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EIXO TEMÁTICO 5: BIOGEOGRAFIA, POLÍTICAS AMBIENTAIS E GESTÃO TERRITORIAL
AVALIAÇÃO GEOAMBIENTAL DE ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS: O CASO DA MATA DO JUNCO (CAPELA-SE).
Heloísa Thaís Rodrigues de Souza
Engenheira Florestal, mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA, Bolsista DAAD e pesquisadora do GEOPLAN/CNPq – UFS.
[email protected] Wagner Xavier Resende
Licenciado em geografia, graduando em geografia bacharelado e pesquisador do Grupo de Pesquisa em Geoecologia e Planejamento Territorial (GEOPLAN)/ CNPq - Universidade
Federal de Sergipe. [email protected]. Judson Oliveira Malta
Estudante de Geografia Licenciatura e pesquisador do GEOPLAN/CNPq – UFS. [email protected]
Rosemeri Melo e Souza Professora Associada do Departamento de Geografia e da Pós-Graduação em Geografia (DGE/NPGEO) e em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA/UFS. Líder do
GEOPLAN/CNPq-UFS. [email protected].
RESUMO – Este artigo apresenta os resultados da avaliação geoambiental de espaços territoriais protegidos, tendo como referente empírico a Mata do Junco (Capela - SE), segundo maior remanescente de Mata Atlântica do Estado, a partir da proposição de indicadores ambientais abióticos para avaliação dos estágios de regeneração natural da mesma, trabalhamos inicialmente com os seguintes indicadores: Temperatura do ambiente, Temperatura do solo, Umidade, Pressão atmosférica, Luz e Vento. A área de estudo foi dividida em dois transectos estabelecidos na dimensão de 50 X 50 m, onde foram analisados os indicadores propostos a partir de coletas dos materiais in loco, com o auxílio da mini-estação metereológica portátil no intervalo de 10 em 10 minutos, pelo período da manhã, e aferição da média das parcelas tanto nas áreas internas quanto externas de cada transecto. Em sua composição florística, este remanescente possui uma presença destacada de espécies pioneiras, grande quantidade de lianas, presença de samambaias, e dominância de epífitos e serapilheiras. Com relação às temperaturas não houve uma variação significativa tanto no solo quanto no ambiente. A velocidade do vento e a luminosidade são baixas em virtude da copagem, e a pressão atmosférica mantém-se praticamente constante tanto na área interna quanto externa nas duas parcelas. Podemos comprovar que a Mata do Junco encontra-se fragmentada com composição de estratos diferenciados, possuindo bons níveis de regeneração natural nos seus diferentes fragmentos, mesmo com a pequena mudança climática ocorrida durante os anos de pesquisa (2007 e 2008). Porquanto, nos estágios sucessionais iniciais há forte influência dos fatores abióticos, diminuindo sua intensidade á medida que avança a sucessão. Estes indicadores são de suma importância para a caracterização Biogeográfica da Mata, apontando para formas de uso sustentáveis e ainda, contribuindo para a definição do estatuto legal de preservação da área PALAVRAS-CHAVE: Indicadores abióticos – Regeneração Natural – Sucessão ecológica. ABSTRACT – In view of the accomplishment of the Geoenvironmental Assessment in the Unit of Conservation Shelter of Wild Life - Bush of the Rush (Chapel – SE)),
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according to remaining greater of Atlantic Bush of the State, from the proposal of no biotic ambient pointers for evaluation of the periods of training of natural regeneration of the same one, we work initially with the following pointers: Temperature of the environment, Temperature of the ground, Humidity, atmospheric Pressure, Light and Wind. The study area was divided in two transects established in the dimension of 50 X 50 m, where the pointers considered from collections of the materials had been analyzed in lease, with the aid of the portable meteorological mini-station in the interval of 10 in 10 minutes, for the period of the morning, and gauging of the average of the parcels in such a way in how much external the internal areas of each transects. In its floristic composition, this remainder possess presence a detached of pioneering species, great amount of lianes, and dominance of epiphytes and burlaps. With regard to the temperatures it in such a way did not have a significant variation in the ground how much in the environment. The speed of the wind and the luminosity are low in virtue of the cowage, and the atmospheric pressure is practically remained constant in such a way in how much external the internal area in the two parcels. We can prove that forest of the Rush meets fragmented with stratus composition differentiated, possessing good levels of natural regeneration in its different fragments, exactly with the small occurred climatic change during the years of research (2007 and 2008). Inasmuch as, in the initial secession periods of training it has fort influences of the no biotic factors, diminishing its intensity the measure that advances the succession. These indicators are of utmost importance for the biogeographic characterization of forest, pointing with respect to sustainable forms of use and still, contributing for the definition of the legal statute of preservation of the area. KEYWORD: Non biotic indicators - Natural Regeneration - Ecological Succession.
INTRODUÇÃO A Mata Atlântica ao todo são 1.300.000 km², ou cerca de 15% do território
nacional, englobando 17 estados brasileiros, atingindo até o Paraguai e a Argentina.
Somado à magnitude destes números, outro dado modifica a percepção sobre a
imensidão desse bioma: cerca de 93% de sua formação original já foi devastado.
(Fundação SOS Mata Atlântica, 2008).
Do Rio Grande do Sul até o Piauí, diferentes formas de relevo, paisagens,
características climáticas diversas e a multiplicidade cultural da população configuram
essa imensa faixa territorial do Brasil. No entanto, existe um aspecto comum que dá
unidade a toda essa região: o bioma mais rico em biodiversidade do planeta, a Mata
Atlântica. Pela extensão que ocupa do território brasileiro, esse Bioma apresenta um
conjunto de ecossistemas com processos ecológicos interligados.
Essa série de ecossistemas cujos processos ecológicos se interligam,
acompanhando as características climáticas das regiões onde ocorrem e tendo como
elemento comum à exposição aos ventos úmidos que sopram do oceano, abrem caminho
para o trânsito de animais, o fluxo gênico das espécies e as áreas de tensão ecológica,
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onde os ecossistemas se encontram e se transformam, formando assim um mosaico
diferenciado por sua beleza cênica e riqueza da fauna e flora.
A Mata do Junco situado no município de Capela (SE), distante 86 km da capital
do estado, a cidade de Aracaju, encontra-se justamente nesse bioma, trata-se da segunda
maior reserva de Mata Atlântica do Estado de Sergipe, onde encontra-se uma variedade
de plantas e animais, sendo ainda o local da nascente do rio Lagartixo, que abastece a
cidade e refúgio do macaco guigó ( Callicebus coimbrai) espécie endêmica ameaçada
de extinção.
FIGURA 01 MATA DO JUNCO – CAPELA - SERGIPE
Fonte: Trabalho de campo, 2006.
Na Mata do Junco encontramos espécies típicas de Mata Atlântica como murici
(Birsonimia spp.), pindaíba (Xylopia aromatica), ingazeiro (Lonchocarpus sericeus)
dentre outras que ocorreram em grande abundância, e outras como Massaranduba
(Nectandra cissiflora), paraiba (Simarauba versicolor) e pau-pombo (Tapirira
guianensis) raramente encontrados.
A elevada riqueza florística da Mata do Junco pode ser atribuída á
heterogeneidade ambiental, pois a Mata se mostra contínua nas partes mais conservadas,
em muitos locais em volto há intervenção antrópica, devida a atividade de agricultura de
subsistência, que fez com esses locais tivessem sua comunidade mais suprimida.
A Mata do Junco é um fragmento constituído de manchas, que possuem estratos
arbóreos distintos, em virtude da diferença da ação antrópica em alguns transectos por
conta da exploração intensiva da madeira. Ela é uma Floresta Decídua, mesmo sendo
caracterizada como mata secundária, tem seu papel fundamental e de extrema
importância para o meio ambiente em geral, pois ajuda a regular o clima, a temperatura,
a umidade e as chuvas, além de ser um remanescente, que regula o fluxo de manaciais
d´águas.
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FIGURA 02 RIQUEZA FLORÍSTICA - MATA DO JUNCO (CAPELA – SERGIPE)
Fonte: Trabalho de campo, 2007.
A fauna endêmica é formada principalmente por anfíbios, mamíferos da qual
está incluso o macaco-guigó – Callicebus coimbrai encontrada na Mata do Junco, local
da pesquisa) e aves das mais diversas espécies.
Mas a Mata Atlântica encontra-se em um estado de intensa fragmentação e
destruição, iniciada com a exploração do pau-brasil no século XVI, e que se estende até
os dias atuais. Na Mata do Junco a situação também não é diferente, a ação antrópica
com o desmatamento, principalmente em virtude das aberturas de trilhas e estradas,
além da caça intensiva acaba por colocar em risco toda a biodiversidade presente na
Mata.
FIGURA 03 AÇÃO ANTRÓPICA:
ARMADILHA PARA FAUNA E O PROCESSO DE VOÇOROCA PELA ABERTURA DE TRILHAS E ESTRADAS
Fonte: Trabalho de campo, 2008.
A importância da preservação da Mata do Junco não é somente por sua beleza
cênica, mas também para evitar que se afete a vida de grande parte da população
brasileira, que vive na área original desse ecossistema. Além de regular o fluxo dos
recursos hídricos, ela é essencial para o controle do clima e a estabilidade de escarpas e
encostas.
A importância biológica decorre sobre o clima, pois a devastação das florestas
produz alterações climáticas e, com a industrialização, há uma poluição maior do ar e
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das águas, o que vem afetar o estado físico das populações. Decorre também a respeito
da perenidade das águas, a defesa do solo onde a eliminação da natureza é causa da
formação de torrentes, de erosões, quedas de barreiras, inundações e uma alteração
generalizada do regime natural das águas. Sua relevância dá-se também pela
contribuição para a preservação dos demais recursos naturais ligados à flora e á fauna.
METODOLOGIA
Foram realizados levantamentos bibliográficos que forneceu uma
fundamentação teórica sobre assuntos correlatos a pesquisa tais como: indicadores,
sustentabilidade ambiental, biomonitoramento, fragmentações florestais, dinâmicas e
estrutura de espécies florísticas e faunísticas, relação clima/solo/vegetação/fauna,
sucessão vegetal entre outros.
Realizou-se o reconhecimento da área de estudo, e delimitação das duas sub-áreas
(previamente selecionadas nos estudos passados) onde foram realizadas as coletas e
análises. Essas áreas foram definidas como as mais importantes segundo os seguintes
parâmetros: - riqueza de espécies, - hotspots (área de alta diversidade biológica e sob
alta pressão antrópica), - grau de conservação, e espécies de interesse econômico.
Essas dois transectos (parcelas em gradiente longitudinal das áreas) em que
dividiu-se a Mata do Junco foram estabelecidas na dimensão de 50 X 50 m demarcadas
com o uso da fita métrica e estacas segundo a metodologia de Schaeffer (adaptado por
Melo e Souza, 2007).
Em cada uma das parcelas internas foram analisados os indicadores ambientais
abióticos propostos que foram: à temperatura tanto do solo quanto à do ambiente, a
umidade, a pressão, e o vento da Mata do Junco, no intervalo de 10 em 10 minutos, pelo
período da manhã, pois estes indicadores são de suma importância para a avaliação dos
estágios de regeneração fitogeográfica em que a mesma encontra-se.
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FIGURA 04
MINI-ESTAÇÃO METEREOLÓGICA PORTÁTIL - MEDIÇÃO DOS INDICADORES ABIÓTICOS PROPOSTOS.
ÁREA INTERNA
Fonte: Trabalho de Campo, 2007.
Foram analisados também os indicadores ambientais abióticos propostos citados
acima em duas áreas externas, no intervalo de 10 em 10 minutos, pelo período da
manhã, para obtenção da diferença dos valores desses indicadores entre as áreas internas
e externas.
Para atingirmos o objetivo da pesquisa e aferir a temperatura média da Mata
como um todo analisaram-se a temperatura ambiente e do solo, a umidade, a pressão e o
vento da área externa, ou seja, nas bordas da Mata do Junco, simultaneamente as
parcelas internas, pois é justamente no entorno da Mata onde se localizam as áreas de
maior fragilidade e menor regeneração natural haja vista a intensa ação antrópica
existente no local.
Em cada um dos transectos e também nas duas áreas externas, simultaneamente,
verificou-se a Temperatura ambiente, a umidade, a pressão e o vento com o auxilio da
mini-estação meteorológica portátil (Weather Station), sendo que, em virtude da
ventilação ser quase zero na Mata do Junco, como já constatada na pesquisa anterior
(Biomonitoramento), o anemógrafo (aparelho de medição dos ventos) da mini-estação
portátil, não registrou a velocidade do vento, por isso a anulação do registro dos
mesmos na Mata.
Verificou-se a temperatura local com o termômetro de ar e solo, em dois pontos
distintos em cada parcela, onde foram feitas duas medições, sendo a primeira para a
verificação da temperatura do solo a uma profundidade de 20 cm. A segunda medição
da temperatura foi feita para o ambiente a fim de obter-se a variação térmica local mais
precisa de cada transectos.
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Todos os dados foram devidamente anotados nas tabelas a seguir, e sistematizados
no computador através do programa Excel na sala de pesquisa do grupo GEOPLAN.
O uso de luxímetro em intervalos de 15 em 15 minutos durante a ida a campo
ficou impossibilitada assim como no ano anterior, uma vez que, a luminosidade da Mata
do Junco é inferior a mínima exigida para o funcionamento do Luxímetro.
Outro procedimento foi à comparação dos indicadores abióticos levantados na
Mata do Junco no ano de 2007, com os indicadores abióticos levantados no ano
posterior 2008, e com os indicadores gerais dos remanescentes de Mata Atlântica.
Observou-se o nível de manejo da Mata do Junco e as condições de regeneração
natural da mesma nos vários transectos através de dados coletados e realizamos o
registro dos trabalhos de campo através de fotografias com câmeras digitais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As informações climáticas obtidas no interior da Mata do Junco apontam que a
temperatura do ar diária é inferior aquelas obtidas fora do povoamento florestal (área
externa).
Com o objetivo de realizarmos a Avaliação Geoambiental da Mata do Junco,
comparamos os resultados obtidos no ano 2007, com os resultados obtidos no ano de
2008 nos dois transectos analisados tanto na área interna quanto na externa, para
verificarmos as mudanças climáticas ocorridas na Mata no decorrer de um ano.
Podemos verificar que a temperatura interna no primeiro transecto apesar das
diferenças de oscilações com relação ao tempo variando de 28,5ºC a 32,1ºC, a média da
temperatura manteve-se igual com 29,5ºC.
Comparação de Temperaturas Transecto 1 – Área Interna 2007 x Área Interna 2008
Horário Temperatura AI 2007 Temperatura AI 2008 10:15 30,7ºC 32,1ºC 10:25 30,3ºC 31,5ºC 10:35 30,5ºC 30,4ºC 10:45 29,9ºC 29,9ºC 10:55 29,7ºC 30,5ºC 11:05 29,8ºC 28,9ºC 11:15 29,0ºC 28,4ºC 11:25 28,6ºC 28,8ºC 11:35 28,8ºC 28,8ºC 11:45 29,0ºC 29,9ºC 11:55 29,3ºC 29,0ºC 12:05 29,1ºC 30,0ºC 12:15 29,7ºC 29,8ºC 12:25 29,0ºC 28,9ºC
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12:35 29,3ºC 28,7ºC 12:45 30,3ºC 28,8ºC 12:55 29,1ºC 28,8ºC 13:05 29,3ºC 29,0ºC 13:15 29,1ºC 28,7ºC
Transecto 01 Média Área Interna (AI) 2007 – 29,5ºC Média Área Interna (AI) 2008 - 29,5ºC
Gráfico 01: Horário x Temperatura – Transecto 1 - Área Interna 2007 e 2008.
Já com relação à área externa no transecto 01, podemos verificar que houve uma
pequena diminuição da temperatura, mas sem muitas oscilações variando a temperatura
dos dois anos entre 30,3ºC e 33,8ºC.
As diferenças maiores ocorrem durante os períodos mais quentes, e as
temperaturas máximas são mais afetadas do que as mínimas. Isso significa dizer que a
amplitude de temperatura do ar é menor nas florestas do que nas áreas de campo aberto.
Comparação de Temperaturas Transecto 1 – Área Externa 2007 x Área Externa 2008
Horário Temperatura AE 2007 Temperatura AE 2008 10:15 30,6ºC 30,5ºC 10:25 31,5ºC 31,7ºC 10:35 31ºC 31,5ºC 10:45 32,2ºC 31,3ºC 10:55 32,1ºC 31,0ºC 11:05 32,1ºC 31,0ºC 11:15 32,9ºC 30,3ºC 11:25 32,2ºC 30,3ºC 11:35 31,6ºC 30,5ºC 11:45 34,2ºC 30,6ºC 11:55 33,8ºC 30,6ºC 12:05 33,4ºC 30,6ºC 12:15 34,6ºC 30,7ºC 12:25 34ºC 30,7ºC 12:35 30,8ºC 30,5ºC
2007
2008
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12:45 32,1ºC 31,6ºC 12:55 31,7ºC 30,7ºC 13:05 33,8ºC 30,6ºC 13:15 32,7ºC 30,3ºC
Transecto 01 Média Área Externa (AE) 2007 – 32,5ºC Média Área Externa (AE) 2008 - 30,8ºC
Gráfico 02: Horário x Temperatura – Transecto 1 - Área Externa 2007 e 2008. Com relação à umidade no transecto 01 na área interna houve uma diminuição
dos valores obtidos entre o ano de 2007 e 2008, porém durante as medições nos dois
anos podemos verificar que o ano de 2007 apresentou oscilações mais expressas que
2008,com maior normalidade do fator monitorado. Entretanto, apenas seqüências mais
amplas de dados permitirão o estabelecimento confiável de correlações estatísticas, com
uma série temporal mínima de cinco anos para análise de padrões térmicos da área de
estudo
Comparação de Umidade Transecto 1 – Área Interna 2007 x Área Interna 2008
Horário Umidade AI 2007 Umidade AI 2008 10:15 72% 68% 10:25 78% 69% 10:35 75% 71% 10:45 82% 72% 10:55 85% 70% 11:05 84% 72% 11:15 86% 72% 11:25 85% 73% 11:35 86% 74% 11:45 85% 80% 11:55 87% 80% 12:05 87% 80% 12:15 87% 79% 12:25 86% 76% 12:35 84% 79% 12:45 85% 79%
ºC
2007 2008
10
12:55 85% 79% 13:05 87% 79% 13:15 86% 76%
Transecto 01 Média Área Interna (AI) 2007 – 83,8% Média Área Interna (AI) 2008 - 75,1%
Gráfico 03: Horário x Umidade Transecto 1 – Área Interna 2007 e 2008.
Assim como a umidade no transecto 01 na área interna, a umidade na área
externa dessa parcela houve uma diminuição dos valores obtidos entre o ano de 2007 e
2008, porém durante as medições nos dois anos podemos verificar que as oscilações nos
dois anos foram baixas, como mostra o gráfico a seguir (gráfico 4).
Comparação de Umidade Transecto 1 – Área Externa 2007 x Área Externa 2008
Horário Umidade AE 2007 Umidade AE 2008 10:15 75% 49% 10:25 69% 59% 10:35 72% 58% 10:45 62% 58% 10:55 62% 59% 11:05 62% 60% 11:15 65% 60,3% 11:25 67% 60,5% 11:35 66% 60,5% 11:45 67% 61% 11:55 63% 61,3% 12:05 65% 61,3% 12:15 57% 62% 12:25 58% 61,2% 12:35 57% 61,2% 12:45 68% 61,3% 12:55 64% 61,2% 13:05 60% 61,2% 13:15 54% 61%
Transecto 01 Média Área Externa (AE)2007 – 63,8%
2007
2008
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Média Área Externa (AE)2008 - 59,8%
Gráfico 04: Horário x Umidade – Transecto 1 – Área Externa 2007 e 2008.
Em relação à pressão atmosférica na primeira parcela na área interna, podemos
verificar no gráfico 5 que mesmo mantendo-se praticamente constante durante as
medições dos dois anos analisados, houve um pequeno aumento no ano de 2008, mas
que não implica no nível bom de regeneração natural em que a Mata do Junco encontra-
se.
Gráfico 05: Horário x Pressão- Transecto 1 – Área Interna 2007 e 2008.
Já com relação à pressão obtida nos anos de 2007 e 2008 podemos verificar
(gráfico 6) que houve uma pequena diminuição dos valores encontrados, onde a média
da pressão em 2007 foi de 999,8mb, enquanto que a média de 2008 foi de 998mb (Ver
Tabela a seguir).
2007
2008
%
mb
2007
2008
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Gráfico 06: Horário x Pressão – Transecto 1 – Área Externa 2007 e 2008.
A região das copas das árvores é muito mais ativa em relação aos aspectos
climáticos, pois a radiação é recebida e emitida, ocorrendo uma relativa circulação do
vento naquela área, o que causa um contraste entre o clima exterior e o interior da
floresta, o qual é atenuado constantemente pela convecção forçada. Por isso que o
microclima no interior das copas é muito instável, contrastando com o equilíbrio que
ocorre na região do fuste.
Comparação de Temperaturas Transecto 2 – Área Interna 2007 x Área Interna 2008
Horário Temperatura AI 2007 Temperatura AI 2008 10:15 28,8ºC 28,9ºC 10:25 30,3ºC 29,0ºC 10:35 29,5ºC 28,8ºC 10:45 29,6ºC 28,8ºC 10:55 29,0ºC 29,0ºC 11:05 29,3ºC 29,1ºC 11:15 28,7ºC 28,9ºC 11:25 28,4ºC 29,0ºC 11:35 28,5ºC 29,2ºC 11:45 28,2ºC 29,0ºC 11:55 28,1ºC 28,8ºC 12:05 28,1ºC 29,1ºC 12:15 27,9ºC 28,9ºC 12:25 29,5ºC 28,9ºC 12:35 29,3ºC 28,8ºC 12:45 28,5ºC 29,0ºC 12:55 28,1ºC 29,3ºC 13:05 28,0ºC 32,1ºC 13:15 28,2ºC 32,0ºC
Transecto 02 Média Área Interna (AI) 2007 – 28,7ºC Média Área Interna (AI) 2008 – 29,3ºC
2007
2008
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Gráfico 07: Horário x Temperatura- Transecto 2 - Área Interna 2007 e 2008.
Como podemos verificar no gráfico 07, a temperatura do ano de 2008 foi um
pouco mais elevada que a do ano de 2007, a variação entre os dois anos foram entre
27,9ºC e 32,1ºC.
Comparação de Temperaturas Transecto 2 – Área Externa 2007 x Área Externa 2008
Horário Temperatura AE 2007 Temperatura AE 2008 10:15 32,1ºC 34,4ºC 10:25 32,2ºC 33,3ºC 10:35 32,1ºC 35,0ºC 10:45 33,0ºC 33,6ºC 10:55 31,9ºC 34,0ºC 11:05 32,4ºC 34,1ºC 11:15 32,7ºC 33,8ºC 11:25 30,6ºC 33,6ºC 11:35 31,6ºC 32,7ºC 11:45 30,9ºC 33,1ºC 11:55 31,9ºC 33,0ºC 12:05 31,4ºC 33,2ºC 12:15 31,4ºC 32,0ºC 12:25 30,5ºC 32,1ºC 12:35 30,9ºC 32,1ºC 12:45 32,5ºC 32,0ºC 12:55 31,0ºC 32,0ºC 13:05 31,2ºC 32,1ºC 13:15 31,3ºC 32,0ºC
Transecto 02 Média Área Externa (AE) 2007 – 31,7ºC
Média Área Externa (AE)2008 - 33ºC
2007
2008
ºC
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Gráfico 08: Horário x Temperatura – Transecto 2 – Área Externa 2007 e 2008.
Assim como no transecto 02 na área interna, a área externa dessa parcela
também teve um pequeno aumento na temperatura, onde em 2007 a média foi de
31,7ºC, e em 2008 a média encontrada na medição foi de 33ºC.
Comparação de Umidade Transecto 2 – Área Interna 2007 x Área Interna 2008
Horário Umidade AI 2007 Umidade AI 2008 10:15 73% 73% 10:25 77% 72% 10:35 79% 70% 10:45 81% 73% 10:55 82% 74% 11:05 84% 80% 11:15 84% 80% 11:25 85% 79% 11:35 86% 79% 11:45 82% 78% 11:55 84% 76% 12:05 85% 79% 12:15 85% 76% 12:25 86% 77% 12:35 86% 76% 12:45 85% 79% 12:55 86% 80% 13:05 86% 63% 13:15 86% 62%
Transecto 02 Média Área Interna (AI) 2007 – 83,2% Média Área Interna (AI) 2008 - 75%
ºC
2007 2008
15
Gráfico 09: Horário x Umidade – Transecto 2 – Área Interna 2007 e 2008.
Com relação à umidade, podemos verificar que nos dois anos dessa pesquisa não
houve grandes oscilações, porém constatou-se um decréscimo da umidade de 2008 se
comparada com a umidade de 2007, porém essa diminuição da umidade não afetou o
bom nível de regeneração natural que a Mata do Junco encontra-se.
Comparação de Umidade Transecto 2 – Área Externa 2007 x Área Externa 2008
Horário Umidade AE 2007 Umidade AE 2008 10:15 58% 68% 10:25 58% 69% 10:35 58% 71% 10:45 51% 72% 10:55 57% 70% 11:05 54% 72% 11:15 55% 72% 11:25 61% 73% 11:35 58% 74% 11:45 58% 80% 11:55 56% 80% 12:05 57% 80% 12:15 57% 79% 12:25 59% 76% 12:35 58% 79% 12:45 54% 79% 12:55 59% 79% 13:05 57% 79% 13:15 58% 76%
Transecto 02 Média Área Externa (AE) 2007 – 57%
Média Área Externa (AE) 2008 - 75,1%
2007
2008
%
16
Gráfico 10: Horário x Umidade – Transecto 2 – Área Externa 2007 e 2008.
Já em relação à umidade na área externa, podemos verificar um aumento na
porcentagem mediana, que devido à época chuvosa da medição implicou nessa elevação
de umidade.
As comparações realizadas entre as pressões dos anos de 2007 e 2008 na área
interna foram que, neste ano de 2008 a pressão houve um pequeno aumento mantendo-
se praticamente constante, onde a média de 2007 foi de 1002,1mb e a de 2008 foi de
1002,3mb.(Ver gráfico 11).
Gráfico 11: Horário x Pressão – Transecto 2 – Área Interna 2007 e 2008.
Assim como na área interna do transecto 02, a área externa da parcela 02 teve
um pequeno aumento na pressão mantendo-se praticamente constante (ver gráfico 12),
onde a média da pressão em 2007 foi de 1002,1mb e em 2008 foi de 1002,2mb.
2007 2008
mb
2007
2008
17
Gráfico 12: Horário x Pressão – Transecto 2 – Área Externa 2007 e 2008.
No caso das temperaturas do solo, não houve uma variação significativa entre os
dois pontos da área 01 tanto no solo quanto no ambiente, tanto no ano de 2007 quanto
no ano de 2008.
Já na área 02 houve uma variação entre a temperatura do solo e ambiente em
decorrência da copagem das arvores em virtude da altura das mesmas, mas não
influencia no estagio de regeneração, como já descrito na pesquisa anterior.
MATA DO JUNCO (CAPELA-SE) LEVANTAMENTO DA TEMPERATURA DO SOLO
INDICADOR
AMBIENTAL
ABIÓTICO
ÁREA 01
2007
ÁREA 02
2007
Temperatura
Solo
Ponto 01 Solo
Ponto 02 Solo
Ponto 01 Solo
Ponto 02
25 ºC
25,1º C
24,5º C
25 ºC
INDICADOR
AMBIENTAL
ABIÓTICO
ÁREA 01
2008
ÁREA 02
2008
Temperatura
Solo
Ponto 01 Solo
Ponto 02
Solo
Ponto 01
Solo
Ponto 02
25,3 ºC
25,4º C
24,7º C
25,5 ºC
Fonte: Trabalho de Campo, 2006, 2007, 2008.
Com relação à luminosidade, na Mata do Junco por ser inferior a mínima exigida
para o funcionamento do Luxímetro, não obtivermos resultados.
mb
2007
2008
18
Sendo o segundo maior remanescente de Mata Atlântica do Estado,
caracterizada densa tendo uma biodiversidade expressiva, com espécies de porte e
diâmetro elevados, pois com menor competição por espaço, nutrientes e luminosidade,
espécies nobres e de valor comercial crescem mais rápido a Mata do Junco impossibilita
a entrada mínima de ventos para a medição pela estação meteorológica portátil
(Weather Station) utilizada na pesquisa.
CONCLUSÃO
A Mata do Junco é um fragmento constituído de manchas, que possuem estratos
arbóreos distintos, em virtude da diferença da ação antrópica em alguns transectos por
conta da exploração intensiva da madeira.
Foi possível verificar nos anos de pesquisa (2007 e 2008), que a Mata do Junco é
um remanescente de Mata Atlântica sub-desidual, apresentando fragmentos florísticos e
níveis de regeneração diferentes. Em boa medida, isto decorre da dominância do banco
de plântulas, epífitos, lianas, serapilheira, bem como da riqueza da composição florística
e faunística encontrada nos dois transectos analisados, da sua integridade vegetacional,
copa relativamente uniforme, Fisionomia arbórea dominante sobre as demais. Estratos
herbáceo, arbustivo e um notadamente arbóreo, Presença de área potencial de refúgio da
fauna (caso do Callicebus coimbrai), diversidade biológica muito grande devido à
complexidade natural e área de nascentes (Rio Lagartixo).
O Bioma Mata Atlântica, no qual a Mata do Junco está inserida, é caracterizada
pela vegetação. A vegetação é determinada pelo clima, especialmente à temperatura, e
pela água, através da umidade atmosférica e do solo, os quais, por sua vez, são
influenciados por fatores como altitude, solo e pela própria vegetação.
Em virtude de serem duas áreas com composição de estratos diferenciada, foi
possível verificar que as condições climáticas no interior da Mata do Junco também são
diferenciadas, porém, com temperaturas mais amenas e umidade relativa do ar com
poucas oscilações, e a pressão mantêm-se praticamente constante nos dois transectos e
nas áreas externas analisadas. Por conseguinte, o indicador abiótico mais expressivo
para a comparação dos resultados obtidos dos anos de 2007 e 2008 referentes à
Avaliação Geoambiental da Mata do Junco foi à variação da temperatura inter e entre
parcelas analisadas, mostrando as diferenças climáticas que ocorreram no decorrer de
um ano. Tal variação térmica comprovou que a climatologia da área interna nos dois
transectos analisados possui temperaturas mais amenas em virtude da composição
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florística que dificulta a penetração dos raios solares, luminosidade e vento. A variação
d temperatura ainda que não tenha sido drástica no decorrer do período comparado,
revela algumas condições da situação climatológica propiciadoras da manutenção, nos
fragmentos monitorados, de bons níveis de regeneração natural.
Com base no exposto e nos dados apresentados, pode-se ressaltar que os índices
abióticos têm sido uma importante ferramenta em estudos de monitoramento de
condições ecológicas, em geral considerando a composição taxonômica e dominância
de alguns grupos tolerantes às agressões de origem antropogênica, além dos fatores
ecológicos e fitogeográficos de origem autóctone e de caráter endógeno ao sistema
ambiental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Disponível em
http://www.sosmatatlantica.org.br/index.php?section=info&action=mata. Acessado em 15
de janeiro de 2008.
MELO E SOUZA, R. Redes de Monitoramento Socioambiental e Tramas da
Sustentabilidade. São Paulo: Annablume, 2007.
SOUZA, H.T.R; MELO E SOUZA, R. Caracterização Fitogeográfica da Mata do Junco
(Capela SE). São Cristóvão, SE. Relatório de Pesquisa PIBIC/CNPq, 2005/2006.
SOUZA, H.T.R.; MELO E SOUZA, R. Biomonitoramento Através de Indicadores
Ambientais Abióticos Mata do Junco (Capela SE). São Cristóvão, SE. Relatório de Pesquisa
PIBIC/CNPq, 2006/2007.