apostila de introducao biblica

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APOSTILA DE INTRODUÇÃO BÍBLICA Pr. Expedito José 1

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A Bilia, sendo a Palavra de Deus, é o mais notável livro que o mundo tem visto

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Page 1: Apostila de Introducao Biblica

APOSTILA DE INTRODUÇÃO BÍBLICA

Pr. Expedito José

Igreja de Cristo El Shadday

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INTRODUÇAO BÍBLICA

A Bíblia, sendo a Palavra de Deus, embora considerada por alguns apenas uma obra literária, é o mais notável livro que o mundo tem visto. Ela contém uma série de acontecimentos do mais vivo interesse. A história da sua influência é a história da civilização. Os melhores e mais sábios dentre os homens têm testemunhado o poder das Escrituras, como um instrumento de luz, de santidade, e tendo sido as Escrituras preparadas por homens que “falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pe1.21), para revelarem “o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem Ele enviou” (Jo 17.3), tem a Bíblia por este motivo os mais fortes direitos ao nosso atento e reverente respeito:

O uso de uma obra de estudo bíblico requer as seguintes preocupações:

1) A primeira é que não devemos contemplar este majestoso edifício da Verdade divina como espectadores somente. O nosso fim não deve ser admirar de fora tão bela obra, mas estar dentro para que possamos crer e obedecer.

2) Em segundo lugar somente a entrada no edifício da Verdade nos dá luz. O alvo, portanto, do nosso estudo, é tornar mais claro o impressionante livro de Deus, o livro por excelência, a Bíblia.

I - A ORÍGEM DA BÍBLIA

A - Houve um tempo em que a Palavra de Deus não era ainda escrita. Não há evidências de que o homem tivesse a Palavra de Deus escrita antes do dia em que Jeová disse a Moisés, “escreve isto para memorial num livro (Ex 17.14)”. Daquele tempo em diante os homens de Deus escreveram inspirados pelo Espírito Santo. Entretanto, houve homens santos aos quais Deus falou, como Noé, Abraão e José. Mas não lemos que alguns deles foram inspirados para escrever a Palavra de Deus. Às vezes Deus revelou a Sua vontade oralmente, numa maneira direta e pessoal a Adão, Caim, a Noé, a Abraão, a Abimeleque, a Isaac, a Jacó e muitos outros.

B – Devemos lembrar-nos de que havia sempre duas testemunhas de Deus: 1) As suas obras – Sl 19.1; Rm 1.19-20 2) A consciência do homem – Rm 2.15

Assim o homem possuía desde o princípio um conhecimento sem as leis escritas. No entanto, a consciência não serve como um veículo de revelação divina, porque pode ser cauterizada e fica quase inutilizada. Conseqüentemente havia necessidade uma revelação que durasse para sempre. Tal é a Palavra escrita, “que permanece para sempre.” (I Pe 1.23)

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Introdução Bíblica

C – O estudo metódico da Bíblia ensina que Deus escolheu um povo particular para ser o intermediário da revelação. Deus escolheu o povo judaico (Dt 14.2) e o separou para que fizesse dele repositório da sua verdade e por ele entregasse a Bíblia ao mundo.

D – “Deus fez de homens livros” antes de dar a Palavra escrita. Podemos traçar a história da transmissão verbal da palavra de Deus desde o dia em que Ele falou a Adão (Gn 1.28), até o tempo em que ordenou a Moisés que a escrevesse num livro (Ex 17.14).

II – OS NOMES DA BÍBLIA

A – O nome Bíblia foi usado pela primeira vez por Crisóstomo no século IV. é derivado da palavra grega “biblos” que significa “livros”. Mas empregamos o singular livro, e não o plural livros, afirmando a sua unidade e preeminência. A Bíblia é um livro, e a sua unidade das suas partes, e a unidade na adversidade, tem sido aceita pela consciência cristã através dos séculos.

B – A Bíblia é dividida em duas partes: O ANTIGO TESTAMENTO E O NOVO TESTAMENTO. O nome “testamento” não se encontra como um título na Bíblia. É derivado do latim “testamentum”. Na língua grega significa “concerto ou pacto” (Hb 7.22). A mesma palavra é usada em II Co 3.6,14 como testamento (aliança).

C – Alguns nomes internos (dentro da Bíblia) são: 1) A Palavra de Deus(Hb 4.12) 2) A Escritura de Deus(Ex 32.16) 3) As Sagradas Letras (II Tm 3.15) 4) A Lei (Mt 12.5) 5) A Escritura da Verdade (Dn 10.21) 6) As Palavras de vida (At 7.38)

III – AS LÍNGUAS DA BÍBLIA

Deus usou a linguagem escrita de uma forma especial para transmitir Sua vontade aos homens. Uma das vantagens da linguagem escrita sobre os demais veículos de comunicação é a precisão, a permanência, a objetividade, e a disseminação. O estudo das diversas línguas é interessante e de muito proveito. As línguas estão sempre se modificando e mudando com o desenvolvimento dos povos e o inter-relacionamento das nações. Originalmente a Bíblia foi escrita em três línguas: Hebraica, Aramaica e Grega.

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Alguns comentadores dizem que provavelmente Abraão deixou de usar a velha língua semítica – A “caldaica” a qual era da sua própria terra (Gn 12.15), quando saiu de Ur e adotou a língua dos cananeus, em cujo meio foi morar.

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Os hebreus, mais tarde, durante o cativeiro Babilônico, deixaram de falar a língua hebraica e adotaram a “caldaico-aramaica”, a qual continuou a ser falada até os tempos do Senhor Jesus Cristo. Esta língua “Cananéia”, que Abraão usou, era provavelmente a mesma ou a forma dela que foi conhecida mais tarde como hebraica. Algumas das tabuinhas de Tel-el Amarna, descobertas em 1.887 no Egito, com data de 400 anos mais ou menos depois de Abraão, são escritas em boa língua cananéia ou língua hebraica .

A – A LÍNGUA DO ANTIGO TESTAMENTO

Com poucas exceções, o Antigo Testamento foi escrito na língua hebraica. Esta era a língua do povo de Israel e é chamada de “língua judaica” (II Rs 18.26). Esta língua continuou a ser falada e escrita pelos hebreus até o cativeiro quando adotaram a aramaica, a qual é um dialeto da hebraica com origem semítica. Podemos descobrir três períodos em que se divide a história do desenvolvimento da língua hebraica.

1) O período em que foi escrito o Pentateuco. É a língua hebraica falada no tempo de Moisés.

2) O período em que a língua alcançou o ponto do seu maior desenvolvimento em pureza e refinamento. Uma parte dos livros históricos, poéticos e a maioria dos livros proféticos.

3) O período em que forma escritos os demais livros de profecia, assim como Ester, Esdras e Neemias. Certas passagens de Esdras, jeremias e Daniel são escritas no dialeto caldaico-aramaico. Este fenômeno se explica pela residência de Daniel e Esdras na Babilônia.

Passagens escritas no aramaico (siríaco): Esdras 4.8-6, 18 e 17.12-26; Jeremias 10.11; Daniel 2.4; 7.28.

O hebraico é a língua principal do Antigo Testamento, especialmente adequada para tarefa de criar uma ligação entre a biografia do povo de Deus e o relacionamento do Senhor com esse povo. O hebraico encaixou-se bem nessa tarefa porque é um a língua PICTÓRICA. Expressa-se mediante metáforas vívidas e audaciosas, capazes de desafiar e dramatizar a narrativa dos acontecimentos. Além disso, o hebraico é uma língua pessoal. Apela diretamente ao coração e as emoções, e não apenas à mente e razão. É uma língua em que a mensagem é mais sentida que meramente pensada.

B – A LÍNGUA DO NOVO TESTAMENTO

Os livros do Novo Testamento foram escritos originalmente na língua grega, conhecida como helênica porque os gregos eram chamados de helenos.

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Depois da grande conquista de Alexandre Magno, rei da Macedônia, a língua grega espalhou-se em toda parte do Egito e do Oriente, e tornou-se a língua vernácula dos hebreus que residiam nas colônias de Alexandre e outras partes. O Novo

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testamento foi escrito na língua grega chamada “koinê”, a língua grega popular do povo da época do Novo Testamento. O grego do Novo Testamento adaptou-se de modo adequado à finalidade de interpretar a revelação de Cristo em linguagem teológica. Tinha recursos lingüísticos especiais para essa tarefa, por ser um idioma intelectual. Era um idioma da mente, mais que do coração, e os filósofos atestam isso plenamente. O grego tem precisão técnica de expressão não encontrado no hebraico. IV - PARTICULARIDADES ACERCA DA BÍBLIA

A Bíblia é uma verdadeira biblioteca de 66 livros, sendo 39 no Antigo Testamento e vinte e sete no Novo Testamento. teve cerca de 40 escritores, por um período de 16 séculos aproximadamente, os quais não se conheceram; viveram em culturas e nações diferentes. Ao escrever Todos os autores escreveram inspirados pelo Espírito Santo. Entretanto, há na Bíblia um só plano, que de fato mostra que havia um só autor divino guiando os homens. Isto garante a unidade de revelação e ensino. É como a construção de um grande prédio, em que muitos operários estão empregados. Cada um sabe bem o seu ofício, porém todos dependem do plano do arquiteto. Podemos dizer então que a Bíblia é humana-divina, quer dizer, contém esses dois elementos:

Humana – sujeita as leis da língua e literatura; fornecem variedades de estilo e matéria; referem-se à Bíblia em determinadas partes (cada livro, um autor).

Divina – pode ser compreendida apenas por homens espirituais; garante unidade de revelação e ensino; refere-se à Bíblia como um só livro.

A - Os Materias Empregados Pelos Escritores da Bíblia Pergaminho – Conhecido também como couro ou velino, era fabricado

com peles de cabra ou de ovelhas e era mais duradouro que o papiro, porém muito mais caro ( II Tm 4.13,14).

Papiro – Também conhecido como junco, é uma planta aquática muito comum no Egito. Do cerne de seu caule produzia-se um material semelhante à folha de papel, que os antigos usavam para a escrita (Ex 2.3;Is 18.2)

Papel e tinta – II Jo 12 Madeira – Ez 37.16 Tijolo – Ez 4.1 Lâminas de ouro - Ex 28.13

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Tábuas de pedras – Ex 24.12; 31.18; Js 8.31-32

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B - Datas Aproximadas em que Foram Escritos os Livros da Bíblia e seus Respectivos Autores.

LIVRO DATA AUTOR LIVRO DATA AUTORGênesis 1445-1405 aC Moisés Miquéias 735-710 aC MiqueiasÊxodo 1445-1405aC Moisés Naum 663-612 aC NaumLevítico 1444-1405aC Moisés Habacuque 607-598 aC Habacuque

Números 1444-1405aC Moisés Sofonias 640-612 aC SofoniasDeuteronômio 1405aC Moisés Ageu 520-518 aC AgeuJosué 1400-1375 aC Josué,Finéia

s, Eleazer, Zacarias 520-518 aC Zacarias

Juizes 1043-1004aC Samuel Malaquias 458-433 aC MalaquiasRute 1050-1000 aC Desconhecido Mateus 58-68 dC MateusI Samuel 1015-930 aC Samuel Marcos 55-65 dC MarcosII Samuel 1015-930 aC Samuel,Natã

e GadeLucas 60-62 dC Lucas

I Reis 560-550 aC Jeremias João 85-90 dC JoãoII Reis 560-550 aC Jeremias Atos 60-62 dC LucasI Crônicas 450-430 aC Esdras Romanos 57 dC PauloII Crônicas 450-430 aC Esdras I Coríntios 56 dC PauloEsdras 457-444 aC Esdras II Coríntios 57 dC PauloNeemias 444-410 aC Neemias Gálatas 53-56 dC PauloEster 464-435 aC Mordecai? Efésios 60-62 dC PauloJó 2000-1450aC? Moisés? Filipenses 60-62 dC PauloSalmos 1410-430 aC Davi, Asafe,

os filhos de Core,Moisés, anônimos.

Colossenses 60-62 dC Paulo

Provérbios 931-780 aC Salomão I Tessalonicenses 51 dC PauloEclesiastes 953 aC... Salomão II Tessalonicenses 51 dC PauloCantares 965 aC... Salomão I Timóteo 62-63 dC PauloIsaias 740-680 aC Isaias II timóteo 67 dC PauloJeremias 627-580 aC Jeremias Tito 63 dC PauloLamentações 588-586 aC Jeremias Filemon 60-62 dC PauloEzequiel 592-570 aC Ezequiel Hebreus 64-68 dC Desconhecido

Daniel 536-530 aC Daniel Tiago 46-49 dC TiagoOséias 755-710 aC Oséias I Pedro 64 dC PedroJoel 841-835 aC Joel II Pedro 64-66 dC PedroAmós 780-755 aC Amós I, II e III João 85-95 dC JoãoObadias 848-841 aC Obadias Judas 66-80 dC Judas

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Jonas 782-753 aC Jonas Apocalipse 95-96 dC João

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C – Composição da Bíblia

A Bíblia compõe-se de duas partes: - Antigo Testamento - Novo Testamento

O Antigo Testamento está dividido em 39 livros que estão divididos em quatro classes:

1ª.) LEI (ou Pentateuco) são os cinco primeiros livros, isto é, de Gênesis a deuteronômio. 2ª.) HISTÓRICOS (são doze livros: de Josué a Ester). Divide-se em quatro períodos da história de Israel:

a) Teocracia (Juízes);b) Monarquia (Saul, Davi, Salomão);c) Divisão do Reino e Cativeiro (Judá e Israel);d) Período pós-cativeiro.

3ª.) POESIA (são cinco livros: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos cânticos. 4ª) PROFECIA (são sete livros: de Isaías a Malaquias), divididos em:

a) Profetas Maiores (de Isaías a Daniel);b) Profetas Menores (de Oséias a Malaquias).

1 O Novo Testamento contém vinte e sete livros, e está dividido em

quatro seções: 1ª.) BIOGRAFIA (são quatro livros)): Mateus, Marcos ,Lucas e João; 2ª.) HISTÓRIA (um livro): Atos dos Apóstolos; 3ª.) DOUTRINA (são vinte um livros), também chamados de epístolas (ou cartas), que começam com a epístola aos Romanos e terminam com a epístola de Judas; 4ª.) PROFECIA ( um livro):o livro do Apocalipse (Revelação de Jesus Cristo)

Inicialmente, os escritos da Bíblia não eram divididos; em capítulos e versículos; a divisão em capítulos só veio a acontecer por volta de 1.228, quando Stephen Langton procedeu à divisão de toda a Bíblia em capítulos. Alguns historiadores atribuem o trabalho ao cardeal Hugo de Sancto Caro, monge dominicano, que o teria completado em 1.250 e dele se serviu para sua concordância com a Vulgata. “As aplicações a esta concordância deram-lhe muito valor e estabeleceram a prática de citar os capítulos em vez de referir-se ao livro ou a alguns fatos proeminentes nele contidos”. Caro, mui provavelmente, haja se limitado a introduzir melhorias na obra de Langton.

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No ano 1.551, Robert Stephen fez a divisão em versículos, publicando a primeira Bíblia, assim dividida em 1.555, a Vulgata Latina. A famosa Bíblia Hebraica, da imprensa de Bomberg de Veneza, por iniciativa do erudito judeu Jacob Bem Haim, foi impressa com a divisão em versículos em 1525: trinta anos antes da Bíblia de Robert Stephen. Existem, aproximadamente, 2.800 línguas e 3.000 dialetos, mas a Bíblia já foi vertida, em parte, em 1.500 línguas e dialetos. A Bíblia inteira só está traduzida em cerca de 300 línguas. A Bíblia foi escrita num período de 1.500 anos, por cerca de 40 homens, e conte, 66 livros, 1.189 capítulos, 31.278 versículos e cerca de 3 milhões de letras, assim distribuídos:

ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO39 livros 27 livros929 capítulos 260 capítulos23.328 versículos 7.950 versículosCerca de 31 autores Cerca de 9 autoresEscrito em hebraico Escrito em gregoLivro central: Provérbios Livro central: 2TessalonicensesVersículo menor: Ex 20.13 Versículo menor: João11.35Versículo maior: Et 8.9 Versículo maior: Ap 20.6Mensagem: Jesus virá Mensagem: Jesus já veioAntiga aliança: Ex 24.8 Nova aliança: Hb 9.14,15

O verso de ouro, ou o versículo áureo da Bíblia, encontra-se no Evangelho de João, capítulo 3, versículo 16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça,mas tenha a vida eterna.”

A Bíblia é o livro mais lido do mundo; A bíblia é o livro mais editado do mundo; O Autor da Bíblia é Deus; O Intérprete da Bíblia é o Espírito Santo; O assunto central da Bíblia é Jesus Cristo.

V – A ORIGEM DIVINA DA BÍBLIA A autoridade da Bíblia decorre de sua inspiração divina. O próprio Senhor Jesus cristo a reconheceu e a declarou mais de uma vez. A revelação divina por meio das

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Escrituras foi preservada para todos os povos. Deus prometeu que a Sua Palavra subsistiria para sempre (Is 40.8; 1 Pe 1,25).

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A autenticidade dos textos bíblicos está acima de qualquer suspeita:

1. Revelação – A palavra revelação, literalmente “tirando o véu” é equivalente latino do termo grego (Apocalipse), “o ato de descobrir”. A ação de descobrir a verdade e a própria verdade descoberta são semelhantemente chamadas “revelação”. A revelação é então essencialmente uma operação especial de Deus em virtude da qual Ele se manifesta aos homens e manifesta a sua vontade e a sua verdade. Podemos também dizer que, “Revelação é a manifestação de Deus na história da humanidade de um modo sobrenatural e para um fim especial”.

Revelação conforme a Bíblia, nunca chega ao homem como mera informação, mas sim como uma regra de fé e conduta: “Eu Sou o Deus Todo-Poderoso: anda na minha presença , e sê perfeito” (Gn 17.1).

A – Necessidade da Revelação A necessidade da Revelação tem origem na transcendência de Deus. Isto significa que Deus está tão acima do homem em seu modo de ser que o homem não pode vê-Lo (João 1.18; 1Tm 6.16), nem encontrá-Lo por mais que tente (Jó 11.7; 23.3,8-9), nem discernir seus pensamentos mediante habilidosas teorias (Is 55.8-9). Uma iniciativa divina é necessária antes que o homem possa conhecê-Lo.Esta iniciativa teria sido necessária ainda que o homem não tivesse pecado, e se era necessário antes da queda do homem, muito mais essencial é agora, uma vez que o homem é pecador e sua capacidade de percepção das coisas espirituais foram completamente corrompidas pelo diabo (2Co 4.4), pelo pecado (1co 2.14), e pela “sabedoria” que imagina ter e que está em luta contra o verdadeiro conhecimento de Deus (Rm 1.21; 1 Co 1.21), ou seja, está muito além de seus poderes naturais compreender a Deus.

B – Qualidades da Revelação

1) Revelação Geral – Quando falamos em revelação geral nos referimos à maneira como Deus se revela para o homem através da criação, pela qual manifesta o seu poder, glória , majestade e eternidade( Sl 19.1; Rm 1.20);

2) Revelação Moral – Através da sua consciência o homem recebe de Deus a revelação moral. Isto é o conhecimento do certo e do errado, mas num certo sentido não absoluto sendo sujeito às limitações da imperfeita natureza humana (Rm 2.15; 1.32)

3) Revelação Verbal – Qualquer estudo da Bíblia revelará o fato de que a Bíblia concebe a revelação de Deus aos homens como primária e fundamentalmente

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uma comunicação verbal (Sl 119.9-10; 119.105; 19.7,8; 1.1-3; Js 1.8; Jo 1.1). A primeira revelação é verbal e depois vem a revelação pelas obras, que de fato é a confirmação da autoridade da Palavra conforme Mc 16.20.

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4) Revelação Pessoal – Pelas revelações geral, moral e verbal conhecemos a existência de Deus, Sua vontade moral, e exigências específicas. Mas isto ainda não é suficiente para nos levar a conhecê-Lo pessoalmente. Precisamos ter um encontro com Deus, ou seja recebermos uma revelação transformadora, que nos levará a uma experiência existencial. E isto não pode acontecer sem a própria intervenção de Deus. Jó disse: “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêm os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.5-6). Pelas outras revelações podemos saber alguma coisa a respeito de Deus, mas pela revelação pessoal conhecemos a Deus pessoalmente. 2. Inspiração – Em 2Tm 3.16 temos a revelação (verbal) que a Escritura é

divinamente inspirada. A palavra grega usada lá “THEOPNEUSTOS”, que significa “expirada ou exalada por Deus”. Como o novo dicionário da Bíblia diz: “theopneustos” significa soprado para fora, e não inspirado (soprado para dentro) da parte de Deus.

Devemos guardar nas nossas mentes que a Bíblia não fala sobre a inspiração dos escritores, mas sim, sobre a inspiração do produto do seu trabalho e ministério. Então definimos a inspiração bíblica assim: “A inspiração é uma operação de Deus que terminava não nos homens que escreveram as Escrituras (Como se, tendo-lhes dado as idéias do que deviam dizer, Deus os tivesse deixado sozinhos para expressarem tais idéias da melhor maneira que pudessem), mas antes, terminou no produto escrito real. A Escritura, o texto escrito é que é soprado por Deus”. Então dizemos que a Bíblia não é apenas o fruto do pensamento e premeditação humana, mas sim , é a palavra de Deus, proferida por meio de lábios humanos ou escrita com a pena pela mão humana. Há três elementos na inspiração: o primeiro elemento da inspiração é a sua causa: Deus, que a origina. Deus é a força primordial que moveu os profetas e apóstolos a escrever. A motivação primária por trás dos escritos inspirados é o desejo de Deus de comunicar-se com o ser humano. O segundo fator é a mediação humana. A Palavra de Deus nos veio por meio de homens de Deus. Deus faz uso da pessoa como instrumento para transmitir sua mensagem. Por último, a mensagem profética escrita foi revestida de autoridade divina. As palavras dos profetas são a Palavra de Deus. Na doutrina da inspiração divina das Escrituras precisamos destacar o fato de que trata-se de uma inspiração verbal e plenária, ou seja, cada palavra (verbal) e todas palavras (plenária) foram inspiradas por Deus, de modo que a ação supervisionadora de Deus sobre os autores humanos da Bíblia, fez com que eles, usando suas próprias personalidades e estilos, pudessem compor e registrar sem erros as palavras de Sua revelação ao homem . E dessa forma Deus garantiu a inerrância das Escritura Sagradas.

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3. Preservação – Uma coisa que é preciso dizer quanto à inspiração da Bíblia é que tal inspiração diz respeito apenas aos escritos originais (ou autógrafos).

As traduções não são inspiradas. Por esta razão as palavras de uma tradução variam da outra . temos que reconhecer que a ciência da tradução tem sido melhorada mais e

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mais a cada geração. Isto, e com os resultados da arqueologia, tem nos dado melhor entendimento de algumas passagens bíblicas. Contudo, afirmamos que a mensagem de Deus aos homens não foi poluída pelo processo de cópia e tradução dos escritos originais. Deus tem nos prometido que Sua Palavra nunca passaria, e até hoje está conosco. Quando os manuscritos do Mar Morto foram descobertos, os críticos diziam que estes manuscritos provariam como defeituosa eram nossas traduções. Isto porque estes rolos não tinham sido tocados por séculos. Mas quando eles foram traduzidos houve tão poucas discrepâncias que os críticos foram silenciados a respeito da tradução bíblica e tiveram de reconhecer que realmente algo sobrenatural estava por traz de tudo isto. Não foi mera coincidência, mas sim, a verdadeira preservação da Palavra de Deus

. 4. Iluminação – Significa derramar luz e esclarecer, tornar claro a Palavra de Deus pelo Espírito Santo, é a compreensão da verdade já revelada.

VI – O CÂNON SAGRADO

1. Características da canonicidade - A inspiração é o meio pelo qual a Bíblia recebeu a sua autoridade: a canonização é processo pelo qual a Bíblia recebeu sua aceitação definitiva. Uma coisa é um profeta receber uma mensagem da parte de Deus, mas coisa bem diferente é tal mensagem ser aceita pelo povo de Deus. Canonicidade é o estudo que trata do reconhecimento e da compilação dos livros que nos foram dados por inspiração de Deus. 2. Palavra “cânon” na Bíblia - A palavra Kanon (cânon) é de origem hebraica - qaneh “cana”, e significava “vara de medir” (Ez 40.3). na literatura grega clássica traz a idéia de “regra, norma, padrão”. Ela aparece no Novo Testamento com o sentido de regra moral (Gl 6.16); é traduzida ainda por “medida” (2Co 10.13,14,16) No sentido ativo, a Bíblia é o cânon pelo qual tudo o mais deve ser julgado. No sentido passivo, cânon significava a regra ou padrão pelo qual um escrito deveria ser julgado inspirado ou dotado de autoridade. 3. Os livros canônicos - São os livros que compõem a Bíblia Sagrada. Nos três primeiros séculos do Cristianismo, a palavra “cânon” referia-se ao conteúdo normativo, doutrinário e ético da fé cristã. A partir do quarto século, os pais da Igreja aplicaram a palavra “cânon” e “canônico” aos livros sagrados, para chancelar a autoridade destes como inspirados por Deus, e como instrumento normativo para a fé cristã.

4. A determinação da canonicidade – Determinado livro só era considerado inspirado se escrito por um profeta, ou porta – voz de Deus. Foram canônicos apenas os

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livros de Moisés a Malaquias. Para ser canônico, qualquer livro do Antigo Testamento deveria vir de uma sucessão profética, durante o período profético.

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5. Os três passos mais importantes no processo de canonização – Há três elementos básicos no processo genérico de canonização da Bíblia: a inspiração de Deus, o reconhecimento da inspiração pelo povo de Deus e a coleção e preservação dos livros inspirados pelo povo de Deus

6. O Cânon ratificado pelo Senhor Jesus – Ele fez menção do cânon sagrado quando declarou: “São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco:Convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei, e nos profetas, e nos Salmos” (Lc 24.44). O registro mais antigo do cânon judaico tríplice, como o conhecemos, retrocede ao século 2 a.C. a tradição rabínica afirma que o cânon judaico atual foi organizado por Esdras (Ed 7.14; Ne 8.13).O sínodo de Jâmnia ou Yavne, realizado por volta de 90 d.C., em Yavne, Gaza, portanto muito tempo depois do encerramento do cânon judaico, apenas ratificou o cânon já conhecido. O historiador judeu Flavio Josefo escreveu: “Ninguém jamais foi tão atrevido para tentar tirar ou acrescentar, ou mesmo modificar-lhes a mínima coisa”.

É a inspiração de Deus num livro que determina sua canonicidade. Deus dá autoridade divina a um livro, e os homens de Deus o acatam. Deus revela, e seu povo reconhece o que o Senhor revelou. A canonicidade é determinada por Deus e descoberta pelos homens de Deus. A Bíblia constitui o “cânon” , ou “medida” pela qual tudo o mais deve ser medido ou avaliado pelo fato de ter autoridade concedida por Deus. Só Deus pode conceder a um livro autoridade absoluta, e por isso mesmo, canonicidade divina.

7. Os Princípios da Canonicidade dos Livros do Novo Testamento

Os livros e cartas do Novo Testamento foram escolhidos segundo quatro padrões: A – Apostolicidade:o livro foi escrito ou influenciado por algum apóstolo? B - Doutrina: o seu caráter espiritual é suficiente? C – Universalidade: foi amplamente aceito pela Igreja? D – Inspiração: o livro oferecia prova interna de inspiração?

8. A Formação do Cânon do Novo Testamento A formação do cânon do Novo Testamento pode ser dividida em três partes: 1ª. O Período dos Apóstolos: eles reivindicaram autoridade para seus escritos (1 Ts 5.27; cl 4.16).

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2ª. O Período Pós- Apostólico: todos os livros foram reconhecidos, exceto Hebreus, 2 Pedro, 2 e 3 João. 3ª. O Concílio de Cartago (397 d.C): reconheceu como canônicos os 27 livros do Novo Testamento.

Introdução Bíblica

Concílios sínodos, ou até mesmo a Igreja, não estão investidos de poderes para aferir ou “canonizar” esse ou aquele livro das Escrituras. É a Bíblia que julga a Igreja e não a Igreja que julga a Bíblia. A Patrística e os concílios apenas aceitaram esses livros como inspirados. Cada livro da Bíblia conquistou seu espaço no Cânon Sagrado pelo fato de o conteúdo deles provar sua origem divina e inspiração. VII – OS LIVROS APÓCRIFOS

A Vulgata Latina, a Bíblia da Igreja Romana, contém em adição aos livros do cânon hebraico livros apócrifos que nós evangélicos não consideramos como canônicos. O próprio Jerônimo, que traduziu a Bíblia completa para o latim (a Vulgata) entre 382 a 404 d.C., disse: “E os outros livros (os apócrifos) a Igreja usará para exemplo de vida e instrução de costumes; mas não os aplica para estabelecer doutrina alguma”. A palavra apócrifo vem do grego, apokriphos, que significa “oculto”, e era usada para literatura secreta, ligada a mistérios. São eles: 1.Tobias2. Judite3. Sabedoria de Salomão4. Eclesiástico5. Baruque6. I livros dos Macabeus7. II livro dos Macabeus8. E os acréscimos aos livros de Ester (cap. 11-16) e Daniel (três acréscimos: o cântico dos três hebreus, a história de Suzana e a história de bel e o dragão ). Jerônimo inseriu-os na Vulgata Latina como apêndice histórico e informativo e não como inspirados por Deus; mas esses livros foram inseridos nas edições católicas da Bíblia por determinação do Concílio de Trento (1.545-1.563)

VIII – COMO A BÍBLIA CHEGOU ATÉ NÓS

O texto da Bíblia passou por várias etapas no caminho dos escritores sagrados até nós. Originalmente suas mensagens foram escritas em rolos de papiro e cópias delas foram feitas pelos escribas para melhorar a sua distribuição. Pelo século II d.C. o rolo começou a ser substituído pelo CÓDICE ou CÓDEX, que era formado de “folhas de papiro” juntas em forma de um livro. O códex tinha algumas vantagens distintas sobre o rolo, como por exemplo: facilitava a pronta consulta e continha mais matéria escrita.

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Um livro de pergaminho, tinha 65 cm de altura por 25 cm de largura. A pele de ovelha, cabra ou bezerro, era tratada e cortada em folhetos e estes eram postos um em cima do outro para formar não um rolo, mas um volume (em grego: teuchos) de onde vem a palavra Pentateuco para assinalar os cinco primeiros livros do Antigo

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Testamento. O rolo de papiro, era preso a dois cabos de madeira, para se manusear mais facilmente durante a leitura (o rolo assim formado se chama, em grego, biblos – daí a palavra Bíblia), era enrolado da direita para a esquerda, não tinha um comprimento exato (podia ter até dez metros), pois dependia da escrita, mais tinha uma largura em média de 25 a 30 cm. Seria portanto difícil carregar os 66 livros da Bíblia, se não fosse a imprensa atual. Os manuscritos da Bíblia foram copiados com o propósito de preservação e propagação das mensagens dos escritores sagrados. Estas cópias foram feitas cuidadosamente para preservar a pureza do original. Não existe mais nenhum original das Sagradas Escrituras. As leis sagradas dos escribas, exigiam que os manuscritos gastos pelo uso fossem enterrados. Quando um original se tornava velho, imediatamente era copiado e o original enterrado ou queimado. Outros foram destruídos durante as guerras e perseguições. Na perda dos manuscritos originais, podemos ver a providência de Deus, porque o homem poderia até adorar estes escritos e assim anular o seu propósito. A falta dos manuscritos originais não nos deve assustar, por que há milhares de manuscritos gregos e hebraicos copiados dos originais, espalhados pelo mundo. Quando as primeiras Bíblias foram impressas, havia mais de 2.000 destes manuscritos. Hoje, existem milhares, que foram encontrados posteriormente. Este número é mais do que suficiente para estabelecer a genuinidade e autenticidade da Bíblia. Os três mais velhos destes manuscritos, pela providência de Deus, acham-se aos cuidados dos três ramos do cristianismo: o grego, o romano e o protestante: 1) O Sinaítico (Códex Alfa), está na Biblioteca de Lenigrado, como possessão da Igreja Ortodoxa Grega. Descoberto entre 1844-1859. É considerado em geral a testemunha mais importante do texto, por causa de sua antiguidade, exatidão e inexistência de omissões. 2) O vaticano (Códex B), pertence a Igreja Católica Romana e se acha atualmente na Biblioteca do Vaticano, em Roma. Descoberto no século IV. 3) O Alexandrino (Códex A), está no Museu Britânico, em Londres. Descoberto no século V. Todos estes manuscritos foram escritos na língua grega. Depois destas cópias, a fase das traduções chegou, em que o texto foi traduzido para outros idiomas. Entre as traduções estão as seguintes versões: 1. A Septuaginta – 285 a.C. É a tradução do Antigo Testamento do hebraico para o grego. É reconhecida como uma obra de grande valor, além de ser um monumento literário do grego helenístico. Serviu de ponte lingüística e teológica entre o hebraico do Antigo Testamento e o grego do Novo Testamento. Além disso, foi usada pelas gerações de judeus espalhados por todas as partes do mundo.

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2. Síriaca (Peshitta, palavra aramaica que significa “simples”) – 150 d.C., é a versão oficial da Igreja Siríaca. 3. A Vulgata Latina – Entre o final do séc. IV e o início do séc. V. Durante dez séculos a única versão das Escrituras, conhecida, era a VULGATA LATINA, pois o latim era a língua universal da Idade Média. Somente com o advento da Reforma Religiosa, encetada por Martinho Lutero, é que a Bíblia começou

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a ser traduzida em língua vernácula. Antes de Lutero, John Wicleff, conhecido como a “Estrela D’ Alva da Reforma”, fez a tradução da Vulgata para o inglês, em 1.382 dC. Mas a primeira tradução em linguagem popular foi feita por Lutero, que verteu para o alemão diretamente do hebraico e grego, em 1.534. Houve outras traduções para o inglês, mas as principais foram as de William Tyndale, em 1.525; a Bíblia de Genebra em 1.560; e a versão do Rei Tiago (King James), que é a Bíblia mais famosa há mais de 370 anos, no mundo de fala inglesa. A primeira tradução feita para o português data de 1279, no tempo do Rei Diniz (primeiros capítulos de Gênesis). Mas o futuro da Bíblia, em português, dependia de João Ferreira de Almeida, nascido em Portugal, em 1628. Com apenas 16 anos, em 1.645, traduziu o Novo Testamento, usando como base o melhor texto até hoje conhecido: o TEXTO RECEPTUS, mas só foi publicado em 1.681. Somente em 1.819 é que a Bíblia toda de Almeida foi publicada pela Sociedade Bíblica Britânica, depois de várias correções e reformas.

IX – OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO

Os essênios formavam uma seita, fundada em 160 aC., por judeus que saíram de Jerusalém para o meio do deserto, respeitando a lei judaica de forma extremista. Estabeleceram-se junto ao Mar Morto e construíram reservatórios através das águas desviadas do Rio Qumram. Escrever sobre couro e papiro era uma das atividades mais importantes deles. No ano 68 Dc. descobrem que o governo romano os considerava nocivos, e a décima legião romana é enviada para destruí-los. Uns vão para Massada e outros escondem seus tesouros (os rolos). Em 1.947, dois beduínos, em busca de suas cabras desgarradas nas ravinas rochosas da costa noroeste do Mar Morto, descobriram sete rolos de pergaminho. Um deles, Manuscrito de Isaías, de 30 cm x 7,80 m de comprimento (dezessete folhas de pergaminho costuradas umas às outras) do ano 1.000 aC. As 11 cavernas de Qumram trouxeram à tona cerca de 170 manuscritos bíblicos, descobertos entre 1.947 e 1.964. Essa descoberta foi o achado do século XX, e confirma a autenticidade da Bíblia. Com exceção do livro de Ester, todos os livros do Antigo Testamento estão representados nesses manuscritos.

X – ALIANÇAS OU DISPENSAÇÕES: QUAL DESTAS ESTRUTURA A BÍBLIA?

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As iniciativas de Deus no estabelecimento dos relacionamentos de aliança estruturam a história da redenção. Suas soberanas intervenções provêem a estrutura essencial para a compreensão das grandes épocas bíblicas. Uma alternativa para se analisar a estrutura da história bíblica é oferecida por uma escola de pensamento evangélico mais popularmente conhecida como dispensacionalismo. O dispensacionalismo tem se colocado em oposição à teologia da aliança como meio de compreender a estrutura arquitetônica da revelação bíblica.

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A teologia da aliança (ou teologia do pacto) concentra-se em uma grande aliança geral conhecida como aliança da redenção (ou pacto da graça). Essa aliança da redenção é realizada por meio de pactos subordinados, iniciando com o pacto das obras e culminando com a nova aliança, que cumpre e completa a obra graciosa de Deus em relação aos seres humanos, na terra. Esses pactos incluem o pacto adâmico (Gn 3.14:19), o pacto noaico (Gn 9.9:17), o pacto abraâmico (Gn 17.1,2), o pacto mosaico (Ex 19.1s; 24.1s), o pacto davídico (2 Sm 7.12-16) e a nova aliança (Mt 26.28). O pacto da graça também é usado para explicar a unidade da redenção ao longo de todas as eras, começando com a Queda, quando terminou o pacto das obras.

A teologia dispensacionalista vê o mundo e a história da humanidade como uma esfera doméstica sobre a qual Deus supervisiona a realização do seu propósito e vontade. Essa realização do seu propósito e vontade pode ser vista ao se observarem os diversos períodos ou estágios das diferentes economias pelas quais Deus lida com a sua obra e com a humanidade em particular. Esses diversos estágios ou economias são chamados dispensações ( resumindo: dispensação seria um período de tempo em que o homem é provado a respeito de sua obediência a certa revelação da vontade de Deus. O seu número pode chegar a sete: inocência (Gn 2.6; 3.24), consciência (Gn 3.1-8.4), governo humano (Gn 8.15-11.32), promessa (Gn 12.1-Ex 12.37), lei (desde o Êxodo do Egito até a crucificação de Cristo), graça (desde a crucificação de Cristo até o arrebatamento da Igreja) e reino ou milênio (Seu início se dará com a segunda vinda de Cristo e findará com a instalação do Grande Trono Branco – Ap 20.11-15).

Deve-se lembrar que as alianças são indicadores escriturísticos explícitos das iniciativas divinas que estruturam a história redentiva. As dispensações, ao contrário, representam imposições arbitrárias sobre a ordem bíblica. no fim, não é o desígnio humano, mas a iniciativa divina que estrutura a Escritura.

XI – O PROPÓSITO DA BÍBLIA

Qual o propósito de Deus em dar-nos a Sua Palavra? Com base na própria Palavra de Deus, podemos destacar três propósitos principais:

a) Dar ao homem uma revelação autoritária da natureza de Deus (l Jo 1.5;4.16; Jo 4.24; Sl 103.8-10; 25.8; 48.1; 1Co 10.13; Is 6.3; Ef 3.20)

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b) Dar ao homem uma revelação autoritária da Sua vontade para com os homens (Lv 20.26; 1Ts 4.3; Lc 10.26-28; Rm 12.12; 1Ts 5.14-22)

c) Dar ao homem uma revelação autoritária da responsabilidade humana em responder a Sua vontade (Is 55.6-7; At 16.31; Cl 2.6-8; 3.1-2; Ef 6.10-13)

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Quando olhamos para o mundo, é evidente que precisamos de uma revelação autoritária, tanto da natureza e vontade de Deus, como também da responsabilidade humana. Cada grupo, e até cada homem tem a sua própria idéia. O propósito da Bíblia é dar a primeira e a última palavra sobre as diversas opiniões humana. Como está escrito em 1Co 1.19-21: “Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos entendidos...” Deus, em verdade é o autor deste livro maravilhoso e infalível, que revela a salvação, libertação e transformação do homem em uma nova criatura (II Co 5.17). As evidências confirmam o efeito e a influência da Bíblia em pessoas e nações. A Palavra de Deus tem melhorado o mundo, pelo caráter que molda na vida das pessoas. Muitos, dantes incrédulos, indiferentes, viciados, idólatras, cheios de superstições, que aceitaram este livro, foram por ele transformados, salvos libertos e santificados.

XII - GEOGRAFIA BÍBLICA

A PALESTINA

A Palestina é a terra onde Jesus Cristo nasceu, morreu e ressuscitou. Neste local deram-se os principais acontecimentos da Bíblia. Chama-se também Terra santa, terra de Canaã, Terra Prometida e Terra de Israel.1. As razões do nome: o nome Palestina foi dado pelos gregos 5 séculos a.C. Provém da palavra hebraica Palestim, que quer dizer: Filisteus. De fato, filisteus moravam na região sul. Navegantes gregos comerciavam com eles e deram à terra o nome de Palestina ou Terra dos Palestim. O nome Terra Santa popularizou-se a partir da Idade Média, quando os cristãos denominaram a Palestina de Terra Santa, por ter sido santificada pela presença de Cristo. Quando Deus começou a formar seu Povo com os Patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, esta terra chamava-se Terra de Canaã. Lá moravam os cananeus, descendentes de Canaã, neto de Noé. Ao retirar seu povo da escravatura no Egito, Deus prometeu novamente a seu povo a Terra de Canaã que recebeu o nome de Terra Prometida Passou em seguida a chamar-se Terra de Israel, por que ali moravam os descendentes de Israel. Israel é outro nome de Jacó, neto de Abraão.

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Hoje, a Palestina está dividida em duas faixas verticais: a da esquerda chama-se Pais de Israel (constituído na maioria de israelitas ou judeus), e a da direita, chama-se País da Jordânia (constituído de árabes).

2. Limites e Extensão: A Palestina teve seus limites e extensão várias vezes modificados, durante os séculos. No tempo de Cristo, limitava-se ao norte: com a Síria e a Fenícia (hoje Líbano); ao sul: com os desertos de Negeb; a leste: com os desertos da Arábia; a oeste: com o Mar Mediterrâneo.

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A região comumente habitada da Palestina, de norte a sul, tinha aproximadamente 240 Km; e de leste a oeste, em média, cerca de 120 Km. O RIO JORDÃO

O rio Jordão corta a Palestina de norte a sul e é o principal rio da Palestina. Nasce no monte Hermon e é formado por 3 pequenos rios. Estas nascentes do Jordão encontram-se entre 200 a 500m acima do nível do mar. Depois de percorrer aproximadamente 30 Km, o rio Jordão desce até 212m abaixo do nível o mar.. Nesse ponto alarga-se e forma o grande Lago de Genesaré, que tem 12 Km de largura. Do Lago de Genesaré em diante, o rio Jordão desce mais ainda. Ao desembocar no Mar Morto, chega a atingir 392m abaixo do nível de outros mares. O Jordão é o único rio do mundo que corre abaixo do nível dos mares. O percurso entre o lago de Genesaré e o Mar Morto, em linha reta seriam, aproximadamente, 110 Km. O rio Jordão, porém, devido as estonteantes curvas, faz esse percurso em 330 Km. não é rio navegável. Tem dezenas de lugares rasos, que impedem a navegação, mas facilitam a travessia a pé. Sua largura máxima é de 70 m.

OS LAGOS

A Palestina tem dois grandes lagos, também chamados mares: o Lago de Genesaré ou Mar da Galiléia, ao norte; e o Mar Morto, ao sul.

1. O Lago de Genesaré: é também chamado Mar da Galiléia, por se encontrar na Província da Galiléia. Às vezes é denominado de Lago de Tiberíades, por se encontrar, em suas margens, a cidade de Tiberíades. Mede 21Km de comprimento e 12 Km de largura. Está a 212 m. abaixo do nível de outros mares. Suas águas atingem pouco menos de 50 m de profundidade. O Lago de Genesaré ou Mar da Galiléia é o próprio rio Jordão que se alarga. Forma o enorme lago e prossegue depois para o Mar Morto. É de água doce e rico em peixes. Está cercado de montanhas que formam em torno dele uma espécie de imenso caldeirão. Ás vezes o ar quente deste lago encontra, ao subir, o ar frio, provindo do Mar Mediterrâneo. Este conflito provoca violentos redemoinhos e tempestades imprevistas no Lago.

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2. O Mar Morto: tem esse nome porque em suas águas não vivem peixes, animais ou plantas. Este fenômeno se deve a grande quantidade de sal, potassa e outros produtos químicos que se encontram em suas águas. mede 76 Km de comprimento e 17 Km de largura. suas águas encontram-se a 392 m abaixo do nível de outros mares. O Mar Morto é alimentado pelo rio Jordão e outros pequenos rios de água doce. Embora suas águas não tenham escoamento, por estarem cercadas de terra por todos os lados, o nível deste mar permanece, geralmente, estável. Este fato deve-se ao calor excessivo, que evapora milhões de metros cúbicos de água por dia. Apesar de alimentado com água doce , o Mar Morto é salgado. Suas águas contém 25% de sal (seis vezes mais que ou

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outros mares). Este sal do Mar Morto provém de salinas que se encontram em suas margens ao sul. No Mar Morto, qualquer pessoa bóia em suas águas, como uma cortiça, mesmo não sabendo nadar. AS CIDADES

1. Jerusalém: A cidade de Jerusalém é a principal cidade da Palestina, a cidade bíblica por excelência; fica a 750 m acima do nível do mar. No ano 1.005 a.C., Davi, rei de Israel, conquistou Jerusalém, que estava em poder dos Jebuseus e a transformou em capital e centro religioso e civil da Palestina.

2. Jericó: dista de Jerusalém só 37 Km e fica a mais de 300 m abaixo do nível do mar. É a cidade mais próxima do centro da terra. Em Jericó, no verão a temperatura chega a 50º acima de zero. Jericó é a cidade mais antiga do mundo, com 10.000 anos de existência. pelo ano 1.200 a.C. Jericó foi conquistada por Josué.

3. As Províncias

No tempo de Cristo, a Palestina estava dividida em três principais províncias: Galiléia, ao norte; Samaria, no centro; e Judéia, ao sul. Havia ainda a Peréia, à direita do rio Jordão, a Decápole, a sudeste do Mar da Galiléia, a Traconítide, a noroeste do Mar da Galiléia. a) As principais cidades da Província da Galiléia eram: Nazaré, Cana, Naim, Betsáida (cidade natal dos apóstolos Pedro, André e Filipe), Tiberíades e Cafarnaum (era porto do mar da Galiléia. Na alfândega deste porto, trabalhava Mateus como fiscal, quando recebeu o convite de Jesus para ser apóstolo. Cafarnaum é mencionada 16 vezes nos evangelhos) b) As principais cidades da Província da Samaria eram: Siquém, Sicar, Samaria e Cesaréia Marítma. A 1 Km de Sicar havia um poço famoso, chamado Poço de Jacó. este poço tem cerca de 3.800 anos de existência e mede 38 m de profundidade e ainda hoje fornece água aos visitantes. Cesaréia Marítma era a cidade onde residiam os procuradores romanos que governavam a província da Judéia e Samaria. c) As principais cidades da província da Judéia são: Belém, Hebron, Jópe, Jericó, Ain karém, Emaús, Jerusalém. Jópe é um porto no Mar Mediterrâneo. Desse

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porto partiu o profeta Jonas, quando pretendia fugir de Deus, que lhe ordenara pregar em Nínive, capital da Assíria. Hoje Jópe é bairro de Tel Aviv.

XIII – AS FESTAS RELIGIOSAS DO POVO DE DEUS

A Bíblia do Antigo Testamento dá destaques a três festas principais da Palestina: Páscoa, Pentecostes e festa dos Tabernáculos. Estas festas foram instituídas por Deus no tempo de Moisés e eram celebradas todos os anos:

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1. Páscoa: a Páscoa festejava-se na metade do primeiro mês de Nisan, que corresponde em nosso calendário ao mês de março e parte de abril. Na Páscoa comemoravam a passagem do Povo de Deus da escravidão do Egito à Terra Prometida. Páscoa é palavra de origem hebraica e significa: “Passagem”.2. Pentecostes: era festejada 50 dias depois da Páscoa. Daí o nome Pentecostes, que quer dizer: a Festa do Qüinquagésimo. Em Pentecostes comemoravam a promulgação dos Dez Mandamentos, dados por Deus a Moisés no Monte Sinai.3. Tabernáculos: a Festa dos Tabernáculos era celebrada seis meses após a Páscoa. Na festa dos Tabernáculos, recordavam o fato de o Povo de Deus ter vivido durante 40 anos no deserto, sob tendas, após a saída do Egito, e rumo à terra Prometida. Por ocasião da Páscoa, celebravam o início da colheita de cereais, principalmente cevada. Por ocasião de Pentecostes, comemoravam o término da colheita de cereais e o início da colheita do trigo. na Festa dos Tabernáculos celebravam o fim da colheita de uvas, azeitonas e outras frutas. Nestas festas o povo oferecia a Deus sacrifícios de louvor e levavam ao templo parte do produto de seus trabalhos. agradeciam a Deus as colheitas e solicitavam bênçãos para os próximos trabalhos.

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Bibliografia

Bíblia AlfaliteBíblia AnotadaBíblia de GenebraBíblia do PovoWilkinson, B & Boah, K. Descobrindo a Bíblia. ed Candeia: S. Paulo, SP, 1983.Cabral, J. Introdução Bíblica. E. G.U.: Rio de Janeiro, RJ,1995 Geisler, Norman. Introdução Bíblica. ed. Vida Nova: S. Paulo, SP, 1997.Robertson, O Palmer. O Cristo dos Pactos. ed. Luz Para o Caminho: Campinas, SP, 1997.Introdução Bíblica, Apostila do Seminário Teológico Pentecostal do Nordeste.

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