afecÇÕes otorrinolaringolÓgicas

6
AFECÇÕES OTORRINOLARINGOLÓGICAS RINITE DEFINIÇÃO e FISIOPATOLOGIA A rinite é um grupo de distúrbios caracterizados por inflamação e irritação das mucosas nasais. Ela pode ser classificada como não- alérgica ou alérgica. Estima-se que 20 a 40% da população no Brasil apresentam rinite. A rinite pode ser uma condição aguda ou crônica. A rinite não-alérgica pode ser causada por diversos fatores, inclusive os fatores ambientais, como as alterações na temperatura ou umidade, odores ou alimentos; infecção; doença sistêmica; medicamentos ou drogas (cocaína); ou presença de um corpo estranho. A rinite também pode ser a manifestação de uma alergia, em cujo caso ela é referida como rinite alérgica. Presume-se que a rinite alérgica é a forma mais comum de alergia respiratória que é mediada por uma reação inflamatória imediata. Ela afeta aproximadamente 20% da população brasileira, em especial os jovens. Com frequência ela ocorre junto com outras condições, como a conjuntivite alérgica, sinusite e asma. Geralmente as crises começam e terminam no mesmo período do ano, uma vez que as causas geralmente são pólen de flores, e mofos e ácaros. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Colégio Nova Olinda; Curso Técnico m Enfermagem; Turma E. Clínica Médica I: Rinite, Faringite, Laringite, Tonsilite e Adenoidite. Prof. Rodrigo Melo [05 Set 2011] Página 1

Upload: rodrigo-melo

Post on 14-Dec-2015

119 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

conteúdo de enfermagem médica com as principais afecções otorrinolaringológicas, destinado aos alunos de enfermagem e técnico em enfermagem.

TRANSCRIPT

Page 1: AFECÇÕES OTORRINOLARINGOLÓGICAS

AFECÇÕES OTORRINOLARINGOLÓGICAS

RINITE

DEFINIÇÃO e FISIOPATOLOGIA

A rinite é um grupo de distúrbios caracterizados por inflamação e irritação das mucosas nasais. Ela pode ser classificada como não-alérgica ou alérgica. Estima-se que 20 a 40% da população no Brasil apresentam rinite. A rinite pode ser uma condição aguda ou crônica.

A rinite não-alérgica pode ser causada por diversos fatores, inclusive os fatores ambientais, como as alterações na temperatura ou umidade, odores ou alimentos; infecção; doença sistêmica; medicamentos ou drogas (cocaína); ou presença de um corpo estranho. A rinite também pode ser a manifestação de uma alergia, em cujo caso ela é referida como rinite alérgica.

Presume-se que a rinite alérgica é a forma mais comum de alergia respiratória que é mediada por uma reação inflamatória imediata. Ela afeta aproximadamente 20% da população brasileira, em especial os jovens. Com frequência ela ocorre junto com outras condições, como a conjuntivite alérgica, sinusite e asma. Geralmente as crises começam e terminam no mesmo período do ano, uma vez que as causas geralmente são pólen de flores, e mofos e ácaros.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Os sinais e sintomas da rinite incluem a rinorréia (coriza), congestão nasal, secreção nasal (purulenta com a renite bacteriana), prurido nasal e espirros, cefaléia (principalmente se houver sinusite associada), tosse seca e rouquidão e epistaxe. A nível sistêmico pode produzir fadiga, perda de sono, má concentração.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico baseia-se na anamnese e exame físico. O examinador investiga junto ao cliente os sintomas recentes, bem como uma possível exposição aos alérgenos. Exames diagnósticos são utilizados, especialmente quando há a suspeita de rinite alérgica. Os exames incluem os esfregaços nasais, IgE sérico total, testes epicutâneos e intradérmicos, RAST e, testes de provocação nasal e com alimento.

TRATAMENTO

O tratamento depende da etiologia.

A terapia farmacológica para a rinite alérgica e não-alérgica enfoca o alívio dos sintomas. Os anti-

Colégio Nova Olinda; Curso Técnico m Enfermagem; Turma E. Clínica Médica I: Rinite, Faringite, Laringite, Tonsilite e Adenoidite.Prof. Rodrigo Melo [05 Set 2011] Página 1

Page 2: AFECÇÕES OTORRINOLARINGOLÓGICAS

histamínicos (para os espirros, prurido e rinorréia), os descongestionantes orais (para congestão nasal), os corticóides intranasais (para a congestão grave), agentes oftálmicos (para irritação, prurido e rubor ocular). Dependendo da gravidade da alergia, as imunizações dessensibilizantes podem ser empregadas. Se os sintomas surgem de uma infecção bacteriana, será empregado um agente antimicrobiano.

!ATENÇÃO como a imunização dessensibilizante pode induzir reações sistêmicas, determinados conteúdos somente são administrados em locais onde a adrenalina esteja imediatamente disponível .

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Manter ambiente confortável e repousante;

Administrar a medicação prescrita, atentando para os efeitos colaterais;

Atentar para as queixas do cliente, anotando-as para melhor implementação da terapia;

Manter o ambiente livre de possíveis agentes precipitantes;

Tirar todas as dúvidas, explicando sobre a condição, a terapia e a importância da adesão ao tratamento;

Auxiliar na melhora do padrão respiratório;

Ensinar o autocuidado.

A RINITE VIRAL (RESFRIADO COMUM)

O termo resfriado comum é frequentemente usado quando nos referimos a uma infecção do trato respiratório superior que é autolimitada e provocada por vírus (rinite viral). De maneira específica, o termo resfriado refere-se a uma inflamação aguda infecciosa das mucosas da cavidade nasal. De modo mais amplo, refere-se a uma infecção aguda do trato respiratório superior, sem diferenciar o sítio da infecção e/ou sintomas, como renite, sinusite, faringite, laringite.

Os vírus mais comuns que causam a rinite viral são rinovírus, vírus parainfluenza, coronavírus, RSV, vírus influenza, adenovírus.

A rinite viral caracteriza-se por congestão nasal, coriza, espirros, secreção nasal, prurido nasal,

lacrimejamento, sensação de arranhadura na garganta, indisposição, febre baixa (pode não estar presente), calafrios e, frequentemente, cefaléia e dores musculares. Os sintomas duram de 1 a 2 semanas.

Não existe tratamento específico para o resfriado comum. O tratamento consiste na terapia sintomática. Mas algumas medidas são tomadas para acelerar a recuperação, como o aumento da ingesta hídrica e de vitamina C (preferencialmente associada ao zinco), repouso, evitar ambiente frio, uso de expectorantes. Outras medidas a serem tomas são aquelas utilizadas no tratamento dos outros tipos de rinite.

O paciente deve ser instruído quanto ao autocuidado, especialmente a higiene pessoal (das vias respiratórias e mãos).

FARINGITE

DEFINIÇÃO

Inflamação na garganta, acompanhada de hipertermia. Pode ser classificada em aguda e crônica. A forma crônica pode ser hipertrófica, atrófica e granular crônica.

Colégio Nova Olinda; Curso Técnico m Enfermagem; Turma E. Clínica Médica I: Rinite, Faringite, Laringite, Tonsilite e Adenoidite.Prof. Rodrigo Melo [05 Set 2011] Página 2

Page 3: AFECÇÕES OTORRINOLARINGOLÓGICAS

Na figura A, de forma mais branda. Na figura B, de forma mais difusa e intensa.

FARINGITE AGUDA

A maioria dos casos de faringite aguda são devidos a infecção viral. Mas alguns casos têm como causa organismos bacterianos, o estreptococo β-hemolítico do grupo A é o mais comum, a condição é conhecida como faringite estreptocócica.

Em geral, as infecções virais simples diminuem m torno de 3 a 10 dias depois do início. Já no caso de infecções bacterianas, de maior virulência, como o estreptococo β-hemolítico do grupo A, a doença é mais grave. Pois as complicações podem levar a morte. Essas complicações vão desde sinusite, otite média, mastoidite, chegando à bacteremia, pneumonia, meningite e febre reumática.

Os sinais e sintomas da faringite aguda incluem tonsilas e membrana faríngea de cor vermelha intensa, folículos linfóides edemaciados e salpicados com exsudato branco-purpúreo, e linfonodos cervicais hipertrofiados e dolorosos e sem tosse. Também pode estar presentes a febre, indisposição e dor de garganta.

FARINGITE CRÔNICA

É uma inflamação persistente da faringe. Ela é comum nos adultos que convivem com ambientes empoeirados, usam sua voz em excesso, sofrem de tosse crônica e usam habitualmente álcool e tabaco.

Os três tipos de faringite crônica são:

Hipertrófica: caracterizada por espessamento geral e congestão da mucosa faríngea;

Atrófica: provavelmente um estágio tardio do primeiro tipo (a membrana é fina, esbranquiçada, brilhosa e, por vezes, enrugada)

Granular crônica “faringite de padre”: caracterizada por inúmeros folículos linfáticos edemaciados na parede faríngea.

Os pacientes com faringite crônica queixam-se de uma sensação constante de irritação e/ou congestão na garganta, muco que se coleta na garganta e pode ser expelido por tosse, bem como dificuldade de deglutição.

DIAGNÓSTICO

É realizado por anamnese, por exame físico e, principalmente, por meio de cultura de material colhido na garganta.

TRATAMENTO

O tratamento é sintomático, com a administração de analgésicos, antitérmicos e antitussígenos. É realizada, ainda, a umidificação, com a finalidade de liquefazer as secreções e facilitar suas eliminações.

Se a causa é bacteriana, a penicilina é, em geral, o tratamento de escolha. A eritromicina, as cefalosporinas e os macrolídeos (claritromicina e azitromicina) também podem ser usados.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Promover repouso no leito, principalmente durante o estágio febril;

Observar, relatar e comunicar ao enfermeiro o aparecimento de exantemas na pele;

Administrar gargarejos com solução salina morna, atentando para os impedimentos;

Administrar a medicação prescrita;

Fazer a higiene oral de 4/4 horas;

Oferecer dieta branda (nutrição);

Encorajar o aumento da ingestão hídrica;

Orientar o repouso vocal.

LARINGITE

Inflamação da laringe, frequentemente ocorre como consequência do abuso vocal ou exposição à poeira, substâncias químicas, fumaças e outros poluentes, ou como parte de uma infecção do trato respiratório superior. Também pode ser causada por uma infecção isolada que envolva apenas as cordas vocais.

A causa da infecção é quase sempre um vírus. A invasão bacteriana pode ser secundária. Em geral, a faringite está associada a renite alérgica ou faringite.

As causas podem ser exposição às mudanças súbitas de temperatura, deficiência na dieta, desnutrição e a

Colégio Nova Olinda; Curso Técnico m Enfermagem; Turma E. Clínica Médica I: Rinite, Faringite, Laringite, Tonsilite e Adenoidite.Prof. Rodrigo Melo [05 Set 2011] Página 3

Page 4: AFECÇÕES OTORRINOLARINGOLÓGICAS

um estado imunossuprimido. A laringite é comum no inverno, sendo facilmente transmitida.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Os sinais de laringite aguda incluem rouquidão ou afonia e tosse intensa.

A laringite crônica é marcada pela rouquidão persistente. A laringite pode ser uma complicação de infecções respiratórias altas.

TRATAMENTO

Laringite aguda: repousar a voz, evitar o fumo, descansar e inalar vapor frio ou aerossol. A terapia antibacteriana apropriada pode ser instituída caso a laringite seja decorrente de alguma infecção por bactéria. A laringite tende a ser mais grave nos idosos e pode ser complicada por pneumonia;

Laringite crônica: repouso da voz, eliminação de qualquer infecção primária do trato respiratório, eliminação do tabagismo ativo e passivo. Também podem ser utilizados os corticosteróides tópicos, como inalantes.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Promover o conforto com um ambiente calmo e repousante;

Encorajar o aumento da ingesta hídrica, 3l/dia, atentar para as exceções;

Manter a vias aéreas permeáveis;

Promover uma comunicação eficaz, que preserve a voz;

Administrar a medicação prescrita;

Realizar massagem de conforto, para aliviar as dores e tensões.

Observar, anotar e comunicar possíveis complicações que possam ocorrer, como: otite média, sinusite, abscesso peritonsilar;

Orientar o consumo de dieta branda, fracionada e, de preferência pastosa (nutrição).

TONSILITE E ADENOIDITE

As tonsilas (amígdalas) são compostas de tecido linfático e estão situadas em cada lado da orofaringe. As tonsilas faciais ou palatinas e as tonsilas linguais. Elas frequentemente servem como sítio de infecção aguda (tonsilite).

A tonsilite crônica é menos comum e pode ser confundida com outros distúrbios, como alergia, asma, sinusite.

As adenóides ou tonsilas faríngeas consistem em tecido linfático na parede posterior da nasofaringe. A infecção das adenóides frequentemente acompanha a tonsilite aguda. O estreptococo beta do grupo A é o agente mais comumente associado à tonsilite e à adenoidite.

Os sintomas da tonsilite incluem a dor de garganta, febre, roncos e dificuldade de deglutir.

A adenoidite pode provocar respiração bucal, otalgia, drenagem auditiva, resfriado frequente, bronquite, respiração com odor fétido, comprometimento da voz e respiração ruidosa.

Como complicações, podemos encontrar otite média aguda, mastoidite aguda ou até otite média crônica, levando a surdez permanente.

Um exame físico completo e anamnese são realizados para se obter dados a fim de se excluir causas sistêmicas ou correlatas. E, ainda, deve-se realizar uma cultura de material colhido no sítio tonsilar.

O tratamento é sintomático, visando à melhora dos sintomas. Se o organismo patogênico é identificado, é iniciada a terapia farmacológica específica.

O tratamento cirúrgico, tonsilectomia e adenoidectomia, está indicado em caso de tratamento clínico-farmacológico não bem-sucedido. Ele está indicado em casos de surtos repetidos; hipertrofia que possa causar obstrução; crises repetidas de otite média purulenta; perda de audição devido à otite média serosa.

Colégio Nova Olinda; Curso Técnico m Enfermagem; Turma E. Clínica Médica I: Rinite, Faringite, Laringite, Tonsilite e Adenoidite.Prof. Rodrigo Melo [05 Set 2011] Página 4