edição 59 - revista de agronegócios - julho/2011

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Edição 59 - Revista de Agronegócios - Julho/2011

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Colheita de café avança no paíse-mails

JOSÉ HUMBERTO LOPESCafeicultor. Ribeirão Preto (SP). “Gos-taria de alterar o meu cadastro para con-tinuar a receber essa revista.”.

GONÇALO DOS REIS SALGUEIROAgricultor. Batatais (SP). “Gostaria de continuar recebendo a revista, pois trata-se de um conjunto de matérias muito inter-essante, além de podermos acompanhar os produtos dos anunciantes”.

BENVINDA GERALDA DA SILVAEstudante de Agronegócios. Sacra-mento (MG). “Solicito o meu cadastro para receber gratuitamente a Revista At-talea Agronegócios. Além de estudante de agronegócios, trabalho na NET TEL, empresa voltada à telefonia e internet de qualidade e de custo baixo para o produ-tor rural”.

GIOVANA TRANDAFILOVEmpresária. Campinas (SP). “Gostaria de conhecer melhor a Revista Attalea Agronegócios. Solicito cadastro. A CRODA é uma empresa do ramo do agronegócio, fabricante de matéria-prima para o setor, especialmente para a aplicação de defen-sivos agrícolas (dispersantes, surfactantes e adjuvantes).

LUIZ DONIZETTI FERREIRA JR.Engº Agrônomo. Uberlândia (MG). “Sau-dações. Dia desses, realizando consultoria em uma propriedade de um cafeicultor me deparei com um exemplar da Revista At-talea Agronegócios. Gostei muito do con-teúdo e gostaria de saber como eu faço para assiná-la. Abraços”.

EDITORIAL

Próximo do fi nal do mês de julho, a colheita do café avança em todas as

regiões produtoras do Bra-sil. De acordo com a Agência Safras, a estimativa é de que mais de 60% do café já foi colhido.

E uma característica é iminente. A mecanização da colheita avança rapidamente em todas as áreas. É claro que depende da geografi a de cada região, mas se a operação de colheita não é viável, a mão de obra já foi substituída em outras operações cotidianas da cultura.

A tendência para um futuro próximo é de que as enormes equipes de traba-lhadores na lavoura de café não mais existam. Assim como fi caram no passado remoto imagens do trabalho escravo do negro africano e dos imigrantes japoneses e italianos.

Publicamos nesta e-dição inúmeros eventos que envolvem a cultura do café na Alta Mogiana e Triângulo Mineiro.

Na silvicultura, tra-balho interessante sobre a incidência da Ferrugem tam-bém na cultura do Eucalipto.

Boa leitura a todos!

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1 - Pesquisador do Centro de Mecanização e Au-tomação Agrícola do IAC. (CMAA) - Endereço: Rod. Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, km 65, Jundiaí-SP C. Postal 26, CEP 13201-970. E-mail: [email protected]

Por que lubrifi car máquinas agrícolas?Antonio Carlos Loureiro Lino 1

A lubrifi cação é um dos prin-cipais itens de manutenção de máquinas agrícolas. O desenvolvimento da agri-

cultura brasileira está, sem dúvida, ligado à modernização dos meios de produção, com a utilização de insumos modernos que multiplicam a nossa ca-pacidade de produzir alimentos e fi bras a preços competitivos.

O setor de máquinas agrícolas é um dos que sofreu maior evolução nos últimos anos, com a incorporação de tecnologia antes restrita ao setor auto-motivo.

Os modernos tratores, colhedoras e implementos agrícolas se tornaram máquinas sofi sticadas e de alto desem-penho, exigindo para o seu uso efi ci-ente lubrifi cantes de alta qualidade que respondam bem à crescente severidade dos serviços a que estão sujeitos estes

equipamentos.A lubrifi cação, é um dos princi-

pais itens de manutenção de máquinas agrícolas e deve, portanto, ser entendi-

da e praticada para conservá-las e man-ter o rendimento delas, aumentando a vida útil das mesmas. De modo geral, os componentes das máquinas agríco-las que necessitam lubrifi cação

A falta de cuidados com a troca e manutenção dos óleos lubrifi cantes provoca danos consideráveis nas engrenagens e motores de máquinas agrícolas

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MÁQUINASsão: mancais de atrito, mancais de rola-mento, eixos sem fi m, eixos telescópi-cos, engrenagens, correntes, pistões, juntas universais e bombas.

O que são Lubrifi cantes? - Quan-do as superfícies dos componentes de algum tipo de máquina se movem em contato uma com as outra, produzem a fricção ou atrito, e esta gera calor e causa desgaste. O lubrifi cante é uma substância colocada entre estes compo-nentes em movimento para reduzir a fricção e proporcionar o deslizamento suave e fácil, um contra o outro, com o mínimo desgaste e mantendo a tem-peratura normal.

Os lubrifi cantes tem por fun-ção:- Reduzir a fricção e o desgaste das peças; Diminuir o calor gerado pela fricção das peças; Auxiliar na refri-geração, no caso dos motores; Auxi-liar a vedação ou perda de pressão dos motores; Evitar a entrada de impure-zas nos mancais; Fazer a limpeza das peças; Proteger contra a corrosão; e Transmitir força e movimento através de cilindros hidráulicos.

Há três tipos de lubrifi cantes: os lubrifi cantes líquidos, que são os óleos lubrifi cantes, os lubrifi cantes pastosos que são as graxas e os lubrifi cantes sóli-dos.

Os lubrifi cantes sólidos são uti-lizados em equipamentos que tra-balham em altas temperaturas, sendo portanto de pouco interesse para as máquinas agrícolas. Em certos ca-sos são misturados com lubrifi cantes líquidos e pastosos para melhorar sua resistência ao calor gerado pelo atrito entre superfícies.

Como exemplo de lubrifi cantes sólidos podemos citar o talco, a grafi te e o bissulfeto de molibdênio. Na agri-cultura, a grafi te é utilizada na lubri-fi cação no depósito de sementes das semeadoras, com a fi nalidade de di-minuir os danos mecânicos nas semen-tes e as falhas de colocação das semen-tes no solo.

Os lubrifi cantes líquidos, também conhecidos como óleos lubrifi cantes, são os mais usados em máquinas agrí-colas. Estes lubrifi cantes podem ser de três tipos de origem ou bases diferen-tes: orgânica , mineral e sintética.

Os óleos lubrifi cantes de origem orgânica, são feitos a partir de gorduras animais e vegetais, e hoje não são mais utilizados como lubrifi cantes, mas,

como é o caso do óleo de mamona, como aditivo para melhorar as quali-dades de alguns tipos de óleo.

Os óleos lubrifi cantes de base mineral, são extraídos do petróleo e são os óleos mais usados em tratores e máquinas agrícolas.

Já os óleos lubrifi cantes de base sintética foram desenvolvidos em laboratório, a partir de substâncias químicas, especialmente desenhadas para conferirem características de vis-cosidade superiores às dos óleos mi-nerais, porém com custos de fabricação bem mais elevados que os dos óleos minerais. Por isso tem se tornado co-mum a mistura dos dois tipos , que é chamado de óleos lubrifi cantes de base mista, que é utilizada para formular lu-brifi cantes de elevada qualidade.

Os lubrifi cantes pastosos são co-nhecidos como graxas (palavra esta que se origina do latim “crassus” ou “gras-sus”, que signifi ca gordura); são utiliza-dos em locais onde os óleos (líquidos) não conseguem parar para fazer uma completa lubrifi cação.

As graxas são feitas pela mistura de um óleo lubrifi cante (de base mine-ral ou sintética) e de uma substância encorpante, chamada de agente es-pessante, e tem como função reduzir o atrito, o desgaste, o aquecimento e proteger contra a corrosão.

Características Importantes: - al-gumas características dos óleos lubrifi -cantes são extremamente importantes para a escolha e uso adequado dos mes-mos.

A viscosidade é considerada a propriedade mais importante dos óleos lubrifi cantes, ela mede a difi cul-dade com que um líquido escoa ou escorre. Quanto mais viscoso for um lubrifi cante (mais grosso), mais difícil de escorrer, portanto será maior a sua capacidade de manter-se entre duas peças móveis fazendo uma melhor lu-brifi cação das mesmas. Quanto menos viscoso for um óleo lubrifi cante, mais rapidamente ele quando bombeado chegará aos locais nos deve fazer a lu-brifi cação, porém terá difi culdades de manter-se lá.

Ao utilizarmos um óleo muito viscoso (muito “grosso”), nas manhãs frias, ele terá difi culdade de chegar às áreas que necessitam ser lubrifi cadas, provocando um desgaste maior do motor. Se utilizarmos um óleo pouco viscoso (muito “fi no”), quando o motor aquecer ele escoará com muita facili-dade, prejudicando também a lubrifi -cação e aumentando o desgaste do mo-tor.

A escolha da viscosidade correta para as temperaturas de trabalho é im-portante, pois um óleo tem que pro-porcionar adequada lubrifi cação em todas as estações do ano.

A viscosidade dos lubrifi can-tes não é constante, pois varia com a temperatura. Quando se eleva a tem-peratura de um óleo lubrifi cante a sua viscosidade diminui, e quando a sua temperatura diminui ele fi ca mais vis-coso.

Esta variação da viscosidade em função da temperatura não ocorre

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em todos os óleos da mesma maneira. Alguns óleos fi cam menos viscosos mais rapidamente que outros. O Índice de Viscosidade (IV) mede a variação da viscosidade com a temperatura; quanto mais alto este índice, menor será a in-fl uência da temperatura sobre a viscosidade. Isto indica que este óleo é menos viscoso (“grosso”) em manhãs frias e mais viscoso em dias quentes, quando comparado a um óleo com Índice de Viscosidade menor. Portanto um óleo com maior Índice de Viscosidade irá proteger melhor o motor contra o desgaste.

Outra característica importante é a Densidade, pois ela indica o peso de uma cer-ta quantidade de óleo a uma certa temperatura; isto pode nos indicar se houve contam-inação ou deterioração de um lubrifi cante. Por exemplo se um óleo for contaminado por água, aumentará a densidade do óleo.

O Ponto de fl uidez é a temperatura na qual o óleo pára de fl uir ou escorrer, isto é congela, é muito importante para regiões sujeitas a inver-nos rigorosos, o que não é o caso da grande maioria do território nacional

O Poder lubrifi cante se refere unicamente às pro-priedades redutoras do atrito interno dos óleos que traba-lham em serviços severos, tais como em motores diesel de alta rotação e cargas elevadas.

Para melhorar alguma qualidade já existente nos óleos lubrifi cantes, porém em grau insufi ciente, ou confer-indo-lhes outras que ele não possua, especialmente quan-

do o lubrifi cante é submetido a condições severas de trabalho, isto é, para aumentar a sua efi ciência, são adicionados aos mesmos substâncias chamadas de aditivos.

Seus objetivos e fi nalidades e, con-seqüentemente, seus mecanismos de ação são muito variados.

Os principais tipos de aditivos são:- a) - ANTIOXIDANTES: reduzem a oxi-

dação do lubrifi cante em contato com ar; b) - ANTICORROSIVOS: protegem as

partes do ataque de contaminantes ácidos dos óleos lubrifi cantes;

c) - DETERGENTES DISPERSANTES: mantêm as superfícies metálicas limpas e evitam a formação de borras nos óleos lu-brifi cantes;

d) - AGENTES DE EXTREMA PRESSÃO (EP ou HD): formam uma ca-

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mada protetora resistente que protege as peças do contato metal contra metal;

e) - MELHORADORES DO ÍNDICE DE VISCOSIDADE: diminuem a variação da viscosidade com a temperatura;

f) - ABAIXADORES DO PONTO DE FLUIDEZ: evitam que o óleo se congele;

g) - ANTIESPUMANTES: evitam a formação de espuma; h) - ANTIFERRUGEM: protegem da ferrugem as peças

feitas de metais ferrosos; i) - AGENTES EMULSIFICANTES: tornam os óleos

emulsionáveis (erradamente ditos “solúveis”) em água.

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EVENTOS

O Sindicato dos Produtores Rurais de Passos (MG), numa parceria com a Pre-feitura, Banco do Brasil,

EMATER, CREDIACIP, CASMIL e Vante Internet, vai promover nos dias 10, 11 e 12 de agosto deste ano, a 3ª SINAGRO – Feira Regional de Agronegócios.

“A intenção é reunir produtores e fornecedores em só local, com o objetivo de fomentar o agronegócio, num momento favorável para isso”, diz Leonardo Medeiros, presidente do Sinrural. Os organizadodes estão mobilizados para atrair pelo menos 80 empresas, que ocuparão stands que vão dos 12 m² até áreas com 220 m². “A aceitação tem sido muito boa e já con-tamos com diversas empresas de outras cidades que aderiram à feira”, informa

SINRURAL de Passos (MG) realiza em agosto a 3ª SINAGRO

Arnaldo Maia. Já está acertado contrato de espaços com todas as em-

presas de revenda de tratores, equipamentos e implementos. “Eles estão preparando as ofertas para fazer negócios na feira com diferencial de preços”, explica Anselmo Figueiredo, um dos responsáveis pela coordenação de equipe de vendas. Empresas concessionárias de veículos também já reservaram espaços, como a Auto Passos, Mitsubishi, Peugeot, estas últi-mas de Franca e Iveco, de Pouso Alegre.

Negociam a Sancar, Sovemar e Auto Oeste. “A feira começa ganhar um contorno importante de adesão E isto num curto espaço de tempo”, avalia Leonardo Medeiros. “As empresas estão acreditando e quem for vai fi car surpreso com a mobilização que está sendo feita para atrair consumi-dores”. Algumas prefeituras já assumiram que vão disponibi-lizar ônibus para trazer produtores para a visitação nos dias

do eventoNa reunião com as associações de produtores rurais

de Passos para debater temas relacionados a 3ª SINAGRO – Feira Regional de Agronegócios com o Sinrural, todas man-daram representantes. Também participaram do encontro o gerente geral do Banco do Brasil, Lanário José da Silva e o da Emater, Edson Gazeta. “É importante que a gente se reúna aqui e mostre a todos a importância da feira”, disse Leonardo no encontro.

Ele destacou que quando foi realizada a primeira feira, Passos era superado em captação de recursos para investi-mento no agronegócio por diversas cidades. “Tínhamos pou-cos fi nanciamentos naquela época. Já com a feira de 2005 atingimos R$ 3 milhões”, lembrou.

Atualmente o fi nanciamento via recursos disponibili-zados pelo Banco do Brasil já atinge R$ 9 milhões. “Que-

remos aumentar este nível de in-vestimento no agronegócios porque estaremos fi nanciando o desenvolvi-mento da vocação natural da região”, avalia Lanário José da Silva, gerente geral do Banco do Brasil.

Lanário informou que o Banco do Brasil vai montar uma infraestru-tura especialmente para atender na 3ª SINAGRO. “Vamos trabalhar de forma permanente estande a estande, mos-trando as linhas de crédito, oferecendo orientação para que produtores façam cadastros, elaborem projetos e os for-necedores tenham condições de viabi-lizar seus negócios com mais agilidades, benefi ciando todos os envolvidos”, disse.

Por outro lado, Edson Gazeta, ge-rente geral da EMATER,

Da esquerda para a direita: Renato Andrade (subsecretário de Políticas Urbanas); José Eustáquio do Nascimento, o ‘Taquinho’ (presidente da CREDIACIP); Deputado Cássio Soares; e Leonardo Me-deiros (presidente do SINRURAL).

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lembrou que a feira é o local adequado para se fechar negó-cios, mas é também “um momento de crescimento do setor no que diz respeito a novos conhecimentos, transferências de tecnologias e formas de gestão”, afi rmou. Para Gazeta, o SINRURAL teve uma iniciativa correta “ao decidir promo-ver a feira, porque esta é uma forma de estimular a produção e também de discutir formas novas e mais adequadas de gestão e uso da prorpriedade”, disse

Associações Rurais - Para Luiz Carlos Medeiros, da As-sociação Rural São João, a 3ª SINAGRO vem no momento certo porque vai “ajudar o produtor diminuir a burocracia e facilitar o acesso ao crédito e novas tecnologias”, afi rmou. Opinião semelhante a de Terezinha Alves de Oliveira, que representou a Associação Boa Vista na reunião.

Welvis Patrick do N.Novaes, representante da Asso-ciação Rural Santa Luzia, disse que a feira deve estimular o produtor a trabalhar a propriedade como empresa e que precisa ter objetivo “de fi xar as pessoas no campo, porque o exôdo rural está muito grande e precisamos encontrar uma forma de fazer com a mão de obra para o campo seja for-mada, já que ela anda escassa”, ressalvou

Da Mumbiquinha, Adilson Vieira do Lago, disse que é importante a realização da feira, “porque o produtor espera sempre por novidade, apoio para ter acesso mais rápido ao crédito e também para adquirir novos conhecimentos”, afi r-mou. Teresa Rosa Silva, da Mumbuca, bem tem o mesmo ponto de vista.

Já para Simone Lopes, da Secretaria de Assistência So-cial, a feira, ao propor discutir a economia solidária, trans-formou-se numa “feira inclusiva, porque permite uma dis-cussão que envolve outros segmentos da comunidade”, por isso a Secretaria vai levantar formas de levar experiência de

sucesso nesta área, como acontece em Guapé (MG), Carmo do Rio Claro (MG) e Conceição da Aparecida (MG).

Mobilização - No lançamento do Plano de Mídia, que aconteceu no dia 20 de junho, o deputado estadual Cássio Soares e o subsecretáro de Políticas Urbanas do Estado de Minas, Renato Andrade estiveram presentes e deram apoio à realização da feira. Renato Andrade, afi rmou o seu apoio à realização da Feira, e complementou a fala de Edson Gazeta, gerente regional da Emater, que dissera um pouco antes que Elmiro Alves, Secretário de Estado da Agricultura Pecuária e Abastecimento já teria garantido sua presença na abertuta do evento, dia 10. Para Renato a feira um “momento especial para que haja intercâmbio entre produtores e os fornece-dores de insumo, equipamentos, implementos e novas téc-nicas para melhorar a produção”, disse.

O deputado estadual Cássio Soares disse que a feira de agronegócio é importante porque “fomenta a produção e amplia o olhar para outros segmentos como o turismo rural e a proucção artesanal”. Ele também afi rmou que vai somar forças com Renato Andrade para tentar trazer o governador Antonio Anastasia ao evento.

Leonardo Medeiros avalia que a partir de 18 de julho, todos os “movimentos devem estar voltados para mobilizar os produtores e o público em geral para participarem do evento e a repercussão que temos tido até agora mostra que a 3ª SINAGRO será um sucesso”, fi naliza.

EM TEMPO3ª SINAGRO - Feira Regional de Agronegócios de Passos

Parque de Exposições “Adolfo Coelho Lemos”, Passos (MG).INFORMAÇÕES = (35) 3529-2654 / (35) 9199-8050 (Anselmo)

www.feirasinagro.com.br

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Trabalhando em uma fazenda de gado de leite norte-americana

Além de dar um impul-so para incrementar a carreira, uma viagem de intercâmbio amplia

os nossos horizontes, muda a forma de ver o mundo e nos faz encarar os desa-fi os e situações que aparecem em nos-sas vidas com mais maturidade. Muitos são os ganhos, a começar pelo cresci-mento pessoal e profi ssional

Um ano após o término da minha graduação em Medicina Veterinária decidi fazer um intercâmbio no intuito de obter uma experiência internacio-nal de trabalho. Para isso, optei por conhecer o modo de produção de leite e o padrão de ensino superior da maior economia do mundo. Ao chegar aos Estados Unidos, mais precisamente no estado de Illinois, fui diretamente para a fazenda Golden Oaks Farm, onde tra-balhei durante seis meses no manejo de bezerros e controle da qualidade do leite. O estado está localizado na região centro-oeste do país, sendo a agricul-tura e a pecuária importantes fontes de renda, principalmente a produção de milho, soja, trigo e leite. De acordo

Débora Brito Goulart - Médica Veterinária, formada pela UFMG. ([email protected])

artigo

com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, nota-se que desde 1960 o número de fazendas em Illinois caiu de 130.000 para 7.200. Entretan-to, o tamanho das mesmas aumentou muito devido principalmente à melho-ria dos equipamentos de produção e à qualidade dos fertilizantes. Os doutores Blowey e Edmondson, em seu livro intitulado “Mastitis Control in Dairy Herds”, descrevem que o número de vacas nas fazendas leiteiras dos Estados Unidos continua a diminuir em cerca de 1% ao ano, mas isto tem sido mais do que compensado por um aumento de aproximadamente 2% na produção de leite por vaca por ano.

A propriedade está localizada em Wauconda, uma vila situada à uma hora de Chicago, terceira cidade mais populosa dos Estados Unidos e pos-suidora da arquitetura mais infl uente do país. Fundada em 1948 por Henry Crown, Golden Oaks Farm possui 566.500 hectares de terras agrícolas utilizadas principalmente para o cul-tivo de forragem de alfafa e silagem de milho. O rebanho é constituído por

1.300 animais, sendo 800 vacas em lac-tação e 500 animais que ainda não en-traram no ciclo reprodutivo. O seleto plantel é formado por vacas holandesas confi nadas em sistema free stall. De to-dos os animais da propriedade, há um total de 700 animais registrados na As-sociação de Criadores da Raça Holan-desa dos Estados Unidos. Um rigoroso cuidado com a saúde, nutrição e insta-lações criam as condições ideais para se produzir um leite de alta qualidade.

O principal objetivo da fazenda é a produção auto-sustentável de um leite de qualidade superior. Os animais são ordenhados três vezes ao dia em uma sala de ordenha padrão espinha de peixe suspenso, para 12x12 animais. A produção de leite é responsável por 80 a 90% do lucro da propriedade, sendo a maior parte destinada ao laticínio Grande Cheese, situado no estado de Wisconsin. A indústria é especializada na produção de queij os italianos, como Mozzarella, Provolone e Parmesão.

Outro foco da propriedade é de-senvolver e aprimorar a genética de seus animais. Touros, fêmeas e em-briões de elevado valor genético são vendidos em todo o mundo, sendo a genética responsável por 10 a 20% do lucro da fazenda. O preço dos em-briões varia de U$200 a U$2.000, sen-do exportados para a Europa, Japão e América do Sul. A propriedade adota programas que contemplam a visita semanal de um veterinário especiali-zado, uso de protocolos de sincroniza-ção e Inseminação Artifi cial em Tempo Fixo (IATF). Os excelentes resultados propicia um menor intervalo entre partos, maior número de vacas em lac-tação e de bezerras nascidos por ano. Por meio da técnica da Insemi-

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LEITEnação Artifi cial, que é feita em 100% de suas fêmeas, acasaladas com os me-lhores touros. É feita uma avaliação rigorosa das principais característi-cas a serem melhoradas, com foco no aumento da produtividade, melhores úberes e maior sanidade e longevidade dos animais, o que garante a produção de bezerras geneticamente diferencia-das. Golden Oaks Farm possui também um intenso programa de transferência de embriões, utilizando a técnica da Fertilização In Vitro (FIV).

Durante os trinta dias que ante-cedem o parto, as vacas permanecem na maternidade, num ambiente limpo, onde se procura oferecer o maior con-forto possível, evitando medidas de manejo que possam causar qualquer tipo de perturbação às vacas no peri-parto. Existe também uma atenção es-pecial à nutrição destes animais, que recebem uma dieta balanceada espe-cifi camente para esta fase, respeitando suas exigências e os desafi os vividos neste período.

Imediatamente após o nascimen-to, os animais têm o umbigo curado com iodo a 7%, recebem o colostro e marcação com brinco. Um completo calendário de vacinações é feito nesta fase com o objetivo de garantir maior saúde e desempenho às bezerras, além de maior produção de leite nas vacas. Após receberem o colostro, os animais são criados inicialmente em casinhas individuais por 60 a 90 dias recebendo 4 litros de leite integral 2 vezes ao dia, além de concentrado e água à vontade.

Até a primeira semana de vida, são alimentados apenas por leite e água limpa e de boa qualidade e, logo após completarem o ciclo da primeira sema-na, começavam a receber concentrado duas vezes ao dia. Atualmente, a fazenda possui cerca de 100 postos para bezer-ras em aleitamento. Ao atingirem dois a três me-ses de idade, as bezerras são direcionadas aos cur-rais com outros animais.

A desmama ocorre aos 70 dias nas bezer-ras que atingem o peso

mínimo de 70 Kg. Os animais recebem uma dieta completa à base de silagem de milho, concentrado e minerais. Esta transição é feita de forma gradativa, permitindo a adaptação dos animais à dieta total que é constituída basica-mente por volumoso e concentrado.

A ordenha é feita três vezes ao dia sendo ordenhadas 800 vacas, per-fazendo uma produção total de mais de 30.000 litros diários. Antes da ordenha, é feita a limpeza dos tetos dos animais e o teste da caneca de fundo escuro para detecção de possíveis casos de mastite clínica. Em seguida, é realizado o pré-dipping, para desinfecção dos tetos, prevenindo a mastite ambiental, e a colocação das teteiras. Após a ordenha, é feito o pós-dipping com iodo com o objetivo de prevenir a disseminação de agentes contagiosos entre os animais. O processo de limpeza e desinfec-

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LEITEção dos equipamentos de ordenha é feito automaticamente, sendo feita também a manutenção periódica dos mesmos.

No intuito de controlar a in-cidência de mastite, é realizado o trata-mento de todos os quartos durante a secagem, tratamento imediato de todos os casos clínicos e descarte de vacas com infeção crônica. A proprie-dade realiza o monitoramento mensal e individual das vacas na contagem de células somáticas (CCS) e a avalia-ção dos demais critérios de qualidade como proteína, CMT e sólidos totais, objetivando manter a produção de leite de alta qualidade, dentro dos padrões exigidos pelo consumidor. Os animais recém-paridos e que estão em trata-mento com antibióticos são manejados em lotes separados, a fi m de facilitar o tratamento da infecção e monitora-mento dos índices de cura.

Um fato interessante é que o De-partamento de Agricultura dos Estados Unidos disponibiliza a classifi cação dos progenitores de acordo com a Capaci-dade Prevista de Transmissão de CCS, o que permite que os criadores de tou-ros ou reprodutores possam agora se-lecionar os animais com base em sua capacidade de gerar animais com taxas mais baixas de mastite.

As estratégias da propriedade para diminuir o estresse térmico têm como meta oferecer alívio às vacas leiteiras, para: manter o consumo de alimentos, evitar perdas na produção de leite e minimizar a mastite e ou-tros problemas ligados à saúde. Os métodos usados para minimizar os efeitos do estresse térmico consistem de: disponibilização de sombreamento adequado, em conjunto com aspersores e ventiladores ligados à sistemas de

resfriamento por evaporação, forneci-mento de água fresca e limpa para con-sumo, aumento da densidade da ração através do fornecimento de forragens de alta qualidade além da implementa-ção de gorduras protegidas e aumento das concentrações de potássio, sódio e magnésio na ração.

Como as vacas ingerem menos forragens durante o calor, é necessário fornecer forragens com maior diges-tibilidade no verão. Para isso, as dietas totais (TMR, do inglês Total Mixed Ra-tions) ajudam a manter o consumo de forragens em níveis desejáveis na pro-priedade.

Apesar da crise que vem assolan-do a economia norte americana, a pro-priedade está conseguindo atingir as suas metas de produção principalmente graças ao trabalho em equipe. O traba-lho em equipe desempenha um papel fundamental na execução do trabalho

estruturado, sendo que os funcionários têm um papel fundamental na imple-mentação de mudanças bem como na melhoria da efi ciência e da qualidade. As reuniões para discutir os resultados de produção são realizadas mensal-mente, sendo solicitada a intervenção de cada funcionário, gerando uma va-riedade de opiniões, o que certamente não seria possível se somente a gerên-cia ou alguns funcionários estivessem envolvidos. Consequentemente, lucros maiores são alcançados como resultado da melhoria da qualidade.

Gostaria de expressar meus sin-ceros agradecimentos à propriedade Golden Oaks Farm por ter me recebido de uma maneira tão aconchegante. Também agradeço especialmente ao professor Aluízio Borém pela bela oportunidade e aos professores da Es-cola de Veterinária da UFMG pelo in-centivo. A

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Reduzir riscos, melhorar o planejamento da lavoura e aumentar a renda dos agri-cultores familiares. Com es-

ses objetivos, a adesão ao Seguro da A-gricultura Familiar (SEAF), executado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio da Secretaria de Agricultura Familiar (MDA/SAF), é realizada mediante apresentação de análise de solo para a agricultores fa-miliares que contratarem fi nancia-mentos do Programa Nacional de For-talecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para custeio acima de R$8 mil a partir da Safra 2011/2012.

Até a safra passada esse procedi-mento era necessário para as operações acima de R$ 12 mil. Agora, os produ-tores familiares que contratarem ope-rações de custeio agrícola amparadas pelo SEAF ou pelo Proagro Tradicio-nal, acima de R$8 mil, terão que apre-sentar ao banco fi nanciador análise química e granulométrica do solo cor-respondente à área do plantio no mo-mento da contratação do crédito.

Para o coordenador do SEAF, José Carlos Zukowski, as informações visam orientar o agricultor no plane-jamento de sua lavoura, melhorando a efi ciência, reduzindo riscos e au-mentando a renda.

“O objetivo da mudança é pro-mover o uso de tecnologias que pro-porcionem melhores condições para o desenvolvimento das lavouras e a ini-ciativa se insere em um contexto maior da conservação e manejo adequado do solo”.

Procedimentos - O primeiro pas-so para o agricultor fazer sua análise de

Análise de solo vai benefi ciar mais agricultores familiares a partir da Safra 2011/2012

solo é buscar orientação para realizar corretamente a coleta de amostras. A coleta de amostra deve observar pro-cedimentos técnicos específi cos, para que represente a realidade da área cultivada. É importante contar com a orientação de um engenheiro agrôno-mo ou técnico agrícola, que também poderá fazer as recomendações para uso de insumos, pois o agricultor tam-bém deverá entregar ao banco a reco-mendação de uso de insumos, junta-mente com as análises de solo.

Poderão ser aceitas análises químicas de solo de até dois anos e análises granulométrica (textura do solo) com até dez anos. A análise química é importante para verifi car a necessidade de adubação e calagem. A medida pode aumentar a produtivi-dade da lavoura, reduzir o desperdício e os gastos desnecessários com insu-mos. Já a análise granulométrica per-mite orientar sobre o tipo de insumo a ser usado e forma de aplicação e tam-bém verifi car a capacidade de retenção de água para efeito de enquadramento no Zoneamento Agrícola, no SEAF e

no Proagro. Para saber mais sobre pro-cedimentos da análise de solo acesse o folheto eletrônico disponível na página do SEAF, na SAF/ MDA, em: www.mda.gov.br/portal/saf/programas/seaf

A exigência da análise de solo para operações de crédito de custeio para a agricultura familiar foi origi-nalmente aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em julho de 2007 (Resolução nº 3.478). Sua implementação foi escalonada pelas resoluções do CMN (nº3598/2008, 3614/2008 e 3747/2009), que estabele-ceram a análise de solo para operações acima de R$ 12 mil na safra 2009/2010. Com a nova decisão do CMN, a exigên-cia de análise de solo para o novo piso de R$8 mil para operações passa a valer para a safra 2011/12, que se inicia em 1º de julho de 2011.

SEAF - O SEAF cobre até 100%

do valor fi nanciado no custeio agrícola do Pronaf e mais uma parcela de renda de até 65% da Receita Líquida Espe-rada do Empreendimento (RLE), limi-tada a R$3.500,00 na safra 2010/2011. A indenização é proporcional à perda, que deve ser maior do que 30% da RLE.

Os agricultores familiares que utilizam as linhas de investimento do Pronaf também podem acessar o se-guro. O SEAF Investimento é faculta-tivo. O seguro de investimento pode amparar o valor correspondente a diferença entre 95% da Receita Bruta Esperada do Empreendimento (RBE) e o valor já segurado no custeio, até o má-ximo de R$5.000,00 para cada uma das operações.

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Campagro e BASF realizam palestra e reforçam apreocupação com doenças fúngicas e bacterianas

Em palestra realizada no último dia 7 de julho, no Restaurante Recanto do Cupim, em Franca (SP), a BASF e a Campagro Comércio de Produtos Agríco-las trouxeram novamente a fi topatologista Flávia R.

A. Patrício, do Instituto Biológico, da Secretaria de Agricul-tura e Abastecimento do Estado de São Paulo. De acordo com José de Alencar, gerente das unidades de Franca (MG) e de Ibiraci (MG) da Campagro, a proposta é o de reforçar junto aos cafeicultores da região a importância das doenças fúngicas e bacterianas na cultura.

Para o Engº Agrº Renato Pádua Andrade, RTV da BASF, tem-se verifi cado aumento consideravel da incidên-cia de Mancha Aureolada, Mancha de Phoma e Cercospo-riose nos cafezais da região. “Antes da palestra desta noite, a equipe BASF, a equipe Campagro e a pesquisadora Flávia Patrício fi zeram questão de visitar in loco cafezais dos mu-nicípios de Altinópolis (SP), Franca (SP) e Ribeirão Corrente (SP). Detectamos a incidência destas doenças em todos as propriedades visitadas, o que nos preocupou muito”, anali-sou Renato.

Segundo pesquisadora Flávia Patrício, a Mancha Au-reolada (causada pela bactéria Pseudomonas syringae var. garcae) tem uma importância enorme na cafeicultura de altitude, como é o caso de praticamente todas as proprie-dades na Alta Mogiana. “É uma doença que precisa de ven-tos, elevada umidade e temperaturas amenas para ocasionar prejuízos e exige maior atenção do cafeicultor em lavouras novas até quatro anos de idade. Acima desta idade, a lavou-ra convive bem com a doença. Só volta a requerer atenção quando da realização de podas, quando a lavoura volta a ser considerada jovem novamente. É um problema sério após chuvas de pedras”, orienta.

Com relação ao controle, Flávia indica rigor na seleção das mudas no viveiro; bem como utilização de quebra-ven-tos, uso de variedades resistentes; controle da adubação, evi-tando defi ciência ou excesso de Nitrogênio; e a utilização de controle químico.

Já para a Mancha de Phoma (causada pelo fungo Phoma sp.), o fungo ataca folhas, fl ores, frutos e ramos do cafeeiro,

produzindo lesões bem características. Os danos causados por essa doença se fazem refl etir diretamente na produção uma vez que ocorre a morte dos botões fl orais, das brotações novas, queda de frutinhos e má granação dos frutos devido à desfolha, comprometendo o desenvolvimento e a futura produção da planta

Para a Cercosporiose (causada pelo fungo Cercospora coffeicola), os sintomas característicos que conferiram as de-nominações dessa doença são manchas circulares de colora-ção castanho claro a escura, com o centro branco-acinzen-tada, quase sempre envolvidas por um halo amarelo. Causa prejuízos tanto na fase de viveiro (mudas), como de campo (plantas novas e adultas). As lesões funcionam como porta de entrada para outros fungos que depreciam a qualidade do produto. As condições climáticas como umidade relativa alta, temperaturas amenas, excesso de insolação, défi cit hí-drico e quaisquer outras condições que levem a planta a um estado nutricional defi ciente ou desequilibrado favorecem a doença.

Mais de 130 cafeicultores participaram do evento, que contou ainda com a participação de Carlos Eduardo, o Tóta, sócio-diretor da Campagro e da equipe BASF da região.

Fernando Lago, José de Alencar (diretor das unidades Franca/SP e Ibi-raci/MG), Carlos Eduardo (sócio-diretor da Campagro) e Rafael Isaac.

Público seleto de cafeicultores prestigiaram o evento.

Carlos Eduardo (Tota), Renato Jr., Renato Fenolio (gerente comercial BASF Café), Fernando Lago (gerente comercial Campagro), Renato Pádua Duarte (RTV BASF Café), João Carlos Seixas (Técnico em Desenvolvim-ento de Mercado BASF), Bruno Esper (ATV BASF Café) e Rafael Isaac (Consultor de Vendas Campagro Franca)

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CAFÉMancha Aureolada volta a preocupar cafeicultores

Flávia R.A. Patricio 1; Irene M.G. Almeida 2; Luís O.S. Beriam 2; Masako T. Braghini 3; Luiz C. Fazuoli 3

Com o início das chuvas, a mancha aureolada, uma importante doença do cafeeiro causada pela bac-téria Pseudomonas syringae pv. garcae, voltou a atacar severamente os cafezais, especialmente os

situados em locais de elevada altitude, sujeitos à constante incidência de ventos. A doença foi constatada recentemente em lavouras de diversas regiões cafeeiras, principalmente do Estado de São Paulo, do Cerrado e do Sul de Minas Gerais.

As lavouras mais atacadas são aquelas em formação ou que sofreram alguma poda. A bactéria deve ter permanecido nos ramos e em algumas folhas do cafeeiro e, com o retorno das chuvas, voltou a causar os sintomas severos observados nas lavouras. É provável que os sintomas estejam relaciona-dos com a redução da temperatura, especialmente à noite, e da elevação da umidade relativa, que favorecem a penetra-1 - Fitopatologista do Instituto Biológico, da Secretaria de Agricultura do Estado de SP. Campinas (SP). Email: fl [email protected] - Centro Experimental do IB3 - Instituto Agronômico

Folhas jovens atacadas pela Mancha Aureolada

Infl orescências e rosetas com Mancha Aureolada

ção da bactéria nas brotações mais jovens, mais suscetíveis (Figura 1). A ocorrência da doença nas lavouras com carga pendente pode comprometer parte da produção compro-metida, pois a bactéria pode penetrar nas infl orescências, afetando as rosetas (Figura 2) e os frutos novos.

SINTOMAS - Os sintomas da doença são caracteriza-dos por lesões foliares de coloração parda, que podem ou não ser acompanhadas por um halo amarelado (Figura 3), seca de ramos e lesões nas rosetas, infl orescências e frutos novos, provocando, posteriormente, a desfolha dos ramos. No fi nal do período das águas, a doença se restringe aos ramos, sendo esta uma estratégia de sobrevivência da bactéria. A mancha aureolada também incide sobre mudas em viveiros, causan-do lesões nas folhas e seca de hastes e ramos. A doença é mais importante em lavouras novas, com até 3 a 4 anos de idade. Nos últimos anos, a doença tem ocorrido com gravi-dade, causando, inclusive, a morte de plantas com até um ano de idade.

A mancha aureolada, com certa frequencia, tem sido confundida com a mancha de phoma, causada por Phoma tarda, ou mesmo com distúrbios nutricionais ou climáti-cos. Este fato faz com que os danos sejam agravados, espe-cialmente porque medidas adequadas de controle não são

adotadas a tempo. Por esta razão, o diagnóstico correto da doença é funda-mental para o seu controle.

MANEJO DA DOENÇA - O manejo da mancha aureolada se inicia pela utilização de mudas sadias. Os vi-veiros devem ser instalados em locais adequados e protegidos contra ventos frios. A irrigação do viveiro deve ser monitorada, evitando-se vazamentos nos aspersores. Mudas com sintomas devem se isoladas das demais, para que a doença não se propague para as plântulas sadias. Caso a doença seja detectada no viveiro, todas as mudas devem ser protegidas com aplicações de fungicidas cúpricos (hidróxido de cobre) e/ou de antibiótico (como a ca-sugamicina na dose de 300 mL/100 L de água), a cada 15 dias.

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O produtor deve fazer uma seleção rigorosa das mudas a serem levadas ao campo, e evitar o plantio de mudas com sintomas de mancha aureolada, especialmente em locais su-jeitos aos ventos frios. Uma vez introduzida na lavoura, o controle da mancha aureolada é muito mais difícil.

O plantio em locais sujeitos aos ventos frios deve ser muito bem planejado, considerando-se a necessidade de quebra-ventos. Entre as opções de quebra-ventos tem-porários sugerem-se o milho, a crotalária, o feij ão guandu e outras. Como espécies permanentes podem ser utilizadas grevíleas, bananeiras, abacate, cedrinho, eucalipto e outras.

Poucos estudos avaliaram a resistência de cultivares de cafeeiro a essa doença. As cultivares do grupo Mundo Novo mostram-se bastante suscetíveis à mancha aureolada; as cul-tivares do grupo Catuaí são moderadamente suscetíveis; do grupo Icatu tem resistência parcial e a variedade Geisha é resistente à mancha aureolada.

MEDIDAS EMERGENCIAIS - Aplicações de fungici-das cúpricos devem ser iniciadas imediatamente e repetidas a cada 20-30 dias, em lavouras que apresentam sintomas. Formulações com o hidróxido de cobre estão registradas para o controle dessa bacteriose em café.

Sugere-se que sejam aplicadas na maior dose de regis-tro e, se possível, com a adição de óleo mineral ou adesivo, para aumentar a fi xação do cobre nas folhas, especialmente considerando a elevada incidência de chuvas nesta época do ano. Em nos-sos estudos, o oxicloreto de cobre, na dose de 4,0 kg/ha, foi o cúprico que forneceu o melhor controle da bacté-ria. Entretanto, há diversos cúpricos registrados para a cultura do café.

O importante é que os cúpri-cos sejam utilizados nas suas maiores doses de registro, para garantir uma quantidade adequada de cobre nas folhas e ramos. O mesmo pode ser adotado para as misturas de produ-tos. Também é fundamental a regu-lagem dos equipamentos para que a calda aplicada seja bem distribuída na planta, tanto nos ramos produtivos, como naqueles com folhas mais jo-vens, especialmente da parte superior da planta, a mais afetada pela mancha aureolada.

Lesão característica da Mancha Aureolada nas folhas.

21º Encontro de Agrônomos da Região de Franca começa a ser organizado

Iniciou neste mês de julho os preparativos da Comissão Organizadora para a realização do 21º Encontro An-ual de Engenheiros Agrônomos da Região de Franca

(SP). O tradicional evento, que reúne anualmente os pro-fi ssionais engenheiros agrônomos da Alta Mogiana, será realizado em outubro, em data e local ainda serem defi ni-dos.

No ano passado, 120 profi ssionais e seus familiares realizaram confraternização no Salão do AGABÊ. Cerca de 50 empresas do setor de agronegócios contribuiram fi nanceiramente para o evento, que consagrou José de Alencar Coelho Junior, o Juninho, da Cocapec, como o Engenheiro Agrônomo do Ano.

A Revista Attalea Agronegócios participa do evento desde 2007.

José de Alencar Coelho Junior, escolhido no ano passado o Engenheiro Agrônomo do ano.

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Casa das Sementes, Embrafós e Fertecrealizam palestra para cafeicultores

Em palestra realizada no início de julho, na Churrascaria Nono Mio, em Franca (SP), a Casa das Sementes, em parceria com as empresas Embrafós e Fertec,

apresentou informações valiosíssimas aos cafei-cultores da Alta Mogiana.

O tema abordado foi a importância da ma-nutenção da matéria orgânica nos solos, quer seja através da aplicação de adubos orgânicos, quer seja através de outras práticas de mane-jo. Um exemplo desta importância, mesmo na cafeicultura tradicional, reside no fato de que possui o poder de adsorver ou reter nutrientes, tais como potássio, cálcio, magnésio, manganês, ferro, cobre, zinco, amônio, fósforo, etc., libe-rando-os posteriormente para as plantas.

Ao fi nal da palestra, a Embrafós realizou o lançamento do ORGAMIX. “Trata-se de um produto rico em matéria orgânica vegetal, com nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, micronutrientes e o diferencial com MSP - Microorganismos Solubilizadores de Fósforo”, explica João Benetti, diretor da Em-brafós.

Fernando Paiva Oliveira (diretor da Fertec), João Benetti (diretor da Embrafós), Gui-lherme Pincerato (Casa das Sementes), Paulo Figueiredo (diretor da Casa das Sementes), Marta Bempe (diretora da Embrafós).

Moacir Luis Felício (cafeicultor), Paulo Figueiredo (Casa das Sementes), Ricardo Cunha (cafeicultor) e Luis Giovani Basso (Cafeeira Francana)

Os Engº Agrônomos Antônio Rigolin Junior (Casa das Sementes) e Luis Fernando Carvalho Paulino (Prefeitura Patrocínio Paulista/SP).

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Cocapec entre as Melhores e Maiores do Agronegócio Nacional

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Mais uma vez a Cocapec fi gura no ranking na-cional do Anuário da Revista Exame Melhores e Maiores 2011. Segundo a Exame as empresas são identifi cadas pelo sucesso que obtiveram na

condução de seus negócios e na disputa de mercado com as concorrentes no ano que passou comparativamente ao exer-cício anterior.

A diretoria da Cocapec comemorou com grande alegria a classifi cação da cooperativa como 2ª melhor do agronegócio café brasileiro. Está na 33ª posição em maior expansão nas vendas do agronegócio nacional. Alcançou o 186º lugar entre as maiores do agronegócio do Brasil, subin-do 62 posições em relação a 2010 (248º) e, ainda está em 848º posição entre as 1000 maiores empresas do país em vendas.

“Figurar neste ranking mostra os resultados do trabalho contínuo e da confi ança e fi delidade de nossos 2 mil coope-rados e dedicação dos nossos 200 colaboradores”, assegura o diretor secretário Ricardo Lima de Andrade. “É mérito de nossos comprometidos cooperados e colaboradores estarmos entre as melhores empresas do Brasil, consolidando o árduo trabalho da Cocapec nestes 26 anos”, diz.

Para o Engº Agrº João Alves de Toledo Filho, presi-dente da Cocapec, este reconhecimento traz orgulho para todos que contribuíram para mais esta conquista.

A Cocapec – A Cooperativa de Cafeicultores e Agrope-

cuaristas está sediada no município de Franca (SP), principal cidade da região da Alta Mogiana. Partindo da proposta da doutrina cooperativista, de que as cooperativas são um meio de reforma do social através de um instrumento econômico, a Cocapec busca o desenvolvimento do setor agrícola. Atua numa área de 50 mil hectares de café, apoiando os seus 2 mil cooperados, na melhoria contínua do nível tecnológico da cafeicultura da Alta Mogiana e Sudoeste mineiro, partici-pando em todas as fases da produção cafeeira até a apresen-tação do melhor café ao consumidor fi nal. (FONTE: Luciene Reis, Cocapec).

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Repercussões socioeconômicas da adoção damecanização da colheita na cafeicultura paulista

Celso Luis Rodrigues Vegro1; Vera Lúcia Ferraz dos Santos Francisco2; e

José Alberto Ângelo3

O avanço da mecanização da colheita na cafeicultura brasileira tem sido aspecto de maior destaque no rol de

tecnologias e inovações que são aplica-das aos sistemas de produção. Fatores como o encarecimento do emprego de mão de obra braçal nas lavouras, re-fl etindo a política pública de recuperar o poder de compra do salário mínimo, induzem os cafeicultores à busca de alternativas para baratear as etapas do manejo em que é intensa a alocação de mão de obra, especialmente, na co-lheita.

Recentes planilhas de custo de produção de café, calculadas para duas regiões: Piraju (SP) e Altinópolis (SP) indicam que a participação percentual da mão de obra na colheita e pós-co-lheita, dentro do custo operacional efetivo, contabilizados salários e en-cargos, somaram 43,0% para a primeira região e 45,3% na segunda. A dimen-são desses percentuais demonstra a elevada participação da mão de obra empregada na colheita do café e justi-fi ca, em parte, os esforços de introduzir inovações que venham a reduzir parte dessa despesa.

O legítimo esforço dos cafeicul-tores visando à melhoria da qualidade da bebida os obriga, necessariamente, a realizar a colheita em etapas para recolher o maior percentual de grão maduros e com isso valorizar seu produto pelos atributos de qualidade que reúne. Essa estratégia encarece ainda mais a colheita e pode se tornar economicamente inviável nas situa-ções em que cafeicultor se depare com um mercado não receptivo ao paga-mento de prêmios pela qualidade.

Os sistemas de produção situados em condição de montanha são aqueles para os quais os custos de produção mais se elevaram, notadamente, pela difi culdade de introdução de máquinas

e equipamentos capazes de incremen-tar a produtividade do trabalho exigido na condução das lavouras, tornando esses sistemas produtivos característi-cos em mão de obra intensiva. Nos últimos anos, o desenvolvimento e a adoção dos equipamentos derriçadores portáteis, tem sido uma alternativa para a substituição de mão de obra de colheita nas lavouras.

Pesquisa realizada entre 287 cafeicultores produtores de arábica evidenciou que houve redução no em-prego de mão de obra contratada tanto permanente como temporária. O prin-cipal motivo alegado para essa diminu-ição foi a entrada da mecanização do

processo produtivo observado entre 12% dos entrevistados.

A derriça mecânica, analisada por GARCIA, MATIELLO & FIORA-VANTE em 2005 constataram o eleva-do rendimento do trabalho na colheita com o emprego desses equipamentos. Enquanto na colheita manual são gas-tos entre 47 a 54 dias homem para a colheita de um hectare, por meio das derriçadeiras esse tempo pode ser re-duzido para 5,5 horas de derriça e 5 horas para a abanação mecânica dos grãos derriçados. Os autores concluem que com o emprego de derriçadeiras associada à abanação mecânica, pode-se reduzir em 60% nos custos de

1 - Eng. Agr., MS Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Pesquisador Científi co VI do IEA-APTA/SAA-SP;2 - Pesquisadora Científi ca do Instituto de Eco-nomia Agrícola3 - Consultoria/extensão - Cafe Point

Localização Geográfi ca dos Eixos Cafeeiros, Estado de São Paulo, 2010.

TABELA 1 - Vantagens e desvantagens da introdução da colheita mecânica em cafezais.

Fonte: Elaborado a partir de SILVA, SALVADOR & PADUA (2002).

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mão de obra na colheita. Em termos de custos totais, o emprego de equipamento de derriça permitiu uma eco-nomia de 30% nos custos de colheita.

A redução de custos de colheita por meio da in-trodução de máquinas foi analisada por VEGRO et. alli em 2000. O estudo comparou diferentes sistemas de produção de café situados em território paulista, con-cluindo que a introdução de colhedoras automotrizes reduziu o custo efetivo de colheita em dois terços e de um terço quando considerado o custo operacional (que agrega além do desembolso efetivo a depreciação e dos juros de fi nanciamento da máquina).

Ao estudar a problemática da colheita na cafeicul-tura de montanha, SIVEIRA et al (2009), concluíram que a utilização de equipamentos de derriça permitiu incrementar a produtividade do trabalho “em média de duas a três vezes quando comparada à colheita manual”. Bastante aderente ao estudo acima citado, os autores registraram que a permuta da colheita manual para a mecânica uma redução de 27% nos custos unitários com a atividade (R$/sc).

A derriça mecânica aumenta acentuadamente o volume de café colhido, sendo essa uma vantagem im-portante frente ao processo manual, ainda que possa res-tar um volume maior de café para ao repasse. Segundo SILVA, et. al. (2006), “é preferível derriçar rapidamente um menor volume de café (deixando um volume um pouco maior para o repasse manual), que derriçar um maior volume em velocidade operacional baixa.

Além dos derriçadores portáteis, existem outros métodos de colheita mecânica como as máquinas tracio-nadas por trator e as colhedoras automotrizes. Essas má-quinas somente podem ser empregadas em terrenos com declividade de até 15%. Ademais, válido inclusive para as derriçadoras, a colheita mecânica sempre depende da complementação por meio de trabalho manual.

Esses mesmos autores delineiam as principais van-tagens e desvantagens da colheita mecânica Tabela 1.

Em sua questão sobre forma de colheita, o último Censo Agropecuário registrou que 71% ainda efetuavam sua colheita com emprego do trabalho manual. Todavia, em 2006, a colheita mecânica associada ou não à derriça manual já cobriam 24% do total de pés em produção. Nos Estados de Minas Gerais e São Paulo esse patamar já alcançava os 40%, enquanto no Paraná (igualmente produtor de arábica) esse percentual era próximo dos 10% (INSTITUTO, 2006).

Metodologia - A fonte de dados analisados neste estudo foi obtida através da aplicação de uma amostra probabilística estratifi cada específi ca para cafeicultores sorteada sobre o Levantamento Censitário de Unidades

de Produção Agropecuária (Projeto LUPA), realizado pela Secretaria de Agricul-tura e Abastecimento (SAA) por meio da Coordenadoria de Assistência Técnica Inte-gral (CATI) e do Instituto de Economia Agrícola (IEA) em 2007/08. O plano amostral seguiu o delineamento des-crito em FRANCISCO et al

Tabela 2 - Número total de UPA’s produtora de café e número de UPA’s amostradas, São Paulo, nov.2010

Fonte: Elaborado a partir de dados básicos do LEVANTAMENTO (2007/08).

em 2010 onde a estratifi cação seguiu dois critérios:a) - geográfi co segundo eixos de localização da cultura;b) - dimensional segundo tamanho do parque cafeeiro me-

dido em hectares.

A unidade amostral é a unidade de produção agropecuária que na maioria dos casos coincide com o imóvel rural. Portanto, a amostra é composta de 610 unidades amostrais distribuídas por estratos aleatórios (511) e censitários (99) (Tabela 2).

As informações têm referencia o ano safra 2010/11 e o período de coleta das informações ocorreu entre novembro e dezembro de 2010 mediante aplicação de questionário estrutu-rado na área que compõem a unidade de produção agropecuária.

Para obtenção do volume colhido por meio de mecaniza-ção da operação, considerou-se que quando do emprego de má-quinas (automotrizes ou arrasto) o percentual colhido atingia 80% do total colhido mecanicamente, com exceção da região das Montanhas da Mantiqueira em que esse percentual foi estimado em apenas 60% do total colhido.

Para os casos do emprego de derriçadoras o percentual de café colhido por meio desse equipamento atinge 90% do total colhido independente da região focalizada.

Resultados - Seja empregando deriçadoras ou máquinas au-tomotrizes e de arrasto, a colheita mecânica do café em

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São Paulo encontra-se bastante dis-seminada. Considerando a estima-tiva de produção para a safra 2010/11, 43,72% do total colhido já o eram feita mecanicamente. O cinturão produtivo mais adiantado é o da Alta Mogiana de Franca (SP), com 54,70% do volume da colheita sendo recolhida mecani-camente. A topografi a local é franca-mente favorável à mecanização com o emprego de máquinas em todas as etapas do manejo, especialmente, na colheita que em geral é a que maior custo acrescenta ao produto (Tabela 3).

Mesmo nas regiões mais montan-hosas como a da Mantiqueira Paulista e no sudoeste de Ourinhos/Avaré, a me-canização da colheita já perfaz aproxi-madamente um terço da estimativa da quantidade total colhida nesses cin-turões. Nesse caso, as derriçadoras são os principais equipamentos emprega-dos, tendo em vista sua possibilidade de emprego em condições de acentua-da declividade.

A mecanização da colheita é um expediente adotado visando a redução com custos crescentes do emprego da mão de obra braçal. Ademais, na atualidade os cafeicultores encontram imensas difi culdades em arregimentar pessoal em suas próprias regiões, recor-rendo com freqüência à contratação de trabalhadores rurais de outros estados, onerando ainda mais o custo da co-lheita.

A percepção subjetiva dos cafei-cultores que a adoção de máquinas na colheita implica em expressiva redução de custos foi colocada averiguada. Quando perguntados sobre qual foi o custo por saca colhida da colheita me-canizada, em geral, os resultados foram aderentes a realidade (Tabela 4).

Para a colheita efetuada por meio de derriçadeiras, os custos mais eleva-dos são proporcionais a quantidade de café produzido. Com o aumento do tempo empregado nessa tarefa, devido à carga apresentada pela planta, mais custosa se torna a operação. Deve-se ressaltar que depois de derriçado, o café caído no chão ou pano precisa ser abanado e ensacado, o que con-

some mais tempo do operador e con-seqüentemente incrementando o custo fi nal da operação.

No caso das máquinas automo-trizes e de arrasto, os custos tendem a oscilar menos. O alto rendimento da máquina permite que quantidades variadas sejam recolhidas em tempos similares e, portanto, a custos pareci-dos.

A trajetória ascendente de custos de colheita por meio do emprego de derriçadoras pode ser, aparentemente, explicado pelo maior volume de café sendo derriçado. O baixo rendimento operacional desses equipamentos (evi-dentemente frente às máquinas), fazer subir proporcionalmente seus custos conforme o patamar de produtividade.

Excetuando-se os custos do em-prego de derriçadeira em faixa superior de produtividade (mediana de R$91,77/sc), todos os demais são muito inferi-ores aos custos contabilizados pelos empreendimentos que ainda persistem na colheita manual. Em Santa Rita do Sapucaí (MG), a preços de 2010, por exemplo, as despesas com colheita e pós-colheita somaram R$2.616,67/ha. Com produtividade de 25sc/ha, esse custo equivale a R$104,67/sc. Em Man-humirim (MG), tais despesas atingiram R$3.217,33/ha, ou R$128,69/sc, para igual produtividade.

A mediana calculada não dis-tinguiu os equipamentos próprios dos alugados/arrendados o que pode ser um viés contido nos números, pois os prestadores de serviços de colheita constituem-se em empresas que têm

por objetivo a obtenção de lucro com a atividade.

Através do levantamento de campo também contabilizou-se o número de equipamentos e/ou máqui-nas nas UPA’s amostradas (Tabela 5). De posse desses números, tornou-se possível estimar o número, aproxima-do, de diárias economizadas em razão da disseminação da colheita mecânica em substituição da manual. Para tanto é necessário estabelecer hipóteses:

a) derriçadora operando com dois funcionários (aquele que porta o equipamento mais o responsável pela abana e ensacamento dos frutos) subs-tituem o trabalho manual de seis pes-soas. Coefi ciente de estimação 1:3;

b) colhedora de arrasto operando com quatro funcionários (ao trator, na colhedora, no trator com carreta e so-bre a carreta esparramando os grãos), substitui 60 trabalhadores. Coefi ciente de estimação 1:15; e

c) colhedora automotriz operan-do com três funcionários (operador da colhedora, condutor do trator e sobre a carreta na esparramação), substituem 75 trabalhadores. Coefi ciente de esti-mação 1:25.

Os números de máquinas atuan-do na colheita encontram-se somados o que implica em adotar uma média para as de arrasto e automotrizes. A razão de 1:20, aparentemente, pode ser empregada sem prejuízo dos resulta-dos.

No início da colheita os equipa-mentos e as máquinas não exibem um bom desempenho operacional, pois os frutos ainda se encontram fi rmemente presos aos ramos produtivos. Portanto, o mais usual é se iniciar com a colheita manual nos talhões de maturação precoce, utilizando as máquinas quan-do a maturação alcançar estágio mais adiantado considerando a média dos talhões em produção. Assim, os

Tabela 3 - Estimativa de produção de café 2010/11, produção colhida mecanica-mente e percentual, Estado de São Paulo, nov.2010

1.Signifi cância estatística de 13,2%. / 2.Signifi cância estatística de 9,6%.Fonte: Elaborado a partir de dados básicos do LEVANTAMENTO (2007/08).

TABELA 4 - Mediana do custo declarado por tipo de colheita e faixa de produtivi-dade estimada, Estado de São Paulo, 2010. (em R$/sc 60 kg)

Fonte: Elaborado a partir de dados básicos do LEVANTAMENTO (2007/08).

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cálculos de diárias pagas cobrirão o período de junho a agosto, com traba-lho de 44 horas semanais, perfazendo 75 dias efetivamente trabalhados.

Os números apurados não con-sideram a eventual de paralisação dos serviços de colheita por necessidade de manutenção nas máquinas e equi-pamentos, encontrando-se, provavel-mente, superestimados em razão dessa omissão. Ademais, não se contabilizou eventuais bonifi cações por produtivi-dade, política de recursos humanos comum em explorações de perfi l mais empresarial. Tais vieses podem ser relativamente compensados, pela não computação das prováveis faltas que rotineiramente ocorrem quanto se contrata levas de trabalhadores.

Outra suposição empregada na produção dessa estimativa é a não con-tabilização das despesas operacionais dessas máquinas e equipamentos (com-bustíveis, lubrifi cantes, peças de reparo e seguro e juros do fi nanciamento). Em estudo anterior, constatou-se que esse agregado de despesas incrementa em aproximadamente 30% as despesas contabilizadas com o pagamento de seus operadores.

No Estado de São Paulo, entre junho e agosto de 2010, o Instituto de Economia Agrícola estimava que o va-lor da diária para trabalhador braçal foi de R$30,00 ao dia. Assim, a projeção de desembolso dos cafeicultores paulistas que implementam sua colheita por meio do emprego das derriçadoras, apa-rentemente, alcançou R$19.044.000,00 enquanto o valor em diárias econo-mizadas foi de R$38.088.000,00.

Na operação das máquinas (auto-motrizes, arrasto e tratores) o usual é alocação de mensalistas na condução dessas operações. A mesma base de dados do Instituto de Economia Agrí-cola indicava que em junho de 2010 o salário de tratorista foi de R$800,00/mês. Considerando que haviam 5.008

trabalhadores empregados na colheita com o uso de máquinas, o valor desem-bolsado pelos cafeicultores foi estima-do em R$12.019.200, com economia de R$56.340.000 em diárias não pagas devido à substituição dos apanhadores de café pelas máquinas.

Assim, a colheita mecânica (equi-pamentos e máquinas) pode ter obri-gado a realização de um desembolso total de R$31.063.200 e provavelmente gerado uma economia nos gastos com a colheita de R$94.428.000 entre os ca-feicultores aderentes a essa tecnologia de manejo.

A correta decisão governamen-tal em auferir ganhos reais ao salário mínimo acarreta, em contrapartida, igual pressão sobre as diárias pagas para os diaristas envolvidos em traba-lhos agrícolas. Para a safra 2011/12, as diárias em São Paulo podem chegar a mais de R$50,00, consistindo em in-centivo adicional para que mais má-quinas sejam postas em operação nos cafezais.

Considerações Finais - A adoção da mecanização da colheita do café incrementa a competitividade dessa atividade, pois as máquinas permitem que os cafeicultores realizem a mais custosa e penosa das tarefas a menores custos totais. As inovações, que con-tinuamente são incorporadas a tais má-quinas, vêm permitindo que também a qualidade do produto mecanicamente colhido melhore. Somados os fenôme-

nos fazem da mecanização da colheita do café imprimem trajetória ascenden-te ao processo.

O sistema público de pesquisa precisa criar instrumentos capazes de mensurar continuamente esse pro-cesso. Conhecer como evolui a frota de máquinas e o número de equipa-mentos comercializados constitui-se em elemento imprescindível para uma melhor adequação tanto das estratégias de fi nanciamento do segmento como de treinamento e capacitação da mão de obra.

A mecanização da colheita do café também se constitui em espaço para novas oportunidades de negó-cios. Empresas constituídas com essa fi nalidade já são comuns nos cinturões produtores, concedendo a oportuni-dade de emprego das máquinas de co-lheita inclusive para os cafeicultores familiares com explorações que não suportariam investimento de tamanha magnitude.

A tentativa de mensurar as re-percussões na redistribuição da riqueza gerada pela cafeicultura paulista com a introdução das máquinas demanda o apoio de outros ramos do conhecimen-to. Também, apresenta ao Estado desa-fi o ímpar em gerar condições econômi-cas para que aqueles que as máquinas excluíram encontrem oportunidades nesse mesmo segmento ou em outros intensivos em mão de obra.

TABELA 5 - Estimativa de diárias não pagas devido à adoção da mecanização da colheita, Estado de São Paulo, 2010

1 Trabalhadores mensalistas.Fonte: Elaborado a partir de dados básicos do LEVANTAMENTO (2007/08).

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CAFÉ

Especialistas traçam perspectivas para o mercado de café

Natália S. S. Fernandes 1

Durante o evento “Perspectivas para o Agribusiness em 2011 e 2012”, realizado pela BM&FBovespa e o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), em maio, em São Paulo (SP),

estiveram presentes para falar sobre as perspectivas do mer-cado de café, Rodrigo Correa da Newedge (palestrante), Celso Vegro do IEA (moderador) e Octávio Pires, da Louis Dreyfus Commodities Brasil (debatedor).

Celso Vegro acredita que a cafeicultura vem passando por um momento formidável, com cotações em altos pata-mares, estoques baixos, consumo indo muito bem e quali-dade do café melhorando.

Apresentando o cenário do mercado de café de 2010 para cá, Rodrigo Correa aponta que as cotações do café subi-1- Engenheira Agrônoma pela FCA/UNESP Botucatu e Analista de Mercado do CaféPoint.

ram signifi cativamente e os diferenciais foram e estão sendo negociados a níveis bem acima da média histórica. Além dis-so, ele pondera que os estoques em bolsa estão descendentes e há certa dúvida em relação a recuperação da crise mundial.

“Em 2011 as cotações tiveram a maior alta em 14 anos, sendo que o contrato de segundo vencimento teve a maior alta desde 1977, o que proporcionou aos produtores remu-neração mais satisfatória, permitindo que investissem mais em suas lavouras, resultando em recuperação da produção de cafés suaves.”

Segundo ele, o efeito do aumento de preços também deve gerar leve aumento da área plantada, uso de estoques, cobertura da indústria aquém do ideial e aperto do fl uxo de caixa.

Análise Conjuntural - Traçando uma análise do que vem acontecendo neste mercado, Rodrigo afi rma que a de-manda por robusta aumentou e seu diferencial subiu

Dedeagro e Agropec CP alertam cafeicultores em palestra da Bayer CropScienceMais de cem cafeicultores prestigiaram a palestra

do Prof. Edson Ampélio Pozza, da UFLA - Uni-versidade Federal de Lavras (MG), realizada no

último dia 15 de julho, no Tower Franca Hotel, em Franca (SP). O pesquisador abordou o tema “Manejo de Doenças do Cafeeiro na Florada”.

A palestra foi organizada em conjunto pela Dedeagro e pela Agropec CP, revendas Bayer CropScience respecti-vamente em Franca (SP) e Cristais Paulista (SP). E o obje-tivo foi o de trazer informações que orientem os cafeicul-tores sobre o aumento da incidência de doenças fúngicas e bacterianas que incidem na lavoura do café, principal-mente no período de fl orada.

O palestrante apresentou as principais características da incidência da Cercosporiose e da Mancha de Phoma, bem como as respectivas orientações de manejo e controle das doenças. “A identifi cação do patógeno é imprescin-dível para que o controle químico seja feito corretamente, diminuindo o ataque da doença e evitando perdas de produção na próxima safra”, explica Márcio Lima, supervi-sor Bayer CropScience.

O prof. Edson fez questão, ainda, de apresentar in-formações que diferenciam as doenças e os danos físicos e fi siológicos, como danos no pós-colheita, injúrias pelo frio, defi ciência induzida de Fósforo e Potássio, defi ciência de Boro, chuvas de pedra, perda da gema apical e superbro-tamento. “Importante também ressaltar as orientações do Prof. Edson nos cuidados pré e no pós-fl orada para o café, uma realidade na região. Merece uma atenção primordial do cafeicultor, pois trata-se de um ‘seguro’ para a próxima colheita. Para isto, a Bayer CropSciente tem um portifólio de produtos que garantem a sanidade das lavouras”, diz.

O Engº Agrº Márcio Lima, supervisor Bayer na Alta Mogiana.

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Muitos cafeicultores participaram da palestra.

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signifi cativamente, devido à escasses do árabica e alta dos preços desse tipo de café.

Em função disso, foi visto uma substituição gradativa de café da Colômbia e Guatemala, por exemplo. “A safra grande do Brasil teve menos impacto do que se imaginava porque teve pouco café fi no”, afi rma Rodrigo.

Outra análise feita por Rodrigo é em relação aos con-sumidores que começaram a ter nova percepção e mudaram o hábito de consumo, bebendo mais café em casa, pagando menos pelo produto.

Para 2011/12, Rodrigo acredita numa tendência de que aumente a porcentagem de robusta nos blends, em função da falta de arábica seu preço valorizado. “Precisamos de uma safra brasileira maior”, exclama ele, explicando que se soma-dos os volumes de venda de café para exportação, com con-sumo e estoques, sobra muito pouco café em estoque. Além do que os níveis dos estoques, tanto em países produtores como em consumidores, é muito baixo.

Perspectivas Futuras - Seguem abaixo os possíveis acontecimento que infl uenciariam o mercado daqui para frente, positiva ou negativamente.

a) - Pontos positivos = fundos reduzindo posições compradas e podendo fi car vendidos; expectativa otimista em relação a produção mundial; com o passar dos anos o período de entressafra tem diminuído; demora em mudança política de juros americanos; e clima favorável.

b) - Pontos negativos = fundos entrarem fortemente vendidos; apreciação do dólar; composição dos estoques em bolsa (como a qualidade não é mais tão boa, as cotações futu-ras podem não subir tanto); consumo estabilizar ou diminu-ir; subida de juros; mudança nos blends, com maior com-posição de robusta, pode ter afeito negativo para os preços do arábica.

A safra brasileira 2011/12 será menor pelo bianuali-dade baixa, porém não tanto. Rodrigo destaca que há pos-sibilidade de outras origens recuperarem suas produções, o que elevaria a oferta da commoditie.

Resumindo, ele acredita que o mercado já se ajustou. “Os diferencias caíram e os preços em bolsa aumentaram”. “Teremos bons preços, talvez não ótimos”, afi rma.

Contrato “C” - O fato inédito de o Brasil poder entregar seu café na Bolsa de Nova York, causou certo receio das ou-tras origens, que temem que o Brasil inunde o mercado com seu café, o que causaria queda de preços.

Contudo, Rodrigo deixa claro que apenas serão aceitos na Bolsa os cafés não naturais, ou seja, o volume não é tão e-levado assim ao ponto de inundar o mercado. Até o momen-to, o diferencial aprovado para entrega do café brasileiro não é atrativo, pois o custo para preparar este café e carregá-lo até lá são maiores, não compensando a entrega.

Como solução para isso, Rodrigo sugere que a BM&FBovespa certifi que armazéns nos destinos, colocando armazéns para o Brasil entregar café fora do país.

Visão de Octávio Pires - Complementando o que foi apresentado por Rodrigo Correa, Octávio Pires defi ne a situação como vunerável, devido ao desabastecimento mo-mentâneo de café.

Conforme cita Octávio, com apenas uma fl orada e meia nas lavouras brasileiras, a maturação está muito uniforme, o que vai contra a estrutura de preparação de CD (cereja des-cascado). “É muita carga para a estrutura de preparo de CD.” Para Octávio, os brasileiros tem que se preocupar agora com preço e qualidade.

Diante da atual conjuntura de preços altos, o produ-tor está em dúvida se com aumento de renda ele aumenta a área de produção, faz mais cereja descascado, diversifi ca sua produção, entre outras ações. Octávio acredita que tudo isso irá acontecer. produção, entre outras ações. Octávio acredita que tudo isso

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Palestra da Casa do Café apresenta ‘Programa Nutricional Café’, da Produquímica.

Em palestra realizada este mês na Churrascaria Minuano, em Franca (SP), a Casa do Café,

revenda Produquímica na Alta Mo-giana trouxe Ithamar Prada Neto, Engº Agrônomo e gerente de Desen-volvimento da empresa, que apresen-tou novidades na área de nutrição do cafeeiro e fertilizantes de liberação lenta e controlada.

O destaque foi a apresenta-ção do Programa Nutricional Café Produquímica, com épocas e quanti-dades ideais de Acadian, Producote, Osmocote, Concorde, Profol, Star-phos, Boromag, Polyblen e Solupo-tasse. “Estes fertilizantes são os úni-cos no mercado com liberação lenta e controlada. Apresentam ainda várias formulações disponíveis”, orienta o Engº Agrº André Siqueira Rodrigues

Ithamar Prada Neto (Gerente de Desenvolvimento Técnico da Produquímica), Daniel Silva (represent-ante Produquimica), Claudinei Borges (consultor Cotema), André Siqueira Rodrigues Alves (diretor da Casa do Café), Jamil Pereira (Casa do Café), Ana Cláudia Machado Silva (Casa do Café) e Lucas Sarreta (Casa do Café)

Alves, diretor da Casa do Café, que em agosto a Casa do Café inaugura novas

instalações, de frente à Rodovia Cândi-do Portinari, também em Franca (SP).

Cafeeira Francana organiza visita adia-de-campo da Vitória Fertilizantes

Elias Pauliano Pereira Marques (Vitória Fertilizantes) inicia a apre-sentação, tendo ao fundo Luis Giovani Basso (Cafeeira Francana) e o cafeicultor Antônio Carlos David.

Elias Marques apresenta aos participantes os resultados do experimento com Fer-tilizante Vitória Classe A na Fazenda Boa Vista, em Araxá (MG).

No início de julho, Luis Giovani Basso, diretor da Cafeeira Francana (Franca/SP) organizou uma caravana

de cafeicultores da região de Franca para participar da apresentação dos resultados do experimento organizado pela Vitória Fertilizantes na Fazenda Boa Vista, zona rural de Araxá (MG), do cafeicultor Marcelo José Rios.

A proposta também era conhecer um pouco mais da cafeicultura desen-volvida no Triângulo Mineiro.

Após a apresentação realizada por Elias Pauliano Pereira Marques, RTV da Vitória Fertilizantes, o cafei-cultor Antônio Carlos David mostrou aos presentes os resultados obtidos com sua tecnologia de manejo da Bra-quiária, do Bokashi e do Fertilizante

Vitória Classe A, com o intuito de for-necer às plantas nutrição adequada, bem como a umidade no período seco.

A última etapa da viagem foi a visita à sede da Vitória Fertilizantes, em Patos de Minas (MG), onde os ca-feicultores conheceram de perto as etapas de processamento do fertili-zante orgânico.

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.brFERTILIZANTES

A c o m p o s t a g e m é o processo de transformação de materiais

grosseiros, como fi bras de resíduos naturais e animais, em materiais orgânicos uti-lizáveis na agricultura. Este processo envolve trans-formações extremamente complexas de natureza bio-química, promovidas por equilíbrio entre microrga-nismos, ar e água.

O Composto Orgânico fornece nutrientes minerais como nitrogênio, fósforo,

O composto orgânico e os seus benefícios para a agricultura

potássio, cálcio, magnésio, enxofre que são assimilados em maiores quanti-dades pelas raízes. Ferro, zinco, cobre, manganês, boro, entre outros, são ab-sorvidos em quantidades menores e, por isto, denominados de micronutri-entes. Quanto mais diversifi cados os materiais com os quais o composto é feito, maior será a variedade de nutri-entes. Os nutrientes do composto, ao contrário do que ocorre com os adubos químicos, são liberados lentamente, realizando a tão desejada “adubação de liberação controlada”.

Em outras palavras, fornecer composto às plantas é permitir que elas retirem os nutrientes de que precisam de acordo com as suas necessidades ao longo do tempo, ao contrário dos adubos químicos que são altamente solúveis, que é disponibilizado de acor-

do com a umidade do solo.Por essa razão uma pilha de com-

posto não é apenas um monte de re-síduo orgânico empilhado ou acondi-cionado em um compartimento. É um modo de fornecer as condições adequa-das aos microrganismos para que esses degradem a matéria orgânica e dis-ponibilizem nutrientes para as plantas.

O verdadeiro composto orgânico tem todo seu processo de fabricação controlada. Valores nutricionais, umi-dade, temperatura e peneiramento são os principais fatores que contribuem para o sucesso de obtenção de um bom produto fi nal. Por meio disto, podendo ser acompanhadas por empresas certi-fi cadoras, garantindo toda a sua quali-dade.

Benefícios da Matéria Orgânica no solo: Fornecimento de Macro e

EM TEMPOELIAS PAULIANO PEREIRA MARQUES

RTV Vitória FertilizantesTel. (34) 9941-9292 (Vivo) / (34) 9226-3008 (Tim)

[email protected]

Micronutrientes; Melhora a absorção de Nutrien-tes e atividade enzimática; Atua na liberação do Fós-foro complexado no solo; Aumenta a Capacidade de troca de cátions; Diminui a acidez e o alumínio tóxico; Controle de temperatura; Produção de ácidos orgâni-cos pela atividade micro-biana; Melhora a estrutura do solo; Capacidade de re-tenção e infi ltração de água; Melhora a aeração e drena-gem; Proporciona melhor desenvolvimento do sistema

radicular; Com uso adequado de acor-do com bom posicionamento traz ao produtor rentabilidade e as lavouras melhores estruturas de plantas.

De modo geral o composto orgânico contribui com vários benefí-cios na cafeicultura, substituindo parte da adubação mineral, fornecendo ma-téria orgânica com capacidade de re-tenção de umidade, contribuindo para as plantas fi carem mais resistentes no período da seca, melhorando vigor visando melhores resultados em produ-tividade e qualidade, e por fi m, dimi-nuindo a bienalidade da produção. A

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SILVICULTURA

Christiane C. Aparecido¹; Silas L. do Vale²

O setor brasileiro de fl ores-tas plantadas desempenha um importante papel no cenário sócio-econômico

do País, contribuindo de inúmeras for-mas por deter uma das maiores áreas de refl orestamento do mundo, equivalen-do, em 2009, a 6.310.450 de hectares, apresentando um crescimento de 2,5% em relação ao total de 2008, com plan-tios constituídos pelos gêneros Pinus e Eucalyptus.

A área de fl orestas plantadas no Brasil vem crescendo de 2 a 3% ao ano, para que a demanda crescente de madeira, para diferentes segmentos do setor produtivo, possa ser atendida.

Até a década de 70, o eucalipto era considerado uma essência fl orestal praticamente livre de doenças. Porém, com a expansão das áreas de plantio para regiões quentes e úmidas, o plan-tio de espécies suscetíveis e a utilização dos mesmos locais para plantios suces-sivos, um microclima favorável para a ocorrência de doenças foi formado.

Inúmeros são os problemas causados, principalmente por fungos. Neste contexto, tem se destacado Puc-cinia psidii, agente causal da doença denominada ferrugem que, a partir da

Importância do Puccinia psidii para a cultura do Eucalipto no Estado de SP

década de 90, tem sido apontada como uma das principais doenças da cultura, resultando em severos danos às plan-tações, com redução na produção de celulose.

No Brasil, as primeiras evidências da ocorrência do fungo ocorreram em 1929, porém o primeiro relato e des-crição foram realizados somente em 1944, no Rio de Janeiro. Atualmente, é um dos principais patógenos respon-sáveis por gerar resultados negativos nos refl orestamentos de eucalipto do Estado de São Paulo.

O fungo Puccinia psidii tem sua origem na América do Sul e, nas Américas, a doença ocorre desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina, sendo considerada uma das doenças mais severas na cultura do eucalipto no Brasil.

A doença incide em viveiro e, no campo, atinge plantas jovens com até 2 anos de idade, além de brotações após o corte raso, quando pode se tornar ainda mais importante, pois afeta

de forma severa os tufos de brotações recém-emitidos dos tocos, o que pode resultar na morte total destas brota-ções, ocasionando a reforma do povo-amento precocemente após o primeiro corte.

Além do eucalipto, o micror-ganismo infecta os tecidos jovens de frutíferas nativas do Brasil, como, por exemplo, uvaia, araçazeiro, goiabeira, jabuticabeira e também espécies intro-duzidas como o jambeiro. Os sintomas da doença ocorrem, inicialmente, nos tecidos jovens de folhas e caule ainda em formação. Começam como pontua-ções cloróticas que se transformam em pústulas ou soros de coloração amarelo vivo. Estas pústulas podem coalescer, recobrindo a superfície das brotações do eucalipto, quando o ataque é in-tenso. Em consequência, os tecidos afetados morrem e secam, adquirindo coloração negra, como se fossem quei-mados. Dependendo das condições am-bientais, a planta pode reagir emitindo novas brotações.

No País, a doença constitui um sério problema, principalmente, devi-do à ocorrência de condições ambien-tais favoráveis (temperaturas amenas e umidade relativa bastante elevada) praticamente durante todo o ano,

1 - [email protected]. Centro de P&D de Sanidade Vegetal.2 - [email protected]. Bolsista Iniciação Científi ca (CNPq/PIBIC).

Folha de Eucalipto atacada pela Ferrugem (Puccinia psidii)

Frutos de Goiaba atacados pela Ferrugem (Puccinia psidii)

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e existência de mirtáceas nativas nas plantações de eucalipto, as quais atuam como importantes fontes de inóculo. As condições ambientais são impor-tantes para o desenvolvimento da doença, porque favorecem a infecção, a formação de todas as es-truturas infectivas e de resistência do patógeno (te-liosporos, basidiosporos e urediniosporos), além da fenologia do hospedeiro. Como resultado, a doença pode se tornar fator limitante à produção e desen-volvimento da planta infectada.

Devido à importância de Puccinia psidii quan-to aos signifi cativos prejuízos que pode causar, em tra-balho conjunto o Instituto Biológico e a Fa-culdade de Ciências Agronômicas (FCA-UNESP), Campus de Botucatu, SP, têm realizados estudos em condições controladas visando conhecer mais ade-quadamente o comportamento do patógenos fren-te a diferentes condições ambientais e, também, ob-servações em campo, a fi m de que fosse verifi cado o comportamento do patógeno frente a diferentes hospedeiros e sob condições naturais. Para a rea-lização das pesquisas em laboratório, é utilizado o germinatélio, que funciona como uma microcâmara úmida. Quanto ao estudo de campo, foram realiza-das observações durante 1999 e 2000, em área da FCA-UNESP, avaliando-se a evolução dos sintomas de Puccinia psidii em diferentes espécies de mirtá-ceas, registrando-se diariamente umidade relativa do ar e temperaturas mínima e máxima.

Os estudos em laboratório têm possibilitado constatar que as temperaturas mais adequadas à ger-minação das estruturas infectivas do patógeno vari-am entre 15ºC e 21ºC e, quanto mais velhas, menor é a porcentagem de geminação. As observações da evolução da ferrugem em campo permitiram veri-fi car a ocorrência dos maiores picos sobre goiabeira em fevereiro; sobre Eucalyptus cloeziana em março e, sobre jambeiro (E. botryodes, E. urophylla e E. grandis), procedentes de Itatinga e Anhembi, em abril. Durante os meses de maior severidade, a tem-peratura média variou entre 21ºC e 24ºC e a umi-dade relativa foi superior a 70%. É importante res-saltar que 1999 foi o ano durante o qual ocorreram os ataques mais severos, enquanto que, em 2000, sobre as espécies de eucalipto, a doença foi ausente.

Verifi ca-se, portanto, que todo o ciclo vital de Puccinia psidii é favorecido e depende da ocor-rência de temperaturas amenas, variando de 15ºC a 24 ºC. Temperaturas muito elevadas são adversas ao patógeno e, caso a infecção já tenha ocorrido, induzem a formação das estruturas de resistência denominadas teliosporos. Porém, convém ressaltar que, conforme observado, sendo tais temperaturas excessivamente elevadas, menores quantidades de teliosporos se formam, além de ocorrer necrose de parte do tecido foliar e, posteriormente, senescên-cia da folha infectada. Além disso, confi rma-se que a presença de outras mirtáceas nas áreas de cultivo constitui, de fato, importante fonte de inóculo para início e/ou continuidade do processo infectivo, en-quanto houver condições ambientais favoráveis.

SILVICULTURAVale ressaltar que, atualmente, têm sido realizados estudos refe-rentes à preservação das estruturas infectivas de Puccinia psidii em laboratório. Por ser um patógeno que necessita do hospedeiro para sobreviver, as pesquisas tornam-se complicadas devido à necessidade constante da existência de plantas adequadas à inoculação e multi-plicação do patógeno. A existência de um método de preservação da viabilidade e patogenicidade do fungo poderá sanar essas difi cul-dades, proporcionando maior rapidez na realização das pesquisas.

O conhecimento do comportamento biológico do patógeno possibilita a adoção correta de medidas de manejo e controle sendo que, no campo, o uso de fungicidas usualmente não se apresenta como medida economicamente viável, embora estudos recentes demonstrem resultados positivos para este controle com o fungi-cida Tebuconazol, tanto em termos de efi ciência como viabilidade econômica. Devido à ampla variabilidade genética inter e intraes-pecífi ca, a principal recomendação de controle refere-se à seleção e plantio de clones, progênies ou espécies resistentes, como: Corym-bia citriodora, Eucalyptus camaldulensis, E. pellita, entre outros. Em regiões nas quais as condições ambientais são favoráveis à ferrugem, deve-se evitar o plantio de E. grandis, E. cloeziana, E. globulus, E. phaeotricha. Em viveiros e jardins clonais, o controle de infecções intensas pode ser realizado com produtos químicos. Porém, aliando-se medidas de controle ao manejo, é importante, também, que a pre-sença de outras mirtáceas na área de plantio seja evitada. A

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Da passagem da escravidão ao manejo da mecanização no setor sucro-alcooleiro

artigo

Olivier Genevieve - presidente da ONG Sucre-Ethique e Professor na Escola de Comércio INSEEC. Lyon - Paris. [[email protected] / [email protected]]

Com a autonomia da Europa graças ao açúcar tirado da beteraba e a construção de uma fonte própria de açúcar, o Brasil (primeiro país escravista das Américas, em número) não via mais utilidade na

escravidão, o que provocou uma situação perigosíssima.Em 1850, Eusébio de Queiroz criou a lei contra o tráfi -

co negreiro, que tinha trazido ao Brasil ao redor de 5 milhões de africanos. Basicamente para a cana, diferentemente dos Estados Unidos, que foi para o algodão. Entre outras coisas, pelo medo que o grande número de negros (3.500.000 para 1.500.000 brancos) viesse a perturbar a ordem estabelecida. Esta política se completou com o “branqueamento”, com a chegada dos migrantes europeus para o Brasil. De poucos efeitos práticos, a lei deu a liberdade aos fi lhos de escravos, mas deixava-os sob tutela dos senhores até 21 anos de idade.

De fato, movimentos de rebelião dos escravos cortado-res da cana marcaram a história do campo brasileiro. O mais famoso é o Quilombo dos Palmares, quando os Holandeses e os Portugueses queriam ter o Pernambuco para a riqueza do açúcar.

Em 28 de setembro de 1871, a famosa “Lei do Ventre Livre”, do governo conservador do Visconde do Rio Branco, preparou o fi m da escravidão, fi nalizada em 13 de maio de 1888 com a “Lei Áurea”.

Uma aspecto menos conhecido da escravidão no Bra-sil foi o plano do governo imperial brasileiro em também resolver o problema via Guerra do Paraguai, maior confl ito armado internacional ocorrido na América do Sul. O Brasil enviou à esta guerra em torno de 150 mil homens. Cerca de 50 mil não voltaram, sendo grande parte negros. Como se sabe, apesar de um veto feito pelo governo Lula em poder pesquisar este período da história brasileira, sabe-se que esta guerra provocou un “genocidio” contra o Indio Guarani, re-duzindo o Paraguai em uma país das mulheres. Como os in-gleses falam, a idéia era matar com uma pedra dois coelhos: o índio e o escravo inútil. O que não se escreve muito é que batalhões de negros foram armados oferecendo em troca a liberdade e para os proprietários destes escravos uma forma de nacionalização dos mesmos. A guarda pessoal de Duque de Caxias era esclusivamente composta de negros.

No fi nal da Guerra do Paraguai (1865-1870), os sobre-viventes desta batalha de novos homens livres foram demo-

bilizados na Capital imperial do momento, o Rio de Janeiro, o que iniciou a construção das favelas. As consequências se sentem mais de 200 anos depois.

No sertão Nordestino, terra da cana por excelência, teve também com a Guerra de Canudos (1986-1897) esta cruzada laica contra Antônio Conselheiro. Nesta região, historicamente caracterizada por latifúndios improduti-vos, secas cíclicas e desemprego crônico, passava por uma grave crise econômica e social visto a decadência da cana de açucar. Milhares de sertanejos e ex-escravos partiram para Canudos, cidadela “liderada” pelo peregrino Antônio Conselheiro, unidos na crença numa salvação milagrosa que pouparia os humildes habitantes do sertão dos fl agelos do clima e da exclusão econômica e social. O governo republi-cano erradicou o problema.

Mais a tiente, nos anos 70 do século passado, as tenta-tivas dos militares de colonização da Amazonia, via as trans-amazonicas, foram uma” solução” em resolver a decadência do Nordeste, construida em cima da cana de açúcar.

Como analisamos, a historia do Brasil, que iniciou-se com a cana, não foi tão doce.

Hoje em dia, um dos desafi os sociais fi ca na mecaniza-ção do setor. Isso implica em um perda de centenas de mi-lhares de fontes de renda para os cortadores de cana. De fato, a mecanizaçao é necessária, indispensável até para libertar o homem de um trabalho “escravo”. Todavia, a mecanização só pode ser vista como uma solução técnica, mas não hu-mana: o que poderão fazer estes milhares de homens?

Uma consequência a este fenômeno de “fuga em fren-te” foi decisão da justiça do MS, no início de julho deste ano, em resgatar 817 trabalhadores em condições análogas à es-cravidão numa fazenda no município de Naviraí (MS). Desse total, 542 são migrantes mineiros e pernambucanos e os ou-tros 275 são indígenas de povos distintos.

O pior desta história é que esta usina tem capital inglês. Isso é o segundo desafi o do setor, a “land grabbing” ou seja o accaparamento das terras por capitais estrangeiros. Isso é o desafi o econômico que será tratado num próximo artigo para a Revista Attalea Agronegócios.

Isso é o desafi o do atual governo: sem educação o Brasil fi caraá no Terceiro Mundo, apesar de ter uma riqueza do paraíso terrestre que descrevia Américo Vespuccio em 1504.

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.brCANA-DE-AÇÚCAR

A prática da monocultura va-rietal (o uso de uma única variedade de determinada cultura) deixa a lavoura

muito vulnerável ao ataque de pragas e doenças e pode trazer problemas graves ao produtor. Se existe um único tipo de material genético em campo que é suscetível a um patógeno que esteja atacando a plantação, o agricul-tor pode ver a sua lavoura devastada. Para evitar esse problema na cultura de cana, novas variedades têm sido desenvolvidas. Entre essas variedades, três foram apresentadas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) na Agrishow 2011, que aconteceu em Ri-beirão Preto (SP).

Segundo Marcos Landell, diretor do Centro de Cana do IAC, essas vari-edades podem contribuir para a cana-vicultura nacional no sentido da di-versifi cação do uso de variedades, que permite uma redução da incidência de pragas e doenças.

A produtividade, de acordo com o diretor, é 10%superior, em média, mas é subjetiva porque depende do manejo do produtor e das infl uências climáticas.

“Em relação à variedade padrão RB72454, que era a variedade mais cultivada na época das pesquisas, há uma produtividade superior que gira em torno de 10% a mais em diversos

Novas variedades de cana-de-açúcarresistentes à doenças

períodos de colheita”, afi rma Landell.Landell diz que entre os lança-

mentos, duas são variedades conside-radas precoces médias, que podem ser cultivadas para colheita no início da safra, ou seja, abril, maio e junho. Além disso, elas permitem que a co-lheita seja estendida até o inverno, ou seja, julho, agosto e fi nal de setembro. A IAC SP955094 e a IAC SP963060, têm essas características.

“A SP955094 responde melhor ao solo. Já a SP963060, suporta melhor ambientes desfavoráveis no mesmo período de safra. Já uma outra varie-dade, a IAC SP962042, é destinada para o meio fi nal de safra. Normalmente, é utilizada em solos de média fertilidade para ambientes mais favoráveis”, com-pleta Landel.

De acordo com ele, todas as três novas variedades foram testadas em relação às principais doenças, como o carvão, escaldadura, mosaico e fer-rugens, e contam com boa resistência. Já contra pragas, o diretor explica que, de um modo geral, a cana possui boa tolerância, mas existem alguns casos de multiplicação dessas pragas, o que para ele, é natural, já que a cana é perene e fi ca o ano inteiro no campo.

Essas cultivares já estão a dis-

posição do produtor em todas as as-sociações e empresas que auxiliaram o IAC nos quase 15 anos de pesquisa. Imaginamos que, nos próximos três anos, algumas dessas cultivares já terão áreas extensivas de cultivo, fi naliza diz Landell.

EM TEMPOIAC - INST. AGRONÔMICO DE CAMPINAS

Tel. (19) 2137-0600Publicado em: www.portaldiadecampo.com.br

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Quermesse do Bom Jardim acontece em setembro

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S: IA

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Os cafeicultores do bairro rural do Bom Jardim, que abrange os municípios de

Franca (SP) e Ribeirão Corrente (SP), informam e convidam para a tradicional Quermesse em Louvor a Nossa Senhora Aparecida.

O evento acontece tradiciona-lmente no início do mês de setem-bro (dia 03) e é realizado na Capela do Bom Jardim.

Prestigiem o evento.

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