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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA BRUNA COELHO RAUPP SILVANO Revisão sobre os efeitos da poluição sonora aos cetáceos: identificação de prioridades para futuros trabalhos no Arquipélago de Santa Catarina FLORIANÓPOLIS 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

BRUNA COELHO RAUPP SILVANO

Revisão sobre os efeitos da poluição sonora aos cetáceos: identificação de prioridades para futuros trabalhos no Arquipélago

de Santa Catarina

FLORIANÓPOLIS

2017

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BRUNA COELHO RAUPP SILVANO

Revisão sobre os efeitos da poluição sonora aos cetáceos: identificação de prioridades para trabalhos futuros no Arquipélago

de Santa Catarina

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à

Universidade Federal de Santa Catarina como

requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel

em Ciências Biológicas – Orientador: Prof. Dr. José

Salatiel Rodrigues Pires

FLORIANÓPOLIS

2017

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Dedico este trabalho ao meu marido Douglas,

minha fonte de força e inspiração constantes!

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AGRADECIMENTOS

Ser grato é uma das virtudes do ser humano e por isso, eu preciso agradecer nesse

momento a todos que fizeram diferença para trilhar o meu caminho.

Quero agradecer a Deus pelo dom da vida, pela minha saúde e pelas oportunidades

e pessoas que ele me proporcionou. Mesmo sendo tentada ao logo do curso a não

acreditar em sua existência, ainda assim eu mantive a minha fé.

Aos meus pais devo muito mais que um agradecimento, devo a vida, a educação, o

investimento nos meus estudos e apoio em todos os momentos. Ao meu irmão,

familiares e amigos, por estarem sempre na torcida e no incentivo.

Ao meu marido, presença constante, que muitas vezes me acalmou, me fez um café

e meu deu um abraço nos momentos de desespero e cansaço. Não consigo lembrar

de nenhum momento em que ele não estivesse comigo nos últimos dois anos e foi

essencial para que tudo corresse bem.

À Zinha, minha irmã de coração, que cuida de mim desde que eu era pequeninha e

ainda hoje me ajuda a cuidar de muitas coisas, auxiliando muito na correria.

À Jenniffer e Marcela, minhas parceiras de trabalhos ao logo da faculdade, me

deram muitas dicas, ajuda e consolo.

Aos colegas de trabalho do CFM por terem segurado as pontas durante as minha

ausência. Aos chefes de todo esse período que me ajudaram a concluir o curso por

meio de horário especial, mas principalmente à Bete, que foi compreensiva em todos

os momentos, me ajudando a conciliar todas as atividades. À Yohana pela ajuda na

bendita formatação e à mulherada pelos cafés e conversas que muitas vezes me

relaxaram e me fizeram rir.

Ao meu orientador Salatiel, por ter aceitado me orientar e ter me ajudado na logística

e mudanças ao longo deste trabalho. E aos outros membros da banca pela

disponibilidade e contribuições pertinentes.

Aos colegas do LAMAQ, pela ajuda e pelas dicas e principalmente ao Paulinho e

Fábio por terem aceitado com que eu estagiasse nesse laboratório tão bacana.

`A UFSC e ao Governo Federal por terem me proporcionado um ensino público,

gratuito e de qualidade. Aos servidores que auxiliaram na parte burocrática, não

menos importante nesse processo.

E finalmente a todos os professores que contribuíram para minha formação e

principalmente aos que fizeram eu me encantar pela biologia.

A todos os citados e aos que eu esqueci, meu eterno obrigada! Sozinha eu não teria

conseguido.

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―Quando a última árvore tiver caído, quando o

último rio tiver secado, quando o último peixe for

pescado, vocês vão entender que dinheiro não se

come.‖

Provérbio Indígena

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RESUMO

Nos últimos anos houve um aumento do tráfego de embarcações nas regiões costeiras,

gerando maior preocupação com os ruídos subaquáticos antropogênicos e

consequentemente com o bem-estar dos animais encontrados nos locais cuja área de uso

pode coincidir com as rotas de embarcações ou estar próxima a elas. Estudos sobre

impactos sonoros vêm sendo realizados, identificando efeitos em diversos grupos de

animais, principalmente mamíferos marinhos, cujo valor ecológico é alto. O presente estudo

teve como objetivo identificar possível exposição a impactos sonoros em cetáceos,

provenientes de ruídos de embarcações. O método utilizado foi análise documental, com o

intuito de verificar os efeitos sonoros descritos para diferentes espécies de cetáceos,

observando os estudos existentes. A área de estudo escolhida foi o arquipélago de Santa

Catarina, por se tratar de uma região com uma razoável quantidade de embarcações,

voltadas para a pesca ou para o turismo. Foram analisados aproximadamente 150

documentos, dentre artigos científicos, livros e monografias, dos quais cerca de 50

apresentavam foco no assunto impacto sonoro sobre cetáceos. Considerando os estudos

analisados verifica-se que há grande potencial de existir impactos de poluição sonora nos

cetáceos que habitam ou utilizam periodicamente os habitats do arquipélago de Santa

Catarina. Os tipos de embarcações utilizadas e os mamíferos marinhos aqui encontrados

encontram-se entre aqueles que foram objeto de estudo em outros locais do mundo.

Entretanto, verifica-se que nenhum estudo sobre poluição sonora subaquática foi realizado

no Arquipélago de Santa Catarina, condição necessária para se analisar impactos do uso

costeiro da área.

Palavras-chave: Ruído subaquático. Ruído antropogênico. Impacto sonoro. Cetáceos.

Conservação.

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RESUMEN

En los últimos años ha habido un aumento del tráfico de embarcaciones en las regiones

costeras, generando más grande preocupación por los ruidos subacuáticos antropogénicos

y consecuentemente con el bienestar de los animales encontrados en los lugares cuya zona

de uso puede coincidir con las rutas de embarcaciones o estar próxima a ellas. Se están

realizando estudios sobre impactos sonoros, identificando efectos en diversos grupos de

animales, principalmente mamíferos, cuyo valor ecológico es alto. El presente estudio tuvo

como objetivo identificar posibles impactos sonoros en cetáceos, provenientes de ruidos de

embarcaciones. El método utilizado fue el análisis documental, con el fin de verificar los

efectos sonoros descritos para diferentes especies de cetáceos, observando los estudios

existentes. El área de estudio elegida fue el archipiélago de Santa Catarina, por tratarse de

una región con una razonable cantidad de embarcaciones, dirigidas a la pesca o al turismo.

Se analizaron alrededor de 150 documentos, entre artículos científicos, libros y monografías,

de los cuales cerca de 50 presentaban foco en el tema impacto sonoro sobre cetáceos.

Considerando los estudios analizados se constata que existe un gran potencial de existir

impactos de contaminación acústica en los cetáceos que habitan o utilizan periódicamente

los hábitats del archipiélago de Santa Catarina. Los tipos de embarcaciones utilizadas y los

mamíferos marinos aquí encontrados se encuentran entre aquellos que han sido objeto de

estudio en otros lugares del mundo. Sin embargo, se verifica que ningún estudio sobre

contaminación acústica subacuática fue realizado en el Archipiélago de Santa Catarina, lo

que debería ocurrir para analizar impactos del uso costero del área.

Palabras clave: Embarcaciones. Ruido subacuático. Ruido antropogénico. Cetaceos.

Conservación.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9 Objetivos ............................................................................................................... 11

Objetivo Geral ..................................................................................................... 11 Objetivos Específicos.......................................................................................... 11

Metodologia .......................................................................................................... 12 Área de estudo ................................................................................................... 12 Objeto de Estudo ................................................................................................ 13 Levantamento de Dados ..................................................................................... 14

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 15

Legislação a cerca de ruídos e mamíferos ........................................................ 15 Espécies encontradas no arquipélago de Santa Catarina ............................... 17

Ordem Cetacea Brisson, 1762 ............................................................................ 17 Subordem Odontoceti Flower, 1867 ................................................................ 17

Família Delphinidae Gray, 1821 ................................................................... 17 Família Pontoporiidae Gill, 1863 .................................................................. 19 Família Physeteridae Gray, 1821 ................................................................. 19 Família Ziphiidae Gray, 1865 ....................................................................... 19

Subordem Mysticeti Flower, 1864 ................................................................... 19 Família Balaenopteridae Gray, 1864 ............................................................ 20

Ruído antropogênico ........................................................................................... 22 Mamíferos marinhos afetados e seus impactos ............................................... 26 Observação de baleias ........................................................................................ 28 Comportamento ................................................................................................... 29 Acústica ................................................................................................................ 32

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 34 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 35 ANEXO ..................................................................................................................... 48

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INTRODUÇÃO

Muitas das grandes cidades do mundo estão concentradas em regiões

costeiras (TIMMERMAN e WHITE, 1997) e, portanto, grande parte da população

mundial vive nessas áreas (AIROLDI e BECK, 2007 apud DI FRANCO et al., 2011).

Esse fato acaba por afetar as paisagens costeiras em função do aumento da

quantidade de infraestruturas marítimas, direcionadas a sustentar as atividades

antropogênicas (BULLERI e CHAPMAN, 2010), sendo um fator crítico para uma

mudança ambiental global (TIMMERMAN e WHITE, 1997). O desenvolvimento de

construções marítimas em áreas costeiras, principalmente marinas, quebra-mares,

molhes e estacas é o foco de estudo de muitos pesquisadores (KLEIN e ZVIELY

2001), porém não são o foco de gestão de zona costeira e planejamento urbano

(TIMMERMAN e WHITE, 1997).

Desde a década de 1960 houve um aumento considerável de embarcações,

não só na quantidade, mas no tamanho e na propulsão de barcos, aumentando

assim, os níveis de ruído (CHAPMAN e PRICE, 2011). Esse aumento de

embarcações ocorreu devido à relação com o crescimento econômico (MERCHANT

et al., 2014), e como provavelmente irá aumentar continuamente o tráfego, faz-se

necessário observar os efeitos desse tipo de movimentação sobre as espécies que

vivem próximas à costa ou ao longo dela (NOWACEK et al., 2007), a fim de evitar

prejuízos.

A propagação do som ocorre de maneira eficiente no oceano, pois percorre

longas distâncias em alta velocidade (NOWACEK et al., 2007), podendo ser quase

cinco vezes mais rápido na água que no ar (SLABBEKOORN et al., 2010). Contudo,

essa propagação está sujeita à interferência de diversas condições (URICK, 1983

apud NOWACEK, 2007), como velocidade do som, ruído de fundo e profundidade

(JENSEN et al. 2011). Tais condições, às vezes complexas, podem fazer com que o

som chegue ao animal com alterações (NOWACEK et al., 2007), moldando sistemas

de comunicação sonora dos animais (JENSEN et al., 2011).

O som possui um importante papel na vida de muitos organismos marinhos

(POPPER e HASTINGS, 2009). A audição é um sentido importante para muitos

animais marinhos (NOWACEK et al., 2007), os quais fazem uso do som para

obterem informações do ambiente (BREGMAN, 1990), - o que é chamado de cena

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auditiva - assim como, para a comunicação entre indivíduos e grupos nas mais

diversas atividades - como acasalamento, agregação e sinalização de perigo

(POPPER e HASTINGS, 2009). A cena auditiva inclui sons de outras espécies e

sons ambientais, dando aos animais uma visão ampla do meio que vai muito além

do campo visual (POPPER e HASTINGS, 2009). Segundo Fay e Popper (2000), a

cena auditiva tem um papel fundamental na evolução da audição, fator importante

para a comunicação acústica e que trouxe outras vantagens para os animais

(POPPER e HASTINGS, 2009). Portanto, qualquer interferência na cena auditiva ou

na detecção do som pelo animal pode causar prejuízos ao indivíduo ou para a

manutenção da espécie (POPPER e HASTINGS, 2009). Devido à tamanha

importância sonora, sons antropogênicos podem causar efeitos prejudiciais em

diversos animais, entre eles cefalópodes (ANDRÉ et al., 2011), répteis (ANDRÉ et

al., 2011) e principalmente mamíferos, para os quais o som já foi observado como

agente estressor (WRIGHT et al., 2007). As respostas ao ruído podem ser

comportamentais, fisiológicas ou acústicas (NOWACEK et al., 2007). Há um

crescente reconhecimento de possíveis efeitos crônicos de exposições aos ruídos

antropogênicos em longo prazo (TYACK, 2008).

Com o intuito de relacionar o impacto sonoro com o comportamento de

animais marinhos, aumentou-se o interesse nos estudos a respeito de impactos de

ruídos, principalmente os muitos provenientes de fontes antropogênicas, como

navios, explorações sísmicas, operações navais, pesquisas acústicas oceânicas

(CHAPMAN e PRICE, 2011), além de construções e sonares. Barcos correspondem

às principais fontes sonoras antropogênicas (POPPER e HASTINGS, 2009). No

entanto, as avaliações de impactos de ruídos antropogênicos no ambiente marinho

são difíceis de serem realizadas em função da falta de informações sobre o modo

como os organismos processam o som (ANDRÉ et al., 2011). Muitos estudos

relacionados com o assunto focam na medição do limiar de detecção ou limiar

absoluto, ou seja, o nível mínimo sonoro que um animal pode detectar a uma

determinada frequência, podendo sofrer interferência quando há mascaramento de

sons, o que pode diminuir a sensibilidade auditiva para baixos níveis sonoros

(POPPER e HASTINGS, 2009). Além disso, só é possível interpretar respostas ou a

ausência delas quando se tem relato das características do som recebido, como a

amplitude e a frequência (NOWACEK et al., 2007). A escassez nos estudos ocorre

em função da complexidade em realizá-los, contudo, estes se tornam essenciais

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quando se fala de ruído como poluição sonora, afetando o equilíbrio ecossistêmico

(ANDRÉ et al., 2011).

Estudos de análise de impactos são importantes por fornecerem bases

científicas que ajudam a definir áreas prioritárias de conservação, assim como,

dados para projetos de avaliação ambiental, planos de gestão e zoneamento

(WILLIAMS et al., 2014). Este estudo se propõe a levantar dados sobre possíveis

efeitos de ruído subaquático nos mamíferos marinhos.

A quantidade e a frequência de tráfego marítimo têm aumentado muito nos

últimos anos em todos os oceanos, seja por questões comerciais, recreativas ou de

transporte. Esse tráfego acontece, de modo geral, em rotas que se sobrepõem aos

locais de atividades ou de passagem de animais, podendo interferir na

biodiversidade local e levar a consequências graves para os ecossistemas marinhos.

Mesmo quando não ocorrem atropelamentos dos animais marinhos, o tráfego pode

gerar poluição sonora, trazendo consequências negativas às comunidades

aquáticas. Portanto, por questões ambientais, econômicas e culturais, é importante a

realização de estudos como este, para verificar possíveis exposições a impactos de

ruídos subaquáticos sobre espécies marinhas.

Objetivos

Objetivo Geral

Analisar os efeitos da poluição sonora subaquática derivada de embarcações em

cetáceos e identificação de prioridades para futuros trabalhos no Arquipélago de

Santa Catarina

Objetivos Específicos

1. Identificar quais espécies já foram objeto de estudo sobre impactos de

ruídos subaquáticos ao redor do mundo e verificar quais espécies estão

presentes no Arquipélago;

2. Analisar as espécies prioritárias para conservação, em função do status

de conservação;

3. Verificar necessidade de dados para subsidiar estudos futuros na área de

estudo;

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4. Verificar a existência de ordenamento jurídico relacionado aos ruídos

subaquáticos nas Unidades de Conservação existentes na área de

estudo;

5. Definição de um modelo conceitual que inclui fatores necessários para

estudar impacto.

Metodologia

Área de estudo

O arquipélago de Santa Catarina está localizado na região sul do Brasil, ao

centro do litoral do Estado de Santa Catarina, entre as coordenadas 27°S, 48ºO.

Possui cerca de 54 km de comprimento (norte–sul) por 18 km de largura (leste–

oeste), totalizando uma área de 424,4 km². Florianópolis, a capital do Estado, está

em sua maior parte, inserida na ilha. A ilha de Santa Catarina é a maior de um

arquipélago, que segundo Soriano-Sierra (2014) é constituído por mais de 25 ilhas e,

portanto, será referida neste trabalho como arquipélago de Santa Catarina (Figura

1).

O Arquipélago de Santa Catarina abrange quatro Unidades de Conservação,

em área marinha, sendo duas Áreas de Proteção Ambiental (APA), uma Reserva

Extrativista Marinha e uma Reserva Biológica Marinha. A APA de Anhatomirim foi

criada pelo Decreto1 Federal nº 528 de 20 de maio de 1992 e está localizada na

cidade de Governador Celso Ramos. A APA da Baleia Franca foi criada pelo

Decreto2 Federal de 14 de setembro de 2000 e possui 130 km de costa marinha,

iniciando na porção sul da Ilha de Santa Catarina (ICMBio, 2017). A RESEX do

Pirajubaé foi criada pelo Decreto nº 533 de 20 de maio de 1992. A Reserva Biológica

Marinha do Arvoredo foi criada pelo Decreto3 Federal nº 99142 de 12 de março de

1990 e apesar de não fazer parte das coordenadas do Arquipélago apontado por

Soriano-Sierra (2014) foi considerada, por ser uma área com alta importância

biológica, além de abranger ilhas próximas à área considerada neste estudo.

1 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0528.htm>. Acesso em: 04 jul. 2017. 2 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/dnn/2000/Dnn9027.htm>. Acesso em: 04 jul. 2017. 3 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D99142.htm>. Acesso em: 04 jul. 2017.

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Figura 1: Localização do Arquipélago de Santa Catarina – Ilhas localizadas ao redor da Ilha de Santa

Catarina (parte insular de Florianópolis, SC)

Fonte: LAMAQ

Objeto de Estudo

Foi escolhida para avaliação neste estudo a Ordem Cetacea, da qual fazem

parte os mamíferos conhecidos popularmente como golfinhos e baleias, chamados

de odontocetos e misticetos, respectivamente, conforme a categorização de

subordem. A Ordem Cetacea abrange uma alta riqueza de espécies, distribuídas

nos mares e rios do mundo inteiro. Existem cerca de 80 espécies de cetáceos

viventes no mundo, das quais 11 são de misticetos e 68 de odontocetos (DI

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BENEDITTO et al., 2001). De um total de 79 espécies existentes, 44 são

encontradas no Brasil.

Levantamento de Dados

Neste trabalho foram realizadas pesquisas bibliográficas nas plataformas de

pesquisas científicas, Google Scholar e Periódicos Capes, utilizando-se o

cruzamento das palavras-chave: ―boat noise‖, ―ship noise‖, ―vessel noise‖ e

―cetacea‖, dos últimos 10 anos e foram incluídos trabalhos anteriores a esta data

quando houve possibilidade de obtenção do documento e quando foram

considerados pertinentes. Foram pesquisados artigos científicos, livros e

monografias. Foram analisados todos os trabalhos encontrados e considerados

principalmente aqueles relacionados com o impacto antropogênico em cetáceos,

gerado por ruído de embarcação. Além de trabalhos científicos, foram analisados

documentos legais e planos de manejo.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Legislação a cerca de ruídos e mamíferos

Diversos países possuem legislação específica para mamíferos marinhos no

que diz respeito à caça, pesca e outras atividades humanas, entretanto, as políticas

e legislações estão concentradas na Europa e nos Estados Unidos (WILLIAMS et

al., 2014). Portugal possui legislações as quais proíbem a perturbação de cetáceos,

além de regulamentar a observação desses animais com proibições e

recomendações, visando a conservação (BRITO, 2012). Esse enfoque legislativo se

dá pela importância cultural e ecológica que os mamíferos marinhos possuem

(REYNOLDS et al., 2009 apud WILLIAMS et al., 2014).

No Brasil, há algumas normativas que visam proteger os mamíferos marinhos,

as quais reconhecem a devida importância da conservação desses animais, como

por exemplo, o DECRETO4 Nº 6.698, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2008 que declara

as águas marinhas brasileiras como Santuário de baleias e golfinhos do Brasil,

conforme os três primeiros artigos que seguem:

―Art. 1º As águas jurisdicionais marinhas brasileiras são declaradas Santuário de Baleias e Golfinhos do Brasil, com a finalidade de reafirmar o interesse nacional no campo da preservação e proteção de cetáceos e promover o uso não-letal das suas espécies. Art. 2º Estão permitidos a pesquisa científica e o aproveitamento turístico ordenado, nos termos da legislação em vigor. Art. 3º A União promoverá, por meio dos canais diplomáticos e de cooperação competentes, a atuação do País nos foros internacionais, a articulação regional e internacional necessária a promover a integração em pesquisa e outros usos não-letais dos cetáceos no Santuário de Baleias e Golfinhos do Brasil, bem como buscará a conservação dessas espécies no âmbito da bacia oceânica do Atlântico Sul.‖ (GOVERNO FEDERAL, 2008)

Em convergência, há ainda a medida protetiva embasada pela Lei5 Federal

n.º 7.643, de 18 de dezembro de 1987 que proíbe a pesca de cetáceo nas águas

brasileiras, assim como:

―Art. 1º - Fica proibida a pesca, ou qualquer forma de molestamento intencional, de toda espécie de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras. Art. 2º - A infração ao disposto nesta lei será punida com a pena de 2 (dois) a 5 (cinco) anos de reclusão e multa de 50 (cinqüenta) a 100 (cem) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, com perda da embarcação em favor da União, em caso de reincidência.‖ (Brasil, 1987)

4 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6698.htm>. Acesso em: 04 jul. 2017. 5 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7643.htm>. Acesso em: 04 jul. 2017.

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16

Assim como o artigo 22 do CAPÍTULO II DAS SANÇÕES APLICÁVEIS ÀS

INFRAÇÕES COMETIDAS CONTRA O MEIO AMBIENTE Seção I, da lei de crimes

ambientais, que proíbe a moléstia de cetáceos, conforme DECRETO6 N° 3.179, de

21 de setembro de 1999 que proíbe: ―Artigo 22- Molestar de forma intencional toda

espécie de cetáceo em águas jurisdicionais brasileiras.‖ (BRASIL, 1999)

No entanto, no que diz respeito à poluição sonora, não há nenhuma

normatização que ao menos cite este item como sendo impactante ou como forma

de perturbação aos animais. Na lei brasileira de crimes ambientais, são citadas

como formas de poluição apenas as de caráter atmosférico, hídrico e residual, não

sendo referida em nenhum momento a poluição sonora, inclusive a subaquática. O

Canadá já reconheceu o ruído subaquático como crítico para Megaptera

novaeangliae (Borowski, 1781) ou baleia jubarte, Orcinus orca (Linnaeus, 1758) e

Delphinapterus leucas (Pallas, 1776) as belugas ou baleias brancas, delimitando

distância, limites de velocidade e zonas de observação (WILLIAMS et al., 2014). O

mesmo entendimento não ocorre para os Estados Unidos, que não reconhecem o

ruído antropogênico como sendo crítico para o hábitat, pois utilizam critérios mais

amplos nos estudos, considerando apenas abandono de habitat (WILLIAMS et al.,

2014). No Brasil já houve avanços em relação às regras para embarcações em

proximidade a cetáceos, de acordo com a PORTARIA Nº 117, DE 26 DE

DEZEMBRO DE 1996 que regulamenta, por exemplo, distância dos animais,

desligamento de motores próximo a eles, perseguição, divisão de grupos de

cetáceos e mergulho, e especifica alguns desses pontos para baleias jubarte, orcas

e cachalotes (Physeter macrocephalus Linnaeus, 1758). No entanto, deixa decisões

importantes a serem tomadas pelas próprias Unidades de Conservação, quando as

embarcações estiverem no interior destas, deixando as regras passíveis de

alterações para cada local.

A revisão sobre a legislação a respeito de interações com mamíferos

aquáticos, incluindo o turismo de observação, na América Latina vem sendo

discutida desde 2004 entre comunidade científica e ambientalista (SILVA JR, 2017).

6 Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3179.htm>. Acesso em: 04 jul. 2017.

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Espécies encontradas no arquipélago de Santa Catarina

Ordem Cetacea Brisson, 1762

Subordem Odontoceti Flower, 1867

Família Delphinidae Gray, 1821

No arquipélago de Santa Catarina são encontradas diversas espécies de

cetáceos, que podem ser residentes ou migratórios. Segundo Wedekin et al. (2010);

Neves (2017), há uma população residente local de Sotalia guianensis (P.J. Van

Bénéden, 1864), espécie conhecida na região como boto-cinza, a qual faz parte da

APA de Anhatomirim. A proteção dessa população residente de boto-cinza, assim

como, de sua área de alimentação e reprodução foi um dos objetivos da criação da

Unidade de Conservação (Decreto7 Federal nº 528 de 20 de maio de 1992). Para a

União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), a espécie está com

dados deficientes e com tendência populacional desconhecida (IUCN, 2016). Isso

indica necessidade de maiores estudos a nível mundial. No livro vermelho da fauna

brasileira ameaçada de extinção (ICMBIO, 2016), assim como na lista de espécies

de mamíferos ameaçados do Paraná (2010) a espécie está classificada como

vulnerável, portanto não se descartam cuidados. No entanto, apesar de ser uma

espécie com grande distribuição, encontra-se na lista de espécies ameaçadas de SC

(2011) na categoria ―em perigo‖, um nível acima da classificação brasileira, o que

indica maiores preocupações para as populações locais de Santa Catarina, incluindo

a da APA de Anhatomirim.

A espécie Tursiops truncatus (Montagu, 1821) também pode ser vista com

certa frequência, apesar de não ser residente (SIMÕES-LOPES e XIMENES 1993;

NEVES, 2017). O boto-da-tainha, como é conhecido na região, encontra-se em uma

categoria de menor preocupação, apesar de também ter uma tendência populacional

desconhecida (IUCN, 2016). Apesar de não ser citada nas listas brasileira e

catarinense de espécies ameaçadas de 2016, e não ter dados suficientes para a

lista do Paraná de 2009, essa espécie aparece como vulnerável na lista de espécies

ameaçadas de extinção do Rio Grande do Sul (2014), exigindo maior atenção pelo

fato de o Estado fazer fronteira com Santa Catarina.

7 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0528.htm>. Acesso em: 04 jul. 2017.

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Stenella frontalis (G. Cuvier, 1829), também chamada de golfinho-pintado-do-

Atlântico é outra espécie que já foi vista no Arquipélago de Santa Catarina

(SIMÕES-LOPES e XIMENES, 1993; NEVES, 2017), tanto por carcaça, quanto por

avistagem, apesar de ser eventual, por ser uma espécie oceânica. Possui dados

deficientes na lista vermelha internacional e tendência populacional desconhecida

(IUCN, 2016). Não aparece nas listas de espécies ameaçadas tanto do Brasil

(2016), quanto de Santa Catarina (2011) e Rio Grande do Sul (2014), o que parece

exigir menor preocupação, porém de acordo com a lista do Paraná (2009), faltam

dados para análise.

Steno bredanensis (Lesson, 1828) ou golfinho-de-dentes-rugosos, também já

foi vista ao longo do Arquipélago (SIMÕES-LOPES, 1993; NEVES, 2017). Essa

espécie encontra-se em menor preocupação mundial e tendência populacional

desconhecida (IUCN, 2016) e também não aparece nas listas mais recentes

brasileira, catarinense e gaúcha. Para o Paraná (2009) não há dados suficientes

para a análise.

Algumas espécies não muito citadas na literatura local, apareceram na lista

de mamíferos de Santa Catarina (CHEREM et al. 2004), tendo ocorrência relatada

apenas por meio de informações de coleção científica, como por exemplo, Stenella

clymene (Gray, 1846), Delphinus capensis (Gray, 1828) ou golfinho-comum-de-

rostro-longo e Lagenodelphis hosei Fraser, 1956 ou golfinho-de-Fraser.

A Orcinus orca distribui-se ao longo de todo litoral brasileiro (ZERBINI et al.

2004), tendo registros recentes no Arquipélago de Santa Catarina (NEVES, 2017).

Possui dados deficientes na categorização mundial e tendência populacional

desconhecida (IUCN, 2016), assim como na lista do Paraná (2009). Não é citada na

lista catarinense (2011) e nem do Rio Grande do Sul (2014).

A Pseudorca crassidens (Owen, 1846) ou falsa orca também pode ser vista

pelo Arquipélago de Santa Catarina (SIMÕES-LOPES e XIMENES, 1993; NEVES,

2017). Para tal espécie há dados deficientes e tendência populacional desconhecida

(IUCN, 2016). Não aparece em nenhuma das listas de ameaça mais recentes dos

três Estados do sul do Brasil.

Algumas espécies de possível ocorrência, porém não confirmadas, são

listadas por Cherem et al. (2004) como Feresa attenuata Gray, 1874, Globicephala

macrorhynchus Gray, 1846, Lissodelphis peronii Lacépède, 1804, Stenella attenuata

Gray, 1846 e Stenella coeruleoalba Meyen, 1833.

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19

Família Pontoporiidae Gill, 1863

Pontoporia blainvillei (Gervais e d’Orbigny,1844), conhecida como toninha ou

franciscana também pode ser vista ao longo da APA de Anhatomirim (SIMÕES-

LOPES e XIMENES, 1993; FLORES, 2010 e NEVES, 2017). Esse é um dos

cetáceos mais ameaçados, ocupando a categoria de vulnerável e tendência

populacional em decréscimo (IUCN, 2016). Aparece na lista brasileira em situação

ainda mais preocupante, categorizada como criticamente em perigo (ICMBIO, 2016),

assim como para a lista do Rio Grande do Sul de 2014. Na lista do Paraná (2009)

encontra-se em perigo. Na lista de Santa Catarina (2011), aparece como vulnerável

e apesar de ser uma categoria de menor risco, ainda continua sendo o cetáceo mais

ameaçado do Brasil em função da pesca, portanto, a lista de Santa Catarina está

menos restritiva que a lista brasileira de 2016, precisando se readequar para a

categoria nacional, que está mais atualizada.

Família Physeteridae Gray, 1821

Physeter macrocephalus, conhecida como cachalote foi citada como vista em

Florianópolis por Simões-Lopes e Ximenes (1993) e Cherem et al. (2004). Encontra-

se nas listas de Santa Catarina (2011), Rio Grande do Sul (2014) e Paraná (2009)

como vulnerável.

Família Ziphiidae Gray, 1865

Mesoplon densirostris (Blainville, 1817) ou baleia-bicuda-de-Blainville já teve

ocorrência relatada em Florianópolis por Simões-Lopes e Ximenes (1993) e Cherem

et al. (2004).

As espécies Mesoplodon grayi von Haast, 1876 ou baleia-bicuda-de-Gray e

Ziphius cavirostris Cuvier, 1823 a baleia-bicuda-de-Cuvier não foram vistas no

Arquipélago, mas são de possível ocorrência por terem sido vistas nos Estados

vizinhos, Rio Grande do Sul e Paraná, respectivamente (CHEREM et al., 2004).

Subordem Mysticeti Flower, 1864

Família Balaenidae Gray, 1825

Entre o período de inverno e início da primavera é o período de migração da

baleia-franca (Eubalaena australis) (Desmoulins, 1822), sendo muito comum ver

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essa espécie ao longo do Arquipélago (por exemplo, Simões-Lopes e Ximenes,

1993; Neves, 2017 no prelo) e também divulgada nos noticiários locais. Encontra-se

categorizada como de menor preocupação e com a população em aumento (IUCN,

2016). No entanto, aparece na lista vermelha do Brasil, como em perigo (ICMBIO,

2016). Nas listas vermelhas de Santa Catarina (2011) e Rio Grande do Sul (2014),

essa espécie aparece como vulnerável.

Família Balaenopteridae Gray, 1864

Apesar de terem uma distribuição mais restrita ao Nordeste do litoral brasileiro

(Zerbini et al. 2004), a espécie Megaptera novaeangliae, popularmente conhecida

como baleia jubarte ou corcunda pode ser vista no sul do Brasil, inclusive no

Arquipélago de Santa Catarina (NEVES, 2017). Estão categorizadas como de

menor preocupação mundial e com tendência populacional de aumento (IUCN,

2016). Talvez por apresentarem as populações em aumento, não aparecem no livro

vermelho brasileiro. Não aparece na lista mais recente de Santa Catarina, porém na

lista do Paraná (2009) aparece como vulnerável e na do Rio Grande do Sul (2014)

como quase ameaçada.

A Balaenoptera acutorostrata Lacépède, 1804 também chamada de baleia-

minke-anã já foi avistada ao longo do Arquipélago de Santa Catarina (SIMÕES-

LOPES e XIMENES, 1993; NEVES, 2017). Atualmente, encontra-se em menor

preocupação e com tendência populacional estável (IUCN, 2016). Não aparece na

lista de Santa Catarina. (2011).

Balaenoptera borealis Lesson, 1828 conhecida popularmente como baleia-sei

já foi vista em Florianópolis (SIMÕES-LOPES e XIMENES, 1993; CHEREM et al.,

2004). Aparece categorizada na lista vermelha brasileira como ―em perigo‖ (IUCN,

2016).

Balaenoptera edeni Anderson, 1878 ou baleia-de-Bryde também foi de

ocorrência relatada para Florianópolis por Cherem et al.(2004) e Neves (2017).

A espécie Balaenoptera musculus Linnaeus, 1758 conhecida como baleia-

azul, apesar de nunca ter sido vista aos arredores do Arquipélago, há possibilidade

de ocorrer no litoral catarinense, pois já foi vista em São Paulo e Rio Grande do Sul

(CHEREM et al., 2004). Na lista vermelha brasileira aparece como criticamente em

perigo (ICMBIO, 2016).

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Neves (2017) consolidou as informações sobre avistamento de cetáceos no

Arquipélago e mostrou uma riqueza de 11 espécies, dos quais 7 são odontocetos e

4 misticetos. Essa variedade concentrada na região equivale a 10,9% das espécies

de odontocetos e 36% de misticetos existentes nos oceanos, um número bem

representativo. A figura 2 (NEVES, 2017) apresenta os locais de maior riqueza

segundo o autor. A área com maior riqueza de espécies coincide com a área de

maior concentração de barcos, tanto no verão com barcos de passeio e turismo de

escunas, quanto no inverno com barcos pesqueiros. Esse resultado é incoerente

com os resultados de trabalhos utilizados nessa revisão, mas pode estar relacionado

com habituação, o que foi observado por outros autores. Portanto, é algo a se

investigar e mais um motivo para que a área de estudo escolhida neste trabalho seja

mais pesquisada a nível acústico.

Figura 2. Áreas de riqueza de espécies de cetáceos no arquipélago de Santa Catarina

Fonte: Neves, (2017)

Foram encontrados cerca de 230 documentos por meio de busca das

palavras-chave e por citações de outros artigos. Desse total, 6 foram descartados

por não estarem minimamente relacionados ao assunto. Cerca de 20, apesar de se

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marítima, em função de atividades militares, recreativas e explorações subaquáticas

(WRIGHT et al., 2007). As fontes sonoras de maior preocupação são as

provenientes de navios, exploração sísmica e sonares (NOWACEK et al., 2007). No

entanto, esses mesmos autores alertam para a falta de estudos sobre os possíveis

efeitos de sonares comerciais, localizadores de profundidade e equipamentos

acústicos de pesca. Dispositivos sísmicos ocorrem em todo o mundo, devido à

exploração petrolífera e para obtenção de dados de geologia submarina (POPPER e

HASTINGS, 2009). Os sonares, além de serem utilizados por marinhas, também

estão presentes em barcos e indústrias pesqueiras, além de pesquisas

oceanográficas, sendo considerada a fonte mais importante de mar aberto depois

dos barcos (POPPER e HASTINGS, 2009).

Mesmo sabendo-se que há impactos inevitáveis, poucos estudos existem a

respeito dos efeitos de marinas nos locais de implementação, porém, segundo

Williams et al., (2014), atividades como expansão de portos e aumento do tráfego

de navios petroleiros podem modificar muito a acústica do ambiente. Níveis de

ruídos provenientes de construções podem variar ao longo das distâncias que se

encontram (WILLIAMS et al., 2014). Atividades industriais como construções ou

expansões de portos envolvendo dragagem, estaqueamento ou explosões

subaquáticas podem gerar ruídos preocupantes desde uma distância de 100 metros

a mais de 1000 metros (WILLIAMS et al., 2014). Apesar da dificuldade em adquirir

informações acerca das respostas dos organismos ao ruído antropogênico, há

indícios que construções artificiais possam impactar a estrutura e o funcionamento

de ecossistemas marinhos (DI FRANCO et al., 2011). Dentre os efeitos causados

por construções marítimas estão a erosão costeira (KLEIN e ZVIELY 2001), poluição

da água por resíduos urbanos e químicos (DI FRANCO et al., 2011), efeitos na

estrutura e composição de organismos bentônicos (DI FRANCO et al., 2011), assim

como ressuspensão de sedimentos, colisões, perda de habitat (LUÍS, 2007) e

impactos acústicos (LUÍS, 2007; AGRELO, 2017).

As características ecológicas em muitas das vezes não são levadas em

consideração para implementação de infraestruturas artificiais costeiras. No entanto,

o impacto à biota não parece ser o objetivo principal, podendo ser considerado um

efeito colateral dessas instalações (BULLERI e CHAPMAN, 2010), até porque parte

do ruído é indesejada ou não intencional, como a propulsão de um navio, gerada

como subproduto de atividades humanas (NOWACEK et al., 2007). No caso de

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construções obrigatórias, por motivos de segurança ou de necessidade estrutural, o

baixo impacto ecológico deve ser considerado prioridade (BULLERI e CHAPMAN,

2010). A amenização de impactos pode ser incluída nessas instalações, no sentido

de melhorar habitats de animais e promover atividades recreativas (BULLERI e

CHAPMAN, 2010), assim como incluir a educação ambiental como uma das metas

(ZEDLER E LEACH 1998).

Os sons observados em locais mais profundos do oceano são, segundo

Chapman e Price (2011), provenientes da entrada e saída de navios distantes dos

principais portos ao longo da costa. Não é possível quantificar o aumento do ruído

no oceano nos últimos anos, pois não há medidas de ruídos anteriores ao período

de industrialização, mas sabe-se, com certeza, que com o início do transporte a

vapor, ocorreu um grande aumento (POPPER e HASTINGS, 2009). Apesar de haver

maior preocupação com os petroleiros e navios de grande porte, pelos altos níveis

de ruído que emitem, barcos de pesca e de recreação também podem afetar o ruído

de fundo (POPPER e HASTINGS, 2009). Sons emitidos por navegação contínua

caracterizam-se por serem menos intensos e mais duradouros, fator que pode gerar

um aumento do ruído de fundo (POPPER e HASTINGS, 2009).

A sobreposição de atividades com transporte marítimo e ecossistemas

marinhos suscetíveis gera preocupações e demanda análises desses ruídos

(MERCHANT et al., 2012). Avaliações de ruídos originados por transportes, em

águas costeiras, são difíceis de serem realizadas devido à presença tanto de ruídos

de embarcações locais, quanto das distantes (MERCHANT et al., 2012), pois,

segundo Wagstaff (1981) o ruído vindo de transporte marítimo, difunde-se por todo

ambiente oceânico profundo, com baixa perda de som. Além disso, segundo Urick

(1983 apud WRIGHT et al. 2007), o som no ambiente marinho percorre distâncias

maiores que a luz. De acordo com Merchant et al. (2014), os níveis de ruído no

ambiente variam significativamente entre locais de alto tráfego de embarcações e

locais de passagens esporádicas. A introdução de jet skis, meio de transporte cujo

ruído viaja velozmente em águas rasas, nos hábitats marinhos utilizados

anteriormente como refúgios de animais para escapar do tráfego de embarcações

pode ter aumentado ainda mais o impacto nesses ecossistemas (PREEN, 2001).

De acordo com Chapman e Price (2011), o ruído gerado a partir de transporte

marinho difunde-se por todo o ambiente, principalmente em baixas frequências, de

acordo com a excelente propagação do som (NOWACEK et al., 2007), sendo uma

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das principais preocupações relacionadas à exposição crônica ao ruído subaquático

(SLABBEKOORN et al., 2010). Ruídos de transportes deixam a fauna marinha

exposta à poluição sonora, cujos efeitos, em alguns casos, são dificilmente

observados e em longo prazo podem tornar-se graves (MERCHANT et al., 2012).

Um desses efeitos pode ser o mascaramento de sons, os quais são importantes

para a percepção dos animais em diversos aspectos, como a comunicação e a

localização de presas ou objetos (POPPER e HASTINGS, 2009). Estresse (WRIGHT

et al., 2007), e respostas comportamentais podem ocorrer em longo prazo

(PICCIULIN et al., 2010). Barcos podem causar altos níveis de ruído,

principalmente os de pequeno porte, com motores de popa (AU E GREEN, 2000).

Segundo Watkins (1986 apud SIMÕES-LOPES E PAULA 1997), alguns sons

emitidos pelas embarcações, como as vibrações no casco causadas pelo vácuo na

hélice, motor de arranque e sons provenientes da área do barco onde ficam os

passageiros podem levar a respostas negativas, em baleias, por exemplo, embora

possa haver habituação.

Estudos a respeito de ruído subaquático exigem a junção de muitas

variáveis, sendo, portanto, estudos interdisciplinares envolvendo não apenas fatores

biológicos, mas também físicos, geográficos e sociais, assim como também, tipos de

embarcações e levantamento de rotas de uso realizadas por estas, informações que

devem ser disponibilizadas pelos órgãos responsáveis pelas embarcações em um

local, região ou cidade. Segundo André et al. (2011) a avaliação de impactos

acústicos é algo complexo e caro, dificultando o embasamento para estudos futuros.

Além disso, a falta de padronização para medição de ruídos leva a dados

heterogêneos e às vezes pouco utilizáveis na prática (ANDRÉ et al., 2011).

O ruído de fundo interfere no grau de mascaramento auditivo (CLARK et al.

2009) e pode influenciar mudanças comportamentais ao ruído antropogênico

(SOUTHALL et al.2007 apud MERCHANT et al. 2012) sendo o nível de exposição

ao ruído uma informação fundamental para avaliar o impacto acústico (ELLISON et

al. 2012). Portanto, para verificar o nível de poluição sonora, é recomendado

primeiramente medir o ruído de fundo do local, como fizeram Chapman e Price

(2011), realizando medições de níveis e frequências do ruído oceânico em locais

profundos da região Nordeste do Oceano Pacífico por meio de hidrofones em

momentos ―silenciosos‖, ou seja, quando não havia sinais de embarcações próximas

ou abalos sísmicos e permanecendo com o motor do barco desligado. Para ter um

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resultado mais preciso, é necessário medir o ruído ambiente na presença de

embarcações de diversos tipos, tamanhos e com diferentes motores, semelhante ao

que foi feito por Luís et al. (2012) em um relatório de caracterização de ruído

subaquático em um dos principais portos de Portugal. Esse estudo teve como foco a

medição do ruído de fundo e a medição das vocalizações emitidas por golfinhos

Tursiops truncatus na presença e ausência de embarcações.

Dados via satélite também podem ser utilizados para agregar informações,

como o Sistema Automático de Identificação (AIS), um sistema anticolisão, o qual

disponibiliza dados de embarcações, como velocidade, percurso e posição,

informações que podem ser utilizadas para estimar o nível sonoro. Essas

informações de AIS podem ser disponibilizadas, como acontece com dados de

países europeus, citados por Jesus et al. (2011) como modelo de distribuição de

ruído8. Merchant et al. (2012) utilizou o sistema AIS para analisar os movimentos de

embarcações juntamente com o ruído do ambiente, com o intuito de avaliar em

longo prazo a exposição ao ruído de transporte marítimo na entrada do Canal Inglês,

um dos locais mais movimentados de embarcações do mundo.

Mamíferos marinhos afetados e seus impactos

Mamíferos marinhos, especialmente cetáceos, utilizam uma ampla faixa de

frequência acústica - menores para baleias e maiores para os golfinhos – o que

pode facilmente coincidir com sons antropogênicos (NOWACEK et al., 2007)

gerando portanto, impactos.

Eventos de alta intensidade e curta duração tais como, levantamentos

sísmicos e estaqueamento, têm demandado mais atenção pela possibilidade de

causarem danos físicos e perda de sensibilidade auditiva em mamíferos marinhos

(BAILEY et al., 2010), inclusive, Fernández et al. (2005) relacionaram ruídos

intensos com encalhes. No entanto, ruídos menos intensos, como o motor dos

barcos, também podem provocar respostas comportamentais em cetáceos

(RICHARDSON e WÜRSIG, 1997). Mamíferos marinhos necessitam de maior

atenção para mudanças acústicas subaquáticas (TYACK, 2008), pois, como

8 Disponível em: < http://www.shippingnoise.com/ >. Acesso em: 04 jul. 2017.

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sugerem Merchant et al. (2014), esses animais utilizam o som como modo sensorial

primário ou pelo menos, utilizam-no para funções importantes, como forrageio,

comunicação, reprodução, natação e detecção de predadores, podendo, assim,

terem prejuízos em funções vitais (WRIGHT et al., 2007). Os odontocetos, por

exemplo, possuem a capacidade de emitir sons e receber os ecos produzidos,

consistindo em um sistema de ecolocalização de ampla percepção, que os torna

capazes de localizar presas com precisão e de avaliar distância e características de

objetos e obstáculos (DI BENEDITTO et al., 2001; 2010).

Além dos impactos sonoros, a presença de embarcações coincidentes com as

áreas de uso de mamíferos, pode causar outros impactos, como colisões com os

barcos, cortes por hélices e contato com o óleo (SIMÕES-LOPES e PAULA, 1997).

Os impactos de ruídos subaquáticos são mais conhecidos para os mamíferos,

porém, como há variação na intensidade, fonte e duração dos ruídos, há dificuldade

em estudar os impactos (MERCHANT et al., 2014). Além disso, como uma maior e

mais frequente exposição ao som é algo recente, das últimas décadas, algumas

espécies vivenciaram as ocorrências de fortes ruídos em apenas uma geração

(WRIGHT et al., 2007). No caso de embarcações, também é difícil avaliar impactos

causados por esses fatores, pelo fato de algumas espécies de mamíferos marinhos

apresentarem certo nível de habituação ao tráfego (SIMÕES-LOPES e PAULA,

1997). No entanto, equipamentos motorizados, como jet-skis e lanchas, utilizados

em competições demonstram ser muito prejudiciais aos mamíferos marinhos, pois a

trajetória e o barulho podem afastar espécies, especialmente de cetáceos (SIMÕES-

LOPES e PAULA, 1997). Uma situação semelhante ocorrida em Santa Catarina foi

relatada por Simões-Lopes e Paula (1997), na qual baleias interromperam a

amamentação em função da aproximação de lanchas, fazendo uma linha de barreira

de proteção para os filhotes.

Existem evidências de que os mamíferos marinhos percebam ruídos

antropogênicos como riscos à sobrevivência e afetando suas tomadas de decisão

(TYACK, 2008). Ruídos também tem o potencial de mascarar percepções acústicas

importantes, como a ecolocalização e comunicação intraespecíficas (JENSEN et al.,

2009; 2011), como mostrado por Merchant et al. (2014) em um estudo no qual houve

sobreposição nas frequências e faixas de amplitude de vocalizações entre Tursiops

truncatus e navios, indicando o potencial do ruído em mascarar atividades acústicas

dessa espécie. Os ruídos também podem influenciar as relações predador–presa

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(WILLIAMS et al., 2014), perturbando a presa (POPPER et al., 2003 apud

MERCHANT et al., 2014) ou favorecendo os predadores, influenciando no forrageio.

Problemas na audição, alterações na natação, mergulho, supressão na reprodução,

envelhecimento acelerado, doenças e mudanças no deslocamento, são alguns

efeitos prejudiciais que podem ser observados em pressões antropogênicas,

podendo levar ao estresse fisiológico (WRIGHT et al., 2007), à degradação do

hábitat, e a mudanças no comportamento (NOWACEK et al., 2007), incluindo

evasões (CHRISTIANSEN et al., 2010) e uma maior frequência de vocalização

(PARKS et al., 2007). Essas respostas podem afetar o custo energético das

atividades dos animais (LUSSEAU, 2003) e o balanço energético, podendo gerar

consequências vitais individuais ou populacionais (MERCHANT et al., 2014).

Lanchas a motor podem ser prejudiciais para populações de lontras

(OLIMPIO, 1992 apud ALARCON e SIMÕES-LOPES, 2003). Peixes-boi também

podem ser afetados pelo ruído de barcos em função de sua sensibilidade (PREEN,

2001) e suscetibilidade ao estresse (MARSH e ANDERSON, 1983 apud HARDIMAN

E BURGIN, 2010).

Observação de baleias

Os impactos recreativos em meio aquático são pouco compreendidos, apesar

da importância do turismo nesse meio (HADVEN et al., 2006), possivelmente pelo

fato de as mudanças não serem tão facilmente observáveis (KUSS et al., 1990, apud

HARDIMAN E BURGIN, 2010). Atividades de ecoturismo que buscam animais

silvestres potencializam prejuízos ao funcionamento do ecossistema, principalmente

quando realizados em barcos a motor (KNIGHT e GUTZWILLER, 1995 apud SILVA

JR, 2017). ―Whale watching‖ são passeios por água, terra ou ar, com aspectos

comerciais com o intuito de ver, ouvir ou nadar com cetáceos, sendo em sua maioria

realizados a partir de embarcações (HOYT 2001 apud SILVA JR, 2017)). O turismo

de observação de cetáceos é uma atividade de ecoturismo que tem aumentado

muito ultimamente, porém os efeitos sobre as espécies são difíceis de serem

estudados (KNIGHT e GUTZWILLER, 1995 apud RIBEIRO, 2003), principalmente

por se tratar de animais de grande mobilidade e cuja área de uso é difícil de ser

delimitada (SILVA JR, 1996 apud RIBEIRO 2003).

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Apesar de ter sido criada com o intuito de ser uma atividade não letal, a

visualização de cetáceos por embarcação pode ser prejudicial para as espécies

envolvidas (SIMÕES–LOPES e PAULA, 1997), principalmente se não houver

normatização. Os estímulos passíveis de reações negativas mais comuns são a

divisão de grupos de animais pelo direcionamento da embarcação, alta velocidade e

trajetória indefinida, tentativas de toque nos animais e ruído excessivo das

embarcações (SIMÕES-LOPES E PAULA, 1997). Colisões também podem ocorrer,

assim como outras tentativas de aproximação aos animais, gerando, em alguns

casos, estratégias defensivas por parte dos animais (SIMÕES – LOPES E PAULA,

1997). De acordo com Richardson, (1995 apud RIBEIRO 2003) o turismo de

observação embarcado pode gerar mudanças comportamentais em cetáceos.

Ribeiro (2003) verificou diversas respostas comportamentais em Stenella longirostris

(Gray, 1828), espécie conhecida como golfinho-rotador no Arquipélago de Fernando

de Noronha, em locais e períodos de maior concentração de embarcações de

turismo. As diferentes respostas observadas por Ribeiro (2003) foram categorizadas

como acompanhamento das embarcações por grupos pequenos, saída para alto

mar, mudança de rota, dispersão de grupos e saltos. Norris e Dohl (1980 apud

RIBEIRO 2003) afirmam que a perseguição das embarcações aos golfinhos

rotadores no Havaí pode gerar um direcionamento para águas profundas e até

abandono de área de descanso. A pressão por embarcações de turismo pode gerar

ainda a interrupção de atividades biologicamente importantes em baleias, como

repouso, amamentação, acasalamento (ENGEL, 1996 apud RIBEIRO, 2003) e até o

abandono total do local (REEVES, 1977 apud RIBEIRO, 2003). No Parque Marinho

de Shark Bay, Austrália, houve um aumento de barcos de turismo para observação,

o que gerou o declínio significativo da populaçao local de Tursiops truncatus ou

golfinhos-nariz-de-garrafa como são mundialmente conhecidos (BEJDER et al,

2006).

Comportamento

Pesquisas recentes analisando a resposta comportamental de cetáceos em

relação a embarcações foram feitas principalmente no Brasil (por exemplo, Ribeiro,

2003; Sasaki, 2006; Valle e Melo 2006; Pereira et al., 2007; Santos, 2010; Santos et

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al 2013; Pine et al. 2016), mas, também em Portugal (por exemplo Brito, 2012) e no

caso de avaliação de comportamento, muitos estudos focaram na espécie Sotalia

guianensis (van Bénéden, 1864). Alguns estudos foram feitos por observação

terrestre em pontos fixos (por exemplo, RIBEIRO, 2003; SASAKI, 2006; VALLE e

MELO, 2006; SANTOS, 2010; BRITO, 2012). As observações feitas a bordo das

próprias embarcações foram realizadas com o desligamento do motor, a fim de não

prejudicar os comportamentos observados (PEREIRA et al. ,2007). Praticamente

todos os estudos analisados, os quais relacionaram comportamento de golfinhos

com embarcações relacionaram alguma alteração comportamental ou paralisação

de atividades dos animais analisados na presença de embarcações, sendo a

ocorrência de mergulhos mais longos, uma das respostas mais observadas.

Luís et al, 2012 observaram um comportamento de deslocamento de

golfinhos na presença de embarcações, ocorrendo um afastamento, além de uma

diminuição de emissões acústicas.

Além do mergulho prolongado, outra resposta negativa muito citada nos

artigos pesquisados foi o deslocamento/afastamento dos animais na presença de

embarcações e segundo a revisão de Nowacek et al. (2007), para poder medir a

interferência desse deslocamento, é preciso saber para onde os animais estão indo,

a qualidade dos locais e quanto tempo levam para voltar, caso voltem.

O termo interferência citado no presente trabalho foi considerada pelos

autores que analisaram comportamento, como sendo negativa, ou seja, mudança de

comportamento. No entanto, para Pereira et al. (2007), houve uma frequência

decrescente de reações negativas e crescente de reações neutras – ausência de

resposta ou de mudança comportamental - ao longo de dez anos de observações de

botos cinzas, o que segundo estes autores poderia ser explicado por uma

habituação ou até mesmo por problemas auditivos. Tais problemas também foram

citados por Santos (2010) como uma explicação para tolerância, mas ressalta que

outras reações precisam ser analisadas para se obter um resultado mais

abrangente. No entanto, Valle e Melo (2006) já associam a amenização do

comportamento com a necessidade de permanência no local a fim de exercerem

atividades importantes para a espécie. No mesmo direcionamento, Wedekin et al.

(2010) levantaram a possibilidade de ocorrência de tolerância dos animais na

coexistência com o tráfego intenso de embarcações, em função de abundância de

presas no local. Bejder et al. (2006) também citam a tolerância em uma população

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de golfinho exposta ao tráfego de embarcações turísticas, mas também levantam a

possibilidade de indivíduos mais sensíveis terem abandonado a área antes do

estudo, tendo a tolerância ultrapassado os benefícios. Valle e Melo (2016) ainda

citam a possibilidade de repulsão em função do ruído, porém, deixam claro que essa

hipótese só foi levantada por observações, sem estudos acústicos. No entanto, nota-

se uma aproximação dos animais quando as embarcações se encontram com o

motor desligado. A aclimatação foi considerada por Wright et al. (2007) – como

pouco evidente, sendo que a suposta habituação poderia estar mais relacionada

com aprendizagem, porém não descartam a possibilidade que este fato ocorra.

O tipo de embarcação, tipo de motor e quantidade de barcos presentes ao

mesmo tempo também foram considerados fatores de interferência comportamental.

Ribeiro (2003) observou que mudanças comportamentais ocorreram mais na

presença de lanchas, possivelmente por causa do ruído do motor de popa, embora

as baleeiras tenham sido em maior número. Para Sasaki (2006) as lanchas também

foram mais responsáveis por um maior número de reações, sendo também uma das

embarcações mais vistas no local e a explicação seria a velocidade atingida por

motores de popa. No entanto, a autora não percebe dependência entre o tipo de

embarcação e o comportamento, pois todos os tipos de embarcações geraram

alguma modificação no comportamento. Santos (2010) também considerou os

motores de popa os maiores responsáveis por reações negativas, por serem mais

rápidos e mais barulhentos, podendo ser ouvidos em maiores distâncias. Pereira et

al. (2007) consideraram a escuna o tipo de embarcação com maior interferência, no

entanto, explicam que tanto o nível de ruído quanto a frequência podem gerar

impacto, sendo as embarcações grandes como as escunas as de maior nível de

ruído e as menores com maior frequência, podendo, portanto existir impacto de

barcos de diversos tamanhos. Brito (2012) inferiu as reações negativas à presença

de barcos turísticos, por estarem em maior quantidade, pelo não cumprimento das

regras e por aparecerem em mais de um ao mesmo tempo.

Brito (2012), observou reações neutras como maioria para Tursiops truncatus,

o que para ela poderia ser explicado pelo fato de que os golfinhos possam perceber

as embarcações a uma distância maior e mudar o comportamento antes dos barcos

se aproximarem, o que dificultaria o registro do observador ou poderia explicar como

uma aparente tolerância, já que não houve abandono da área. BRITO (2012)

também alerta para o fato que as reações consideradas positivas também possam

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causar impactos negativos em longo prazo para a população residente, caso gerem

interrupção de atividades essenciais para os golfinhos.

De acordo com NRC (2005 apud NOWACEK et al., 2007) para obter-se a

conservação de mamíferos é preciso vincular aspectos comportamentais com

exposição acústica em nível populacional, relacionando a exposição ao ruído com

abundância e parâmetros demográficos.

Estudos mais completos que avaliam outros fatores além do comportamento

são necessários para se afirmar se os impactos existem.

Acústica

Para Nowacek et al. (2007) respostas acústicas incluem alterações no tipo e

no tempo das vocalizações emitidas pelos animais na presença de um outro ruído, o

que necessita portanto, de um conhecimento prévio sobre as emissões sonoras de

cada espécie em cada local.

Respostas fisiológicas também podem ser encadeadas por ruídos, como

mudanças no limiar auditivo e estresse (NOWACEK et al. 2007).

Alterações acústicas foram muito recorrentes nos estudos, porém, Luís et al.

(2012) em um estudo com medições acústicas no estuário do Sado, em Portugal,

concluíram que nenhum tipo de embarcação medido teria um nível de pressão

sonora potencial para a diminuição auditiva da população de golfinhos do local

(Tursiops truncatus), pois os sons captados estavam em uma faixa audível para os

golfinhos. Mascaramento de cliques também foi descartado nesse estudo. A

improbabilidade de impacto acústico de embarcações também foi afirmada por Au e

Green (2000), em medições acústicas com Megaptera novaeangliae.

A Ilha de Santa Catarina apresenta 21 estruturas marítimas, sendo 19

marinas e 2 veleiros, além de diversos trapiches, o que gera um número

considerável de embarcações. Considerando os estudos revisados, como exercício

de planejamento, foi elaborado um modelo de projeto conceitual sobre os fatores

que deveriam ser estudados para a determinação de impactos dos ruídos da

atividade náutica sobre a comunidade de cetáceos do Arquipélago de Santa

Catarina. (FIGURA 3).

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Este modelo determina alguns dos aspectos que deveriam ser realizados para

uma análise ampla de problemas acústicos envolvendo cetáceos no Arquipélago de

Santa Catarina. Os aspectos considerados de extrema importância são os ruídos

subaquáticos, por meio de medições acústicas das embarcações, dos cetáceos

presentes na região e do fundo marinho; estudos comportamentais dessas espécies;

estudos do ambiente físico costeiro, como geografia de fundo e da zona costeira;

precisão das rotas utilizadas por embarcações nos arredores do arquipélago.

Figura 4. Modelo conceitual como proposta de análise de fatores para estudos futuros

Elaborado pela autora e pelo orientador

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando que entre os cetáceos estudados por diversos autores, 7

espécies são encontradas na área do Arquipélago de Santa Catarina (Eubalaena

australis, Megaptera novaeangliae, Tursiops truncatus, Sotalia guianensis,

Pontoporia blainvillei, Orcinus orca, Pseudorca crassidens); considerando que os

tipos de embarcações – recreativas, pesqueiras e de transporte existentes na área

do Arquipélago estão entre os relatados em estudos realizados sobre poluição

acústica subaquática (escuna, botes com motores de popa, lanchas, Jet skis);

considerando que o tráfego de embarcações existente no Arquipélago é bastante

intenso, especialmente no período de verão e nas proximidades de marinas, e

considerando que a maioria dos estudos chegaram à conclusão que há interferência,

ou uma grande probabilidade que ocorra, no comportamento do animal devido ao

ruído subaquático; considerando as legislações nacionais e locais relacionadas ao

impacto sobre espécies, é possível dizer que o impacto do ruído subaquático

proporcionado por embarcações pode estar afetando as populações de cetáceos no

arquipélago de Santa Catarina e deveria ser objeto de estudo e determinação de

ações de planejamento e zoneamento ambiental, visando sua mitigação.

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ANEXO Quadro 1. Principais estudos revisados a respeito de ruídos antropogênicos

Autor Ano Espécie Local Título Assunto Impacto potencial

Agrelo 2017 Tursiops truncatus

Laguna, SC, Brasil

Impactos antropogênicos sobre a população do boto-da-tainha (Tursiops truncatus) em Laguna, sul do Brasil: uso do espaço e bases para um modelo

conceitual de conservação

Impactos antropogênicos Sim

Aniceto et al 2016 Balaenoptera

physalus Baía de Biscay

Position, swimming direction and group size of fin whales (Balaenoptera physalus) in the presence

of a fast-ferry in the Bay of Biscay

Posição, direção de natação e tamanho do grupo próximo à uma balsa rápida

Sim

Ansmann et al 2007 Delphinus delphis Mar Céltico,

Ilhas Britânicas

Variation in the Whistle Characteristics of Short-Beaked Common Dolphins, Delphinus Delphis, at

Two Locations Around the British Isles Repertório acústico Sim

Arcangeli et al 2014 Balaenoptera

physalus Mar do Tirreno

Exploring thermal and trophic preference of Balaenoptera physalus in the central Tyrrhenian

Sea: a new summer feeding ground?

Área de alimentação Sim

Au e Green 2000 Megaptera

novaeangliae EUA Acoustic interaction of humpback whales and

whale-watching boats Ruído de barcos de

observação Não

Au e Richlen 2009 Diversos organismos Hawaí The soundscape of a nearshore reef near an urban

center Monitoramento

acústico subaquático Sim

Bailey et al 2010b

Tursiops truncatus e Phocoena phocoena

Escócia Using T-PODs to assess variations in the

occurrence of coastal bottlenose dolphins and harbour porpoises

Ocorrência cetáceos por diferenças de

emissões acústicas das espécies

Não foi analisado

Barrios-Garrido et al 2016

Sotalia guianensis

Venezuela Acoustic Parameters of Guiana Dolphin (Sotalia

guianensis) Whistles in the Southern Gulf of Venezuela

Comportamento acústico Sim

Baumann-Pickering et al 2015

Peponocephala Electra

- Acoustic behavior of melon-headed whales varies on a diel cycle

Comportamento acústico Sim

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Bechdel et al 2009 Tursiops truncatus

Flórida

Prevalence and Impacts of Motorized Vessels on Bottlenose

Dolphins (Tursiops truncatus) in the Indian River Lagoon, Florida

Impactos de embarcações Sim

Berens et al 2010 Tursiops truncatus

Flórida Prey selection by resident common bottlenose

dolphins (Tursiops truncatus) in Sarasota Bay, Florida

Seleção de presas Sim

Bostrom et al 2013 Phocoena phocoena

Dinamarca e Suécia

Acoustic Activity of Harbour Porpoises (Phocoena phocoena) Around Gill Nets

Atividade acústica em redes de emalhar Sim

Brito 2012 Tursiops truncatus

Portugal Utilização do estuário do sado pela população

residente de roazes (Tursiops truncatus) e interacções com a navegação

Interações com embarcações Sim

Casca´o et al 2009 Cetáceos Portugal Monitoring cetaceans on seamounts in the Azores using passive acoustic techniques

Monitoramento de vocalização de

cetáceos

Não foi analisado

Castellote et al 2012 Balaenoptera

physalus

Mar Mediterrâneo e

Nordeste Oceano Atlântico

Acoustic and behavioural changes by fin whales (Balaenoptera physalus) in response to shipping

and airgun noise

Efeitos ruído subaquático Sim

Clua et al 2014 Feresa attenuata Nova

Caledônia Pacífico Sul

Biological Data of Pygmy Killer Whale (Feresa attenuata) from a Mass Stranding in New

Caledonia (South Pacific) Associated with Hurricane Jim in 2006

Dados biológicos de encalhe em massa Sim

Contini et al 2006 Sotalia

guianensis

Governador Celso Ramos,

SC, Brasil

Os conflitos ambientais e a conservação do boto-cinza na visão da comunidade da Costeira da Armação, na APA de

Anhatomirim, Sul do Brasil1

Conhecimento etnoecológico de

pescadores Sim

Costa et al 2012 Sotalia

guianensis Bahia, Brasil

Behaviour of Sotalia guianensis (van Bénéden, 1864) (Cetacea, Delphinidae) and ethnoecological

knowledge of artisanal fishermen from Canavieiras, Bahia, Brazil

Conhecimento etnoecológico de

pescadores Sim

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50

Cruz 2012 Tursiops truncatus

Portugal

Caracterização do ruído subaquático produzido pelo tráfego marítimo no estuário do sado e

potenciais impactos sobre a população residente de Tursiops truncatus (Montagu, 1821)

Impactos de embarcações Sim

D´Amico et al 2009 Ziphiidae - Beaked Whale Strandings and Naval Exercises Influência de

atividades navais em encalhes

Sim

Danilewicz et al 2010

Pontoporia blainvillei

Rio Grande do Sul, Brasil

Abundance estimate for a threatened population of franciscana dolphins in southern coastal Brazil:

uncertainties and management implications

Estimativa de abundância da

população

Não foi analisado

David 2012 Tursiops truncatus

- Theoretical approach to estimating the induction of

hearing impairment in bottlenose dolphins by radiated leisure boatnoise

Indução de deficiência auditiva em goldinhos por

barco de lazer

Sim

de Souza Lima e Norris 2011 Cetáceos em

geral - Session 1-AB Animal Bioacoustics: Acoustic Ecology

Mascaramento da ecologia e hábitat

acústico de cetáceos por sons de

embarcações

Sim

Deconto e Monteiro-Filho 2016 Sotalia

guianensis São Paulo,

Brasil

Day and night sounds of the Guiana dolphin, Sotalia guianensis (Cetacea: Delphinidae) in

southeastern Brazil Acústica noturna Não foi

analisado

Delory et al 2007 Physeter

macrocephalus Ilhas Canárias

On the Possibility of Detecting Surfacing Sperm Whales at Risk of Collision Using Others' Foraging

Clicks Sistema anticolisão Sim

Evans et al 2012 Mamíferos marinhos - Marine mammal studies to address future

challenges in conservation management Conservação de

cetáceos Sim

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Figueiredo e Simão 2014

Eubalaena australis

Sudeste Brasil Southern Right Whales (Eubalaena australis)

in an Urbanized Area off the Southwestern Atlantic Ocean: Updated Records and Conservation Issues

Ocorrência e conservação Sim

Filla 2008 Sotalia

guianensis São Paulo,

Brasil

―Monitoramento das interações entre o boto-cinza, Sotalia guianensis (van Bénéden, 1864), e

atividades de turismo no Complexo Estuarino-Lagunar de Cananéia, litoral sul do Estado de São

Paulo‖

Interação com embarcações Sim

Gerstein et al 2008 Mamíferos marinhos - Ship strike acoustics: A paradox with a parametric

solution.

Colisões de mamíferos com

barcos Sim

Gerstein et al 2009 Mamíferos marinhos - Parametric projectors protecting marine mammals

from vessel collisions

Colisões de mamíferos com

barcos Sim

Gore et al 2008 Ziphius cavirostris Paquistão Cuvier's beaked whale, Ziphius cavirostris , remains recovered on the Pakistani coast

Registro de baleia-bicuda-de-Cuvier Sim

Gulland e Hall 2007 Mamíferos marinhos Is Marine Mammal Health Deteriorating? Trends in

the Global Reporting of Marine Mammal Disease Doenças em mamíferos Sim

Hardiman e Burgin 2010 Diversas

espécies Australia Recreational impacts on the fauna of Australian coastal marine ecosystems

Impactos de atividades recreativas Sim

Hatch et al 2008 Baleias EUA

Characterizing the Relative Contributions of Large Vessels to Total Ocean Noise Fields: A Case Study

Using the Gerry E. Studds Stellwagen Bank National Marine Sanctuary

Influência do ruido de grandes

embarcações no ruído oceânico

Sim

Holt et al 2008 Orcinus orca Ilha de San Juan, EUA

Investigating noise effects on the call amplitude of endangered Southern Resident killer whales

(Orcinus orca)

Mascaramento de sons Sim

Hunt et al 2013 Baleias - Overcoming the challenges of studying

conservation physiology in large whales: a review of available methods

Fisiologia de baleias Sim

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Huntington et al 2015 - - Vessels, risks, andrules: Planning for safe

shippingin Bering Strait Transporte marítimo Sim

Jensen et al 2011 Globicephala

macrorhynchus Ilhas Canárias

Calling under pressure: short-finned pilot whales make social calls during deep

foraging dives

Pressão sonora da vocalização durante mergulhos profundos

Sim

Jesus et al 2011 - Europa Marine Strategy Framework Directive Descritor 11 - Ruído Ambiente Submarino Ruído submarino Sim

Keinert 2006 Sotalia

guianensis Paraná, Brasil

Análise dos ruídos produzidos por embarcações sobre uma população de boto cinza, Sotalia

Guianensis (Cetacea:Delphinidae), no Estado do Paraná

Ruído embarcação Sim

Kim et al 2007 Mamíferos marinhos - Measurement of Low-Frequency Ocean Noise by a

Self-Recording Hydrophone Ruído de baixa

frequência Não

analisado

Krylov e Porteous 2010 - -

Application of guided flexural waves in immersed plates to aquatic propulsion of mono‐hull marine

vessels

Modelo de barco movido à propagação ondas que não emite

ruído subaquático

Sim

Lehmann e Wood 2008 Orcinus orca

Washington, EUA e

Columbia Britânica, Canadá

Killer whales (Orcinus orca) and Bell Laboratories: What can information theory tell us about the

communication system of this species Repertório acústico Não foi

analisado

Luís 2007 Tursiops truncatus

Portugal

Avaliação do impacto de construções portuárias no comportamento e no ambiente acústico da

população de golfinhos-roazes (Tursiops truncatus) do estuário do Sado

Impacto de construções Sim

Luís et al 2012 Tursiops truncatus

Portugal

Caracterização do ruído subaquático gerado pelo tráfego marítimo no estuário do sado e avaliação

do seu impacte sobre os golfinhos-roazes

ruído embarcações Sim

Page 53: Revisão sobre os efeitos da poluição sonora aos ... · Revisão sobre os efeitos da poluição sonora aos ... do campo visual (POPPER e ... Segundo Fay e Popper (2000), a cena

53

Merchant et al 2012 Diversas espécies

Baía de Falmouth,

Canal Inglês

Assessing sound exposure from shipping in coastal waters using a single

hydrophone and Automatic Identification System (AIS) data

Exposição sonora de transporte Sim

Merchant et al 2014 Mamíferos marinhos

Reino Unido Monitoring ship noise to assess the impact of

coastal developments on marine mammals

Ruído de embarcação

Sim

Miksis-Olds e Já Miksis-

Olds 2008 Peixe-boi e

golfinhos Sarasota, EUA Spatial variation in marine mammal habitat soundscapes within one coastal region

Paisagem acústica de mamíferos Sim

Moretti et al 2008 Mesoplodon densirostris

-

An opportunistic passive acoustics study of the spatial and temporal distribution and vocal behavior

of BlainviIe's beaked whale ("Mesoplodon densirostris") in the presence of mid-frequency

active sonar

Efeito de sonar Talvez

Nachtigall et al 2008 Lagenorhynchus

albirostris Islândia Shipboard measurements of the hearing of the

white-beaked dolphin Lagenorhynchus albirostris Audiograma subaquático

Não analisado

Neto et al 2008 Megaptera

novaeangliae Bahia, Brasil

A case study of a lone humpback whale calf ( Megaptera novaeangliae ) inside Baía de Todos os

Santos, Bahia State, north-eastern Brazil, with implications for rescue procedures

Ocorrência de filhote de jubarte

apresentando comportamento

incomum

Não analisado

Nowacek et al 2007 Cetáceos - Responses of cetaceans to anthropogenic noise Ruído antropogênico Sim

Pereira et al 2007 Sotalia

guianensis Baía Norte, SC, Brasil

Reações comportamentais na superfície de Sotalia guianensis (Cetacea, Delphinidae) durante

encontros com embarcações na Baía Norte de Santa Catarina

Impacto de embarcações Sim

Pine et al 2016 Sotalia guianensis

Baía Norte, SC, Brasil

The potential for vessel noise to mask biologically important sounds

within ecologically significant embayments

Reações comportamentais Sim

Page 54: Revisão sobre os efeitos da poluição sonora aos ... · Revisão sobre os efeitos da poluição sonora aos ... do campo visual (POPPER e ... Segundo Fay e Popper (2000), a cena

54

Pirotta et al 2015 Tursiops truncatus

Escócia Quantifying the effect of boat disturbance on bottlenose dolphin foraging activity

Perturbação de embarcações durante

o forrageio Sim

Randall et al 2014

Monodon monoceros,

Delphinapterus leucas e Balaena

mysticetus

Ártico Distribution of endemic cetaceans in relation to

hydrocarbon development and commercial shipping in a warming Arctic

Derretimento de geleiras associadas a

cetáceos Sim

Ribeiro 2003 Stenella

longirostris

Fernando de Noronha, PE,

Brasil

Interação entre embarcações de turismo e golfinhos rotadores (Stenella longirostris)

Na Ilha de Fernando de Noronha - PE

Interações com embarcações Sim

Ross et al 2010 Sousa chinensis Taiwan Averting the baiji syndrome: conserving habitat for critically endangered dolphins in Eastern Taiwan Strait

Conservação Sim

Rossi-Santos 2015 Megaptera

novaeangliae Nordeste Brasil

Oil Industry and Noise Pollution in the Humpback Whale (Megaptera novaeangliae) Soundscape Ecology of the Southwestern Atlantic Breeding

Groundresumo

Sobreposição acústica entre canto de baleias e ruído

antropogênico

Sim

Rossi-Santos et al 2008

Stenella longirostris

Fernando de Noronha, Brasil

Descriptive parameters of pulsed calls for the spinner dolphin, Stenella longirostris , in the Fernando de Noronha Archipelago, Brazil

Repertório acústico Não analisado

Santos et al 2013 Sotalia

guianensis Bahia, Brasil

Surface patterns of Sotalia guianensis (Cetacea:Delphinidae) in the presence of boats in

Port of Malhado, Ilhéus, Bahia, Brazil

Mudanças comportamentais Sim

Sasaki 2006 Sotalia

guianensis Paranaguá,

Paraná, Brasil

Interações entre embarcações e Boto-cinza Sotalia guianensis (Cetacea,

Delphinidae) na região da Ilha das Peças, Complexo Estuarino da Baía de Paranaguá, Estado do Paraná

Interação com embarcações Sim

Silva Jr 2017 Mamíferos aquáticos - Turismo de Observação de Mamíferos Aquáticos:

benefícios, impactos e estratégias

Impactos turismo de observação, conservação

Sim

Page 55: Revisão sobre os efeitos da poluição sonora aos ... · Revisão sobre os efeitos da poluição sonora aos ... do campo visual (POPPER e ... Segundo Fay e Popper (2000), a cena

55

Simard et al 2008 Lagenorhynchus

albirostris Halifax, Canadá

First report of burst‐pulse vocalizations from white‐beaked dolphins (Lagenorhynchus

albirostris) Repertório acústico Não

analisado

Simões-Lopes e Paula 1997 Mamíferos

aquáticos Santa

Catarina, Brasil Mamíferos aquáticos e impacto humano: diretrizes

para conservação e "utilização não-letal" Impactos

antropogênicos Sim

Sims et al 2012 Sousa chinensis Hong Kong High-Speed Vessel Noises inWest Hong Kong Waters and Their Contributions Relative to Indo-Pacific Humpback Dolphins (Sousa chinensis )

Ruído de embarcação Talvez

Sinha e Kannan 2014

Platanista gangetica

índia, Nepal e Bangladesh

Ganges River Dolphin: An Overview of Biology, Ecology, and Conservation Status in India

Status, uso de hábitat e ameaças

Não analisado

Spaulding et al 2009 Balaena glacialis - An autonomous, near-real-time buoy system for automatic detection of North Atlantic right whale

calls

Detecção acústica de presença de baleias

Não analisado

Tonay 2016

Phocoena phocoena e

Tursiops truncatus

Turquia Estimates of cetacean by-catch in the turbot fishery on the Turkish Western Black Sea Coast in 2007

and 2008 Emalhe de cetáceos Não

analisado

Tosi e Ferreira 2009 Sotalia

guianensis Rio Grande do Norte, Brasil

Behavior of estuarine dolphin, Sotalia guianensis (Cetacea, Delphinidae), in controlled boat traffic

situation at southern coast of Rio Grande do Norte, Brazil

Mudanças comportamentais Sim

Tremblay et al 2009 Baleias

EUA, Oceano e ártico e Baía

de Massachusetts

Autonomous seafloor recorders and autodetection buoys to monitor whale activity for long-term and

near-real-time applications

Monitoramento de baleias

Não analisado

Tyack 2008 Mamíferos marinhos -

Implications for marine mammals of large-scale changes in the marine

acoustic environment

Implicações de ruído antropogênico em

mamíferos Talvez

Valle e Melo 2006 Sotalia guianensis

Pipa, RN, Brasil

Alterações comportamentais do golfinho Sotalia guianensis (Gervais, 1953) provocadas por

embarcações

Interação com embarcações Sim

Page 56: Revisão sobre os efeitos da poluição sonora aos ... · Revisão sobre os efeitos da poluição sonora aos ... do campo visual (POPPER e ... Segundo Fay e Popper (2000), a cena

56

Veirs et al 2008 Orcinus orca Ilha de San Juan, EUA

Spatial confirmation of vocal communication between a killer whale calf and its natal family

Comunicação vocal entre orcas aparentadas

Não analisado

Verfu et al 2007 Phocoena phocoena

Mar Báltico, Alemanha

Acoustic environment Área de uso de toninhas do porto

Não analisado

Wang et al 2014 Neophocaena asiaeorientalis

China

The Diel Rhythms of Biosonar Behavior in the Yangtze Finless Porpoise (Neophocaena

asiaeorientalis asiaeorientalis) in the Port of the Yangtze River: The Correlation between Prey

Availability and Boat Traffic

Relação de tráfego com predação Não

Wedekin e Daura-Jorge 2002

Sotalia guianensis

Baía Norte, SC, Brasil

Desenho de unidades de conservação marinhas com cetáceos: estudo do caso do boto-cinza,

Sotalia guianensis, na baía norte de santa catarina, sul do Brasil

Distribuição de boto-cinza em uma UC

Não analisado

Wedekin et al 2010 Sotalia

guianensis Baía Norte, SC, Brasil

Habitat preferences of Guiana dolphins, Sotalia guianensis (Cetacea: Delphinidae),

in Norte Bay, southern Brazil Habitats preferenciais Não

analisado

Whitehead 2013 Mesoplodon

bidens Canadá

Trends in cetacean abundance in the Gully submarine canyon, 1988–2011, highlight a 21% per year increase in Sowerby’s beaked whales (Mesoplodon bidens)

Aumento de abundância Sim

Wilcock et al 2014 Mamíferos marinhos - Sounds in the Ocean at 1–100 Hz Ruídos oceânicos Sim

Williams et al 2014 Mamíferos marinhos Canadá

Marine mammals and ocean noise: Future directions and information needs with respect to

science, policy and law in Canada Ruído oceânico Sim

Williams et al 2014b Orcinus orca - Severity of killer whale behavioral responses to ship noise: A dose–response study

Interação com embarcações Talvez

Page 57: Revisão sobre os efeitos da poluição sonora aos ... · Revisão sobre os efeitos da poluição sonora aos ... do campo visual (POPPER e ... Segundo Fay e Popper (2000), a cena

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Wright et al 2007 Mamíferos marinhos - Do Marine Mammals Experience Stress Related to

Anthropogenic Noise? Ruído antropogênico

e estresse Sim

Wright et al 2016 - - The International Whaling Commission-Beyond Whaling

Conservação de cetáceos Talvez

Wright et al 2013 Phocoena phocoena

Dinamarca Possible Causes of a Harbour Porpoise Mass Stranding in Danish Waters in 2005

Causas de encalhe golfinhos Talvez

Xianyan et al 2017 Sousa chinensis China

Encounters with Indo-Pacific Humpback Dolphins (Sousa chinensis)

Carrying Dead Calves in Sanniang Bay, Guangxi Province, China

Encontros com golfinhos Sim

Zhao et al 2008 Neophocaena phocaenoides asiaeorientalis

China Abundance and conservation status of the Yangtze finless porpoise in the Yangtze River, China

Abundância e conservação Sim

Zitterbart et al 2013 Baleias - Automatic Round-the-Clock Detection of Whales for Mitigation from Underwater Noise Impacts

Mitigação de ruído subaquático Sim

Elaborado pela autora