pontifÍcia universidade catÓlica de sÃo paulo puc … andres... · pontifÍcia universidade...

111
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude: Análise atual da Acolhida e do Acompanhamento de Grupos de Jovens Católicos na República Dominicana MESTRADO EM TEOLOGIA PRÁTICA São Paulo 2010

Upload: hoangnguyet

Post on 10-Nov-2018

229 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC - SP

JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF

Pastoral da Juventude: Análise atual da Acolhida e do Acompanhamento

de Grupos de Jovens Católicos na República Dominicana

MESTRADO EM TEOLOGIA PRÁTICA

São Paulo

2010

Page 2: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO

PAULO PUC - SP

JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF

Pastoral da Juventude: Análise Atual da Acolhida e do

Acompanhamento de Grupos de Jovens Católicos na República

Dominicana

MESTRADO EM TEOLOGIA PRÁTICA

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, como exigência

parcial para a obtenção do título de

MESTRE em Teologia Prática, sob a

orientação do Cônego Doutor. Sérgio

Conrado.

SÃO PAULO

2010

Page 3: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

BANCA EXAMINADORA

-----------------------------

-----------------------------

-----------------------------

Page 4: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

DEDICATÓRIA

Aos jovens que destinam seu potencial transformador e assumem com

valentia o protagonismo de sua história pessoal e social na vida comunitária.

A todos os homens e as mulheres que, com presteza e ousadia, apostam na

vida dos jovens, comprometendo-se com uma pastoral de acolhida e

acompanhamento que lhes proporcione reconhecimento e dignidade.

Às famílias e instituições, religiosas e civis, que não medem esforços no

objetivo de redimensionar valores que qualifiquem a vida do ser humano e, em

especial, da juventude.

Page 5: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

AGRADECIMENTOS

Ao Deus da vida que constantemente nos impulsiona a transcender para além

de nós e em direção ao outro; motiva a totalidade da vida pela sabedoria com que

criou todas as coisas e nos dá a capacidade de conhecer parte de seu mistério

escondido em cada ser humano.

A meus pais, irmãos e familiares que, em sua simplicidade, souberam educar-

me, acolher-me, acompanhar-me e transmitir-me valores que se perpetuam na minha

vida e missão.

Aos grandes amigos padres, Luís Erlin Gomes Gordo, CMF, Demuel Tavares

Rosa, CMF, e Agustin Guzmán, MSC, por também me ajudarem a experimentar a

“comunhão e missão com a Juventude” que se fez objeto de pesquisa neste trabalho.

Aos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos) nas

pessoas do Superior Provincial, Padre Oswair Chiosini, CMF, da Província do Brasil

e do Superior Maior da Delegação Independente das Antilhas, Padre Héctor

Cuadrado, CMF, por me terem recebido desde a juventude na Congregação, na qual

cresci na experiência religiosa e que me ofereceram um ideal de vida, abraçado por

mim até hoje, como inspirador de meu caminho.

Às pessoas que me ajudaram diretamente: Padre Pedro Divino de Vilas Boas,

CMF; Padre Luís Erlin, CMF; Padre Helmo César Faccioli, CMF; Adelino Dias

Coelho; Diego Alex Sczcerpanik; Cristian de la Cruz e Andreina Hidalgo Lora, que

com amor e paciência colaboraram diretamente na elaboração desta dissertação.

Ao meu orientador, Professor Cônego Doutor Sérgio Conrado, por seu

incentivo, paciente orientação e sabedoria da qual me enriqueci a cada encontro que

tive.

Aos seminaristas claretianos das Antilhas que voluntariamente participaram

da pesquisa e contribuíram com suas experiências de vida para meus estudos e

reflexões sobre a complexidade da experiência religiosa e suas manifestações através

da acolhida aos jovens.

Page 6: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Aos colegas do grupo de Mestrado, que de modo especial enriqueceram esta

minha caminhada com sua vida e amizade.

A meus velhos amigos da República Dominicana, México, Porto Rico, Cuba,

Guatemala e Haiti, por compreenderem as razões de minha ausência.

Aos amigos brasileiros, que me acolheram como a um membro da família.

Aos funcionários da Faculdade Nossa Senhora da Assunção que zelaram para

nos proporcionar um ambiente agradável e funcional.

E ainda a muitas outras pessoas cujo nome não dá para nomear aqui, mas

pelas quais tenho grande admiração. A todos, meu muito obrigado!

Page 7: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

RESUMO

Esta dissertação é inspirada na constatação do universal afastamento da

juventude das igrejas católicas. Novas estruturas e as incontestáveis realidades do

mundo pós-moderno, sobretudo multitecnológico, exigem revisão de sua pastoral em

relação ao mundo jovem, o abandono de estruturas arcaicas, em busca do novo

evangélico. Para uma possível solução, é preciso conhecer antes o mundo da juventude,

com suas aspirações, sonhos e dificuldades para atingir seu ideal de vida. O jovem é por

natureza rico em emoções, abertura, busca de companheirismo. Ora aqui cabe a missão

das religiões em geral que podem levar os jovens a descobrirem a senda luminosa do

espírito. Com base em especialistas no estudo dessa crise e em pesquisa, especialmente

montada para este fim, realizada numa paróquia da República Dominicana, como

amostragem, são propostos a acolhida fraterna e o posterior acompanhamento dos

jovens como possível solução desse impasse. Seus elementos constitutivos, o

aprofundamento de sua psicologia agregacional podem ajudar os jovens a refletirem

sobre sua dignidade de filhos de Deus.

PALAVRAS CHAVES. Juventude: grupos da República Dominicana, Pastoral da

Juventude, acolhida e acompanhamento.

Page 8: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

ABSTRACT

S

This dissertation is based on the worldwide evident withdrawal of the youths

from the catholic churches. The new structures and the unquestionable realities of the

post-modern world, mainly the multitechnological world, demand a review of their

pastoral regarding the youths, forsaking archaic structures while searching for the new

evangelical. First we need to know the world of the youths, their aspirations, dreams

and difficulties to reach their goals in life. The youths are innately full of emotions,

open-minded and long for comradeship. Here is where religions in general have the

mission to make them discover the shining path of the soul. Based on experts who have

studied this crisis and supported by researches carried out in a parish of the Dominican

Republic as a sample, we propose a brotherly welcome and a subsequent follow-up

programme for the youths as a possible solution for this impasse. The awareness of their

constituting elements and the deep study of their aggregative psychology can help the

youths to ponder upon their dignity as sons of God.

Key words

Youth: groups of the Dominican Republic – Youth pastoral – Welcome –

Comradeship.

Page 9: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

SUMÁRIO

Introdução......................................................................................................................14

CAPÍTULO I

PERFIL DA JUVENTUDE

1. Conceitos.....................................................................................................................16

1.1. Definindo termos......................................................................................................16

1.1.1. Visão biocronológica.................................................................................17

1.1.2. Visão psicológica.......................................................................................17

1.1.3. Visão sociológica.......................................................................................18

1.1.4. Visão cultural simbólica............................................................................19

2. Aspectos Específicos ..................................................................................................20

3. Contexto Socioeconômico..........................................................................................23

3.1. Desemprego generalizado.........................................................................................23

3.2. Imigração..................................................................................................................25

3.3. Distância entre ricos e pobres...................................................................................26

3.4. Violência...................................................................................................................27

3.5. Tráfico de drogas......................................................................................................30

3.6. Falta de escolaridade................................................................................................31

4. Papel Da Igreja...........................................................................................................33

4.1. Escolas e Universidades Católicas...........................................................................34

4.2. Ação Católica...........................................................................................................34

4.3. Os Movimentos da Ação Católica Especializada.....................................................35

4.4. Os Movimentos de Encontros...................................................................................35

4.5. Os Movimentos Internacionais.................................................................................36

4.6. O Conselho Episcopal Latino – Americano e a Pastoral da Juventude....................36

4.7. A Pastoral da Juventude Orgânica............................................................................36

5. Novos Sinais................................................................................................................37

Page 10: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

5.1. Inserção na família....................................................................................................37

5.2. Solidariedade com os que sofrem.............................................................................38

6. Cuidados da Hierarquia............................................................................................38

6.1. Objetivos da Igreja da República Dominicana.........................................................39

6.2. Protagonistas da evangelização................................................................................40

6.3. Integração dos jovens...............................................................................................40

7. O Novo Mundo...........................................................................................................41

8. Novos Modelos...........................................................................................................41

CAPÍTULO II

ACOLHIDA DA JUVENTUDE COMO CAMINHO

1. Protagonismo e Acolhida. Conceitos........................................................................45

1.1. Visão antropológica..................................................................................................45

1.2. Visão bíblica.............................................................................................................46

1.3. Visão pastoral...........................................................................................................47

1.4. Visão eclesiológica...................................................................................................48

2. Perfil do Jovem Dominicano.....................................................................................51

3. Posicionamento da Igreja Católica..........................................................................51

4. Fatores de Acolhimento da Juventude.....................................................................54

4.1. Acolhida e identidade...............................................................................................55

4.2. Contravalores............................................................................................................56

4.3. Eventos e Programações...........................................................................................57

4.4. Compreensão da fé...................................................................................................59

5. Jesus: Modelo de Acolhida........................................................................................61

5.1. Os encontros circunstanciais....................................................................................64

5.2. Os encontros formativos...........................................................................................64

5.3. Encontros pessoais....................................................................................................65

5.4. Seguimento dos exemplos de Jesus..........................................................................65

Page 11: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

CAPÍTULO III

PASTORAL DA JUVENTUDE E ACOMPANHAMENTO

1. História da Acolhida de um Jovem..........................................................................68

2. O Termo Acompanhamento Aplicado

à Pastoral da Juventude........................................................................71

2.1. Importância da continuidade....................................................................................72

2.1. Amplitude do acompanhamento...............................................................................73

2.3. O Espírito Santo como amigo fiel............................................................................73

3. Atitudes Básicas para o Acompanhamento.......................................................................75

3.1. Acolhida..............................................................................................................76

3.2. Escuta cordial e atenta........................................................................................77

3.3. Partilha da vida...................................................................................................78

3.4. Atitudes do acompanhante .................................................................................80

4. Os Jovens Líderes......................................................................................................81

4.1. Desvios das lideranças..............................................................................................82

4.2. Protagonismo positivo..............................................................................................83

4.2.1. Corresponsabilidade...................................................................................83

4.2.2. O jovem coordena......................................................................................84

4.2.3. Ficar em segundo plano.............................................................................85

4.2.4. Policiar-se constantemente........................................................................86

4.2.5. Deixar errar................................................................................................87

5. Minha Experiência Pastoral como Coordenador da Juventude.....................87

Conclusão..................................................................................................................9I

Page 12: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

ANEXOS

ANEXO I: Esclarecimento para a pesquisa..........................................................94

ANEXO II: Pesquisa de campo..............................................................................96

ANEXO III: Sexo.....................................................................................................99

ANEXO IV: Você se sente feliz? – Estado civil dos pais......................................99

ANEXO V: Para o futuro......................................................................................100

ANEXO VI: Situação social e segurança pública...............................................100

ANEXO VII: Assassínios......................................................................................101

ANEXO VIII: Uso de drogas................................................................................101

ANEXO IX: Escolaridade – Casa própria..........................................................102

ANEXO X: Relação do pároco com o grupo.......................................................102

ANEXO XI: Imagem do pároco...........................................................................103

ANEXO XII: Lideranças das pastorais...............................................................103

ANEXO XIII: Perguntas sobre o grupo de jovens.............................................104

ANEXO XIV: Motivo de participação.................................................................104

ANEXO XV: Crescimento em grupo...................................................................105

ANEXO XVI: Relação do líder com o grupo......................................................105

ANEXO XVII: Qualidades do líder.....................................................................106

BIBLIOGRAFIA...................................................................................................107

Page 13: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

INTRODUÇÃO

Nesta dissertação quisemos analisar alguns dos muitos problemas que dificultam

a aproximação do jovem da República Dominicana à Pastoral da Juventude da Igreja

Católica. Para isso, pretendemos encontrar caminhos e princípios que possam fortalecer

a Pastoral da Juventude da República Dominicana visando à promoção da vida desses

jovens.

Pretendemos refletir sobre a realidade dos jovens dominicanos que vivem à

beira do caminho, mendigando seus direitos fundamentais como trabalho e educação e

formação profissional, enfim, um futuro digno. Para isso, visamos mudar nosso olhar e

nossa atitude para que a juventude seja acolhida, apesar de todas suas limitações e

enganos. Surge então a necessidade de um acompanhamento da juventude para que

tenha mais elementos para o seu amadurecimento e para a hora de fazer as opções

duradouras de sua vida. Precisamos aprofundar e valorizar o “ministério do

acompanhamento” dentro da Igreja. Formar “assessores” capazes de identificar o

processo de crescimento e a vontade de Deus na vida dos jovens. Dessa maneira, a

acolhida e o acompanhamento, junto com alguns instrumentos práticos, possam ser

caminhos seguros para que a opção do jovem seja afetiva e efetiva.

Buscamos refletir o tema, analisando em três capítulos, o perfil da juventude, a

acolhida e o acompanhamento como caminhos possíveis para a obtenção desse objetivo.

Além disso, nos debruçamos sobre o contexto socioeconômico: desemprego

generalizado, migração, distanciamento entre ricos e pobres, violência, tráfico de drogas

e falta de escolaridade. Diante de tudo isso, qual o papel da Igreja?

A metodologia utilizada foi a do estudo bibliográfico de autores especializados

em Pastoral da Juventude, em Sociologia, em Psicologia, em Antropologia. Consulta a

documentos do Magistério da Igreja. Além disso, três momentos fundamentais que

procuram respondem ao método ver, julgar e agir. Utilizamos dados de pesquisa de

campo atinente à área, sites sobre a realidade dominicana e nossa experiência pessoal de

mais de doze anos na Pastoral da Juventude. É fundamental perceber que o método,

mais que uma ferramenta, é uma maneira de viver a fé, a missão evangelizadora, enfim,

uma espiritualidade.

Page 14: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

No primeiro capítulo, descrevemos o desenvolvimento, o comportamento, o

perfil da juventude em geral e seis grupos de jovens da paróquia San José da Bomba de

Cenoví, da República Dominicana. Também analisamos algumas de suas necessidades

mais urgentes, suas carências e como a Igreja Católica vem se comportando diante de

tal situação.

No segundo capítulo demonstramos a preocupação da Igreja com a acolhida aos

jovens e seu desenvolvimento dentro e fora dela; seu protagonismo sob a visão

antropológica, bíblica, pastoral e eclesiológica, tendo Jesus como modelo.

No terceiro, tratamos do acompanhamento da juventude pela Igreja e sua enorme

importância. Sublinhamos a excelência de seus elementos constitutivos: acolhida, escuta

cordial e atenta, partilha de vida e as atitudes do acompanhante.

Após análise dos três capítulos deduzimos que a prática da acolhida e do

acompanhamento é uns dos grandes desafios da Igreja Católica na atualidade. Trata-se,

de valorizar a dignidade dos jovens dentro da ótica cristã. Levantamos, portanto, a

hipótese de que os métodos estudados são eficientes para atingir esse objetivo,

proporcionando aos jovens a escolha de uma vida digna.

Page 15: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

CAPÍTULO I

PERFIL DA JUVENTUDE

1. Conceitos

É necessário recordar alguns critérios de aproximação e de identificação que

orientem nosso olhar ao acolhimento e acompanhamento da realidade da juventude

dominicana. Os critérios de classificação são diferentes aproximações da mesma

realidade dominicana a partir de diversos ângulos e ciências. Nos documentos

consultados, encontramo-nos diante de opções diversas sobre os critérios de

aproximação da realidade, o que nos leva a tentar integrar essas diferenças na hora de

olhar esta apaixonante e complexa realidade dos jovens dominicanos. Cada uma destas

abordagens tem sua riqueza e sua limitação, são visões não excludentes,

complementares e necessárias para a aproximação teórica da realidade. Após ampliar

nosso olhar, adentraremos no estudo de alguns desafios da realidade dominicana para a

vida dos jovens e o papel da Igreja ante a realidade do povo.

1.1.Definindo termos

Preliminarmente é importante definir o que se entende por juventude para então

traçarmos o perfil dela na República Dominicana na atualidade. A Igreja da América

Latina e do Caribe1 entende a juventude como a idade da pessoa em desenvolvimento,

na qual busca sua definição pessoal e social. É a idade da transição e do crescimento.

Este significa assimilação de valores, integração da personalidade, educação e formação

constantes. O tempo da juventude é tempo de tomada de posição, decisão e atitude

diante da vida.

Juventude: há diversas formas de entendê-la e abordá-la. Neste estudo

pretendemos entender a experiência de vida dos jovens, levando em consideração as

1 Cf. CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, pp.

33-36.

Page 16: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

dimensões2: biocronológica, psicológica, sociológica, e a visão cultural-simbólica, que

é a classificação assumida pelo Conselho Episcopal Latino-Americano.

1.1.1. Visão biocronológica - A juventude é vista pelos critérios da idade e

definida como pessoa em crescimento. Considera-se a pessoa tão somente como uma

fase do ser, ou seja, como uma etapa de transição marcada por grandes mudanças

fisiológicas, fruto do amadurecimento hormonal, dando grande valor ao corpo e à

sexualidade. Equivaleria a dizer que a juventude é a fase biológica que corresponde ao

fim da infância e início da idade adulta.

Um representante dessa corrente de pensamento é o sociólogo Karl Mannheim, 3

(sociólogo húngaro, nascido em 1893, e que foi um dos grandes impulsionadores da

Sociologia do Conhecimento). Com base no curso natural da vida, estabelece a

transformação biológica como marca da fase da juventude.

Porém, essa definição é insuficiente para traçar um perfil exato dessa etapa da

vida, pois sabemos que esta não se resume em mudanças corporais; é algo que vai além;

por isso é imprescindível defini-la também de acordo com outros critérios.

1.1.2 Visão psicológica. Esta identifica a juventude a partir do período

conflituoso da vida da pessoa. Segundo os estudiosos desta classificação, a juventude

estaria passando por um segundo nascimento. A juventude é a etapa de construção da

identidade, definindo-se papeis, comportamentos, limites, possibilidades do ser e agir e

de um novo lugar no mundo. É tempo de opções e da definição da vocação. “É a

passagem do mundo interior da família para o mundo exterior das responsabilidades e

das decisões pessoais” 4. Se se puder falar em termos gerais, para a Psicologia são as

mudanças não só físicas, mas também psíquicas que antecedem a idade adulta. Aldo E.

Solari, ao se referir à definição psicológica da juventude pondera:

O ponto de vista psicológico é complexo. Por um lado tenta

caracterizar as transformações psicológicas e a estrutura psíquica

peculiar que origina; trata-se então da psicologia da idade juvenil,

ainda às vezes ambos os termos são utilizados para individualizar

etapas diferentes. Por outro lado procura estudar a singular

conformação psíquica de certo tipo de jovens, caracterizados por

2 Cf. Idem, p. 37.

3 Cf. MANNHEIM, Karl, O Problema Sociológico das Gerações, São Paulo: Ática, 1982, p 71

4 CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas,1987, p. 34.

Page 17: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

algum critério: a psicologia do jovem estudante, a do jovem

trabalhador, a psicologia do gênero juvenil.5

Podemos dar diferentes nomes às fases, destacando as que formos desenvolvendo, mas

o mais importante é levar em conta estes elementos na hora da práxis pastoral no meio

dos jovens em suas diferentes etapas. É importante também sublinhar que há modos

concretos de viver as passagens das fases. As mudanças internas e externas dos jovens

provocam muita instabilidade. Pelo fato de estarem num processo de redefinição de sua

identidade, procuram experimentar diferentes comportamentos, às vezes até

contraditórios.

A compreensão das diferentes fases da juventude e a percepção das atitudes

vicárias para atravessá-las pode orientar nosso trabalho de acolhimento em seu meio.

Em primeiro lugar nos faz entrar em contato com as necessidades vitais do momento

existencial que os jovens estão atravessando. Então, nosso julgamento deixará a

superficialidade para ser profundo e, na medida em que conhecermos melhor a realidade

da juventude poderemos fazer um diagnóstico mais aproximado, com um remédio

adequado, utilizando a linguagem médica. Outro elemento importante que proporciona

esta contribuição psicológica é a visualização do processo de crescimento dos jovens e a

relação que estes têm com o processo grupal, que é de enorme importância para a

acolhida e acompanhamento da juventude. Na elaboração dos blocos temáticos e das

atividades espirituais, de lazer ou de solidariedade, temos que levar em conta o processo

pessoal e grupal. As próprias necessidades sentidas, as crises das etapas nos orientam

para os assuntos a serem tratados.

1.1.3 Visão sociológica. Para esta, a juventude é um grupo social, com uma

posição determinada dentro do conjunto da sociedade, caracterizada por um modo

peculiar de ver e entender a vida e o mundo. É uma etapa da existência em que a pessoa

possui identidade e valores próprios na sociedade e desta sofre as influências. Por outro

lado, há quem defenda que não se pode falar em juventude, mas sim em juventudes, em

razão das diferentes situações sociais e de desigualdade.

Luís Antônio Groppo, em seu livro: Juventude, afirma que, embora a sociologia

seja uma ferramenta indispensável para a definição de juventude, ainda não consegue

5 SOLARI, Aldo E., Algunas Reflexiones Sobre La Juventud Latinoamericana, Santiago de Chile: Serie II

número 14, 1971, p. 3 (traduzido por Juan Andrés Hidalgo Lora).

Page 18: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

definir o “objeto” social e por isso busca elementos biológicos e psicológicos para tal

definição. O autor nos faz pensar na dificuldade de compreender essa fase da vida,

chamada juventude. Groppo cita o sociólogo A. B. Hollingshead que define a juventude

da seguinte forma:

Sociologicamente a juventude é um período da vida de uma pessoa

que se define quando a sociedade na qual ela funciona cessa de

considerá-la... uma criança e não lhe atribui o status, os

desempenhos e funções do adulto (...). Acreditamos que o

comportamento juvenil é um tipo de comportamento de transição

que depende exclusivamente da sociedade e, mais ainda, da

posição que o indivíduo ocupa, dentro da estrutura social, e não

dos fenômenos biopsicológicos, relacionados a essa idade.6

O mais importante desta aproximação é ter a certeza de que, para intervir no

espaço dos jovens, temos que partir de sua realidade. Não é o mesmo trabalhar com

jovens na periferia e no centro da cidade, já que a questão do espaço, do lugar físico e

social da pessoa condiciona fortemente seu desenvolvimento e, para intervir em

qualquer realidade, precisamos partir desses condicionamentos.

Um mesmo traço da cultura vivida pelo jovem, como o consumismo, deve ser

trabalhado de diferentes maneiras, dependendo do lugar e da camada social onde se está

intervindo. A realidade do consumismo atinge todos os jovens, ricos e pobres, mas a

ressonância do tema tem diferentes consequências para eles de acordo com sua condição

social.

1.1.4 Visão cultural simbólica. Integra os anteriores e lhes confere um novo

sentido. O universo cultural dos jovens apresenta uma diversidade de formas de viver e

encontrar sentido para a vida. Neste universo aparece o lúdico, a dimensão estética da

vida, entre outros. O especialista em juventude Groppo, ao definir a juventude dentro

desta perspectiva simbólica, escreve:

(...) a juventude é uma concepção, representação ou criação

simbólica, fabricada pelos grupos sociais ou pelos próprios

indivíduos tidos como jovens, para significar uma série de

comportamentos e atitudes a ela atribuídos. Ao mesmo tempo, é

uma situação vivida e incomum por certos indivíduos. Na verdade,

outras faixas etárias construídas modernamente poderiam ser

definidas assim, como a infância, a terceira idade e a própria idade

6 GROPPO, Luís Antônio, Juventude, Ensaios Sobre Sociologia e História das Juventudes Modernas, Rio

de Janeiro: DIFEL, 2000, p.10.

Page 19: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

adulta. Trata-se não apenas de limites etários pretensamente naturais e objetivos, mas também, e principalmente, de

representações simbólicas e situações sociais com suas

próprias formas e conteúdos que têm importante influência nas

sociedades modernas.7

Olhar a juventude dominicana como cultura apresenta e nos faz descobrir novas

dimensões e ferramentas de análise para a intervenção na realidade dos jovens. Falar da

juventude dominicana como cultura leva a considerar seu modo de pensar, sentir,

perceber e agir8 como grupo social, distinto de outros. Esta abordagem ajuda a

aprofundar outras questões.

A aproximação e a abordagem cultural possibilitam perceber o exercício

produtivo e criador dos jovens9 em relação a si mesmos, aos outros, à natureza e a

Deus. Isto nos faz mergulhar na capacidade genial que lhes é própria de produzir sinais

e símbolos que revelam sua identidade e, por sua vez, se transformam na “carta de

apresentação” no processo de socialização.

Por sua vez, não podemos deixar de enxergar que as culturas juvenis se inserem

dentro de uma realidade sócio-cultural maior, que caracteriza nosso tempo e hoje

impregna até as fibras mais íntimas da juventude. Isto nos leva a pensar e aprofundar a

realidade do jovem na cultura. Apesar de várias ciências tentarem definir a etapa da

juventude, notamos que essa fase da vida é por demais complexa e exige a unidade de

diversas correntes em sua definição e, mesmo assim, ainda nos é difícil precisar uma

melhor descrição.

2. Aspectos específicos

A República Dominicana é um país que está situado no Caribe. Os primeiros

habitantes dessa ilha foram os índios Arawak, procedentes da América do Sul. Era um

povo inteligente e inclinado às artes, que se instalou naquela região a partir do ano

1000. Mais tarde, por volta do séc. XVI foram subjugados pelos Caraíbas. A população

indígena foi-se extinguindo quase por completo após a chegada dos navegadores

7 Cf. Idem, pp.7-8.

8 Cf. CELAM, Conclusões das Conferências do Rio de Janeiro, Medellín, Puebla e Santo Domingo; III

Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, São Paulo: Paulus, 2005, n. 385-390, pp.

386-387. 9 Cf. Idem, n. 391, p. 387.

Page 20: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

espanhois10

. Atualmente, como consequência da mestiçagem entre os colonos espanhois

e os escravos africanos, cerca de 73% da população é mulata.

A Hispaniola11

foi uma colônia da Espanha desde seu descobrimento em 1492 até

1795. Naquele ano a Espanha cedeu à França a parte ocidental da ilha, onde nasceria o

Haiti. Em 1829, a República Dominicana foi ocupada pelos haitianos. Porém,

proclamou sua independência em 7 de fevereiro de 1844. No passado a República

Dominicana12

se caracterizou por intensa instabilidade política interna. Da

independência até o ano de 1930, teve cinquenta presidentes (um a cada 1,7 ano) e trinta

revoluções (uma a cada 2,9 anos).

Tradicionalmente, dois fatores dominantes marcaram a política interna e externa

dominicana: a invasão haitiana, seguida da ocupação no período de 1822 a 1844, e a

intervenção norte-americana preocupada com a possibilidade de que alguma potência

extra-hemisférica se aproveitasse da instabilidade interna para ocupar o país. Depois da

saída dos americanos, a República Dominicana viveu sob o domínio de várias ditaduras.

Isso atrasou as reformas econômicas e sociais do país. A ditadura mais marcante na

história da região foi a de Rafael Leónidas Trujillo, de 1930 a 1961, período esse de

privação de liberdade política e religiosa, e violência armada de repressão contra quem

se opusesse ao regime. 13

É a partir desse momento que conseguimos traçar um paralelo

entre a força juvenil, a Igreja e a história da República Dominicana.

10

Alguns dados gerais da República Dominicana:

Superfície: 48. 422 quilômetros quadrados.

População: 9,8 milhões de habitantes.

Capital: Santo Domingo.

Independência: 27 de fevereiro de 1844.

Chefe de Estado: Leonel Fernandes Reina (desde 1996).

Grupos étnicos: 73% são mestiços, 16% brancos e 11 % negros.

Idioma: Espanhol.

Moeda: Peso da República Dominicana.

Religião: 95% são católicos.

Economia: Cana-de-açúcar, arroz, café, banana, cacau e tabaco. Minas de ouro, prata e níquel.

PNB “per capita”: 1.230 dólares (cerca de 2.275 reais).

Dados sociais: A perspectiva de vida é de 70 anos. A alfabetização, 83%. 11

Nome original dado pelos espanhois à ilha caribenha (que hoje compreende a República Dominicana e

o Haiti).

12 República Dominicana. Disponível em:<

http://www2.mre.gov.br/dcc/republica_dominicana.htm>. Acesso em: 11 maio de

2010, 10:25. – Todos os meios eletrônicos: (traduzido por: Juan Andrés Hidalgo Lora). 13

SALVADOR, Leo. Como consequência da mestiçagem entre os colonos espanhóis e os escravos

africanos, cerca de 73% da população da ilha é mulata. Disponível em:

Page 21: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

No princípio do séc. XX, a Igreja Católica se desenvolveu em ambiente interno de

instabilidade. Depois, durante a ditadura do Trujillo, experimentou um claro

crescimento. Porém, isso aconteceu às custas da manutenção de um forte compromisso

com o ditador. 14

A partir de 1959 desenvolveu-se um movimento de oposição ao

regime, liderado, sobretudo, por forças juvenis, que o episcopado apoiou, ao mesmo

tempo que se colocou ao lado do povo que sofria a opressão que lhe cerceava a

liberdade. A Igreja e a juventude contribuíram para reescrever uma nova página da

história desse país.

A história das irmãs Mirabales, retratada no filme Nos tempos das Borboletas15

é

uma representação da força juvenil na luta pela liberdade contra o ditador e assassino

Trujillo. A história dessas irmãs, lideradas por Minerva, que buscavam a liberdade de

um povo é modelo para os jovens que até hoje sentem que seu protagonismo pode

mudar a realidade. Minerva e suas irmãs, conhecidas como As Borboletas,16

suportaram

opressões indescritíveis em uma batalha pela própria essência de uma nação. Mas à

medida que seus atos de coragem ganharam notoriedade, as forças de Trujillo

começaram a fechar o cerco, decididas a pôr fim aos atos heroicos de Minerva e elas

foram martirizadas em 25 de novembro de 1960. A figura das irmãs é tão forte que é

tradição dominicana que todos os estudantes visitem o lugar onde elas moravam.

Trujillo acreditou que havia eliminado um grande problema, mas o assassinato teve

péssima repercussão. A morte das Borboletas causou grande comoção na República

Dominicana e levou o povo desse país a ficar cada vez mais inclinado a apoiar os ideais

das Borboletas. Esta reação contribuiu para o despertar da consciência do povo, e

culminou no assassinato de Trujillo em maio de 1961.17

Depois disso a República

Dominicana passou por transformações profundas que marcaram a atuação juvenil

naquele país, de modo especial dos jovens que frequentavam grupos de jovens da Igreja.

<http://www.audacia.org/cgibin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EEuly

uuuAFMknVmFbC>. Acesso em: 20 abril 2010, 20:30 . 14

O distanciamento da Igreja com o regime de Trujillo se deu, sobretudo, porque o ditador queria que a

Igreja reconhecesse seu “estado de divindade”. Frente à negação da Igreja, o ditador inicia um

movimento contra ela, seguido de perseguições e expulsões. 15

No Tempo das Borboletas – título original: In the Time of the Butterflies. Ano da produção: 2001.

Diretor: Mariano Barroso. 16

Em espanhol: Las Mariposas. 17

História Patria Dominicana. Las Hermanas Mirabal, Las Mariposas. Disponível em:

http://27febrero.com/hermanasmirabal.htm Acesso em: 09 de outubro de 2010, 9:09.

Page 22: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Após o assassinato de Trujillo, o país enfrentou novo período, embora curto, de

instabilidade política.

Outro personagem controverso que despertou a oposição da Igreja e da juventude

foi Juaquín Balaguer, apesar de eleito democraticamente. Durante anos ele governou

tendo por base princípios ditatoriais. Ficou conhecido como o “eterno presidente”

(quase trinta anos no poder) devido à sua forte manipulação política. As repressões de

seu governo deixaram mais de 3 mil mortos, entre eles estudantes e parte da

intelectualidade dominicana simplesmente porque se opunham a ele.

3. Contexto socioeconômico

O contexto socioeconômico da juventude dominicana não pode ser visto ou

analisado fora da realidade latino-americana. Os jovens na República Dominicana

enfrentam uma série de problemas ligados às questões sociais, e que precisam ser

contemplados antes de traçarmos alguns pontos que possam ajudar a Pastoral da

Juventude naquele país. A marca da Igreja é a sua atuação na realidade, na qual deve

estar encarnada, atenta, aos problemas que assolam seus filhos. A história de

exploração, escravidão e ditadura na República Dominicana, influencia até hoje a

realidade social dos jovens. Destacamos alguns desafios:

3.1.Desemprego generalizado

O trabalho humano é o lugar em que o homem se expressa como tal, atende a suas

necessidades e busca a realização de suas aspirações. O trabalho é também a chave de

toda questão social, que inclui os negócios e tarefas socioeconômicos, políticos e

culturais. No entanto, a juventude observa com preocupação a forma pela qual cada dia

mais se vão estreitando os espaços que possibilitam exercer um trabalho digno e

promissor, ao mesmo tempo em que se multiplicam as dificuldades impostas ao acesso

Page 23: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

a tal mercado. Segundo dados do Ministério do Trabalho da República Dominicana18

, o

país tem o maior índice de desemprego juvenil da América Central, uma taxa de 30,9%.

Entre os jovens de 15 a 25 anos, essa taxa de desemprego é de aproximadamente

18%. Na pesquisa de campo, realizada com 150 jovens da Paróquia São José, da Bomba

de Cenoví, da cidade de São Francisco de Macorís, na República Dominicana, no mês

de setembro de 2010, apenas 25% trabalhava e estudava19

, levando muitos jovens que

não têm oportunidade de emprego a cair na delinquência ou mesmo desistir dos estudos

por falta de condição para seu sustento. A maior parte deles se sente infeliz com essa

situação, para a qual contribui muito a separação de casais20

. Para a Igreja é um grande

desafio como o enfoca a continuação:

Muitos jovens são vítimas de empobrecimento e da marginalização

social, do desemprego e do subemprego, de uma educação que não

responde às exigências de suas vidas, do narcotráfico, da guerrilha,

das gangues, da prostituição, do alcoolismo, de abusos sexuais.

Muitos vivem adormecidos pela propaganda dos meios de

comunicação social e alienados por imposições culturais, e pelo

pragmatismo imediatista que tem gerado novos problemas no

processo de amadurecimento afetivo dos adolescentes e dos jovens. 21

A realidade do emprego e desemprego descrita tem muitas consequências para os

jovens na hora de pensar na elaboração de um projeto de vida. Basta ver os jovens que

conseguem emprego. Estes recuperam sua dignidade, reconstroem sua auto-estima e

voltam a ter capacidade de projetar sua vida. O jovem empregado, que antes pensava só

na sobrevivência, pode começar a sonhar, planejar seu futuro e vivenciar vínculos

profundos de fraternidade, de solidariedade na sociedade dominicana.

O trabalho da Pastoral da Juventude na República Dominicana com o jovem

subempregado e desempregado é de vital importância, para ajudá-lo a descobrir as

causas verdadeiras e estruturais de sua situação e na descoberta da potencialidade

18

PLASENCIA, Aleida. A República Dominicana tem o mais alto desemprego dos jovens. Disponível

em: <http://www.perspectivaciudadana.com/contenido.php?itemid=27806>.

Acesso em: 11 de março de 2010, 10.50. 19

Anexo IX, Escolaridade – Casa Própria. 20

Anexo IV, Você se sente feliz? – Estado civil dos pais. 21

CELAM, Conclusões das Conferências do Rio de Janeiro, Medellín, Puebla e Santo Domingo; IV

Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, Paulus, 2005, n. 112. p.689

Page 24: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

escondida nas suas vidas. Por outro lado, a Pastoral da Juventude tem que continuar

cultivando mais que nunca a dimensão profética de sua missão para denunciar as

estruturas de pecado que causam esse mal e para propor políticas públicas em benefício

da formação e emprego da juventude dominicana.

3.2 Imigração

A falta de oportunidade na República Dominicana faz os jovens buscarem, através

da imigração, uma qualidade de vida longe de sua nação e cultura. Na pesquisa feita

com os jovens da Paróquia São José, da Bomba de Cenoví, o numero de jovens é

bastante alarmante: 45% pretendem sair do país em busca de realizar seus sonhos, 30%

procuram a capital e apenas 28% pretendem continuar morando em sua cidade natal22

.

Entende-se que em breve nas pequenas cidades poucos jovens permanecerão. Sendo

assim, poucas famílias terão seus filhos reunidos e o trabalho pastoral não terá uma

continuidade. A preocupação da Igreja é percebida nitidamente na seguinte declaração:

(...) Vê-se ausência de jovens na esfera política devido à

desconfiança que geram as situações de corrupção, o desprestígio

dos políticos e a procura de interesses pessoais frente ao bem

comum. Constatam-se com preocupação suicídios de jovens.

Outros não têm possibilidades de estudar ou trabalhar e muitos

deixam seus países por não encontrar futuro neles, dando assim ao

fenômeno da mobilidade humana e da migração um rosto juvenil.

Preocupa também o uso indiscriminado e abusivo que muitos

jovens fazem da comunicação virtual. 23

Nos países do Caribe24

, cerca de 20% da população está no exterior. Na República

Dominicana esse percentual é de 9,3%.25

Dados recentes indicam que mais de um

22

Cf. Anexo V, Para o futuro. 23

CELAM. Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-

Americano e do Caribe, São Paulo: Paulus, 2008, n. 445, p. 200. 24

Emigrantes Latino-Americanos crescem e somam 25 milhões. Disponível em:

<http://www.ipcdigital.com/br/Noticias/Mundo/Emigrantes-latino-americanos-crescem-

e-somam-25-mi>. Acesso em: 11 de maio de 2010, 10:57.

Page 25: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

milhão de dominicanos estão fora de sua pátria. Calcula-se que desses, 40% são jovens.

Outro estudo26

mostra um dado preocupante, 57% dos dominicanos querem sair do país

e a outra metade não acredita que a situação possa melhorar, segundo revela o Informe

de Desenvolvimento Humano de 2008, elaborado por um Programa das Nações Unidas

para o Desenvolvimento (PNUD).

A preocupação é com os nativos dominicanos que buscam melhores condições de

vida longe de sua pátria. Porém outro elemento bastante contundente é a migração

haitiana na República Dominicana. Em busca de comida, paz e trabalho, cerca de 800

mil imigrantes haitianos, segundo cifras não oficiais (de um total de 8,5 milhões de

habitantes na República Dominicana e 8,3 milhões no Haiti) atravessaram a fronteira.

Essa situação se agravou depois do terremoto que assolou o país no início de 2010.

A Organização Internacional de Migrações (OIM) afirmou, logo após o desastre, que foi

registrado um aumento de 10% no número de haitianos que tentam atravessar para a

República Dominicana, em sua grande maioria jovem.27

3.3. Distância entre ricos e pobres

A República Dominicana, inserida no contexto latino-americano, apresenta uma

similaridade com todo o Continente. No ano de 2009 a Comissão Econômica para a

América Latina e Caribe (Cepal)28

divulgou um dado preocupante: Nove milhões de

latino-americanos entrariam no estado de pobreza em 2009 por causa da crise financeira

mundial, segundo previsão do Panorama Social da América Latina. A cifra mostra que a

25

As cifras aparecem no documento sobre "Emigração internacional, direitos humanos e desenvolvimento

na América Latina e no Caribe", apresentado no 31º turno de debates da Comissão Econômica

para a América Latina (Cepal), realizada em Montevidéu no ano de 2005. 26

ACOSTA, Cándida. Informe del PNUD revela 57% criollos quiere sair do país. Disponível em:

<http://www.listindiario.com/app/article.aspx?id=60518>. Acesso em: 10 de abril de

2010, 11:10. 27

MÉNDEZ, Wanda. Estudio Revela un Incremento en la Trata y Tráfico de Personas. Disponível em:

http://www.listindiario.com.do/la-republica/2010/10/3/161126/Estudio-revela-un-incremento-en-la-trata-

y-trafico-de-personas. Acesso em: 10 de Outubro de 2010, 10:42. 28

ESTADO, Agência. Cepal prevê 9 milhões de novos pobres na AL este ano. Disponível em:

<http://www.amanha.com.br/NoticiaDetalhe.aspx?NoticiaID=d6fd493c-93ad-

4bcb-94fb-2a3b9d090622&Artigo=comunidade>. Acesso em: 10 de fevereiro de 2010,

11:09. A cifra mostra que a pobreza na região aumentará 1,1% e a indigência crescerá 0,8%

nesse ano, comparadas aos números de 2009. Culpada é a crise.

Page 26: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

pobreza na região aumentaria 1,1% e a indigência cresceria 0,8% naquele ano,

comparada aos números de 2008. O número de pobres iria passar de 180 para 189

milhões de pessoas, representando 34,1% da população, enquanto a indigência passaria

de 71 milhões para 76 milhões (13,7% da população).

A crescente distância entre ricos e pobres (...) é qualificada como

escândalo e contradição com o ser cristão; o luxo de poucos diante

da miséria de muitos, com insulto às grandes massas necessitadas

do continente. 29

Constatamos com preocupação que inumeráveis jovens do nosso

continente passam por situação que os afetam significativamente:

as sequelas da pobreza, que limitam o crescimento harmônico de

suas vidas e geram exclusão; a socialização, cuja transmissão de

valores já não acontece primariamente nas instituições tradicionais,

mas em novos ambientes não insertos de forte carga de alienação; e

sua permeabilidade às formas novas de expressões culturais,

produto da globalização, que afeta sua própria identidade pessoal e

social.30

A desigualdade social gera a criminalidade, jovens inconformados com sua situação

de vida buscam no crime o desejo de se sentirem incluídos socialmente, tudo isso por

falta de políticas de inclusão, 70 % dos jovens da Paróquia San José não acreditam que

a situação do país possa melhorar31

. Os jovens são presa fácil das novas propostas do

mundo. As grandes crises, pelas quais passa a família e os jovens hoje em dia,

produzem profundas carências afetivas e conflitos emocionais.

3.4. Violência

Na República Dominicana a falta de perspectivas, a precariedade da vida, a

desestruturação das famílias, etc., levam os jovens a mergulharem na tarefa heroica da

sobrevivência e de buscar sentido para suas vidas; lamentavelmente, um grande número

29

CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, p. 33 30

CELAM. Documento de Aparecida. Texto Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-

Americano e do Caribe. Edições CNBB: Paulinas; São Paulo: Paulus, 2008, n. 444, p. 199. 31

Cf. Anexo VI, Situação social e segurança pública.

Page 27: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

fica mergulhado no sem-sentido e preso à ilusão da violência. Para o Documento de

Aparecida uma fonte de sofrimento da juventude, é a violência:

A violência se reveste de várias formas e tem diversos agentes:

crime organizado e o narcotráfico, grupos paramilitares, violência

na periferia, violência de grupos juvenis e crescente violência

intrafamiliar. Suas causas são múltiplas: a idolatria do dinheiro, o

avanço de uma ideologia individualista e utilitarista, a falta de

respeito pela dignidade de cada pessoa, a deterioração do tecido

social, a corrupção inclusive nas forças da ordem e a falta de

políticas públicas de equidade social. 32

Outra forma de violência apontada pelo Documento de Aparecida é o tráfico de

pessoas. (...) Acontece também, dizem os bispos, um vergonhoso tráfico de pessoas, que

inclui a prostituição, inclusive de menores. 33

A realidade da violência34

atinge

diariamente a vida dos povos latino-americanos. Em sua maioria os jovens são as

maiores vítimas da violência desenfreada. Na República Dominicana a Procuradoria

Geral da República registrou durante os meses de Janeiro a Outubro de 2008 um total de

2.004 mortes violentas no país. Esta cifra representa um aumento de 21,1% dos

homicídios em relação ao mesmo período de 2007 que registrou 1.654 homicídios. As

estatísticas oficiais indicam que 714 pessoas foram mortas em atos relacionados

diretamente com a delinquência.

Hoje o número de jovens, vitimas de homicídios devido a todo tipo de drogas e

falta de emprego, passou de 21,1% conforme estatística realizada entre os jovens da

Paróquia São José, da Bomba de Cenoví. 65% dos jovens entrevistados já tinham

perdido um amigo, vitima da violência no país35

. O numero é assustador, motivando

assim muitos pais a incentivar seus filhos a sair do país e procurar outros meios seguros

de sobrevivência.

As pessoas nas cidades produtivas da República Dominicana são as mais

afetadas pelos níveis de violência que afetam o país. A média etária das vítimas de

32

CELAM. Documento de Aparecida. Texto Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-

Americano e do Caribe. Edições CNBB: Paulinas; São Paulo: Paulus, 2008, n.78, p.45. 33

Idem, n. 73, p. 42. 34

PRO JUVENTO, Os jovens são os mais afetados por mortes violentas. Disponível em:

<http://projuventud.org/blog/2009/03/17/los-jovenes-son-los-mas-afectados-por-

muertes-violentas/>. Acesso em: 10 fevereiro de 2010, 10:05. 35

Cf. Anexo VI, Situação social e segurança pública.

Page 28: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

homicídios oscila entre 16 e 45 anos. Os dados são de um informe revelado pela

Procuradoria Geral da República. De 232 necropsias registradas pelo Instituto Nacional

de Ciências Forenses (INACIF) nos últimos três meses do ano de 2008, 189

correspondem às pessoas assassinadas com armas de fogo e com a faixa etária citada

acima.

Ao opinar sobre o assunto, o especialista em segurança, Daniel Pou36

, explica que as

estatísticas que envolvem os jovens, vítimas da violência têm crescido a cada ano pela

alta incidência populacional em ações de delinquência: “Isso é notório porque é a idade

em que a gente experimenta mais necessidades materiais e busca maiores oportunidades

de progresso”, manifestou. Conforme pesquisa realizada com os jovens da Paróquia São

José da Bomba da Cenoví, 65% dos jovens tinham pelo menos um amigo que tinha sido

assassinado ou às vezes mais de um amigo e 65,3 % tem algum amigo que se droga37

.

Sendo assim fica confirmado o aumento da violência no país.

O crescimento da violência no mundo todo e na República Dominicana é um fato. A

atuação do narcotráfico, das gangues, da polícia, dos grupos paramilitares, das

guerrilhas, a violência urbana nas periferias das grandes metrópoles geram

desestabilização social. Isto se transforma numa ameaça para o futuro da juventude

dominicana. Sem dúvida, o primeiro desafio que a sociedade dominicana e a Igreja

enfrentam é a inclusão social da juventude em termos de formação, lazer e trabalho.

Precisamos novamente fazer uma opção pela juventude e, de maneira especial, a

empobrecida e aquela que não encontra sentido em suas vidas, favorecendo os espaços

de acolhida e acompanhamento nas comunidades de pastorais, 56,2% dos jovens da

Paróquia San José considerou que a presença constante do padre faz com que sintam

apoiados e acolhidos38

.

36

PRO JUVENTO, Os jovens são os mais afetados por mortes violentas. Disponível em:

<http://projuventud.org/blog/2009/03/17/los-jovenes-son-los-mas-afectados-por-

muertes-violentas/>. Acesso em: 10 fevereiro de 2010, 10:05. 37

Cf. Anexo VII, Assassínios. 38

Cf. Anexo X, Relação do pároco com o grupo de jovens.

Page 29: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

3.5. Tráfico de drogas

Na República Dominicana o mundo das drogas não pode mais ser tratado como um

universo compacto e uniforme. Há diferentes tipos de drogas, de consumidores, de

traficantes. O que temos certeza é que o consumo cresceu e afeta, sobretudo, a

juventude. A seguinte estatística foi tomada do último informe do Programa das Nações

Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que revela dado preocupante, 52% da

juventude de 11 a 25 anos já provaram algum tipo de droga. E desses, 22% se tornaram

dependentes químicos39

.

O problema das drogas vem-se convertendo, pouco a pouco, em

fenômeno mundial, que, para alguns, constitui um dos sinais de

uma contracultura juvenil. Este mal, em qualquer de suas três

etapas – cultivo, utilização ou comercialização - é um dos grandes

atentados contra a sociedade e prioritariamente contra a

juventude.40

A realidade, descrita na pesquisa, revela o fator preocupante da situação que

estamos vivendo, tendo em conta os efeitos da droga na vida do consumidor e a sua

relação crítica com a sociedade. Há basicamente dois tipos de consumidores: os da

primeira experiência e os adictos. Há jovens que experimentam pela primeira vez para

satisfazer a curiosidade, mas não gostam, ou as informações dos males causados por ela

os freiam, ou conseguem alguém que os liberte no início. Outros consomem

esporadicamente e ficam se equilibrando como em corda bamba, mas a droga não os

domina.

O problema mais grave na República Dominicana é o do jovem adicto. Faz uso

sistemático, descontrolado de uma ou várias substâncias químicas, com repercussões

negativas em diferentes áreas de sua vida. Estes formam o grupo dos dependentes

químicos, os quais quase sempre transitam por um caminho de mão única. A porta de

entrada das drogas é o prazer, que responde ao desejo de felicidade. As drogas são uma

promessa de satisfação total, e no começo está o gozo, mas depois vem a tragédia da

39

Escuela de Familia, Vistazo Panorámico, ¿QUE TAN GRAVES SON LOS PROBLEMAS DE LA

SOCIEDAD DOMINICANA ACTUAL? Disponível em:

<http://www.escuelasdefamilias.com/pag5.html>. Acesso em: 07 de abril de 2010,

10:10. 40

CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, p. 34.

Page 30: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

insatisfação. Conforme pesquisa realizada com os jovens da Paróquia São José, da

Bomba da Cenoví, uns 65,3% já conhecem algum amigo que utilizou algum tipo de

droga41

, sendo isto um número considerável. Algo bom é que o 99,09% dos jovens

entrevistados não tinham experimentado nenhum tipo de drogas42

.

Na República Dominicana lamentavelmente, o jovem consumidor e adicto da

periferia entra num beco sem saída: a adição vai crescendo e, junto com esta, o

endividamento. Isto leva o jovem ao mundo da delinquência, alimentando sua

dependência pelo furto, o tráfico e a submissão ao narcotraficante. Este mundo de

relações com frequência desencadeia violência e até morte.

3.6. Falta de escolaridade

Atualmente, na República Dominicana, o mundo do trabalho exige boa

escolarização para se aspirar a um emprego bem remunerado, ter os elementos

necessários para exercer protagonismo na sociedade e ter satisfação pessoal e familiar.

Há de fato certa correlação entre as baixas condições econômicas da população e a

escolaridade da juventude dominicana.

São muitos os afetados por uma educação de baixa qualidade, que

os deixa abaixo dos níveis necessários de competitividade,

somando-se aos enfoques antropológicos reducionistas, que

limitam seus horizontes de vida e dificultam a tomada de decisões

duradouras.43

Segundo dados da UNESCO, Guatemala, Honduras, El Salvador e a República

Dominicana são os países que lideram os índices de analfabetismo na América Latina.

Na República Dominicana a taxa de analfabetos é de 10,8%. Comparando o índice de

pobreza com o índice de analfabetismo por províncias dominicanas, se observa uma

tendência geral indicando que as províncias com menor população analfabeta são as que

contêm uma menor quantidade de locais pobres. Então, podemos concluir que na

41

Cf. Anexo VIII, Uso de drogas. 42

Cf. Anexo VIII, Uso de drogas. 43

CELAM. Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-

Americano e do Caribe. Edições CNBB: Paulinas; São Paulo: Paulus, 2008, n. 445, pp.199-200.

Page 31: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

República Dominicana o analfabetismo e a pobreza parecem relacionar-se de forma

direta.

No meio da juventude da República Dominicana, constata-se uma melhoria nos

níveis de alfabetização. Mas há diferentes realidades vividas pelos jovens. Na pesquisa

realizada com os jovens da paróquia São José, no mês do setembro do 2010, foi

constatado que: 87% só estudam, 12,4% estudam e trabalham e temos 0,6% que nem

trabalham nem estudam44

. Essa diferença de dedicação sem dúvida repercute na

preparação e capacitação do jovem no seu desenvolvimento futuro. A situação do

ensino superior do país não poderia ser mais grave, pois apenas metade dos que iniciam

os estudos universitários consegue terminá-los. Outro dado preocupante é que 90%

daqueles que iniciam uma faculdade de graduação fazem-no com vários anos de

atraso)45

.

Estas informações estão contidas num estudo.As principais causas do abandono

do ensino superior podem ser relacionadas com a falta de recursos econômicos; falta de

moradia46

; necessidade de trabalhar; falta de conhecimento prévio e frustração na área

de estudo escolhida; entre outras.

No Documento de Aparecida a preocupação com a educação dos jovens aparece

em vários lugares. A Conferência destaca o que acontece no campo da educação,

dizendo que é possível observar que, no esforço de se adaptar às novas exigências, olha-

se a educação em função da produção, da competitividade e do mercado.

A América Latina e o Caribe vivem uma particular e delicada

emergência educacional. Na verdade, as novas formas

educacionais de nosso continente, impulsionadas para se adaptar

às novas exigências que se vão criando com a mudança global,

aparecem centradas prioritariamente na aquisição de

conhecimentos e habilidades e denotam claro reducionismo

44

Cf. Anexo IX, Escolaridade – Casa própria. 45

Os dados foram coletados através de entrevistas com estudantes que interromperam seus cursos,

docentes e especialistas na área. Disponível em:

<http://translate.google.com.br/translate?hl=ptBR&sl=es&u=http://www.hoy.com.do/&

ei=L4VyS9vkAcaa8AbboPnHCw&sa=X&oi=translate&ct=result&resnum=1&v

ed=0CA8Q7gEwAA&prev=/search%3Fq%3Dwww.hoy.com.do%26hl%3Dpt-

BR>. Acesso em: 03 de fevereiro de 2010, 09:15. 46

Cf. Anexo IX, Escolaridade – Casa própria.

Page 32: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

antropológico, visto que concebem a educação

preponderantemente em função da produção, da competitividade e

do mercado. Por outro lado, com frequência, elas propiciam a

inclusão de fatores contrários à vida, à família e a uma sadia

sexualidade. Dessa forma, não manifestam os melhores valores dos

jovens nem seu espírito religioso; menos ainda lhes ensinam os

caminhos para superar a violência e se aproximar da felicidade,

nem os ajudam a levar uma vida sóbria e adquirir as atitudes,

virtudes e costumes que tornariam estável o lar que venham a

estabelecer, e que os converteriam em construtores solidários da

paz e do futuro da sociedade.47

A Igreja é chamada, por isso, a promover educação de qualidade para todos,

especialmente para os mais pobres, isto é, educação que ofereça às crianças, aos jovens

e aos adultos o encontro com os valores culturais do próprio país, descobrindo ou

integrando neles a dimensão religiosa e transcendente. A Igreja em conjunto com os

pais de família é chamada a se transformar em lugar privilegiado de formação e

promoção integramente humana, mediante a assimilação crítica da cultura e dos valores

humanos e cristãos.

4. Papel da Igreja

Diante de tudo que vimos a respeito da realidade da juventude dominicana,

poderíamos nos perguntar qual o papel da Igreja diante dessa situação. Desde o começo

da história da República Dominicana, a Igreja está presente no meio do povo em

especial ao lado dos jovens. Às vezes, foi cúmplice na colonização desintegradora das

culturas autóctones, mas também foi promotora de liberdade e solidária com os direitos

dos mais indefesos.48

Um exemplo é Frei Bartolomeu de Las Casas49

, um incansável

defensor da dignidade humana, da luta pela justiça e do direito à vida dos índios.50

Nos

47

CELAM. Documento de Aparecida. Texto Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-

Americano e do Caribe. Edições CNBB: Paulinas; São Paulo: Paulus, 2008, n. 328, p.149. 48

Cf. CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, p.

86. 49

PALEARI, Giorgio. Espiritualidade e missão. Bartolomeu de Las Casas. Disponível em:

<http://www.pimenet.org.br/mundoemissao/espiritlascasas.htm >. Acesso em: 09 de

março de 2010, 08:15. 50

Frei Bartolomeu de Las Casas: “A liberdade humana é, como a vida, a coisa mais preciosa e valiosa do

mundo”.

Page 33: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

últimos decênios, a Igreja dominicana, diante da crescente degradação da vida do povo,

conscientizou-se de que a missão é a evangelização pela juventude.

Diante das injustiças e das desigualdades sociais, produto das ditaduras, a Igreja

dominicana nunca ficou calada, mas ergueu sua voz para denunciar com firmeza o

ministério da iniquidade. Através dos bispos a Igreja descobriu os projetos ocultos dos

que são criadores da opressão e anuncia com palavras e práticas o ideal de uma

sociedade nova e livre.51

A Igreja na República Dominicana sempre demonstrou sua

preocupação com os jovens, especialmente através de:

4.1. Escolas e Universidades Católicas. Talvez a Igreja da República

Dominicana nunca tenha investido tanto em um setor do povo de Deus, em termos de

recursos humanos e financeiros, como fez no século passado com a juventude. Como

instrumento privilegiado para chegar a ela, a Igreja montou grande rede de escolas e

universidades católicas. Este instrumento de evangelização teve grande influência na

formação de várias gerações de cristãos, sobretudo em época em que o Estado não

proporcionava escolas para os pobres. Hoje em dia, por diversos motivos este recurso se

apresenta como instrumento de evangelização limitado e insuficiente.52

4.2. Ação Católica. Nos anos 1960-1966, a Ação Católica desenvolvia uma

Pastoral de Juventude de meio específico através da JOC (Juventude Operaria Católica),

da JEC (Juventude Estudantil Católica), da JUC (Juventude Universitária Católica), da

JAC (Juventude Agrária Católica) e da JIC (Juventude Independente Católica). O

movimento de ação católica teve grande influência na formação da juventude

dominicana. Tinha como objetivo a participação dos leigos no apostolado da Igreja, na

defesa dos princípios religiosos e morais, no desenvolvimento de uma sã e benéfica

ação social sob a direção da hierarquia eclesiástica. Este movimento ajudou a juventude

dominicana a descobrir qual é seu papel na vida da Igreja e dele surgiram jovens com

vocação para sacudir a Igreja e a sociedade e para plantar semente de uma Igreja e de

uma sociedade nova.53

A maior parte desses jovens vive uma experiência religiosa.

51

Cf. CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, p.

87. 52

Cf. Idem, pp. 56-57. 53

Cf. BORAN, Jorge. Juventude: o Grande Desafio. São Paulo: Paulinas, 1982, pp. 22-23.

Page 34: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Fenômenos que marcaram a dinâmica do campo religioso foram intensificados quando

se tratava da população jovem, como a busca continua por uma expressão de fé que

desse sentido a sua vida.

4.3. Os Movimentos da Ação Católica Especializada. A sua história nos anos

60 se achou marcada por duplo embate. De um lado, sua intenção de assumir o desafio

de uma presença como fermento da Igreja nos setores sociais mais dinâmicos do

convulsionado processo sociopolítico da República Dominicana desses anos; de outro,

sua participação crítica na dinâmica das transformações pastorais na Igreja, originadas

pelo impulso renovador do Concílio Vaticano II e pelos documentos de Medellín. Aqui

a Igreja usa o auxílio das ciências, como a sociologia, a economia, a estatística, a

psicologia social, a política, para entender as causas sociais que produzem essa

sociedade que não está como Deus quer.54

Em fins daquela década, os movimentos

chegaram a viver momentos culminantes e de crise, em que entrava em jogo a sua

própria existência. Pelo seu batismo, os jovens são corresponsáveis pela Igreja e sua

missão no mundo.

4.4. Os Movimentos de Encontro. Durante os dez anos seguintes (1966-1976) a

Ação Católica especializada foi substituída por uma Pastoral de Juventude baseada em

encontros de jovens, tipo Cursilho. Os movimentos visavam resolver os problemas

pessoais dos jovens. A raiz do problema social era o egoísmo do indivíduo. Mudando o

jovem, automaticamente se estaria mudando a sociedade. Alguns aspectos positivos

destes movimentos de encontro foram: sua capacidade para reunir os jovens em grande

número, para mudar uma imagem negativa do jovem diante da Igreja e para aproximá-lo

da hierarquia. Foi responsável, em grande parte, pelo surgimento dos grupos de jovens

nas paróquias. Em muitos lugares da República Dominicana, a partir de fins da década

de 1970, os Movimentos de Encontros entraram em crise, ao passo que em outros

lugares, onde ainda exerciam influência, o desafio residia em saber como adaptá-lo a

uma realidade política, social diferente e como inseri-los em uma pastoral de juventude

54

Idem, p. 118.

Page 35: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

orgânica dentro da Igreja local.55

Formando lideres dentro do próprio grupo que tivesse

disponibilidade em acolher e acompanhar os jovens56

.

4.5. Os Movimentos Internacionais. A partir de 1980, dá-se o crescimento de

novos Movimentos Internacionais, como: Cursilhos de Cristandade, Focolares,

Renovação Carismática, Catecumenal, Encontros Matrimoniais, Comunhão e

Libertação. Alguns deles realizam trabalhos específicos também com os jovens. Estes

movimentos se afastam de organizações anteriores como Ação Católica, no sentido de

que a espiritualidade se torna finalidade muito mais acentuada do que a missão no

mundo e o trabalho em prol de sua transformação.57

Estes movimentos conseguiram

atrair a juventude da classe média, pois lhe oferecem mensagem adaptada à sua

condição humana. Sabem dar-lhe segurança e identidade, estabelecer comunhão e

participação entre eles.58

4.6 O Conselho Episcopal Latino-Americano e a Pastoral de Juventude. No

mês de agosto de 1968, reuniu-se em Medellin (Colômbia) a II Conferência Episcopal

Latino-Americana. O Papa Paulo VI em seu discurso fala: “é digno do máximo

interesse e de imensa utilidade” dedicar o documento n.5 e suas conclusões à pastoral da

juventude. Foi a primeira vez que se elaborou, em nível da América Latina, um

documento oficial da Igreja sobre o assunto.59

4.7. A Pastoral da Juventude Orgânica. Foi o novo instrumento teórico que

começou a surgir em quase todos os países da América Latina, a partir da segunda

metade da década de 70, e que substituiu os Movimentos de Encontros de cunho local

ou nacional. Esta pastoral surgiu a partir da necessidade sentida pela coordenação dos

grupos paroquiais em vários níveis. Na República Dominicana, começou-se a organizar

55

Cf. Idem, p. 23. 56

Anexo XVI, Relação do líder com o grupo. 57

Cf. CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, pp.

61-62. 58

Cf. Idem, p. 63. 59

Cf. Idem, p, 64.

Page 36: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

a coordenação da paróquia, por setor (ou zona), por diocese, por região e em nível

nacional.60

5. Novos Sinais

A Igreja deve-se apresentar hoje com novos sinais que a tornem crível diante dos

jovens, como a eleita e amada por Deus, para dar ao mundo vida e esperança nova.61

As

participações juvenis nas celebrações são cada vez mais visíveis e participativas. Em

algumas cidades como: Santo Domingo, São Francisco Marcoris, Puerto Plata, La Vega,

entre outras cidades, os jovens, que são particularmente sensíveis às expressões festivas

e comunitárias, têm hoje uma participação ativa na liturgia e nas celebrações das

comunidades, para dar expressão viva e atual, encarnada e inteligível a estes momentos

de celebração da vida do povo de Deus. 75,3% dos jovens da Paróquia San José

percebeu crescimento na participação no grupo, 78,7% costuma se reunir fora do grupo

em ambientes sociais e 99,5% convidam a outros amigos a participarem da vida integral

da Igreja e familiar62

. A Pastoral da Juventude nestas cidades em especial Cenoví está

sendo assim a expressão concreta da missão pastoral da comunidade eclesial atenta à

evangelização dos jovens. Evangelização dos jovens que será também, Boa Nova na

Igreja e programa de transformação da sociedade e da vida dos cidadãos dominicanos.

A Igreja dominicana vive em comunhão com o povo, a cada dia, interpelada e

questionada pelos desejos de participação dos jovens. Ela própria deseja ser um modelo

de convivência, onde consiga unir a solidariedade, a participação, porque ela é capaz de

abrir caminho para um tipo mais humano de sociedade.63

Nesta sintonia 83,3% dos

jovens da paróquia San José sentem o apoio do padre64

.

5.1. Inserção na família. A inserção dos jovens na própria família é um dos

principais meios do apostolado dos jovens na Igreja. Os jovens têm um primeiro nível

60

Cf. Idem, pp. 66-69. 61

Cf. Idem, pp. 87-88. 62

Cf. Anexo XIII, Perguntas sobre o grupo de jovens. 63

Cf. CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, p.

88. 64

Cf. Anexo X, Relação do pároco com o grupo.

Page 37: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

de inserção social na família. Esta os forma como pessoas, educa-os na fé e converte-os

em promotores do desenvolvimento. Os bispos dominicanos sempre motivam os jovens

a viver os valores humanos e cristãos a partir da família. Da igreja doméstica surge a

maioria das vocações para a vida da Igreja.65

Neste caso cabe a cada paróquia e

comunidade, descobrir quais são os “novos sofredores” da sua realidade e acolhê-los de

maneira fraterna e amorosa, buscando solucionar seus problemas.66

5.2. Solidariedade com os que sofrem. A ajuda aos excluídos é outra forma de

inserção. A Igreja, em sua caminhada junto ao povo dominicano, vai encontrando

muitas pessoas e jovens caídos à beira do caminho e não passa com os olhos fechados:

ela para, levanta-os e os ajuda a seguirem suas vidas. Daí, nascem da Igreja a

preocupação e a tarefa da promoção e assistência, da solidariedade e da caridade, da

verdadeira pastoral social comprometida e atenta às situações de sofrimento, pobreza,

opressão, necessidade dos jovens, sobretudo dos desamparados e dos marginalizados.67

Ser cristão, no entanto, é saber lutar, buscar e dar a vida como Jesus fez na sua

caminhada. A Igreja, no entanto, é uma comunidade onde se vivem vários ministérios,

cuja função principal é a de servir ao conjunto dos necessitados.68

6. Cuidados da hierarquia

Os bispos dominicanos sempre têm demonstrado um grande amor pela

juventude, em sua tarefa de convidar seus colaboradores (párocos, sacerdotes,

religiosos, dirigentes, leigos) para compartilhar deste serviço da pastoral de juventude,

solicitando o interesse e o apoio deles. Eles manifestaram particular atenção à formação

dos assessores em todos os níveis, promovendo sua capacitação para melhor

acompanhamento dos jovens.69

No entanto os párocos da República Dominicana têm

65

Cf. CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, p.

89. 66

Cf. PEREIRA, José Carlos. Pastoral da Acolhida: Guia de implantação, formação e atuação dos

agentes. São Paulo: Paulinas, 2009, p. 71. 67

Cf. CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, p.

90. 68

Cf. BORAN, Jorge. Juventude: o Grande Desafio. São Paulo: Paulinas, 1982, p. 109. 69

Cf. CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, pp.

91-92.

Page 38: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

demonstrado uma grande preocupação com a pastoral juvenil a qual deverá manifestar-

se através dos seguintes desempenhos:70

Integrá-la na pastoral orgânica e na tarefa evangelizadora de toda

comunidade;

Favorecer a realização da opção preferencial da Igreja pelos jovens

dentro de sua comunidade paroquial;

Preocupar-se com o assessoramento e com a animação dos grupos e

comunidades juvenis;

Acolher e apoiar as iniciativas dos jovens, facilitando sua realização,

55,5% dos jovens da paróquia San José sentem o apoio dos movimentos

integrantes da comunidade71

.

6.1. Objetivos da Igreja da República Dominicana. É realizado cada ano um

esforço para adequar sua ação pastoral aos diferentes desafios do momento, em perfeita

consonância com as linhas trazidas em nível nacional. A Pastoral da Juventude assume

como eixo transversal em programação anual um tema que tem sido escolhido para toda

a Igreja que peregrina na República Dominicana: Os discípulos de Jesus, chamados a

formar comunidades.72

Baseada na programação anual para este ano de 2010, a Pastoral

Juvenil, a partir da casa da juventude em Santo Domingo busca os seguintes objetivos:

Promover o espírito de comunidade nos jovens, assim como o

desenvolvimento da Missão Continental Juvenil.

Fortalecer a Comissão Arquidiocesana e as regiões, como também a

formação, capacitação dos agentes da Pastoral da Juventude.

Celebrar o Ano Sacerdotal

Fortalecer a presença dos Meios de Comunicação Social

Promover o desenvolvimento integral da juventude na educação dos valores.

70

Cf. Idem, pp. 208-209. 71

Cf. Anexo XII, Lideranças das pastorais. 72

Padre Luis Rosario. Coordenador Nacional da Pastoral da Juventude. Programação 2010 da Pastoral da

Juventude da República Dominicana. (traduzido por: Juan Andrés Hidalgo Lora).

Page 39: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

6.2 Protagonistas da evangelização. Hoje a Igreja na República Dominicana reconhece

e promove a presença e participação ativa da juventude em sua vida e em sua missão.

Os jovens não devem considerar-se simplesmente como objeto de solicitude pastoral da

Igreja e que são de fato – e devem ser incitados a serem sujeitos ativos, protagonistas da

evangelização e agentes de renovação social. Finalizando o ano de 2010, a Igreja de

Santo Domingo, através do fortalecimento do trabalho nos setores, das relações cordiais

entre bispos auxiliares, sacerdotes, diáconos, consagrados, consagradas, leigos, com

grande entusiasmo, compromisso e um ritmo adequado de trabalho, respondendo à

aceitação e credibilidade do nosso povo peregrino de todas as classes sociais.73

Os

jovens leigos assumiram as lideranças e hoje a participação dos jovens dentro da Igreja

é bem considerável. Um 75,4% dos jovens da paróquia San José confia no seu líder74

.

6.3 Integração dos jovens. A Igreja Dominicana para acolher melhor os jovens

e participar ativamente junto com eles resolveu anualmente fazer sua programação para

que, seja mais participativa e ativa na vida do jovem. Assim com esta programação toda

a Igreja reconheceu que os jovens precisam ser acolhidos de forma diferente e com

atrativos em que eles possam sentir-se bem amados e felizes. A comunidade paroquial

oferece apoio aos jovens, dando vida e ação pastoral. Os jovens, por sua vez, estão

integrados em paróquias, compartilham com adolescentes e adultos com grande alegria

e amor. Também os jovens são os principais colaboradores nos serviços e ações da

pastoral em conjunto. Com seu dinamismo e entusiasmo responsável da sua

participação oferecem serviços especiais de acolhida e apoio para aqueles jovens que se

encontram em situações especiais de pobreza extrema, delinquência e desintegração

familiar e social.75

73

Cf. Idem, p. 47. 74

Cf. Anexo XVI, Motivo de participação. 75

Cf. CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, p.

50.

Page 40: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

7. O novo mundo

Os que trabalham com a pastoral da juventude, hoje, não podem ignorar o que

está acontecendo: o modernismo está em crise, há claros sinais indicadores de sua

decadência. A República Dominicana é proclamada como uma esperança e, boa parte de

sua força repousa em seus valores cristãos. No novo mundo surge um jovem novo, a

quem Puebla lançou desafio, convidando-o a ser agente construtor de nova civilização, a

Civilização do Amor. A situação econômica, cultural, política e social de nossos povos

têm grande ressonância na vida familiar no desenvolvimento da pastoral familiar em

ambientes de confiança e de verdade, 76

em que se verifique a integração dos valores

naturais da família com a fé, e em que se realize discernimento cristão das

circunstâncias para a tomada de decisões. Há crescente tomada de consciência da

influência da família como corpo social primário em que se desenvolve o processo

educativo e formativo do jovem.77

8. Novos modelos

Diante da descrença de muitas gerações, adultas e também jovens, a República

Dominicana vai dando à luz novo modelo de ser jovem, caracterizado por crescente

desejo de participação na sociedade como protagonista de sua vida e de sua história, por

uma rebeldia capaz de empreender as ações mais audaciosas que o levam à conquista

dos ideais a que aspira, por anseios de liberdade. Por isso, a Igreja faz opção

preferencial pelos jovens78

, e lhes “dirige um veemente apelo para que nela busquem o

lugar de sua comunhão com Deus e com os homens, a fim de construir “a civilização do

amor” e de edificar a paz na justiça.79

Hoje a República Dominicana reconhece que a

juventude é a idade da pessoa em crescimento, que busca sua definição pessoal e social.

É fase de ascensão, de crescimento, rica em promessas de renovação e em reservas de

76

Cf. CELAM, Conclusões das Conferências do Rio de Janeiro, Medellín, Puebla e Santo Domingo; III

Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, São Paulo: Paulus, 2005, n. 600, p. 443. 77

Cf. Idem, n.1173, p. 555. 78

Cf. Idem, n. 1132, p. 546. 79

Cf. Idem, n. 1188, p. 559.

Page 41: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

entusiasmo para a humanidade e que está disposta em investir e trabalhar para esta nova

geração na promessa de uma nação melhor, saudável e de muita esperança.

Este primeiro capítulo mostrou que, através do conhecimento, a juventude não é só

uma etapa da vida do ser humano. Mas sim um agente de transformação social através

dos seus valores, de sua capacidade de expressão, de sua luta para dar continuidade à

sua vida que requer a sua integração no meio social, levando e considerando suas

dimensões. Como co-responsável para uma vida futura e integrada na sociedade e no

meio familiar se reconhece que a sua presença nos meios sociais religiosos e familiares

contribui para essa integração positiva e responsável pelos seus atos. Aceitar a presença

da juventude nestes meios é capacitar os jovens a crescerem diferentes e entenderem

que, quando adultos, deverão ser pessoas íntegras para assumir seu papel na sociedade.

Excluir os jovens e não acreditar na capacidade do seu papel é não acreditar em um

futuro melhor e desenvolvido, para os jovens da paróquia San José 10% sentem que

alguma vez foram excluídos, mais algo bom e que 90% se sentem acolhidos80

. É

impedir que sua paróquia, seu país, seu lar não tenham condição de uma mudança

positiva e construtiva. É negar que sua existência tenha validade para uma capacidade

de transformação exemplar nos meios sociais e religiosos e destratar a capacidade

humana e intelectual daqueles que um dia poderão fazer a diferença no seu habitat.

Acreditar na juventude é trazê-la para um mundo digno, desenvolvido, preparado e

consciente para um mundo melhor. Foi através destes conceitos que na República

Dominicana, por volta do século XX, se passou a acreditar e reconhecer que a pastoral

da juventude é parte importante para um país que acredita no seu desenvolvimento. A

Igreja, por sua vez, abriu suas portas e trouxe os jovens para juntos reunirem forças para

uma mudança positiva. Sendo assim, reconhece a importância que os jovens

representam em seu meio.

Foi acreditando na força juvenil que alguns movimentos aceitaram os jovens para

haver uma mudança positiva onde toda a população sofria com seus ditadores que

traziam para seu país sofrimento perseguição e massacre, não dando oportunidade à

livre escolha, reprimindo a liberdade e tirando vidas daqueles que lutavam por um

80

Cf. Anexo XII, Lideranças das pastorais.

Page 42: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

mundo melhor. Os jovens foram perseguidos, mas sua força e sua garra não permitiram

que desistissem de uma mudança positiva.

Devido às dificuldades existentes, ao longo dos anos, os jovens foram frustrados em

seu desenvolvimento e sonhos. As dificuldades fizeram com que fossem levados a

tomar outros rumos de vida como: escolher os estudos ou trabalho; levando muitas

vezes os jovens às delinqüências; escolhendo meios ilícitos para sobrevivência ou

mesmo desistindo de seu próprio país, procurando outras nações para melhor

sobrevivência. Infelizmente a pobreza, a falta de oportunidades leva os jovens a

tomarem outras decisões. O meio familiar está cada vez mais difícil para estes jovens,

onde sem estrutura e sem expectativa, seus sonhos são transformados em desilusões,

levando-os cada vez mais a desistirem de um futuro melhor, como abandonar tudo

quando ainda não conseguiram entrar em uma universidade.

A Igreja na República Dominicana, por sua vez, teve, tem e sempre terá uma

participação importante na vida da Pastoral da Juventude. Foi observando as

dificuldades que os jovens traziam em suas vidas que a Igreja se preocupou em

conquistar para si a juventude e dando oportunidades para que seus trabalhos fossem

desenvolvidos com responsabilidade e credibilidade. A Igreja, preocupada com a

juventude nos locais mais pobres, onde os jovens já não tinham mais esperança, foi ao

encontro e os acolheu, dando oportunidade e liberdade de expressão. Sendo assim,

facilita que eles tenham suas escolhas e suas decisões.

Hoje na República Dominicana a Igreja acolhe toda a pastoral da juventude, não

para fazer barulho ou mesmo volume, mas ela acolhe oferecendo trabalho, missão e

vida. Quando a Igreja acolhe, é para que naquilo que já não existia sabor passe a existir,

onde não havia cor passe a ser colorido, onde não existia paz que venha a alegria, o

amor, a cumplicidade e, acima de tudo, a vontade de viver. Hoje a Igreja não somente

acolhe o jovem, mas lhe oferece condições para uma participação ativa dentro de uma

paróquia, evangelizando-o. Através da evangelização juvenil, o jovem se sente acolhido

e a Igreja colhe muitos frutos, quando alguns deles já demonstravam indício de

desanimar. Acolher o jovem é dar vida a ele mesmo, mostrar-lhe a sabedoria de mudar,

a sentir que ser cristão é ser amado por Deus e experimentar sua presença na vida do seu

irmão. Reconhecer o valor da juventude é colher os frutos mais saborosos da árvore

Page 43: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

mais importante que é a vida. Para 89,6% dos jovens da paróquia San José considera o

padre como uma pessoa confiável e amiga81

.

Após termos vistos os vários aspectos que compreendem a realidade, política,

econômica, social e religiosa da juventude da República Dominicana, vamos abordar,

no segundo capítulo, alguns elementos fundamentais para a Pastoral da acolhida.

81

Cf. Anexo XI, Imagem do pároco.

Page 44: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

CAPÍTULO II

ACOLHIDA DA JUVENTUDE COMO CAMINHO

1. Protagonismo e Acolhida. Conceitos

A palavra protagonista vem do teatro e significa “ator principal”. Os jovens não

querem ser conduzidos, mas assistidos. Querem ter opções e condições de exercer

livremente e fundamentalmente estas opções.82

O jovem não assume responsabilidade

ouvindo sermões, mas exercendo a responsabilidade. É preciso aceitar o erro e as

limitações próprias da juventude.83

A existência de assessores capazes e aptos a

proceder ao acompanhamento dos jovens pode propiciar um crescimento sadio. O

protagonismo do jovem pressupõe a humildade e a assistência sempre renovada do

assessor,84

o que também lança um questionamento sobre o preparo dos assessores. Ora,

se o jovem depende de uma orientação, esta deve estar associada a uma educação

adequada e a uma formação íntegra da pessoa humana.

Schmidt, ao descrever o significado da acolhida, destaca que acolher é ter

consideração, atenção, recepcionar, etc.85

, significa vivenciar o Evangelho em sua forma

mais autêntica, isto é, acolher aqueles que por diversos meios e pelos mais variados

motivos batem à porta da Igreja. De forma metafórica, poderíamos dizer que é

necessário investir na qualidade das portas e não na quantidade delas, quando se trata de

acolhida e, especialmente, da acolhida aos jovens.

1.1. Visão antropológica. Todos nós, homens e mulheres do nosso tempo,

vivemos uma profunda experiência de busca. Com suas exigências de eficiência,

produção e consumo, a vida atual se apresenta ao mesmo tempo desagregadora,

massificante e despersonalizadora. Em inúmeros ambientes, impera a lei do mais forte.

82

Cf. BORAN, Jorge, Juventude o Grande Desafio, São Paulo: Paulinas, 1982, p. 203. 83

Cf. Idem, p. 304. 84

Cf. Idem, p. 304. 85

Cf. SCHMIDT, Gerson. Manual da Acolhida. Pistas para uma Pastoral do Acolhimento. 2 ed. Porto

Alegre: PRESSCOM, s/d. 1996, p. 8.

Page 45: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Imersos neste ambiente, sentimos um desejo profundo de autênticas experiências de

participação e comunhão. Queremos cultivar relações, obter respostas, ser mais.

Buscamos luz, acolhida, compreensão, comunhão. E para isso, percorremos inúmeros

caminhos. O caminho da fé é um deles.86

1.2. Visão bíblica. Quando estamos dentro de uma pastoral como a acolhida,

sempre é Deus que nos acolhe no seu mais íntimo amor. Os jovens quando acolhem

certamente houve uma grande descoberta do amor de Deus; através de sua fé

automaticamente acolhem a Deus. 87

“Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu

nome ali eu estarei”.88

Todo homem e toda mulher têm o chamado especial de Deus para trabalhar e

servir. Sendo assim, os jovens quando estão acolhendo estão recebendo este chamado

de Deus. No Gênesis Deus fala: “façamos o homem à nossa imagem e semelhança”.89

Diante deste relato os jovens sentem a presença viva de Deus entre eles quando são

acolhidos ou quando acolhem. Os jovens em seu trabalho, dentro da acolhida percebem

os valores humanitários nos quais, por mais insignificantes que sejam ou achem que

são, têm a nobreza de não violarem seus direitos e nem os direitos dos que os procuram.

Aprendem que sendo imagem e semelhança de Deus, o princípio sempre será o respeito

pelos demais.90

Muitas vezes, os jovens não são reconhecidos dentro de sua própria paróquia.

Mesmo assim, os jovens não desistem, ajudando, acolhendo e buscando. Então aí, são

reconhecidos e procurados por aqueles que muitas vezes recusaram seus trabalhos91

. Na

acolhida os jovens buscam uma resposta imediata da Igreja em sua pastoral e mesmo

86

Cf. ABREU, Elza Helena, FERREIRA, José. Na Liturgia a Acolhida se Faz Comunhão. Subsídio para

a Capacitação da Dimensão Comunitária da Acolhida. São Paulo: 2004, p. 5. 87

Cf. PEREIRA, José Carlos. Pastoral da Acolhida: Guia de implantação, formação e atuação dos

agentes. São Paulo: Paulinas, 2009, p. 77. 88

Mt 18,20. 89

Gn 1,26. 90

Cf. CNBB. Assessoria Vocacional a Grupos de Jovens. Setores de Juventude e Vocações e Ministérios.

No. 03. São Paulo: Loyola, 2001, p. 37. 91

Cf. Anexo XII, Lideranças das pastorais.

Page 46: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

sendo excluídos eles, muitas vezes, permanecem firmes.92

Jesus fala que nenhum

profeta é bem aceito em sua pátria.93

1.3. Visão pastoral. Dentro da pastoral da acolhida é preciso que uma vez ou outra

haja uma avaliação para todo o trabalho feito, principalmente quando houver: grandes

encontros, missas solenes, debates ou mesmo grandes festividades quando os jovens que

foram acolhidos são avaliados para que seu trabalho de acolhida seja cada vez mais

eficaz. Ninguém gosta de ser avaliado, mas em alguns casos é preciso, principalmente

quando se trata de um trabalho pastoral voltado para a Igreja.94

Um 88,2% dos jovens da

paróquia San José que sentiram por algum motivo criticado por outras pastorais

encontraram amparo dentro do grupo95

.

Dentro da pastoral da acolhida os jovens precisam sempre ser convocados, pois é

na convocação que é despertado seu sentido da fé. Motivando-os para encontros como:

esporte, teatro, acampamentos, retiros, etc. Diante desses encontros tem-se como meta o

amadurecimento integral.96

O fundamento da pastoral da acolhida está totalmente

voltado para a palavra de Deus, sendo orientada pela Igreja e cumprindo as necessidades

daqueles que os procuram. É preciso deixar Deus falar ao coração daqueles que acolhem

para que não haja desvio de conduta nem de informação.97

Muitas vezes existe a dúvida de como se deve trabalhar com a Pastoral da

Juventude da Acolhida. É preciso olhar o jovem como jovem, levá-lo sempre para a

ação, sem perda de tempo, sempre o abordando e seguindo os objetivos da ação. Os

jovens sabem o que querem e o que procuram. Dificilmente os jovens se perdem quando

estão em busca de seu objetivo. Na acolhida os jovens sempre estão buscando e

92

DE OLIVEIRA, Vicente André. Acolhida: Como Formar Comunidades Acolhedoras. Aparecida-SP:

Santuário, 2008, p. 34. 93

Cf. Mt 13, 54-58. 94

Cf. PEREIRA, José Carlos. Pastoral da Acolhida: Guia de implantação, formação e atuação dos

agentes. São Paulo: Paulinas, 2009, p. 56. 95

Cf. Anexo XII, Lideranças das pastorais. 96

Cf. CELAM. Projeto de Vida. Caminho vocacional da Pastoral da Juventude Latino-americana. CNBB-

Setor Juventude. São Paulo: CCJ, 2004, p. 75. 97

Cf. CORAZZA, Helena. Acolher é Comunicar. Como trabalhar o Ministério da Acolhida. 5. ed. São

Paulo: Paulinas, 2008, p. 27.

Page 47: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

descobrindo a sua fé.98

No trabalho de campo com os jovens da paróquia San José

45,5% descobriram que participando do grupo cresceram na fé99

.

1.4. Visão eclesiológica. O Concílio Vaticano II foi uma verdadeira atualização e

renovação da acolhida na vida da Igreja, porque dá unidade aos cristãos. E a

constituição pastoral Gaudium et Spes, sobre a Igreja no mundo de hoje, manifesta o

olhar e a proposta da Igreja ao mundo contemporâneo. As primeiras palavras revelam a

íntima união da Igreja com toda a família humana universal:100

As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens

e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que

sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as

angústias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada

verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração. Com

efeito, a sua comunidade se constitui de homens que, reunidos em

Cristo, são dirigidos pelo Espírito Santo, na sua peregrinação para

o Reino do Pai. Eles aceitaram a mensagem da salvação que deve

ser proposta a todos. Portanto, a comunidade cristã se sente

verdadeiramente solidária com o gênero humano e com sua

história.101

A Igreja da República Dominicana permanece fiel aos objetivos e perspectiva do

Concílio Vaticano II. A Pastoral de Juventude busca ouvir e dialogar com a sociedade

contemporânea através da fidelidade a Cristo e da fidelidade à tarefa missionária.

Quanto mais avançamos na caminhada eclesial, descobrimos com intensa alegria, que

na Igreja católica, povo de Deus, Corpo de Cristo, mistério de comunhão, a vida

humana se restaura e se renova, cresce em coesão, em força e sabedoria dos jovens, e a

maior prova disto é que todos os jovens entrevistados falaram que vão continuar

frequentando a Igreja depois de adultos102

. A Igreja é comunidade de fé, assembleia dos

que escutam e amam a Deus, dos que acolhem os jovens e vivem um projeto de vida

nova, vida cristã iluminada e fortalecida pelo Espírito Santo.

98

Cf. BORAN, Jorge. Os Desafios Pastorais de Uma Nova Era. São Paulo: Paulinas, 2000, p. 77. 99

Anexo XV, Crescimento em grupo. 100

Cf. ABREU, Elza Helena, FERREIRA, José. Na Liturgia a Acolhida se Faz Comunhão, Subsídio para

a Capacitação da Dimensão Comunitária da Acolhida. São Paulo: 2004, p. 6. 101

GS. n.1. 102

Cf. Anexo XII, Lideranças das pastorais.

Page 48: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Não são suficientes os critérios bíblicos e teológicos. Considerando a unidade do

ser humano, é indispensável pensar também num modo bem concreto de favorecer o

encontro de uma pessoa livre e consciente com Deus que chama e envia. Pelo fato de

que, normalmente, Deus chama na realidade do dia a dia da vida, é importante que

quem acompanhe seja capaz de ajudar o jovem a superar possíveis impasses, lacunas,

barreiras existenciais, as quais criam obstáculos para o crescimento de uma

personalidade equilibrada. Trata-se, portanto, de acolher de perto a vida da pessoa

humana em sua totalidade. O objetivo dessa acolhida é contribuir para que a resposta

vocacional se dê num clima de verdadeira autonomia. O jovem que busca escutar Deus

precisa ser dono de si mesmo, a fim de que seja capaz de assumir com convicção e

responsabilidade o chamado que lhe é feito.103

Nesta perspectiva, é necessário saber lidar com os movimentos de sua

afetividade, seus instintos, suas tendências e sua sexualidade. Nessa lida, a pessoa deve

ser capaz de superar frustrações, recalques, remorsos exagerados e outros que

atrapalham uma caminhada sadia e plenamente humana.104

Portanto, faz parte desses

critérios antropológicos ajudar os jovens a compreender melhor suas vivências

puncionais, suas tendências e o significado desses elementos do dinamismo da vida da

pessoa humana.105

Muitas vezes os jovens têm pressa. E quando isto acontece, desmotiva a acolhida

daquele que ali está precisando do acolhimento. A acolhida é prática de boas maneiras

sem tempo e sem hora marcada. O jovem precisa aprender que ele está a serviço de um

irmão necessitado e é preciso estar disponível para acolher sem pressa. Antes de pensar

no pão de cada dia é preciso ver as necessidades psicológicas, espirituais e afetivas.106

Antes de tudo, o que se entende por acolhimento mútuo é a atitude de nos

acolhermos e nos amarmos uns aos outros como filhos do mesmo Pai, e todos, irmãos

em Cristo. Todos acolhem a todos. Trata-se de reconhecermos que somos dignos de

respeito e ternura, pois somos santificados pelos sacramentos da iniciação cristã

(Batismo, Confirmação, Eucaristia). Mas, ao mesmo tempo, somos todos pecadores,

103

Cf. CNBB, Assessoria Vocacional a Grupos de Jovens. Setores de juventudes vocações e ministério.

São Paulo: Loyola, 2001, p. 29. 104

Cf. Ibidem, p. 29. 105

Cf. Ibidem, p. 29. 106

Cf. DE OLIVEIRA, Vicente André. Acolhida: Como Formar Comunidades Acolhedoras. Aparecida –

SP: Santuário, 2008, p. 41.

Page 49: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

merecedores de confiante acolhida, amorosa compaixão, múltiplo perdão. Portanto, o

acolhimento é uma atitude fundamental, senão o cristianismo vira formalismo,

ritualismo, palavras ocas.107

Além de nos acolhermos uns aos outros, num só coração e

numa só alma, somos chamados a construir a comunidade de fé, a Igreja de Cristo, a

serviço de uma sociedade justa e solidária, através de ministérios, pastorais e

movimentos juvenis108

.

Há uma urgente necessidade de desenvolver a acolhida aos jovens que

procuram a Igreja, razão pela qual Schmidt insiste nos “dez mandamentos” de quem

acolhe: falar olhando nos olhos, sorrir com sinceridade, chamar pelo nome, ser amigo,

ser cordial e simples, interessar-se, ser generoso, considerar os sentimentos alheios,

respeitar as opiniões alheias e estar disponível para quando o jovem precisar ser

acolhido.109

O acolhimento está profundamente enraizado na escuta, no processo de ouvir o

que o outro tem a dizer, da mesma forma que está ligado à autoestima e ao

reconhecimento dos limites e capacidades do ouvinte. O acolhimento, portanto, não

prioriza exatamente a ação, salvo a de ir ao encontro daquele que necessita e não esperar

de braços abertos alguém, mas centraliza-se no ouvir e no resolver.110

Dentro das diferentes visões podemos descer que: Na visão antropológica, a

acolhida busca uma experiência de fé, levando à eficiência e à experiência profunda de

compreensão e comunhão entre todos os que vivem dentro da pastoral da acolhida.

Dentro da visão eclesiológica, a acolhida veio para renovar e unir os cristãos levando a

paz, alegria e a esperança para aqueles que sofrem, e assim, tirando o sofrimento do

coração daqueles que carregam tristeza, angústia e mostrando o verdadeiro amor e o

sentido da vida que vêm do Espírito Santo.

107

Cf. ABREU, Elza Helena, FERREIRA, José. Na Liturgia a Acolhida se Faz Comunhão. Subsídio para

a Capacitação da Dimensão Comunitária da Acolhida. São Paulo: 2004, p. 9. 108

Cf. Idem, p. 9. 109

Cf. Idem, pp. 51-52. 110

Cf. Idem, pp. 29-31.

Page 50: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

2. Perfil do jovem dominicano

Entre as diversas considerações feitas a respeito do perfil do jovem da República

Dominicana contemporânea, dentre as quais se enfatizou a quebra de laços afetivos

familiares; a debilidade intelectual, aliada à pouca leitura; a fragmentação da identidade;

a falta de oportunidade que gerou a imigração; a pobreza; o sofrimento, advindo da

violência; o desemprego; o tráfico de drogas. Toda essa realidade parece levar o jovem

a dar preferência ao sincretismo religioso e às formas religiosas ecumênicas. Na

realidade, atribuiu-se esta preferência do jovem pelo sincretismo também à natural

necessidade de liberdade de expressão e à rejeição de toda e qualquer autoridade, mais

ainda quando esta é identificada como negativa. Se por um lado a existência do sagrado

parece indiscutível para o jovem, podemos constatar que o sagrado encontra-se situado

preferencialmente no campo da vida privada, o que retira do jovem a apreciação ou

valorização de seus comportamentos e expressões religiosas. Geralmente essa avaliação

é feita por terceiros, membros de comunidades e inseridos em vida pública. Tanto os

jovens como os adultos procuram o espaço religioso motivados pela necessidade de

viver uma dimensão sagrada que lhes dê, essencialmente, sentido à vida, mesmo porque

esta é a tarefa fundamental de todas as religiões.

3. Posicionamento da Igreja Católica

No Documento de Medellín encontramos vários elementos sobre a necessidade

da Igreja acolher a juventude, salientando que ela espera dos jovens sua colaboração

rejuvenescedora. Espera com confiança, com amor. A juventude é símbolo da Igreja,

chamada à constante renovação de si mesma, ou seja, ao incessante rejuvenescimento.

111 Nos últimos anos muitas pessoas batizadas na República Dominicana se afastaram

da prática religiosa. Esses distanciamentos tiveram várias causas:

Uma delas é a falta de sentido de pertença dos jovens à comunidade Igreja,

como consequência de uma evangelização não suficiente.

111

Cf. CELAM, Conclusões das Conferências do Rio de Janeiro, Medellín, Puebla e Santo Domingo; III

Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, São Paulo: Paulus, 2005, No. 5.12. p, 128.

Page 51: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Outra é a falta de acolhida que favoreça, não só a participação no culto, mas, o

envolvimento efetivo nas atividades da comunidade.112

Ou seja, preocupada, a Igreja dominicana vai particularmente ao encontro dessas

pessoas. O diálogo com os batizados distanciados é passo importante para se

conhecerem as razões do afastamento dos jovens, que são acolhidos nas visitas ou nos

encontros e devem ser ouvidos com carinho e amor. Não se trata de fazer juízo da

situação, mas dialogar motivando o retorno à vida da comunidade. Revestida do mesmo

sentimento de Jesus Cristo, a Igreja quer que todos “tenham nele a vida eterna”113

para

a construção de um mundo novo na vida da Igreja.

A Igreja se mostra entusiasmada diante da possibilidade de entrar em comunhão

com os jovens e de vê-los ativos e atuantes na comunidade eclesial, pois vê em suas

atitudes a manifestação dos sinais dos tempos114

, vê que eles anunciam valores que

renovam as diversas épocas da história; vê os jovens como grupo social cada vez mais

decisivo no processo de transformação da humanidade. Fazer parte da acolhida não é

deixar Jesus dentro da Igreja ou, melhor fazer a acolhida dentro da Igreja, ser e

participar da acolhida é levar Jesus para fora da Igreja.115

É penetrar nosso olhar para o

interior, para dentro da pessoa, para além da barreira da maldade, até desenterrar

riquezas que os outros nem suspeitam que possam existir.

A Igreja se abre aos jovens como lugar de encontro com Cristo amigo, que os olha e

os chama116

; lugar de encontro e acolhida com Deus, que transforma a vida dos jovens.

Os jovens devem sentir e experimentar que a Igreja é lugar de acolhida, de comunhão e

de participação. No Documento de Aparecida vemos que os jovens representam enorme

potencial para o presente e o futuro da Igreja e de nossos povos, como discípulos

missionários do Senhor Jesus117

. Os jovens são sensíveis a descobrir sua vocação de

112

Cf. ANNUNCIAÇÃO, Carlos Artur, FACCIOLI, Helmo César. Chamados a ser Discípulos e

Missionários de Jesus Cristo. Visitas Missionárias Permanentes. São Paulo: 2006, p. 13. 113

Cf. Jo 3, 15. 114

Cf. CELAM, Conclusões das Conferências do Rio de Janeiro, Medellín, Puebla e Santo Domingo; III

Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, São Paulo: Paulus, 2005, n. 5.13. p, 129. 115

Cf. ANNUNCIAÇÃO, Carlos Artur, FACCIOLI, Helmo César. Chamados a ser Discípulos e

Missionários de Jesus Cristo. São Paulo: 2006, p. 23. 116

Mc 10, 21: Fitando-o, Jesus o amou e disse: "Uma coisa te falta: vai, vende o que tens, dá aos pobres,

e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.” 117

Cf. CELAM. Documento de Aparecida. Texto Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado

Latino-Americano e do Caribe. Edições CNBB: Paulinas; São Paulo: Paulus, 2008, n. 443, p.

199.

Page 52: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

serem amigos e discípulos de Jesus para se tornarem um fator de acolhida na

humanidade. A Igreja dominicana, motivada pelo Documento de Aparecida, incentivou

jovens cristãos a saírem em busca de outros jovens fora da Igreja, indo a seu encontro

para acolher aqueles que ainda não descobriram sua religião. Motivados e enviados para

a acolhida são impulsionados, pela fé, pela adesão a Jesus Cristo, à sua Igreja e com ela,

comprometidos no testemunho e no anúncio do Evangelho. Para tal anúncio devem

levar em conta algumas considerações como:

Saber ouvir;

Desejar que o outro venha a ser membro vivo da Igreja;

Não ser fanático, e sim convicto de sua presença na Igreja;

Não discutir nem polemizar os questionamentos ou críticas que ouvir; e

Ser dócil, amigo e ser firme na fé.

Feitas estas considerações e diante de um panorama que mostra a importância da

Igreja na vida do jovem e também sua percepção das instituições, a Igreja Católica é

desafiada a incentivar a vivência da dimensão religiosa dos jovens que se encontram

descrentes da Instituição, que dela não participam ou que o fazem esporadicamente.

Entre as iniciativas que afloram, destaca-se o papel relevante da pastoral centrada na

acolhida dos jovens. Para que isto venha a ter validade, é preciso que:

o O jovem faça uma visita humana e acolhedora;

o Dirija-se ao encontro do outro que esteja perdido na fé;

o O seu testemunho seja de alegria pelo dom da vida e da felicidade;

o Mostrar que é feliz em participar da vida da comunidade paroquial; e

o Mostrar a vida da comunidade paroquial como lugar aconchegante e de

grande acontecimento na vida pessoal.118

É com este olhar que a Igreja na República Dominicana está buscando cada vez

mais a juventude e acolhendo de forma profética. É nesta necessidade que a Igreja, na

acolhida, procura não só a quantidade, mas a qualidade dos que buscam e permanecem

na fé. Deus chama os jovens no seu dia a dia e é, neste chamado que os jovens estão se

descobrindo e afirmando sua fé. O jovem quando descobre a presença de Deus em sua

118

Cf. ANNUNCIAÇÃO, Carlos Artur, FACCIOLI, Helmo César. Chamados a Ser Discípulos e

Missionários de Jesus Cristo. São Paulo: 2006, p. 23.

Page 53: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

vida é capaz de responder ao chamado de Deus que através da pastoral da acolhida

acolhe cada irmão necessitado.

4 Fatores de acolhimento da juventude

A acolhida é condição necessária para uma participação plena na vida dos

jovens. Os jovens se sentem acolhidos no grupo ou numa comunidade de fé, quando

são recebidos com atenção e consideração e são estimulados para uma reflexão que

apontam pistas para a vida cristã e ação pastoral. Sentem-se acolhidos quando, são

ouvidos com atenção para o diálogo, levando em consideração suas necessidades. Vêm

ao encontro e, integram-se em atividades da comunidade onde podem pensar e agir em

conjunto. Um 75,3% dos jovens da paróquia San José considerou que cresceram

participando ativamente dentro do grupo119

.

1- É preciso, porém ter presente que a participação dos jovens na comunidade é

um processo, isto é vai sendo construído passo a passo. Por isso o assessor

deve trabalhar com os adultos da comunidade para que se evitem cobranças

demasiadas e saibam acolher, apoiar e incentivar os jovens para que

perseverem no caminho que estão seguindo e busquem crescer cada dia mais

em seu compromisso como Igreja humana dentro e fora da comunidade.

2- Outro aspecto que precisa ser trabalhado com os jovens neste passo do

discernimento vocacional da acolhida é o ecumenismo. Que se ajudem os

jovens a respeitar e conviver com os cristãos de outras Igrejas, comunidades,

especialmente, com aqueles da própria família, vizinhos, colegas de escola,

companheiros de trabalho, etc. Além do mais, neste início de novo milênio

todas as vocações, em todas as Igrejas cristãs são chamadas a assumir

juntamente os desafios da evangelização, dando de fato um testemunho de

comunhão. Neste espírito eclesial devem ser promovidas e facilitadas: a

119

Cf. Anexo XIII, Perguntas sobre o grupo de jovens.

Page 54: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

partilha dos bens que o espírito de Deus semeou em toda parte, e a ajuda

recíproca entre as Igrejas e irmãos cristãos, ou não.120

Os jovens na acolhida estão sempre atentos a cada descoberta e momento diferente.

Esta atitude acolhedora muitas vezes passa despercebida, levando alguns jovens a

desmotivações e desistências. Para isto é importante que haja um acompanhamento

antes que aconteça uma desmotivação total. Aquele que acolhe precisa estar sempre

disponível para as atitudes e andamento da pastoral, sem pressa para resultados. A

pastoral da acolhida precisa psicologicamente estar preparada para novas descobertas

quando todos acertam e todos erram, portanto a acolhida é uma atitude de cristãos como

resposta para Deus.

4.1.Acolhida e identidade

Acolher significa oferecer refúgio, proteção ou conforto. É mostrar com gestos e

palavras, que a comunidade juvenil é o espaço onde se pode encontrar essa segurança.

Havendo a necessidade de propiciar ao jovem, igualmente, um sentido de identidade.

Ele é único, e não apenas mais um dentre uma multidão e ele pertence ao mundo em que

está inserido, cuja família é um mero detalhe. A Pastoral de Juventude121

pode despertar

no jovem este sentido de autoestima, de valorização e de acolhida, um local onde ele

possa falar de seus sonhos, esperanças, medos e desafios122

. É preciso esquecer, num

primeiro momento, aspectos doutrinários, porque as relações juvenis estão baseadas na

troca de experiências e na confiança, bem como na busca de referenciais. É importante

manter em mente a quem queremos acolher. Cada pessoa inserida num contexto social

mantém a sua individualidade que deve ser respeitada a ponto de ser considerada o

alicerce sobre o qual se constroi a fé, a mensagem de Jesus. A pastoral visa a respeitar,

para evangelizar, a índole da pessoa. A sua cultura e o seu contexto sociopolítico. O

nosso modo de acolher deve acompanhar este passo e encontrar estratégias pastorais

diferenciadas e adequadas a diversas situações e centros de decisões, que afeta a vida do

120

Cf. CNBB, Assessoria vocacional a grupos de jovens. Setores de juventudes vocações e ministério.

São Paulo: Loyola, 2001, p. 43. 121

Cf. BORAN, Jorge. Juventude: o Grande Desafio. São Paulo: Paulinas, 1982, p. 204. 122

Cf. Anexo XIII, Perguntas sobre o grupo de jovens.

Page 55: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

nosso povo. A pastoral da acolhida deve ser exercida com carinho especial para com os

mais sofredores e os carentes, preferidos do Deus libertador.123

A pastoral da acolhida não é só uma simples pastoral dentro da Igreja, mas uma

forma para a construção da Igreja. É com estes olhos que a Igreja visualiza que a

pastoral juvenil acolhedora está se estendendo não só dentro da Igreja, mas também

fora; e desta forma resgatando homens e mulheres, jovens e crianças a serem Igreja de

Cristo vivo e eficaz. A acolhida é uma participação firme na vida dos jovens e foi nestes

encontros que os jovens não só aprenderam a falar, mas também a escutar e a obedecer.

Os jovens eram considerados barulhentos e sem muita necessidade dentro da Igreja.

4.2.Contravalores

A Pastoral da Juventude pode auxiliar na assimilação de valores mais puros e

contrários àqueles que os próprios jovens rejeitam como o consumismo e o

individualismo. Estes valores podem ser reafirmados a cada reunião a partir da

delegação de responsabilidades, fomentando a participação de todos.124

É natural que

muitos jovens da República Dominicana procurem grupos com o intuito de atender às

aspirações da idade, tais como namorar, ocupar o tempo, fazer amigos, etc. Mas a

função da Pastoral da Juventude, e especialmente da acolhida, é estar atenta a qualquer

que seja a motivação externa que leve o jovem a congregar-se, ainda que não

diretamente ligada ao ambiente religioso, ele como indivíduo, em sua intimidade não

verbalizada, está buscando uma experiência religiosa, que possibilite o encontro consigo

e com Deus.125

123

Cf. CONRRADO, Sérgio, BATAGIN, Sônia. Pastoral da Acolhida. Subsídio para a Capacitação da

Pastoral da Acolhida. São Paulo: 2005, p. 4. 124

Cf. BORAN, Jorge. Juventude: o Grande Desafio. São Paulo: Paulinas, 1982, p. 204. 125

Cf. Idem, p. 209.

Page 56: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

4.3.Eventos e Programações

Na República Dominicana em vários encontros que a Igreja teve com os jovens,

aprendeu que, na acolhida, estes jovens fazem a diferença, motivando uns aos outros,

mas também buscando muitos daqueles que se achavam perdidos. A Igreja Dominicana

motivou e motiva, a cada ano, os jovens a terem encontros em diversas ocasiões como:

retiros, acampamentos, encontros, entre outros eventos. Desta forma na República

Dominicana, a Igreja atingiu um potencial positivo em que muitos jovens viviam

perdidos nas drogas, delinquência e na prostituição; através da acolhida estão

descobrindo a presença de Deus em suas vidas126

. Citamos alguns eventos e

programações que acontecem nas arquidioceses da República Dominicana, para que a

acolhida seja motivo para despertar jovens para a missão:

1. Celebração da Páscoa juvenil com o tema “ao ritmo da missão”;

2. Celebração do Natal juvenil;

3. Congresso nacional de jovens, com o tema “jovens de hoje para dar vida

a nosso povo” - 29-31 de janeiro de 2010;

4. Missão juvenil de verão missionário – junho e setembro;

5. Concentração pascal arquidiocesana – segundo domingo da Páscoa – 11

de abril de 2010;

6. Celebração de Pentecostes – 23 de maio;

7. Seis cursos de animadores da pastoral da juventude – fevereiro, março,

maio, junho, agosto e outubro de 2010;

8. Catorze estudos de formação de jovens missionários – janeiro e junho de

2010;

9. Três cursos arquidiocesanos para assessores da pastoral juvenil – março,

junho e novembro de 2010;

10. Congresso paroquial – setembro e novembro de 2010;

11. Três encontros com as comissões regionais da pastoral – janeiro,

junho e novembro de 2010;

12. Participação de encontro arquidiocesano de pastoral – outubro de

2010;

126

Cf. Anexo XII, Lideranças das pastorais.

Page 57: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

13. Estudo de avaliação de 2010 e programação para o ano de 2011 –

outubro;

14. Compartilhar novidades – programa eu também – dezembro de

2010;

15. Reunião semanal da comissão arquidiocesana;

16. Três cursos de dinâmicas de líderes – fevereiro, junho e

novembro de 2010;

17. Reunião quinzenal da área de comunicação;

18. Programação do congresso e da semana juvenil – 25-31 de

janeiro de 2010;

19. Programação da páscoa juvenil e da concentração pascal;

20. Foro comunicação social valor do meio e valores dos meios de

comunicação social;

21. Festival juvenil de cinema católico;

22. Retiro espiritual para a área de comunicação; e

23 Atualização diária e ocasional da página da WEB.127

Entre outras programações que são realizadas durante todos os anos nas dioceses

dominicanas, existe a preocupação de sempre aprofundar a acolhida nos retiros,

acampamentos entre outros, para melhorar o atendimento na acolhida dos jovens que

experimentam a sua nova missão. Muitos jovens são sensíveis às manifestações

artísticas e culturais na sociedade, e dentro da pastoral da acolhida juvenil é sabido que

muitos jovens aderem com muito entusiasmo a todo o âmbito da música, shows, bandas

de músicas religiosas entre outras. Os jovens estão descobrindo suas vocações

participando ativamente na música e liturgia dentro da Igreja.128

Vimos que dentro da

Igreja muitas forças pastorais diferenciadas estão presentes na vida dos jovens e cada

vez mais contribuindo para a riqueza interior da Igreja, e com sua crescente

participação. Toda a evangelização juvenil é obra de muitas mãos bem intencionadas

como: “a pastoral da família, pastoral vocacional129

, pastoral catequética e ação

missionária”. Assim vemos que nenhuma pastoral dentro da Igreja é capaz de caminhar

127

ROSARIO, Luis. Programação 2010. Comissão Arquidiocesana de Pastoral da Juventude – Santo

Domingo. (traduzido por: Juan Andrés Hidalgo Lora). 128

Cf. CNBB. Evangelização da Juventude. Desafios e Perspectivas Pastorais. 4ª. ed. N° 93. São Paulo:

Paulus, 2006, p. 21. 129

Idem, pp, 22-23.

Page 58: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

isolada. Por exemplo, o jovem para namorar ou fazer amigos não precisa do ambiente

religioso. Se o faz dentro do espaço proporcionado pela Igreja, está buscando algo mais,

apesar de qualquer justificativa que ele procure dar. Neste sentido, a acolhida adquire

uma dimensão maior e mais complexa que ultrapassa as perspectivas de uma mera

reunião social, tocando a essência do jovem.

4.4. Compreensão da fé

É necessário, ainda, levantar espaços alternativos para celebração de fé, pois

haverá sempre uma resistência natural nos jovens à autoridade e à hierarquia. A fé deve

ser igualmente celebrada no contato direto com a realidade social, através da tomada de

consciência do jovem e da possibilidade de ação no mundo. O objetivo maior é que não

se perca nenhum dos que foram confiados pelo Pai a Jesus Cristo, como ele afirma,130

não é da vontade do Pai que está no céu, que um desses pequeninos se perca. Neste

sentido, é necessário baixar o nível de expectativa dos jovens que acorrem à Igreja em

busca da transformação imediata e utópica da realidade social. Neste caso, o insucesso

pode levar à desmotivação na mesma rapidez, mormente quando as questões sociais

surgem de problemas estruturais muito além da aplicação singela dos princípios

cristãos.131

O intercâmbio de experiências com outros grupos de diferentes faixas etárias e a

prática do trabalho social podem contribuir para a diminuição da tensão, fomentando,

igualmente, a formação de uma identidade genuinamente cristã, atenta para a

compaixão, para a solidariedade e para a tolerância dos jovens. A Pastoral da Juventude

não deve ser de adultos, mas de jovens. Participando ativamente, tomando decisões e se

responsabilizando por elas;132

e lembrando que também o trabalho ali exercido é

efêmero, razão pela qual estes mesmos jovens devem se preparar para uma natural

sucessão. Os jovens, dentro desse processo de formação integral nas mais variadas

experiências grupais, têm como meios: retiros, exercícios espirituais, encontros, cursos,

130

Cf. Mt 18, 14. 131

Cf. BORAN, Jorge. Juventude: o Grande Desafio. São Paulo: Paulinas, 1982, p. 215. 132

Cf. Idem, p. 225.

Page 59: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

jornadas de oração, convivências, experiências missionárias, acampamentos, recreação e

projetos de serviço comunitário.133

Para o sociólogo Bauman, a comunidade é um lugar cálido, um lugar confortável

e aconchegante. Quando se é bem acolhido na comunidade, ela passa a representar o

teto sob o qual nos abrigamos da chuva pesada, como uma lareira diante da qual

esquentamos as mãos num dia gelado.134

Toda essa imagem figurada da segurança, na

busca da identidade da juventude torna-se real quando o jovem é bem acolhido, porque

acolher é também dar abrigo, amparar, dar ou receber hospitalidade, ter ou receber

alguém junto de si. José Carlos Pereira em seu livro Pastoral da Acolhida, afirma que:

Acolher é também receber o outro como ele é, admiti-lo no espaço

que já estamos e permitir que se sinta à vontade. Se hoje estamos

na comunidade desenvolvendo algum tipo de atividade, é porque

um dia alguém também nos acolheu. Acolher é, portanto, aceitar,

deixar que o outro venha fazer parte da nossa comunidade e não

ver nele um concorrente, mas, sim, um colaborador, alguém que

vem para somar. É também dar crédito àquele que chega. Levar em

consideração que, se procurou a comunidade ou essa ou aquela

Pastoral, é porque quer colaborar, oferecer algo de si; então nossa

missão como cristãos é acolher da melhor forma possível.135

É com essa afirmação sobre acolhida que percebemos sua importância e

necessidade urgente na Igreja. Se não houver uma boa acolhida, todos os trabalhos,

todas as ações e a comunidade de jovens em si, estão fadados ao fracasso. Ninguém

quer permanecer onde não é bem recebido. Para que um trabalho dê frutos é preciso que

seus agentes sintam-se aceitos. Independentemente de todas as tecnologias de todos os

avanços, de toda a mídia, de todos os contatos facilitados através da internet, a acolhida

precisa do contato humano com seus valores e decisões. É preciso que seja cultivada na

área humana e espiritual para que os jovens não percam sua essência. Infelizmente, os

jovens estão vivendo uma vida muito virtual e perdendo o contato físico e humano. É

133

ROSARIO, Luis. Programação 2010. Comissão Arquidiocesana de Pastoral da Juventude – Santo

Domingo. 134

Cf. BAUMAN, Zygmunt. Comunidade - a Busca por Segurança no Mundo Atual. Rio de Janeiro:

Jorge Zahar Editor, 2003, p. 7. 135

Cf. PEREIRA, José Carlos. Pastoral da Acolhida: Guia de implantação, formação e atuação dos

agentes. São Paulo: Paulinas, 2009, p. 16.

Page 60: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

bom lembrar que sua missão, sua acolhida não é feita em seu nome, mas sim em nome

de Jesus Cristo.136

A pastoral da acolhida não é mais uma pastoral entre outras, com uma equipe

responsável e um plano de ação. A pastoral da acolhida é um estado de espírito que

deve permear todos os agentes de pastoral e toda e qualquer ação da Igreja na cidade. A

melhor forma que a pastoral da acolhida tem com o jovem é engajá-lo com muita

seriedade em um projeto comunitário e dando a ele a confiança plena. Dificilmente se

consegue de alguém uma apresentação teórica, mas sim fazendo o jovem sentir no seu

corpo as dificuldades, os desafios e a alegria de estar presente lado a lado do outro e

levando consigo a satisfação de um compromisso com Deus e com a Igreja. Se o jovem

não sentir toda esta bagagem, com certeza irá alegar falta de tempo, experiência, e falta

de interesse com a pastoral. A própria participação transforma os valores e a motivação

das pessoas.137

A acolhida não é algo simplesmente oferecido a quem quiser aderir. É

uma plataforma de ação eclesial que seja atual e eficiente. Deve ser agarrada por todos e

sua utilização dependerá das estratégias de ação estabelecidas, respeitando a situação

concreta de cada comunidade pastoral, grupo humano, contexto e criatividade.138

Na

comunidade de fé na Igreja, podemos encontrar o humano e o infinito, em sua máxima

verdade, densidade e disponibilidade.

5. Jesus: modelo de acolhida

Na Sagrada Escritura a atitude de Jesus é de total acolhida, e é justamente essa

sua forma de receber o outro que motiva a Igreja no acolhimento. O Apóstolo Paulo, na

Carta aos Romanos recomenda a acolhida.139

Jesus tinha uma missão ao escolher os

136

Cf. CORAZZA, Helena. Acolher é Comunicar. Como Trabalhar o Ministério da Acolhida. 5ª. ed. São

Paulo: Paulinas, 2008, p. 14. 137

Cf. BORAN, Jorge. O Senso Crítico e o Método Ver-Julgar-Agir. São Paulo: Loyola, 1977,

p. 20.

138 Cf. CONRRADO, Sérgio, BATAGIN, Sônia. Pastoral da Acolhida. Subsídio para a Capacitação da

Pastoral da Acolhida. São Paulo: 2005, p. 7. 139

Rm 15,7: Acolhei-vos, portanto, uns aos outros, como também Cristo vos acolheu, para glória de

Deus.

Page 61: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

apóstolos e discípulos. Ele desejava que seus propósitos salvíficos se concretizassem.140

Acolheu, sem discriminação ou preconceito, pessoas tidas como pecadoras, como, por

exemplo, cobradores de impostos141

, leprosos142

, e outros tipos de doentes ou de pessoas

impuras143

.

O agente da pastoral da acolhida é aquele que não visa aos obstáculos pela frente

e sim aquele que arregaça as mangas e vai ao encontro do necessitado. O agente é

aquele que ama sem limites, que participa e deixa-se iluminar pelas diretrizes

assumidas. Mas não para nisto, vai além das aparências e tem a convicção de que o

jovem é um filho de Deus. E isto o motiva a acolher a realidade do outro que se

apresenta de forma múltipla. Por isto, não tem resposta pré-fabricada, sua missão é

construir junto com o outro, colocando plenamente seu ouvido e coração. Assumindo as

chagas dolorosas do povo que grita pela justiça de Deus.

O Documento de Aparecida144

explicita a ação de Jesus, destacando a acolhida

como um serviço fundamental da Igreja para os jovens. Mostra que a acolhida feita por

Jesus é um gesto de amor e que só quem ama acolhe aqueles que são vítimas do

desamor especialmente tantos jovens que não encontram sentido em suas vidas. A

acolhida provoca transformações mútuas. Ao acolhermos, somos, simultaneamente,

acolhidos e essa reciprocidade é transformadora, provocadora de situações que geram

outros gestos de amor em jovens que nunca foram acolhidos e estão formando uma

nova identidade. Jesus viveu uma plenitude de amor humano, viveu todas as formas de

gratuidade, porém no seu lado divino revelou totalmente sua doação em relação aos seus

irmãos. Jesus acolheu cada um no seu infinito amor. É com este gesto de amor humano

que a pastoral da acolhida juvenil precisa aprender e seguir.145

Algumas dimensões que

é preciso serem observadas dentro da pastoral juvenil são: o individualismo, o modo de

cada um ser, a diversidade, etc. Jesus quando chamava os discípulos sempre os chamava

140

Mt 10, 1. 141

Mt 9, 9-13. 142

Mc 1, 40-42. 143

Mc 6, 55-56. 144

Cf. CELAM. Documento de Aparecida. Texto Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado

Latino-Americano e do Caribe. Edições CNBB: Paulinas; São Paulo: Paulus, 2008, nn. 353-357.

pp. 163-165. 145

Cf. DE OLIVEIRA, Vicente André. Acolhida - Como Formar Comunidades Acolhedoras. Aparecida –

SP: Santuário, 2008, p. 62.

Page 62: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

pelo nome, Jesus reconhecia em cada discípulo a sua vontade para uma missão

concreta.146

Jesus chama para ser seguido. E na acolhida é preciso não só acolher, mas também

levar o anúncio para oferecer o reino para todos os jovens que o procuram. Viver o

projeto que Jesus deixou é viver a experiência da conversão e aceitar o projeto deixado

por Ele. E para discernir todos os valores, é preciso ter um encontro pessoal e total com

Jesus Cristo todos aqueles que fazem parte da acolhida, isto é, junto com toda a

comunidade. Ter encontro com Jesus é fazer a diferença com os outros. Quando Jesus

chama, tudo muda, tudo se encaixa, harmoniza e traz a paz interior. Imediatamente

deixaram as redes e começaram a segui-lo.147

Jesus Cristo sempre viveu nas comunidades. Hoje a pastoral juvenil precisa observar

e estar sempre atenta para que não se torne mais um agrupamento de pessoas que, bem

intencionadas, fazem o seu apostolado, sem se importar com o verdadeiro sentido de

convivência e de partilha. É preciso que esteja atenta às mudanças, algumas delas

trazem muitos pontos positivos, porém outras, alguns pontos negativos. É preciso que

haja, sim, mudanças, mas nunca modificando as estruturas uma vez que estejam

formadas.

Para muitos Jesus é uma imagem que está muito distante, que ficou muito atrás e

que hoje a sua presença está apenas em divulgação, quando se leem os Evangelhos.

Porém, para os jovens na acolhida, a presença de Jesus está cada vez mais presente

principalmente quando eles vão ao encontro daqueles que sentem a falta do amor em

suas vidas.

Jesus compromete-se com seu povo. Jesus, para anunciar os desígnios do pai,

enfrenta os problemas, entra e vive na vida do povo de Belém, onde nasceu, integra-se à

vida do povo na Palestina, entendendo a vida do seu povo e compartilhando as dores e

angústias vividas por toda aquela gente. Ali ele anuncia a Boa Nova mesmo que tenha

que sofrer e viver as dores daqueles menos favorecidos.148

Podemos dizer que a base

146

Cf. Mt 7,13-14. 147

Mt 4, 18-22. 148

Cf. CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, p.

75.

Page 63: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

dos evangelhos são os encontros que Jesus estabelece com o outro. Esses encontros

podem ser analisados sob alguns prismas:

5.1. Os encontros circunstanciais - São momentâneos, marcados por uma

profundidade transformadora, como por exemplo: a sogra de Pedro,149

a cura do homem

com a mão atrofiada,150

a cura do paralítico,151

a cura da filha de uma mulher

Cananeia,152

a ressurreição do filho da viúva de Naim,153

a cura do servo de um

centurião,154

a pecadora perdoada.155

Esses encontros podem ser chamados de

imediatamente transformadores, pois desencadeiam no outro um profundo desejo de

mudança de orientação de vida. Jesus é solidário, cura os doentes, acolhe aqueles que

sofrem e sofre com os sofredores. Jesus busca a imagem do Pai naqueles que o amam e

com esta atitude Jesus se coloca na acolhida, pondo os jovens no centro para que

possam sentir que sua acolhida vem do alto, das mãos de Deus.

5.2. Os encontros formativos – Além de todos os seguidores, Jesus escolhe alguns

para se aprofundarem na fé e na entrega. O desejo do Mestre é que o protagonismo da

missão seja abraçado por cada discípulo. Destacamos alguns desses encontros

formadores: no Sermão da Montanha Jesus dá uma verdadeira catequese aos seus

discípulos;156

o Mestre numa conversa profunda transmite as condições do

seguimento;157

a revela a necessidade do sofrimento da cruz no episódio da

transfiguração;158

discursa sobre a missão dos doze;159

e a comunidade primitiva

manifesta que aprendeu com o Mestre.160

149

Mt 8, 14-15. 150

Mc 3,1-6. 151

Lucas 5,17-26. 152

Mt 15, 21-22,28. 153

Lc 7, 11-17. 154

Lc 7, 1-3,6,9c-10. 155

Lc 7,36 -38, 47-48. 156

Mt 5,1-3. 157

Mt 16, 24-25. 158

Mc 9,2.9. 159

Mt 10, 1. 160

At 2, 42-47.

Page 64: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

5.3. Encontros pessoais. Depois de ter percorrido algumas passagens bíblicas que

falam desses dois tipos de encontros, descobrimos que Jesus oferece a cada um daqueles

com quem se encontra um tratamento pessoal, atento à situação que seu interlocutor

vive. Olha-o e escuta-o, penetra na inquietação do seu coração e tem uma resposta de

consolo, uma palavra de vida. Jesus oferece um caminho de amizade a cada pessoa,

ajudando-a a reorganizar suas vidas. Não manipula formalidades sociais para avaliar as

pessoas (raça, posição social, etc.), dá a cada um o seu lugar, respeita e crê em cada um.

Aceita cada pessoa como ela é e não faz acepção de pessoas.

5.4. Seguimento dos exemplos de Jesus. Quando somos fiéis ao seguimento de

Jesus, passamos a impulsionar e descobrir melhor a existência do Senhor Ressuscitado

em nossa vida de acolhedor. Quando existe o encontro vital com Jesus na vida do

jovem, é notável que a acolhida é dada a cada um e estendida a todos os outros. Diante

desse seguimento, a acolhida passa a ser construtiva para evangelizar e assim proclamar

a misericórdia de Deus oferecer aos jovens pecadores a esperança e aqueles que

perderam o rumo da vida possam encontrar seu caminho. É na acolhida que a pastoral

da juventude evangeliza os jovens para poderem ser discípulos missionários de Jesus

Cristo. Acolher outras pessoas é acolher sua própria vida com fé, é realizar tudo aquilo

que Jesus Cristo nos confiou. Mostrar à pastoral da juventude os exemplos de Jesus é

concretizar a missão, é ir ao mais profundo sentimento das necessidades do ser

humano.161

O amor purifica nosso olhar, torna-o límpido, penetrante, geralmente costuma-se

dizer que o amor é cego. Na realidade é o único que vê perfeitamente, porque descobre

coisas que não são percebidas por um olhar diferente; consegue ver belezas e riquezas lá

onde os outros não descobrem senão escuridão e lama. Que vêm os outros em Zaqueu?

Um ser miserável, odioso, um ladrão, e em Maria Madalena? Uma mulher sem-

vergonha, e na mulher samaritana? Uma prostituta. 162

O amor cristão vai além dos vícios, além do “fedor” dos outros. Mergulha na

profundidade e busca, descobre, desperta, solicita o que existe de intacto, de puro, até

mesmo nos seres mais perversos. Atiça a parte melhor deles, descobre-a. Hoje a pastoral

161

Cf. Mt 4,18-25; Mc. 2,15-17; Jo 10, 1-18; 1-16. 162

Cf. ANNUNCIAÇÃO, Carlos Artur, FACCIOLI, Helmo César. Chamados a Ser Discípulos e

Missionários de Jesus Cristo - Visitas Missionárias Permanentes. São Paulo:2006, pp. 23-24.

Page 65: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

da acolhida juvenil entende que precisa e quer pessoas que sirvam e que sejam

imitadoras de Jesus Cristo, capazes de darem suas vidas por seus irmãos e movendo

outras pessoas a serem seguidoras de Jesus de Nazaré.163

No indivíduo mais abominável

subsiste um cantinho de inocência, que pode ser alcançado unicamente por outra

inocência que se lhe corresponda. Uma das características da Pastoral da Juventude é:

Apresentar ao jovem um Cristo “amigo” e “companheiro de

caminho”: ajudando-o a descobrir o Projeto de Jesus, a identificar-

se com ele e a optar por seu seguimento; assumindo como “estilo

de vida” que define sua identidade de jovem: confrontando

continuamente com ele seus valores, decisões e compromissos

juvenis; e promovendo a vivência de uma espiritualidade

centralizada neste „seguimento‟ de Jesus.164

Este capítulo mostrou que, na pastoral da acolhida, os jovens estão mais

interessados em ouvir e serem ouvidos, aceitando mais suas responsabilidades e que,

através de acompanhamentos com pessoas preparadas, mostram compreensão, afeto e

dedicação para o desenvolvimento acolhedor. Os jovens, hoje, já não aceitam mais o

grito da repreensão e da crítica. É preciso que, dentro de uma pastoral da juventude,

exista assessor capacitado para ajudar e orientar os jovens num desenvolvimento sadio e

que possam crescer e assumir seu papel dentro da pastoral. Todo assessor que assume a

responsabilidade de orientar e coordenar junto com os jovens precisa ter a humildade

para compreender as limitações do grupo, realizando o discernimento para assessorar e

não para coordenar165

.

Dentro da acolhida os jovens aprendem que é preciso respeitar os espaços uns

dos outros e aceitando as condições de cor, raça e religião. Muitas vezes existem

diferenças mesmo dentro de casa, escolas ou mesmo nas vizinhanças. Acolher não é

somente aceitar o que se acha certo e sim também respeitar a atitude e decisão de cada

um166

. Acolher é oferecer o que de melhor se possa dar, é mostrar que não existe

desigualdade, nem mesmo diferenças, pois diante do amor de Deus somos apenas um,

163

Cf. TEIXEIRA, Carmem Lucia, (org). Pessoa na Travessia da Fé - Metodologia e Mística na

Formação Integral da Juventude. São Paulo: CCJ, 2005, p. 21.

164 Cf. CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, p.

111. 165

Cf. Anexo XVI, Relação do líder com o grupo. 166

Cf. Anexo XIII, Perguntas sobre o grupo de jovens.

Page 66: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

somos unidade onde buscamos as necessidades, a valorização, os sonhos e as esperanças

na igualdade. Deus não faz distinção de ninguém, muito menos de seus filhos.

Hoje, na acolhida há necessidade de que os jovens tenham pessoas firmes na fé,

que acolham e busquem os mais fáceis ou os menos problemáticos e que não façam seu

trabalho com indiferenças. Os mais necessitados são aqueles que inclusive cheiram mal,

são aqueles abandonados na rua, sem perspectivas de vida, são estas pessoas que a

pastoral precisa acolher mais e ninguém melhor para realizá-lo que os jovens dentro da

pastoral da acolhida. A acolhida pode ser a força motriz desta mudança de olhar sobre a

juventude, pois que oferece amor, também impulsionará o jovem ao desprendimento, à

generosidade e aos grandes ideais.

A Igreja pode e deve dar maior atenção ao jovem que a ela acorre, quer

motivado para reunir-se com outros jovens, quer pela busca de ideais e aspirações mais

elevadas que tocam sua essência humana. Na transmissão de valores está não só o

próprio renascer da instituição, mas a transformação do indivíduo, pressuposto básico

para uma verdadeira mudança social, na direção de uma sociedade mais solidária.

A acolhida é, portanto, o caminho e o desafio para a inclusão da juventude na

Igreja, a qual deverá propiciar espaços para as iniciativas que nasçam deste encontro, de

forma que o jovem possa fazer uma reflexão crítica e à luz da fé, dos fatos e das

situações que se apresentam e que se modificam no decorrer da existência. A Ação

social nascerá assim, não de forma passiva e ditada pela Instituição, mas como

consequência de um protagonismo consciente e transformador, que sabe ser transitório e

que prepara espaços para outras gerações, sem perder, contudo, o senso da urgência, da

possibilidade e da esperança. Após termos visto os vários aspectos que compreendem o

acolhimento aos jovens, vamos abordar, no terceiro capítulo, algumas atitudes básicas

para o acompanhamento da Pastoral da Juventude.

Page 67: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

CAPÍTULO III

PASTORAL DA JUVENTUDE E ACOMPANHAMENTO

1. História da acolhida de um jovem

Este terceiro capítulo traz uma realidade mais profunda, da forma que colhemos

os frutos onde as sementes foram plantadas nos capítulos um e dois. Queremos relatar o

testemunho de um jovem do qual acompanhamos parte de sua vida e percebemos que o

importante não é somente acolher, é preciso fazer um trabalho completo. Este jovem

que não tinha perspectiva de vida encontrou o valor de viver através da Igreja e do

acolhimento e acompanhamento por parte dos jovens da paróquia Imaculado Coração

de Maria, situada na Rua Jaguaribe, 735, Santa Cecília, São Paulo, SP – Brasil. Eis seu

testemunho:

“Meu nome é José Aparecido dos Reis. Nasci (no dia 8 de fevereiro de 1985),

em uma cidade no interior da Paraíba chamada Solanea, de onde me mudei, ainda

pequeno, para uma cidade próxima de nome Arara. Passei toda minha infância com

minha família, naquela cidade onde a vida é muito dura. No período da seca que lá

sempre tem, juntava com meus pais e meus irmãos para pegar água em lugares

distantes, para sobrevivência nossa e dos poucos animais que tínhamos. Meus pais

passavam por momentos muito difíceis, com pouco dinheiro, não tínhamos condições

nem mesmo para nosso sustento. Diante da situação em que vivíamos meus pais muitas

vezes nos batiam e com grande frequência aconteciam brigas que nós presenciávamos.

Eu criava ovelhas e bois (mas, devido às condições não valia muito). Minha

mãe, certo dia, pediu para falar comigo. Para minha surpresa, me pedia para que eu

fosse para o Rio de Janeiro morar com minhas irmãs que já viviam lá. Eu tinha apenas

quatorze anos e não me imaginava viver tão longe de minha família que era minha vida,

apesar de todas as dificuldades. Sofri muito com esta decisão. Escutei o pedido de

minha mãe e me enchi de sonhos, vendi as ovelhas, os bois para poder comprar minha

passagem.

Page 68: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Afinal com o coração muito triste cheguei à rodoviária do Rio de Janeiro. Lá

minhas irmãs me receberam, levando-me para sua casa. Não precisou passar muitos dias

para eu conhecer a realidade da cidade grande. Minhas irmãs moravam na favela e lá

tive que aprender a conviver com pessoas boas e também más. Fiz amizades com as

pessoas que viviam naquele lugar tão triste. Infelizmente presenciei muitas brigas, só

que desta vez eram brigas de gangues, policiais e traficantes. Alguns amigos meus

infelizmente viviam no meio dessa vida de marginalização, muitos deles da mesma

idade que a minha. Felizmente não me envolvi em quadrilhas, mas presenciei muitos

dos meus amigos se drogarem, passarem drogas, enfrentarem a polícia com troca de

tiros, ajustarem contas com os traficantes e muitas vezes pagarem com sua própria vida.

Os dias passavam e meus dias não melhoravam, nem emprego eu arrumava, minhas

irmãs não me ajudavam e passaram a me maltratar com palavras, muitas vezes me

chamando de bandido e louco. Quando arrumei emprego, por um momento, mudou um

pouco, até que me pediram meu dinheiro que havia recebido do meu trabalho. Tudo o

que eu tinha eu entreguei. Infelizmente, elas não me pagaram e ainda me expulsaram de

sua casa. Fiquei sem saber o que fazer. Fui morar com um amigo para não ficar na rua.

Minha vida nunca foi fácil. Fui para São Paulo aos 16 anos em busca de uma

oportunidade de emprego, pois nasci em uma cidade pequena onde não conseguia

trabalho, para poder ajudar minha família. Imagine só, o quanto é difícil para uma

pessoa sair de uma cidade onde tem família, amigos, conhecidos que é obrigado a

deixar, para chegar aqui em São Paulo, uma cidade grande onde não conhece ninguém.

A minha história começa quando consegui uma proposta de emprego, de uma

suposta pessoa que prometeu me ajudar e que só acabou enganando e levando todo o

dinheiro que eu tinha. Após este acontecimento fiquei me perguntando como podem

existir pessoas que usam os sonhos das pessoas para enganá-las e lhes fazerem mal.

Um mês após o ocorrido, estava passando em frente à Igreja Imaculado Coração

de Maria, onde nunca tinha entrado, embora morasse ao lado, e senti uma vontade

grande de rezar, então, decidi entrar. Pedi a Deus que me guiasse e que me mostrasse o

caminho para que eu conseguisse arrumar um emprego. Depois daquele dia, todas as

vezes que eu passava pela Igreja entrava para rezar. E foi aí, que eu conheci uma pessoa

chamada Luís, que toca órgão nas missas. Este foi o primeiro contato com uma pessoa

da paróquia, e me senti acolhido. Um dia lhe contei toda a minha história e ele decidiu

Page 69: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

me ajudar. Com a ajuda de uma senhora, chamada Vilma, me arranjaram roupas e

calçados, para que eu pudesse procurar um emprego. Além disso, pagaram um

tratamento dentário para mim, pois eu sofria muitas dores de dente na época.

A partir daí, comecei a frequentar a Igreja e participar com mais frequência das

atividades de domingo. Certo dia, estava eu na Igreja e o Padre Helmo Cesar Faccioli,

cmf (atual pároco) perguntou a mim se eu estava trabalhando e se, por acaso, gostaria de

fazer parte dos funcionários da Igreja e eu aceitei. Conforme o tempo passava, parecia

que ainda faltava algo em mim, mesmo estando no trabalho, conhecendo a Igreja, eu

sentia falta de amigos, de pessoas que pudessem me entender. Então decidi procurar o

Grupo de Jovens da paróquia, onde fui acolhido por várias pessoas que nunca pensei

que iriam me dar tanta atenção e carinho. No começo fiquei com receio de conversar e

poder expor os meus medos e sonhos; após duas visitas ao grupo, percebi que as

pessoas ali presentes se importavam umas com as outras e isso me chamou a atenção,

pois mesmo vivendo numa cidade como esta, as pessoas do grupo ainda se

preocupavam com o que acontecia com as outras. Desde então frequento o grupo, mas

nem tudo é cor de rosas. Às vezes, nós do grupo entramos em conflito, pois, queremos

sempre melhorar, temos personalidades diferentes, mas, mesmo assim um ajuda o outro

dentro e fora do ambiente do grupo.

Hoje tenho 25 anos e continuo no grupo de jovens aonde vou sempre, com muita

felicidade, a todos os encontros. Lá encontrei forças para seguir minha vida e também

encontrei esperança. Mesmo não sendo fácil, aos poucos estou conseguindo perdoar

minha família e tentando esquecer meu passado, com a ajuda acolhedora da Igreja com

os jovens. Sinto-me feliz, pois vejo que consigo comprar roupas, calçados, sair com

meus amigos, e ainda voltei aos meus estudos. Hoje vivo com uma família muito boa e

acolhedora. Agradeço a Deus todos os dias por todas as pessoas que ele colocou em

meu caminho, mas vejo que se naquele dia eu não tivesse entrado na Igreja talvez hoje

eu não conseguisse falar o que eu falei.”

Page 70: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

2. O Termo Acompanhamento aplicado na Pastoral da Juventude

O Acompanhamento, além de sua função prática, é uma dimensão da vida

humana. Podemos dizer que não vivemos sem acompanhamento. À nossa volta

percebemos diversos fatos do cotidiano que manifestam a necessidade de alguém que

nos acompanhe. Por exemplo, a criança precisa de acompanhamento para o seu

desenvolvimento; a casa, ao ser construída, precisa dos olhos atentos de um engenheiro;

o doente em casa, ou no hospital, precisa da atenção de um familiar ou enfermeiro; toda

empresa depende de boas orientações; um estagiário precisa do exemplo de alguém

mais experiente; um grupo de jovens precisa do acompanhamento de assessores. Enfim,

qualquer instituição (escola, partido político, igrejas, sindicato, grupo de jovens...) exige

acompanhamento167

.

Podemos dizer que as pessoas dependem em toda a vida de acompanhamentos,

ao mesmo tempo em que acompanham outros em diferentes etapas da história.

Acompanhar sempre é uma troca, ora somos os que acompanham, ora somos os

acompanhados. A vida em sociedade exige de nós um comprometimento com o outro. É

neste convívio de mútua ajuda que alguém cresce como ser humano. Porém,

acompanhar exige preparação, não basta boa vontade, é preciso dedicação, amor, e na

maioria dos casos, sobretudo em atividades institucionais, é necessário formação.

Embora o jovem seja protagonista de si mesmo e do seu desempenho na

caminhada, precisa de alguém que possa orientá-lo. Para definir, segundo o projeto de

Jesus Cristo, é preciso que o assessor bem preparado o acompanhe. Para isto não é

preciso que seja apenas um assessor adulto. Um jovem assessor bem preparado tem

dado bons resultados tanto quanto um assessor adulto. Juntando o idealismo, a energia e

a espiritualidade do assessor jovem com a experiência e sabedoria do adulto os

resultados têm sido muito favoráveis. Juntos celebram a partilha da fé, do amor e

dedicação. As ovelhas não vivem sem o pastor, assim são os jovens sem um assessor.168

167

Cf. Anexo X, Relação do pároco com o grupo. 168

Cf. CNBB. Evangelização da Juventude - Desafios e Perspectivas Pastorais. N° 93. São Paulo:

Paulus, 2006, pp. 62-64.

Page 71: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

É preciso ter cuidado para o engajamento de um jovem novato na pastoral. É

preciso valorizar o seu trabalho, mas também respeitar o seu tempo, não o levando a

frustrações e afastando aqueles que ainda não se sentem seguros. Em muitas paróquias o

acompanhamento está mais do lado do opressor do que do oprimido. Sabemos que o

acompanhamento é fundamental em todas as paróquias e os jovens hoje estão

trabalhando muito bem nesta pastoral, conseguindo atrair muitos outros jovens.169

2.1. Importância da continuidade

Jorge Boran170

afirma que um dos maiores problemas da Pastoral de Juventude é

a falta de continuidade. Sem continuidade não há trabalho sério, não há credibilidade,

não há transformação. É o acompanhamento metódico que vai garantir esta

continuidade. Acompanhar sistematicamente os jovens engajados nesta pastoral é fazer

o trabalho paciente e lento do agricultor que planta uma parreira e volta todo dia para

regá-la, até as raízes se fortalecerem. Com bases reais, a Igreja, na República

Dominicana, apoia a pastoral da juventude, na sua própria situação de pobreza ou não.

Assim estimula os jovens à construção de uma nova sociedade. Diante das realidades

vividas, a Igreja incentiva os jovens ao acompanhamento à opção preferencial aos

pobres, dando assim resposta à sociedade para um futuro melhor. Os jovens na

República Dominicana estão cada vez mais conquistando os ideais, os anseios de

liberdade que, através da luta contra o regime opressor, vêm buscando novos estilos de

vida comunitária, o lugar de sua comunhão com Deus e com os homens, visando a

edificar a paz e a justiça.171

169

Cf. BORAN, Jorge. Juventude: o Grande Desafio. São Paulo: Paulinas, 1982, pp. 216-219. 170

Cf. BORAN, Jorge. O Futuro Tem Nome: Juventude - Sugestões Práticas para Trabalhar com Jovens.

São Paulo: Paulinas, 1994, p. 324, 171

Cf. CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, p.

36.

Page 72: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

2.2. Amplitude do acompanhamento

De acordo com Jesus Sartre172

, o acompanhamento pastoral juvenil deve estar

relacionado com o amadurecimento do jovem na fé, comprometido com a elaboração do

projeto de vida, com os temas de estudos e com as dificuldades que a vida lhe apresenta.

É preciso conscientizar o jovem, que na pastoral do acompanhamento não

necessariamente se trabalha com exclusividade para outro jovem. É necessário reforçar

a juventude com os valores humanos como um todo. A juventude na pastoral do

acompanhamento concretiza um trabalho não só para visar a outro jovem mas também

para o fortalecimento da Igreja. A sua finalidade pastoral é transformar as realidades

terrenas, assim visando às necessidades daqueles que sofrem e refletindo os valores

evangélicos, transformados pelo Espírito Santo de Jesus.173

Os jovens costumeiramente

gostam de viver em turmas, trocando ideias, encarando desafios. Infelizmente, em

muitos grupos de jovens, mesmo dentro das pastorais, os jovens tratam uns aos outros

com formalidade e manifestando em seu individualismo uma amizade superficial.

Lamentavelmente, isto também ocorre dentro de suas próprias casas, com seus

familiares . É preciso estabelecer vínculos mais intensos, onde um possa apoiar o outro.

É demonstrando apoio que os laços de amizade vão se estreitando e a confiança

aumentando174

. Desta forma aqueles que viviam um pouco longe de seus familiares,

mesmo convivendo com eles, aprendem que pode haver maior afinidade.175

2.3. O Espírito Santo como amigo fiel

Amadeo Cencini176

no seu livro Os Sentimentos do Filho177

, afirma que esse

acompanhar deve ser ao estilo de Emaús, ícone de qualquer acompanhamento na fé. O

172

Cf. SARTRE, Jesus. Pastoral da Juventude e Aconselhamento, 2002, pp. 3-14. 173

Cf. CELAM. Pastoral da juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, p.

11. 174

Cf. Anexo XIII,Perguntas sobre o grupo de jovens. 175

Cf. BEYTÍA REYES, Juan Cristóbal. Formar e Ajudar a Formarse? La cultura Juvenil y sus

Desafíos. Cuadernos de espiritualidad, Santiago, Chile, n. 175. p.7. (mayo-junio) 2009. 176

Amadeo Cencini, é religioso canossiano. Licenciado pela Universidade Salesiana em Ciência da

Educação e doutor em Psicologia pela Universidade Gregoriana, fez especialização em

psicoterapia no Instituto superior de Psicoterapia analítica. Atualmente é mestre dos clérigos do

Page 73: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

elemento talvez mais peculiar e original desse conceito, segundo o autor, nos vem do

latim medieval - cum-panio -, que seria aquele que tem o pão em comum.178

Para o

autor179

é fundamental, que o jovem sinta o Espírito, como amigo fiel, como memória

de Jesus e da sua Palavra, como aquele que conduzirá à completa revelação da verdade

e à sabedoria do coração, como guia do olhar exclusivamente para Jesus e os chamados

a fim de torná-los suas testemunhas na humanidade. O Espírito Santo é o doce hóspede

da alma, a presença de Deus em nós, o iconógrafo que molda, como infinita fantasia, o

rosto de cada um conforme a imagem de Jesus e está sempre presente em todo ser

humano, para levá-lo a discernir sua própria identidade de crente.

Nos evangelhos percebemos o quanto Jesus privilegia o amor quando se

encontra com as pessoas. Jesus chega muitas vezes a depender de outras pessoas, para

que possamos entender que não vivemos e nem podemos viver isolados, somos

totalmente relação. Não podemos alimentar a prepotência de que não precisamos de

ninguém. Também não podemos nos fazer de vítimas, achando que não temos nada para

oferecer. Deus nos deu os dons para que sejam trabalhados. A quem acompanha com

carinho e amor os irmãos, Jesus faz-se presente no meio deles e ali habita.180

A consciência e o desejo da “companhia” do Espírito tornarão o jovem sempre

mais disponível a se deixar orientar. Desse modo, confiança, abandono, entrega de si

tornam-se as virtudes típicas de quem é acompanhado. Para haver um bom

acompanhamento é preciso estar atento às necessidades daqueles que os procuram, olhar

suas condições e suas dificuldades, levar sempre a alegria de viver, a esperança e a fé. O

acompanhamento não poderá cair na rotina, para que não perca a essência. É preciso

estar sempre renovando as visitas, os encontros, as experiências. São as rotinas que

geram insegurança e insatisfação. É preciso alimentar os jovens com esperança, para

que não desistam do projeto que foi deixado por Jesus Cristo.181

seu instituto, docente de pastoral vocacional e formação ao discernimento, além de docente de

psicologia aplicada no curso para formadores. Dá aulas também no curso de Teologia e Direito

pela Congregação para a vida consagrada, da qual é consultor. 177

Cf. CENCINI, Amadeo. Os Sentimentos do Filho: Caminho formativo na vida consagrada, São Paulo:

Paulinas, 2009. p. 67. 178

Cf. Idem, p. 70. 179

Cf. Idem, pp. 67-68. 180

Cf. DE OLIVEIRA, Vicente André. Acolhida: Como Formar Comunidades acolhedoras. Aparecida-

SP: Santuário, 2008, p. 63. 181

Cf. Idem, p. 81.

Page 74: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Cencini182

em outro livro, chamado Vida consagrada: itinerário formativo no

caminho de Emaús, falando da juventude e da acolhida, diz que o acompanhamento

juvenil exige total dedicação, habilidade e comprometimento da pessoa, para trabalhar

com jovens, mostrando interesse por eles, fazendo o possível para captar em

profundidade o que o jovem é, vive e realiza. Deve estar atento às mensagens não

verbais (olhar, gestos, mímica facial, sentimentos, entre outros) do jovem. Colocar o

jovem como centro dos interesses e da atenção, dedicando-lhe o tempo, espaço e afeto

para compreender suas necessidades e dificuldades. É importante desenvolver a arte do

silêncio e da escuta do jovem, pois nem sempre o jovem consegue expressar o que está

se passando com ele.

Na opinião do autor183

, aquele que se dedica ao acompanhamento juvenil deve

saber fazer memória da caminhada do jovem, pois o amadurecimento acontece a partir

da compreensão dos fatos no presente. A presença e a ação do acompanhamento junto

ao jovem devem contribuir para que ele possa apropriar-se do seu processo de

formação. Então o aconselhamento pastoral juvenil é uma urgência diante do

emergente grito silencioso dos jovens (desejo de serem ouvidos, compreendidos e

valorizados).

3. Atitudes básicas para o acompanhamento

Embasados em vários autores, entre eles (Amadeo Cincini184

, a equipe de

Acompanhamento Mística do Acólito da Juventude Hilário Dick, Carmem Lúcia

Teixeira e Salvador Segura 185

, Tomás Rodríguez186

, entre outros) encontramos quatro

atitudes importantes para aqueles que têm a tarefa de acompanhar os jovens neste

processo:

182

Cf. CENCINI, Amadeo, Vida Consagrada: itinerário formativo no caminho de Emaús, 1994, p. 109ss. 183

Cf. Amadeo CENCINI, Vida Consagrada: itinerário formativo no caminho de Emaús, 1994, p. 111 184

Cf. CENCINI, Amadeo. Os Sentimentos do Filho. Caminho Formativo na Vida Cosagrada. São Paulo:

Paulinas, 9999, pp. 69-71. 185

DICK, DICK, Hilário, TEIXEIRA, Carmem Lucia, SEGURA LEVY, Salvador, (Org).

Acompanhamento: Mística do/a Acólito/a da Juventude. São Paulo: CCJ, 2008, p.25-30. 186

RODRIGUEZ MIRANDA, Tomás. A Direção Espiritual: Pastoral do Acompanhamento Espiritual.

São Paulo: Paulus, 2009.

Page 75: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

3.1. A acolhida

Falando em acompanhamento estamos, primeiramente, diante de uma atitude

acolhedora. Acolher é sinônimo de receber, de agasalhar, de hospedar, de ter em

consideração. Acolher é atitude imprescindível em qualquer âmbito da vida, pois

somente através de uma boa acolhida é que fazemos com que os outros tenham

confiança em nós. O grande exemplo de acolhida além do de Jesus, nos vem da Igreja,

sobretudo, da primitiva187

que acolhia todos quantos se convertiam.

João insiste em falar que não amemos com palavras nem com a língua, mas com

obras e de verdade,188

. Não se pode esquecer que ninguém pode ser excluído nem

abandonado, é preciso viver em comunhão fraterna com os necessitados. Acompanhar é

levar o amor de Cristo aos irmãos.189

O acompanhamento é um campo largo e longo a

ser trabalhado. Em um acompanhamento a pastoral não pode realizá-lo em poucos dias,

às vezes é preciso meses. Quem está na pastoral acompanhando precisa ter

disponibilidade.190

Deus hoje habita no meio dos jovens, para que eles possam ser portadores da

Boa Notícia, possibilitando infiltrar, no meio do povo, sua alegria, dedicação e um

acompanhamento para aqueles que precisam. Sendo assim forja-se um projeto de vida

coerente e plena.191

Não há pastoral, nem mesmo outros meios de compromisso se não

houver um relacionamento íntimo com Deus. Infelizmente está sendo difícil uma

intimidade com Deus principalmente entre os jovens.

Os jovens hoje precisam de muita oração e a tarefa principal da oração é

eliminar as distâncias e aproximar o homem de Deus. Um jovem, um adulto, ou seja

quem for, dentro de uma pastoral, principalmente da acolhida ou acompanhamento, se

187

Cf. At 4,4 188

1Jo 3,17-18 189

Cf. DICK, DICK, Hilário, TEIXEIRA, Carmem Lucia, SEGURA LEVY, Salvador, (Org).

Acompanhamento: Mística do/a Acólito/a da Juventude. São Paulo: CCJ, 2008, p. 67. 190

Cf. PEREIRA, José Carlos. Pastoral da Acolhida - Guia de Implantação, Formação e Atuação dos

Agentes. São Paulo: Paulinas, 2009, p. 25. 191

Cf. CELAM. Pastoral da Juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1987, p.

123.

Page 76: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

não tiver uma intimidade com Deus, não poderá desenvolver sua missão. Nas paróquias

da República Dominicana, o acompanhamento deve ser personalizado, partindo do

reconhecimento das condições de empobrecimento e de marginalização dos jovens e é

preciso levá-los a se sentirem incluídos, acolhidos e valorizados como jovens amados de

Deus. Jesus fala a seus discípulos: trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que

dura até a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará192

. Pois nela Deus Pai imprimiu

o seu sinal.

Com a lei aprovada em 2000, dada como “Lei Geral da Juventude” na República

Dominicana, a Secretaria de Estado da Juventude analisando as condições dos jovens

percebeu que, ficar atento à juventude não é somente atender às suas necessidades, mas

também coordenar e principalmente acompanhar o seu desenvolvimento.193

A maioria dos jovens que acorre à Igreja são pessoas que buscam um significado

maior para suas vidas. Muitos sofrem calados a falta de uma família estruturada.

Faltam-lhes também bons amigos e muitos deles talvez nunca se tenham sentido

acolhidos ou amados de verdade. A Igreja não pode ser um ambiente que reproduza os

esquemas de discriminação da sociedade. Lamentavelmente estas atitudes acontecem.

Por isso tantos jovens e adultos buscam em outras denominações religiosas uma forma

de manifestar sua fé porque eles não se sentiram acolhidos na Igreja Católica. Temos de

dar testemunho da igualdade entre os seres humanos, por isso os jovens precisam ser

cativados, e a acolhida é o primeiro passo para que eles se sintam em comunidade. Na

República Dominicana e também em toda América Latina em que há como que um

descaso por parte dos governantes com relação aos jovens, devemos ser um sinal

profético para que esses jovens possam se sentir incluídos, na sociedade e na Igreja.

3.2. A escuta cordial e atenta

Nos diversos ambientes da sociedade não existe espaço para o jovem falar e se

manifestar, muitos deles não têm com quem expressar suas ideias e ideais. A escuta na

192

Jo 6, 27. 193

Cf. THOMPSON, Andrés A. (Org). Associando-se à Juventude para Construir o Futuro. São Paulo:

Peirópolis, 2006, p.90.

Page 77: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Pastoral da Juventude deve ser cordial, ou seja, de coração, sem preconceitos ou

julgamentos. Também é preciso ser atenta, pois baseado no que os jovens expressam é

que o assessor poderá orientá-los para uma verdadeira libertação e engajamento.

Aquele que acompanha a juventude precisa se perguntar constantemente: “Qual o

grande anseio desses jovens que estão diante de mim?” Essa pergunta fará com que o

acompanhante dê respostas acertadas ao grupo. Sem escuta, esse diálogo é impossível.

O líder deve saber que o trabalho na Pastoral não é protagonismo dele, por isso não é

um monólogo, é fundamental a participação de todos.

Os jovens devem ser acompanhados com atenção amorosa a exemplo da atitude de

Jesus. Os exemplos do Mestre nos vêm através do encontro com a Samaritana194

e

também na forma como parou para ouvir Zaqueu195

, que no Evangelho, demonstram um

desejo profundo de encontrar-se com o Senhor, desejam fazer uma experiência que

mude suas vidas radicalmente. A juventude deseja desafios radicais.

3.3. Partilha da vida

É indispensável manter contato com o jovem, com uma inteligente atenção. A vida

cotidiana e a convivência são a melhor fonte de informação para se conhecer uma

pessoa. Poder captar certas mudanças comportamentais, como reações, simpatias,

antipatias, emoções, depressões, costumes, brincadeiras, intolerâncias, esquecimentos,

nervosismos, preferências, esquisitices, alegrias, entre outras coisas - possibilita ter um

quadro relativamente completo e chegar com maior facilidade a identificar a situação

geral e a inconsistência central da juventude da modernidade.

194

Jo 4, 7.25.39-42 Uma mulher samaritana chega para buscar água. Jesus lhe diz: “Dá-me de beber!”.

(...) A mulher lhe disse: “Sei que o Messias (que se chama Cristo) está para vir. Quando ele vier,

nos anunciará tudo.” Disse-lhe Jesus: “Sou eu, que falo contigo.” (...) Muitos samaritanos

daquela cidade acreditaram nele, por causa da palavra da mulher que atestava “Ele me disse tudo

o que fiz!” Por isso, indo ter com ele, os samaritanos pediram-lhe que permanecesse com eles. E

ele ficou ali dois dias. Bem mais numerosos foram os que creram por causa da palavra dele e

diziam à mulher: “Já não é por causa das tuas palavras que acreditamos. Nós próprios o ouvimos

e sabemos que este é verdadeiramente o salvador do mundo. 195

Lc 19, 5-6 Quando Jesus chegou ao lugar, levantou os olhos e disse: “Zaqueu, desce depressa, pois

hoje devo ficar em tua casa.” Ele desceu imediatamente e recebeu-o com alegria.

Page 78: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Muitos são os desafios a serem encarados, mas para isto é preciso entendê-los como

estímulos. Não se pode pensar dentro de uma pastoral que só se pode trabalhar quando

se está bem ou quando se está preparado, é preciso ter atitude e deixar que ela brote do

coração sem achar empecilho.196

Infelizmente hoje as instituições, as igrejas, são vistas

como algum aparato estabelecendo relação de cliente. As pessoas as procuram para

resolver logo seus problemas e se não gostam procuram outro estabelecimento.

Infelizmente isto acontece muito dentro das famílias, das paróquias, onde o ambiente

acolhedor transformou-se apenas em ponto de encontro. Não podemos encarar como

desafio para acolher estas pessoas. Devemos enfrentar como sério problema. A Igreja

deve conscientizar-se de que estes problemas estão passando de geração em geração. O

acompanhamento com estas pessoas precisa estar vivo no dia a dia e não deixar que a

pastoral acolhedora enfraqueça, buscando como objetivo aqueles que ainda têm

esperança no Cristo Jesus.197

Partilhar a vida com os jovens é algo vital como, por exemplo: o pão do caminho,

isso é, a fé, a memória de Deus, a experiência da luta, da busca, do seu amor.

Acompanhar nunca é tão convincente como quando se sabe confessar a sua fé com a

juventude. Hoje os jovens ambicionam a felicidade, operando grandezas ao seu redor.

Usando suas forças para uma construção de um mundo melhor. Ninguém mais poderá

deter uma juventude unida, generosa e ativa que busca levar para aqueles que

necessitam ajuda, amor e compreensão.

Os jovens que aspiram a dirigir povos e a redimir gentes, poderão conhecer a

paixão, mas não têm tempo para os deleites.198

O acompanhante deve convencer com

suas atitudes, sua vida partilhada na verdade. Deve também ter a sensibilidade de fazer

com que os jovens possam partilhar aquilo que eles são, aspiram e desejam, suas dores e

alegrias. A Igreja, de modo especial depois do Concílio Vaticano II, se abriu para

pequenos grupos e movimentos, como por exemplo, as Comunidades Eclesiais de Base,

que em torno da Palavra de Deus partilhavam a vida e se fortaleciam na fé e no

esclarecimento da realidade.

196

Cf. CORAZZA, Helena. Acolher é Comunicar -. Como Trabalhar o Ministério da Acolhida.5. ed. São

Paulo: Paulinas, 2008, p. 22. 197

Cf. BEYTÍA REYES, Juan Cristóbal. Formar e Ajudar a Formarse? La Cultura Juvenil y sus

Desafíos. Cuadernos de espiritualidad, Santiago, Chile, No. 175. p.7. (mayo-junio) 2009, p. 11. 198

Cf. CACCIA-BAVA, Augusto, FEIXA PÀMPOLS, Carles, GONZÁLES CANGAS, Yanko(Orgs).

Jovens na América Latina. São Paulo: Escrituras Editora. 2004, p. 303.

Page 79: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

4.4. Atitudes do acompanhante

O acompanhante deve ter consciência de sua missão. Além do dom natural, é

preciso que ele esteja aberto para receber formação espiritual e, em linhas gerais, de

psicologia e sociologia, pois, além de transmitir o conhecimento cristão, ele precisa

saber entender os jovens que estão sendo acompanhados por ele. A Pastoral da

Juventude na República Dominicana, em nível nacional, oferece uma infinidade de

cursos para os líderes. Essa atitude da Pastoral demonstra a preocupação da Igreja com a

formação e capacitação de seus agentes. A pessoa que acompanha os que buscam um

sentido para suas vidas, deve ter uma profunda experiência de Deus e de sua vocação.

Quem acompanha o necessitado, precisa estar conectado diariamente com Jesus.199

Jesus adverte Marta que, preocupada demais com seus afazeres pede que siga o exemplo

de Maria, sua irmã.200

Jesus nos pede que sirvamos nossos irmãos e jovens carentes, e

deixemos que a luz de Cristo penetre em nossos corações.

Para o diretor espiritual jesuíta, Tomás Rodríguez, a figura do acompanhante

tem de ser a de uma pessoa de Deus para o outro; ou seja, “mediador”: a função

mediadora deve ser o centro da figura do acompanhante e deve constituir também o

ponto nevrálgico de sua vivência e de sua identidade. Que o acompanhante saiba o

caminho que ele mesmo tenha percorrido. Isso implica que ele tenha experiência de

Deus:

O diretor precisa atuar a partir de uma atitude global que inclua,

como elemento fundamental e inevitável, a motivação cristã, ou

seja, o conjunto dos „porquês‟ do Evangelho. O diretor deve ser

homem de fé, estimulado pelos mesmos motivos pelos quais Jesus

vivia.201

(...) Tenha experiência de Deus. Fruto de uma vida de oração e de

discernimento contínuo; tenha experiência de homem:

conhecimento do funcionamento humano, especialmente psíquico

e espiritual; e do procedimento no relacionamento direto, nas

entrevistas; seja hábil para expressar experiências a si mesmo e aos

199

Cf. DE OLIVEIRA, José Fernandes. Um Coração que Seja Puro. 12ª. ed. São Paulo: Paulus, 2007,

p.116. 200

Cf. Lc 10, 38-42. 201

RODRIGUEZ MIRANDA, Tomás. A Direção Espiritual: Pastoral do Acompanhamento Espiritual.

São Paulo: Paulus, 2009, p. 92.

Page 80: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

outros; tenha se instruído com as experiências próprias e de outros

na docilidade incondicional ao Espírito em seus rumos

imprevisíveis.202

O acompanhante ou diretor espiritual enquanto “relação humana de ajuda no

espírito” vem a ser como um “sacramento” (sinal eficaz) da relação espiritual do

acompanhado com o Pai Criador. Os jovens diante do acompanhante devem sentir plena

confiança, como se eles estivessem frente a um mediador de Deus, e de fato, estão. Por

isso o testemunho de fé de quem acompanha, deve ser manifestado através de atitudes

exemplares, virtudes e qualidades, preferencialmente, como uma pessoa de grande

coerência em sua vida, e que estimule atração e confiança203

. Quem acompanha os

jovens precisa também viver da riqueza da comunidade crente, que é mística e profética:

a qual está chamada a “semear a palavra” 204

, e viver dessa esperança que não falha, até

que cheguemos à vida sem ocaso.

4. OS JOVENS LÍDERES

O que entendemos por protagonismo? Os jovens mais experientes, com mais

anos de vivência na pastoral, de modo especial os que exercem a função de líderes,

devem assumir como parte de sua missão a arte de acompanhar aqueles que estão

chegando, ou necessitam de maior atenção.

202

Idem, p.109. 203

Cf. Idem, p. 75. 204

Mt 4,9: Escutai: Eis que o semeador saiu a semear. E ao semear, uma parte da semente caiu à beira do

caminho, e vieram as aves e a comeram. Outra parte caiu em solo pedregoso e, não havendo terra

bastante, nasceu logo, porque não havia terra profunda, mas, ao surgir o sol, queimou-se, e, por

não ter raiz, secou. Outra parte caiu entre os espinhos; os espinhos cresceram e a sufocaram, e

não deu fruto. Outra parte, finalmente, caiu em terra boa, e produziu fruto que foi crescendo e

aumentando; de modo que produziu trinta, sessenta e cem por um.

Page 81: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

4.1.Desvios das lideranças

Jorge Boran no seu livro: o Futuro Tem Nome: Juventude, afirma o seguinte

sobre o protagonismo do jovem:

Na Pastoral da Juventude o jovem deve estar na linha de frente [...]

No protagonismo: O jovem deve estar no palco participando, não

sentado no meio da plateia, assistindo passivamente. [...] Os

adultos na Igreja precisam valorizar uma Pastoral de Juventude em

que o jovem possa ter personalidade própria. É preciso garantir o

caráter leigo da pastoral, evitando os dois extremos: assessores

paternalistas e ditatoriais, ou assessores omissos, sem nenhuma

influência.205

Participando desta organização, o jovem sente-se

protagonista. Percebe que a Pastoral da Juventude é dele, não

dos adultos. Participa nas decisões, nas reuniões de

coordenação e assembleias de avaliação e planejamento [...]

Em muitas situações da vida os jovens têm uma experiência

oposta. Na escola, na família, no trabalho, na política

raramente é convocado para participar das decisões que

afetam sua vida. [...] O câncer do protagonismo dos jovens é

o paternalismo e o auto-ritualismo. Muitos religiosos e leigos

adultos têm tendência de tomar decisões sozinhos, de fazer as

coisas sem envolver os jovens.206

Nesta forma errônea de protagonismo, aliado ao paternalismo são priorizadas a

eficiência e a rapidez nas decisões tomadas e não se levam em conta a participação e

crescimento dos jovens. O ideal na Pastoral da Juventude é que o jovem se livre de

qualquer tipo de “muletas” e aprenda a andar com suas próprias pernas, que tome suas

próprias decisões. Para muitos jovens e adultos que participam de grupos e pastorais,

dentro da Igreja, é viver todo tempo voltado para a Igreja sem participar de qualquer

outro evento que não seja Igreja. Os jovens precisam e devem participar da vida além da

Igreja como: ir a festas, danceterias, cinema, casas de espetáculos, teatro, etc. cabendo

205

BORAN, Jorge. O Futuro Tem Nome: Juventude - Sugestões Práticas para Trabalhar com Jovens. São

Paulo: Paulinas, 1994. p. 301. 206

BORAN, Jorge. O futuro tem Nome: Juventude. Sugestões Práticas para Trabalhar com Jovens. São

Paulo: Paulinas, 1994, pp. 225-226.

Page 82: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

aos acompanhantes e à Igreja orientarem e se possível acompanharem os passos da

juventude, que infelizmente nos meios da vida cultural encontram diversos tipos de

informações que os levam ao desvio de Deus.207

Infelizmente encontramos dentro das

pastorais informações indevidas, em que se aconselham jovens a não participarem de

uma vida social e cultural. Todo jovem que não participa de uma vida cultural e social,

torna-se um jovem alienado sem informações, e sem defesas.

4.2.Protagonismo positivo

Deus é onipotente, em todo lugar ele está presente. O que é preciso orientar a

juventude é que, com amor e por amor jamais haverá prejuízos, nem decepções. Onde

quer que esteja, a presença de Deus é primordial para que não saia dos caminhos traçado

por ele. Diante da importante missão dos jovens que estão à frente do grupo,

destacamos alguns elementos que podem auxiliar a Pastoral da Juventude na

capacitação de jovens líderes:

4.2.1. Corresponsabilidade.208

Se quisermos formar jovens com iniciativa e

responsabilidade, que sejam líderes, temos de lhes dar responsabilidades mostrando a

eles que são capazes de exercer qualquer tipo de atividade. O jovem adquire

responsabilidade exercendo-a. Ou seja, a Pastoral da Juventude deve colocá-lo em

situações reais onde é possível tomar decisões e assumir responsabilidade pela

condução da pastoral. Para isso o assessor precisa acreditar num processo de formação.

É preciso resistir à tentação de mandar fazer, para trilhar um caminho menos fácil de

corresponsabilidade.

207

Cf. GROPPO, Luís Antônio, Juventude: Ensaios Sobre Sociologia e História das Juventudes

Modernas. Rio de Janeiro: DIFEL, 2000, p.54. 208

Cf. BORAN, Jorge. O Futuro Tem Nome: Juventude. Sugestões Práticas para Trabalhar com Jovens.

São Paulo: Paulinas, 1994, p. 301.

Page 83: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

4.2.2. O jovem coordena.209

As estruturas organizativas na pastoral devem favorecer o

protagonismo. A Pastoral da Juventude deve optar por uma pastoral sustentada e

dirigida pelos próprios jovens. Os jovens devem ser evangelizadores dos próprios

jovens. É importante que o jovem sinta que tem “o volante nas mãos”, que há espaço

para deixar aflorar a criatividade e contribuir com seu jeito próprio. Assim o jovem vai

construindo sua própria história na vida da Igreja. Mas é preciso ter atenção para que os

jovens não percam o freio, é preciso deixar que os jovens tenham o volante em suas

mãos, mas sempre com um instrutor ao seu lado. Sem dúvida alguma hoje com a

abertura que a Igreja vem dando aos jovens é sentido que a Igreja está viva e pronta para

caminhar, ainda por muito tempo, o tempo de Deus.

Os jovens quando se dispõem a trabalhar dentro da Igreja, seu trabalho ganha

destaque e alegria para todos. Os jovens que estão na caminhada, deixando acompanhar

e acompanhando, percebem que a Igreja não está atrasada diante dos avanços

tecnológicos, a Igreja apenas acompanha o desenvolvimento humano sem perder a

essência do Espírito Santo, quando em Pentecostes derramou os Dons sobre os

apóstolos. Os jovens bem orientados entendem que é preciso obedecer ao que a Igreja

ensina e prega. Os jovens dentro da pastoral não se destacam como concorrentes dentro

da Igreja, eles entendem que estão a serviço da Igreja.

Diante disto, na República Dominica as igrejas destacam os jovens como parte

principal dentro e fora da Igreja. É percebido dentro das celebrações nas igrejas

dominicanas o número cada vez maior de jovens, participando ativamente. Os jovens

estão engajando cada vez mais nas pastorais dentro da Igreja e isto serve de testemunho

como um trabalho eficaz que está sendo feito dentro das paróquias.

Os jovens dentro da República Dominicana estão cada vez mais se dividindo em

outras pastorais, não só se concentrando em uma ou outra. O reconhecimento disto são

os encontros que a Igreja oferece como já foi citado no capítulo anterior, “A Acolhida”.

O acompanhamento está servindo de uma continuidade que eles próprios estão

disponibilizando após a acolhida. Uma vez que se faz uma boa acolhida, imediatamente

é adquirido um bom acompanhamento e os frutos são dados, conforme o discernimento

de cada um. A Igreja Dominicana é incansável em receber os jovens que se

disponibilizam em suas pastorais. Os jovens, hoje, estão envolvidos dentro das pastorais

209

Cf. Idem, pp. 301-302.

Page 84: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

na Igreja e testemunham que não existe lugar melhor para se viver do que viver,

servindo, amando, acolhendo e acompanhando aqueles que necessitam do seu afeto e

carinho210

.

Com a pastoral da juventude percebe-se uma maior a presença das famílias

juntamente com seus filhos, quando a Igreja está sendo extensão não só para os lares

como também para aqueles que viviam perdidos e abandonados nas ruas. Os resgates

dos jovens estão partindo dos próprios jovens. Com seus exemplos e confiança os

jovens estão levando mais o amor aos que se sentem enfraquecidos pelo amor vindo de

Deus.

4.2.3. Ficar em segundo plano.211

A Pastoral da Juventude deve formar seus líderes

para que não busquem o “estrelato”. O acompanhante deve fazer com que todos os

membros do grupo de jovens sintam-se protagonistas de seu processo de formação. Por

isso, o líder deve ser humilde, e precisa ser formado para isso. Um exemplo de

acompanhante consciente de sua missão é João Batista.212

. Quem não sabe ficar em

segundo plano não serve para trabalhar com jovens. Um verdadeiro acompanhante é

aquele que rejeita todo tipo de autoritarismo, manipulação, paternalismo, e não se sentir

maior que os demais jovens. O acompanhante é aquele que somente entra quando sua

contribuição é necessária. Acredita em uma pedagogia participativa.

O coordenador deve ser uma pessoa animada, entusiasmada, apaixonada por

aquilo que acredita e por aquilo que faz, transmitindo otimismo, esperança. Uma pessoa

de fé, que se comunica com Deus pela oração, pela meditação de sua Palavra, pela

participação nos sacramentos e nas celebrações comunitárias. Que saiba trabalhar em

equipe e seja uma pessoa que se capacita constantemente, organizado e, planejador.

Alguém sempre disponível e serviçal. Alguém que não saiba tudo, mas que tem alegria,

vontade e humildade em aprender cada vez mais. Para os jovens entrevistados na

210

Cf. Anexo XV, Crescimento em grupo. 211

Cf. BORAN, Jorge. O Futuro Tem Nome: Juventude. Sugestões Práticas para Trabalhar com Jovens.

São Paulo: Paulinas, 1994, p. 302. 212

Jo 3, 30: É necessário que ele cresça e eu diminua.

Page 85: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

paróquia San José 59,10% considera o líder como um amigo213

. Um eterno aprendiz!

Para Tomás Rodríguez ficar em segundo plano é:

Ele não deve fazer isso “mandando”, mas sim sugerindo, “como

que desperta” o outro. “O mestre não é quem te diz, mas aquele

que te desperta.” (...) É necessário ter prudência e, ao mesmo

tempo, “espírito de iniciativa”: capacidade e ousadia para abrir

novos caminhos.214

O acompanhante deve ter o discernimento para orientar o grupo, tornando-se

igual a todos sem dar destaque a seu cargo. Em seus pedidos ao grupo não usar de

autoridade máxima, pois ele está lá para despertar o grupo para Deus, como sugerindo

um grande descobrimento para sua própria salvação e ali reconstruindo “vidas

perdidas”. O acompanhante precisa ser audacioso, com espírito de iniciativa, gerando

assim muitos novos caminhos.

4.2.4. Policiar-se constantemente.215

O jovem acompanhante tem que resistir à

tentação de entrar em discussões com ideias e sugestões prontas, ou seja, dar uma de

professor. Se fizer dessa forma, mata a discussão, e a participação dos demais membros

do grupo. E os jovens se calam. Tirando deles a alegria de descobrir, de adquirir

confiança na sua personalidade, sendo assim, o jovem não pode crescer. Por isso, o

papel principal de um acompanhante consiste em ajudar a descobrir os valores de cada

um. Então o acompanhante deve falar por último, valorizando as contribuições de cada

jovem. O acompanhante que fala muito não tem tempo para escutar e aprender com os

demais jovens. É por isso que se tem de policiar. Não é fácil, ser o último. O

acompanhante tem mais experiência, às vezes, tem ideias muitas vezes mais claras. Há

um impulso forte para dizer suas ideias ao final.

213

Cf. Anexo XVII, Qualidades do líder. 214

RODRIGUEZ MIRANDA, Tomás. A Direção Espiritual: Pastoral do acompanhamento espiritual. São

Paulo: Paulus, 2009, p. 108. 215

Cf. BORAN, Jorge. O Futuro Tem Nome: Juventude. Sugestões Práticas para Trabalhar com Jovens.

São Paulo: Paulinas, 1994, p. 302.

Page 86: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

4.2.5. Deixar errar.216

É preciso que o acompanhante coloque os jovens em situações

reais onde possam exercer responsabilidade e adquirir as habilidades necessárias para

desenvolver o trabalho pastoral. Isso significa permitir que os jovens ousem. Precisamos

dar liberdade para que os jovens possam errar e, ao mesmo tempo, estar ao seu lado para

“juntar os pedaços”, quando algo não dá certo. O jovem se acomoda, ao saber que pode

contar com o acompanhante para salvar situações criadas pela sua falta de preparação e

responsabilidade.

5. Minha experiência pastoral como coordenador da juventude

Muitas pessoas já deram sua contribuição na formação de muitos jovens, assim, da

mesma forma, desejo partilhar com todos uma das minhas alegrias. Coordenei grupos

de jovens, como também em outros trabalhos apostólicos encontrei verdadeiras

identidades missionárias. Minha intenção não é dar receitas prontas, mas apresentar

alguns elementos que possam enriquecer a minha caminhada. Coordenar, trabalhar e

assessorar um grupo de jovens para mim foi uma das experiências maravilhosas que tive

e que me proporcionou muitas alegrias. Aprendi que “o serviço aos jovens é mais bonito

quando verdadeiramente amamos esse serviço”.

Encontrei assim como todos aqueles jovens que comigo estiveram em minha

caminhada, muitos desafios a serem superados e muitas oportunidades para fazer um

trabalho de excelente qualidade com os grupos que liderei. É importante que o

coordenador seja sagaz e que esteja sempre pronto para distinguir as oportunidades e

transformá-las em resultados concretos.

É por isso que o sucesso de se coordenar bem um grupo de jovens é quando

começamos a conhecer a beleza de se trabalhar em equipe e fazer a experiência de

dividir tarefas, responsabilidades e autonomia, formando uma “família” promovendo

reuniões regulares e dividindo alegrias e desafios. Por exemplo, é possível inalar o

perfume das flores e enfeitar a caminhada com a beleza das borboletas, acompanhada

pelo canto dos pássaros.

216

Cf. Idem, p. 303.

Page 87: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Com certeza, me perguntava por várias vezes quando me escolheram para ser

coordenador: “Quem, coordenador eu? Por quê? O que vocês esperam de mim? O que

farei para coordenar? Do que precisarei? Será que irei dar conta dos recados? Será que

levarei jeito? Com quem poderei contar? Nossa!” Quantas preocupações se perpetuaram

em meus pensamentos. E sei que no início para mim foi muito complicado e difícil dar

uma resposta de amor a esse convite que me foi feito. Assim, também duvidei e muitas

vezes pensei em desistir e pular do barco, pois a melhor saída deveria ser a fuga e que

seria incapaz de assumir um cargo de grande responsabilidade, não é verdade?

Coordenar é um serviço que não depende de uma receita pronta, como já disse

anteriormente. Não se trata de fazer uma lista de atividades ou tarefas a serem

executadas, mas depende de uma leitura prévia da realidade na qual o seu grupo está

inserido. Não devemos nos preocupar, pois até os grandes profetas e as pessoas que

caminharam junto com o grande Mestre, também pensaram em fugir, mas se renderam à

sua proposta de vida e salvação. Isso nos faz lembrar alguma coisa: “Mestre, a quem

iremos? Somente Tu tens palavra de vida e salvação!”

Mas este é um caminho difícil. É necessária muita oração, reflexão, escuta, fé,

leitura da realidade, doação, perseverança, entusiasmo e coragem para liderar. Para isso

“eles” (as pessoas e a comunidade) acreditam “na juventude” Sabem que os jovens não

irão desapontá-los, acreditam e apostam em seu potencial, em sua competência.

Coordenar é um serviço que deve proporcionar prazer e felicidade. Sim, a coordenação

deve ser mais alegria que sofrimento, porque a palavra “Evangelho”, em si, é “Boa

Notícia”, e um coordenador estressado, desanimado ou acomodado, não consegue

anunciá-lo bem a um grupo de jovens.

Sei que este serviço se torna difícil para ser desenvolvido, quando principalmente,

em muitos lugares, a maioria dos jovens não tem apoio da comunidade adulta. Ou

quando eles não têm um acompanhamento de um assessor que tenha vivido esse

processo para poder partilhar as experiências de vida e ajudá-los a definir o seu projeto

de vida. Mas fiquem tranquilos, o papel fundamental é transmitir esperança e coragem,

manter o equilíbrio sem se apavorar diante das dificuldades. Aparentemente no início,

os desafios podem ser assustadores, mas coordenar não é um bicho-de-sete-cabeças. É,

no entanto, a arte de ser feliz!

Page 88: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Desejei partilhar com vocês neste espaço algumas ideias e o que tenho refletido e

colocado em prática, como assessor, na caminhada da Pastoral da Juventude de algumas

arquidioceses onde vivi. Seja na República Dominicana, como em outros países, por

onde passei (Guatemala, México, Cuba e agora Brasil), contribuí como acompanhante,

caindo e levantando, acertando e errando. Pois, entendi que “o fracasso é a oportunidade

de começar de novo, de maneira inteligente, e isso tem me fortalecido em minha

caminhada! Comecei a conhecer as diversas realidades de alguns setores da capital e do

interior, percorrendo estradas e rios. Nas visitas a muitos grupos de jovens pude

constatar que há necessidade de apresentar aos jovens caminhos para uma ação mais

eficiente e eficaz.

Por isso, com base em minha experiência, julgo que a missão do coordenador é:

Preparar e animar as reuniões do grupo juntamente com a equipe de

coordenação;

Detectar os anseios, as preocupações, os interesses, as inquietudes e os

questionamentos dos membros do grupo e do grupo como um todo, para

que, juntos, possam chegar a respostas significativas;

Favorecer a convivência fraterna, o respeito, a alegria, a solidariedade, a

criatividade. Sempre que possível frequentar lugares que proporcionem

esses momentos: piqueniques, passeios, cinema, teatro, gincanas, retiros,

visita à casa de jovens, etc.;

Criar no grupo um clima democrático, onde todos se sintam valorizados,

estimulando assim a participação e a co-responsabilidade diante dos

objetivos e atividades do grupo de jovens;

Animar para uma verdadeira experiência de Deus na oração, para a leitura

da Palavra, a celebração viva da fé, na liturgia e em outras criatividades do

grupo da comunidade juvenil;

Apoiar aquelas iniciativas que nascem da fé dos grupos de jovens em vista

da solidariedade com os pobres e com os que mais sofrem;

Trabalhar sempre em sintonia e em conjunto com o assessor da diocese.

Lembrando que o assessor é alguém que caminha ao lado dos jovens. Um

pedagogo e educador da fé!

Page 89: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Manter contato com as instâncias e presenças de outros grupos de jovens de

sua realidade paroquial, área missionária, setorial e arquidiocesana;

Descobrir e potencializar as lideranças dos grupos de jovens para que mais

tarde possam se formar novos coordenadores que darão continuidade a seu

trabalho;

No terceiro capítulo me preocupei bastante com a pastoral do acompanhamento

para a juventude. Não pode haver um bom acolhimento se não houver um bom

acompanhamento, onde muitas vezes é preciso tempo e paciência. Muitos jovens vêm

me procurar com muitos problemas que carregaram em sua vida por longo tempo e não

será em poucos encontros que tudo poderá ser resolvido. Será preciso tempo, amor e

paciência. Constato que o acompanhamento é muito importante para a continuidade dos

jovens dentro da Igreja e poder sair de uma vida que poderia ou mesmo o levaria a

entrar no mundo da delinquência.

Page 90: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

CONCLUSÃO

Nesta dissertação quisemos analisar alguns dos muitos problemas que dificultam

a aproximação do jovem da República Dominicana à Pastoral da Juventude da Igreja

Católica. Para isso, pretendemos encontrar caminhos e princípios que possam fortalecer

a Pastoral da Juventude da República Dominicana visando à promoção da vida desses

jovens.

Pretendemos refletir sobre a realidade dos jovens dominicanos que vivem à

beira do caminho, mendigando seus direitos fundamentais como trabalho e educação e

formação profissional, enfim, um futuro digno. Para isso, visamos mudar nosso olhar e

nossa atitude para que a juventude seja acolhida, apesar de todas suas limitações e

enganos. Surge então a necessidade de um acompanhamento da juventude para que

tenha mais elementos para o seu amadurecimento e para a hora de fazer as opções

duradouras de sua vida. Precisamos aprofundar e valorizar o “ministério do

acompanhamento” dentro da Igreja. Formar “assessores” capazes de identificar o

processo de crescimento e a vontade de Deus na vida dos jovens. Dessa maneira, a

acolhida e o acompanhamento, junto com alguns instrumentos práticos, possam ser

caminhos seguros para que a opção do jovem seja afetiva e efetiva.

Buscamos refletir o tema, analisando em três capítulos, o perfil da juventude, a

acolhida e o acompanhamento como caminhos possíveis para a obtenção desse objetivo.

Além disso, nos debruçamos sobre o contexto socioeconômico: desemprego

generalizado, migração, distanciamento entre ricos e pobres, violência, tráfico de drogas

e falta de escolaridade. Diante de tudo isso, qual o papel da Igreja?

A metodologia utilizada foi a do estudo bibliográfico de autores especializados

em Pastoral da Juventude, em Sociologia, em Psicologia, em Antropologia. Consulta a

documentos do Magistério da Igreja. Além disso, três momentos fundamentais que

procuram respondem ao método ver, julgar e agir. Utilizamos dados de pesquisa de

campo atinente à área, sites sobre a realidade dominicana e nossa experiência pessoal de

mais de doze anos na Pastoral da Juventude. É fundamental perceber que o método,

mais que uma ferramenta, é uma maneira de viver a fé, a missão evangelizadora, enfim,

uma espiritualidade.

Page 91: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

No primeiro capítulo, descrevemos o desenvolvimento, o comportamento, o

perfil da juventude em geral e seis grupos de jovens da paróquia San José da Bomba de

Cenoví, da República Dominicana. Também analisamos algumas de suas necessidades

mais urgentes, suas carências e como a Igreja Católica vem se comportando diante de

tal situação.

No segundo capítulo demonstramos a preocupação da Igreja com a acolhida aos

jovens e seu desenvolvimento dentro e fora dela; seu protagonismo sob a visão

antropológica, bíblica, pastoral e eclesiológica, tendo Jesus como modelo.

No terceiro, tratamos do acompanhamento da juventude pela Igreja e sua enorme

importância. Sublinhamos a excelência de seus elementos constitutivos: acolhida, escuta

cordial e atenta, partilha de vida e as atitudes do acompanhante.

Após análise dos três capítulos deduzimos que a prática da acolhida e do

acompanhamento é uns dos grandes desafios da Igreja Católica na atualidade. Trata-se,

de valorizar a dignidade dos jovens dentro da ótica cristã. Levantamos, portanto, a

hipótese de que os métodos estudados são eficientes para atingir esse objetivo,

proporcionando aos jovens a escolha de uma vida digna.

Page 92: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

ANEXOS

Page 93: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

ANEXO I

ESCLARECIMENTO PARA A PESQUISA

Caro participante voluntário da pesquisa de campo sobre a vida do grupo de

jovens da Paróquia São José.

Solicito sua colaboração e participação na pesquisa sobre a “Juventude

dominicana” que faz parte de minha dissertação de mestrado pelo Programa de Pós-

Graduação em Teologia Pastoral na PUC São Paulo sob a orientação do Prof. Dr. Côn.

Sérgio Conrado.

Pelo consentimento a seguir, fica claro que, para o sujeito da pesquisa, os

objetivos e método de coleta de dados foram, de forma clara e objetiva, explicados em

uma descrição verbal sobre o projeto e, também, foi permitido o acesso ao referido

projeto.

TÍTULO DO PROJETO

PASTORAL DA JUVENTUDE: ANÁLISE ATUAL DA ACOLHIDA E DO

ACOMPANHAMENTO DE GRUPOS DE JOVENS CATÓLICO NA PAROQUIA

SAN JOSÉ DE CENOVÍ

Eu,____________________________________ fui esclarecido de forma clara e

objetiva, livre de qualquer constrangimento ou coerção que a pesquisa tem como

objetivo investigar a vida social e grupal da juventude dominicana.

A obtenção dos dados dar-se-á através de questionários a serem respondidos

individualmente, sendo utilizados, os seguintes questionários: Questionário sobre

questões sociais e questionário sobre o grupo de jovens.

Os dados coletados, depois de organizados e analisados, poderão ser divulgados

e publicados, ficando o autor comprometido com a apresentação do relatório de

pesquisa para as instituições nas quais será realizado o trabalho.

Page 94: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

O presente termo não se constitui em vínculo obrigatório e irreversível ou

quaisquer outras formas de risco à sua pessoa. A qualquer momento seu parecer

positivo de participação poderá ser retificado.

Fica assegurada a garantia do anonimato e o caráter privativo das informações

fornecidas exclusivamente para o estudo.

_________________________________

Nome e assinatura do informante

________________________________

Assinatura do pesquisador

Eu, Juan Andrés Hidalgo Lora, cmf, RG. - v553818S, aluno do Curso de

mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Teologia Pastoral na PUC São Paulo.

Page 95: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

ANEXO II

Pesquisa de campo217

PASTORAL DA JUVENTUDE: ANÁLISE ATUAL DA ACOLHIDA E DO

ACOMPANHAMENTO DE GRUPOS DE JOVENS CATÓLICO NA PAROQUIA

SAN JOSÉ DE CENOVÍ

Jovens entrevistados entre 15 e 25 anos218

I – Identificação

Nome completo:_____________________________Data de

nascimento:________________ Endereço atual:

Rua.________________________No.____Cidade:_____________________

Documento de identidade: Tipo_______ No._________

Paróquia:_______________Grupo de jovens ao qual

pertence:________________________________________________________

217

Pesquisa realizada por Cristian Alberto de la Cruz, estudante de Teologia do Instituto de Formación

Teológica Intercongregacional de México, D.F., México, e por Andreina Hidalgo Lora, estudante do

Curso Médio no Liceo Max Henrique Ureña, da cidade de Bomba de Cenoví, Estado de San Francisco de

Macorís, República Dominicana, com cerca de 150 jovens, de ambos os sexos, (Anexo III) de 15 a 25

anos, na Paróquia de San José, naquela mesma cidade. A investigação foi levada a campo de 6 a 30 de

setembro de 2010 junto a seis grupos de comunidades (capelas) diferentes da mesma cidade. Após

contato com o Pároco, Padre Simón Capois, da Congregação dos Filhos do Imaculado Coração de Maria

(CMF), e com os responsáveis dos movimentos religiosos (pastorais) da juventude, procedeu-se à escolha

dos participantes e à aplicação do questionário. 218

Para a pesquisa, segui o “Manual de História Oral”, de autoria de José Carlos Sebe Bom Meihy,

trabalhei seus resultados, atribuí pesos às diversas grandezas para calcular as médias ponderadas e as

estatísticas correspondentes, apresentadas no final desta dissertação em anexos. Assim, pude auferir sua

realidade e buscar os caminhos para a solução de seus problemas na doutrina do Evangelho de Nosso

Senhor Jesus Cristo.

Page 96: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

II – Questões sociais

1. Idade:__________ Sexo ( )M – ( )F -

escolaridade______________________________

2. Está trabalhando?: – ( ) sim – ( ) não - tipo de trabalho: ( ) formal – ( ) informal

Média

salarial:____________________________________________________________

3. Para o futuro: ( ) - continuar morando na cidade natal? ( ) – mudar-me para a

capital? ( ) – tentar a vida em outro país?

4. Você tem esperança que a situação social em seu país vai melhorar?: – ( ) sim – ( )

não

5. Reside em casa própria?: – ( ) sim – ( ) não

6. Pais: casados ( ) – separados ( ) – filho(a) de mãe solteira ( )

7. Você se sente feliz na atualidade?: – ( ) sim – ( ) não

8. Você se sente inseguro com relação à segurança pública?: – ( ) sim – ( )não

9. Alguém conhecido seu foi assassinado?: – ( ) sim - ( ) não

10. Alguém que você conhece na mesma faixa etária que você já utilizou algum tipo de

droga?: – ( ) sim – ( ) não

11. Você já usou ou experimentou algum tipo de droga?: – ( ) sim – ( ) não

III – Grupo de jovens

12. Que o motivou a participar do grupo de jovens?: – ( ) imposição familiar – ( )

influência dos amigos – ( ) desejo de fazer novas amizades – ( ) enriquecer-me

espiritualmente

13. Como você se sentiu nos primeiros encontros dos que participou?: – ( ) deslocado

– ( ) envergonhado – ( ) acolhido – ( ) não tive problemas

14. Em algum momento você se sentiu descriminado no grupo?: – ( ) sim – ( ) não

15. Você percebe que cresceu participando do grupo de jovens?: – ( ) sim – ( ) não.

Se sim, em quais aspectos você percebe esse crescimento?: – ( ) maturidade – ( ) em

valores – ( ) conhecimento da fé

Page 97: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

16. Ao enfrentar algum problema pessoal qual foi a atitude do grupo?: – ( ) de apoio, me

senti amparado – ( ) ninguém se interessou por meu problema

17. Você partilha seus problemas com o grupo?: – ( ) sim – ( ) não

18. Você sente que os membros do grupo de jovens são seus amigos de verdade?: – ( )

sim – ( ) não

19. Você se reúne com eles fora do grupo?: – ( ) sim – ( ) não

20. Você convidaria um amigo seu para visitar o grupo?: – ( ) sim – ( ) não

21. Seus amigos, fora do grupo, sabem que você frequenta o grupo de jovens da

paróquia?: – ( ) sim – ( ) não – ( ) alguns

22. Qual é o relacionamento do grupo com o líder?: – ( ) ótimo – ( ) bom – ( )regular

23. Você confia no que o líder diz?: – ( ) sim – ( ) não – ( ) às vezes

24. Qual a maior qualidade do líder do seu grupo?: – ( ) amigo – ( )coerente no discurso

e na ação – ( ) um exemplo – ( ) não vejo qualidades nele

25. Alguma vez o líder já lhe ajudou em algum problema pessoal?: – ( ) sim – ( ) não

26. Você se sente responsável pelo grupo?: – ( ) sim – ( ) não – ( ) às vezes

27. Você percebe que o líder confia em você?: – ( ) sim – ( ) não – ( ) às vezes

28. O padre da sua comunidade visita o grupo?: – ( ) sim – ( ) não – ( ) às vezes

29. Você sente que o padre apoia o seu grupo de jovens?: – ( ) sim – ( )não

30. O padre da sua paróquia é alguém?: – ( ) distante – ( ) desconhecido – ( ) reservado

– ( ) amigável e confiável

31. As lideranças das pastorais e outros movimentos de sua paróquia?: – ( ) não gostam

do grupo de jovens – ( ) estão sempre criticando o trabalho que vocês fazem – ( ) são

amigos e sempre visitam o grupo – ( ) apoiam de longe

32. Depois que se tornar adulto, você pensa em continuar frequentando a Igreja?: – ( )

sim – ( ) não

Page 98: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

ANEXO III

ANEXO IV

43%

57%

masculino feminino

Sexo

99,70%

0,30%

58%

37%

5%

sim não casados separados filho de mãe solteira

Você se sente feliz? Estado civil dos pais

Page 99: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

ANEXO V

ANEXO VI

30%

17%

52%

continuar morando na cidade natal

mudar-me para a capital tentar a vida em outro país

Para o Futuro

30%

70%

sim não

Você tem esperança que a situação social e segurança pública em seu país melhore?

sim

não

Page 100: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

ANEXO VII

ANEXO VIII

65%

35%

sim não

Alguém conhecido seu foi assassinado?

65,50%

34,50%

0,10%

99,90%

sim não sim não

Você já usou ou conhece alguém que tenha utilizado algum tipo de drogas?

conhece experimentou

Page 101: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

ANEXO IX

ANEXO X

Perguntas sobre a relação do padre com o grupo

Sim Não Às

vezes

Não quis

responder

O padre da sua comunidade visita o grupo 56,2% 13,4% 30,2% 0,2%

Você sente que o padre apoia o seu grupo de

jovens

88,3% 11,4% 0% 0,3%

12,40%

0,60%

87%83%

17%

trabalhando e estudando

não trabalha e estuda só estuda sim não

Escolaridade Residem em casa própria

Page 102: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

ANEXO XI

ANEXO XII

10,20%

0% 0,20%

89,60%

distante desconhecido reservado amigável e confiável

O padre da sua paróquia é alguém

0,60%

15,40%

28,50%

55,50%

100%

0%

não gostam do grupo de jovens

estão sempre criticando o trabalho que vocês fazem

são amigos e sempre visitam o

grupo

apoiam de longe sim não

As liderenças das pastorais eoutros movimentos de sua paróquia?

Depois que tornar-se adulto você pensa em continuar frequentando a Igreja?

Page 103: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

ANEXO XIII

Perguntas sobre o grupo de jovens

Sim Não Não quis

75responder

Já se sentiu descriminado no grupo 10% 90% 0%

Você percebe que cresceu participando do grupo 75,3% 24,5% 0,2%

Você partilha seus problemas com o grupo

31,2% 68,3% 0,5%

Você sente que os membros do grupo são seus

amigos

86,7% 13,2% 0,1%

Você se reúne com eles fora do grupo 78,7% 21,2% 0,1%

Você convidaria um amigo seu para ir ao grupo 99,5% 0,5% 0%

Seus amigos, fora do grupo, sabem que você o

frequenta

75,4% 24,4% 0,2%

Ao enfrentar algum problema pessoal o grupo lhe

amparou

88,2% 11,2% 0,6%

ANEXO XIV

0,30%11,40% 13,50%

75,20%

0,30%

15,50%21,10%

63,10%

Que o motivou a participar do grupo de jovens e como você foi recepcionado nos

primeiros encontros?

Page 104: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

ANEXO XV

ANEXO XVI

Perguntas sobre a relação do líder com o grupo

Sim Não Às

vezes

Não quis

responder

Você confia no que o líder diz 75,4% 0,1% 24,2% 0,3%

Alguma vez o Líder já lhe ajudou em algum

problema pessoal

45,9% 53,8% 0% 0,3%

Você se sente responsável pelo grupo 57,1% 13,3% 29% 0,6%

Você percebe que o líder confia em você 72,4% 0,2% 27,3% 0,1%

28,30%26,20%

45,50%

maturidade em valores conhecimento da fé

Em quais aspectos você cresceu no grupo de jovens?

Page 105: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

ANEXO XVII

42% 40%

18%

59,10%

26,20%

14,10%

0,20% 0,40%

ótimo bom regular amigo coerente no discurso e

ação

um exemplo

não vejo qualidades

não quis responder

Qual é o relacionamento do grupo com o líder e a sua maior qualidade?

Page 106: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

BIBLIOGRAFIA

1. Documentos eclesiásticos

Sagrada Escritura

BÍBLIA: A Bíblia de Jerusalém - São Paulo, 1973. (A Bíblia de Jerusalém será utilizada

para as citações. As outras versões são de consulta.)

SCHÖKEL, Luís Alonso. Bíblia do peregrino - São Paulo: Paulus, 2002.

BÍBLIA: TEB Tradução Ecumênica - 5 ed. São Paulo: Loyola, 1997.

BÍBLIA: Bíblia Sagrada - Ave-Maria, Edição comemorativa, São Paulo: Ave-Maria,

2009.

Documentos do Magistério Universal da Igreja

Compêndio do Vaticano II: constituições decretos declarações, Decreto “Apostolicam

Actuositatem”, 9ª edição. Petrópolis: VOZES, 1968.

PAULO VI. Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi 19. Ed. São Paulo: Paulinas,

2006.

_________. Carta encíclica Populorum Progressio : o desenvolvimento dos povos.

Petrópolis-RJ : Vozes, 1983.

JOÃO PAULO II. Exortação Apostólica Christifideles Laici. 3ª ed. São Paulo: Paulinas,

1989.

Documentos do Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM)

CELAM. Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e

do Caribe. Edições CNBB: Paulinas; São Paulo: Paulus, 2008.

_______. Conclusões das Conferências do Rio de Janeiro, Medellín, Puebla e Santo

Domingo; III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, São Paulo:

Paulus – 2005.

_______. Pastoral da juventude: Sim à Civilização do Amor. 2. ed. São Paulo: Paulinas,

1987.

_______. Civilização do amor, tarefa e esperança; orientações para a pastoral da

juventude latino-americana. São Paulo, Paulinas, 1997.

_______. Asesoría y Acompañamiento en la Pastoral Juvenil. Conclusiones y Aportes

Del IX Encuentro Latinoamericano de Responsables Nacionales de Pastoral

Juvenil. V. 7. Sección de Juventude – SEJ, 1994.

_______. Projeto de Vida. Caminho vocacional da Pastoral da Juventude Latino-

americana. CNBB- Setor Juventude. São Paulo: CCJ. 2004.

Page 107: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

Documentos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

CNBB. Evangelização da Juventude. Desafios e perspectivas pastorais. N° 93. São

Paulo: Paulus, 2006.

______. Assessoria Vocacional a Grupos de Jovens. (org.) Setor de Juventude e

Vocações e Ministérios. São Paulo: Loyola, 2001.

2. Autores

ANNUNCIAÇÃO, Carlos Artur, FACCIOLI, Helmo César. Chamados a Ser

Discípulos e Missionários de Jesus Cristo. São Paulo: 2006.

ABREU, Elza Helena, FERREIRA, José. Na Liturgia a Acolhida se Faz Comunhão.

Subsídio para a Capacitação da Dimensão Comunitária da Acolhida. São Paulo: 2004.

ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. Ed. 3ª. Rio de Janeiro: Editora FGV,

2010.

BARRY, A. William. O Desejo Apaixonado de Deus e Nossa Resposta. São Paulo:

Loyola, 1996.

_______. Dar Atenção a Deus. São Paulo: Loyola, 1996.

BARRY, A. Willian & CONNOLLY. J. William. A Prática da Direção Espiritual. São

Paulo: Loyola, 1987.

BAUMAN, Zygmunt. Comunidade; a Busca por Segurança no Mundo Atual. Rio de

Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.

BEYTÍA REYES, Juan Cristóbal. ¿Formar e Ajudar a Formarse? La Cultura Juvenil y

sus Desafíos. Cuadernos de espiritualidad. Santiago, Chile: No. 175. p.7. (mayo-

junio) 2009.

BORAN, Jorge. Juventude: O Grande Desafio. São Paulo: Paulinas, 1982.

_______. O futuro tem nome: Juventude. Sugestões Práticas para Trabalhar com

Jovens. São Paulo: Paulinas, 1994.

_______. O Senso Crítico e o Método. Ver, Julgar, Agir. São Paulo: Loyola, 1977.

_______. Os Desafios Pastorais de uma Nova Era. São Paulo: Paulinas, 2000.

BUELTA, Benjamin González. Descer ao Encontro de Deus. São Paulo: Loyola, 1991.

CACCIA-BAVA, Augusto, FEIXA PÀMPOS, Carlos, GONZÁLES CANGAS, Yanko,

(org). Jovens na América Latina. São Paulo; Escrituras, CEBRIJ, 2004.

Page 108: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

CALIMAN, Geraldo. Desvio Social e Delinquência Juvenil. Teorias e Fundamentos da

Exclusão Social. Brasília: Universa, 2006.

CASERA, Domenico. Psicologia e Aconselhamento Pastoral. São Paulo: Paulinas,

1982.

CABARRÚS, C.R. A Pedagogia do Discernimento a Ousadia de “Deixar-se Levar”.

São Paulo: Loyola, 1991.

CANTONI, Oscar. E Brilhará sua Luz: Instrumento de Trabalho para Jovens que

Buscam a Direção Espiritual. São Paulo: Santuário, 1993.

CEBALLOS, Rita. Violencia y Comunidad en un Mundo Globalizado. Estudio sobre la

Violencia en los Barrios Empobrecidos de la Ciudad de Santo Domingo. Santo

Domingo, D.N., Poveda y Ediciones MSC, 2004.

CENCINI, Amadeo. A História Pessoal, Morada do Mistério. São Paulo: Paulinas,

1999.

_______________. Os Jovens ante os Desafios da Vida Consagrada. São Paulo:

Paulinas, 1999.

_______________. Vida Consagrada: Itinerário Formativo no Caminho de Emaús. São

Paulo: Paulinas, 1994.

_______________. Os Sentimentos do Filho. Caminho Formativo na Vida Consagrada.

São Paulo: Paulinas, 2009.

CONRRADO, Sérgio, BATAGIN, Sônia. Pastoral da Acolhida. Subsídio para a

Capacitação da Pastoral da Acolhida. São Paulo: 2005.

COLLINS, GARY R. Aconselhamento Cristão. São Leopoldo: Vida Nova, 1977.

CORAZZA, Helena. Acolher é Comunicar. Como Trabalhar o Ministério da Acolhida.

5. ed. São Paulo: Paulinas, 2008.

CLINEBELL, Howard J. Aconselhamento Pastoral: Modelo Centrado em Libertação e

Crescimento. 4ª. ed. São Paulo / São Leopoldo: EST. Sinodal, 2007.

DE CASTRO, Rabello Lucia, COREEA, Jane. (Org). Juventude Contemporânea.

1ª. ed. Rio de Janeiro: Nau, 2005.

DE OLIVEIRA, Vicente André. Acolhida: Como Formar Comunidades Acolhedoras.

Aparecida-SP: Santuário, 2008.

DE OLIVEIRA, José Fernandes. Não Digas não a Deus. Ed. 13ª. São Paulo: Paulus,

2005.

_______________. Um Jovem Custa Muito Pouco. Ed. 17ª. São Paulo: Paulus, 2002.

Page 109: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

_______________. O Agitado Coração Adolescente. Ed. 24ª. São Paulo: Paulus, 2007.

_______________. Um Coração que Seja Puro. Ed. 12ª. São Paulo: Paulus, 2007.

_______________. O Direito de Ser Jovem. Ed. 22ª. São Paulo: Paulus, 2006.

DICK, Hilário, TEIXEIRA, Carmem Lucia, SEGURA LEVY, Salvador, (Org).

Acompanhamento: Mística do /a Acólito/a da Juventude. São Paulo: CCJ, 2008.

DUARTE QUAPPER, Klaudio; ZAMBRANO INTRIAGO, Danahé. (Org). Acerca de

Jóvenes, Contraculturas y Sociedad Adultocéntrica. Ed. 1ª. San José, Costa

Rica: DEI, 2001.

FACCIOLI, Helmo César, SEVILHA, Rubens. Dimensão Pessoal da Acolhida.

Subsídio para capacitação da Pastoral da Acolhida. São Paulo: 2003.

GONÇALVES DOS SANTOS, Vanildes, CASSIMIRO, Hugo Leonardo, ALVES,

Keila Cristina (org). Como Desenvolver a Participação Social no Grupo de

Jovens? São Paulo: CCJ, 2007.

GARCIA, José Wilson C. TEIXEIRA, Carmen Lucia, DICK, Hilário. Como Vivenciar

a Fé e a Mística no Grupo de Jovens?. Ed. 1ª. São Paulo: CCJ, 2008.

GRAHAM, Larry Kent. Associação Brasileira de Aconselhamento: Fundamentos

Teológicos do Aconselhamento. A Dinâmica do poder na Assistência Pastoral.

São Leopoldo: Sinodal, 1998.

GROPPO, Luís Antônio, Juventude: Ensaios Sobre Sociologia e História das

Juventudes Modernas. Rio de Janeiro: DIFEL, 2000.

HARPPRECHT, Christoph Schneider. Teologia Prática no Contexto da América

Latina: Aconselhamento Pastoral. São Leopoldo: Sinodal, 1998.

LARRY, Crabb. Como Compreender as Pessoas: Fundamentos Bíblicos e Psicológicos

para Desenvolver Relacionamentos Saudáveis. São Paulo: Vida, 1998.

LIBANIO, João Batista. O Discernimento Espiritual Revisitado. São Paulo: Loyola,

2000.

LOUF, André. Mais Pode a Graça; o Acompanhamento Espiritual. São Paulo:

Santuário, 1997.

MANNHEIM, Karl, O Problema Sociológico das Gerações. In Marialice M. Foracchi

(org.). Mannheim, Col. Grandes Cientistas Sociais-25, São Paulo: Ática, 1982.

MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de História Oral. Ed. 5ª. São Paulo: Edições

Loyola, 2005.

MORATO, H.T.P. Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa. São Paulo: Casa

do Psicólogo, 1999.

Page 110: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

MORENO, Ciriaco Izquierdo. Afetividade e Sexualidade. Ed. 1ª. Aparecida- São Paulo:

Santuário, 2001.

NORMAN CHAMPLIN, Russel e MARQUES BENTES, João. Enciclopédia de Bíblia

Teologia e Filosofia. São Paulo: Candeia, 1997.

PEREIRA, José Carlos. Pastoral da Acolhida - Guia de Implantação, Formação e

Atuação dos Agentes. São Paulo: Paulinas, 2009.

PIERO Alexandro, DE LIMA Edison, CANESCICHI Liciana, APARECIDA

ARAÚGO CORREIA, Vanessa, (org). Como Desenvolver a Integração do

Grupo de Jovens. São Paulo: CCJ, 2009.

PRETO, Fabrício, COSTA MOREIRA, Simone. Como Cuidar da Pessoa no Grupo de

Jovens? São Paulo: CCJ, 2008.

QUEVEDO, Luis Gonzáles. Experiência de Deus: Presença e Saudade. São Paulo:

Loyola, 2000.

RODRIGUEZ MIRANDA, Tomás. A Direção Espiritual: Pastoral do

Acompanhamento Espiritual. São Paulo: Paulus, 2009.

SASTRE, Jesús. El Acompañamiento Espiritual. Vida Nueva. Madrid: San Pablo, 2002.

_____________. Pastoral da Juventude e Aconselhamento. PJ a camino, Porto Alegre,

n. 79, p. 3-14, mar. 2000.

SANTO, Hugo N. Dimensiones del Cuidado y Asesoramiento Pastoral: Aporte desde

América Latina y el Caribe. Buenos Aires, Argentina: Kairos, 2006.

SOLARI, Aldo E., Algunas reflexiones sobre La Juventud Latinoamericana. Santiago

de Chile: ILPES, 1971.

SCHMIDT, Gerson. Manual da Acolhida. Pistas para uma Pastoral do Acolhimento.

Ed. 2ª. Porto Alegre: PRESSCOM, s/d. 1996.

TEIXEIRA, Carmem Lucia, (org). Pessoa na Travessia da Fé: Metodologia e Mística

na Formação Integral da Juventude. São Paulo: CCJ, 2005.

____________________. (Org). Marcando História. Elementos para Construir um

Projeto de Vida. São Paulo: CCJ, 2005.

TEIXEIRA, Carmem Lucia, VICENTE INÁCIO, Elmira, PIERES BARBOSA, Jaciara,

(org). Como Dinamizar um Grupo de Jovens? São Paulo: CCJ, 2007.

TOMPSON, Andrés A. (org). Associando-se à Juventude para Construir o Futuro. São

Paulo: Peirópolis, 2006.

VARGAS, Mario Llosa. A Festa do Bode. São Paulo: Mandarim, 2000.

Page 111: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Andres... · PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP JUAN ANDRÉS HIDALGO LORA, CMF Pastoral da Juventude:

3. Meios Eletrônicos

ACOSTA, Cándida. Informe del PNUD revela 57% criollos quiere sair do país. Disponível em:

<http://www.listindiario.com/app/article.aspx?id=60518>. Acesso em: 10 abril 2010,

11:10.

ESTADO, Agência. Cepal prevê 9 milhões de novos pobres na AL este ano. Disponível em:

<http://www.amanha.com.br/NoticiaDetalhe.aspx?NoticiaID=d6fd493c-93ad-4bcb-

94fb-2a3b9d090622&Artigo=comunidade>. Acesso em: 10 fevereiro de 2010, 11:09.

Emigrantes Latino-Americanos crescem e somam 25 milhões. Disponível em:

<http://www.ipcdigital.com/br/Noticias/Mundo/Emigrantes-latino-americanos-crescem-

e-somam-25-mi>. Acesso em: 11 maio 2010, 10:57.

Escuela de Familia, Vistazo Panorámico, ¿QUE TAN GRAVES SON LOS PROBLEMAS DE LA

SOCIEDAD DOMINICANA ACTUAL? Disponível em:

<http://www.escuelasdefamilias.com/pag5.html>. Acesso em: 07 abril 2010, 10:10.

História Patria Dominicana. Las Hermanas Mirabal, Las Mariposas. Disponível em:

<http://27febrero.com/hermanasmirabal.htm>. Acesso em: 09 de outubro de 2010, 9:09.

MÉNDEZ, Wanda. Estudio Revela un Incremento en la Trata y Tráfico de Personas. Disponível

em: <http://www.listindiario.com.do/la-republica/2010/10/3/161126/Estudio-revela-un-

incremento-en-la-trata-y-trafico-de-personas>. Acesso em: 10 de Outubro de 2010,

10:42.

Os dados foram coletados através de entrevistas com desertores estudantes, docentes e

especialistas na área. Disponível em:

<http://translate.google.com.br/translate?hl=ptBR&sl=es&u=http://www.hoy.com.do/&ei=L4V

yS9vkAcaa8AbboPnHCw&sa=X&oi=translate&ct=result&resnum=1&ved=0CA8Q7g

EwAA&prev=/search%3Fq%3Dwww.hoy.com.do%26hl%3Dpt-BR>. Acesso em: 03

fevereiro de 2010, 09:15.

PALEARI, Giorgio. Espiritualidade e missão. Bartolomeu de Las Casas. Disponível em:

<http://www.pimenet.org.br/mundoemissao/espiritlascasas.htm >. Acesso em: 09 março

de 2010, 08:15.

PLASENCIA, Aleida. A República Dominicana tem o mais alto desemprego dos jovens.

Disponível em: <http://www.perspectivaciudadana.com/contenido.php?itemid=27806>.

Acesso em: 11 março de 2010, 10.50.

PRO JUVENTO, Os jovens são os mais afeitados por mortes violentas. Disponível em:

<http://projuventud.org/blog/2009/03/17/los-jovenes-son-los-mas-afectados-por-

muertes-violentas/>. Acesso em: 10 fevereiro de 2010, 10:05.

República Dominicana. Disponível em:<

http://www2.mre.gov.br/dcc/republica_dominicana.htm>. Acesso em: 11 maio de 2010,

10:25.

SALVADOR, Leo. Como consequência da mestiçagem entre os colonos espanhóis e os

escravos africanos, cerca de 73% da população da ilha é mulata. Disponível em:

<http://www.audacia.org/cgibin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EEulyuuuAF

MknVmFbC>. Acesso em: 20 abril de 2010, 20:30.