antagonista e do fitopatógeno foram colocados em posição

diametralmente oposta em placas de Petri. Devido ao lento crescimento do

patógeno (Cc20), ele foi colocado três (Figura 1A), quatro (Figura 1B) e cinco

(Figura 1C) dias antes dos antagonistas nas placas de Petri. Para a testemunha

colocou-se um disco de ágar-água no lugar do disco de micélio do antagonista. As

placas foram vedadas e incubadas em BOD, com temperatura de 28ºC, no escuro,

em delineamento inteiramente casualizado (DIC), com seis replicatas por

tratamento.

Page 46: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

28

O crescimento médio radial das colônias do patógeno a cada 24 h foi

utilizado para medir a inibição provocada pelo antagonista em função do

crescimento nas placas sem o antagonista. Foi avaliado também o tipo de reação

entre o fitopatógeno e os possíveis agentes biocontroladores segundo a

classificação de Bell et al. (1982) (Quadro 2).

Figura 1 – Repicagem dos isolados de Trichoderma spp. para confronto após três

(A), quatro (B) e cinco (C) dias do desenvolvimento das colônias de

Ceratocystis cacaofunesta.

Quadro 2 – Escala de notas para avaliação do teste de confronto direto entre antagonistas e Ceratocystis cacaofunesta (BELL et al.,1982).

Nota Descrição

1 Antagonista cresce e ocupa toda a placa de Petri

2 Antagonista cresce sobre 2/3 da placa de Petri

3 Antagonista e patógeno crescem até a metade da placa

4 Patógeno cresce sobre 2/3 da placa de Petri

5 Patógeno cresce e ocupa toda a placa de Petri

3.2.4 Avaliação do potencial dos agentes de biocontrole como inibidores da

germinação dos esporos de C. cacaofunesta

Para avaliar a inibição da germinação de esporos do patógeno, uma

suspensão de esporos de C. cacaofunesta ajustada para a concentração de

A B C

Page 47: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

29

3x104 esporos/ml foi misturada ao secretoma dos antagonistas em cinco

proporções mais a testemunha que continha apenas o fitopatógeno.

3.2.4.1 Obtenção dos secretomas dos antagonistas

Foram preparadas suspensões de Trichoderma spp. na concentração de

1x107 esporos/ml e colocadas em meio de cultura líquido batata-dextrose. As

suspensões foram armazenadas em tubos de penicilina vedados e incubadas em

BOD, com temperatura de 28ºC, no escuro. Após sete dias, as culturas

desenvolvidas foram filtradas em gaze e papel filtro, centrifugadas a 7000 rpm por

15 minutos e retirado o sobrenadante para ser utilizado no experimento.

3.2.4.2 Obtenção da suspensão de esporos de C. cacaofunesta e testes de

germinação de esporos

A suspensão do patógeno foi preparada a partir da raspagem superficial de

colônias de C. cacaofunesta em meio BDAb, em placas após 10 dias de

crescimento e a concentração foi calibrada em hemocitômetro para 3x104

esporos/ml.

Para o teste de germinação, placas de Petri contendo ágar-água foram

divididas em seis quadrantes. Alíquotas da suspensão do patógeno e do secretoma

do antagonista, conforme as concentrações utilizadas, foram colocadas em tubos

Eppendorf de 2 ml e agitadas por 30 s manualmente e, posteriormente, colocou-se

uma alíquota de 10 µl da mistura em cada quadrante. As concentrações testadas

foram 90, 75, 50, 25, 10 e 0% do secretoma do antagonista (a testemunha foi o

tratamento 0%).

As placas foram incubadas em BOD, a 28ºC, no escuro por 6 h, quando

então se colocou uma gota de lactofenol + azul de algodão para paralisar as

atividades dos fungos. Posteriormente procedeu-se a contagem em microscópio

ótico dos esporos de C. cacaofunesta germinados e não germinados, perfazendo

um total de 100 esporos por campo, utilizando a objetiva de 10x. Posteriormente

calculou-se o percentual de inibição pela mesma fórmula do experimento 2.2. A

análise estatística foi realizada no software Sisvar® versão 5.6, realizando testes de

Scoot-knott a 5% de probabilidade para agrupamento das médias dos tratamentos.

Page 48: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

30

3.2.5 Efeito dos biocontroladores sobre a infecção e formação de peritécios

em discos de folhas de cacaueiro

3.2.5.1 Experimento 1

A metodologia utilizada para inoculação em discos de folha com C.

cacaofunesta foi descrita por Magalhães et al. (2013) e utilizada também com

sucesso para testar resistência de cacaueiro ao patógeno (SANTOS, 2015). Folhas

de cacaueiro foram coletadas de plantas saudáveis e conduzidas ao laboratório,

onde foram sanitizadas com álcool 70%, hipoclorito de sódio 2,5% e água estéril,

respectivamente. Com o auxílio de um bisturi, fez-se um ferimento no sentido

longitudinal da nervura central, retirando a parte mais superficial (Figura 2B).

Com um cortador semiautomático, foram cortados discos de 1,5 cm de

diâmetro da folha ao longo da nervura (Figura 2A). Os discos foram imersos por

cinco minutos nas suspensões dos antagonistas com concentrações ajustadas

para 1x107 esporos/ml, obtidas de culturas com sete dias de incubação (Figura 2C)

e posteriormente arrumados com a nervura central para cima em caixas contendo

espuma umedecida com água estéril (Figura 2D), para formar uma câmara úmida e

proporcionar condições favoráveis ao desenvolvimento dos fungos.

As caixas foram fechadas e incubadas a 28ºC em BOD, no escuro por 24 h;

passado este período, ocorreu a inoculação de uma suspensão de esporos e

fragmentos de micélio com concentração ajustada para 3x104 UFC/ml, espalhando-

se uma gota de 20 µl pela nervura central do disco. Novamente, sob as mesmas

condições, incubaram-se as caixas. Os discos controle foram imersos em água

estéril 24 h antes da inoculação com o Cc20.

O experimento foi montado em DIC, com 21 tratamentos, 10 repetições de 6

unidades experimentais (cada disco de folha representa uma Unidade

Experimental, UE). Quatro dias depois da inoculação do patógeno, procedeu-se,

sob microscópio estereoscópio binocular com aumento de 400 x, a contagem do

número de peritécios formados na superfície dos discos. A análise estatística foi

realizada no software Sisvar® versão 5.6, realizando testes de Scoot-knott a 5% de

probabilidade, para agrupamento das médias.

Page 49: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

31

Figura 2 – Corte dos discos de folhas em cortador semiautomático (A); corte

superficial na nervura central das folhas (B); discos de folhas

imersos na suspensão de um dos antagonistas (C); inoculação do

Ceratocystis cacaofunesta nos discos de folhas 24 h após a

imersão na suspensão dos antagonistas (D).

3.2.5.2 Experimento 2

Os resultados obtidos no experimento 1 motivaram a realização deste,

visando testar o efeito combinado dos quatro antagonistas que apresentaram os

melhores percentuais de inibição da formação de peritécios nos discos de folhas

quando testados de per se. Desta forma, um novo experimento com inoculação do

A B

C

D

Page 50: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

32

patógeno em discos de folhas tratados com suspensões dos antagonistas foi

montado, entretanto, os 15 tratamentos utilizados para imersão dos discos de

folhas (Quadro 3) foram as suspensões dos quatro antagonistas sozinhos,

combinados dois a dois, três a três e os quatro juntos, volume a volume.

Quadro 3 – Tratamentos do experimento 2 para as suspensões dos antagonistas, isolados e as combinações.

Tratamentos Suspensões de isolados

T0 Testemunha (apenas patógeno) T1 T68+Tc26 T2 T68+2927 T3 T68+7CC T4 Tc26+2927 T5 Tc26+7CC T6 2927+7CC T7 T68+Tc26+2927 T8 T68+Tc26+7CC T9 T68+2927+7CC

T10 Tc26+2927+7CC T11 T68+Tc26+2927+7CC T12 T68 T13 7CC T14 Tc26 T15 2927

O experimento foi montado em DIC, com 16 tratamentos, 10 repetições de 6

unidades experimentais (cada disco de folha representa uma UE). A avaliação e

análise foram similares ao experimento 1.

3.2.6 Efeito dos antagonistas no controle da murcha de ceratocystis através

da inoculação em plantas de cacaueiro

3.2.6.1 Tratamento de sementes

As sementes de cacaueiro foram provenientes da área de produção de

sementes e da Estação Experimental Arnaldo Medeiros (ESARM) do

CEPEC/CEPLAC, bem como da Biofábrica de cacau de Ilhéus. As sementes

tiveram a mucilagem removida em peneiras com o auxílio de serragem, foram

despeletizadas e colocadas para pré-germinar em água corrente por 24 h. Após

Page 51: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

33

este período, as sementes foram mergulhadas por 12 horas nas suspensões dos

antagonistas ajustadas para a concentração de 1x107 esporos/ml. Com a radícula

emitida, as sementes foram plantadas em sacos de 1,5 kg contendo a mistura solo

e substrato na proporção de 2:1, previamente esterilizada em autoclave durante

uma hora, por duas vezes consecutivas com intervalo de 24 h. Este experimento foi

conduzido em casa de vegetação, com delineamento em blocos casualizados

(DBC), com 14 tratamentos, sendo: 12 antagonistas, uma testemunha inoculada e

uma testemunha absoluta, nove blocos e cada bloco com cinco plantas por

tratamento (Figura 3).

Figura 3 – Mudas de cacaueiro cultivadas sob condições de

casa de vegetação na Sefit / Cepec / Ceplac.

Duas doses de 10 ml da suspensão de cada antagonista na mesma

concentração anteriormente citada foram aplicadas no solo da rizosfera das

plantas, respectivamente, aos 15 e aos 30 dias antes da inoculação do patógeno.

Estando as mudas com 5 meses de idade, procedeu-se a inoculação de 30 µl de

C. cacaofunesta [3x104 UFC/ml] no caule das plantas, conforme metodologia de

inoculação em mudas de cacaueiro (LUZ et al., 2000), em que foi feita uma incisão

com bisturi, no sentido diagonal cerca de 10 cm acima do coleto (Figura 4A). No

ferimento depositou-se uma alíquota de 30 µL do inóculo com uma pipeta

automática (Figura 4B). Abaixo da incisão colocou-se um pedaço de algodão

umedecido em água estéril e envolveu-se com fita de vedação o local de

inoculação, a fim de compor uma câmara úmida, criando condições favoráveis à

Page 52: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

34

penetração e colonização do hospedeiro (Figura 4C). Para melhorar a aeração do

local inoculado, quarenta e oito horas após a inoculação do patógeno, o algodão e

a fita de vedação foram removidos (SILVA et. al., 2012).

Figura 4 – Incisão no caule da muda de cacaueiro (A); Inoculação do

Ceratocystis cacaofunesta no ferimento (B); Câmara úmida no

local da inoculação (C).

Vinte e dois dias depois da inoculação do fitopatógeno avaliou-se o número

de plantas mortas (NPM), e nas plantas sobreviventes a área da lesão (AL), o peso

da parte aérea (PPA) e do sistema radicular (PSR), bem como a altura (AC) e o

diâmetro das plantas (DC) 0,5 cm acima do local de inoculação. Os dados foram

analisados através dos softwares SISVAR® versão 5.6, realizando testes de Scoot-

knott a 5% de probabilidade e SAS® 1987, para os testes de Dunnett (p<0,05).

3.2.6.2 Efeito dos antagonistas quando aplicados diretamente no ferimento

realizado para inoculação do patógeno em mudas de cacaueiro

Mudas de cacaueiro seminais do clone CCN51 foram cultivadas em

condições de casa de vegetação por um ano. Faltando sete dias para completarem

12 meses, as plantas destinadas a cada um dos tratamentos (exceto a testemunha)

foram irrigadas para atingir as raízes superficiais e a rizosfera de cada uma delas

A B C

Page 53: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

35

com 10 ml da suspensão de cada antagonista, na mesma concentração

anteriormente citada. Uma semana depois foi realizada uma incisão com o auxílio

de bisturi, no sentido diagonal descendente acima do primeiro entrenó e neste local

inoculou-se 1 ml da suspensão de cada antagonista. No dia seguinte, 20 µl de

Cc20 [3x104 UFC/ml] foi inoculado no local do ferimento e procedeu-se como

mencionado no item 2.6.1. O experimento constou de seis tratamentos, sendo T1 a

testemunha, que foi inoculada somente com o patógeno, os quatro isolados que

obtiveram individualmente melhores resultados no experimento de discos de folhas

[T2 (isolado T68), T3 (2927), T4 (Tc26) e T5 (7CC)] e o sexto (T6) aplicação

simultânea das suspensões dos quatro isolados juntos, volume a volume. Cada

tratamento possuía 12 repetições, com as plantas dispostas em DIC. A avaliação

dos mesmos parâmetros do experimento citado anteriormente foi realizada 35 dias

após a inoculação do patógeno. Os dados foram analisados através dos softwares

SISVAR® versão 5.6, realizando testes de Scoot-knott a 5% de probabilidade e

SAS® 1987, para os testes de Dunnett (p<0,05).

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.1 Verificação do crescimento dos antagonistas e do patógeno em

diferentes meios de cultura

Dentre os meios de cultura artificiais testados, o BDA tanto preparado com

caldo de batatas (BDAb) como o comercializado pronto (BDAc) apresentou

estatisticamente melhor desenvolvimento do patógeno, diferindo do SAB e AM, que

foram inferiores e estatisticamente iguais pelo teste de Skoot-Knott a 5% de

probabilidade. O BDAb propiciou crescimento micelial do patógeno (isolado Cc20)

superior aos demais meios em todos os dias de avaliação até tomar toda a placa,

seguido pelo BDAc e SAB, e, aquém em todos os dias de avaliação, esteve o AM

(Figura 5).

Quanto à morfologia das colônias de C. cacaofunesta observou-se que

houve variação das culturas nos dois meios BDA testados. No meio de cultura

BDAb a formação de peritécios foi maior do que nos demais meios e isto é

importante para que se obtenha ascósporos visando o preparo de suspensões.

Houve ainda formação de micélio subsuperficial (Figura 6A), demonstrando que

Page 54: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

36

pode ser usado para isolamento de C. cacaofunesta com maior eficiência que os

outros meios. Por este motivo, foi selecionado para crescimento do patógeno nos

demais experimentos.

Apesar de teoricamente possuírem a mesma composição e não haver

diferença significativa quanto ao desenvolvimento das colônias, observou-se

diferenças na aparência das colônias entre os dois meios a base de batata

testados. Visualmente, no BDAc as colônias pareciam um pouco menos

desenvolvidas do que no BDAb, com formação densa de micélio superficial de

coloração negro esverdeada e poucos peritécios (Figura 6B). Isto pode ter ocorrido

pelo fato de que no processo de desidratação da infusão de batata algum

composto tenha sido perdido, o que não acontece quando se utiliza o caldo de

batata fresco.

Ocorreu crescimento micelial superficial abundante no meio SAB, e as

colônias ficaram com coloração esbranquiçada (Figura 6C). No meio AM tanto

produção de micélio superficial e subsuperficial quanto de peritécios foi escassa

(Figura 6D). A observação da formação dos peritécios foi visual, atribuindo-se

notas pela quantidade de peritécios formados (Figura 6).

Para os antagonistas do gênero Trichoderma, todos os meios testados foram

eficientes e não houve diferença significativa quanto ao seu crescimento, visto que

cresceram de forma similar em todos os meios testados, tomando completamente a

superfície do meio de cultura com três a quatro dias após a repicagem.

Santos et al. (2011) constataram que o meio BDA proporcionou crescimento

mais homogêneo entre os isolados de Ceratocystis fimbriata por eles testados.

Para condições de cultivo monospórico in vitro de Chalara paradoxa, os meios AV

(aveia em flocos) e BDA em regime escuro contínuo foram os mais eficientes

(SANTOS, 2013).

A composição do meio de cultura é um dos fatores determinantes para a

quantidade e qualidade do crescimento micelial e esporulação dos microrganismos

em condições artificiais. Além dos meios de cultura, a fisiologia, temperatura e

luminosidade são fatores essenciais para estimular a esporulação (DHINGRA;

SINCLAIR, 1994). Quando um fungo cresce bem em um substrato e não em outro,

atribui-se ao envolvimento de metabólitos e nutrientes específicos e necessários

para o desenvolvimento do fungo (CARNAÚBA et al., 2006).

Page 55: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

37

Ribeiro, Ito e Rosetto (1987) descreveram que C. fimbriata em BDAb, exibiu

desenvolvimento inicial de micélio esbranquiçado, que foi escurecendo com o

passar do tempo até ficar de coloração castanha e escura; formavam-se peritécios

negros com longo rostro e base globosa, superficiais ou parcialmente imersos e, na

sua extremidade, uma pequena gota alaranjada identificada como a massa de

ascósporos. A cultura exala um odor característico de banana madura. Na verdade,

este odor assemelha-se mais ao óleo de banana. Isto também ocorreu com C.

cacaofunesta no presente experimento.

O meio BDA é rico em carbono e composto majoritariamente de amido, e

várias fontes são utilizadas na suplementação deste meio, como frutose, maltose,

sacarose, além de glucose ou dextrose (PIMENTA NETO, 2012).

As fontes de alimentação influenciam diretamente o crescimento do fungo,

tanto na extensão linear quanto no aumento da massa celular (HOHL, 1983).

Conforme informações do fabricante (HIMEDIA, 2011), o BDAc é um meio

de utilização geral para fungos filamentosos e leveduriformes, recomendado para

contagem em placas em exame de alimentos e produtos lácteos. É rico

nutricionalmente por conter infusão de batata desidratada, o que incentiva o

crescimento fúngico e a esporulação de diversas espécies, bem como a

manutenção de certos dermatófitos possibilitando também a diferenciação da

variabilidade dos isolados em cultura com base na produção de pigmentos.

Segundo Nozaki et al. (2004), as condições que favorecem o crescimento do

fungo nem sempre são as mesmas que favorecem a esporulação, e alguns meios

de cultura propiciam melhor esporulação do que outros.

Sabouraud dextrose ágar é um meio seletivo utilizado principalmente para o

isolamento de dermatófitos, fungos e leveduras, mas também podem crescer as

bactérias filamentosas, tais como Nocardia spp. O pH deste meio é ácido (pH

próximo a 5,0) inibe o crescimento da maioria das bactérias. Este meio é composto

por digestão enzimática de caseína e tecidos de animais, que fornecem uma fonte

nutritiva de aminoácidos e compostos azotados para o crescimento de fungos e

leveduras (DIFCO™; BBL™, 2016). Como observado nos dados apresentados

(Figura 5, 6B) este meio embora tenha propiciado o crescimento superficial

abundante de C. cacaofunesta, não estimulou a sua esporulação.

Page 56: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

38

Figura 5 – Crescimento radial das colônias de Ceratocystis cacaofunesta (isolado Cc20) em quatro meios de cultura

diferentes a cada 24 horas. SAB: sabouraud; AM: ágar-malte; BDAb: batata-dextrose-ágar preparado com

batatas e; BDAc: preparado a partir de meio desidratado comercializado.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312

Diâ

me

tro

das

co

lôn

ias

(cm

)

Tempo (horas)

SAB

AM

BDAb

BDAc

Page 57: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

39

Figura 6 – Colônias de Ceratocystis cacaofunesta (isolado

Cc20) nos meios de cultura batata-dextrose-ágar

preparado com caldo de batatas (BDAb) (A)

meio desidratado (BDAc) (B), sabouraud (SAB)

(C) e ágar-malte (AM) (D).

3.3.2 Confronto dos agentes de controle biológico com o patógeno

No experimento de confronto entre patógeno e antagonistas observou-se

que todos os isolados de Trichoderma spp. tiveram rápido crescimento micelial, e,

inibiram o crescimento do patógeno em 100% no terceiro dia de avaliação (Figura

7), exceto o isolado T68 (T. virens) que apresentou 98% de inibição do patógeno.

Já no segundo dia de avaliação, os isolados 312 (T. martiale), 7CC (T.

atroviride), AR006 (T. harzianum), Pc4c1 (T. virens), Tc26 (T. koningiopsis) e

Ts1092 (T. stromaticum) inibiram totalmente o desenvolvimento do patógeno.

Alguns isolados, no primeiro dia de avaliação, apresentaram percentuais de

inibição negativos, visto que o crescimento do patógeno pareado foi maior que o da

A B

C D

Page 58: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

40

testemunha, são: eles 316, 854, 2927, 7CC, ALF247, AR006, T68, Tc25, Tc26 e

Ts1092; e no segundo dia de avaliação ainda continuaram sem inibir o patógeno os

isolados: 854 e T68. Os isolados 312 e Pc4c1 foram os únicos que no primeiro dia

de avaliação já apresentaram algum nível de inibição. O isolado T68 foi o único que

não inibiu o desenvolvimento do Cc20 completamente, mas causou 98% de

inibição (Figura 8).

Não houve diferença significativa entre os dias de vantagens atribuídos ao

patógeno, pois os antagonistas inibiram o desenvolvimento das colônias de C.

cacaofunesta independente de seu tamanho inicial. Conforme a escala de Bell et

al. (1982), todos os isolados de Trichoderma se enquadram no conceito número

um, em que o antagonista cresce e ocupa toda a placa (Figura 9).

Oliveira, Silva e Santos (2013) constataram que a velocidade de crescimento

micelial dos isolados de Trichoderma spp. testados foi rápida, em três dias já

haviam tomado toda a placa de Petri e os isolados 910 (T. harzianum), 4088 (T.

longibrachyatum), 1052 (T. pseudokoningii) e 905 (T. viride) se destacaram pela

sobreposição total e rápida das colônias de C. cacaofunesta.

Bomfim (2007) concluiu que todos os isolados testados de Trichoderma spp.

apresentaram rápido crescimento micelial em BDA e com 3 dias de incubação

inibiram o desenvolvimento de Rhizopus stolonifer. Assim como Santos et al.

(2012) verificaram que todos os dez isolados de Trichoderma spp. testados inibiram

o crescimento micelial de Thielaviopsis paradoxa.

Melo (2015) mostrou que, do total de 50 isolados de Trichoderma spp.

testados, todos foram capazes de inibir, significativamente, o crescimento de P.

nicotianae, com valores de inibições que variaram de 29 a 83% no tamanho da

colônia do fitopatógeno, e acrescentou que os isolados de Trichoderma spp.

cresceram sobre o fitopatogeno.

Corrêa et al. (2011) concluíram que Trichoderma pseudokoningii (isolado

ACB-37) e T. virens (ACB-32) foram os que mais inibiram o desenvolvimento de P.

parasitica por meio do cultivo pareado e pela produção de metabólitos tóxicos ao

patógeno. Sugerindo, assim que os mecanismos responsáveis pelo antagonismo,

provavelmente, são competição e antibiose, uma vez que os mesmos não

apresentaram atividade celulolítica. Com relação a T. aureoviride (ACB-33), houve

inibição do crescimento micelial de P. parasitica, em cultivo pareado e produção de

Page 59: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

41

enzimas capazes de degradar a celulose presente no meio de cultura, indicando a

ocorrência dos mecanismos de ação por competição, antibiose e parasitismo.

Figura 7 – Colônias de Ceratocystis cacaofunesta (isolado Cc20)

confrontadas ou não com isolados de Trichoderma spp.

Isolado Pc4c1 (A); isolado 312 (B); isolado ALF247 (C);

isolado 2927 (D); e isolado Tc26 (E) no terceiro dia de

pareamento; e testemunha aos 10 dias (F).

Souza (2013) relatou que quatro isolados de Trichoderma spp. desafiados

exerceram ação inibitória sobre o desenvolvimento de Guignardia citricarpa sem

diferenças significativas entre eles (p<0,05), obtendo entre 58% e 62% de inibição.

Os antagonistas cresceram sobre o patógeno tomando toda a placa cinco dias

após o pareamento.

Santos et al. (2013) demonstraram a eficiência de Trichoderma harzianum

no controle in vitro de Fusarium oxysporum f. sp. licopersici, agente causal da

murcha de tomateiro, iniciando o processo de inibição do patógeno a partir do

quarto dia.

A B C

D E F

Page 60: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

42

Figura 8 – Porcentagem de inibição do crescimento de colônias de Ceratocystis

cacaofunesta (isolado Cc20) por antagonistas do gênero Trichodema.

Figura 9 – Padrão de crescimento micelial observado no confronto de

patógeno isolado Cc20 x antagonistas Trichoderma atroviride

(isolado 7CC) no primeiro (A), segundo (B) e terceiro (C) dia de

pareamento.

Santos et al. (2012), com o cultivo pareado, verificaram que todos os

isolados de Trichoderma spp. por eles testados inibiram o crescimento micelial de

T. paradoxa, anamorfo de uma espécie de Ceratocysts, C. paradoxa.

É possível que mecanismos de antagonismo iguais aos citados na literatura

consultada tenham sido utilizados pelos isolados de Trichoderma spp.

presentemente estudados, embora não tenha sido este o objetivo deste trabalho.

-40

-20

0

20

40

60

80

100P

erc

en

tual d

e in

ibiç

ão

(%

)

Isolados de Trichoderma spp.

DIA 1

DIA 2

DIA 3

A B C

Page 61: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

43

3.3.3 Avaliação do potencial dos agentes de biocontrole como inibidores da

germinação dos esporos de C. cacaofunesta

Para avaliar-se a germinação dos esporos de C. cacaofunesta em

suspensão com os secretomas dos antagonistas em diferentes concentrações,

volume a volume, foram contados os conídios e ascósporos germinados e não

germinados. A ANOVA realizada demonstrou que houve variação significativa entre

as concentrações de secretoma utilizadas para cada isolado de Trichoderma spp.,

bem como entre isolados na mesma concentração em relação à inibição da

germinação dos esporos do patógeno.

Não foi possível estabelecer-se uma concentração padrão do secretoma

para todos os isolados, uma vez que a variação do comportamento inibidor das

concentrações usadas diferiu muito entre eles (Tabela 1). No entanto, para todos

os isolados, houve um decréscimo na inibição dos esporos do patógeno na

concentração de 90% do secretoma de Trichoderma spp., em relação à

concentração em que maior inibição foi causada por aquele determinado agente.

Todos os isolados de antagonistas inibiram, em maior ou menor

porcentagem, a germinação de esporos do patógeno. Os percentuais variaram

entre 81% com o isolado AR 006 à 10% da concentração do secretoma a 48% com

o isolado Ts1092 à 90% do secretoma do antagonista.

Na concentração de 10% de secretoma do antagonista destacaram-se os

isolados 316, Pc4C1, AR 006 e Tc26. A 25% vários isolados ficaram no grupo A e

apenas os isolados 316, 854, 7CC, ALF 247, AR 006, Pc4c1, Tc25 e Tc26 foram

estatisticamente superiores aos demais isolados testados. Os isolados 312, 2927,

T68 e Ts1092 ficaram no grupo B. Quando colocados na proporção 1:1, três grupos

foram formados, o A com o isolado 854 foi superior aos demais, o B intermediário

com isolado 316 e 73% de inibição e os demais no grupo C. Na concentração de

75% do antagonista, os isolados 312, 316, 854, 7CC, AR006 e Tc25 inibiram a

germinação de esporos do patógeno mais do que os demais. A 90% de

concentração secretomas dos antagonistas, somente Tc25 foi superior aos demais

inibindo 70% da germinação e Ts1092 com a menor inibição para esta

concentração, 48%. Os isolados AR 006, 316, Tc25 e 854 – T. harzianum, T.

asperellum, T. longibrachiatum e T. pseudokoningii, respectivamente –

Page 62: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

44

sobressaíram-se aos demais por terem conseguido em três concentrações

diferentes, com percentuais de inibição de germinação entre 81 a 64,4%.

Os melhores percentuais de inibição para cada isolado nas seguintes

concentrações do secretoma: 312 em 75%, 316 em 10%, 854 em 50%, 2927 em

10%, 7CC em 10%, ALF 247 em 25, 50 e 75%, AR 006 em 10%, Pc4c1 em 10%,

T68 em 50%, Tc25 em 10 e 75%, Tc26 em 10% e Ts1092 em 10 e 50%.

Tabela 1 – Inibição da germinação de esporos de Ceratocystis

cacaofunesta quando tratados com seis concentrações de

secretoma dos antagonistas do gênero Trichoderma.

Isolado Concentrações do antagonista (%)

10 25 50 75 90

312 72,2 b B 55,5 b B 61 b C 73,3 a A 52 b D

316 80,2 a A 72 b A 73 b B 71,7 b A 65 c B

854 74,3 b B 68,5 b A 79,2 a A 74 b A 62 c C

2927 69,3 a B 52,8 b B 62,5 b C 58 b B 60,5 b C

7CC 72,7 a B 64,8 b A 66 b C 67,7 b A 61 b C

ALF247 49,2 b D 63 a A 62,7 a C 55,5 a B 46 b E

AR006 81 a A 69,8 b A 64,3 b C 66,5 b A 61 b C

PC4C1 77,8 a A 61,2 b A 67,3 b C 63,3 b B 64,5 b B

T68 57,3 b C 55 b B 70,2 a C 52,8 b B 51 b D

Tc25 74,5 a B 64,4 b A 68,8 b C 79,5 a A 70 b A

Tc26 76,5 a A 63,2 b A 63,5 b C 53,3 b B 57,3 b C

Ts1092 58,5 a C 50,3 b B 66,2 a C 54,5 b B 48 b E *Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scoot-Knott (p<0,05).

Os resultados obtidos sugerem que cada isolado tem o seu melhor

desempenho em concentrações específicas, sem padronização de comportamento

quando comparados. À concentração de 90% do antagonista houve destaque

apenas para um dos isolados de antagonistas, sugerindo-se que, ao contrário do

que se concluiria, segundo a lógica, de que quanto maior a concentração do

antagonista presente, menor seria a germinação do patógeno. Porém, nenhum dos

isolados nas concentrações do secretoma testados inibiu 100% a germinação dos

esporos do patógeno.

Zivković et al. (2010) com suspensões de esporos de isolados de T.

harzianum e Gliocladium roseum contra Colletotrichum acutatum e C.

gloeosporioides, verificaram que os antagonistas inibiram de 86% e 89% a

Page 63: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

45

germinação de conídios dos dois isolados de Colletotrichum testados. Esses dados

corroboram que T. harzianum é um bom inibidor da germinação de esporos.A

concentração de esporos do patógeno e dos antagonistas foi de 50%.

3.3.4 Efeito dos biocontroladores sobre a formação de peritécios em discos

de folhas de cacaueiro

Nas inoculações do patógeno em discos de folhas destacou-se como

biocontrolador o isolado T68 (T. virens), que causou 98,52% de inibição na

formação de peritécios pelo patógeno, seguido de 2927 e Tc26 com 94,03% e 7CC

com 92,34% (Figura 10). Os isolados 312, Pc4c1, Ts1092 e AR006 não diferiram

entre si, com percentuais de inibição entre 92,34 e 77,85%. Os isolados 316, Tc25

e ALF247 foram estatisticamente iguais, causando inibições entre 76,42 a 74,53%.

O menor percentual foi do isolado 854 com 43,49%. Todos os isolados diferiram

estatisticamente da testemunha e causaram inibições ao patógeno, conforme teste

de Skoot-Knott a 5% de probabilidade.

No experimento seguinte, visando comparar a atuação de per se de cada um

dos quatro melhores isolados de biocontroladores – T68, Tc26, 2927 e 7CC –, com

as combinações entre eles, todos os quinze tratamentos com antagonistas inibiram

a formação de peritécios de C. cacaofunesta em porcentagens entre 67 e 100%

pelo teste de Tukey (p<0,05). Três grupos foram formados com base na

porcentagem de inibição da formação de peritécios pelos tratamentos. No primeiro

grupo (a), ficaram sete tratamentos que apresentaram porcentagem de inibição

entre 96,5 e 100%, incluindo o isolado T68 (T. virens) ou ele de per se, são eles:

T68+Tc26+2927+7CC (T11) e T68+Tc26+7CC (T8) com 100% de controle (não

houve formação de peritécios na superfície da folha); T68 (T12) com 99,85%;

T68+Tc26+2927 (T7), T68+2927 (T2), T68+Tc26 (T1) e Tc26+2927 (T4). Apenas

duas das combinações envolvendo o isolado de T. virens ficaram no segundo

grupo (b), os tratamentos T9 (T68+2927+7CC) e T3 e (T68+7CC) causando

92,3 e 91,6% de inibição, respectivamente. Os tratamentos que ficaram

neste grupo [T68+2927+7CC (T9), T68+7CC (T3), Tc26 (T14), Tc26+2927+7CC

(T10), Tc26+7CC (T5), 7CC (T13) e 2927 (T15)] causaram entre 79,9 a 92,3% de

inibição na formação de peritécios. O menor percentual de inibição (66,97%) foi

Page 64: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

46

pela combinação 2927+7CC (Figura 11). Todos os tratamentos diferiram

estatisticamente da testemunha (teste de Tukey p<0,05).

Como é possível notar pelos dados dos dois experimentos aqui apresentados,

o isolado de T. virens (T68) foi capaz de inibir sozinho acima de 99% a formação

de peritécios de C. cacaofunesta quando os discos de folhas foram imersos por

cinco minutos na suspensão de esporos do antagonista, 24 h antes da inoculação

com o patógeno. Quando em combinação com outros isolados a inibição chegou a

100%. O isolado T68 tem a habilidade de produzir alguma substância inibidora da

formação de peritécios de C. cacaofunesta ou de colonizar rapidamente a

superfície dos discos, impedindo o estabelecimento do patógeno e a sua

esporulação. Sua performance como inibidor pode ser melhorada em combinação

com outras espécies do mesmo gênero como foi demonstrado para combinação

quádrupla com isolados de T. koningiopsis (Tc26), T. harzianum (2927), T.

atroviride (7CC) ou sem o isolado de T. harzianum.

Figura 10 – Número de peritécios de Ceratocystis cacaofunesta formados após

quatro dias nos discos de folhas tratados com os antagonistas e

inoculados com o patógeno e percentagem de inibição em relação à

testemunha.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

5

10

15

20

25

30

35

Perc

entu

al

de inib

ição

Núm

ero

de p

erité

cio

s

Antagonistas

NPER

%INIB

a a a a b b

b

c

d

b b b b

a

Page 65: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

47

Figura 11 – Número de peritécios de Ceratocystis cacaofunesta formados

após quatro dias sobre discos de folhas de cacaueiro e

percentuais de inibição provocados pela ação combinada de

antagonistas em relação à testemunha (T1= T68+Tc26; T2=

T68+2927; T3= T68+7CC; T4= Tc26+2927; T= Tc26+7CC; T6= 2927+7CC;

T7= T68+Tc26+2927; T8= T68+Tc26+7CC; T9= T68+2927+7CC; T10=

Tc26+2927+7CC; T11= T68+Tc26+2927+7CC; T12= T68; T13= 7CC; T14=

Tc26; T15= 2927).

3.3.5 Efeito dos antagonistas no controle in vivo da murcha de ceratocystis

3.3.5.1 Tratamento de sementes

No experimento de tratamento de sementes com os candidatos a

biocontroladores e posterior inoculação do patógeno no caule das plantas, em casa

de vegetação, aos 22 dias após a inoculação do patógeno, o número de plantas

mortas e com sintomas da murcha de ceratocystis já era elevado em todos os

tratamentos, à exceção da testemunha absoluta. Não houve diferença significativa

entre os tratamentos com os antagonistas testados em relação à testemunha

inoculada, exceto o isolado 7CC. Todos os tratamentos, sem exceção, diferiram da

testemunha absoluta pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade. Foi baixa a

porcentagem de plantas sobreviventes em todos os tratamentos, variando de 2,27

0

20

40

60

80

100

T11 T8 T12 T7 T2 T1 T4 T9 T3 T14 T10 T5 T13 T15 T6

Núm

ero

de p

erité

cio

s

Perc

entu

al

de I

nib

ição

Combinações dos isolados

% INIB

NPER

a a a a a a a b b b b b b b

c

Page 66: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

48

a 28,21% para o tratamento com o isolado 7CC (Tabela 2). Nenhuma planta da

testemunha absoluta apresentou sintomas ou morreu (Figura 12A).

Tabela 2 – Porcentagem de plantas vivas dos tratamentos com os antagonistas ao

22º dia após a inoculação de Ceratocystis cacaofunesta em relação às

testemunhas inoculada e absoluta.

Isolado Plantas vivas (%) Comparação com as testemunhas

Absoluta Inoculada

AR006 15,56 *** 7CC 28,21 *** ***

ALF247 11,63 *** 854 7,50 *** 312 13,95 *** T68 4,76 *** 316 2,27 *** Ts1092 9,09 *** PC4C1 10,00 *** 2927 13,51 *** Tc25 12,12 *** Tc26 11,76 *** Test inoculada 0,00 *** Test absoluta 100,00

***

***Médias não diferem entre si pelo teste de Dunnett (p<0,05).

Como o número de plantas sobreviventes foi pequeno, a avaliação das

demais variáveis – área da lesão (AL), peso da parte aérea (PPA) e do sistema

radicular (PSR), altura (AC) e o diâmetro do caule das plantas (DC) – ficou

prejudicada. No entanto, para as variáveis peso do sistema radicular e peso da

parte aérea (Tabela 3), o isolado 7CC distinguiu-se estatisticamente dos demais,

apresentando valores médios de 0,86 e 4,9 g, respectivamente, porém inferiores e

distintos das médias da testemunha absoluta (1,32 e 9,02 g, respectivamente).

Em plântulas de cacaueiro aos cinco meses de idade os antagonistas

aplicados nas sementes e, posteriormente, no solo da rizosfera das plântulas 15 e

30 dias antes da inoculação com o patógeno não tiveram o efeito esperado e não

controlaram a doença como era esperado, pelo menos na concentração em que

foram testados (1 x 107 esporos/ml).

Page 67: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

49

Para o tratamento com o isolado 7CC, 28% das plantas sobreviveram, mas

para esta porcentagem de sobrevivência não compensaria os gastos extras com o

tratamento das sementes antes do plantio.

Tabela 3 – Peso médio do sistema radicular e da parte aérea das

plantas tratadas com os antagonistas e sobreviventes

à inoculação com Ceratocystis cacaofunesta e da

testemunha absoluta.

Isolado PSR (g) PPA (g)

316 0.070889 a 0.465778 a

Ts1092 0.224444 a 1.184.667 a

T68 0.259333 a 1.520.444 a

ALF247 0.264000 a 1.848.000 a

Test inoculada 0.2553.333 a 1.876.000 a

AR006 0.294222 a 1.985.111 a

312 0.319556 a 2.299.333 a

854 0.332889 a 2.409.333 a

PC4C1 0.424444 a 2.570.444 a

2927 0.494889 a 3.073.333 a

Tc25 0.674222 a 4.016.000 a

Tc26 0.694222 a 4.120.222 a

7CC 0.867556 b 4.940.889 b

Test absoluta 1.326.667 c 9.026.667 c * Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scoot-

Knott (p<0,05).

Tocafundo et al. (2010) também não encontraram efeito dos isolados de

Trichoderma spp., testados no controle de P. palmivora em mudas de mamoeiro, e

nem ação positiva deles no crescimento das mudas tratadas em relação às plantas

testemunha que não foram tratadas com os antagonistas.

Porém, há resultados em que isolados de Trichoderma demonstraram

eficiência no controle das doenças em plantas. Venturini (2012) verificou que os

isolados 4006b (T. harzianum), 78 (Trichoderma sp.), T70 (T. harzianum) e T68 (T.

virens) propiciaram 75, 59, 53 e 47% de controle da podridão do pé (causada por

Page 68: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

50

P. palmivora) em plântulas de mamoeiro e podem ser indicados para controle

biológico da doença.

O isolado 2995 de T.stromaticum e SF04 de T. asperellum foram

promissores no controle de P. palmivora em frutos (TOCAFUNDO, 2008). T.

harzianum, no tratamento de sementes de milho, reduziram os sintomas de

antracnose causada por Colletotrichum graminicola (HARMAN et al., 2004). Howell

(2003) observou que T. virens, foi capaz de controlar o tombamento em plântulas

de algodoeiro, causado por Rhyzopus oryzae e Pythium sp.

Segundo Oliveira e Luz (2005), os sintomas da murcha de ceratocystis, na

parte aérea da planta, são caracterizados por murcha, amarelecimento e seca de

folhas, que perdem a turgidez, pendem verticalmente, encarquilham-se, secam,

permanecendo aderidas aos ramos por algumas semanas, mesmo após a morte

aparente da planta. Este quadro sintomático foi observado nas mudas inoculadas

com C. cacaofunesta, todavia, as folhas nas plantas inoculadas não chegaram a

amarelecer, penderam verticalmente e secaram rapidamente, seguindo-se a morte

das plantas (Figura 12B, C).

Figura 12 – Plântulas de cacaueiro do experimento com tratamento de sementes:

saudáveis (A); mortas por Ceratocystis cacaofunesta (B); detalhe das

folhas murchas (C).

A B C

Page 69: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

51

Quanto à descrição dos sintomas internos relatados por Oliveira e Luz

(2005), correspondem perfeitamente aos sintomas observados nos experimentos.

Os autores descrevem que sobre o lenho, a lesão apresenta-se com coloração

castanha estendendo-se para cima e para baixo em torno do ponto de infecção e

diminuindo em intensidade, em direção aos tecidos sadios (Figura 13).

Figura 13 – Lesão interna causada por Ceratocystis cacaofunesta em mudas de

cacaueiro inoculadas em ferimento no caule.

3.3.5.2 Tratamento de ferimentos

Como foi observado que nenhum dos tratamentos, na forma como foram

aplicados, conseguiu controlar efetivamente o desenvolvimento da doença no

experimento de tratamento de sementes de cacaueiro com ABCs – que indica que

não houve translocação do efeito antagônico para proteção do local de infecção –,

uma segunda metodologia foi testada.

O ferimento nas plantas foi realizado e tratado com os ABCs que

apresentaram melhores desempenhos nos experimentos anteriores

individualmente e combinando-os (isolados T68, 7CC, Tc26 e 2927) 24 h antes de

fazer a inoculação com o patógeno.

Como as plantas já estavam mais velhas (um ano de idade), o número de

plantas mortas foi bem inferior ao do experimento anterior, um total de 19,4% de

mortalidade, sendo que 4,16% das plantas da testemunha morreram (Tabela 4).

Nos tratamentos com os isolados 7CC (T5), 2927 (T3) e todos os isolados

combinados (T6) os percentuais de plantas mortas foram iguais aos da

Page 70: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

52

testemunha. O isolado Tc26 (T4) obteve 5,55% e o T68 (T2) 1,38% de mortalidade.

Verificou-se que houve diferença significativa entre os tratamentos apenas quanto à

altura do caule, em que os tratamentos T2 e T4 se destacaram dos demais e

diferiram estatisticamente da testemunha. Não houve diferença significativa entre

os tratamentos e a testemunha para as demais variáveis. Entretanto, os valores da

área da lesão da testemunha foram ligeiramente maiores, assim como foram

menores do que dos tratamentos com os antagonistas para diâmetro do caule e

peso do sistema radicular embora sejam distintos estatisticamente.

Tabela 4 – Valores médios das variáveis avaliadas no tratamento com ferimentos

após 35 dias da inoculação de Ceratocystis cacaofunesta.

Tratamento PV (%) AL (cm) AC (cm) DC (mm) PPA (g) PSR (g)

1 95,84 a 2.05 a 50.94 a 6.66 a 25.21 a 5.90 a 2 95,84 a 1.80 a 54.68 a 7.28 a 30.17 a 6.75 a 3 98,62 a 0.97 a 61.98 b 7.40 a 32.99 a 7.67 a 4 95,84 a 1.52 a 55.16 a 7.05 a 25.04 a 6.25 a 5 94,45 a 0.84 a 62.49 b 7.80 a 31.22 a 7.95 a 6 95,84 a 1.68 a 50.45 a 7.40 a 28.89 a 6.54 a

* Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). AL: área da lesão; AC: altura do caule; DC: diâmetro do caule; PPA: peso da parte aérea; PSR: peso do sistema radicular. Tratamentos: T1= testemunha; T2= T68; T3= 2927; T4= Tc26; T5= 7CC; T6= T68+2729+Tc26+7CC.

Mediante os resultados obtidos neste experimento, indaga-se o porque de

não haver efeito antagônico ao patógeno quando inoculado via ferimento no caule,

contrariamente aos resultados obtidos com inoculação em discos de folhas. O

tempo entre tratamento com antagonistas e inoculação do patógeno pode não ter

sido adequado. Sugere-se, então, que devem ser testadas outras metodologias de

aplicação dos antagonistas in vivo para o controle biológico da murcha de

ceratocystis a fim de se demonstrar eficiência dos agentes de biocontrole conforme

foi observado nos experimentos anteriores, com destaque para a inoculação em

discos de folhas de cacaueiro.

Page 71: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

53

4 CAPÍTULO 2

ANTAGONISMO DE LEVEDURAS AO AGENTE ETIOLÓGICO DA MURCHA DE

CERATOCYSTIS EM CACAUEIRO

RESUMO

O fungo Ceratocystis cacaofunesta causa a murcha de ceratocystis em cacaueiro, doença vascular de difícil controle. Devido à forma indireta de penetração do fungo na planta, cogita-se tratar as injúrias com agentes de biocontrole (ABCs) antes da chegada do patógeno utilizando leveduras, pois são excelentes colonizadoras de ferimentos. Objetivou-se testar o potencial antagonista de 11 leveduras isoladas do filoplano de cacaueiro contra C. cacaofunesta. Para tal avaliou-se: i) pareamento dos ABCs com o patógeno em placas de Petri; ii) inibição da germinação de esporos de C. cacaofunesta pelo secretoma dos antagonistas; iii) efeito dos ABCs na formação de peritécios em discos de folhas; iv) tratamento de sementes e irrigação do solo com ABCs antes da inoculação do patógeno em mudas; v) antagonismo em mudas estaqueadas. As leveduras 161, 166, 169, 174, 165, 23 e 92 paralisaram o crescimento do patógeno no 11º dia de avaliação. No teste de germinação, todos os ABCs reduziram a germinação de esporos do patógeno. Nos testes em discos de folhas, todos os isolados diferiram da testemunha e inibiram em algum grau a formação de peritécios. Quando as mudas tiveram as sementes e o solo da rizosfera tratados com ABCs, nenhum tratamento diferiu da testemunha inoculada e todos diferiram da testemunha absoluta. No experimento em mudas estaqueadas, os isolados LEV034 e LEV101 tiveram apenas 15 e 15,9% de plantas mortas, respectivamente, sendo superiores aos demais tratamentos. Os resultados demonstram existir possibilidade de utilizar as leveduras LEV034 and LEV101 (Rhodosporidium paludigenum) como ABCs para C. cacaofunesta, devendo ser pesquisadas melhores formas de aplicação.

Palavras-chave: Ceratocystis cacaofunesta, controle biológico, Sporobolomyces

roseus, Rhodosporidium paludigenum, Rhodototula spp.

Page 72: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

54

4 CHAPTER 2

ANTAGONISM OF YEAST ISOLATES TO THE ETIOLOGICAL AGENT OF

CERATOCYSTIS WILT IN COCOA

SUMMARY

The fungus Ceratocystis cacaofunesta is the causal agent of ceratocystis wilt in cocoa, a vascular disease difficult to control. As the fungus penetration into cacao trees is only by injuries, there is the possibility of treating injuries with yeast as biocontrol agents (BCAs) prior to arrival of the pathogen. Yeasts are excellent wound colonizers. This study aimed to test the potential antagonist of 11 cacao phylloplane yeast isolates against C. cacaofunesta. For such antagonism is evaluated by: i) the antagonism by BCAs confronting the pathogen in vitro ii) inhibiting the spores of C. cacaofunesta germination; iii) the antagonist effect of the BCAs secretomes on perithecia formation over leaf discs inoculated with the pathogen; iv) seeds treatment and irrigation of the soil surface with BCAs spore suspensions; v) application of BCAs on stem injury before the pathogen inoculation in cacao seedlings; and vi) the yeast performance in mini cuttings inoculated with the pathogen. The yeasts 161, 166, 169, 174, 165, 23 and 92 paralyzed the pathogen growth on the 11th day of evaluation. All 11 BCAs reduced the pathogen spores germination and inhibited to some extent the perithecia formation over leaf discs inoculated with the pathogen. There was no statistic difference between the inoculated control and any of the treatments with BCAs after seedlings from seeds treated and irrigated with BCAs suspensions. However, when the mini cuttings roots were deep In BCAs suspensions and inoculated with the pathogen, the isolates LEV034 and LEV101 had only 15 and 15.9% of dead plants, respectively being better than all other treatments. It was demonstrate that there is possibility of the yeasts LEV034 and LEV101 (Rhodosporidium paludigenum) to control C. cacaofunesta. Better ways of these BCAs application should be searched. Keywords: Ceratocystis cacaofunesta, biological control, Sporobolomyces roseus, Rhodosporidium paludigenum, Rhodototula spp.

Page 73: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

55

4.1 INTRODUÇÃO

Planta perene, arbórea, de clima tropical e nativa das margens dos rios da

bacia Amazônica (MONTEIRO; AHNERT, 2012), o cacaueiro (Theobroma cacao

L.) é cultivado desde os anos 600 a.C., pelos maias em Yucatan e na Guatemala

(FARROW, 2005).

No Brasil, a cacauicultura teve início no Estado do Pará, na segunda metade

do século XVII, quando a Carta Régia autorizava os colonizadores a cultivar

cacaueiro em suas terras (LEÃO, 2010). Na Bahia, o cultivo foi introduzido em 1746

e, em virtude das condições edafoclimáticas favoráveis, tornou-se a principal região

produtora do país e o cacau tornou-se a principal fonte de renda da região

(GRAMACHO et al., 1992).

Um dos principais fatores limitantes ao cultivo do cacaueiro é a ocorrência

de doenças. Dentre as quais se destaca a murcha de ceratocystis ou mal do facão,

causada pelo ascomiceto Ceratocystis cacaofunesta Engelbr. & T.C. Harr., citado

até 2005 como C. fimbriata. Esta enfermidade é uma doença letal, que provoca

inicialmente clorose, seguida de murcha e seca dos galhos ou de toda a planta,

dependendo do local de infecção. As folhas perdem a turgidez, pendendo

verticalmente, amarelecendo, enrolando, secando e, mesmo após a morte da

planta as folhas permanecem aderidas aos ramos por duas a quatro semanas

(OLIVEIRA; LUZ, 2005).

Este fungo possui penetração indireta, necessitando de aberturas para poder

invadir a planta. Desta forma, ferimentos ocasionados pelos tratos culturais e pela

abertura de galerias por coleobrocas são citados como vias de penetração. As

ferramentas especialmente por ocasião da poda e da desbrota podem introduzir o

patógeno nas plantas e contribuem passando propágulos do fungo de uma planta

infectada para outra sadia (SANCHES, 2007; OLIVEIRA; LUZ, 2005).

Métodos de controle desta enfermidade tem-se baseado principalmente na

utilização de plantas resistentes e manejo cultural a fim de eliminar fontes de

Page 74: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

56

inóculo e evitar a disseminação da doença (OLIVEIRA; LUZ, 2012). Visto que o

controle químico com aplicação de fungicida protetores ou sistêmicos é oneroso e,

até o momento, não propiciou resultados plenamente satisfatórios

(ALBUQUERQUE et al., 2005). O controle biológico para esta doença ainda não foi

testado, todavia, pode representar uma alternativa viável e promissora a ser

inserida em programas de manejo da murcha de ceratocystis em cacaueiro. O

controle integrado é uma estratégia que tem sido recomendada, visto que combina

dois ou mais métodos de tratamentos, objetivando superar o desempenho e

aumentar a eficácia das técnicas alternativas existentes (FERREIRA et al., 2015).

As leveduras são fungos adequados à utilização como agentes de controle

biológico devido à sua alta capacidade de colonizar superfícies vegetais e

manterem-se viáveis durante longos períodos de tempo sob diferentes condições

ambientais (PIMENTA et al., 2009). Compondo a microbiota epifítica e endofítica de

plantas (VALDEBENITO-SANHUEZA, 2000), podem ser extraídas para utilização

no controle biológico, com a vantagem de que são fenotipicamente mais adaptadas

ao meio (FIALHO, 2004). Presentes no filoplano de plantas, leveduras colonizam

as folhas desde o início de seu desenvolvimento, formando uma barreira na

superfície foliar e são responsáveis pelo controle biológico natural de diversas

doenças (FOKKEMA et al., 1979; BUCK; ANDREWS, 1999).

Sporobolomyces roseus Kluyver & C.B. Niel e algumas leveduras dos

gêneros Rhodosporidium e Rhodototula tem demonstrado um elevado potencial

como agentes de biocontrole (ALVES, 2007). Rhodosporidium paludigenum Fell &

Tallman está entre as leveduras citadas pelo potencial de biocontrole, possuindo

ampla faixa de ações contra fungos (LU et al., 2014). Também entre as leveduras

mais testadas, encontram-se as do gênero Rhodotorula, devido aos bons

resultados apresentados em experimentações (MELO, 2012). A utilização de

Rhodotorula sp. proporcionou uma redução considerável de doenças (MELO, 2012;

COELHO et al., 2011; MELLO, 2011; VALDEBENITO-SANHUEZA, 2000). Vários

estudos tem sugerido que a levedura S. roseus é uma boa antagonista à

fitopatógenos (ALVES, 2007; SPADARO; GULLINO, 2002; JANISIEWICZ;

KORSTEN, 2002; FILONOW, 1998; JANISIEWICZ, 1996).

As leveduras são testadas amplamente no controle de doenças pós-colheita

de frutos, mas não devem ficar restritas ao controle desse tipo de doença, pois,

Page 75: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

57

devido a sua capacidade de colonizar superfícies vegetais podem atuar também

como agentes de controle biológico para patógenos de plantas.

Desta forma, objetivou-se prospectar leveduras extraídas do filoplano de

cacaueiro quanto ao antagonismo a C. cacaofunesta, a fim de oferecer novos

subsídios para o controle da murcha de ceratocystis do cacaueiro.

4.2 MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Fitopatologia e na

casa de vegetação da Seção de Fitopatologia (Sefit) do Cepec (14º75’54,23 S,

39º23’11,35 W), na Ceplac, município de Ilhéus – Bahia. Todos os experimentos

foram repetidos uma vez, para assegurar confiança nos dados obtidos.

4.2.1 Obtenção do Fitopatógeno e dos Agentes de Controle Biológico

O isolado do fitopatógeno testado foi o Cc20, proveniente da coleção de

Ceratocystis do CEPEC. Este isolado foi escolhido por ser altamente virulento e

apresentar bom crescimento em meio de cultura e em partes da planta inoculadas;

e por esporular farta e rapidamente.

Os candidatos à antagonistas utilizados nos testes foram onze isolados de

leveduras extraídas de cacaueiro pelo doutorando Antônio Pimenta Neto e equipe,

em pesquisa que está em andamento no Cepec/Sefit para o controle da VB

(Quadro 1).

Quadro 1 – Leveduras utilizadas como agentes de biocontrole.

ESPÉCIE ISOLADO SUBSTRATO

Spodobolomyces roseus LEV001 Folha

Rhodosporidium paludigenum LEV023, LEV034, LEV092, LEV165, LEV166, LEV169,

LEV170, LEV174

Folha

R. paludigenum LEV101 Flor

Rhodotorula sp. LEV161 Folha

Page 76: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

58

4.2.2 Confronto dos agentes de controle biológico com o patógeno

Para o confronto com as leveduras utilizou-se um funil de vidro para dispô-

las circundando o disco de micélio do fitopatógeno pela borda da placa de Petri

(Figura 1). Ambos, antagonista e patógeno, foram colocados no mesmo dia. O

controle continha apenas o disco de micélio do Cc20 no centro da placa. Neste

experimento testaram-se as leveduras LEV023, LEV092, LEV161, LEV165,

LEV166, LEV169, LEV170 e LEV174 (Quadro 3). As placas foram vedadas e

incubadas em BOD, com temperatura de 28ºC, no escuro, em delineamento

inteiramente casualizado (DIC), com seis replicatas por tratamento.

Figura 1 – Confronto do patógeno com uma

das leveduras antagonistas.

O crescimento médio radial das colônias do patógeno a cada 24 h foi

utilizado para medir a inibição provocada pelo antagonista em função do

crescimento nas placas sem o antagonista. O percentual de inibição foi

determinado aplicando-se a fórmula:

em que:

Page 77: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

59

Pinib = percentual de inibição (%);

Test = média da testemunha;

Trat = média do tratamento.

4.2.3 Avaliação do potencial dos agentes de biocontrole como inibidores da

germinação dos esporos de C. cacaofunesta

Para avaliar a inibição da germinação de esporos do patógeno, a suspensão

de esporos de C. cacaofunesta foi misturada ao secretoma dos antagonistas, a fim

de que os esporos do patógeno e do antagonista não se confundissem dificultando

a avaliação.

4.2.3.1 Obtenção dos secretomas dos antagonistas

Neste experimento testaram-se oito leveduras, as mesmas do experimento

anterior. Foram preparadas suspensões de leveduras na concentração de 1x108

UFC/ml, e colocadas em meio de cultura líquido batata-dextrose. As suspensões

foram armazenadas em tubos de penicilina vedados e incubadas em BOD, com

temperatura de 28ºC, no escuro. Após o período de 48 h, as suspensões foram

filtradas em gaze e papel filtro, centrifugadas a 7000 rpm por 15 minutos e retirado

o sobrenadante para ser utilizado no experimento.

4.2.3.2 Obtenção da suspensão de esporos de C. cacaofunesta e testes de

germinação de esporos

A suspensão do patógeno foi preparada a partir da raspagem superficial de

colônias de C. cacaofunesta em meio BDAb, com placas de 10 dias de isolamento

axênico e a concentração foi calibrada em hemocitômetro para 3x104 UFC/ml.

Para o teste de germinação, placas de Petri contendo ágar-água foram

divididas em seis quadrantes. Quantidades da suspensão do patógeno e do

secretoma do antagonista, conforme as concentrações utilizadas, foram colocadas

em tubos Eppendorf de 2 ml e agitadas por 30 s manualmente e, posteriormente,

colocou-se uma alíquota de 10 µl da mistura em cada quadrante. As concentrações

testadas foram 90, 75, 50, 25, 10 e 0% do antagonista (testemunha). As placas

Page 78: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

60

foram incubadas em BOD, a 28ºC, no escuro por 6 h, quando então se colocou

uma gota de lactofenol + azul de algodão para paralisar as atividades dos fungos.

Posteriormente procedeu-se a contagem em microscópio ótico, utilizando a objetiva

de 10x, os esporos de C. cacaofunesta germinados e não germinados, perfazendo

um total de 100 esporos por campo. Posteriormente calculou-se o percentual de

inibição pela mesma fórmula do experimento 2.2. A análise estatística foi realizada

no software Sisvar® versão 5.6, realizando testes de Scoot-knott a 5% de

probabilidade para agrupamento das médias dos tratamentos.

4.2.4 Efeito dos biocontroladores sobre a infecção e formação de peritécios

em discos de folhas de cacaueiro

A metodologia utilizada para inoculação em discos de folha com C.

cacaofunesta foi descrita por MAGALHÃES et al. (2013) e utilizada também com

sucesso para testar resistência de cacaueiro ao patógeno (SANTOS, 2015). Folhas

de cacaueiro foram coletadas de plantas saudáveis e conduzidas ao laboratório,

onde foram sanitizadas com álcool 70%, hipoclorito de sódio 2,5% e água estéril,

respectivamente. Com o auxílio de uma lâmina de aço cortante, fez-se um

ferimento no sentido longitudinal da nervura central, retirando a parte mais

superficial. Em um cortador semiautomático, foram cortados discos de 1,5 cm de

diâmetro da folha ao longo da nervura. Os discos foram imersos por cinco minutos

nas suspensões das leveduras com concentrações ajustadas para 1x108

esporos/ml, obtidas de culturas com 48 h de incubação e posteriormente

arrumados com a nervura central para cima em caixas contendo espuma

umedecida com água estéril, para formar uma câmara úmida e proporcionar

condições favoráveis ao desenvolvimento dos fungos. As caixas foram fechadas e

incubadas a 28ºC em BOD, no escuro por 24 h; passado este período, ocorreu a

inoculação do Cc20 com uma suspensão de inóculo com concentração ajustada

para 3x104 UFC/ml, arrastando-se uma a gota de 20 µl pela nervura central do

disco. Novamente, sob as mesmas condições, incubaram-se as caixas. Os discos

controle foram imersos em água estéril 24 h antes da inoculação com o Cc20.

O experimento foi montado em DIC, com 21 tratamentos, 10 repetições de 6

unidades experimentais (cada disco de folha representa uma UE). Quatro dias

depois da inoculação com o patógeno, procedeu-se, sob microscópio

Page 79: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

61

estereoscópio binocular com aumento de 400 x, a contagem do número de

peritécios formados na superfície dos discos. A análise estatística foi realizada no

software Sisvar® versão 5.6, realizando testes de Scoot-knott a 5% de

probabilidade, para agrupamento das médias.

4.2.5 Teste de antagonismo provocado por leveduras em mudas

estaqueadas enraizadas em espuma fenólica

Estacas coletadas de cacaueiros dos clones CEPEC 2002, CCN51 e

PS1319 foram colocadas para enraizar em espuma fenólica, sendo primeiro

tratadas na base com ácido indol-butírico (AIB) e colocadas em câmara de

nebulização para manter a atmosfera saturada a 100% de umidade relativa na

superfície da folhas, por 15 segundos a cada cinco minutos entre as 6 e 18 h e 15

segundos a cada hora das 18 às 6 h do dia seguinte (SODRÉ, 2007).

Figura 2 – Mudas estaqueadas na câmara de nebulização para enraizamento.

Após 60 dias, quando notava-se a presença de raízes, as mesmas foram

cortadas rente à base da espuma fenólica com o auxílio de uma tesoura. O sistema

radicular de 18 mudas de cada clone foi imerso por 24 h na suspensão de cada

Page 80: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

62

uma das leveduras. As suspensões de três diferentes isolados de leveduras

(LEV001, LEV034 e LEV101) foram calibradas em hemacitômetro à concentração

de 1x108 UFC/ml. O sistema radicular das testemunhas foi imerso em água

destilada esterilizada por igual período. No dia seguinte foram escorridas as

suspensões das leveduras das bandejas e os sistemas radiculares foram imersos

por 24 h em 1l da suspensão de 3x104 UFC/mL do isolado Cc20 de C.

cacaofunesta, incluindo as testemunhas (MAGALHÃES et al., 2016).

Durante todo o processo de inoculação as plantas permaneceram em

câmara úmida. O delineamento experimental consistiu de blocos casualizados

(cinco) com 30 plantas de cada um dos quatro clones, JACA, CCN 51, PS1319 e

CEPEC 2002. Cada clone foi inoculado com três as leveduras, sendo que para o

isolado 101 houve dois tratamentos: em um deles a inoculação foi realizada apenas

no sistema radicular, e no outro, além desta inoculação, foi borrifado o ABC sobre a

parte aérea de igual número de mudas. O número de plantas mortas foi avaliado e

as médias comparadas pelo teste Tukey (p<0,05) no software SAS® 1987.

4.2.6 Ação dos antagonistas no controle da murcha de ceratocystis através

da inoculação em plantas de cacaueiro

As sementes de cacaueiro foram provenientes da área de produção de

sementes e da Estação Experimental Arnaldo Medeiros (Esarm) do Cepec/Ceplac,

bem como da Biofábrica de cacau de Ilhéus. As sementes tiveram a mucilagem

removida em peneiras com o auxílio de serragem, foram despeletizadas e

colocadas para pré-germinar em água corrente por 24 h. Após este período, as

sementes foram mergulhadas por 12 horas nas suspensões das leveduras

ajustadas para a concentração de 1x108 esporos/ml. Com a radícula emitida, as

sementes foram plantadas em sacos de 1,5 kg contendo a mistura solo e substrato

na proporção de 2:1, previamente esterilizada em autoclave durante uma hora, por

duas vezes consecutivas com intervalo de 24 h. Este experimento foi conduzido em

casa de vegetação, com delineamento em blocos casualizados (DBC), com 10

tratamentos, sendo: 8 antagonistas, uma testemunha inoculada e uma testemunha

absoluta, nove blocos e cada bloco com cinco plantas por tratamento.

Duas doses de 10 ml da suspensão de cada antagonista na mesma

concentração anteriormente citada foram aplicadas no solo da rizosfera das

Page 81: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

63

plantas, respectivamente, aos 15 e aos 30 dias antes da inoculação do patógeno.

Estando as mudas com 150 dias de idade, procedeu-se a inoculação de 30 µl de

C. cacaofunesta [3x104 UFC/ml] no caule das plantas, conforme metodologia de

inoculação em mudas de cacaueiro (LUZ et al., 2000), em que foi feita uma incisão

com bisturi, no sentido diagonal cerca de 10 cm acima do coleto. No ferimento

depositou-se uma alíquota de 30 µL do inóculo com uma pipeta automática. Abaixo

da incisão colocou-se um pedaço de algodão umedecido em água estéril e

envolveu-se com fita de vedação o local de inoculação, a fim de uma compor uma

câmara úmida, criando condições favoráveis à penetração e colonização do

hospedeiro. Para melhorar a aeração do local inoculado, quarenta e oito horas

após a inoculação do patógeno, o algodão e a fita de vedação foram removidos

(SILVA et. al., 2012).

Vinte e dois dias depois da inoculação do fitopatógeno avaliou-se o número

de plantas mortas (NPM), e nas plantas sobreviventes a área da lesão (AL), o peso

da parte aérea (PPA) e do sistema radicular (PSR), bem como a altura (AC) e o

diâmetro das plantas (DC) 0,5 cm acima do local de inoculação. Os dados foram

analisados através dos softwares SISVAR® versão 5.6, realizando testes de Scoot-

knott a 5% de probabilidade e SAS® 1987, para os testes de Dunnett (p<0,05).

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3.1 Confronto das leveduras testadas como ABCs com o patógeno

No confronto com as leveduras, dos oito isolados testados, sete LEV161,

LEV166, LEV169, LEV174, LEV165, LEV23 e LEV92 paralisaram completamente o

crescimento do patógeno no 11º dia de avaliação – ao 13º dia a testemunha (Cc20

sem confronto) tomou completamente a superfície da placa de Petri, com colônias

de aproximadamente 80 mm de diâmetro – e destas, somente LEV165 e LEV174

controlaram o desenvolvimento das colônias de C. cacaofunesta a partir do décimo

dia de avaliação (Figura 3). Todos os tratamentos foram estatisticamente iguais,

mas diferiram significativamente da testemunha.

Analisando o aspecto das colônias, observou-se menor formação de

peritécios e micélio nas colônias confrontadas quando comparadas à testemunha.

Page 82: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

64

Algum composto, volátil ou não, inibiu o desenvolvimento tanto vegetativo quanto

reprodutivo do C. cacaofunesta (Figura 4). Sob esta perspectiva, pode-se dizer que

houve inibição satisfatória por parte das leveduras testadas como antagonistas.

Todavia, é um parâmetro subjetivo, variando com a percepção do observador.

Estes resultados corroboram os de Mello et al. (2011) afirmando que as

leveduras apresentaram baixa eficiência para controle da podridão mole

(Pectobacterium carotovorum subsp. carotovorum). Em testes in vitro, Mello (2012)

concluiu que dos 60 isolados testados nenhum inibiu satisfatoriamente o

crescimento de Acidovorax citrulli, causador da mancha aquosa em meloeiro.

4.3.2 Avaliação do potencial de isolados de leveduras como inibidores da

germinação dos esporos de C. cacaofunesta

Todos os isolados de leveduras usadas como antagonistas inibiram, em

maior ou menor porcentagem, a germinação de esporos do patógeno. Na

avaliação, contou-se conídios e ascósporos germinados e não germinados de C.

cacaofunesta. Pode-se observar que a variação foi significativa para todos os

isolados pela comparação de médias entre linhas (Tabela 1). No entanto, não foi

possível determinar qual concentração do secretoma seria ideal, uma vez que os

resultados obtidos sugerem que cada isolado tem o seu melhor desempenho em

concentrações específicas. À concentração de 90% dos secretomas das leveduras

não foi a melhor para nenhum dos isolados e não deve ser usada em pesquisas

posteriores, pois teve ação contrária ao esperado, diminuindo e não aumentando a

inibição da germinação dos esporos do patógeno.

A porcentagem máxima de inibição em todo o experimento, 81,7% foi obtida

pelo isolado LEV169 à concentração de 75% do secretoma, enquanto a menor foi à

32% (LEV92 – concentração de 90% do secretoma). Cada isolado teve melhor

atuação em determinada concentração do secretoma com destaque para o isolado

de Rhodosporidium paludigenum (LEV169) que em todas as concentrações esteve

entre os isolados que causaram as mais altas porcentagens de inibição, variando

de 81,7 (75% do secretoma) à 70% (90% do secretoma).

Page 83: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

65

Figura 3 – Diâmetro médio das colônias de Ceratocystis cacaofunesta (isolado Cc20) confrontadas em placas de Petri com

isolados de leveduras e da testemunha (sem confronto) durante treze dias de avaliação.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Diâ

metr

o d

a c

olô

nia

do p

ató

geno (

cm

)

Dias

LEV170

LEV169

LEV23

LEV185

LEV166

LEV161

LEV174

LEV92

TEST

165

Page 84: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

66

Figura 4 – Colônias de Ceratocystis cacaofunesta (isolado Cc20) em confronto

com isolados de leveduras no 13º dia de avaliação. Isolado LEV92

(A); isolado LEV170 (B); testemunha (C).

Outra levedura que pode ser ressaltada é o isolado LEV170, que não foi

distinto de LEV169 para as concentrações de secretoma entre 10 a 50%, causando

inibições entre 73,3 e 76,8% da germinação de esporos de C. cacaofunesta.

Portanto, estes dois isolados de R. paludigenum, entre os testados, são os que

apresentam melhores chances de atuar como agente biocontrolador de C.

cacaofunesta, pelo menos, atuando na redução da produção e germinação dos

esporos deste importante patógeno.

As demais leveduras testadas tiveram o seu melhor desempenho a

diferentes concentrações do secretoma. O isolado LEV92 foi o que menos inibiu a

germinação do patógeno em todas as concentrações testadas, e seu melhor

percentual de inibição foi de 60% à 50% de diluição do secretoma. Este isolado

pertence à mesma espécie do LEV169 e ambos foram extraídos de folhas de

cacaueiro, demonstrando haver variação na atuação de isolados da mesma

espécie como agentes biocontroladores.

Souza et al. (2014) verificaram que as leveduras interferiram na produção de

esporos de Aspergillus ochraceus e A. carbonarius isoladas do café em duas

concentrações de suspensão de esporos dos antagonistas a 40 e 80%. Quando

Pichia burtonii foi utilizada na maior concentração, houve um melhor efeito inibitório

sobre o crescimento e a esporulação do patógeno, confrontando os resultados aqui

apresentados, visto que a maior concentração não correspondeu aos melhores

percentuais de inibição.

A B C

Page 85: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

67

Tabela 1 – Percentual de inibição da germinação de esporos de

Ceratocystis cacaofunesta quando tratados com seis

concentrações de secretoma das leveduras.

Isolado Concentrações do antagonista (%)

10 25 50 75 90

LEV161 43,8 b C 59,7 a B 35,2 c D 56,3 a C 44,7 b E

LEV165 46,8 b C 49,3 b C 49,3 b C 68,8 a B 45 b E

LEV166 67 b B 62,5 b B 74,3 a A 68,3 b B 63 b B

LEV169 79,4 a A 70,2 c A 74,8 b A 81,7 a A 70 c A

LEV170 73,3 a A 76,8 a A 74,8 a A 57,3 b C 55 b C

LEV174 45,3 a C 53,5 a B 63,5 a B 64,5 a C 59,7 a B

LEV23 44,7 b C 58,8 a B 44,3 b C 55 a C 50 b D

LEV92 37,2 c C 43 b C 63,3 a B 60 a C 32 c F

*Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scoot-Knott (p<0,05).

4.3.3 Efeito dos biocontroladores sobre a infecção e formação de peritécios

em discos de folhas de cacaueiro

No experimento em discos de folhas o melhor biocontrolador entre as

leveduras foi o isolado LEV170, que causou 89,7% de inibição na formação de

peritécios pelo patógeno, seguido de LEV174, LEV092, LEV165, LEV23, LEV166,

LEV161 e LEV169 que foram estatisticamente iguais, e apresentaram percentuais

de inibição entre 68,3 e 84,7% (Figura 5). Todos os tratamentos diferiram da

testemunha e causaram inibições ao patógeno.

Fokkema e Meulen (1976) utilizando folhas de trigo, obtiveram reduções de

50% na infecção causada por Septoria nodorum com a aplicação de

Sporobolomyces roseus, Aureobasidium pullulans e Cryptococcus laurentii var.

florescens, residentes na filosfera de trigo. Enquanto em cacaueiro, no presente

trabalho, o percentual de inibição do patógeno foi superior aos destes autores,

variando entre 68,3 e 89,7%, provocado pelos isolados LEV169 e LEV170,

respectivamente, da levedura R. paludigenum.

Page 86: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

68

Figura 5 – Número de peritécios de Ceratocystis cacaofunesta e percentual de

inibição provocado pelos antagonistas.

4.3.4 Teste de antagonismo provocado por leveduras em mudas

estaqueadas enraizadas em espuma fenólica

Três isolados de leveduras (LEV034, LEV101 e LEV001) foram aplicados

nas raízes (todos) e também pulverizados na planta (LEV101) de mudas

enraizadas em espuma fenólica e inoculadas posteriormente imergindo as raízes

na suspensão de esporos e fragmentos de micélio do patógeno. Nestas condições,

LEV034 e LEV101_A (pulverizado e aplicado na raiz) foram estatisticamente

superiores aos demais tratamentos (Figura 6), com percentuais de mortalidade de

15 e 15,9%, respectivamente. Os isolados LEV001 e LEV101_B (somente aplicado

na raiz) foram semelhantes entre si, com 19,5 e 20,4% de mortes, respectivamente.

Das 113 plantas mortas, 29,2% foram da testemunha, que foi diferente dos

tratamentos pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Estes valores indicam que

houve redução da mortalidade das mudas em função do uso de leveduras.

O clone “Jaca” é resistente à murcha de ceratocystis (SILVA; PAIM;

CASTRO, 2004), por este motivo, nenhuma das plantas morreram quando

inoculadas com o patógeno, quer tenham sido tratadas com leveduras ou não.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

5

10

15

20

25

30

35

TEST LEV169 LEV161 LEV166 LEV23 LEV165 LEV174 LEV92 LEV170

Isolados

NPER

%INIB

a b b

b b b b b

c

Page 87: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

69

Figura 6 – Porcentagem de mudas enraizadas de cacaueiro mortas por

Ceratocystis cacaofunesta mediante a presença dos isolados de

leveduras.

Em plântulas de meloeiro pulverizadas com isolados de Rhodotorula

aurantiaca e R. glutinis, não foram observados sintomas da mancha aquosa

provocada por A. citrulli, indicando 100% de controle da doença (MELO, 2012).

Elencando que a pulverização de leveduras é uma metodologia que apresenta

bons resultados de controle de patógenos, pois as mesmas colonizam a superfície

da planta e impede ou reduz o estabelecimento de patógenos, assim como ocorreu

pulverizando a planta com o isolado LEV101_A, que foi melhor do que quando

somente quando aplicado na raiz.

4.3.5 Ação ou efeito dos antagonistas no controle da murcha de ceratocystis

através da inoculação em plantas de cacaueiro

Quando aplicadas as leveduras em plantas de CCN 51 aos 150 dias de

idade em condições de casa de vegetação, houve uma grande mortalidade das

plantas em todos os tratamentos, a exceção da testemunha absoluta; na qual todas

as plantas permaneceram sadias, até o 22º dia após a inoculação, quando foi feita

a avaliação do experimento. O mesmo ocorreu nas duas replicatas do experimento,

realizadas no intervalo de sete dias. Uma da outra. Nenhum dos tratamentos diferiu

da testemunha inoculada em relação ao número e porcentagem de plantas mortas

0

2

4

6

8

10

12

14

16

LEV034 LEV101_A LEV001 LEV101_B TEST

PS1319

CEPEC2002

CCN51

JACA

a

a

ab

ab

b

Page 88: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

70

pelo teste de Dunnett (p<0,05) e todos diferiram da testemunha absoluta. A

porcentagem de plantas vivas variaram para os tratamentos entre 6 (LEV161) e

14% (LEV92), enquanto para a testemunha inoculada e para o tratamento LEV166,

nenhuma planta sobreviveu.

É provável que as plantas ainda não estivessem no estágio de

desenvolvimento adequado para inocular, pois a luminosidade da casa de

vegetação onde foram cultivadas está aquém do que seria desejável, o que não

permite aos caules adquirirem o diâmetro necessário para suportar a inoculação

com o patógeno. Müller e Valle (2012) discutem que plântulas de cacau em

condições de câmara úmida, folhas que se desenvolvem em alta intensidade

luminosa apresentam maior capacidade fotossintética do que aquelas

desenvolvidas em baixa irradiação, refletindo no desenvolvimento de outros tecidos

da planta, a citar o espessamento do caule. Também deve-se considerar que o

clone CCN 51 é altamente suscetível ao isolado Cc20 de C. cacaofunesta e que o

método de aplicação das leveduras não permitiu que elas colonizassem os tecidos

da planta onde o patógeno foi aplicado, tecido interno.

Melo (2012) tratou sementes de meloeiro com isolados de Rhodotorula

aurantiaca e R. glutinis, o que resultou em plântulas com menor severidade dos

sintomas da macha aquosa. Contudo, entre o tratamento de sementes e a

aplicação de patógeno houve apenas seis dias de diferença, enquanto no presente

experimento a diferença foi de 150 dias, podendo este longo período entre

tratamento de sementes e inoculação do patógeno ter influenciado nos resultados.

Page 89: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

71

5 CONCLUSÕES GERAIS

1. O melhor meio de cultura para isolamento de C. cacaofunesta é o batata-

dextrose-ágar preparado a partir de caldo de batata em laboratório.

2. Não foi possível estabelecer uma concentração padrão do secretoma que

abrangesse todos os isolados, sendo específica para cada um deles,

alcançando os melhores percentuais de inibição com concentrações entre 10 e

75%.

3. Todos os isolados de Trichoderma controlaram o desenvolvimento do patógeno

satisfatoriamente em confronto direto. As leveduras não inibiram o crescimento

radial das colônias, mas, não houve formação abundante de micélio e

peritécios do patógeno nos tratamentos quando comparados com a

testemunha.

4. É possível encontrar um agente biocontrolador efetivo para C. cacaofunesta

dentre as espécies de Trichoderma testadas, especialmente os isolados 7CC

(T. atroviride), T68 (T. virens), Tc26 (T. koningiopsis) e 2729 (T. harzianum).

5. As leveduras Rhodosporidium paludigenum isolados LEV034 e LEV101 são

promissoras como agentes de controle biológico da murcha de ceratocystis.

6. As metodologias utilizadas para teste em mudas não apresentaram bons

resultados, devendo-se testar outras metodologias para inoculação em mudas

e plantas de cacaueiro, a fim de definir o modo de ação dos antagonistas nas

plantas.

Page 90: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

72

REFERÊNCIAS

AGRIOS, G. N. Plant pathology. Amsterdam: Elsevier Academic Press, 2005. 922 p. AGROFIT. Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: <http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso em: 21/01/2016. ALARCON, C. R. M. Determinacion de Resistencia de 250 Clones de Cacao de Origen Nacional al Ataque de Mal-de-Machete (Ceratocystis fimbriata Ellis & Halsted). 1994. 61 p. Dissertação (Graduação em Agronomia) – Guayaquil, Ecuador, Universidad Agrária del Ecuador. 1994. ALBELAEZ, G. E. Resistencia de cultivares de cacao a Ceratocystis fimbriata (Ellis and Halsted). In: Sexta Conferencia Internacional de Investigaciones en cacao, 1957, Caracas, Venezuela. Resumos... p. 70-81. 1957. ALBUQUERQUE, P. S. B. et al. Doenças do cacaueiro, In: KIMATA, H. et al. Manual de fitopatologia. 4. Ed. São Paulo: Agronômica Ceres. 2005. p. 156-195. ALVES, M. L. N. Avaliação do potencial de leveduras dos géneros Pseudozyma e Rhodosporidium no controlo biológico pós-colheita de bolores. 2007. 121 p. Dissertação (Mestrado em Controlo da Qualidade e

Toxicologia dos Alimentos) – Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal, 2007. AMORIM, E. P. R.; ITAMAR, S. D. Efeito da associação de antagonistas no controle de Phytophthora parasitica e P. citrophthora em plântulas de citrus. Summa Phytophatologica, v. 25, n. 4, p. 335-338. 1999.

ARÉVALO, E.; RAM, A.; VALLE, R.R. Integração de práticas de manejo no cultivo de cacaueiro. In: VALLE, R. R. Ciência, tecnologia e manejo do cacaueiro. 2. ed.

Brasília: Ceplac/Cepec/Sefis, 2012. cap. 20. p. 545-596.

Page 91: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

73

BASTOS, C. N.; EVANS, H. C. Ocorrência de Ceratocystis fimbriata Ell. & Halst. na região Amazônica Brasileira. Acta Amazônica, v. 8, n. 4, p. 543-544, 1978. BELL et al. In vitro antagonism of Trichoderma species against six fungal plant pathogens. Phytopathology, v. 72, n. 4, p.379-382, 1982. BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. Manual de fitopatologia:

princípios e conceitos. 3 Ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1995. 898 p. BERNALES, G. R. K. Remoción de tejidos enfermos y la aplicación de Trichoderma sp. para el control de Moniliasis (Moniliophthora roreri) y Escoba de bruxa (Crinipellis perniciosa) del cacao (Theobroma cacao L.).

2001. 87p. Tese (Doutorado) – Instituto Agronômico San Martin, Tarapoto, San Matin, Perú, 2001. BETTIOL, W. Componentes do controle biológico de doenças de plantas. In: BETTIOL, W. (Org.) Controle biológico de doenças de plantas. Brasília:

EMBRAPA. p. 1-5. 1991. BEZERRA, J. L. Ceratocystis fimbriata causing death of budded cocoa seedlings in Bahia, Brazil. Incoped Newsletter. v. 1, p. 6, 1997. BEZERRA, J. L. et al. Ocorrência de Ceratocystis fimbriata em clones de cacau no estado da Bahia. Fitopatologia Brasileira, v. 23, p. 228 (Resumo 117), 1998. BOMFIM, M. P. Antagonismo in vitro e in vivo de Trichoderma spp. a Rhizopus stolonifer em maracujazeiro amarelo. 2007. 74p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2007. BUCK, J.W.; ANDREWS, J.H. Role of adhesion in the colonization of barley leaves by the yeast Rhodosporidium toruloides. Canadian Journal of Microbiology, v.45, p.433-440, 1999. CARNAÚBA, J. P. et al. Phytophthora palmivora, agente causal da podridão de raiz e frutos de mamoeiro no estado de Alagoas. Revista Brasileira de Fruticultura,

Jaboticabal, v. 28, n.1, p. 134-135, 2006.

Page 92: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

74

COELHO, A. R. et al. Avaliação do potencial antagônico de leveduras, visando biocontrole de deterioração por Penicillium expansum. Ciências Agrárias, Londrina, PR, vol. 32, n. 1, p. 1879-1892, 2011. COELHO, I. L. Potencial de leveduras no biocontrole da resinose do coqueiro , causada por Ceratocystis paradoxa. 2013. 58 p. Dissertação (Mestrado em

Fitopatologia) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE, 2013. CONTRERAS, L. Y. S.; RIAÑO, A. L. R.. Aislamiento de microorganismos para control biológico de Moniliophthora roreri. Acta Agronómica, v. 62, n. 4, 2013. CORABI-ADELL, C. Biodiversidade do genero Trichoderma (Hypocreales – FUNGI) mediante técnicas moleculares e análise ecofisiografica. 2004. 220p. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) – Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Rio Claro, 2004. CORRÊA. E.B. et al. Controle biológico da podridão radicular em plantas de limão cravo. Citrus Research & Technology, v. 32, n. 3, p.127-132, 2011. DELGADO, R.; SUÁREZ, C. Diferencias en agressividad entre aislamientos de Ceratocystis fimbriata de Ecuador y Brasil en cacao. In: XII Seminário Nacional de Sanidad Vegetal. Resumos... Latacunga, Ecuador, 2003. p. 19-21.

DENNIS, C.; WEBSTER, J. Antagonistic properties of species-groups of Trichoderma. III - Hyphal interaction. Transactions of the Bristish Mycological Society, v. 57, 1971. p. 368-369. DHINGRA, O. D.; SINCLAIR, J. B. Basic plant pathology methods. 2 Ed.

Londres: CRC Lewis, 1994. 434 p. DIAS, L. A. S.. Melhoramento genético do cacaueiro. Viçosa-MG: FUNAPE, UFG

578 pág., 2001. DIFCO™; BBL™. Meios de cultura. Disponível em: <https://www.bd.com/europe/regulatory/Assets/IFU/Difco_BBL/274710.pdf>. Acesso em 21/01/2016. DROBY, S., et al. Twenty years of postharvest biocontrol research: is it time for a new paradigm?. Postharvest Biol. Technol. v. 52, p. 137–145. 2009.

Page 93: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

75

ENGELBRECHT, C. J. B.; HARRINGTON, T. C. Intersterility, morphology and taxonomy of Ceratocystis fimbriata on sweet potato, cacao and sycamore. Mycologia, v. 97, p. 57-69, 2005.

FARROW, J. Chocolate: receitas doces e salgadas. 2 Ed. São Paulo: Editora Manole. 2005. FERREIRA, E. M. S. et al. Avaliação da resistência de leveduras biocontroladoras à substâncias “GRAS” - (Generally Regarded As Safe) J. Bioen. Food Sci, v. 02,

n. 4, p.178-182, 2015. FIALHO, M. B. Efeito in vitro de Saccaromyces cereviseae sobre Guignardia citricarpa, agente causal da pinta preta dos citros. 2004. 70 p. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, São Paulo, 2004. FILONOW, A.B. Role of competition for sugars by yeasts in the biocontrol of gray mold of apple. Biocontrol Sci Technol, v. 8, p. 243–256. 1998. FIPKE, G. M.; PAZINI, J. B.; ETHUR, L. Z. Antagonismo de isolados de Trichoderma spp. ao Sclerotinia sclerotiorum em diferentes temperaturas. Magistra, Cruz das Almas, v. 27, n.1, p. 23 – 32, 2015.

FOKKEMA, N.J. et al. Manipulation of yeasts on field-grown wheat leaves and their antagonistic effect on Cochliobolus sativus and Septoria nodorum. Transactions of the British Mycological Society, v.72, p. 19-29, 1979. FOKKEMA, N. J.; MEULEN, V. D. Antagonism of yeast like phyllosphere fungi against Septoria nodorum on wheat leaves. Netherlands Journal of Plant Pathology, v. 82, p. 13 -16, 1976.

FRANCO, A. De caçador a gourmet: uma história da gastronomia. 3 Ed. São Paulo: Editora Senac. 2001. GALLO, Domingos. Entomologia agrícola. Piracicaba, SP: FEALQ, 2002. 920p. GOITIA, W.; ROSALES, C. J. Relação entre a incidência de besouros ambrosia e necrose sobre o cacau em Aragua, Venezuela. Jornal Manejo Integrado de Plagas, n. 62, p. 65-71, 2001.

Page 94: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

76

GOMES, A. M.A.; SILVEIRA, E. B.; MARIANO, R. L. R. Tratamento pós-colheita com cálcio e microrganismos para controle da podridão-mole em tomate. Horticultura brasileira, Brasília, DF, v. 23, n. 1, 2005.

GRAMACHO, I. C. P. et al. Cultivo e beneficiamento do cacau na Bahia. Ilhéus, Bahia: CEPLAC, 1992, p. 124. GUERRERO, H. A. M. de O. Estudio de la resistencia a Ceratocystis fimbriata Ellis y Halst., en hibridos y clones de cacao (Theobroma cacao L.) utilizando dos metodos de evaluacion. 1975. Dissertação (Graduação) – Instituto Interamericano de Ciencias Agricolas de La OEA, Turrialba, Costa Rica. 1975. HARMAN, G. E.; et al. Trichoderma species-opportunistic, avirulent plant symbionts. Nature Reviews, v. 2, p. 43-56, 2004.

HERME, P. Larousse do Chocolate. 1 Ed. São Paulo: Larousse, 2006. HIMEDIA®. Meios de cultura. 2011. Disponivel em: <http://himedialabs.com/TD/M096.pdf 21/01/2016> e <http://himedialabs.com/TD/M253.pdf>. Acesso em 21/01/2016. HOFFMANN, C. A. et al. Potencial de antagonismo de isolados de Trichoderma sp. contra o isolados de Fusarium sp., in vitro. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v. 10, n. 1, p. 236 - 242, 2015. HOHL, H. R. Nutrition of Phytophthora. In: Erwin D. C., Bartnicki-Garcia S., Tsao P. H. (Eds) Phytophthora: is Biology, Taxonomy, Ecology and Pathology, APS, Minnesota, p. 41-54. 1983. HOWELL, C. R. Mechanisms employed by Trichoderma species in the biological control of plant diseases: the history and evolution of current concepts. Plant Disease, v. 87, p. 4-10, 2003. HOYOS, L., P. et al. Evaluación de aislamientos de Trichoderma spp., contra Rhizoctonia solani y Sclerotium rolfsii bajo condiciones in vitro y de invernadero. Agronomía Colombiana, v. 26, n. 3, p. 451-458, 2008.

JANISIEWICZ, W. J., 1996. Ecological diversity, niche, overlap, and coexistence of antagonists used in developing diseases of apples. Phytopathology, v. 86, p. 473-

479,1994.

Page 95: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

77

JANISIEWICZ, W. J.; KORSTEN, L. Janisiewicz. Biological control of postharvest diseases of fruits. Phytopathology, v. 40, p. 411–441, 2002.

LEÃO, A. C. O cultivo do cacau (Theobroma cacao L.) no Brasil. Fundação Biblioteca Nacional, Itabuna-Bahia, 62 p., 2010. LIMA, L. H. C. et al. Enzimas hidrolíticas envolvidas no controle biológico por micoparasitismo. In: MELO, I. S.; AZEVEDO, J. L. (Ed.). Controle Biológico.

Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, v. 2, cap. 8, p. 268 - 304, 2000. LISBOA, B. B. et al. Eficiência de Trichoderma harzianum e Gliocladium viride na redução da incidência de Botrytis cinerea em tomateiro cultivado sob ambiente protegido. Ciência Rural, v .37, n. 5, p. 1255-1260, 2007.

LIU, H. M. et al. Improvement of Hanseniaspora uvarum biocontrol activity against gray mold by the addition of ammonium molybdate and the possible mechanisms involved. Crop Prot., v. 29, p. 277–282, 2010. LOGUERCIO, L. et al. Controle biológico das doenças do cacaueiro. In: VALLE, R. R. Ciência, tecnologia e manejo do cacaueiro. 2. Ed. Brasília: Ceplac/Cepec/Sefis, 2012. cap. 8. p. 277-292. LU, L. et al. Rhodosporidium paludigenum induces resistance and defense-related responses against Penicillium digitatum in citrus fruit. Postharvest Biology and Technology, v. 85, p. 196–202, 2013a. ______. Preharvest application of antagonistic yeast Rhodosporidium paludigenum induced resistance against postharvest diseases in mandarin orange. Biol. Control, v. 67, p. 130–136, 2013b.

______. Effect of chitin on the antagonistic activity of Rhodosporidium paludigenum against Penicillium expansum in apple fruit. Postharvest Biology and Technology

v. 92, p. 9–15, 2014. LUZ, E. D. M. N. et al. Seleção de clones de cacaueiro para resistência a Ceratocystis fimbriata. Fitopatologia Brasileira, v. 25, p. 389, 2000.

Page 96: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

78

______. Atualidades no manejo de doenças do cacaueiro. In: NEFIT – Núcleo de Estudos em Fitopatologia, Patologia Florestal: desafios e perspectivas, 1 Ed., São Paulo: Editora Suprema, p. 313-329, 2013.

MACHADO, D.F.M. e SILVA, A.C.F.da. Trichoderma no controle in vitro de fungos presentes em diásporos de Gochnatia polymorpha. Revista de Ciências Agrárias,

v. 36, p. 07-09, 2013. MAGALHÃES, D. M. A. et al. Um novo método para detecção precoce de Ceratocystis spp. em diversos hospedeiros (em inglês). Agrotrópica, v. 27, p. 205 - 324, 2016. ______. Inoculação em disco de folhas, novo método para testar a resistência de clones de cacaueiro à murcha-de-ceratocystis. In: 46º Congresso Brasileiro de Fitopatologia, 2013, Ouro Preto. Tropical Plant Pathology, 2013. MARIN, M. et. al. Relationships of Ceratocystis fimbriata isolates from Colombian Coffee-Growing regions based on molecular data an pathogenicity. Phytopathology, vol. 151, 395-405, 2003.

MELO, E. A. Eficácia de leveduras no biocontrole da mancha aquosa em meloeiro. Dissertação (Mestrado). Recife, PE: Universidade Federal Rural de

Pernambuco, 2012. p. MELO, I. S. Potencialidades de utilização de Trichoderma spp. no controle biológico de doenças de plantas. In: BETTIOL. W. (org.) Controle biologico de doencas de plantas. Jaguariuna: EMBRAPA-CNPDA, 1991. p. 135-156.

MELO, J. F. Avaliação de isolados de Trichoderma spp. para controle de Phytophthora nicotianae. 2015. 31 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2015. MELLO, M. R. F. de. Uso de antibióticos e leveduras para controle da podridão-mole em couve-chinesa. Horticultura brasileira, Brasília, DF, vol. 29, n.1, p. 78-83, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/hb/v29n1/13.pdf>. Acesso em: 24/07/2015. MICHEREFF, S. J., Fundamentos de Fitopatologia. Recife [s.n.] 2001. 123p.

Page 97: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

79

MICHEREFF, S. J.; BARROS, R. Proteção de plantas na agricultura sustentável. Recife: UFRPE, Imprensa Universitária, 2001. 368 p. MONTEIRO, W. R.; AHNERT, D. Melhoramento do cacaueiro. In: VALLE, R. R. Ciência, tecnologia e manejo do cacaueiro. 2. Ed. Brasília: Ceplac/Cepec/Sefis, 2012. cap. 1. p. 277-292. MORANDI, M.A. B.; BETTIOL, W.G. Controle biológico de doenças de plantas. In. Bettiol W & Morandi MAB (Eds). Biocontrole de doenças de plantas: usos e perspectivas. Jaguariúna, p.7-14, 2009 MÜLLER, M. W.; VALLE, R. R. Ecofisiologia do cultivo do cacaueiro. In: VALLE, R. R. Ciência, tecnologia e manejo do cacaueiro. 2. Ed. Brasília: Ceplac/Cepec/Sefis, 2012. cap. 2. p. 31-66. MYCOBANK. Banco de dados de fungos. Disponível em: <http://www.mycobank.org/quicksearch.aspx>, <http://www.mycobank.org/Biolomics.aspx?Table=Mycobank&Page=200&ViewMode=Basic>, <http://www.mycobank.org/BioloMICS.aspx?Table=Mycobank&Rec=39566&Fields=All>. Acesso em 03/12/2015. NOZAKI, M. de H. et al. Caracterização de Diaporthe citri em diferentes meios de cultura, condições de temperatura e luminosidade. Fitopatologia Brasileira,

Brasília, v. 29 n. 4, p. 429-432, 2004. OLIVEIRA, B. F. et al. Identificação de fontes de resistência a Ceratocystis cacaofunesta em mudas de cacaueiro. Agrotrópica, v. 21, p. 83-88, 2009. OLIVEIRA, B. F.; SILVA, S. D. V. M.; SANTOS, M. V. O. dos. Antagonismo in vitro de Trichoderma spp. a patógenos do cacaueiro. Agrotrópica, v. 25, n. 2, p. 117-120, 2013. OLIVEIRA, M. L.; LUZ, E. D. M. N.; CENTRO DE PESQUISAS DO CACAU (BRASIL). Identificação e manejo das principais doenças do cacaueiro no Brasil. Ilhéus, BA: CEPEC, 2005. 132p OLIVEIRA, M. L.; LUZ, E. D. M. N. Principais doenças do cacaueiro e seu manejo. In: Valle, R. R. (Org.). Ciência, tecnologia e manejo do cacaueiro. 2 Ed. Brasília - DF: MAPA/CEPLAC, v. 1, p. 187-275, 2012.

Page 98: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

80

PEREIRA, J. L. et al. Primeira ocorrência de vassoura-de-bruxa na principal região produtora de cacau do Brasil. Agrotrópica, v. 1, n. 1, p. 79–81 , 1989. PIMENTA NETO, A. A. Esporulação e controle alternativo de doenças causadas por Phytophthora nicotianae em tomate e berinjela. 2012. 102p. Dissertação (Mestrado em Fitopatologia) – Universidade Federal Rural, Recife, Pernambuco, 2012. PIMENTA, R.S. et al. Utilization of Yeasts in Biological Control Programs, Yeast Biotechnology: Diversity and Applications. Springer Science, p. 200-212, 2009. PIRES, J. L. Avaliação quantitativa e molecular de germoplasma para o melhoramento do cacaueiro com ênfase na produtividade, qualidade de frutos e resistência a doenças. 2003. 226 f. Tese (Doutorado) – Universidade

Federal de Viçosa, Viçosa, 2003. RAM, A.; VALLE, R. R.; FREITAS, D. B. de. Controle de cancro ou murcha de ceratocystis do cacaueiro na Bahia, Brasil. Agrotrópica, Ilhéus, BA, v. 16, n. 3, p. 111-114, 2004. RENE, R. Control de las principales enfermedades del cacao (Theobroma cacao L.) com tres especies de seca de Trichoderma y oxido cuproso. 2003.

110 p. Tese (Doutorado) – Instituto Agrícola Tingo Maria, Perú, 2003. RIBEIRO, I. J. A.; ITO, M. F.; ROSETTO, C. J. Novo hospedeiro de Ceratocystis fimbriata Ell & Halst. Bragantia, Campinas, v. 46, n. 2, p. 417-423, 1987. ROCHA, L. B. A região cacaueira da Bahia – dos coronéis à vassoura-de-bruxa: saga, percepção, representação. Ilhéus: Editus, 2008. 255p. ROMEIRO, R. S. Indução de resistência em plantas a patógenos.

Viçosa:Editora UFV, 1999. ROSA, M. M. et al. Evaluation of the biological contrl by yeast Torulaspora globosa against Colletotrichum sublineolum in sorgum. World Journal Microbiol Biotechnol, v. 26, n. 1, p. 1491-1502, 2010.

SAMBUICHI, R. H. R.; MIELKE, M. S.; PEREIRA, C. E. Nossas árvores: conservação, uso e manejo de árvores nativas do sul da Bahia. Ilhéus: Editus, 2009. 296 p.

Page 99: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

81

SAMUELS, G. J. Trichoderma: Systematics, the Sexual State, and Ecology. Phytopathology, v. 96, n. 2, p. 195-206, 2006. SANCHES, C. L. G. Murcha-de-Ceratocystis (Ceratocystis cacaofunesta) no Sul da Bahia: Metodologia para seleção de genótipos de cacaueiro resistentes e estudos preliminares descritivos do patógeno. 2007. 61 p.

Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia, 2007. SANSONE, G. R. et al. Control of Botrytis cinerea strains resistant to iprodione in apple with rhodotorulic acid and yeasts. Postharvest Biology and Technology,

Amsterdam, v. 35, p. 245-251, 2005. SANTOS, E. Validação de metodologias na seleção de cacaueiros à murcha de ceratocystis. 2015. 58 p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia, 215. SANTOS, C. C. et al. Influência de Trichoderma spp. sobre o crescimento micelial de Thielaviopsis paradoxa. Scientia Plena, v. 8, n. 4, 2012.

SANTOS, M. V. O. et al. Identificação de potenciais agentes fúngicos biocontroladores de Phytophthora spp. Agrotrópica, v. 26, p. 145 - 220, 2014.

SANTOS, P. L. et al. Comportamento de Ceratocystis sp. “in vitro” sob diferentes temperaturas, meios de cultura e pH. Revista Eletrônica de Educação e Ciência – REEC, v. 01, n. 01, p. 07-17, 2011. SANTOS, R. L. et al. Controle Biológico in vitro do agente causal da fusariose do tomateiro (Lycopersicom esculentum Mill.). 2013. [s.n.]. Disponível em: <http://www.academia.edu/9092087/Controle_Biol%C3%B3gico_in_vitro_do_agent

e_causal_da_fusariose_do_tomateiro_Lycopersicom_esculentum_Mill>. Acesso em: 03/02/2015. SANTOS, T. S. Comportamento in vitro de Chalara paradoxa sob diferentes condições de cultivo. 2013. 29p. TCC (Graduação em Agronomia) – Universidade

Federal da Paraíba, 2013. SAS INSTITUTE. SAS user’s guide: statistics. 5.ed. Cary, NC, p. 956. 1987.

Page 100: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

82

SILVA, S. D. V. M. et al. Reação de Genótipos de Cacaueiros a Isolados de Ceratocystis cacaofunesta. Fitopatologia Brasileira, vol. 32, n. 6, p. 504-506, 2007. ______. Resistência de progênies de cacaueiro à murcha-de-Ceratocystis. Tropical Plant Pathology, v. 37, n. 3, Brasília, 2012.

SILVA, S.D.V.M.; LUZ, E.D.M.N. Ceratocystis fimbriata em cacaueiros das variedades Theobahia cultivadas na Bahia. Fitopatologia Brasileira, v. 25, 424p.,

2000. SILVA, S. D. V. M.; PAIM, M. C.; CASTRO, W. M. Cacau “Jaca” Resistente a Ceratocystis fimbriata na Região Cacaueira da Bahia, Brasil. Fitopatologia Brasileira, v. 29, p. 538-540, 2004.

SILVA, V. N. et al. Promoção de crescimento e indução de resistência à antracnose por Trichoderma spp. em pepineiro. Pesq. agropec. bras., Brasília, v. 46, n. 12,

p.1609-1618, 2011. SISVAR versão 5.6: a computer statistical analysis system. Ferreira, Daniel Furtado. Ciência e Agrotecnologia, v. 35, n. 6, p. 1039-1042, 2011. SODRÉ, G. A. Substratos e estaquia na produção de mudas de cacaueiro.

2007. 93p. Tese (Doutorado em Agronomia) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Campus de Jaboticabal, 2007. SODRÉ, G. A.; MARROCOS, P. C. L.; LEITE, J. B. V. Perspectivas para multiplicação do cacaueiro. In: VALLE, R. R. Ciência, tecnologia e manejo do cacaueiro. 2. Ed. Brasília: Ceplac/Cepec/Sefis, 2012. cap. 14. p. 391-406. SOUZA, K. P. A. Avaliação do potencial de controle biológico de Guignardia citricarpa (Kiely) fitopatógeno de citros com isolados de Trichoderma spp. 2013. 60 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, 2013. SOUZA, M. L. et al. Fator pH e Inibição da Produção de Esporos de Fungos Toxigênicos em Co-Cultivo com Leveduras. In: Anais do 12º Congresso

Latinoamericano de Microbiologia e Higiene de Alimentos. São Paulo: Editora Blucher, 2014. Disponível em: <http://pdf.blucher.com.br/foodscienceproceedings/microal/088.pdf>. Acesso em : 20/01/2015).

Page 101: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

83

SPADARO, D.; GULLINO, M.L. Mechanism of action and efficacy of four isolates of the yeast Metschnikowia pulcherrima active against postharvest pathogen on apples. Postharvest Biol. Technol, v. 24, p. 123-134, 2002. SPIEGEL, Y. et al. New perspectives in biocontrol of plant-parasitic nematodes. Phytoparasitica, v. 26, p. 250-251, 1998. TERAO, D. et al. Potential use of bioagents in the control of postharvest rot in melon. Acta Hortic, v. 4, p. 1053, 2014. TOCAFUNDO, F. Avaliação de isolados de Trichoderma spp. no controle de Phytophthora palmivora em mamoeiro. 2008. 54p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2008.

TOCAFUNDO, F. et al. Avaliação de isolados de Trichoderma spp. no controle de Phytophthora palmivora em mamoeiro. Agrotrópica, v. 22, p. 37, 2010.

TUMURA, K. G. et al. Murcha por Ceratocystis em eucalipto: avaliação de resistência e análise epidemiológica. Summa Phytopathologica, v. 38, n. 1, p. 54-

60, 2012. VALDEBENITO-SANHUEZA, R. M. V. Uso de formaldeído e Trichoderma para prevenir a recolonização de solo por Phytophthora em pomares de macieira. Resumos..., II Reunião de Controle Biológico de Doenças de Plantas. Campinas,

Fundação Cargil, p. 55, 1987. VALDEBENITO-SANHUEZA, R. M. V. Leveduras para o biocontrole de fitopatógenos. In: MELO IS; AZEVEDO JL. (eds). Controle biológico. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, p. 41-56, 2000. VENTURINI, M. T. Avaliação de acessos de mamoeiro para resistência a Phytophthora palmivora e Corynespora cassiicola e controle biológico da podridão-do-pé. 2012. 113 p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2012. VILLAMIL; VITERI; VILLEGAS, 2015. Aplicación de Antagonistas Microbianos para el Control Biológico de Moniliophthora roreri Cif & Par en Theobroma cacao L. Bajo Condiciones de Campo. Rev.Fac.Nal.Agr., v. 68, n. 1, p. 7441-7450, 2015.

Page 102: 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...nbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/fc6941bce4f...Primeiramente à Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente

84

VINALE, F., R. et al. Major secondary metabolites produced by two commercial Trichoderma strains active againt different phytopatogens. Microbiology, v. 43, n. 2, p. 143-148, 2006. WANG, Y.F.et al. Biocontrol of Alternaria alternata on cherry tomato fruit by use of marine yeast Rhodosporidium paludigenum Fell & Tallman. J. Appl. Microbiol., v.

123, p. 234–239, 2008. ______. Control of postharvest decay on cherry tomatoes by marine yeast Rhodosporidium paludigenum and calcium chloride. J. Appl. Microbiol. v. 109, p. 651–656, 2010a. ______. Effect of water activity on stress tolerance and biocontrol activity in antagonistic yeast Rhodosporidium paludigenum. J. Appl. Microbiol, v. 143, p.

103–108, 2010b. ______. Biocontrol of postharvest gray mold of cherry tomatoes with the marine yeast Rhodosporidium paludigenum. Biol. Control, v. 53, p. 178–182, 2010c. ______. A combination of marine yeast and food additive enhances preventive effects on postharvest decay of jujubes (Zizyphus jujuba). Food Chem., v. 125, p. 835–840, 2011. ______. Acid adaptation and biocontrol efficacy of antagonistic marine yeast Rhodosporidium paludigenum. J. Appl. Microbiol., v. 64, p. 503-508, 2013.

ZHANG, H. Y. et al. Control of postharvest pear diseases using Rhodotorula glutinis and its effects on postharvest quality parameters. Int J Food Microbiol,

v. 126, p. 167–171, 2008. ZHAO, Y. et al. Effects of the yeast Pichia guilliermondii against Rhizopus nigricans on tomato fruit. Postharvest Biology and Technology, v. 49, p. 113–120, 2008. ZIVKOVIĆ, S. et al. Screening of antagonist activity of microorganisms against Colletotrichum acutatum and Colletotrichum gloeosporioides. Biological Sciences, Belgrade, v. 62, p. 611-623, 2010.