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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ – UESC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL – PPGPV
MARIANA BOMFIM SOARES
MINIESTACAS ORTOTRÓPICAS: ENRAIZAMENTO, CRESCIMENTO E QUALIDADE DE MUDAS DE CACAUEIROS
ILHÉUS – BAHIA
2019
MARIANA BOMFIM SOARES
MINIESTACAS ORTOTRÓPICAS: ENRAIZAMENTO, CRESCIMENTO E QUALIDADE DE MUDAS DE CACAUEIROS
Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.
Linha de pesquisa: Cultivos em Ambiente Tropical Úmido
Orientador: George Andrade Sodré
ILHÉUS – BAHIA
2019
MARIANA BOMFIM SOARES
MINIESTACAS ORTOTRÓPICAS: ENRAIZAMENTO, CRESCIMENTO E QUALIDADE DE MUDAS DE CACAUEIROS
Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.
Ilhéus, 15 de fevereiro de 2019.
________________________________________ George Andrade Sodré
UESC/DCAA (Orientador)
________________________________________ Carlos Eduardo Pereira
UFSB
________________________________________ José Basílio Vieira Leite
CEPLAC
À minha mãe Maria Rita e meu pai José, por todo amor e apoio incondicional.
Dedico
AGRADECIMENTOS
Primeiramente à Deus e a espiritualidade por serem meus alicerces e por todo cuidado.
À universidade Estadual de Santa Cruz e o Programa de Pós-Graduação em Produção
Vegetal, pela oportunidade de cursar o mestrado e a todos os ensinamentos que me foram
passados.
À CEPLAC pela cessão da área para realização dos experimentos e por todos esses
anos de muito aprendizado.
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), pela concessão da
bolsa de estudo.
Ao professor George Andrade Sodré pela orientação, amizade, paciência e
solidariedade durante os momentos difíceis.
Aos meus irmãos Filipe e Ariza pelo apoio, incentivo, e por acreditarem no meu
potencial.
Aos meus amigos da CEPLAC, Arnaldo, Gildásio, Ariston, Edmundo e Barbosa por
todo carinho, cuidado e ajuda no desenvolvimento da pesquisa.
Aos meus amigos pela paciência, incentivo e momentos de alegrias.
A Ana Virgínia por todo amor, paciência e por segurar nas minhas mãos nos
momentos de alegrias e aflições.
Meus agradecimentos a todos que de alguma forma contribuíram para a realização
desse trabalho.
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MINIESTACAS ORTOTRÓPICAS: ENRAIZAMENTO, CRESCIMENTO E QUALIDADE DE MUDAS DE CACAUEIROS
RESUMO
Foram realizados dois ensaios para avaliar o efeito do ácido indolbutírico e comprimento da miniestaca no enraizamento e crescimento de mudas ortotrópicas de cacaueiros. Um terceiro ensaio foi instalado para verificar o efeito do comprimento da miniestaca na qualidade de mudas ortotrópicas de cacaueiros. No primeiro ensaio, miniestacas herbáceas dos clones CEPEC 2002 e PS 13.19, foram preparadas com 2,5 a 3,0 cm de comprimento, tratadas com doses de ácido indolbutírico (AIB) (0, 1.500, 3.000, 4.500, 6.000 mg L-1) e encaminhadas para enraizamento em câmara de nebulização. Aos 90 dias do estaqueamento, avaliou-se a porcentagem de enraizamento e em seguida, as miniestacas enraizadas foram levadas para casa de vegetação para crescimento, por mais 60 dias. No final desse período, foram obtidos dados de massa seca de raiz e massa seca da brotação. O enraizamento dos clones de cacaueiro ocorreu de forma diferenciada em função das doses de AIB. O clone PS 13.19 pode ser considerado como de fácil propagação, não necessitando do uso de AIB para enraizamento. As doses ideais de AIB para obtenção de máximo incremento em MSR e MSB desse clone foram 659,43 e 667,48 mg L-1. Para miniestacas ortotrópicas do clone CEPEC 2002 as doses ideais de AIB para enraizamento e maiores incrementos na MSR e MSB foram 2.083,3, 4.369,06 e 4.117,64 mg L-1 de AIB. No segundo ensaio, miniestacas herbáceas do clone BN 34 foram preparadas com dois comprimentos (C1 – 0,5 a 1,0 cm e C2 – 2,5 a 3,0 cm), tratadas com doses de ácido indolbutírico (AIB) (0, 1.500, 3.000, 4.500 mg L-1) e encaminhadas para enraizamento em câmara de nebulização. Aos 90 dias do estaqueamento, avaliou-se a porcentagem de enraizamento e em seguida, as miniestacas enraizadas foram levadas para casa de vegetação para crescimento, por mais 60 dias. No final desse período, foram obtidos dados de massa seca de raiz e massa seca da brotação. Não foi verificado efeito do comprimento, doses e da interação na porcentagem de enraizamento das miniestacas. O tratamento de miniestacas C1 com as doses 1.890,2 mg. L-1 e 1.868,5 mg. L-1 de AIB possibilitam maior incremento na MSR e MSB. Para estacas C2, maiores incrementos na MSR e MSB podem ser obtidos com o tratamento de estacas com doses superiores a 4.500 mg. L-1 de AIB. Para o terceiro ensaio, miniestacas herbáceas dos clones CEPEC 2002, PS 13.19 e BN 34, foram preparadas com três comprimentos (C1 – 0,5 a 1,0 cm, C2 – 2,5 a 3,0 cm e C3 – 4,5 a 5,0 cm), e após 150 dias da instalação do experimento, foram avaliadas quanto à qualidade, usando o índice de qualidade de Dickson (IQD). Mudas de miniestacas de 4,5 a 5,0 cm apresentaram maior IQD. As massas secas foram as variáveis que melhor se correlacionaram com o IQD de mudas ortotrópicas de cacaueiros aos 150 dias.
Palavras-chave: Propagação vegetativa. Estaquia. Auxina. Índice de qualidade.
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ORTHOTROPIC MINICUTTINGS: ROOTING, GROWTH AND QUALITY OF COCOA SEEDLINGS
ABSTRACT
Two trials were carried out to evaluate the effect of indolebutyric acid and the length of minicutting on rooting and growth of orthotropic cocoa seedlings. A third trial was installed to verify the effect of length of minicutting on the quality of orthotropic cocoa seedlings. On the first trial, CEPEC 2002 and PS 13.19 herbaceous minicuttings were prepared with 2,5 to 3,0 cm length, treated with IBA doses (0, 1.500, 3.000, 4.500, 6.000 mg L-1) and transported to mist chamber for rooting. Ninety days after planting, the rooting percentage was evaluated, and after that, the rooted minicuttings were taken to a greenhouse for an additional 60 days. At the end of this period, the root dry mass (RDM) and shoot dry mass (SDM) were obtained. It was concluded that the rooting of the cocoa clones occurred in a differentiated manner according to the doses of IBA. PS 13.19 clone can be considered as easy to propagate and doesn’t require the use of IBA for rooting. The ideal doses of IBA to obtain maximum increase in RDM and SDM of this clone were 659,43 and 667,48 mg L-1. For CEPEC orthotropic minicuttings the ideal doses for rooting and higher increments in RDM and SDM were 2.083,3, 4.369,06 and 4.117.64 mg L-1 of IBA. On the second trial, BN 34 herbaceous minicuttings were prepared with two lengths (C1 – 0,5 to 1,0 cm and C2 – 2,5 to 3,0 cm), treated with IBA doses (0, 1.500, 3.000, 4.500 mg L-1) and transported to mist chamber for rooting. Ninety days after planting, the rooting percentage was evaluated, and after that, the rooted minicuttings were taken to a greenhouse for another 60 days. At the end of this period, the root dry mass (RDM) and shoot dry mass (SDM) were obtained. The IBA doses did not influence de rooting percentage of C1 and C2 orthotropic minicuttings. The treatment of C1 minicuttings with 1.890,2 mg. L-1 and 1.868,5 mg. L-1 of IBA promoted increase in root dry mass and shoot dry mass. For C2 minicuttings, increments in these parameters can be obtained with doses higher than 4.500 mg. L-1 of IBA. On the third trial, herbaceous miniccutings of CEPEC 2002, PS 13.19 and BN 34 clones were prepared with three lengths (C1 – 0,5 to 1,0 cm, C2 – 2,5 to 3,0 cm and C3 – 4,5 to 5,0 cm), and after 150 days after installation of the experiment, those were evaluated for quality using the Dickson quality index (DQI). Seedlings produced from 4,5 a 5,0 cm minicuttings showed higher DQI. The dry masses were the variables that best correlated with the DQI of orthotropic cocoa seedlings at 150 days. Keywords: Vegetative propagation. Cuttings. Auxin. Quality index.
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SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................... 6
ABSTRACT .............................................................................................................................. 7
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO GERAL .............................................................................. 9
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 13
CAPÍTULO 2 – DOSES DE ÁCIDO INDOLBUTÍRICO NO ENRAIZAMENTO E CRESCIMENTO DE MINIESTACAS ORTOTRÓPICAS DE CACAUEIRO .............. 16
Resumo .................................................................................................................................... 16
Abstract: .................................................................................................................................. 16
2.1 Introdução ......................................................................................................................... 17
2.2 Material e Métodos ........................................................................................................... 18
2.3 Resultados e Discussão ..................................................................................................... 20
2.4 Conclusões ......................................................................................................................... 24
CAPÍTULO 3 - COMPRIMENTO DA MINIESTACA E DOSES DE ÁCIDO INDOLBUTÍRICO NA FORMAÇÃO DE MUDAS ORTOTRÓPICAS DE CACAUEIRO ......................................................................................................................... 27
Resumo .................................................................................................................................... 27
Abstract: .................................................................................................................................. 27
3.1 Introdução ......................................................................................................................... 27
3.2 Material e Métodos ........................................................................................................... 29
3.4 Conclusões ......................................................................................................................... 35
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 35
CAPÍTULO 4 - COMPRIMENTO DA MINIESTACA INTERFERE NA QUALIDADE DE MUDAS ORTOTRÓPICAS DE CACAUEIROS ......................................................... 38
Resumo .................................................................................................................................... 38
Abstract ................................................................................................................................... 38
4.1 Introdução ......................................................................................................................... 38
4.2 Material e Métodos ........................................................................................................... 39
4.3 Resultados e Discussão ..................................................................................................... 41
4.4 Conclusões ......................................................................................................................... 44
CAPÍTULO 5 – IMPLICAÇÕES ......................................................................................... 46
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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO GERAL
O cacaueiro (Theobroma cacao L.) é uma frutífera de porte arbóreo, pertencente da
família Malvaceae, nativa da floresta tropical úmida americana, com centro de origem nas
nascentes dos rios Amazonas e Orinoco (MONTEIRO & AHNERT, 2012). É considerado
uma das mais importantes culturas perenes do mundo devido as sementes presentes no fruto,
após fermentadas e secas, constituírem matéria prima básica para fabricação de chocolate
A produção de cacau no mundo está concentrada na costa oeste do continente
Africano (75,9%), onde destacam-se a Costa do Marfim, Gana, Nigéria, Camarões. Na
América (17,0%), os principais produtores são Brasil e Equador, enquanto que na Ásia
(7,1%), tem-se Indonésia e Malásia (ICCO, 2018).
O cultivo do cacaueiro teve início no Brasil em 1676, no estado do Pará, no entanto,
ganhou maior importância quando migrou para a Bahia, por volta de 1976 na fazenda
Cubículo, localizada às margens do Rio Pardo, no município de Canavieiras. No sul da Bahia,
o cacau encontrou na Mata Atlântica condições favoráveis ao seu crescimento, semelhantes ao
seu local de origem, como clima quente e úmido, solos profundos e chuvas abundantes
(CHIAPETTI, 2018; SOUZA et al., 2016).
A cacauicultura brasileira está distribuída em quatro estados (Bahia, Pará, Rondônia e
Espírito Santo) e ocupa aproximadamente 700.000 ha de área total cultivada (LEITE &
SODRÉ, 2018). O Brasil é o sétimo produtor mundial (ICCO, 2018), com uma produtividade
média de 453 kg de amêndoas secas/ha/ ano e o Sul Bahia se destaca como segundo maior
produtor nacional de amêndoas secas, com 480 mil hectares de plantações e produtividade de
285 kg de amêndoas secas/ha/ ano (IBGE, 2018). Esses valores são baixos, considerando que
o cacaueiro tem potencial de atingir 4.4 t/ha/ano (NELSON et al., 2011) e 6.000 kg de
amêndoas secas/ha/ ano (LEITE & SODRÉ, 2018).
No Sul da Bahia, as quedas de produtividade foram devido a dificuldade de controle
da vassoura-de-bruxa, causada por Moniliophthora perniciosa (sin.: Crinipellis perniciosa
(Stahel) Singer), doença severa que atinge o cacaueiro, aliado à baixa densidade de plantas
por hectare e a seca que atingiu a região nos anos de 2015/2016, que provocou a mortalidade
de aproximadamente 53 milhões de cacaueiros e eliminação de área estimada em 76 mil
hectares de plantações (CEPLAC, 2016).
10
No início da expansão da cacauicultura no estado da Bahia o plantio de cacaueiros era
realizado com o uso de sementes de variedades comuns e híbridas (LEITE & MARTINS,
2007). A chegada do fungo da vassoura-de-bruxa em 1989, provocou declínio significativo
em produção, dada à susceptibilidade da população de cacaueiros plantados (MONTEIRO &
AHNERT, 2012). O cacaueiro apresenta elevado grau de segregação quando propagado por
sementes. Por esse motivo, tornou-se necessário adotar novos métodos de propagação, como
enxertia e estaquia, para serem utilizados na multiplicação de genótipos elite, além da
necessidade de fixar características genéticas em tempo reduzido (MAXIMOVA et al, 2008;
SODRÉ, 2013).
A propagação vegetativa por estaquia não é uma técnica nova na propagação de
cacaueiros, os primeiros trabalhos foram desenvolvidos em Trinidad por Pyke em 1933, e
intensificados pelo Instituto Biofábrica de Cacau (IBC), Organização Social vinculada ao
Governo do Estado da Bahia, que desde 1999 produz mudas clonais em larga escala
(LALIBERTÉ & END, 2015). A estaquia é considerada uma boa alternativa para
multiplicação de clones de cacaueiros. Clones, são materiais que apresentam a mesma
constituição genética da planta matriz de origem, além de serem mais homogêneos facilitando
o controle de doenças, destacando-se que a resistência genética é um fator importante para o
cacaueiro, principalmente por se tratar de uma espécie alógama (SANTOS JUNIOR et al.
2008).
A propagação por miniestaquia pode ser considerada como uma variação da estaquia
convencional, onde utilizam-se brotações de plantas propagadas de forma vegetativa. Uma
vantagem da miniestaquia é a possibilidade de associá-la a jardins clonais mantidos em
ambiente controlado, diminuição do período de enraizamento e aclimatação e redução no uso
de reguladores vegetais para indução do enraizamento (FERRIANI et al., 2010). Em
cacaueiros, o termo miniestaquia tem sido empregado para diferenciar do comprimento
adotado por viveiristas, que utilizam estacas semi-lenhosas de ramos plagiotrópicos com 16
cm, além da utilização de material herbáceo, com tecidos pouco diferenciados e de intensa
atividade meristemática (SODRÉ, 2007).
Apesar da estaquia ser um método frequentemente utilizado para produzir mudas de
espécies comerciais, em frutíferas como o cacaueiro, é comum o uso de reguladores de
crescimento, devido à dificuldade de enraizamento da espécie (PEREIRA, 2018). O grupo de
reguladores utilizado com maior frequência é o das auxinas (HARTMANN et al., 2011),
possivelmente por estimularem a síntese de etileno, favorecendo a emissão de raízes
11
(NORBERTO et al., 2001). O balanço hormonal entre auxinas, giberelinas e citocininas, tem
forte influência na emissão de raízes em estacas. Uma das formas mais comuns de promover
esse balanço se dá pela aplicação exógena de reguladores de crescimento, principalmente as
auxinas (PASQUAL et al., 2001). O ácido indolbutírico (AIB) é a auxina sintética mais
utilizada por possuir boa capacidade de promover o enraizamento, apresentar baixa
fotossensibilidade e maior estabilidade química na planta (FACHINELLO et al., 1996).
O cacaueiro apresenta crescimento dimórfico, podendo produzir ramos com
crescimento ortotrópico e plagiotrópico, essa característica possui grande relevância, pois
esses ramos apresentam hábitos de crescimento distintos, influenciam na arquitetura da copa
da planta, e no fornecimento de material para ser propagado de forma vegetativa (MILLER,
2009). Ramos plagiotrópicos são fontes predominantes de material vegetativo para
propagação e encontrados na planta de cacaueiro durante todo o ciclo de vida (TRAORE et
al., 2003), as folhas nesse tipo de ramo apresentam pecíolos curtos e são arranjadas
alternadamente (LALIBERTÉ & END, 2015; NIEMENAK et al., 2010). Em contrapartida,
ramos ortotrópicos estão presentes em menor quantidade, apresentam folhas com pecíolos
longos, e distribuídas em espiral. Além disso, o vigor e o tamanho das folhas nesse tipo de
ramo são maiores do que as oriundas de ramos plagiotrópicos (NIEMENAK et al., 2010).
O uso de ramos ortotrópicos na propagação de cacaueiros permite a produção de
plantas com arquitetura semelhante à de um cacaueiro de origem seminal, com copas mais
compactas, necessitando de menor número de podas de formação e manutenção, e produzem
raízes que se assemelham ao sistema radicular pivotante (MILLER & GUILTINAN, 2003;
SODRÉ, 2013). Por outro lado, plantas de origem plagiotrópica requerem maiores números
de poda durante os primeiros anos de estabelecimento em campo, o que aumenta
significativamente os custos de produção (MILLER & GUILTINAN, 2003; TRAORE, 2003).
O grande desafio da produção de mudas ortotrópicas em larga escala, é conseguir
quantidades suficientes desse material para ser propagado vegetativamente. Estima-se que em
condições normais de campo cada planta matriz produz em média 30 ramos plagiotrópico
para cada ramo ortotrópicos (SODRÉ et al., 2012).
Miller (2009) observou que o arqueamento de matrizes de embriogênese somática em
jardins clonais é uma alternativa viável para aumentar o fornecimento de material ortotrópico
a partir do qual novas plantas podem ser formadas. As vantagens do uso de miniestacas é que
estas podem ser coletadas em grandes quantidades nos jardins clonais em viveiro, aumentando
12
a qualidade e quantidade de estacas produzidas por planta matriz com redução dos custos de
produção (SODRÉ et al., 2012).
Com intensificação de plantios de cacaueiros no mundo, pesquisas relacionadas ao
enraizamento de estacas de cacaueiros tem sido intensificadas, a exemplo das realizadas por
Essola et al. (2017), Faria e Sacramento (2003), Leite & Martins (2007), Santos Junior et al.
(2008), Pereira et al. (2015), Pereira et al. (2018). Porém, quanto se refere a doses de AIB e
comprimento da estaca de ramos ortotrópicos ainda existem demandas a serem atendidas.
O comprimento da estaca possui relação direta com a quantidade de reservas
nutritivas, número de gemas, teor de carboidratos e de auxinas endógenas (HOSSEL et al.,
2017). Trabalhos desenvolvidos por Sodré (2007), mostraram que incrementos na produção
de mudas de ramos plagiotrópicos de cacaueiros, podem ser obtidos com a utilização de
miniestacas de 4 a 8 cm de comprimento, coletadas de material herbáceo, de plantas mantidas
em jardins clonais enviveirados.
Dentre os componentes do sistema de produção de cacaueiros destaca-se a qualidade
das mudas. Mudas de qualidade apresentam maior capacidade de resistir a condições adversas
do campo, reduzem os gastos com replantio, e resultam em plantas adultas com crescimento
desejável (FERRAZ & ENGEL, 2011). Um dos principais problemas da produção de mudas
em larga escala é determinar quais fatores durante a fase de viveiro alteram a sobrevivência e
desenvolvimento inicial das mudas em campo (FONSECA et al., 2002). Os parâmetros
morfológicos são os mais utilizados para determinar a qualidade de mudas, por serem mais
aceitos por viveiristas, porém, ainda necessitam de maior acerto para responder às exigências
quanto a sobrevivência e crescimento das mudas em campo (GOMES et al., 2002).
O índice de qualidade de Dickson tem sido mencionado como um bom indicador da
qualidade de mudas, por considerar no seu cálculo a robustez e equilíbrio da distribuição de
fitomassa das mudas (FONSECA, 2000). Apesar de ser bastante utilizado para avaliação da
qualidade de mudas de espécies florestais, a exemplo do eucalipto, ainda não foram usados
para avaliação de mudas ortotrópicas de cacaueiros.
Leite, (2006); LALIBERTÉ & END, 2015. consideram necessário estabelecer
condições ideais para enraizamento e obter protocolos ajustados que permitam a produção de
mudas clonais de cacaueiro em larga escala. Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar o
enraizamento, crescimento e qualidade de miniestacas ortotrópicas de cacaueiros.
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16
CAPÍTULO 2 – DOSES DE ÁCIDO INDOLBUTÍRICO NO ENRAIZAMENTO E CRESCIMENTO DE MINIESTACAS ORTOTRÓPICAS DE CACAUEIRO
Resumo: Após o período seco que atingiu as fazendas de cacau em 2015/2016, e a preocupação com o avanço de doenças, tornou-se necessário aprimorar as técnicas de produção de mudas para serem utilizadas no processo de renovação das lavouras. O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de doses de ácido indolbutirico (AIB) no enraizamento e crescimento de miniestacas ortotrópicas de cacaueiros. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, no esquema fatorial 5 x 2, e os tratamentos compostos por doses de AIB (0, 1.500, 3.000, 4.500, 6.000 mg L-1) e clones de cacaueiro (CEPEC 2002 e PS 1319), com seis repetições, e a unidade experimental formada por três estacas. Aos 90 dias do estaqueamento foi calculada a porcentagem de enraizamento, e aos 150 dias (90 do estaqueamento e 60 de viveiro) foram obtidos os dados de massa seca de raiz e massa seca da brotação. O enraizamento dos clones de cacaueiro ocorreu de forma diferenciada em função das doses de AIB. O clone PS 13.19 pode ser considerado como de fácil propagação, não necessitando do uso de AIB para enraizamento. As doses ideais de AIB para obtenção de máximo incremento em MSR e MSB desse clone foram 888,48 e 667,48 mg L-1. Para miniestacas ortotrópicas do clone CEPEC 2002 as doses ideais de AIB para enraizamento e maiores incrementos na MSR e MSB foram 2.083,3, 4.369,06 e 4.117,64 mg L-1 de AIB. Palavras-chave: Theobroma cacao L. Estaquia. Propagação
DOSES OF INDOLEBUTYRIC ACID ON ROOTING AND GROWTH OF COCOA ORTHOTROPIC MINICUTTINGS
Abstract: After the dry period that affected the cocoa farms and the concern about the advancement of diseases, it became necessary to improve the techniques of production of seedlings to be used in the process of renewal of the cocoa farms. The objective of this work was to evaluate the effects of indolebutyric acid (IBA) on rooting and growth of cocoa orthotropic minicuttings. The experiment was carried out in a completely randomized design in a 5 x 2 factorial scheme, with the treatments composed by doses of IBA (0, 1.500, 3.000, 4.500, 6.000 mg L-1), and clones (CEPEC 2002, PS 13.19), with six replications, and the experimental unit formed by three cuttings. At 90 days after planting, the cuttings were evaluated for the rooting percentage, and at 150 days (90 days of planting and 60 days of growth in nursery) they were evaluated for root dry mass (RDM) and shoot dry mass (SDM). The rooting of the cocoa clones occurred in a differentiated manner according to the doses of IBA. PS 13.19 clone can be considered as easy to propagate and doesn’t require the use of IBA for rooting. The ideal doses of IBA to obtain maximum increase in RDM and SDM of this clone were 888,48 and 667,48 mg L-1. For CEPEC orthotropic minicuttings the ideal doses for rooting and higher increments in RDM and SDM were 2.083,3, 4.369,06 and 4.117.64 mg L-1 of IBA. Keywords: Theobroma cacao L. Rooted cuttings. Propagation
17
2.1 Introdução
O cacaueiro (Theobroma cacao L.) é uma frutífera pertencente à família Malvaceae e
de grande importância econômica, devido às sementes presentes no fruto depois de
fermentadas e secas constituírem matéria básica para fabricação de chocolate. Seu cultivo
comercial pode ser encontrado em regiões de clima tropical, onde Brasil é o sétimo produtor
mundial e a Bahia se destaca como segundo maior produtor nacional de amêndoas secas, com
uma área de 480 mil hectares de plantações, e uma produção de aproximadamente 83 mil
toneladas (IBGE, 2018).
Após o período seco que atingiu a região cacaueira da Bahia nos anos de 2015/2016,
que culminou com a perda de uma área estimada em 76 mil hectares de plantações (CEPLAC,
2016), a constante preocupação com os avanços da doença Vassoura-de-bruxa
(Moniliophthora perniciosa), uma das mais sérias enfermidades que atinge o cacaueiro e a
necessidade de renovação de plantios velhos por material produtivo e tolerante as principais
doenças, tem sido imprescindível aprimorar as técnicas de produção de mudas (SODRÉ et al.,
2016; SODRÉ, 2017).
A propagação do cacaueiro pode ser realizada de forma seminal ou vegetativa, dentre
os métodos de propagação vegetativa, a estaquia é uma dos mais importantes para
multiplicação de variedades clonais de cacaueiros por proporcionar redução do período
juvenil e a produção de materiais homogêneos, facilitando o controle de doenças, destacando-
se que a resistência genética é um fator importante, principalmente por se tratar de uma
espécie alógama (SANTOS JUNIOR et al., 2008).
A produção de mudas por estaquia não é uma técnica nova na propagação de
cacaueiros, os primeiros trabalhos foram desenvolvidos por Pyke em 1933, e intensificados
pelo Instituto Biofábrica de Cacau (IBC), instituição pública ligada a Secretaria de
Agricultura do governo do estado da Bahia que desde 1999 produz mudas clonais em larga
escala, com a utilização de estacas semi-lenhosas de ramos plagiotrópicos (LALIBERTÉ &
END, 2015).
Na cacauicultura, o uso de ramos plagiotrópicos para estaquia é mais comum, devido a
esse material ser mais abundante, porém, as plantas formadas requerem maior número de
podas (MILLER, 2009). Em contrapartida, mudas de ramos ortotrópicos desenvolvem
arquitetura que se assemelha a aquelas propagadas por sementes, formando uma copa na
18
forma de taça, o que facilita o manejo e os tratos culturais. No cultivo do cacaueiro, o grande
desafio para uso da estaquia de ramos ortotrópicos em larga escala é conseguir quantidades
suficientes desse material, que pode ser superado pelo uso de miniestacas herbáceas, coletadas
em grandes quantidades de plantas matrizes enviveiradas (MILLER & GUILTINAN, 2003).
Apesar da estaquia ser um método frequentemente utilizado para produção de mudas
de espécies comerciais, em frutíferas como o cacaueiro, é comum o uso de reguladores de
crescimento, devido a dificuldade de enraizamento da espécie (PEREIRA, 2018). O grupo de
reguladores mais utilizado é o das auxinas, que segundo Hartmann et al. (2011), estão
diretamente relacionadas ao processo de formação de raízes, possivelmente por estimularem a
síntese de etileno (NORBERTO et al., 2001). A auxina é produzida endogenamente nas
regiões de crescimento, como ápices caulinares, gemas e folhas, porém, sua concentração no
tecido varia com a espécie e condição fisiológica da estaca (PIZZATO et al., 2011).
Uma das formas de aumentar o percentual de enraizamento de estacas se dá pela
aplicação exógena de auxinas sintéticas (TREVISAN et al., 2008), que podem elevar o teor de
auxina no tecido, sendo o ácido indolbutírico (AIB) o mais utilizado por sua baixa toxidez e
por ter atividade rizogênica comprovada (SALIBE et al., 2010). Ainda existem demandas a
serem atendidas em relação ao uso de AIB no enraizamento de miniestacas ortotrópicas.
Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de doses de ácido indolbutírico no
enraizamento e crescimento de miniestacas ortotrópicas de cacaueiros.
2.2 Material e Métodos
O experimento foi conduzido em câmara de nebulização e casa de vegetação do
Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), unidade de pesquisa da Comissão Executiva do
Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), localizada no município de Ilhéus, BA (14º 45’ S e
39º 40’ O), no período de dezembro de 2017 a maio de 2018.
Foram utilizadas miniestacas herbáceas, coletadas de ramos ortotrópico de plantas
matrizes dos clones CEPEC 2002 e PS 13.19, mantidas em viveiro experimental e que
seguindo metodologia descrita por Pereira et al. (2018), foram submetidas a envergamento do
caule para emissão de brotações ortotrópicas. As miniestacas foram preparadas com
aproximadamente 2,5 a 3 cm de comprimento, sendo mantido duas gemas e um par de folhas,
que foram reduzidas a 50% (primeira folha a partir da base) e 80% do tamanho original para
evitar perdas de água por transpiração (Figura 1A).
19
As miniestacas foram tratadas na base, por 3 segundos, com solução do fungicida
Carbendazim a 2%, e doses de ácido indolbutírico (AIB) (0, 1.500, 3.000, 4.500 e 6.000 mg
L-¹), diluído em solução hidroalcóolica, na proporção volumétrica (1:1) (Figura 1B). Em
seguida, foram inseridas a 2 cm de profundidade em bandejas de isopor® com 128 células de
40 cm³, preenchidas com substrato Carolina Soil® (50 Litros), composto por (turfa sphagno e
vermiculita), enriquecido para cada dois sacos (50 Litros), com os fertilizantes de liberação
lenta Osmocote® (10% N – 6% P2O5 – 10% K2O) (125 g), PG mix® (14% N – 16% P2O5 –
18% K2O) (125 g), e Super Fosfato Simples® ( 18 % de P2 O5) (160 g) (Figura 1C).
Figura 1 – (A) Miniestacas com 2,5 a 3,0 cm, a primeira folha a partir da base reduzida a 50% e as demais em 80%; (B) Tratamento com ácido indolbutírico (AIB); (C) Estaqueamento em bandejas de isopor preenchidas com substrato.
Após o estaqueamento, as bandejas foram transportadas para câmara de nebulização
dotada de ambiente controlado com aspersões de 10 segundos em intervalos de 5 minutos
entre as 8:00 h e 17:00 h. A temperatura média interna da câmara nesse período variou entre
27ºC e 31ºC e a umidade relativa do ar entre 90 e 100%. Quando se observou a presença de
raízes na parte inferior da bandeja, o que ocorreu a partir de 20 dias do estaqueamento, as
miniestacas foram transplantadas imediatamente para tubetes de 288 cm³ preenchidos com o
mesmo substrato usado no estaqueamento.
As miniestacas permaneceram na câmara até os 90 dias após o estaqueamento quando
foi avaliado o percentual de enraizamento (ENR), considerando como enraizada à estaca que
emitiu ao menos uma raiz, e em seguida enviadas para crescimento por mais 60 dias em
viveiro coberto com telhas de fibra de vidro, pé direito medindo 5 m e laterais de sombrite de
cor preta, proporcionando 50% de sombreamento. A irrigação das mudas no viveiro foi feita
20
três vezes por semana, para manter o substrato em até 70 % da capacidade de retenção de
água (CRA), usando metodologia descrita por Fermino (2014). As plantas também foram
suplementadas aos 90 e 120 dias do estaqueamento com 30 ml/planta de solução nutritiva
completa de Hoagland e Arnon (1950), com ¼ de força iônica.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC), sendo a análise em
esquema fatorial 5 x 2, correspondente a doses de AIB e clones de cacaueiro, selecionados
pela tolerância à vassoura-de-bruxa, com seis repetições e a unidade experimental formada
por três miniestacas.
Aos 150 dias do estaqueamento, (90 dias de câmara e 60 de viveiro) foram obtidos
dados de massa seca de raiz (MSR), e massa seca da brotação (MSB). Para a avaliação da
biomassa seca as raízes e brotações foram acondicionadas em sacos de papel e colocadas em
estufa de ventilação forçada, a 65oC, até atingirem peso constante.
Os dados foram submetidos à análise de variância (p ≤ 0,05). Os dados em
porcentagem foram transformados em arc seno √x/100. O fator qualitativo (clone) foi
avaliado pelo teste de tukey a 5% de probabilidade e o fator quantitativo (doses de AIB) foi
avaliado por regressão a 5% de probabilidade. Dentre os modelos de regressão testados
(linear, quadrático e cúbico), definiu-se, para cada variável, aquele com maior coeficiente de
determinação e equação significativa a no mínimo, 5% de probabilidade. As análises
estatísticas foram realizadas utilizando o programa estatístico R (R Core Team, 2009).
2.3 Resultados e Discussão
Os dados da análise de variância mostraram que dos parâmetros avaliados, apenas não
houve efeito do fator clone no enraizamento das miniestacas ortotrópicas (Tabela 1). Estudos
com outras importantes frutíferas também verificaram que os materiais genéticos
apresentaram comportamentos semelhantes quanto ao enraizamento (VIGNOLO et al., 2012).
Tabela 1 - Resumo da análise de variância para as variáveis de enraizamento (ENR), massa seca de raiz (MSR), e massa seca da brotação (MSB), de miniestacas ortotrópicas de clones de cacaueiros, em função de doses de AIB.
Fonte de Variação GL ENR MSR MSB Clone (A) 1 0,0002ns 0,1815* 0,2196*
Doses de AIB(B) 4 0,6853* 0,0120* 0,0515*
A x B 4 0,2631* 0,0320* 0,0987* Resíduo 50 0,0760 0,0238 0,0150 CV (%) 26,3 8,9 11,2
Fonte: Dados da pesquisa. Nota: *Significativo ao nível de 5% de probabilidade; nsNão significativo.
21
A porcentagem de enraizamento de miniestacas ortotrópicas do clone CEPEC 2002
apresentou comportamento quadrático e foi superior ao PS 13.19 no tratamento com a dose
3.000 mg L-1 de AIB. Para PS 13.19, o aumento das doses do regulador de crescimento
provocou decréscimo na porcentagem de miniestacas enraizadas e o maior percentual de
enraizamento foi verificado na ausência do regulador de crescimento, diferindo
estatisticamente do clone CEPEC 2002 (Figura 2). Esse resultado sugere que o enraizamento
de miniestacas ortotrópicas do clone PS 13.19 pode ocorrer sem necessidade de uso de AIB,
possivelmente por conter níveis endógenos de auxina, produzidos pelas gemas e folhas,
suficientes para iniciar o processo de formação de raízes (HAN et al., 2009; VIGNOLO et al.,
2012). Em relação ao CEPEC 2002, a dose ideal calculada para obtenção do máximo
percentual de enraizamento de miniestacas ortotrópicas foi 2.083,3 mg L-1 de AIB.
Figura 2 - Porcentagem de enraizamento (ENR) de miniestacas ortotrópicas de clones de cacaueiros em função de doses de ácido indolbutírico (AIB). Letras diferentes indicam diferenças estatísticas entre as médias dos clones pelo teste de tukey (p ≤ 0,05).
Figura 3 - Porcentagem de enraizamento (ENR) de miniestacas ortotrópicas de clones de cacaueiros em função de doses de ácido indolbutírico (AIB). Letras diferentes indicam diferenças estatísticas entre as médias dos clones pelo teste de tukey (p ≤ 0,05).
Santos Junior et al. (2008), trabalhando com estacas semi-lenhosas de ramos
plagiotrópicos de cacaueiros, concluíram que a melhor concentração de AIB para
enraizamento de estacas do clone PS 13.19 foi 4 g kg-1. Por outro lado, Pereira et al. (2018)
também trabalhando com ramos plagiotrópicos, verificaram que miniestacas herbáceas do
22
clone CEPEC 2002 tratadas com 6.000 mg L-1 apresentaram maior porcentagem de
enraizamento. As diferenças nos resultados verificados nesse trabalho e nos observados por
esses autores podem ser atribuídas ao tipo de ramo utilizado e o estágio de desenvolvimento
da estaca. De modo geral, ramos ortotrópicos por serem mais juvenis enraízam com maior
facilidade do que os plagiotrópicos, e segundo Essola et al. (2017), estacas ortotrópicas são
mais vigorosas que plagiotrópicas, mesmo quando não tratadas com regulador de crescimento.
Isso se deve ao fato que estacas coletadas de material juvenil são mais fáceis de propagar
devido a sua reduzida idade ontogenética, fisiológica e cronológica, além de apresentarem
menor quantidade de metabólitos secundários (HUSEN & PAL, 2006).
Houve incremento na MSR e MSB dos clones de cacaueiro com aumento das doses de
AIB, seguido de decréscimo até a máxima dose estudada (6.000 mg L-1). O clone CEPEC
2002 apresentou médias de MSR superiores ao PS 13.19 nas doses 3.000, 4.500 e 6.000 mg L-
1 de AIB (Figura 3). Em relação à MSB, essas diferenças foram observadas nas doses 4.500 e
6.000 mg L-1 (Figura 4). Segundo Sodré et al. (2016), a MSR é uma variável fortemente
associada com sobrevivência e estabelecimento das mudas em campo, sendo considerada um
diferencial para produção de mudas de cacaueiro de qualidade por estar diretamente
relacionada com a absorção de água e nutrientes.
Figura 4 - Massa seca de raiz (MSR) de miniestacas ortotrópicas de clones de cacaueiros em função de doses de ácido indolbutírico (AIB). Letras diferentes indicam diferenças estatísticas entre as médias dos clones pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05).
23
As doses ideais de AIB para máximo incremento na MSR e MSB de mudas
ortotrópicas do clone CEPEC 2002 foram 4.369,06 e 4.117,64 mg L-1. Para o clone PS 13.19
as doses foram 888,48 e 667,47 mg L-1 de AIB. Apesar de se tratar de plantas da mesma
espécie (Theobroma cacao L.) os resultados mostram que os clones respondem de forma
diferenciada às doses do regulador de crescimento, e que existe uma dose ideal para cada
material genético que possibilita máximo incremento no ENR, MSR e MSB, assim como
sugerido por Leite e Martins (2007).
Figura 4 - Massa seca da brotação (MSB) de miniestacas ortotrópicas de clones de cacaueiros em função de doses de ácido indolbutírico (AIB). Letras diferentes indicam diferenças estatísticas entre as médias dos clones pelo teste de tukey (p ≤ 0,05).
De modo geral, os resultados obtidos permitem inferir que doses de AIB acima do
considerado ideal para cada clone, deixam de ser promotoras do enraizamento e
desenvolvimento de miniestacas ortotrópicas, passando a ser inibidoras, assim como também
observado por ramos et al. (2003), trabalhando com estacas herbáceas de Mirabolano.
Segundo Pasqual (2001), para que estacas enraízem é necessário que haja balanço hormonal
entre promotores e inibidores do enraizamento. Além disso, o tratamento de estacas com
doses elevadas de auxinas pode inibir o desenvolvimento de gemas e crescimento de novas
brotações, mesmo em situações onde o sistema radicular tenha se desenvolvido
(HARTMMAN et al., 2011). Assim, é possível que o fornecimento de auxina exógena tenha
promovido alterações hormonais pelo aumento dos níveis de auxina no tecido da estaca,
24
fazendo com que as doses aplicadas apresentassem efeito tóxico. E essas variações de
resposta podem ser devido aos diferentes potenciais genéticos de crescimento dos clones,
mesmo sendo da mesma espécie.
O protocolo de produção massal de mudas para estacas semi-lenhosas e variedades
clonais de cacaueiros recomenda a aplicação de 6.000 mg kg-1 de AIB diluído em talco
(SODRÉ & MARROCOS, 2009; LALIBERTÉ & END, 2015). Os resultados desse trabalho
mostraram que o uso de miniestacas ortotrópicas de material herbáceo pode, para o clone PS
13.19, reduzir o custo de produção das mudas, devido a redução do uso de reguladores para
enraizamento. É também possível propor que uma mesma dose para todos os materiais
genéticos de cacaueiros pode comprometer o enraizamento e crescimento das mudas, sendo
mais adequado a utilização de doses ideais para cada material genético.
2.4 Conclusões
A miniestaquia de ramos ortotrópicos é uma técnica viável para produção de mudas clonais de
cacaueiros. O enraizamento dos clones CEPEC 2002 e PS 13.19 ocorreu de forma
diferenciada em função de doses de AIB.
O clone PS 13.19 pode ser considerado como de fácil propagação, não necessitando do uso de
AIB para enraizamento. As doses ideais de AIB para obtenção de máximo incremento em
MSR e MSB desse clone foram 659,43 e 667,48 mg L-1.
Para miniestacas ortotrópicas do clone CEPEC 2002 as doses ideais de AIB para obtenção da
maior porcentagem de estacas enraizadas e maiores incrementos na MSR e MSB foram
2.083,3 mg L-1, 4.369,06 e 4.117,64 mg L-1 de AIB.
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27
CAPÍTULO 3 - COMPRIMENTO DA MINIESTACA E DOSES DE ÁCIDO INDOLBUTÍRICO NA FORMAÇÃO DE MUDAS ORTOTRÓPICAS DE
CACAUEIRO
Resumo: O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do comprimento da miniestaca e doses de ácido indolbutírico na formação de mudas ortotrópicas de cacaueiro. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, num esquema fatorial 4 x 2, com os tratamentos correspondentes a utilização de doses de ácido indolbutírico (AIB) (0, 1.500, 3.000 e 4.500 mg L-1), e comprimento da miniestaca (C1 – 0,5 a 1,0 cm e C2 – 2,5 a 3,0 cm). Não foi verificado efeito do comprimento, doses e da interação na porcentagem de enraizamento das miniestacas. O tratamento de miniestacas C1 com as doses 1.890,2 mg. L-1 e 1.868,5 mg. L-1 de AIB possibilitam maior incremento na MSR e MSB. Para estacas C2, maiores incrementos na MSR e MSB podem ser obtidos com o tratamento de estacas com doses superiores a 4.500 mg. L-1 de AIB.
Palavras-chave: Theobroma cacao L. Estaquia. Propagação vegetativa.
LENGTH OF MINICUTTING AND DOSES OF INDOLEBUTYRIC ACID ON PRODUCTION OF COCOA ORTHOTROPIC SEEDLINGS
Abstract: The objective of this work was to evaluate the effects of length of minicutting and doses of indolebutyric acid (IBA) on production of cocoa orthotropic seedlings. The experiment was carried out in a completely randomized design in a 4 x 2 factorial scheme, with the treatments composed by doses of IBA (0, 1.500, 3.000, 4.500, 6.000 mg L-1), and length of minicuttings (C1 – 0,5 to 1,0 cm e C2 – 2,5 to 3,0 cm), with four replications, and the experimental unit formed by three cuttings. At 90 days after planting, the cuttings were evaluated for the rooting percentage, and at 150 days (90 days of planting and 60 days of growth in nursery) they were evaluated for root dry mass (RDM) and shoot dry mass (SDM). The IBA doses did not influence de rooting percentage of C1 and C2 orthotropic minicuttings. The treatment of C1 minicuttings with 1.890,2 mg. L-1 and 1.868,5 mg. L-1 of IBA promoted increase in root dry mass and shoot dry mass. For C2 minicuttings, increments in these parameters can be obtained with doses higher than 4.500 mg. L-1 of IBA. Keywords: Theobroma cacao L. Cutting. Vegetative propagation.
3.1 Introdução
O cacaueiro (Theobroma cacao L) é uma planta originária da floresta tropical úmida
americana, que tem seu centro de origem nas nascentes dos rios Amazonas e Orinoco
(PEREIRA & VALLE, 2012). É uma cultura de relevância econômica mundial devido às
28
sementes presentes nos frutos após fermentadas e secas constituírem matéria prima básica
para fabricação de chocolate.
Entre os países produtores de cacau, o Brasil é o sétimo produtor mundial, e a Bahia se
destaca como segundo maior produtor nacional de amêndoas secas, com uma área de 480 mil
hectares de plantações, e uma produção de 83 mil toneladas (IBGE 2018). Os problemas
fitossanitários aliado com o baixo nível tecnológico dos produtores, e a seca que atingiu a
região cacaueira nos anos de 2015/2016, fizeram com que a produção de amêndoas secas
ficasse em torno de 400 kg/ha/ano, que segundo Nelson et al. (2011) é baixa comparado com
o potencial do cacaueiro em atingir 4.4 t/ha/ano.
A propagação do cacaueiro por estaquia tem sido considerada uma boa alternativa
para multiplicação massal de variedades clonais, selecionadas em programas de
melhoramento e resistentes a doenças, para serem utilizadas na implantação de novas áreas e
adensamento do stand de plantas, numa tentativa de substituir os antigos plantios e recuperar
os níveis de produção da região (LALIBERTÉ & END, 2015; SODRÉ, 2017).
O cacaueiro apresenta crescimento dimórfico, podendo produzir ramos com
crescimento ortotrópico e plagiotrópico, essa característica possui grande relevância no
manejo da planta, pois esses ramos apresentam hábitos de crescimento distintos, influenciam
na arquitetura da copa da planta e também no fornecimento de material para ser propagado de
forma vegetativa (MILLER, 2009). De acordo com Traore et al. (2003), ramos plagiotrópicos
são fontes predominantes de material vegetativo para propagação e encontrados na planta de
cacaueiro durante todo o ciclo de vida, já os ramos ortotrópicos quase sempre são encontrados
em menor quantidade.
O uso de ramos ortotrópicos na propagação de cacaueiros permite a produção de
plantas com arquitetura semelhante à de um cacaueiro de origem seminal, com copas na
forma de taça, necessitando de menor número de podas de formação e manutenção (MILLER
& GUILTINAN, 2003; SODRÉ, 2013). Por outro lado, plantas de origem plagiotrópica
requerem maiores números de poda durante os primeiros anos de estabelecimento em campo,
o que aumenta significativamente os custos de produção (TRAORE, 2003).
Fatores internos e externos podem influenciar a formação de raízes adventícias em
estacas de cacaueiros. Dentre estes, pode-se citar os reguladores de crescimento e o
comprimento da estaca. O grupo de reguladores utilizado com maior frequência para
produção de mudas por estaquia é o das auxinas (HARTMANN et al., 2011), possivelmente
29
por estimularem a síntese de etileno, favorecendo a emissão de raízes (NORBERTO et al.,
2001). De acordo com Pasqual (2001), para que o processo de formação de raízes ocorra é
necessário que haja balanço entre promotores e inibidores do enraizamento, e uma forma de
promover esse equilíbrio, se dá pela aplicação exógena de auxina sintética, a exemplo do
ácido indolbutírico (AIB).
Quanto ao tamanho da estaca, poucos trabalhos fazem referência a essa característica
na formação de mudas de cacaueiros. De acordo com Sodré (2007) e Sodré et al. (2012),
incrementos na qualidade e produção de mudas de cacaueiros podem ser obtidos com o uso de
miniestacas herbáceas de ramos plagiotrópicos medindo entre 4 a 8 cm e quando coletadas de
matrizes mantidas em viveiro, elevam-se as quantidades de estacas produzidas por uma
planta. Nesse contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do comprimento da estaca e
doses de ácido indolbutírico na formação de mudas ortotrópicas de cacaueiro.
3.2 Material e Métodos
O experimento foi conduzido em câmara de nebulização e casa de vegetação do
Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), unidade de pesquisa da Comissão Executiva do
Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), localizada no município de Ilhéus, BA (14º 45’ S e
39º 40’ O), no período de maio de 2018 a outubro de 2018.
Foram utilizadas estacas herbáceas, coletadas de ramos ortotrópicos de plantas
matrizes do clone BN 34. As matrizes encontravam-se em viveiro e que seguindo
metodologia descrita por Pereira et al. (2018), foram submetidas a envergamento do caule
para emissão de brotações ortotrópicas. As miniestacas foram preparadas com dois intervalos
de comprimento formando duas classes: C1 – 0,5 a 1,0 cm, contendo uma folha e uma gema;
C2 – 2,5 a 3 cm, contendo duas folhas e duas gemas. Para evitar perdas de água por
transpiração, as folhas foram reduzidas a 50% (primeira folha a partir da base) e 80% do
tamanho original (Figura 1).
30
Figura 1 - Aspectos de miniestacas ortotrópicas herbáceas preparadas com dois intervalos de comprimento: A) Classe 1 - 0,5 a 1,0 cm; B) Classe 2 - 2,5 a 3,0 cm.
As miniestacas foram tratadas na base, por 3 segundos, com solução de fungicida
Carbendazim a 2%, e doses de ácido indolbutírico (AIB) (0, 1.500, 3.000 e 4.500 mg L-¹),
diluído em solução hidroalcóolica, na proporção volumétrica (1:1). Em seguida, foram
inseridas a 2 cm de profundidade em bandejas de poliestireno expandido (isopor®) com 128
células de 40 cm³, preenchidas com substrato Carolina Soil®, composto por (turfa sphagno e
vermiculita), e enriquecido, para cada dois sacos (50 Litros), com os fertilizantes de liberação
lenta Osmocote® (10% N – 6% P2O5 – 10% K2O) (125 g), PG mix® (14% N – 16% P2O5 –
18% K2O) (125 g), e Super Fosfato Simples® ( 18 % de P2 O5) (160 g).
Após o estaqueamento, as bandejas foram transportadas para câmara de nebulização
dotada de ambiente controlado com aspersões de 10 segundos em intervalos de 5 minutos
entre as 8:00 h e 17:00 h. A temperatura média interna da câmara nesse período variou entre
27ºC e 31ºC e a umidade relativa do ar entre 90 e 100%.
Quando se observou a presença de raízes na parte inferior da bandeja, o que ocorreu a
partir de 20 dias do estaqueamento, as miniestacas foram transplantadas imediatamente para
tubetes de 288 cm³ preenchidos com o mesmo substrato usado no estaqueamento. As
miniestacas permaneceram na câmara até os 90 dias após o estaqueamento quando foi
avaliado o percentual de enraizamento (ENR), e em seguida enviadas para crescimento por
mais 60 dias, em viveiro coberto com telhas de fibra de vidro, pé direito medindo 5 m e
laterais de sombrite de cor preta, proporcionando 50% de sombreamento. A irrigação das
mudas no viveiro foi feita três vezes por semana para manter o substrato em até 70 % da
capacidade de retenção de água (CRA), usando metodologia descrita por Fermino (2014). As
plantas também foram suplementadas aos 90 e 120 dias do estaqueamento com 30 ml/planta
de solução nutritiva completa de Hoagland e Arnon (1950), com ¼ de força iônica.
31
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC), em esquema fatorial
4 x 2, correspondente a doses de AIB e comprimento das miniestacas, com quatro repetições e
a unidade experimental formada por três miniestacas.
Aos 150 dias do estaqueamento, (90 dias de câmara e 60 de viveiro) foram obtidos
dados de massa seca de raiz (MSR), e massa seca da brotação (MSB). Para a avaliação da
biomassa seca as raízes e brotações foram acondicionadas em sacos de papel e colocadas em
estufa de ventilação forçada, a 65oC, até atingirem peso constante.
Os dados foram submetidos à análise de variância (p ≤ 0,05). O fator qualitativo
(Comprimento da estaca) foi avaliado pelo teste de tukey a 5% de probabilidade e o fator
quantitativo (doses de AIB) foi avaliado por regressão a 5% de probabilidade. Dentre os
modelos de regressão testados (linear, quadrático e cúbico), definiu-se, para cada variável,
aquele com maior coeficiente de determinação e equação significativa a no mínimo, 5% de
probabilidade. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa estatístico R (R
Core Team, 2009).
3.3 Resultados e Discussão
A análise de variância (p≤0,05) mostrou não haver efeito dos fatores comprimento,
doses de AIB e da interação entre esses fatores no percentual de enraizamento (ENR) de
miniestacas ortotrópicas do clone BN 34 (Tabela 1). Esse resultado se deve, provavelmente
aos níveis endógenos de auxina contidos nas estacas, sugerindo que foram suficientes para
iniciar o processo de formação de raízes, efeito também observado por Figueirêdo et al.
(2013) em miniestaquia de gravioleira (Annona muricata L). Para as variáveis MSR e MSB a
análise de variância revelou-se significativa para comprimento da miniestaca, doses de AIB e
interação entre esses fatores (Tabela 1).
Tabela 1 - Resumo da análise de variância para as variáveis porcentagem de enraizamento aos 90 dias (ENR), massa seca de raiz (MSR), e massa seca da brotação (MSB) de miniestacas do clone BN 34, em função de doses de AIB e comprimento da miniestaca.
Fonte de Variação GL ENR MSR MSB Comprimento da miniestaca (A) 1 0,01ns 0,07* 0,63* Doses de AIB (B) 3 0,16ns 0,01* 0,06ns
A x B 3 0,05ns 0,01* 0,10* Resíduo 24 0,08 0,03 0,02 CV (%) 51,9 12,0 20,5 Fonte: Dados da pesquisa. *Significativo ao nível de 5% de probabilidade; nsNão significativo
32
De modo geral, esses resultados diferem dos observados por Pereira et al. (2018), que
trabalhando com miniestacas de ramo plagiotrópico do clone BN 34, verificaram efeito de
doses de AIB no enraizamento e massa seca da brotação das mudas. Além disso, Sodré
(2007) trabalhando com miniestacas de ramos plagiotrópicos de 4 e 8 cm verificou que o
comprimento das miniestacas não influenciou as massas secas de raiz e brotação das plantas.
Embora se trate de enraizamento de estacas de cacaueiros as diferenças também podem ser
atribuídas tanto ao material genético, o qual influencia no enraizamento (LALIBERTÉ &
END, 2015), mas principalmente ao tipo de ramo utilizado (ortotrópico), e a consistência
totalmente herbácea do tecido da estaca ortotrópica.
Os ramos ortotrópicos por serem mais juvenis, quando comparados aos plagiotrópicos,
enraízam mais facilmente. Essola et al. (2017), testando doses de AIB e tipo de ramo na
propagação de cacaueiros por estaquia, concluíram que estacas ortotrópicas são mais
vigorosas do que as plagiotrópicas, mesmo quando não tratadas com regulador de
crescimento. E de acordo com Lima et al. (2006), tecidos herbáceos apresentam condições
fisiológicas adequadas para a emissão de novas estruturas, devido ao seu metabolismo mais
ativo e maior concentrações de auxinas nos tecidos (HARTMANN et al., 2011).
As MSR e MSB de miniestacas ortotrópicas da classe C2 (2,5 a 3,0 cm) apresentaram
comportamento linear com o aumento das doses de AIB até a dose máxima estudada 4.500
mg L-1 (Figura 2 e 3). Miniestacas da classe C2 se mostraram superiores às C1 para massa
seca de raiz no tratamento com a dose 3.000 mg L-1 de AIB e para massa seca da brotação no
tratamento com as doses 3.000 e 4.500 mg L de AIB. O comportamento dessas variáveis se
assemelha aos obtidos por Pereira et al. (2018), que verificaram acréscimo linear na MSR e
MSB em miniestacas plagiotrópicas de 8 cm do clone BN 34 com o aumento das doses de
AIB até 6.000 mg L-1.
33
Figura 2 –Massa seca de raiz (MSR) de miniestacas ortotrópicas das classes C1 (0,5 a 1,0 cm) e C2 (2,5 a 3,0 cm), em função de doses de ácido indolbutírico (AIB). Letras diferentes indicam diferenças estatísticas entre as médias dos clones pelo teste de tukey (p ≤ 0,05).
O mesmo resultado não foi observado em miniestacas C1 (0,5 a 1 cm), cujo
comportamento foi quadrático atingindo pontos de máxima MSR e MSB, sendo possível
afirmar que a partir desses pontos, doses maiores provocaram efeito tóxico inibindo tanto o
crescimento radicular como da brotação (Figura 2 e 3). Pontes Filho et al. (2014), trabalhando
com estacas de pitaya de 5 cm verificaram que a aplicação de doses crescentes de AIB até
4.500 mg dm-3 reduziram o enraizamento, massa seca de raízes e da brotação das plantas em
relação às propagadas por estacas de 10 cm.
As doses ideais de AIB obtidas para máximo incremento na massa seca de raiz e da
brotação de plantas de estacas da classe C1 (0,5 a 1,0 cm) foram 1.890,2 mg. L-1 e 1.868,5 mg
L-1 de AIB. Para miniestacas ortotrópicas da classe C2 (2,5 a 3,0 cm) os resultados sugerem
que doses superiores a 4.500 mg L-1 de AIB poderiam promover incrementos ainda maiores
na MSR e MSB das mudas.
34
Figura 3 –Massa seca da brotação (MSB) de miniestacas ortotrópicas das classes C1 (0,5 a 1,0 cm) e C2 (2,5 a 3,0 cm), em função de doses de ácido indolbutírico (AIB). Letras diferentes indicam diferenças estatísticas entre as médias dos clones pelo teste de tukey (p ≤ 0,05).
Essas diferenças entre as classes podem ser justificadas devido a miniestacas
ortotrópicas da classe C2 apresentarem maior massa seca, o que lhes confere maior resistência
às alterações hormonais ocasionadas pelo aumento das concentrações do regulador de
crescimento sem gerar danos nas células, não ocorrendo o mesmo em miniestacas C1, que
apresentaram menor incremento na MSR e MSB como consequência da fitotoxicidez gerada
pelas doses elevadas do regulador de crescimento. Além disso, estacas de maior comprimento
apresentam maior número de folhas e quantidade superior de reservas, especialmente
carboidratos para serem utilizados como fonte de energia para emissão de novas raízes e
brotações (HOSSEL et al, 2018).
Segundo Tapi et al. (2017), o processo de formação de raízes, que envolve divisão
celular, requer muita energia, e consequentemente, é necessário que as estacas contenham
maiores reservas para serem utilizadas. Além disso, de acordo com Costa et al. (2017),
auxinas promovem a divisão celular e o metabolismo de carboidratos, aumentando a hidrólise
do amido, o que justifica o porquê de o aumento das doses de AIB terem promovido
incrementos lineares na MSR e MSB para miniestacas C2.
35
3.4 Conclusões
É recomendável que a propagação do clone BN 34 por miniestaquia de ramos
ortotrópicos seja feita com a utilização de miniestacas da classe C2 (2,5 a 3,0 cm).
O tratamento de miniestacas C1 (0,5 – 1,0 cm) com as doses 1.890,2 mg. L-1 e 1.868,5
mg. L-1 de AIB promovem maior incremento na MSR e MSB. Para estacas C2 (2,5 – 3,0 cm),
maiores incrementos na MSR e MSB podem ser obtidos com doses superiores a 4.500 mg. L-1
de AIB.
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CAPÍTULO 4 - COMPRIMENTO DA MINIESTACA INTERFERE NA QUALIDADE DE MUDAS ORTOTRÓPICAS DE CACAUEIROS
Resumo: Considerando a crescente demanda por mudas de cacaueiros e a necessidade de conter o avanço de doenças, é necessário aprimorar os métodos de propagação e ajustar protocolos para produção de mudas de qualidade. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do comprimento da miniestaca no crescimento e qualidade de mudas ortotrópicas de cacaueiros. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3 x 3, e os tratamentos correspondentes a utilização de clones de cacaueiros (CEPEC 2002, PS 13.19 e BN 34) e comprimento da miniestaca (C1 – 0,5 a 1,0 cm, C2 – 2,5 a 3,0 cm e C3 – 4,5 a 5,0 cm). Após 150 dias da instalação do experimento, as miniestacas foram avaliadas quanto à qualidade, usando o índice de qualidade de Dickson (IQD). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Foi realizado análise de correlação de Pearson. Mudas de miniestacas de 4,5 a 5,0 cm apresentaram maior IQD. As massas secas foram as variáveis que melhor se correlacionaram com o IQD de mudas ortotrópicas de cacaueiros aos 150 dias.
Palavras-chave: Theobroma cacao L., propagação vegetativa, índice de qualidade
LENGTH OF MINICUTTING INTERFERS IN QUALITY OF ORTHOTROPIC COCOA SEEDLINGS
Abstract: Considering the growing demand for cocoa seedlings and the need to contain diseases progression, it is necessary to improve propagation methods and to adjust protocols for the production of quality seedlings. The experiment was carried out in a completely randomized design in a 3 x 3 factorial scheme, and the treatments corresponding to the use of cacao clones (CEPEC 2002, PS 13.19, BN 34), and length of minicutting (C1 – 0,5 a 1,0 cm and C2 – 2,5 a 3,0 cm, C3 – 4,5 a 5,0 cm), with four replications, and the experimental unit formed by three cuttings. After 150 days of installation of the experiment, minicuttings were evaluated for quality using the Dickson quality index (DQI). Data were submitted to analysis of variance and Tukey test at 5% probability. Pearson correlation analysis were performed. Seedlings produced from 4,5 a 5,0 cm minicuttings showed higher DQI. The dry masses were the variables that best correlated with the IQD of orthotropic cocoa seedlings at 150 days.
Keywords: Theobroma cacao L., vegetative propagation, quality index
4.1 Introdução
Os métodos de propagação vegetativa do cacaueiro (Theobroma Cacao L.) vêm sendo
utilizados desde os anos 90 como importante ferramenta no processo de renovação das
lavouras da região cacaueira do estado da Bahia (MONTEIRO et al., 2012), intensificando-se
após a seca que atingiu a região nos anos de 2015/2016 (CEPLAC, 2015). O plantio de mudas
clonais de materiais genéticos resistentes a doenças do cacaueiro também foi intensificado
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com a liberação de clones com características genéticas superiores (SODRÉ & SENA
GOMES, 2018).
O cacaueiro apresenta crescimento dimórfico, podendo produzir ramos com
crescimento ortotrópico e plagiotrópico. O uso de ramos ortotrópicos na propagação de
cacaueiros permite a produção de plantas com arquitetura semelhante à de um cacaueiro de
origem seminal, com copas mais compactas, necessitando de menor número de podas de
formação e manutenção (MILLER, 2009). A limitação no uso de estacas ortotrópicas é que o
número de estacas disponíveis é significativamente inferior aos plagiotrópicos (SODRÉ,
2013).
A produção de mudas por estaquia é uma técnica utilizada mundialmente para
propagar espécies de plantas, incluindo o cacaueiro (LALIBERTÉ & END et al., 2015). Sua
principal vantagem é que as plantas produzidas são geneticamente idênticas a aquelas que lhes
deram origem, sendo consideradas clones. Em cacaueiros, o termo miniestaquia é empregado
para diferenciar do comprimento geralmente adotado por viveiristas, que utilizam estacas com
16 cm, além da utilização de material herbáceo, com tecidos pouco diferenciados e de intensa
atividade meristemática (SODRÉ, 2007). Segundo esse autor na medida em que estacas de
menor tamanho aumentam o rendimento por planta matriz, o uso de miniestacas coletadas em
jardins clonais também melhora a qualidade das mudas produzidas.
Dentre os componentes do sistema de produção de cacaueiros destaca-se a qualidade
das mudas que devem apresentar crescimento uniforme e reduzidas taxas de mortalidade em
campo. O Índice de Qualidade de Dickson – IQD (Dickson et al., 1960) tem sido mencionado
como um bom indicador da qualidade de mudas (FONSECA, 2000), e já foi testado para
mudas de cacaueiros originadas de ramos plagiotrópicos (PEREIRA et al., 2018) porém, ainda
são incipientes os trabalhos sobre a utilização de índices de qualidade na avaliação de mudas
de cacaueiros, especificamente propagados com uso de ramos ortotrópicos.
O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do comprimento da miniestaca no
crescimento e qualidade de mudas ortotrópicas de clones cacaueiros.
4.2 Material e Métodos
O experimento foi conduzido em câmara de nebulização e casa de vegetação do
Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), unidade de pesquisa da Comissão Executiva do Plano
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da Lavoura Cacaueira (Ceplac), localizada no município de Ilhéus, BA (14º 45’ S e 39º 40’
O), no período de junho de 2018 a novembro de 2018.
Foram utilizadas miniestacas herbáceas, coletadas de ramos ortotrópicos em plantas
matrizes dos clones CEPEC 2002, PS 13.19 e BN 34. As estacas foram preparadas com três
intervalos de comprimento formando três classes: C1 – 0,5 a 1,0 cm, contendo uma folha e
uma gema; C2 – 2,5 a 3 cm, contendo duas folhas e duas gemas; e C3 – 4,5 a 5,0 cm,
contendo três folhas e três gemas. Para evitar perdas de água por transpiração, as folhas foram
reduzidas a 50% (primeira folha a partir da base) e demais em 80% do tamanho original
(figura 1).
Figura 1 - Aspectos de miniestacas herbáceas preparadas com três intervalos de comprimento: A) Classe 1 - 0,5 a 1,0 cm; B) Classe 2 - 2,5 a 3,0 cm; C) Classe 3 – 4,5 a 5,0 cm.
As miniestacas foram tratadas na base, por 3 segundos, com solução de fungicida
Carbendazim a 2%, e 3.000 mg L-¹ de ácido indolbutírico (AIB), diluído em solução
hidroalcóolica, na proporção volumétrica (1:1). Em seguida, foram inseridas a 2 cm de
profundidade em bandejas de poliestireno expandido (isopor®) com 128 células de 40 cm³,
preenchidas com substrato Carolina Soil®, composto por (turfa sphagno e vermiculita), e
enriquecido, para cada dois sacos (50 Litros), com os fertilizantes de liberação lenta
Osmocote® (10% N – 6% P2O5 – 10% K2O)(125 g), PG mix® (14% N – 16% P2O5 – 18%
K2O) (125 g), e SuperFosfato Simples® ( 18 % de P2 O5) (160 g).
Após o estaqueamento, as bandejas foram transportadas para câmara de nebulização
dotada de ambiente controlado com aspersões de 10 segundos em intervalos de 5 minutos
entre as 8:00 h e 17:00 h. A temperatura média interna da câmara nesse período variou entre
27ºC e 31ºC e a umidade relativa do ar entre 90 e 100%.
Quando se observou a presença de raízes na parte inferior da bandeja, o que ocorreu a
partir de 20 dias do estaqueamento, as miniestacas foram transplantadas imediatamente para
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tubetes de 288 cm³ preenchidos com o mesmo substrato usado no estaqueamento. As
miniestacas permaneceram na câmara até os 90 dias após o estaqueamento quando foram
enviadas para crescimento por mais 60 dias, em viveiro coberto com telhas de fibra de vidro,
pé direito medindo 5 m e laterais de sombrite de cor preta, proporcionando 50% de
sombreamento. A irrigação das mudas no viveiro foi feita três vezes por semana, para manter
o substrato em até 70 % da capacidade de retenção de água (CRA), usando metodologia
descrita por Fermino (2014). As plantas também foram suplementadas aos 90 e 120 dias do
estaqueamento com 30 ml de solução nutritiva completa de Hoagland & Arnon (1950), com
¼ de força iônica.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC), em esquema fatorial
3 x 3, correspondente aos clones de cacaueiro e comprimento das miniestacas, com seis
repetições e a unidade experimental formada por três miniestacas.
Aos 150 dias do estaqueamento, foi mensurado o diâmetro do caule (DC) e
comprimento da brotação (CB). Para avaliação da biomassa seca de raiz (MSR), brotação
(MSB) e massa seca total (MST), as plantas foram cortadas na altura do tubete,
acondicionadas em sacos de papel, e colocadas para secar em estufa de ventilação forçada, a
65 oC, até atingirem peso constante. O índice de qualidade de Dickson (IQD) foi utilizado
para avaliar a qualidade das mudas, e determinado por meio da expressão:
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste
de Tukey, a 5 % de probabilidade. Foi realizada análise de correlação de Pearson (p<0,05)
entre o IQD, diâmetro da brotação (DB), comprimento da brotação (CB), massa seca de raiz
(MSR), massa seca da brotação (MSB), e massa seca total (MST). Os procedimentos
estatísticos foram realizados no programa estatístico R (R CORE TEAM, 2009).
4.3 Resultados e Discussão
A análise de variância (p<0,05) mostrou diferenças significativas entre os clones de
cacaueiro para todas as variáveis analisadas. Já para o fator comprimento da miniestaca,
verificou-se influência significativa no DB, MSR, MSB, MST e IQD. Em contra partida, a
interação entre esses fatores não apresentou efeitos significativos (Tabela 1). Esse resultado,
no entanto, difere dos observados por sodré (2007), que trabalhando com miniestacas de ramo
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plagiotrópico de cacaueiro verificou que o comprimento da estaca não influenciou na massa
seca de raiz e da brotação das mudas. Essas diferenças nos resultados devem-se ao fato de
ramos ortotrópicos serem mais juvenis do que os plagiotrópicos, materiais juvenis apresentam
maior atividade metabólica devido a sua menor idade ontogenética, como sugerido por
(HUSEN & PAL, 2006).
Tabela 1 - Resumo da análise de variância para as variáveis comprimento da brotação (CB), diâmetro do caule (DC), massa seca de raiz (MSR), massa seca da brotação (MSB), massa seca total (MST) e índice de qualidade de Dickson (IQD) de miniestacas do clone BN 34, em função do comprimento da estaca.
Fonte de variação GL CB DC MSR MSB MST IQD
Clone (A) 2 8,43* 0,83* 0,01* 0,12* 0,14* 0,01*
Comprimento da miniestaca (B)
2 2,75ns 1,10* 0,04* 0,99* 1,08* 0,04*
A x B 4 0,32ns 0,06ns 0,00ns 0,01ns 0,01ns 0,00ns
Resíduo 45 1,03 0,06 0,00 0,02 0,02 0,00
CV (%) 17,1 12,4 4,6 10,7 10,5 3,8 Fonte: Dados da pesquisa *Significativo ao nível de 5% de probabilidade; nsNão significativo
Na Tabela 2 pode-se observar que, de modo geral, mudas de CEPEC 2002
apresentaram maior crescimento e juntamente com o clone BN 34 produziram mudas com
maior comprimento e diâmetro da brotação. Além disso, mudas de CEPEC 2002 e PS 13.19
apresentaram maior incremento em massa seca de raízes, brotação e massa seca total. O
índice de qualidade de Dickson (IQD) foi maior em mudas de CEPEC 2002 em relação aos
demais materiais genéticos. Os diferentes padrões de crescimento entre os materiais mostram
que apesar de se tratar da mesma espécie (Theobroma cacao L.), existem diferenças genéticas
entre os clones que lhes conferem características distintas de crescimento e influenciam na
qualidade da muda produzida.
Tabela 2 – Efeito do material genético no comprimento da brotação (CB), diâmetro da brotação (DB), massa seca de raiz (MSR), massa seca da brotação (MSB), massa seca total (MST), e índice de qualidade de Dickson (IQD) de mudas ortotrópicas de cacaueiros.
Clone CB DB MSR MSB MST IQD CEPEC 2002 6,33 a 1,97 a 0,39 a 1,42 a 1,81 a 0,27 a
PS 13.19 5,17 b 1,68 b 0,31 b 1,20 ab 1,51 ab 0,22 b BN 34 6,38 a 2,10 a 0,31 b 1,01 b 1,32 b 0,21 b
Fonte: Dados da pesquisa Nota: *Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
Miniestacas da classe C3 (4,5 a 5 cm) foram significativamente superiores as demais
classes para as variáveis DB, MSB, MST e IQD. Verificou-se que miniestacas da classe C1
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(0,5 a 1,0 cm) apresentaram menor MSR, MSB, MST e IQD, diferindo estatisticamente das
miniestacas das classes C2 e C3 (Tabela 3). Esse resultado pode ser atribuído ao fato que após
o estaqueamento, as estacas, devido à falta de raízes, dependem inteiramente de suas reservas
para formação de raízes e da parte aérea (BRAUN et al., 2010), nesse sentido, estacas de
maior comprimento apresentam maior quantidade de reservas nutritivas para serem utilizadas
no processo de formação da muda, o que justifica o porquê de miniestacas da classe C3 terem
se desenvolvido melhor.
Tabela 3 - Efeito do comprimento da miniestaca ortotrópica no diâmetro da brotação (DB), massa seca de raiz (MSR), massa seca da brotação (MSB), massa seca total (MST), e índice de qualidade de Dickson (IQD), de mudas de cacaueiros.
Classe/ comprimento da miniestaca
DB
MSR MSB MST IQD
(mm) ------------- g ------------- C1 0,5 – 1,0 cm 1,74 b 0,24 b 0,60 c 0,84 c 0,15 c C2 2,5 – 3,0 cm 1,82 b 0,37 a 1,20 b 1,57 b 0,24 b C3 4,5 – 5,0 cm 2,20 a 0,41 a 1,82 a 2,24 a 0,31 a
Fonte: Dados da pesquisa Nota: *Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Os maiores valores de IQD, observados em mudas de miniestacas das classes C3 e C2,
indicam que o uso desses tipos de estacas pode melhorar a qualidade de mudas de cacaueiros
(Tabela 3). Considerando que o cacaueiro é uma planta perene e que problemas na fase de
implantação do cultivo tem como consequência falhas no stand, baixas produtividades e
menor longevidade da lavoura, a utilização de mudas de qualidade é de fundamental
importância, resultando em maior porcentagem de pegamento e desenvolvimento das mudas
em campo, além de reduzir os custos de produção (SOUZA et al., 2016).
Os valores de IQD encontrados para miniestacas da classe C3 (0,31) são 2,8 vezes
superiores aos verificados por Pereira et al. (2018), trabalhando com estaquia de ramo
plagiotrópico do clone CEPEC 2002. As diferenças desse trabalho também podem ser
atribuídas principalmente ao tipo de ramo utilizado (ortotrópico). Essola et al. (2017),
testando doses de AIB e tipo de ramo na propagação de cacaueiros por estaquia, concluíram
que estacas ortotrópicas são mais vigorosas do que as plagiotrópicas.
As contribuições dos componentes CB, DB, MSR, MSB, e MST no IQD foram
verificadas pelo grau de associação dessas variáveis, expressos nas correlações apresentadas
na Tabela 2, onde todos os coeficientes foram positivos e significativos. As variáveis (DB) e
comprimento da brotação (CB), apesar de significativas, apresentaram coeficientes de
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correlação baixos com MSR, MSB, MST e IQD, sugerindo que não podem ser utilizados
como indicadores da qualidade de mudas ortotrópicas de cacaueiros (Tabela 2). Pereira et al.
(2018) argumentam que apesar do CB geralmente correlacionar-se como IQD, o baixo grau
de associação com essa variável se deve ao fato de ser uma característica influenciada
facilmente por alterações ambientais.
Tabela 2. Correlações de Pearson das variáveis, comprimento da brotação (CB), diâmetro do caule (DC), massa seca de raiz (MSR), massa seca da brotação (MSB), massa seca total (MST), e índice de qualidade de Dickson (IQD) de mudas de estacas ortotrópicas de clones de cacaueiro.
CB MSR MSB MST IQD DB 0,59* 0,40* 0,48* 0,47* 0,51* CB 0,41* 0,40* 0,41* 0,28*
MSR 0,86* 0,90* 0,96* MSB 0,99* 0,91* MST 0,94* IQD
Fonte: Dados da pesquisa *Significativo a 5% de probabilidade.
Verificou-se que o índice de qualidade de Dickson (IQD), apresentou maiores valores
de correlação as variáveis MSR, MST e MSB. De acordo com Hermann (1964), a MSR é uma
variável fortemente associada com sobrevivência e estabelecimento das mudas em campo,
enquanto Sodré et al. (2016) consideram a MSR um diferencial de qualidade de mudas, pois
está diretamente relacionada com a absorção de água e nutrientes pelas plantas.
4.4 Conclusões
Mudas de miniestacas de 4,5 a 5,0 cm apresentaram maior IQD.
As massas secas foram as variáveis que melhor se correlacionaram com o IQD de mudas
ortotrópicas de cacaueiros aos 150 dias.
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CAPÍTULO 5 – IMPLICAÇÕES
Embora o Brasil seja o único país do mundo que produz e consome amêndoas de
cacau, o cenário atual mostra ao longo dos anos um crescimento desuniforme entre a cadeia
produtiva de cacau e chocolate. Esse decréscimo, em parte se deve a dificuldade de controle
de doenças, devido a muitas áreas terem sido implantadas por via seminal e apresentarem
cacaueiros velhos e susceptíveis, e de fatores climáticos como a seca que atingiu a região
cacaueira nos anos de 2015/2016, que provocou a mortalidade de milhões de cacaueiros.
Existe uma crescente demanda mundial por produtos derivados do cacau e por mudas
de cacaueiros para serem utilizadas no processo de renovação de antigos plantios e
implantação de novas áreas que está por volta de 600 milhões de mudas ano. Apesar de
muitos países ainda não utilizarem a estaquia como técnica de renovação e expansão de áreas
comerciais, essa tecnologia apresenta potencial de crescimento nos próximos anos.
Para sanar o problema da arquitetura inadequada de plantas formadas de ramos
plagiotrópicos, o uso de miniestacas ortotrópicas, de material herbáceo, coletadas matrizes
enviveiradas é uma alternativa viável para produção massal de mudas com arquitetura
ortotrópica. Porém, ainda é necessário ajustar os protocolos de propagação do cacaueiro e
desenvolver estratégias para produção de mudas clonais de ramos ortotrópicos em larga
escala.
Os resultados dessa pesquisa mostraram que é possível obter bons índices de
enraizamento com a utilização de miniestacas ortotrópicas e que a utilização de doses ideais
de AIB para variedades clonais é essencial para se obter maiores índices de enraizamento e
melhor desenvolvimento inicial da muda em viveiro. Apesar do cacaueiro ser considerado
uma espécie de difícil enraizamento, é possível produzir mudas ortotrópicas sem a utilização
do AIB, como foi verificado para o clone PS 13.19, utilizando miniestacas de 2,5 a 3,0 cm de
comprimento.
A substituição de estacas semi-lenhosas de 16 cm por miniestacas herbáceas com
comprimento variando de 2,5 a 3,0 cm é uma alternativa que possibilita a redução no uso de
AIB para os clones CEPEC 2002 e PS 13.19. O protocolo utilizado atualmente para produção
de mudas por estaquia utiliza 6.000 mg L-1 de AIB via talco, com a adoção da técnica de
miniestacas herbáceas e uso de solução hidroalcoólica, poderiam ser utilizadas doses de AIB
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até duas vezes menores, o que contribui para aumento no rendimento de mudas produzidas,
além de reduzir os custos de produção.
Miniestacas ortotrópicas de 4,5 a 5,0 cm produziram mudas de melhor qualidade,
contudo, um ramo ortotrópico usado como haste de multiplicação coletado de plantas matrizes
cultivadas em vasos em jardim clonal, apresenta uma variação no comprimento, em torno de
10-20 cm, caso viveiristas optem por usar miniestacas de 5,0 cm, o rendimento de material
ortotrópico por planta matriz será reduzido. Visando maior rendimento de estacas ortotrópicas
por matriz e a produção de mudas com melhor padrão de qualidade é mais vantajoso adotar
miniestacas de 2,5 a 3,0 cm que vai proporcionar maior rendimento de material vegetativo e
também produzem mudas de elevado índice de qualidade.
Baseado nas observações realizadas no decorrer da instalação, condução dos
experimentos e dos resultados obtidos com a pesquisa, é possível recomendar, para estacas C2
(2,5 a 3,0 cm) a utilização da dose 1.500 mg L-1 de AIB para propagação do clone PS 13.19,
3.000 mg L-1 de AIB para CEPEC 2002 e 4.500 mg L-1 de AIB para miniestacas ortotrópicas
do clone BN 34.
O grande desafio atual para utilização de miniestacas ortotrópicas das classes C1 e C2
é conseguir estimular o lançamento de novas brotações e reduzir o período das mudas em
viveiro até serem levadas para campo. É necessário desenvolver pesquisas com outros
reguladores de crescimento sejam a exemplo das giberelinas, com a finalidade de superar o
período que estacas de menor comprimento levam após a emissão de raízes para o
desenvolvimento de novas brotações, produzir mudas de qualidade em tempo reduzido e
consolidar a produção de mudas com esse tipo de arquitetura.
Plantas matrizes com crescimento ortotrópico já estão sendo multiplicadas por
pesquisadores do Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC/CEPLAC) e distribuídas a
produtores para formarem jardins clonais em suas propriedades, como alternativa para sanar a
grande dificuldade de obtenção desse tipo de material, e para que possam estabelecer
pequenos jardins clonais em suas propriedades e iniciarem o plantio de mudas ortotrópicas.
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