edição 57 - revista de agronegócios - maio/2011

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Edição 57 - Revista de Agronegócios - Maio/2011

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Revista amplia participação em feirase-mails

RENATA DANIELLE S. HAMUYPós-Graduanda em Agronegócios pela FAFRAM. Franca (SP). “Solicito cadastro para receber a revista mensalmente”.

AMAURI DEMÉTRIO VIEIRA JUNIORAssistência Técnica e Área de Vendas de Máquinas Agrícolas. São Miguel Ar-canjo (SP). “Gostaria de recebe a revista”.

DEUSIANI SOUZA SILVACafeicultora. Boa Esperança (MG). “Gostaria de assinar a revista”.

MARCONIEDSON DIAS DA MOTAAssistente de Manutenção. Pontal (SP). “Gostaria de receber a revista”.

PEDRO LANDI KRAUSS PEREIRAEngenheiro Agrônomo. São Sebastião do Paraíso (MG). “Solicito alteração do meu endereço”.

LUIZ CARLOS OZELLOProdutor Rural - Sitio São Joaquim. Leme (SP). “Gostaria de receber gratuita-mente esta ótima revista”.

MAURICIO CAPUTOAgricultor. Marialva (PR). “Estive em Ribeirão Preto, na Agrishow e conheci a revista. Gostaria de recebê-la mensal-mente”.

PIETER KEIJSERSCafeicultor. Ribeirão Preto (SP). “Tenho um sítio em São Sebastião do Paraíso (MG) e gostaria de receber a revista gra-tuitamente”.

EDITORIAL

Com muita dedicação e esforço, a Re-

vista Attalea Agro-negócios completa, no próximo mês, cin-co anos de estrada.

Dentre os even-tos comemorativos, a revista apresenta dois lançamentos. O primeiro - já nesta edição - com o novo layout da revista im-pressa. Mesmo alte-rando a apresentação, será mantida a linha de visual agradável e excelente impressão

Estande da Revista Attalea Agronegócios na 18ª AGRISHOW, em Ri-beirão Preto (SP), que recebeu mais de 8 mil visitantes.

da Gráfi ca Cristal Já o segundo des-taque de aniversário será o lançamento do novo site da revista. Com novo for-mato, muito mais informações.

Nesta edição, destacamos que os bons preços na cafeicultura estão es-timulando a renovação de cafezais em todo o país.

Iniciamos, nesta edição, a pu-blicação de artigos sobre a importância dos Óleos Lubrifi cantes na manuten-ção da vida útil das máquinas agrícolas.

A renovação do PSI (Programa de Sustentação de Investimento) volta a estimular a comercialização de má-quinas e implementos agrícolas.

Na ovinocultura, apresentamos artigo importante sobre o mercado da carne ovina no Brasil, com ênfase no abate clandestino.

Na avicultura, mostramos a PO-EDEIRA 051, nova linhagem produ-tiva e econômica da EMBRAPA Suíno e Aves.

Na pecuária leiteira, publicamos artigo importante sobre o manejo ali-mentar como alternativa para reduzir a acidose ruminal e a laminite nos animais. Recomendamos, ainda, a lei-tura do artigo sobre a importância da estrutura da vegetação em pastos de gramíneas tropicais.

Finalizando, apresentamos os resultados da AGRISHOW 2011: a maior feira agropecuária do país. A Revista Attalea Agronegócios partici-pou durante todos os dias, com estande próprio e recebeu mais de 8 mil visitas de agricultores de todo o país.

Boa Leitura a todos.

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Estratégia européia afeta indústriasbrasileiras de máquinas

MÁQUINAS

Em busca de novos merca-dos, fabricantes europeus de máquinas e equipamentos, que tentam se recuperar da

crise que atinge a região, estão inten-sifi cando a exportação de bens para o Brasil, atrapalhando a produção da in-dústria nacional e conduzindo o setor a um processo ainda mais avançado de desindustrialização, segundo avaliação do presidente da associação que repre-senta as empresas nacionais, ABIMAQ, Luiz Aubert Neto.

“Se pegar 2004, de 100 máquinas vendidas no Brasil, 60 eram fabricadas aqui. Hoje são só 40. Nós tínhamos um ‘market share’ em 2004 de 60%, hoje só temos 40%, com um agravante. Desses 40% que nós estamos fabricando ainda hoje, quase metade dos componentes é importada”, disse Aubert Neto, du-rante a 18ª AGRISHOW, maior feira agrícola do país, realizada no início de maio em Ribeirão Preto (SP).

Além da desvalorização cam-

bial e das altas taxas de juros do país, a indústria ainda conta com a chegada de países como Alemanha e Itália que começam a fazer companhia à China - acusada de praticar concorrência desleal com a indústria nacional - ofe-recem condições atraentes para que seus produtos sejam importados. “Todo esse pessoal que está parado lá fora está procurando mercados. Então, eles es-tão vindo muito agressivamente para cá, com descontos, linhas de fi nancia-mento de longo prazo. O pessoal quer transferir a ociosidade que eles estão tendo lá na Europa e nos Estados Uni-dos para países emergentes, e nosso país é um deles”, afi rmou.

Nos últimos dez anos, a China, de acordo com a ABIMAQ, aparecia entre os dez maiores fornecedores fora do Brasil. Hoje, é o segundo país em ter-mos de valores . “Em termos de quan-tidade, já passou os Estados Unidos faz tempo. Quando eu paro de fabricar e começo a importar, para eu voltar a

fabricar, demora muito. É muito mais fácil eu trazer a coisa pronta do que fazer interna. Então, você criar uma indústria, demora, mas você destruir, é rápido”, disse o presidente da entidade, que prevê um défi cit recorde de US$ 17 bilhões do setor neste ano.

Quanto ao faturamento, os números se mantêm. A maior propor-ção, no entanto, não vem da produção nacional.

“Em termos de faturamento, eu estou faturando, mas estou parando minhas máquinas, não estou produzin-do mais. Esses números são claros. Nos-so faturamento está somente 2% a 3% abaixo de 2008, antes da crise. Então, nós recuperamos a crise em termos de faturamento, em 2011, no primeiro tri-mestre. Só que em 2008, antes da crise, nós estávamos com uma capacidade instalada de 85%. Hoje, com o mesmo faturamento do ano passado, minha ca-pacidade instalada tá 80%, quase igual ao período da crise.” A

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A carne ovina e o abate clandestino: quais são as causas da informalidade

OVINOCULTURA

André SorioEngenheiro Agrônomo, M.Sc.

em Agronegócios, consultor em produção intensiva a pasto de

ovinos e bovinos

Em todos os estados brasileiros, o sistema agroindustrial da car-ne ovina apresenta

índices de informalidade su-perior ao do abate ofi cial. Esta clandestinidade é estimulada por uma fi scalização insufi ci-ente e por diversos aspectos do ambiente institucional.

Uma cadeia produtiva abarca várias atividades a-gropecuárias, não apenas a etapa de produção, mas tam-bém os elos de fornecimento de insu-mos, de transformação industrial e de comercialização. Já um sistema agro-industrial é composto, além da cadeia produtiva, também pelos ambientes institucional e organizacional onde está inserido.

Em toda sociedade, há regras que restringem e regulam o comportamen-to dos indivíduos. Estas regras podem ser formais ou informais. Entende-se por regras formais aquelas que são explicitadas por algum poder legítimo e tornadas obrigatórias para manter a ordem e o desenvolvimento de uma sociedade. As leis nacionais e os es-tatutos das organizações são exemplos de regras formais. As regras informais fazem parte da herança cultural e são um conjunto de valores transmiti-dos socialmente. Tabus, costumes e tradições são exemplos de regras infor-mais. Ao conjunto de regras - formais e informais - denomina-se “ambiente institucional”.

A possibilidade de alterar as re-gras do jogo, formais ou informais, fa-vorecendo um determinado grupo de agentes ou toda a sociedade, pode for-mar as condições para a criação de uma organização. Mudar pontos de vista da maioria da população ou dos indivídu-os dotados do poder de criar regras tem sido um dos objetivos das associações de interesse privado.

Por exemplo, uma repressão efetiva ao abate clandestino poderia estimular os frigorífi cos de bois a se dedicar ao abate de ovinos, estimu-

lando, assim, os produtores de ovinos a aumentar sua escala de produção, pois a venda da carne seria facilitada pela entrada de um maior número de aba-tedouros no mercado. Com uma distri-buição organizada, proporcionada pela indústria formal, os consumidores teri-am maior facilidade de incluir a carne ovina em seus cardápios.

O descumprimento das regras pode variar conforme o setor. Em al-guns casos, o mercado informal opera em paralelo com a formalidade. Os mercados informais não-criminosos têm algumas características em co-mum, principalmente a evasão fi scal, mas também o descumprimento de leis trabalhistas, de licenças de funcio-namento, de inspeção sanitária, entre outras.

Conforme Sorio e Rasi (2010), al-guns exemplos de onde a ovinocultura interage com mercados informais não-criminosos são:-

Economia Não-Declarada - fri-gorífi cos que comercializam parte da carne sem a emissão de nota fi scal e/ou restaurantes que se utilizam de uma compra de carne legal para justifi car os estoques adquiridos do abate clandes-tino.

Economia Não-Gravada - abate de ovinos em propriedades rurais para consumo próprio, para doação e para venda, sem comunicar aos órgãos ofi -ciais.

Economia Informal - abatedou-ros e/ou produtores que comercializam produtos sem cumprir com as regras

sanitárias e fi scais.Este artigo tem o objetivo

de trazer informações a respeito das características do ambiente institucional que ajudam a man-ter em alta a informalidade e também procura demonstrar os custos e os benefícios que o siste-ma agroindustrial da carne ovina alcança com o abate clandestino

Legislação Sanitária para a Ovinocultura - Apesar de muita gente pensar o contrário, existe uma vasta legislação, no âmbito federal e nos Estados, que tratam da questão sanitária na ovinocul-tura, da criação ao abate e com-ercialização.

O próprio Código de De-fesa do Consumidor estabelece nor-mas de proibição de comercialização de produtos nocivos à saúde humana. Nada disso conta, porém, diante da ação da informalidade, que, além de atentar contra a ordem tributária, in-fringe o artigo 268 do Código Penal, ao cometer crime contra a saúde públi-ca, por expor a saúde da população a graves moléstias.

Pelas Portarias nº 89/1996 e nº 304/1996, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento criou me-didas de combate aos abates clandes-tinos de bovinos, bubalinos e suínos. Mas nenhuma menção foi feita sobre carne ovina. O Decreto nº 5.741/2006, que criou o Sistema Brasileiro de Ins-peção de Produtos de Origem Animal (SISBI), trata genericamente de todos os produtos de origem animal produzi-dos no Brasil. O objetivo do SISBI é pa-dronizar e harmonizar os procedimen-tos de inspeção municipais e estaduais, de forma a garantir a inocuidade e a segurança alimentar.

O Programa Nacional de Sani-dade de Caprinos e Ovinos (PNSCO) vem sendo discutido desde 2002, mas não está em plena operação, apesar da publicação das Instruções Normativas nº 53/2004 e nº 87/2004 pelo Mapa. Os objetivos principais do PNSCO são a notifi cação de doenças, a vigilância sanitária e o estabelecimento de nor-mas de trânsito de ovinos e caprinos.

A obrigatoriedade de emissão das Guias de Trânsito de Animais (GTA) está prevista nessa legislação,

Mesmo com toda legislação exigida, o abate clandestino de ovinos é um fato corriqueiro em todos os estados do país.

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apesar de os órgãos de defesa sanitária animal dos Estados não deixarem dis-ponível ao público os dados de movi-mentação de ovinos via GTA.

A Comissão de Ovinos e Ca-prinos da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) considera que a implementação do PNSCO deve ser a política prioritária do governo para o setor. Como consequência do PNSCO, deverá ser criado um Cadastro Sani-tário de Estabelecimentos de Criação de Ovinos e Caprinos, regulamentado pela Instrução Normativa 20/2005. Esse cadastro servirá como base para a implantação de um sistema nacional de rastreabilidade para a carne ovina, outra medida que deverá ajudar a au-mentar a competitividade da cadeia da ovinocultura.

Existe, há mais de 20 anos, um Sistema Nacional de Tipifi cação de Carcaças Ovinas, regulamentado pela Portaria nº 307/1990, do MAPA. Ali estão descritas a classifi cação dos ani-mais conforme a idade, a conformação da carcaça e o acabamento de gordura. Essa legislação deveria nortear a co-mercialização de ovinos para abate em todo o território nacional, porém, segundo Silva (2002), essa portaria é sistematicamente desobedecida pelos agentes da cadeia produtiva.

Conforme sugere Sorio (2009), o pagamento diferenciado, tomando por base a classifi cação de carcaças, é um recurso efi ciente para diminuir os con-fl itos na transação produtor-frigorífi co. Essa ação deveria ser incentivada pelos frigorífi cos, principalmente no inter-esse de diminuir o abate clandestino. Mas, no Brasil, nenhum frigorífi co se utiliza da tipifi cação de carcaças como forma de remuneração do produtor.

Possíveis Causas da Informali-dade na Ovinocultura - A indústria frigorífi ca de abate de ovinos no Brasil costuma realizar transações comerciais essencialmente via mercado à vista, apresentando raras iniciativas de or-ganizar o fornecimento por meio de contratos de longo prazo. Costa (2007) conseguiu identifi car apenas 10 ex-periências com contratos em todo o Brasil, envolvendo, todas elas, poucos produtores.

Enquanto a relação entre indús-tria e produtores continuar se base-ando no mercado à vista, estará natu-ralmente sujeito a comportamentos oportunistas de ambas as partes. É a regra que o relacionamento dos produ-tores com os frigorífi cos ocorra de ma-neira confl ituosa.

Conforme Sorio (2009), a difi cul-dade de negociar e de cumprir con-tratos entre os ovinocultores e os frigorífi cos é um dos principais pro-blemas que oneram o relacionamento entre estes elos da cadeia produtiva. A desconfi ança entre os dois agentes se expressa no controle e na inspeção da matéria-prima negociada. Os criadores reclamam que os frigorífi cos utilizam balança adulterada para diminuir o peso dos animais abatidos. Por sua vez, as indústrias se queixam de que, durante a transação, os produtores ne-gociam cordeiros, mas, em seu lugar, enviam para o abate animais adultos de descarte, muitas vezes sem terminação adequada.

No Brasil, a regra é que os reba-nhos ovinos mantidos nas propriedades sejam de poucos animais. Por isso, seu transporte, em pequenos lotes, é anti-econômico para as indústrias, fato que também contribui para que o abate seja

OVINOCULTURA

Carcaças na plataforma de abate.

O QUE EXIGE A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Retirada do pelo do animal.

Preparação da carcaça para os cortes. Higienização da carcaça.

feito clandestinamente e que a venda do produto se restrinja às cidades mais próximas da propriedade rural.

A carne ovina informal tem dois fl uxos principais de comercialização. O primeiro, o próprio criador faz o abate na propriedade e distribui os animais, com a entrega sendo feita muitas vezes em domicílio. No segundo, o abate e o comércio são feitos por um inter-mediário, que adquire os animais no mercado à vista e realiza o abate em locais supostamente legalizados (prin-cipalmente abatedouros municipais) para posteriormente realizar a distri-buição, em grande parte das vezes sem condições adequadas de refrigeração e higiene.

A carne ovina é muito consumi-da nas propriedades rurais, motivo por que seus agentes aprendem as técnicas de abate, que também são usadas para vender os animais diretamente ao con-sumidor. Também é uma tradição

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utilizar o ovino como presente ou na forma de doa-ção à comunidade e às autoridades, em ocasiões especiais, como festas religiosas e datas comemo-rativas. Segundo Barreto Neto (2004), esta tradição estimula o aprendizado das técnicas de abate pelas populações rurais.

A preferência, principalmente nas classes de baixa renda, por carne vermelha cortada e embala-da na hora, na frente do consumidor, também con-fere certa vantagem ao mercado de carne informal. Na região Nordeste, a preferência é pela chamada carne quente, vendida nas tradicionais feiras de rua, comuns a todas as cidades da região, inclusive nas capitais, à vista das autoridades sanitárias, que nada fazem.

Conforme Sorio e Rasi (2010), os principais motivos que estimulam o abate clandestino e a in-formalidade na cadeia da ovinocultura são:

a) - É um canal de distribuição tradicional e identifi cado com o consumidor;

b) - Apresenta comodidade da entrega direta ao consumidor e a restaurantes, com a frequência exigida pelo cliente;

c) - Existe a tradição de presentear amigos e autoridades com carne ovina oriunda da própria fa-zenda, em datas comemorativas;

d) - A carne ovina apresenta facilidade de abate e transporte por conta do pequeno porte;

e) - O preço ao consumidor se apresenta mais baixo do que no varejo que comercializa carne ins-pecionada;

f) - O custo do transporte do animal em pé até as indústrias legalizadas é alto, devido ao pequeno tamanho dos lotes abatidos;

g) - Existe pouca fi scalização por parte dos órgãos de vigilância sanitária;

h) - Não existe atuação coordenada entre os órgãos de inspeção e os de vigilância sanitária;

Custos e Benefícios da Informalidade à Cadeia Produtiva da Carne Ovina - Os principais custos (desvantagens) para a cadeia produtiva da carne ovina, decorrentes da prática da informalidade são:

a) - Elevada ociosidade das plantas frigorífi cas; b) - Baixa arrecadação de imposto, o que man-

tém a atividade com pouco poder de barganha; c) - Restrição de acesso ao grande varejo;d) - Perda do nicho da carne de qualidade para

o produto importado;e) - Impossibilidade de padronizar a carne e de

oferecer cortes mais práticos ao consumidor; f) - Baixo estímulo ao aumento de rebanho e/

ou à entrada de novos criadores na atividade.

Naturalmente, não se pode deixar de mencio-nar que a informalidade também traz alguns bene-fícios à cadeia:

a) - Possibilidade de escoamento da produção em locais distantes de abatedouros legalizados;

b) - Menor custo de operação do frigorífi co clandestino, por sonegação fi scal e por não cum-primento da legislação sanitária;

c) - Possibilidade de venda de pequenos lotes de animais;

d) - Valor maior obtido pelo produtor quando ele mesmo re-aliza o abate;

e) - Inexistência da burocracia para a emissão da GTA; f) - Menor preço da carne ao consumidor; g) - Satisfação do consumidor em adquirir um produto direta-

mente do produtor rural;

Considerações Finais - O crescimento do rebanho de ovinos do Brasil, ao longo dos anos, não foi acompanhado de estímulo ofi -cial. As recentes tentativas particulares de organizar e incentivar uma atividade que se mostra economicamente promissora esbarram, porém, em confl itos decorrentes da tentativa de mudança do ambi-ente institucional nessa cadeia produtiva.

Na ovinocultura ainda vigora um arranjo institucional que privilegia o contato direto entre produtor e consumidor, em de-trimento de implicações fi scais e sanitárias. Ademais, a negociação entre o produtor e as indústrias legalizadas é altamente confl ituosa, pois ocorre em ambiente de desconfi ança entre ambas as partes.

Para reestruturar a cadeia produtiva da carne ovina, de forma a manter o abate e a transação comercial em bases legais é preci-so, antes de tudo, proceder a uma fi scalização sanitária contínua e abrangente.

Afi nal, uma política sanitária séria e consistente é exigência da maioria dos mercados importadores e abriria, no futuro, a possibili-dade de comércio internacional para a cadeia produtiva brasileira de carne ovina. (Fonte: Portal Farmpoint)

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MÁQUINAS

PSI é prorrogado e renova otimismo do setor de máquinas agrícolas

O programa do BNDES de fi nanciamento de compra de máquinas agrícolas foi prorrogado até o fi nal do

ano e renovou o otimismo de vendas do setor, que prevê em 2011 superar o recorde de faturamento registrado em 2008.

A renovação do PSI (Programa de Sustentação de Investimento), que conta com juros mais baixos do que os do mercado, e os bons preços das commodities agrícolas permitirão que o setor eleve suas vendas em cerca de 15% na comparação com 2010, quando já tinham subido 25% ante 2009, prin-cipalmente por conta do programa do BNDES.

“Poderemos ultrapassar este ano a marca de 8,4 bilhões de reais de vendas de 2008”, afi rmou à Reuters José Car-los Pedreira de Freitas, diretor-adjunto da Câmara de Máquinas e Implemen-tos Agrícolas da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).

Em 2010, o setor de máquinas e implementos faturou 7,5 bilhões de reais, disse o diretor.

“Estamos muito otimistas. Ao lado da manutenção do programa, tem uma perspectiva muito grande com os preços de commodities. Quem compra é o produtor rural, e se a perspectiva

é boa para as commodities, é boa para o setor.”

Os números da Câmara não con-sideram grandes máquinas agrícolas - contabilizadas pela ANFAVEA (a asso-ciação das montadoras)-, que também se benefi ciaram do PSI. Mais de 80% das vendas de máquinas e implementos contabilizados pela ABIMAQ foram feitas no ano passado com o apoio do programa, disse o diretor.

O PSI, que seria encerrado no fi -nal de março, foi prorrogado até 31 de dezembro de 2011. A prorrogação, en-tretanto, foi feita com taxas mais altas, que na opinião do diretor da ABIMAQ

não devem afetar os negócios. A alta do juro era esperada pela Selic (taxa básica de juro) mais alta e também com uma infl ação maior.

Os juros cobrados para comer-cialização de bens de capital, nos quais se incluem as máquinas agrícolas, pas-sam de 5,5% para 6,5% ao ano (mi-cro, pequena e média empresa), e para 8,7%, para grande empresa.

“O governo foi muito sensível e evitou a paralisação do programa. Isso é importante porque é nesse momento que o pessoal está tomando decisão de comprar máquina. O produtor não toma decisão a partir de julho, porque em julho ele já estará preparando o solo para plantar”, disse Freitas.

Desde o ano passado o setor vem negociando com o governo a manuten-ção do PSI.

O novo orçamento do programa, que agora inclui outros setores nos fi -nanciamentos, é de 75 bilhões de reais, segundo o BNDES. “Passam a contar com as condições especiais do BNDES PSI a aquisição de partes, componen-tes e serviços tecnológicos para bens de capital”, afi rmou o banco em nota.

O PSI também fi nanciará bens de tecnologia da informação e comunica-ção desenvolvidos no Brasil com tec-nologia nacional, de acordo com cri-térios estabelecidos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). (Fonte: Reuters)

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O Governo Federal está incluindo a compra de colheitadeira de

café nas políticas públicas direciona-das à agricultura familiar, para que o setor contribua de forma efetiva no crescimento da economia brasileira.

O anúncio foi feito pelo Mi-nistro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, no início do mês de maio, durante solenidade realizada na Agrishow 2011, em Ribeirão Preto (SP).

Dentro da nova categoria de produto do Programa Mais Alimen-tos incluem três colheitadeiras de café, sendo duas da CASE IH (mode-los Coffee Express 100, no valor

Governo inclui colhedoras de café no ‘Mais Alimento’aproximado de R$ 220 mil, e a Coffee Express 200, no valor aproximado de R$ 440 mil) e uma da MATÃO, que está na faixa de R$ 190 mil.

Condições para compra de Colheitadeiras de Café

a) - O Produtor Rural tem que ser Pronafi ano.b) - Com limites de R$ 150 mil para compra individual e R$ 500,00 para compra coletiva;c) - 2 % de juros ao ano,d) - prazo de 10 anos,e) - com 3 anos de carência

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MÁQUINAS

Antônio Carlos Loureiro LinoCentro de Engenharia e Automação

IAC - Instituto Agronômico de Campinas

O setor de máquinas agrícolas é um dos que sofreu maior evolução nos últimos anos, com a incorporação de tec-

nologia antes restrita ao setor automo-tivo. Os modernos tratores, colhedoras e implementos agrícolas se tornaram máquinas sofi sticadas e de alto desem-penho, exigindo para o seu uso efi ci-ente lubrifi cantes de alta qualidade que respondam bem à crescente severidade dos serviços a que estão sujeitos estes equipamentos.

A lubrifi cação é um dos principais itens de manutenção de máquinas agrí-colas e deve, portanto, ser entendida e praticada para conservá-las e manter o rendimento delas, aumentando a vida útil das mesmas. De modo geral, os componentes das máquinas agrícolas que necessitam lubrifi cação são: man-cais de atrito, mancais de rolamento, eixos sem fi m, eixos telescópicos, en-grenagens, correntes, pistões, juntas universais e bombas, sendo essencial para vida do motor.

O que são Lubrifi cantes? - Quan-do as superfícies dos componentes de algum tipo de máquina se movem em contato uma com as outra, produzem a fricção ou atrito, e esta gera calor e causa desgaste. O lubrifi cante é uma substância colocada entre estes compo-nentes em movimento para reduzir a fricção e proporcionar o deslizamento suave e fácil, um contra o outro, com o mínimo desgaste e mantendo a tem-peratura normal.

Os lubrifi cantes tem por função:a)- Reduzir a fricção e o desgaste

das peças; b)- Diminuir o calor gerado pela fricção das peças; c)- Auxiliar na refrigeração, no caso dos motores; d)- Auxiliar a vedação ou perda de pressão dos motores; e)- Evitar a entrada de impurezas nos mancais; f)- Fazer a lim-peza das peças; g)- Proteger contra a corrosão; h)- Transmitir força e movi-mento através de cilindros hidráulicos.

Tipos de Lubrifi cantes - Há três

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Óleos Lubrifi cantes são essenciais para a vida útil das Máquinas Agrícolas

tipos de lubrifi cantes: os lubrifi cantes líquidos, que são os óleos lubrifi can-tes, os lubrifi cantes pastosos que são as graxas e os lubrifi cantes sólidos.

Os lubrifi cantes sólidos são uti-lizados em equipamentos que tra-balham em altas temperaturas, sendo portanto de pouco interesse para as máquinas agrícolas. Em certos ca-sos são misturados com lubrifi cantes líquidos e pastosos para melhorar sua resistência ao calor gerado pelo atrito entre superfícies.

Como exemplo de lubrifi cantes sólidos podemos citar o talco, a grafi te e o bissulfeto de molibdênio. Na agri-cultura, a grafi te é utilizada na lubri-fi cação no depósito de sementes das semeadoras, com a fi nalidade de di-minuir os danos mecânicos nas semen-tes e as falhas de colocação das semen-tes no solo.

Os lubrifi cantes líquidos, também conhecidos como óleos lubrifi cantes, são os mais usados em máquinas agrí-colas. Estes lubrifi cantes podem ser de 3 tipos de origem ou bases diferentes: orgânica , mineral e sintética.

Os óleos lubrifi cantes de origem orgânica são feitos a partir de gorduras animais e vegetais, e hoje não são mais utilizados como lubrifi cantes, mas, como é o caso do óleo de mamona, como aditivo para melhorar as quali-dades de alguns tipos de óleo.

Os óleos lubrifi cantes de base

mineral são extraídos do petróleo e são os óleos mais usados em tratores e má-quinas agrícolas.

Já os óleos lubrifi cantes de base sintética foram desenvolvidos em labo-ratório, a partir de substâncias quími-cas, especialmente desenhadas para conferirem características de viscosi-dade superiores às dos óleos minerais, porém com custos de fabricação bem mais elevados que os dos óleos mine-rais. Por isso tem se tornado comum a mistura dos dois tipos , que é chamado de óleos lubrifi cantes de base mista, que é utilizada para formular lubrifi -cantes de elevada qualidade.

Os lubrifi cantes pastosos são con-hecidos como graxas ( palavra esta que se origina do latim “crassus” ou “gras-sus”, que signifi ca gordura); são utiliza-dos em locais onde os óleos (líquidos) não conseguem parar para fazer uma completa lubrifi cação.

As graxas são feitas pela mistura de um óleo lubrifi cante (de base mi-neral ou sintética) e de uma substân-cia encorpante, chamada de agente espessante, e tem como função reduzir o atrito, o desgaste, o aquecimento e proteger contra a corrosão.

Características Importantes - Al-gumas características dos óleos lubrifi -cantes são extremamente importantes para a escolha e uso adequado dos mes-mos.

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MÁQUINASA viscosidade é considerada

a propriedade mais importante dos óleos lubrifi cantes, ela mede a difi cul-dade com que um líquido escoa ou escorre. Quanto mais viscoso for um lubrifi cante (mais grosso), mais difícil de escorrer, portanto será maior a sua capacidade de manter-se entre duas peças móveis fazendo uma melhor lu-brifi cação das mesmas. Quanto menos viscoso for um óleo lubrifi cante, mais rapidamente ele quando bombeado chegará aos locais nos deve fazer a lu-brifi cação, porém terá difi culdades de manter-se lá.

Ao utilizarmos um óleo muito viscoso (muito “grosso”), nas manhãs frias, ele terá difi culdade de chegar às áreas que necessitam ser lubrifi cadas, provocando um desgaste maior do mo-tor.

Se utilizarmos um óleo pouco viscoso (muito “fi no”), quando o motor aquecer ele escoará com muita facili-dade, prejudicando também a lubrifi -cação e aumentando o desgaste do mo-tor.

A escolha da viscosidade correta para as temperaturas de trabalho é im-portante, pois um óleo tem que pro-porcionar adequada lubrifi cação em todas as estações do ano.

A viscosidade dos lubrifi can-tes não é constante, pois varia com a temperatura. Quando se eleva a tem-peratura de um óleo lubrifi cante a sua viscosidade diminui, e quando a sua temperatura diminui ele fi ca mais vis-coso.

Esta variação da viscosidade em função da temperatura não ocorre em todos os óleos da mesma maneira. Al-guns óleos fi cam menos viscosos mais rapidamente que outros. O Índice de Viscosidade (IV) mede a variação da viscosidade com a tem-peratura; quanto mais alto este índice, menor será a infl uência da temperatura sobre a viscosidade. Isto in-dica que este óleo é menos viscoso (“grosso”) em ma-nhãs frias e mais viscoso em dias quentes, quando comparado a um óleo com Índice de Viscosidade menor. Portanto um óleo com maior Índice de Visco-sidade irá proteger melhor o motor contra o desgaste.

Outra característica importante é a Densidade,

pois ela indica o peso de uma certa quantidade de óleo a uma certa tem-peratura; isto pode nos indicar se houve contaminação ou deterioração de um lubrifi cante. Por exemplo, se um óleo for contaminado por água, au-mentará a densidade do óleo.

O Ponto de Fuidez é a tempera-tura na qual o óleo pára de fl uir ou es-correr, isto é congela, é muito impor-tante para regiões sujeitas a invernos rigorosos, o que não é o caso da grande maioria do território nacional.

O Poder Lubrifi cante se refere unicamente às propriedades redutoras do atrito interno dos óleos que traba-lham em serviços severos, tais como em motores diesel de alta rotação e cargas elevadas.

Para melhorar alguma qualidade já existente nos óleos lubrifi cantes, porém em grau insufi ciente, ou con-ferindo-lhes outras que ele não possua, especialmente quando o lubrifi cante

O novo modelo da MWM International Motores: MaxxForce 4.1A Tier 3, com aplicação na área agrícola, lançado pela empresa na AGRISHOW 2011.

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é submetido a condições severas de trabalho, isto é, para aumentar a sua efi ciência, são adicionados aos mesmos substâncias chamadas de aditivos. Os objetivos e fi nalidades dos aditivos e, conseqüentemente, seus mecanismos de ação são muito variados.

Os principais tipos de aditivos são:

• Antioxidantes: reduzem a oxi-dação do lubrifi cante em contato com ar.

• Anticorrosivos: protegem as partes do ataque de contaminantes áci-dos dos óleos lubrifi cantes.

• Detergentes-dispersantes: man-têm as superfícies metálicas limpas e evitam a formação de borras nos óleos lubrifi cantes.

• Agentes de Extrema Pressão (EP ou HD): formam uma camada prote-tora resistente que protege as peças do contato metal contra metal.

• Melhoradores do Índice de Vis-cosidade (I.V.): diminuem a variação da viscosidade com a temperatura.

• Abaixadores do Pon-to de fl uidez: evitam que o óleo se congele.

• Antiespumantes: evitam a formação de espu-ma.

• Antiferrugem: pro-tegem da ferrugem as peças feitas de metais ferrosos.

• Agentes Emulsifi -cantes: tornam os óleos emulsionáveis (errada-mente ditos “solúveis”) em água. A

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LEITE

Junior Cesar MartinezDoutor em Ciência Animal e Pastagens

ESALQ / USP

A acidose ruminal sub-aguda é um problema, de certa forma, predominante nos rebanhos leiteiros. Em vacas

alimentadas com ração total, aproxi-madamente 25% das vacas certamente tem pH ruminal abaixo de 5,5. Isso compromete a perfeita digestão da dieta, uma vez que o pH ruminal é grandemente uma função de balanço entre a produção de ácidos graxos vo-láteis provenientes da fermentação de carboidratos, sua neutralização pelas tampões salivares e dietéticos, e sua re-moção pela absorção através da parede do rúmen, ou passagem pelo rúmen.

A acidose é causada pelo con-sumo de alta quantidade de carboidra-tos ruminalmente disponíveis, baixa quantidade de fi bra efetiva, ou ambos. Laminite, uma infl amação asséptica das camadas dérmicas dentro do casco e é a maior causa de manqueira de va-cas leiteiras, relacionada a acidose ru-minal.

Porém, não podemos nos es-quecer de que vacas leiteiras de alta produção terão inevitavelmente algum grau de acidose, dadas as características da dieta para esse tipo de animal, e o comportamento fi siológico e ingestivo da vaca. Assim, excelente manejo do cocho e investimento em conforto ani-mal têm sido apontados como fatores de risco para acidose e laminite em re-banhos leiteiros.

Então, escrevo este artigo para destacar os desafi os que enfrentamos, bem como os nossos esforços para mi-nimizar a acidose ruminal e a laminite de vacas leiteiras, ressaltar que a mar-gem de erro em nossos programas de formulação de ração é pequena, bem como, para apontar os pontos de con-trole onde poderemos atuar.

Dieta de Transição - Na prática, nada mais é do que aumentar gradati-vamente a proporção de concentrado na ração total, durante as ultimas pou-cas semanas do pré-parto, o que é uma prática comum. O consumo de quan-

Manejo alimentar visando reduzir acidoseruminal e laminite em vacas leiteiras

tidade excessiva ou mínima de con-centrado durante o período seco pode aumentar o risco de acidose. Quan-tidade excessiva pode levar a riscos de acidose, mas é pouco provável devido ao baixo consumo de alimento nesta fase; também porque os produtores costumam ser econômicos com relação a quantidade de concentrado para va-cas secas. Por outro lado, quantidade mínima também pode levar a acidose, uma vez que a falta de absorção de áci-dos graxos voláteis pelas papilas rumi-nais e a adaptação dos microrganismos ruminais à alta quantidade de energia que será ingerida apos o parto.

Estresse Calórico - A pesquisa já demonstrou baixo pH ruminal de vacas leiteiras quando mantidas em ambiente quente e úmido (30ºC e 85% de umidade relativa) de que de vacas em ambiente mais fresco (18ºC e 50% de umidade relativa), quando alimentadas com alta forragem (35% de grãos, pH de 6,1 vc 6,4) ou dietas de alto grão (65% grão, pH 5,6 vs 6,1), possivelmente devido à diminuição da atividade ruminal e redução da in-gestão de alimento. Vacas sob efeito de estresse calórico selecionam a ração total em busca de aumentar a ingestão de partículas pequenas e concentrado,

visando diminuir a ingestão de fi bra e, com isso, a produção de calor proveni-ente do metabolismo. Por isso, existe uma recomendação para se aumentar a FDN fi sicamente efetiva (aquela capaz de estimular a ruminação) e reduzir os carboidratos não fi brosos, visando re-duzir os riscos de acidose. Assim, um manejo que otimize o conforto dos ani-mais e minimizem o estresse calórico é um importante componente para a prevenção de laminite.

Aditivos - Existem muitos aditi-vos disponíveis para uso em dietas de vacas leiteiras visando minimizar a acidose ou laminite. A suplementação com monensina sódica é um exemplo que tem demonstrado bom funciona-mento para aumentar a efi ciência da produção de leite. A cetose sub-clínica foi reduzida em vacas em transição tratadas com cápsulas de liberação con-trolada de monensina. Também pode ser usada para prevenir acidose lática, demonstrando ser um produto interes-sante para reduzir acidose e laminite, embora mais algumas pesquisas sejam requeridas.

Aparentemente, a monensina mantém ou aumenta o pH de vacas leiteiras. Em confi namento de gado de corte, os animais caumentaram

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a frequência de alimentação e reduzi-ram o tamanho médio da refeição.

O pH ruminal diminui após as refeições, e esta diminuição vai pro-gredindo a medida que aumenta o tamanho das refeições e diminui a quantidade de FDN dietético. A suple-mentação com bicarbonato de sódio atenua a queda do pH pós-alimenta-ção, e pode atenuar a acidose. A reco-mendação de inclusão de 0.7 a 1,0% da ração total tem sido genericamente utilizada.

Foi relatado que 20mg/vaca/dia de suplementação com biotina reduziu a laminite de vacas leiteiras, através da queratinização da epiderme do casco. A biotina não infl uencia a produção de ácidos graxos voláteis e a digestibili-dade aparente no trato digestivo.

Também, existem relatos na lite-ratura de que laminite pode ser decor-rente da carência de alguns elementos minerais, como zinco, manganês, co-bre e cobalto, pois eles também atuam na queratinização, conforme o de-scrito para a biotina. E por fi m, alguns estudos foram feitos com leveduras muito específi cas, como Lactobacil-lus plantarum, Enterococcus faecium, Megasphaera elsdenii e Propionibac-

terium, e demonstraram efi cácia na atenuação da acidose, mas os trabalhos ainda são muito escassos e os dados não conclusivos.

Preparo da Dieta - Grande varia-ção nas concentrações de MS, energia e FDN podem ser observadas entre silos. Diferentes silos feitos na mesma pro-priedade certamente terão composição diferente. Isso enfatiza a importância do controle meticuloso da utilização do alimento, para minimizar a variação dos lotes, e para a obtenção de amostras representativas do que está sendo for-necido aos animais. Logicamente, esse controle somente é interessante em fa-zendas que fazem controle do manejo nutricional de forma bastante disci-plinada, pois de nada adianta realizar analise bromatologica do alimento e contratar um excelente nutricionista para formular a ração, se ao alimen-tar, esse procedimento é feito usando uma pá-carregadeira de grande capaci-dade, mas de mínima precisão. Outra questão a ser avaliada é da utilização de silos “bag”. Muitas vezes se tem variação na composição do alimento entre os silos, principalmente aqueles com históricos diferentes, como dia

de colheita, condições climáticas, tal-hões diferentes, variedade, tamanho de partícula (máquinas diferentes para cortar), dentre outros fatores. Fazen-das que utilizam grande quantidade e diversidade de subprodutos agroindus-triais também deverão estar atentas as variações na composição destes. Por-tanto, em sistemas bastante ajustados, essa diferença poderá ser transferida para o concentrado, para o perfeito balanceamento da dieta.

Considerações fi nais - Podemos observar que dispomos de conhe-cimentos sobre manejo e nutrição de vacas leiteiras, bem como disponibili-dade de produtos, capazes de atenuar consideravelmente os problemas de acidose ruminal e laminite. Manejo nutricional e investimento em confor-to para os animais são requisitos chaves para minimização, ou mesmo elimina-ção do problema.

EM TEMPOADAPTADO DE:

Notas de aula do Professor Dr. Randy D. Shaver,da University de Wisconsin

Madison - EUAPublicado em: www.milkpoint.com.br

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.brPECUÁRIA

A ASSOCON - Associação Na-cional dos Confi nadores pro-jeta que haverá crescimento de 31% no volume de gado

confi nado pelo pecuarista brasileiro em 2011. Isso é o que apurou o primei-ro levantamento sobre a produção de animais confi nados realizado pela entidade em abril, que comparou os números fi nais de 2010 com a expec-tativa de produção de seus associados para 2011.

De acordo com dados da pesqui-sa, que ouviu 61 pecuaristas associados, em 11 estados da federação (SP, GO, MT, MS, MA, PR, RJ, MG, PA, BA e RO), 65% dos entrevistados acreditam que a produção de gado confi nado no Brasil será maior do que em 2010, 10% em diminuição e 25% em estabilidade na produção. Para esse ano, o que tem preocupado parte dos confi nadores são os altos custos de produção, ba-sicamente boi magro e insumos para nutrição. Em média, os custos com aquisição dos insumos para compor a dieta animal subiram 24% segundo os

Produção de animais confi nados aponta crescimento de 31% em 2011

entrevistados.Segundo Bruno Andrade, respon-

sável técnico pelo levantamento, a ex-pectativa para uma maior produção de gado confi nado é alta, entretanto, a to-talidade de gado para cumprimento da meta de 2011 não está totalmente ad-quirida, apresentando somente, entre todos os entrevistados, a quantidade sufi ciente para se repetir os números de 2010. “Essa expectativa será confi r-mada ou não nas próximas pesquisas, quando teremos uma sinalização me-lhor sobre os preços do boi gordo no segundo semestre, bem como das ma-térias-primas utilizadas para compor a dieta do bovino”, completa Andrade.

As condições das pastagens em parte do Brasil Central não estão em boas condições e um período de seca mais intensa poderá forçar uma entra-da maior de animais nos confi namen-tos. O levantamento publicado pelo Instituto Mato-Grossense de Econo-mia Agropecuária aponta expectativa de crescimento do volume de gado confi nado na ordem de 29% no Mato

Grosso. O estado, além de reunir as fontes de matérias-primas para o con-fi namento, passou recentemente por graves problemas com pragas e seca em parte das áreas de pastagens, o que continua prejudicando a engorda de animais em sistema extensivo.

É importante ressaltar que todos os anos, o primeiro levantamento sem-pre é ou otimista ou pessimista demais. Portanto, é preciso considerar que fa-tores de mercado e/ou ambientais que interferem na produção e podem fazer com que esta estimativa se altere no decorrer do ano”, frisa.

“Temos que deixar claro que o crescimento de 31% esperado para 2011, é sobre uma expectativa que ain-da não se confi rmou e, por ser ainda cedo demais, poderemos ter reajuste nessa previsão, provavelmente para baixo, por conta dos custos básicos de produção, como o preço do boi magro e dos ingredientes que vão à formula-ção da ração para o gado confi nado”, fi naliza.

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Carlos Augusto de Miranda GomideDomingos Sávio Campos PaciulloCarlos Renato Tavares de Castro

Pesquisadores da Embrapa Gado de Leite

Com o início das chuvas, após um longo período de seca, os pastos começam a rebrotar e voltam a constituir a princi-

pal fonte de alimento da exploração pecuária. Contudo, para a exploração racional e efi ciente deste importante recurso forrageiro é importante estar atento a alguns cuidados.

As gramíneas tropicais se ca-racterizam pela elevada capacidade de produção de forragem. Durante a época chuvosa do ano apresentam alta taxa de crescimento, sobretudo quan-do submetidas a adubações. Contudo, este ritmo acelerado de crescimento tem consequências importantes para a estrutura da vegetação. Sob o ponto de vista da produção, todos os compo-nentes da planta contribuem para au-mentar a massa de forragem do pasto. Todavia, dependendo do tempo de crescimento da planta, grande parte da forragem produzida acaba não sendo aproveitada pelos animais em pastejo e é perdida. Assim, este potencial de produção precisa estar associado a práticas de manejo que permitam o maior aproveitamento da forragem produzida.

Características Estruturais do

Pasto e Efi ciência de Pastejo - À me-dida que a gramínea cresce ocorre aumento de sua massa por meio do acúmulo de folhas e colmos (hastes). O acúmulo de folhas é benéfi co para a forrageira e para o animal, pois cons-tituem a porção mais nutritiva da planta e mais facilmente colhida pelos animais em pastejo. Já os colmos, prin-cipalmente aqueles mais grossos, pos-suem menor valor nutritivo (baixo teor de proteína e menor aproveitamento no trato digestivo do animal), além de prejudicarem a efi ciência com que os animais conseguem “colher” as folhas disponíveis.

Outra fração das plantas forragei-ras que tende a se acumular quando se prolonga o período de rebrotação é composta por folhas mortas. Com o mais intenso crescimento que ocorre

A importância da estrutura da vegetação em pastos de gramíneas tropicais

PECUÁRIA

no período chuvoso, a formação e morte de folhas também são acelera-das. Assim como o acúmulo de colmos, a presença de folhas mortas também prejudica a estrutura do pasto.

Desta forma, se o período de crescimento do pasto for inadequa-do, muito longo, embora haja grande acúmulo de massa disponível a tendên-cia é que essa se caracterize pela baixa relação folha/colmo e pelo excesso de folhas mortas.

A preocupação com a estrutura do pasto deve ser tanto maior quanto maior for o prejuízo observado em decorrência do seu crescimento pro-longado (Figura 1). Assim, as gramíneas cespitosas, que possuem crescimento ereto, como, por exemplo, o capim-elefante, o capim-tanzânia e o capim-mombaça, merecem atenção especial e por isso mesmo são consideradas de mais difícil manejo.

Em gramíneas decumbentes, que possuem crescimento rasteiro, como algumas espécies dos gêneros Brachi-aria e Cynodon (capim-estrela e tif-tons), os colmos são mais fi nos e tenros e tendem a ser consumidos em maior proporção que nas espécies cespitosas, mas mesmo assim prejudicam o pastejo e contribuem para a sua baixa efi ciên-cia.

Dessa forma, o acúmulo de col-

mos e a presença de folhas mortas de-vem ser considerados, em conjunto, como um indicador, para aquele que maneja as pastagens, de que o período de crescimento do pasto está além do recomendado.

Consequências sobre a Rebro-tação - Além de seu efeito prejudicial para a estrutura do relvado, compro-metendo a efi ciência de colheita da forragem, falhas no manejo da pasta-gem que levam a longos períodos de rebrotação e/ou deixam resíduos eleva-dos geram acamamento da forragem pelo pisoteio animal, conseqüência indesejável que também compromete a recuperação do pasto para o período de pastejo seguinte. Tal comprometi-mento ocorre devido ao material re-sidual (macega) apresentar baixo ritmo de crescimento e ainda prejudicar a re-brota e o desenvolvimento das toucei-ras que fi cam encobertas, sombreadas pela palhada.

Nestas condições roçadas fre-quentes são necessárias para recuperar a condição ideal do pasto, aumentando os custos com mão de obra e reduzindo a rentabilidade da atividade.

Figura 1 - Representação do crescimento de gramíneas cespitosas com baixo (sit. A) e alto (sit. B) alongamento do colmo e seu efeito sobre a colheita da forragem sob pastejo.

EM TEMPOEMBRAPA GADO DE LEITE -

Juiz de Fora (MG) - Tel (32) 3311-7400www.cnpgl.embrapa.br

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EMBRAPA apresenta linhagem produtiva e econômica para a avicultura

Criadas em sistema de semi-confi namento, galinhas oferecem ovos e carne de qualidade com baixo cus-

to para produtores que queiram se inserir no mercado

Para aumentar a renda do pequeno avicultor, a linhagem Poedeira 051 é uma boa alterna-tiva para espaços de criação de semiconfi namento, com poucos recursos tecnológicos e ração ela-borada dentro da própria granja. Oferecendo produção bem superior às aves coloniais rústicas, a galinha 051 atinge de 280 a 300 ovos duran-te as suas 80 semanas de vida. Repon-sável pela pesquisa na Embrapa Suínos e Aves, o pesquisador Élsio Figueiredo ainda destaca que ela apresenta todas as vantagens do frango comercial, em especial a qualidade da carne.

A Poedeira 051 é fruto de um projeto de melhoramento genético, que selecionava aves de postura. O ob-jetivo era encontrar uma composição ideal para a criação em pequenas pro-

priedades. Os resultados encontrados foram satisfatórios, com um animal hí-brido, com capacidade para produção de ovos pelas fêmeas e de carne pelos machos. Porém, Élsio recomenda que machos e fêmeas não sejam criados no mesmo espaço.

Quando falo em criação comer-cial, recomendamos que o produtor compre só as fêmeas da Poedeira 051 e faça a cria e recria. Os machos 051 não

oferecem tantos resultados quanto os de outras linhas, pois é um ani-mal descarnado.

Com relação à nutrição, Élsio diz que, por se tratar de um exem-plar de alta produtividade, a 051 exige cerca de 120 gramas de ração de postura por dia.

Esse é um cuidado que deve ser levado em consideração, assim como as normas para o sistema de confi namento. A indicação para o sistema de produção orgânica é de cinco a seis aves por metro quadrado. Já para as crias de até 3 dias de vida, que devem ser obriga-

toriamente vacinadas, é necessário o aquecimento do espaço, a ração espe-cífi ca para a fase de cria e um ambiente fechado, para evitar o ataque de outros animais à ninha-da. Devido ao maior cuidado exigido no trato com pintos recém nascidos, outra opção é adquirir fêmeas recriadas com 16 semanas de idade e já vacinadas. Com mais duas ou três semanas, o criador já inicia a sua produção de ovos A

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AVICULTURA

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TECNOLOGIA

A análise química de folhas e a diagnose

A diagnose consiste na avaliação do estado nutricio-nal de uma planta tomando uma amostra, seja de um tecido vegetal, seja do solo, e compará-la com seu padrão preestabelecido. Este padrão consiste

em uma planta ou solo que apresenta todos os nutrientes e proporções adequadas capazes de proporcionar condições fa-voráveis para a planta expressar seu máximo potencial gené-tico para a produção.

Para avaliar o estado nutricional da planta, existem al-gumas ferramentas de diagnose que apresentam característi-cas específi cas, a qual pode ser feita no tecido vegetal ou no solo. No tecido vegetal, normalmente, utilizam-se as folhas, podendo ser a partir da diagnose visual ou da análise química que, por sua vez, pode ser interpretada, tomando um único nutriente através do método do nível crítico, da faixa de su-fi ciência, ou alternativamente, tomando como base a relação dos nutrientes, feita pelo método denominado DRIS (Siste-ma Integrado de Diagnose e Recomendação).

Indiretamente, o solo, através da análise química, pode ser também utilizado para avaliar o estado nutricional da planta. Assim, existem várias ferramentas que podem ser utilizadas, preferencialmente de maneira integrada, para o conhecimento do sistema solo-planta, com subsídios sufi ci-entes para a interferência, se for o caso, na adoção de práticas de adubação mais efi cientes.

A diagnose visual permite avaliar os sintomas de defi -ciência ou excesso de nutrientes, e é possível fazer correções

no programa de adubação, com certas limitações. Entretan-to, este método recebe críticas, uma vez que, no campo, a planta é passível de sofrer interferências de pragas e patóge-nos que podem mascarar a exatidão da detecção do nutrien-te-problema. Além disto, a diagnose visual não quantifi ca o nível de defi ciência ou de excesso do nutriente em estudo.

Cabe salientar que somente quando a planta apresenta uma desordem nutricional aguda, é que ocorre claramente a manifestação dos sintomas visuais de defi ciência ou excesso característicos, passíveis de diferenciação; entretanto, neste ponto, parte signifi cativa da produção (cerca de 40-50%) está comprometida. Portanto, o uso da diagnose visual não deve ser a regra e, sim, como um complemento da diagnose.

A diagnose vegetal presta-se para identifi car o es-tado nutricional da planta, através da análise química de um tecido vegetal que seja mais sensível em demonstrar as variações dos nutrientes e que seja o centro das atividades fi siológicas da planta, ou seja, na maioria das vezes, a folha. É necessário, ainda, que a planta esteja em uma época de máxima atividade fi siológica, como no fl orescimento ou iní-cio da frutifi cação.

Em virtude desta última exigência da análise química das folhas no auge do desenvolvimento da planta, coloca-se a diagnose foliar com pouca ação na eventual correção da defi ciência de nutrientes em plantas anuais no mesmo ci-clo de produção da cultura. Entretanto, em culturas perenes como cafeeiro, a diagnose foliar apresenta potencial elevado no diagnóstico do estado nutricional da planta e possibili-dade de correção no mesmo ano agrícola, com satisfatória efi ciência.

Portanto, a idéia de se usar conteúdo mineral como critério para se avaliar o estado nutricional de plantas perenes é bastante atraente, visto que a diagnose foliar tem como vantagem utilizar a própria planta como extrator.

Para a amostragem correta da folha-diagnose propria-mente dita, devem-se considerar a época de coleta, tipo de folha e o número sufi ciente, que garantirá validade do resul-tado da análise química foliar, sua interpretação e a correção das defi ciências com as futuras adubações. É relevante sa-lientar a importância dessa etapa de amostragem, visto que a maioria dos erros que podem ocorrer em um programa de adubação, advêm da amostragem malfeita e não por pro-blemas analíticos de laboratório ou ainda do uso de tabelas de recomendação inadequadas.

Para a diagnose foliar do algodoeiro devem ser amostradas folhas no período de fl orescimento (quinta folha da haste principal, 80 – 90 dias da emergência), e os resulta-dos interpretados segundo os dados da Tabela 1.

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FONTE: Malavolta, 1992. Primeira Linha em g.kg-1. Segunda linha em mg.kg-1

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Tabela 1. Teores adequados de nutrientes na matéria seca de folhas de algodoeiro, no período de fl orescimento.

P K Ca Mg S

2.0-2.5 14-16 30-40 3-5 2-3

B

20-30

Cu Fe Mn Zn Mo

5-35 60-80 30-100 20-60 1-2

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.brTECNOLOGIA

MEDEIROS & HAAG (1990) estudou a melhor época de coleta de folhas e pecíolos para a diagnose fo-liar do algodoeiro. A coleta das folhas seguiu-se com os seguintes estádios de desenvolvimento: 1ª coleta – época 1 : 44 dias – botão fl oral ; 2a coleta – época 2 : 59 dias – fl or ; 3a coleta – época 3 : 74 dias – fruto imaturo. Observou-se que o pecíolo é a parte mais sensível às variações de concentração de nutri-entes do que o limbo foliar. Verifi ca-se que nos cultivares de ciclo anual a concentração de fósforo no limbo e pecíolo decrescem linearmente com o tempo. A absorção de fósforo é con-tínua durante todo o ciclo de desen-volvimento da cultura, mas a maior parte do fósforo absorvido no período do crescimento vegetativo é translo-cado das folhas para os frutos. A época mais adequada para a coleta das folhas é de 44 dias após fl orescimento ou no botão fl oral.

Nem sempre a constatação de de-fi ciência nutricional através do levan-tamento visual de sintomas permite a possibilidade de correção da carência no próprio ano agrícola.

Entre os critérios de interpreta-ção normalmente usados, pode-se citar o baseado no nível crítico que exprime um único valor ou um intervalo de valores, ou seja, uma faixa com teor adequado. É comum, nas tabelas dos órgãos ofi ciais, o uso de faixas de teores adequados, visto que engloba maior número de condições edafoclimáticas ou cultivares distintas. Além disso, não existe um determinado ponto de ótima produção, mas sim uma determinada faixa, porque o aumento da produção obtido com doses crescentes de nu-trientes é sempre associado a um erro estatítisco. Nos resultados de pesquisas locais, é comum expressar, como valor

adequado de nutrientes, o nível crítico.Normalmente, os experimentos

de adubação, que defi nem os níveis críticos ou faixas adequadas, como os apresentados anteriormente, devem seguir alguns procedimentos chama-dos padrões, como:

1) - Escolher uma área, com um grupo de solos representativos, que predomine na região, e que apresente um teor de nutrientes baixo, para que haja a resposta da planta. Os demais nutrientes não estudados devem ser fornecidos em quantidades ótimas para o máximo desenvolvimento das plan-tas.

2) - Utilizar técnicas de cultivo das plantas de acordo com as reco-mendações locais e amplamante em-pregadas pelos produtores e, ainda, usar fontes de fertilizantes normal-mente disponíveis e com custo por unidade de nutriente satisfatório.

3) - Estabelecer as relações de re-sposta, ou seja:

a) - Dose do nutriente aplicado x teor do nutriente no solo;

b) - Teor do nutriente no solo x teor do nutriente na folha;

c) - Teor do nutriente na folha x produção, conhecida como curva de calibração.

4) - Repetir experimentos em diferentes condições edafoclimáticas, a fi m de que a informação seja válida para o maior número de propriedades rurais, e que sejam benefi ciados mais produtores.

Além da avaliação do estado nu-tricional da planta, Landivar & Bene-dict (1997) recomendam uma avalia-ção sistêmica em todo ciclo de vida da planta, conhecido como mapeamento ou monitoramento, durante cada fase de desenvolvimento: a) Vegetativa primária, emergência da planta até o aparecimento do primeiro quadrado; b) Juvenil, do primeiro quadrado à primeira fl oração; c) Reprodutiva, primeira fl oração ao desbaste; d) Matu-ração, desbaste à maturação das maças e colheita. Nestas fases é levantado vári-os dados das plantas como tipo de es-trutura reprodutiva presente (quadra-do, maça ou fruto), nas duas primeiras posições de cada ramo reprodutivo, bem como medidas de altura, número de nós vegetativos. Tomando-se como exemplo a segunda fase de monitora-mento, onde a planta está na fase de fl oração inicial, a qual quantifi ca a re-tenção de frutos medido na primeira e segunda posições de cada ramo e suas inferências no manejo da cultura. Estes dados obtidos são processados em um programa específi co de microcomputa-dor (PMAP).

Segundo os autores, o desempe-nho do monitoramento da cultura du-rante os estágios chaves de desenvolvi-mento da planta deve ser entendido como ferramenta valiosa pelos produ-tores para identifi carem problemas e estabelecerem prazos para iniciar ação corretiva. (Fonte: www.nutricaode-plantas.agr.br)

FATORES AFETADOS

Potencial de ProduçãoPotencial de Crescimento ExcessivoNecessidade de PIXNecessidade de Nutrientes

OBS. A retenção de frutos de 60 a 70% é considerada normal.

abaixo da médiamais altamais alta

mais baixa

acima da médiamais baixamais baixamais alta

RETENÇÃO DE FRUTOS NA 1ª E 2ª POSIÇÕESAbaixo de 60%

Tabela 2 - Interpretação dos níveis de retenção de frutos obtidos durante a fase reprodutiva.

Abaixo de 70%

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CAFÉ

Engº Agrº Fernando JardiniSupervisor de Vendas - MG

Enfi m chegou a hora da colheita, que devidos aos preços da saca de

café vem cada vez mais animando os produtores e principalmente os que visam uma lavoura de alta produção, ótima qualidade, uniformidade na granação e maior peso dos frutos.

Levando em conta es-ses aspectos, a

Engº Agrº Fernando JardiniEngº Agrº Fernando Jardini

Nutriplant inova em lançamento de produto para fi nalização de colheita de café

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São Paulo sedia em julho a 2ª edição da CROP WORLD SOUTH AMERICA

EM TEMPO2ª CROP WORLD SOUTH AMERICA

www.cropworld-southamerica.com.brTel (11) 4689-1935 - ramal 2110

A 2ª Edição da conferência Crop World South Ameri-ca 2011, Feira e Congresso Internacional de Negócios,

Ciência e Tecnologia em Produção Agrícola acontece nos dias 4 e 5 de Julho de 2011, no Hotel Blue Tree Morumbi, em São Paulo (SP).

Organizada há mais de 30 anos na Europa pelo BCPC – British Crop Production Council, a conferência Crop World 2010 foi um sucesso de público, com exposição em formato table-top, que proporcionou uma oportunidade única para aprendiza-do, troca de conhecimentos e net-working para toda indústria envolvi-da no complexo mundo da produção agrícola, incluindo responsáveis por pesquisa, compras, produção de in-gredientes sustentáveis, agroquími-cos, cientistas, consultores, econo-mistas e especialistas da indústria.

Este ano, o evento está sendo organizado pela UBM Conferences, que conta com uma nova equipe dedicada para que a qualidade do conteúdo, logística e foco do evento atendam exatamente as necessidades do setor.

Além dos apoios do ano passado da Andef, Sindag, Aenda e Crop Life, o evento conta com o apoio de enti-dades como Abifi na, Anda, Euromo-

nitor, ARES, AgRural e revistas como a Agrimotor e a Attalea Agronegócios e o patrocínio de grandes empresas nacio-nais como Croda e internacionais como Harlan.

O evento representa uma ex-celente oportunidade para realização de novos negócios com os principais players do setor de produção agrícola e atualização com as soluções para os principais desafi os do setor, repre-sentando uma grande chance para par-ceiros que queiram patrocinar o evento e participantes!

O evento contará com a visão in-ternacional do mercado indiano sobre o setor de produção e proteção agrícola nacional e entre outros experts, Ge-rhard Bohne, Diretor de Operações de Negócios Brasil da Bayer CropScience discursará sobre relevância do cresci-mento da produção agrícola no mundo.

Um dos diferenciais cruciais do evento é trazer a tona as expectativas dos principais órgãos regulatórios sobre investimentos e crescimento da agri-cultura no Brasil. Perspectivas para a regulação de defensivos e adequação da legislação às novas tecnologias na área de fertilizantes e defensivos discutida por órgãos como MAPA, IBAMA, AN-VISA, com a mediação de Eduardo Da-her da ANDEF.

Além disso, instituições como

Bunge Brasil, Monsanto, Bayer CropScience, FAO/ONU, Embrapa Solos, Rede FertBrasil, PST Fertili-zantes, Heringer, Honeywell Resins & Chemicals, , Akzo Nobel, ANTAQ, Macrologística, e outros estarão pre-sentes para discutir sobre os maiores desafi os atuais do setor.

Entre outros desafi os, o evento discutirá a relevância do crescimento da produção agrícola no mundo e impactos no curto prazo para as Cul-turas Brasileiras; alternativas para os desafi os logísticos no setor; visão in-ternacional sobre o Brasil; Mercado futuro; como aproveitar novas opor-tunidades do mercado internacional, tendências globais em formulações de defensivos; como os diversos play-ers do setor estão se organizando para superar difi culdades e facilitar o acesso a fi nanciamentos; tecnologias verdes.

Com um conteúdo realizado com base em uma extensa pesquisa de mercado, a Crop World abor-dará temas extremamente impor-tantes para os setores de defensivos, fertilizantes e para toda a cadeia de produção agrícola.fertilizantes e para toda a cadeia de

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.brCAFÉ

Nutriplant, empresa pioneira no seg-mento de micronutrientes, lança no mercado o fertilizante foliar Nutri-K-Star, onde nos ensaios de campo e ven-das realizadas, mostraram-se ótimos resultados, e um desempenho muito bom no fi nal da granação, coloração dos frutos e ajudando a melhorar a maturação de cada um.

Resultados já Obtidos - As ima-gens ao lado e na próxima página repre-sentam um ensaio realizado na cidade de Chapadão de Ferro (MG), região de Patrocínio (MG), sendo esta a segunda avaliação ocorrida aproximadamente 55 dias após a primeira aplicação. Estes grãos foram retirados da mesma planta, mostrando a diferença de maturação e a classifi cação por estado de coloração.

Seguindo os estados de maturação da esquerda para direita, verde, verde cana e cereja, sendo, o verde cana um estado de maturação intermediário do verde com o cereja.

Como podemos observar, onde foi realizado o tratamento com Nutri-K-Star foi melhor, pois tem menos grãos verde do que onde foi realizado apenas com produtos a base de Etileno.

Esse processo acontece através do contato direto ao grão, o produto Nutri-K-Star age translocando com uma maior rapidez os carboidratos da folha para o fruto, a denominada rela-

ção fonte-dreno, deste modo, acelera-se a maturação e a uniformidade, aju-dando-os no aumento de peso devido a presença do macronutriente potássio (K). A

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O café voltou a ser uma cul-tura atraente para os agri-cultores paulistas. Em meio à forte valorização

dos preços do produto, os cafeicul-tores de São Paulo voltaram a apostar na atividade e vão destinar neste ano 13,7 mil hectares para a formação do parque cafeeiro. No ano passado, ape-nas 8,6 mil hectares foram utilizados pelos produtores de São Paulo para a formação de novos cafezais. Com isso, a área em formação no Estado terá um crescimento de 59% em 2011 em com-paração com o ano passado.

O motivo para a retomada do in-teresse dos paulistas na cafeicultura, na avaliação de Sérgio Carvalhaes, dire-tor do Escritório Carvalhaes, é mesmo o preço, que voltou a ser atrativo. Ele lembra, entretanto, que esse aumento da área em formação não representa áreas novas ou um avanço sobre outras culturas. De acordo com Carvalhaes, os novos investimentos estão ocorrendo em fazendas que já possuem uma es-trutura para a cafeicultura, mas que reduziram a área cultivada nos últimos anos por conta dos baixos preços do café.

“Aquele cafeicultor mais tradi-cional que diminuiu a área no passado resolveu agora fazer mudas na própria fazenda e plantar naquelas áreas que foram abandonadas”, afi rma Carva-lhaes. O consultor lembra, no entanto, que essa “aposta” dos produtores de São Paulo é interessante apenas para aqueles que já possuem a infraestrutura necessária para a atividade, e não para novos “entrantes”.

Bons preços favorecem a renovação de cafezais nas regiões produtoras de São Paulo

Segundo dados divulgados ontem pela Companhia Nacional de Abas-tecimento (Conab), a área em forma-ção para novos cafezais em todo o país terá um crescimento de 6% neste ano e chegará a 224,3 mil hectares. Depois de São Paulo, o maior crescimento será no Paraná, que elevará a área em for-mação para 13,9 mil hectares em 2011, exatamente pelo mesmo motivo e com as mesmas características observadas em São Paulo.

A produção brasileira deste ano está estimada em 43,5 milhões de sacas, volume pouco acima da estimativa mé-dia de 43,3 milhões feita em janeiro pela Conab. O ajuste decorreu das boas condições climáticas nos últimos

meses. O novo número, no entanto, é 9,5% inferior à produção do ano pas-sado, mas é preciso levar em conta que 2011 é o período de baixa do ciclo bi-enal da cultura. Entre todos os perío-dos de baixa, o novo número é recorde, superando em 10,3% as 39,4 milhões de sacas colhidas em 2009.

“A produção de café amadureceu. O que está acontecendo em São Paulo pode ser percentualmente signifi cativo, mas em termos absolutos ainda é pou-co perto do total. Creio que a produção no Brasil nos próximos anos aumentará mais pelos ganhos de produtividade do que por expansão de área”, disse Car-los Brando, diretor da P&A Marketing. (Fonte: Valor Econômico) A

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.brCAFÉ

Substituição do Brasil como fornecedor global de café: uma refl exão.

Mara Luiza Gonçalves Freitas

No mundo, atualmente, são 72 os países produ-tores de café, incluindo-se aí o Brasil, até o momento, maior produtor mundial do grão. Mas a estatística aponta que tal perspectiva

pode mudar.Os interessantes dados apresentados pela Revista

Veja, através da matéria “Brasil começa a provar ao mundo o valor do seu café”, conduziram-me a con-fi rmação de uma tese que venho defendendo a algum tempo e que explicitei no artigo “O Agronegócio Café em 2020: uma refl exão”, publicado em 20 de janeiro de 2010, no site Revista Cafeicultura.

Após a leitura e análise dos dados da matéria, surgiu a pergunta: dependendo da posição que o Brasil assumir em relação ao perfi l da sua plataforma agroin-dustrial do café, é possível substituí-lo como principal fornecedor de matéria-prima global nos próximos dez anos?

Inicio o meu raciocínio com um caso que estudei durante o meu mestrado. Não citarei o nome dela aqui, mas trata-se de uma das maiores cooperativas de café do país. Ao discorrer sobre a indústria torrefadora dela que foi criada justamente com o objetivo de agregar valor pela industrialização aos grãos especialíssimos de seus cooperados e a exportação desses produtos com alto valor agregado, ela lidou com um problema sério: a pressão de seus compradores, que a fez recuar num pro-jeto arrojado de industrialização e exportação de café industrializado, em detrimento da manutenção do seu já rentável negócio de comercialização internacional de café verde. Ou era uma coisa ou outra.

Após a análise dos dados da Veja, que confi rmam minha linha de pesquisa, é visível que a substituição do Brasil não é um problema para os grandes mercados consumidores, em particular em razão do crescimento do investimento direto estrangeiro na região do Leste Africano, através de aquisição de terras para a produção de alimentos. Isso pode acontecer face ao investimento denso na consolidação de uma plataforma exportadora de café industrializado. Se estivermos almejando uma fatia no mercado internacional de torrado na ordem de 30%, é preciso criar as condições no Brasil, para que os impactos na produção cafeeira brasileira não sejam sentidos e a indústria nacional de fato, possa absorver o ônus das modifi cações que os grandes compradores de café in natura do Brasil, irão nos submeter.

Está na hora do Brasil realizar opções estratégicas para o seu negócio do café. - Sem trepidar, é possível afi rmar que se o Brasil optar pela agregação de valor via o café torrado, terá de investir muito pesado, para arcar com a substituição do café brasileiro, pelo produzido no Leste Africano. As lavouras lá são incipientes, mas quem trabalha com café sabe que num espaço de três anos, este horizonte é facilmente modifi cável: basta in-vestimento privado, tecnologia e gente para isso acon-

tecer rapidamente. Aquela região do planeta possui condições edafoclimáticas muito similares às brasileiras, com o diferencial de realmente oferecer ao mundo o apelo Fair Trade. É impor-tante acender a luz amarela, pois em razão dessas condições, a produção de cafés com características muito similares àquelas alcançadas na região do Cerrado Mineiro e o Oeste Baiano, não é algo impossível de acontecer. Se o mundo adquire o nosso café em razão do corpo, lá eles podem, com adoção das mesmas tec-nologias e práticas agrícolas que aqui adotamos, produzirem e-xatamente o que o mercado internacional quer, a um custo de produção bem inferior ao nosso.

Uma situação como essa pode acontecer em menos de cinco anos, se o mercado internacional entender que o nosso produto deixou de ser interessante e a nossa concorrência no mercado de industrializados passou a incomodar.

Creio que é o momento do Brasil parar e decidir sobre qual caminho adotar para o seu negócio. Não podemos abraçar a má-xima do “quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”. Ou o Brasil investe pesado em verde ou investe pesado em torra-do. Defi nitivamente, pelo tanto que já estudei sobre competitivi-dade internacional de plataformas nacionais, não será possível fazer as duas coisas concomitantemente.

Reitero: se não houver um investimento sério em planeja-mento para o negócio do café do Brasil, a cafeicultura brasileira terá que se curvar à história, ao abraçar, com grande pesar, o reencontro do café com suas origens. Mas este é um assunto para o Ministro da Agricultura e o Diretor do Departamento Nacio-nal do Café, à luz da infl uência dos ácidos clorogênicos. (Fonte: www.administradores.com.br) A

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CAFÉ

Analisador de Alimentos desenvolvido pela EMBRAPA detecta impurezas no pó de café

A Embrapa Instrumentação e Café, de São Carlos (SP), desenvolveu um protótipo digitalizado, o “ALIC-C - Analisador de Alimentos e Café”, que é um passo seguro para coibir as diversas formas

de fraude do café. Até mesmo com massas celulósicas como “palhadas” com as mesmas propriedades do café, ou seja, a borra do próprio café.

O protótipo para laboratório (excluídos a planilha homem/hora; energia; infraestrutura de laboratório; instru-mentação para testes; etc.), teve cinco anos de desenvolvi-mento e custo de R$ 12 mil. Não existe aparelho similar no mundo para análise do café, garante o físico e engenheiro elétrico Washington Luiz de Barros Melo, coordenador do projeto . Em 2010, ao tratar do projeto do “Alic-C”, a Em-brapa advertia que “o percentual de adulteração no pó de café chega, às vezes, a 85%, quando a legislação vigente só considera café puro o produto com até 1% de impurezas de cascas e paus”.

Nem a Borra do Mesmo Café Engana - O “Alic-C” analisa amostras do café já torrado (processado na indústria) via esteptroscopia (levantamento de dados físico-químicos) fototérmica: um facho de luz geradora de onda térmica atravessa a mostra do café em pó; o sensor acoplado em con-tato com a amostra capta o calor que é convertido em sinal elétrico; e, no fi nal, é feita a leitura digital em computador. Na leitura são produzidos gráfi cos das impurezas (lixo, pa-lha, serragens e até a borra de café), das estruturas químicas

comparadas (da original com a outra) dos sais minerais, pro-teínas, açucares, aminoácidos (mais de 20 no pó do café), etc.

Washington Melo diz que uma micropartícula do café moído, ao ser molhado, libera todos os componentes da molécula e a massa celulósica passa a ser outra, exibindo “todas as contaminações (seus elementos naturais)”. Mesmo tendo todas as propriedades, os “contaminantes” serão de-tectados quando misturados ao pó não usado. “Vai (a borra) contaminar a estrutura celulósica original. Se aparecerem, na análise, elementos de moléculas quebradas, houve a fraude”, explicou. Atualmente, essas impurezas não aparecem nem em análises citológicas e telescópicas. No parâmetro gráfi co, o café puro, fi naliza no alto. O impuro em baixo.

Aponta a Fraude em 20 Segundos - O “Alic-C” foi fruto de pesquisas, engenharia de detalhamento e de desenvolvi-mento da aplicação de recursos da Embrapa, da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP) e apoio institucional da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC) - amostras de café. O equipamento está com o pedido no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) desde 2003. Passada quase uma década, o registro esbarra na moro-sidade da autarquia.

O equipamento, então, dará um ponto fi nal nas descul-pas para a falta de “fi scalização com maior intensidade” da qualidade do café. Explicou que uma pessoa, pelos métodos existentes, demora quatro horas nas análises. “Com o analisa-dor (Alic-C), o tempo de leitura é de 20 segundos”, assegurou. O processo não é destrutivo e nem faz aplicação química. E foi além na exemplifi cação da importância do “Alic-C”: para a Abic, que teria 1.500 associados, o analisador “fi scalizaria todas marcas até duas vezes por ano”.

O equipamento já tem um parceiro para a fabricação comercial: a Quimis Aparelhos Científi cos Ltda, de Diadema (SP), com 450 itens em fabricação (estufas, purifi cadores de água, agitadores, balanças de precisão, etc.). O gerente de Marketing da Quimis, Cassiano Luís Oliveira Baccarin, prevê que o aparelho entrará na linha de produção comercial em 90 dias - a partir de agosto. Por instrumento de contrato de transferência da tecnologia para a produção e comercializa-ção, a Quimis poderá explorar a patente do “Alic-C” por dez anos. A Embrapa receberá royalties.

Agrega Valor e Qualidade à Commodity - Além de ins-trumentar contra a fraude, o analisador será aliado na arma-zenagem e comercialização do café, ainda em grão. “Quando armazenado por alguns meses e fora de padrões mais adequa-dos, o café perde muitas propriedades”, explicou o pesquisa-dor. Mas acentua que o “Alic-C” analisará também o enve-lhecimento do café.

Aos fatores citados, que irão infl uenciar a cotação do grão na Bolsa e a opção de consumidores por determinadas marcas, poderá também servir como parâmetro nas lavouras. As análises poderão determinar correções minerais do solo, nas aplicações de agrotóxicos (até eliminação), secagem, ar-mazenagem, etc. A

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EDITORIAL

Sabe-se que a MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO (MOS) tem efeito direto sobre as características físicas, químicas e biológicas do solo, sendo considerada uma peça fundamental para a manutenção da capacidade produtiva dos solos em qualquer ecossistema terrestre. Do ponto de vista físico, a MOS melhora a estrutura do solo, reduz a plasticidade e a coesão, aumenta a capa-cidade de retenção de água e a aeração, permitindo maior penetração e distribuição das raízes. A MOS atua

A IMPORTÂNCIA DA MATÉRIA ORGÂNICA

diretamente sobre a fertilidade do solo por constituir a prin-cipal fonte de macro e micronutrientes es-senciais às plantas, como também indi-retamente, através da disponibilidade dos nutrientes, devido à elevação do pH, além de aumentar a capa-cidade de retenção dos nutrientes, evi-tando suas perdas. Biologicamente, a MOS aumenta a ativi-dade da biota do solo (organismos presen-tes), sendo fonte de energia e de nutrien-tes para a mesma.

Nas últimas décadas, a preocupação com a rápida de-gradação dos solos agrícolas no mundo, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais, onde as elevadas tempe-raturas e umidade são mais propícias à decomposição da MOS, despertou grande interesse pela qualidade do solo e pela sustentabilidade da exploração agrícola.

Um exemplo da importância da sua aplicação, mesmo na cafei-cultura tradicional, reside no fato de que possui o poder de adsorver ou reter nutrientes, tais como potássio,

cálcio, magnésio, manganês, ferro, cobre, zinco, amônio, fósforo etc, liberando-os posteriormente para as plantas. A vantagem desta retenção está na diminuição das perdas por lixiviação. Por exemplo, em solos pobres em matéria orgânica, o potássio, o nitrogênio e o boro aplicados via fertilizantes minerais, é facilmente deslocado para as ca-madas mais profundas do solo pela água das chuvas ou da irrigação, comprometendo o retorno econômico esperado com a aplicação do fertilizante, o qual poderia ser poten-

cializado caso o teor de MOS estivesse em níveis adequados.

Portanto, a ma-nutenção dos teores de MOS, quer seja através da aplicação de adubos orgânicos, quer seja através de outras práticas de manejo, torna-se in-discutivelmente ne-cessária à recupera-ção e/ou manutenção de potencial produti-vo de qualquer siste-ma agrícola.

A EMBRAFÓS, pensando em pro-duzir fertilizantes com maior efi ciência

(17) 3323-6201

www.embrafos.com.br

e economia, sempre associou a matéria orgânica aos seus produtos, sendo assim é uma das PIONERIA nesta prática.

Agora temos novidade! Lançamento do produto ORGAMIX , rico em matéria orgânica vegetal, com ni-trogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre,

micronutrientes e o diferencial: com MSP – Microrganismos Solubilizadores de Fósforo.

Engº Agrônomo João BenettiDiretor Comercial

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CONTABILIDADE RURAL

Trabalhador temporário poderá ter direito a seguro-desemprego

A C â m a r a F e d e r a l analisa o Projeto de

Lei 271/11, do depu-tado Ricardo Izar (PV-SP), que inclui como benefi ciários do seguro-desempre-go trabalhadores ru-rais e urbanos com contrato temporário ou por prazo deter-minado

Pela proposta, o número de parcelas do benefício a que o desempregado terá direito dependerá da quantidade de meses trabalhados. Receberá duas parcelas quem esteve empregado por 9 meses nos 12 anteri-ores ao fi m do contrato. Terá direito a três parcelas quem tiver trabalhado por 12 meses nos 18 anteriores.

Já quem trabalhou 15 meses nos 24 anteriores ao fi m do contrato terá direito a receber quatro parcelas. O período trabalhado não precisa ser contínuo.

Para o deputado Ricardo Izar, os trabalhadores com contratos por prazo determinado precisam ter direito ao benefício. “Grande parcela da popu-lação brasileira, constituída de traba-lhadores rurais, é privada de direitos

A Receita Federal regulamen-tou este mês a lei que sus-pende a cobrança de PIS e

Cofi ns da cadeia produtiva de aves e suínos. O benefício está em vigor desde janeiro, mas somente em maio o Diário Ofi cial da União publicou a Instrução Normativa que detalha o novo regime tributário, do milho e soja usado na ração dos animais até a venda dos dois tipos de carne no supermercado.

Pelo novo regime, as duas últi-mas etapas da cadeia produtiva - o frigorífi co e o supermercado - po-dem obter devoluções de PIS e Co-fi ns de forma presumida, sem a ne-cessidade de apresentação das notas fi scais dos insumos. Para os frigorí-fi cos, o crédito presumido é de 30% das aquisições. Para os supermerca-dos, o benefício equivale a 12%.

De acordo com o coordenador-geral de Tributação da Receita, Fer-nando Mombelli, os créditos foram concedidos de forma presumida para evitar que os frigorífi cos e os supermercados repassem aos preços os impostos cobrados sobre os in-sumos não agrícolas que não foram benefi ciados pelo regime especial. “Além do milho e da soja, o produ-tor de ração usa outros insumos que pagam impostos. O frigorífi co car-regaria outros insumos do produtor de ração se os créditos não existis-sem”, diz.

No caso dos supermercados, afi rma Mombelli, o crédito pre-sumido evita o repasse dos impostos cobrados pelas matérias-primas não agrícolas usadas pelos frigorífi cos. Ele esclarece que o percentual do crédito, no entanto, é menor que nos frigorífi cos porque a carne ven-dida no comércio tem maior valor agregado.

Isenção de COFINS para aves e suínos

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sociais básicos, situação que se agrava seriamente por ocasião do desem-prego”, argumenta.

Tramitação - A proposta, que tramita em caráter conclusivo, será analisada pelas comissões de Agricul-tura, Pecuária, Abastecimento e De-senvolvimento Rural; de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Finanças e Tributação; e de Constitui-ção e Justiça e de Cidadania.

Proposta idêntica (PL 7479/06) havia sido apresentada pelo pai de Izar (ex-deputado Ricardo Izar, morto em 2008). Essa proposta tramita apensada ao PL 3118/04, que aguarda votação na Comissão de Trabalho, de Administra-ção e Serviço Público. A

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.brSILVICULTURA

Foi encontrada pela primeira vez, na Baixada Cuiabana, uma bactéria que ataca as mudas de Eucalipto da espécie Eucalyptus urogran-dis em um viveiro localizado na estrada ve-

lha do Distrito da GuiaOs pesquisadores da EMPAER - Empresa Ma-

to-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural, Napoleão Silvino de Souza e Eliazel Vieira Rondon detectaram a doença Xanthomonas sp. que causa mancha angular nas folhas e pode determinar a morte da planta. A pesquisa agora é para recomen-dar o controle da doença e evitar a proliferação da bactéria.

No Estado o plantio de eucalipto chega a apro-ximadamente 50 mil hectares. Originário da Aus-trália, o eucalipto é utilizado para refl orestamento de áreas degradadas, produção de carvão, energia e ou-tros. A produção é de 35 metros cúbicos por hectare ao ano, considerada baixa em relação ao Estado de Minas Gerais, que produz até 60 metros por hectare/ano. Napoleão relata que para combater a bactéria é necessário usar variedades resistentes.

Ele explica que pesquisadores da EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária de-tectaram em 2010, a ocorrência de mancha foliar bacteriana em plantios comerciais de eucalipto com menos de um ano de idade, no município de Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá). Constatou-se nas fo-lhas da parte baixa da copa algumas manchas úmidas, angulares e translúcidas, posteriormente necróticas, com deformação do limbo foliar. Segundo Napoleão, nos testes bioquímicos já realizados pelo Instituto Biológico de São Paulo permitiu confi rmar que se trata de Xanthomonas axonopodis.

A bactéria já foi registrada em outros oito Es-

Doença no eucalipto é encontrada pela primeira vez na Baixada Cuiabana

tados, existindo indicações que essa doença esteja presente nas principais regiões com plantios de eu-caliptos no Brasil. O pesquisador Eliazel comenta que é comum encontrar as seguintes doenças, go-mose, cancro e pau-preto. A planta é vulnerável aos fungos que danifi cam o tronco do eucalipto. Conforme Eliazel, o híbrido urograndis é o mais plantado no Brasil. “Em alguns Estados estão cul-tivando mudas livres de doenças, produzidas em laboratórios de alta qualidade”, destaca Rondon.

As mudas foram coletadas e encaminhadas para o laboratório da Empaer, em Várzea Grande. Segundo Silvino, será feito as análises nas mudas para verifi car a incidência do ataque e em 15 dias, espera apresentar o método de controle da doença. “É importante alertar os viveiristas e produtores para minimizar os prejuízos causados pela bacté-ria”, ressalta Napoleão. (Fonte: Agroline)

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DESTAQUE

Empresário de Franca (SP) divulga criação de mini-animais em feiras e exposições pelo país

Empresário do ramo da cons-trução civil há quase uma década, mas com o coração inteiramente ligado à zona

rural, Cláudio Marcial de Souza - o Claudinho como é conhecido por to-dos - conquistou um espaço restrito a poucos. Juntamente com seu sócio, Ed-son Luis Paterniani, organizam há mais de uma década a “Fazendinha” - espaço que encanta crianças e adultos e reúne diversas espécies de animais em minia-

tura nas principais feiras e exposições agropecuárias do país.

“Tudo começou em Capetinga (MG), onde eu morava. Lá eu conheci um grande fazendeiro que criava pô-neis. A partir daí, tive vontade de ter um pônei. Já era um sonho de criança. Mas quando meu fi lho nasceu, eu dei um pônei de presente para ele. Neste mesmo ano, fui convidado a participar da EXPOAGRO de Franca (SP). Além do pônei, consegui emprestado

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alguns mini-bois e participamos da primeira exposição”.Com profi ssionalismo e visão empreendedora,

Claudinho cria espaços únicos que retratam o ambi-ente de uma fazenda em miniatura, realizando sonhos de fi lhos e pais. São pôneis, mini-pôneis (isto mesmo, mini!), mini-horses (o menor cavalo do mundo), mini-vacas, um mini-boi Nelore, mini-cabras, mini-porcos, mini-patos, mini-galinhas e uma mini-égua, que nasceu com 28cm. “É um sucesso! Temos hoje mais de 200 ani-mais, mas para as exposições levamos cerca de 40 deles”, explica Claudinho.

A Fazendinha conta ainda com animais adestra-dos e mansos, utilizados em apresentações artísticas, em fotografi as e em pequenos passeios nos recintos de ex-posições. Um destes cavalos é irmão do ‘Faísca’, do Beto Carreiro. A Fazendinha oferece, ainda, a locação de pô-neis e outros mini-animais para festas de aniversários.

Com todas estas atrações, a Fazendinha é requi-sitada com frequência para eventos agropecuários, o que faz o empresário fi car atento à agenda para atender aos convites dos diversos municípios de São Paulo e Minas Gerais, com destaque para Barretos (SP), Jaguari-úna (SP), Americana (SP) e na EXPOAGRO de Franca (SP), onde a Fazendinha realizou sua primeira partici-pação. “Para 2011, não temos mais datas. Quem tiver interesse, solicito que entre em contato em janeiro de 2012”, diz.

Mas não é somente na apresentação dos seus “mini-animais” em baias ou no desfi le montado, em pequenas carroças de mini-pôneis ou no pequeno carro-

de-boi que Claudinho se destaca. É na criação, é na obtenção dos animais e na seleção genética que faz com que os animais adultos tenham tamanhos ainda menores. “Minha vida é muito corrida e cansativa, por causa da empresa e da Fazendinha. Mas você não imagina o quanto é animador o brilho nos olhos de uma criança ao ver, ao tocar, ao montar um pônei”, fi naliza Claudinho.

O empresário Claudinho e Adriano Morais.

EM TEMPOA FAZENDINHA

Atividades Infantis - Tel. (16) 9123-6563 (Maristela) e 9253-6157 (Cristina)Venda de Animais - Tel. (16) 9123-6633 (Claudinho)Email: [email protected] - FRANCA (SP)

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Olivier Genevieve - presidente da ONG Sucre-Ethique e Professor na Es-cola de Comércio INSEEC. Lyon - Paris. [[email protected] / [email protected]]

O forró do preço internacional do barril de petróleo até a valsa do etanol brasileiro

artigo

Desde julho de 2008, na vés-pera de uma crise econômi-ca muito perto do índice do terremoto de 1929, nunca

o petróleo teve uma cotação tão alta. Quem paga a conta é o consumidor da Europa ou do Brasil, sobretudo numa montanha de impostos. A economia nunca teve tanta necessidade de e-nergia do que hoje em dia e o “ogro fi lantrópico” de impostos como o poeta mexicano Octavio Paz chama o Estado Providência.

Os Estados Unidos, escondidos por traz da França e da Inglaterra, atacaram a Líbia, ajudando o mercado - nervoso por natureza - a chegar a co-tar o petroleo até 180 euros. De fato, a oferta da Líbia “somente” cobre 4 % do mercado no qual a Arábia Saudita já assegurou que poderia fornecer o sufi -ciente, além de um Iraque que volta, pouco a pouco, a uma produção equi-valente a antes da invasão dos Estados Unidos com os seus aliados (no qual a França por motivos de dívidas tomada pelo regime de Saddam Hussein não quiz juntar-se). O mercado comporta-se como o touro de Fálaris no qual dos gritos dos inocentes saiam a música dos petrodólares.

O grande vilão do consumo de petróleo poderia ser a China por acu-mular nesde ano um crescimento de 10% ao ano. Mas com o Tsunami no Japão e a catástrofe nuclear, o segundo parceiro chines (após os Estados Unidos mas antes da União Européia) poderia não ser uma das saídas do “made in China”. Isso signifi ca que este aumento do petróleo no mercado internacional é por parte artifi cial e ajuda a resolver problemas de uma globalizaçao doente de uma procura que não está no encon-tro da oferta.

O petróleo foi uma “variável” de ajuste das economias nacionais no camin-ho da globalização em 1974, no chamado choque petroleiro” com a possibilidade de crescimento dos impostos em cima do preço do litro de gasolina.

Hoje serve, por isso também, porque nunca a economia foi tão “petróleo” (plásticos, fertilizantes...) . Nos anos 70, o Brasil consegue criar uma economia tam-bém a partir do etanol a fi m de libertar-se de parte do petróleo. Pelos mesmos moti-vos, no mesmo período, a França escolheu a energia nuclear como fonte de energia. Mas com a catástrofe de Fukushima, no Japão, talvez o Brasil fez a boa escolha por ser mais “seguro” e “renovável”

O motivo da subida do petróleo pode ser analisada por traz das fumaças das bombas da economia militarizada dos Es-tados Unidos, no qual a saída da crise de 1929 chegou defi nitivamente com a entra-das deles na Segunda Guerra Mundial, que trouxe uma economia sem desemprego. Uma das primeiras coisas da subida das bombas de gasolina é a taxação.

De fato, a grande maioria dos países desenvolvidos é desindustrializado com a delocalização e a oferta chinesa tem di-vivas abissais. Não tanto o Brasil, como a França ou a Ingla-terra por não falar dos Estados Unidos, tem uma dívida interna como externa, resultado de 60 anos de estado providência. O ogro tem fome… o petróleo o alimenta. O custo de um li-tro de gasolina custa de 3 a 4 vezes mais na França ou Inglaterra do que na Bolívia porque, “simplesmente”, o consumidor eu-ropeu tem mais recursos. A Bolívia como a França não produz petróleo, mas a Ingla-terra sim e dos três é na Inglaterra que o preço da gasolina é o maior.

Esta subida do petróleo tem uma im-pacto indireto, a corrida em cima do etanol ou seja das terras pelas multinacionais. Já

se planeja que em 2015 mais de 40 % da cana-de-açúcar serao contro-lados por capitais estrangeiros.

A Dilma viajou em abril deste ano para a China a fi m de, entre outros assuntos entre nações en-trando em primeiro plano mun-dial, de reclamar dos investimen-tos chineses no Brasil (ao redor de 14,5 milhões de dolares apesar de um real altíssimo) sabendo que o Brasil não tem tanta facilidade. Estes investimentos são, basica-mente, em cima de matéria-prima. A reclamação da Dilma é que a recíproca não é a mesma: A China continua fechada apesar de que o Brasil não esteja tão rico quanto outros países no qual a China tem uma política de protecionismo. É passível que a legislação endureça para os chineses em cima do acesso à terra e que os “vilões” países ricos estejam incluídos nesta onda “anti-estrangeiros”.

A abertura de mercado não sempre se faz de um modo pacífi co. Em 1853, os navios norte america-nos ameaçaram bombardiar a capi-tal Edo, no Japão Medieval, o que provocou a modernização do país com o período “Meij i” (1869-1912)e a ataque de Pear Harbor a 7 de dezembro de 1941. Este ataque foi a « ocasião » para os Estados Unidos de sair da crise ocorrida 12 anos atrás e que o « new deal » não tinha trazido todas as soluções ao desem-prego.

As “vítimas” de hoje po-dem ser os “culpados” de amanhã e como o provérbio africano fala “quanto os elefantes dançam, a grama sofre”.

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A 18ª AGRISHOW - Feira Internacional de Tecnolo-gia Agrícola em Ação, con-solidou entre os dias 2 e 6

de maio a sua vocação irradiadora de negócios do setor do agronegócio e difusora de tecnologia. A estimativa preliminar para o valor dos negócios realizados, feita por representantes de apenas dois dos três bancos com es-tandes na Feira, é de R$ 1 bilhão, o que atende as expectativas dos expositores e organizadores.

São essas instituições fi nanceiras (Banco do Brasil, Bradesco e Santan-der) que atuam como intermediadores da quase totalidade dos negócios rea-lizados durante o evento, na maioria das vezes fi nanciados por agentes de fomento ofi ciais, O então presidente da AGRISHOW, Cesário Ramalho, disse que a feira refl etiu a “musculatura” do agronegócio brasileiro.

Realizada no Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico do Centro-Leste/Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto (SP), a AGRISHOW 2011 atraiu cerca de 146 mil visitantes, a maioria constituída por produtores rurais, técnicos qualifi cados e pesqui-sadores. Foi a maior e mais abrangente edição já realizada, com mais de 1 mi-lhão de metros quadrados de área. A área de exposição estática ocupou 180 mil metros quadrados, onde se insta-laram 765 expositores nacionais e in-ternacionais, com representantes de 45 países. Os campos de demonstrações ocuparam 100 hectares, destinados a exibir equipamentos em plena ope-

AGRISHOW: negócios superam R$ 1 bilhão EVENTOS

ração e práticas de colheita e plantio - durante quatro dias foram apresen-tadas 800 dinâmicas com máquinas e equipamentos e técnicas de cultivo.

A 18ª AGRISHOW ocorreu num momento oportuno por causa dos bons resultados alcançados na safra 2010/11, com a colheita recorde de 157,4 mi-lhões de toneladas de grãos, volume 5,5% maior do que no ciclo anterior. O valor da produção das 20 maiores la-vouras do País deve chegar a R$ 193,2 bilhões, 7,3% mais que no ciclo an-terior, o que contribuiu para aquecer os negócios para a compra e venda de máquinas, implementos, equipamen-tos para o benefi ciamento de produtos agrícolas, além de tratores, produtos que reúnem a mais apurada tecnologia, muitas delas até então inéditas.

O ex-presidente da AGRISHOW, Cesário Ramalho, ressaltou ainda a ex-pressão que o evento adquiriu este ano, do ponto de vista político. Para ele, a presença de inúmeras autoridades re-afi rma a importância do evento, hoje considerado o centro do agronegócio brasileiro, a vitrine desse setor no País. “Além do governador de São Paulo, tivemos a presença de três ministros, o que revela a dimensão dessa Feira”, afi rmou Ramalho referindo-se à pre-sença dos ministros da Agricultura, Wagner Rossi; do Desenvolvimento Agrário, Afonso Bandeira Florence; e da Integração, Fernando Bezerra, além do governador de São Paulo. Estiveram

presentes ainda cinco ministros da A-gricultura de países da América do Sul (Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile e Bolívia. Geraldo Alckmin aproveitou sua visita à AGRISHOW para assinar o contrato de cessão da área da Fazenda Experimental, que pertence ao Estado, por mais 30 anos a partir de 2014. Se-gundo o governador, a assinatura do contrato traz segurança jurídica ao evento que tantos benefícios propor-cionam ao produtor agrícola e ao País.

Para o próximo biênio, a AGRISHOW vai ser comandada por um ribeirãopretano. Maurílio Biagi Filho, nascido em 1942, iniciou com prestígio sua carreira na Usina Santa Elisa, passou pela Refrescos Ipiranga Coca-Cola e atualmente acumula as funções de presidente do conselho da Usina Moema Açúcar e Álcool; dire-tor da Usina Uroeste; e presidente do Comitê de Agroenergia e de Biocom-bustíveis da Sociedade Rural Brasileira.

De acordo com Cesário Ramalho, Maurílio Biaggi Filho é um autêntico empresário do agronegócio. “É uma personalidade do setor, com raízes na atividade, o que garante a continui-dade do trabalho desenvolvido nos úl-timos anos.” Ramalho diz que deixa o cargo gratifi cado, com sentimento do dever cumprido. Na sua opinião, foram muitas as conquistas alcançadas du-rante o seu mandato. A principal foi a consolidação da Feira, explicou.Maurilio Biagi Filho, novo presidente da

AGRISHOW, a partir deste ano.

Colheitadeira de café da JACTO, destaque do setor durante a 18ª AGRISHOW.

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