anamnese e just final

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CURSO DE LICENCIATURA EM TERAPIA DA FALA DANIELA DOS SANTOS ROMBA, Nº 48206 EVA MARIA MIGUEL VIEGAS, Nº47244 JOANA CARINA FERREIRA SANTOS, Nº 47634 MARIANA ESTÊVÃO GUERREIRO, Nº 47673 ANAMNESE e respetivas justificações teóricas FARO, ABRIL DE 2013

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Page 1: Anamnese e Just Final

CURSO DE LICENCIATURA EM TERAPIA DA FALA

DANIELA DOS SANTOS ROMBA, Nº 48206

EVA MARIA MIGUEL VIEGAS, Nº47244

JOANA CARINA FERREIRA SANTOS, Nº 47634

MARIANA ESTÊVÃO GUERREIRO, Nº 47673

ANAMNESE

e respetivas justificações teóricas

FARO, ABRIL DE 2013

Page 2: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

2 Anamnese e respetivas justificações teóricas

I - Folha de registo

Qual a data de observação, número do processo?

Na folha de registo estão presentes vários dados importantes numa anamnese,

tais como a data de observação, para que o terapeuta saiba a data inicial da consulta

a fim de perceber se há uma evolução positiva do caso; o número de processo para

um fácil acesso ao mesmo, caso seja necessário consultá-lo e o local de consulta

(casa, consultório, centro de saúde…)

Quem encaminhou a criança para a terapia da fala?

O encaminhamento também é um dos pontos relevantes, pois normalmente

quem encaminha são pessoas próximas do paciente, como por exemplo professores,

pediatras, entre outros. Assim sendo no percurso terapêutico com a criança em

questão, a parceria com a pessoa que encaminha é essencial para a evolução

terapêutica.

Quem fornece as informações?

Em relação a quem relata a história, outro ponto essencial para a orientação do

terapeuta, é importante identificar quem fornece a informação daquele caso para que

os dados sejam o mais viável possível; este informador pode ser o próprio paciente, ou

um acompanhante (pais).

II - Identificação da criança

Qual o nome da criança, lateralidade e data de nascimento?

Nesta parte da anamnese estão inseridos vários pontos importantes tais como

o nome da criança ou a alcunha que tem atribuída para assim haver aproximação

entre o paciente e terapeuta; a lateralidade, que é de grande importância para que

desde logo o terapeuta saiba a capacidade de formação de conceitos complexos,

como de espaço, visto existir uma relação entre lateralidade e especialização

hemisférica, o que pode acrescentar informação relevante no que toca a linguagem,

por exemplo no caso das P.E.D.L., existe perturbação da dominância hemisférica.

Outro ponto é a data de nascimento e idade que permite comparar o

desenvolvimento da criança com o desenvolvimento normal, isto porque a “linguagem

na criança passa por uma serie de etapas” (Torrescasana, 1989), no qual existem

períodos críticos, onde a criança tira as maiores vantagens das suas aprendizagens

(Sim-Sim, 1998). Ainda nesta questão da idade é relevante saber exatamente os

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

3 Anamnese e respetivas justificações teóricas

meses da criança, dado que se verificam contrastes ao nível da aquisição dos

conhecimentos linguísticos de mês para mês (Sim-Sim, 1998).

Qual o sexo da criança, nacionalidade, naturalidade, morada e situação

escolar actual?

O sexo da criança é relevante devido ao facto de nos rapazes a probabilidade

de ter um diagnóstico de perturbação em relação às raparigas ser maior (Andrade,

2008). Também o desenvolvimento geral e os interesses são diferentes entre rapazes

e raparigas. A nacionalidade e naturalidade são informações indispensáveis, pois o

meio onde a criança está inserida influencia muito no seu desenvolvimento. “A

aprendizagem é uma mudança no comportamento resultante da experiência ou prática

e depende da interação entre fatores individuais e ambientais” (Revista neurociências,

2006), tal como fatores económicos, sociais, culturais, religiosos (Andrade, 2008)

acrescentando-se ainda a importância relativamente à língua materna, casos de

bilinguismo ou monolinguismo.

Deve-se perguntar qual a morada pois pode ser necessário enviar alguma carta

informativa aos pais sobre a situação terapêutica da criança, tal como o contacto que

facilita a comunicação entre os pais e a terapeuta sobre esclarecimento de alguma

dúvida que possa surgir.

A situação escolar atual, o local e o ano escolar são essenciais para que haja

compreensão por parte do terapeuta acerca do desenvolvimento de linguagem que

esta criança apresenta; assim fica também a conhecer o meio a que a criança está

habituada podendo incluir alguns recursos durante a intervenção que deixem a criança

mais á vontade.

Qual a filiação, fratria, agregado familiar e o prestador de cuidados?

Outro ponto importante é a filiação, pois ”é na família que a criança inicia o

processo de aquisição linguística” (Andrade, 2008), isto é, é devido aos indivíduos

familiares ou outras pessoas presentes no dia-a-dia da criança que esta desenvolve a

sua língua materna e linguagem oral, que é feita através da audição e imitação, dai

também a relevância de toda a informação dos pais, idade, nível económico,

naturalidade, profissão, capacidades financeiras, habilitações, visto que se os

cuidadores tiverem maiores habilitações, parte-se do princípio que as crianças serão

mais favorecidas do ponto de vista linguístico, ou seja, normalmente se os cuidadores

tiverem um grau de literacia mais elevado têm um nível linguístico elevado que

influenciará a criança num sentido positivo. O tempo disponibilizado pelos pais para a

estimulação escolar também influência nas competências linguísticas (Andrade, 2008).

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

4 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Nos três últimos pontos inclui-se a fratria, o agregado familiar e do prestador de

cuidados. Em relação a fratria, saber o número de irmãos e as respetivas idades

contem informação importante no que diz respeito a perturbações de linguagem

presentes no meio do paciente, é importante realçar ainda que normalmente os pais

dão mais atenção aos primeiros filhos, logo estes terão um desenvolvimento linguístico

mais rápido que os mais novos (Andrade, 2008). Em relação ao agregado familiar, ter

conhecimento de quem vive com a criança e do número de habitantes é crucial, pois

consoante o número de membros irá interferir nos aspetos económicos e sociais. Se

os pais estão divorciados ou não é uma questão que pode levar a sentimentos de

abandono e raiva por parte da criança. Tudo isto é fundamental para a terapeuta se

aperceber se a criança apresenta algum trauma que possa ter conduzido a

consequências no desenvolvimento a nível da linguagem. Por fim é útil para o

terapeuta saber quem é o prestador de cuidados pois se eventualmente a criança não

se habituar ao espaço de intervenção, o terapeuta poderá solicitar a sua ajuda e pedir-

lhe que participe nas consultas para colocar a criança mais a vontade.

III - Motivo da consulta

Questionar o motivo da consulta é fundamental numa anamnese já que é a

razão pela qual a criança se dirige à consulta de terapia da fala, sendo por isso

essencial o terapeuta abordar os responsáveis pela criança sobre o mesmo. Esta

questão permite também a desmistificação de ideias e premissas básicas formadas

pelos pais, para que se consiga avançar com a intervenção.

Qual a época do aparecimento do problema? Há quanto tempo persiste?

Quem notou o problema? Como verificou o problema?

É então essencial questionar a pessoa que se encontra a responder à

anamnese acerca da época do aparecimento do problema, há quanto tempo o mesmo

persiste, quem detetou o problema e como o verificou, uma vez que esta informação é

fundamental permitindo ao terapeuta da fala ter uma noção da evolução do problema

ao longo do tempo, bem como a interação da criança com o problema, e ainda de

quem interage com ela. É também necessário perceber o modo como a pessoa que

notou o problema detetou o mesmo já que pode ser relevante perceber se foi um

problema que apareceu repentinamente ou progressivamente, dando informações

sobre o tipo de etiologia e patologia a que o possível problema está associado.

Qual pensam ser a(s) causa(s) desse problema?

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

5 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Em relação à questão “Qual pensam ser a(s) causa(s) desse problema?”, é

fundamental que seja feita, já que auxilia na recolha de dados que visam identificar a

etiologia do problema, eliminando assim um leque de possibilidades para tal caso.

Notou evolução do problema?

É importante perguntar ao informador se notou evolução do problema, sendo

que a resposta vai mostrar se os pais têm perceção de alguma evolução ou

agravamento das dificuldades, ou se por outro lado ocorreu uma estagnação.

A criança tem consciência do seu problema? Qual a sua reação e atitude

face ao problema? Qual a atitude do educador/professor e dos colegas

face ao problema?

No que diz respeito às perguntas “A criança tem consciência do seu

problema?”, “Qual a sua reação e atitude face ao problema?” (se fica triste, se ignora,

…) “Qual a atitude dos pais face ao problema?” (se ignoram, confrontam ou confortam)

e “Qual a atitude do educador/professor e dos colegas face ao problema?”, (se os

colegas gozam, se notam, se compreendem…), são questões de enorme relevância

uma vez que permitem ao terapeuta da fala ter noção da situação, já que as respostas

irão fornecer ao mesmo informações acerca de possíveis modos de diminuir as

dificuldades e consequentemente resolver o problema em causa, além de informarem

sobre o meio envolvente e o apoio oferecido à criança, que podem estimular a

segurança e a confiança na mesma ou, por outro lado, inibi-la. Estas informações são

fornecidas exclusivamente através da opinião dos pais, sendo que as mesmas

perguntas na parte XI da anamnese (Atitudes), são preenchidas a partir da observação

feita pelo Terapeuta da Fala durante a sessão e conversa com a criança.

Recorreu anteriormente a consulta de terapia da fala? Se sim: Qual o

motivo? Qual o local da consulta? Com quem? Qual foi a duração da

intervenção? Que trabalho foi desenvolvido?

Finalmente, é crucial a formulação de questões que interroguem acerca da

existência ou não de outras consultas de terapia da fala, se sim: qual o motivo dessas

consultas, o local onde ocorreram, com quem, duração da intervenção, que tipo de

trabalho é que foi desenvolvido durante as mesmas, se durante essa intervenção

houve evolução e o porquê de ter deixado (se não for o caso do responsável pela

criança querer apenas ouvir uma segunda opinião) e atualmente o porquê de ter

voltado a ter consultas de intervenção. Este tipo de perguntas permitem ao terapeuta

da fala observar aspetos importantes na eventualidade de já ter existido uma

referenciação dos dados e uma avaliação feita anteriormente em relação às diferentes

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

6 Anamnese e respetivas justificações teóricas

áreas, atividades e estratégias utilizadas no passado que possam atualmente ser úteis

à nova intervenção com o novo terapeuta da fala, sendo importante salientar que,

ainda assim, o novo terapeuta deve recolher os seus próprios dados no que diz

respeito à anamnese e à avaliação realizada, para que possa então planificar a

intervenção mais adequada e partir dessa linha de base. No entanto, se tiver as

informações registadas e as estratégias utilizadas na intervenção anterior será mais

fácil delinear a nova intervenção tentando evitar seguir percursos, utilizar materiais e

estratégias que anteriormente não resultaram.

IV – Antecedentes familiares

Na família há alguém com problemas visuais, auditivos, neurológicos ou

perturbações de fala e linguagem?

Nesta parte da anamnese estão incluídos vários pontos relevantes em relação

á família do paciente, como por exemplo os fatores genéticos, daí a importância de ter

conhecimento dos problemas de linguagem, auditivos, visuais e neurológicos que

possam interferir com os canais de interação (canais de input e output) ou com as

áreas neurológicas de processamento (área de Broca e Wernicke) do paciente. “As

dificuldades de aprendizagem são queixas frequentes e podem acompanhar diferentes

quadros neurológicos. A presença de histórico familiar constitui um fator de risco para

a ocorrência de tais dificuldades nas crianças.” (Lima, Mello, Massoni, Iramaia, Ciasca;

2006). É necessário saber se os pais são surdos ou se apresentam perdas auditivas

pois a criança não vai ouvir a linguagem oral correta, ouve articulações alteradas da

língua a nível fonológico, sintático, morfológico, portanto é aconselhável a colocação

desta criança num jardim-de-infância para a aprendizagem correta da língua pois em

relação a este problema, a interação da criança fica comprometida visto que os pais

não a conseguem ouvir. Em relação às perturbações de fala e linguagem, é importante

saber se no meio familiar do paciente há alguém que tenha alterações a esse nível

pois tal fator pode ser de risco, por exemplo se houver casos de dislexia de geração

em geração é muito provável que a criança também tenha, e leva a dificuldades no

desenvolvimento da linguagem ou de aprendizagem da leitura e escrita, outro exemplo

são os distúrbios da fluência. Alguns estudos concluem que um grande número de

casos de distúrbios da fluência tem etiologia genética, sendo que um ou mais

familiares os apresentava (Duarte, Crenitte & Lopes-Herrera , 2009).

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

7 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Existem na família casos de consanguinidade, doenças hereditárias,

epilepsia ou paralisia cerebral?

Também é importante saber se na família existem casos de consanguinidade

pois quando os sangues são semelhantes pode causar um erro sobrecarregante no

ADN e gerar problemas a nível linguístico, saber as doenças hereditárias pois

são caracterizadas por transmitir-se de pais para filhos na qual se podem manifestar

problemas de linguagem, assim como nas doenças hereditárias a probabilidade do

paciente ter epilepsia é maior nos indivíduos com antecedente familiar da doença,

apesar de esta doença não ser genética. Por fim é relevante também o terapeuta ter

conhecimento se algum familiar sofreu alguma paralisia cerebral e saber quais as

áreas afetadas pois se os músculos que permitem da fala foram atingidos, haverá

dificuldade para comunicar os pensamentos ou as suas necessidades e assim

comprometer a interação com esta criança, que de alguma forma a poderá influenciar

a nível linguístico.

V – Antecedentes pessoais

Esta área é bastante importante, na medida em que é a partir daqui que

podemos descobrir alguns problemas que poderão ter surgido do período da gravidez,

parto e pós parto que desencadeiem atrasos ou outras manifestações que possam

comprometer um normal desenvolvimento da linguagem. De acordo com a

ASHA(1991), um dos fatores de risco para o desenvolvimento da linguagem é o risco

biológico que diz respeito a crianças que têm uma história de fatores biológicos

durante os períodos pré, peri e pós natal que podem acarretar sequelas no

desenvolvimento, acrescentando-se a possibilidade de ocorrer alterações neurológicas

que poderão aumentar a probabilidade de posteriores alterações no desenvolvimento.

Incluem-se neste grupo doenças metabólicas, deficiências nutricionais da mãe durante

a gravidez, baixo peso á nascença, anóxia e prematuridade.

Período pré natal (Gravidez)

No período pré-natal são registadas as características da gravidez visto que “o

período de gestação intrauterina constitui uma situação delicada no que diz respeito à

existência de condições indispensáveis a um desenvolvimento adequado e integral do

feto.” (Andrade, 2008) Para além do período de gestação, é importante saber o estado

psicológico da mãe assim como a exposição a comportamentos de risco e em que

contextos.

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

8 Anamnese e respetivas justificações teóricas

A gravidez foi planeada?

Como se sentia emocionalmente?

Estas perguntas são importantes, já que os fatores emocionais também podem

afetar o feto e consequentemente relacionamento pós parto dos pais com a criança. “A

capacidade da mulher para se adaptar às mudanças e exigências da gravidez afeta a

saúde física e mental e parece influenciar, de igual forma, a saúde do feto em

gestação” (A. Conde e B. Figueiredo, 2003). Estudos mostram que a ansiedade, stress

e depressão na gestante estão associadas a abortos no início da gravidez e a

ocorrência de malformações craniofaciais, deficiências cardíacas na criança e

anomalias congénitas neonatais. Lobel e colaboradores(1992), encontraram uma

relação entre a ansiedade e stress durante a gravidez e a ocorrência de partos

prematuros e bebés de baixo peso. Assim, é pertinente investigar as atitudes

emocionais em relação à gravidez e ao feto e as crises intercorrentes da gestação

para perceber possíveis impactos no desenvolvimento da criança e da respetiva

linguagem.

Ocorreram complicações durante a gravidez?

Ocorrendo uma gravidez de risco, associada a várias complicações é normal

que, consequentemente possa haver um risco prejudicial à sua boa evolução,

arriscando a boa saúde da mãe e/ou do feto. Estas complicações podem originar

problemas graves, pós-parto, no bebé tanto a nível físico como psicológico.

Tinha hábitos de tabagismo/álcool/drogas?

Estudos realizados comprovam que o consumo de substâncias desaconselháveis

pode estar relacionado com alterações no desenvolvimento da criança. Em relação ao

tabaco, este é associado aos nascimentos de baixo peso, a uma incidência mais alta

de bronquite, asma, pneumonia, e otite média serosa. As deficiências congénitas que

afetam o coração, o cérebro e a cara são mais frequentes entre os filhos de fumadoras

do que entre os das não fumadoras. O tabagismo na mãe pode também aumentar o

risco da síndroma de morte súbita do lactente. (Manual Merck, 2013).

Relativamente à ingestão de álcool podem ocorrer malformações físicas e

psíquicas, atraso do crescimento intrauterino e pós natal e ocorrência de partos

prematuros. “O nascimento prematuro e o baixo peso constituem fatores de risco para

o desenvolvimento da criança que podem refletir-se ao nível da Linguagem pois,

nestes casos, ocorre atraso no desenvolvimento da dentição, má formação do esmalte

dentário e do palato, repercutindo-se nas estruturas bucais da criança”. (Ferrini, Marba

e Gavião, 2007, citado por Andrade, 2008).

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

9 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Muitos tipos de drogas estão também associados a partos prematuros e de baixo

peso, assim como atrasos de desenvolvimento, e algumas malformações no feto.

Período perinatal (Parto)

Ainda em relação às questões de saúde, existem outros problemas que podem

condicionar o desenvolvimento da linguagem da criança desde muito cedo,

nomeadamente o que ocorre durante o nascimento.

Em relação ao período perinatal consideramos importante o registo do tipo de

parto, duração, por quem foi assistido e o local onde ocorreu. Segundo Andrade

(2008) o parto constitui um momento delicado e que marca o posterior

desenvolvimento da criança, de modo particular quando estão associadas situações

de risco. Uma das situações que pode causar problemas ao futuro desenvolvimento da

criança e, que por vezes é fator de risco do desenvolvimento da linguagem é a

duração do parto e a eventual falta de oxigenação cerebral.

Tipo de parto

Quanto aos tipos de parto podemos distinguir entre eutócico e distócico. O parto

eutócico é considerado um parto normal ou vaginal, que ocorre sem qualquer

intervenção instrumental. O parto distócico não ocorre de forma natural, sendo

realizado com recurso a instrumentos (fórceps e/ou ventosa) ou pelo processo

cirúrgico da cesariana e, o distócico com problemas, cujas características são as do

parto distócico, sendo no entanto acompanhado de situações anómalas, como por

exemplo, circulares de cordão, anóxia, entre outras (Andrade, 2008). Assim, estas

informações juntamente com a informação da duração do parto permitem-nos concluir

possíveis etiologias associados a problemas linguísticos ou de fala.

O parto foi assistido?

A questão do local e quem assistiu ao parto também é uma questão pertinente visto

que, é importante este ser realizado por pessoas qualificadas e em locais com

qualificações de modo a que não ocorram complicações que afetem o

desenvolvimento da criança.

Período pós-parto

1º Choro foi imediato?

Coloração da pele

Peso, comprimento e perímetro cefálico

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10 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Quando o choro imediato acontece indica-nos que a criança está bem e iniciou

devidamente a vida extrauterina. A pele do bebé deverá ser rosada. No entanto, nem

sempre todos os bebés nascem com essa cor. Se tiver uma cor arroxeada poderá ser

uma característica de que existe algo errado com a respiração e circulação sanguínea

(anóxia), que pode provocar lesões cerebrais em áreas da Linguagem. Caso o recém-

nascido apresente uma cor amarelada pode indiciar a presença de icterícia.

Quanto ao peso e ao comprimento médio à nascença estes rondam os 3,35kg e os

45 e os 56cm, respetivamente.

Escala APGAR

Este é um índice que nos permite perceber possíveis comprometimentos ao

nível do desenvolvimento da linguagem e tem a ver com a eventual falta de

oxigenação cerebral (daqui pode resultar, por ex: paralisia cerebral) aquando o

nascimento, por isso, para perceber a adaptação do recém-nascido à vida

extrauterina, é utilizado o Índice de APGAR.

“A Escala ou Índice de APGAR que consiste na avaliação de 5 sinais objetivos

do recém-nascido no primeiro, no quinto e no décimo minuto após o nascimento,

atribuindo-se a cada um dos sinais uma pontuação de 0 a 2, sendo utilizado para

avaliar as condições dos recém-nascidos. Os sinais avaliados são: frequência

cardíaca, respiração, tónus muscular, irritabilidade reflexa e cor da pele. O somatório

da pontuação (no mínimo zero e no máximo dez) resultará no Índice de APGAR e o

recém-nascido será classificado como sem asfixia (Apgar 8 a 10), com asfixia leve

(Apgar 5 a 7),com asfixia moderada (Apgar 3 a 4) e com asfixia grave: Apgar 0 a 2.”

(Andrade, 2008).

Houve necessidade de reanimação?

Necessitou de incubadora?

Sinais traumáticos?

Existiram complicações com a mãe e/ou com a criança?

Tendo em conta todas as complicações pós parto que podem surgir, o

terapeuta da fala deve inquirir sobre vários aspetos suscetíveis de comprometer o

desenvolvimento da linguagem, nomeadamente, necessidade de reanimação,

permanência em incubadora (que condiciona os estímulos emocionais e linguísticos

prematuros da criança), sinais traumáticos devidos a parto distócico (podem causar

traumatismos a nível do ouvido, faciais ou mesmo cerebrais) e por fim outras

complicações relevantes com a mãe ou bebé.

Page 11: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

11 Anamnese e respetivas justificações teóricas

VI – História Clínica

No que diz respeito à história clínica é importante que consigamos o maior número de

informação possível, pois existem vários problemas de saúde que condicionam o

desenvolvimento a nível da linguagem da criança (Andrade, 2008).

Após o nascimento, a criança encontra-se sujeita a uma série de situações de saúde

que poderão perturbar o seu desenvolvimento normal e consequentemente da

linguagem: doenças que podem causar lesões nos sistemas sensoriais, por exemplo

na audição (como as otites e outras viroses) e visão, no desenvolvimento motor e das

estruturas anatómicas (por exemplo no caso de patologias como a fenda palatina) e no

desenvolvimento neurológico (em situações de epilepsia ou doenças do degenerativas

do Sistema Nervoso Central) (Andrade, 2008).

A criança já foi acompanhada por outros profissionais de saúde?

É importante saber se a criança foi ou é atualmente acompanhada por algum

profissional de saúde que nos possa fornecer mais informações sobre o seu estado

clinico, para uma melhor avaliação. Assim como também é importante, caso seja

relevante para a nossa avaliação, a cedência dos respetivos relatórios clínicos.

Assinalar todas as doenças que a criança apresenta/apresentou

A criança, neste momento, apresenta algum problema?

Problemas auditivos/visuais?

Já fez algum exame auditivo/visual?

Em relação a alguns problemas que a criança possa apresentar, é importante

(e não pode faltar na anamnese) questionarmos problemas a nível da respiração, a

nível neurológico, auditivo e visual. Exemplos de problemas que podem comprometer

o normal desenvolvimento da linguagem passam pelas otites (audição) que podem

originar, quando mais graves, perdas auditivas flutuantes, doenças ou acidentes que

possam afetar a parte motora e as estruturas anatómicas, como as fendas palatinas e

o lábio leporino, interferências no sistema neurológico que alterem a capacidade da

fala, entre outros.

A visão e audição são os órgãos sensoriais de excelência para a aquisição e

desenvolvimentos da linguagem. É através do contacto ocular que se estabelecem as

primeiras interações e a maior parte da nossa aprendizagem. É ouvindo que nós

construímos o mundo dos sons que é a base da linguagem oral e escrita. É ouvindo os

outros que aprendemos a falar. (Sim-Sim, 1998)

Page 12: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

12 Anamnese e respetivas justificações teóricas

É devido a estes factos que existe uma grande importância em verificar a

audição e visão da criança, perguntando se esta já realizou algum tipo de rastreio, que

pode revelar dados sobre a existência de anomalia/comprometimentos destes aspetos

que podem afetar a aquisição/desenvolvimento da linguagem e/ou produção da fala.

Intervenções cirúrgicas e internamentos

Já tomou ou toma algum tipo de medicamentos? Qual a medicação e

motivo?

Tem as vacinas em dia?

Sabe-se que a hospitalização prolongada devido a cirurgias ou outros

problemas de saúde podem condicionar o desenvolvimento da linguagem, devido a

uma fraca estimulação linguística nesses períodos. Por isso é importante saber se a

criança já passou por esta situação e durante quanto tempo.

Outro problema tem a ver com os internamentos nos primeiros anos de vida

que vão implicar um corte ao nível da vinculação entre o bebé e a mãe, que

posteriormente poderá resultar em problemas ao nível da comunicação ou

integração/interação social. (Rappaport et all. 1981)

Devemos ter ainda em conta se a criança toma algum tipo de medicamentos, quais os

seus efeitos no seu desenvolvimento ou mesmo durante possíveis sessões

terapêuticas (no caso de ansiolíticos ou medicamentos para atenção e hiperatividade,

que condicionem a participação da criança nas atividades). É também pertinente a

questão da vacinação, pois esta é importante na medida em que protege a criança

contra o desenvolvimento de doenças infeciosas que podem alterar o desenvolvimento

normal.

VI - Desenvolvimento Psicomotor e sono

Desenvolvimento psicomotor

O desenvolvimento psicomotor é um conjunto de processos contínuos, sendo

que significa o desenvolvimento da capacidade motora, que é um aspeto claramente

evidente da evolução da criança nas diferentes etapas e que influencia a evolução

progressiva da organização mental, da inteligência, da capacidade de comunicar, da

socialização, da afetividade e de toda a aprendizagem a que uma criança é sujeita.

Existem várias etapas de aquisição de habilidades motoras ao longo da vida e

consequentemente a aquisição de padrões fundamentais de movimento, tornando-se

de vital importância para o desenvolvimento da criança.

Page 13: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

13 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Visto que o desenvolvimento dos padrões fundamentais segue uma sequência

de estágios, representando níveis graduais de proficiência e de controlo motor, esses

padrões constituem a primeira forma de ação voluntária no controlo de movimento e

podem ser definidos como o conjunto de características básicas (Roberton, 1977).

O normal desenvolvimento psicomotor define-se pelas várias fases de idade

em que se fazem as inúmeras aquisições e pela conformidade qualitativa dessas

aquisições. Depende da maturação do Sistema Nervoso Central que permite

conseguir obter uma completa coordenação neuromuscular e o desenvolvimento das

competências ocorrem no sentido céfalo-caudal.

É por isso muito importante que existam questões na anamnese relacionadas

com a psicomotricidade e que questionem a mesma, pois o estudo da evolução

motora da criança permite avaliar a sua normalidade (ou não) quando comparado com

o normal padrão de desenvolvimento, já que é a partir do momento em que a criança

mostra os primeiros reflexos que se pode formular uma avaliação ao nível da

motricidade que permita comparar com o padrão normal de desenvolvimento. No

entanto, é importante referir que apesar da maior parte das crianças passarem por

todas as etapas (uma criança pode passar do rolar ao andar com apoio sem passar

pelo gatinhar) seguindo uma ordem sequencial, já que por exemplo uma criança não

pode comer sopa sozinha sem que antes tenha adquirido a capacidade de conseguir

pegar numa colher, cada criança tem o seu ritmo de desenvolvimento e de aquisição e

desde que não se afaste do desvio padrão, não há motivo para alerta.

Por volta de que idade é que a criança adquiriu certos comportamentos?

Perguntas que interroguem em que idades a criança adquiriu certos

comportamentos são cruciais para que se consiga comparar com o normal padrão de

desenvolvimento e se observe se há, ou não, atraso no desenvolvimento psicomotor.

Quando apareceu o primeiro sorriso?

Por isso, são importantes perguntas como “Quando apareceu o primeiro sorriso?”.

De acordo com Inês Sim-sim (1998), com oito semanas de idade o bebé já possui

algum controlo dos músculos da face sendo possível registar sorrisos que

representam um passo significativo no processo interativo e com a manifestação do

palreio aparece o inicio de “pegar a vez” o que mostra que a criança interage, sendo

isto uma regra da comunicação, que sendo evidente a partir das oito semanas de

idade é um ponto positivo, uma vez que o primeiro sorriso é um dos primeiros sinais

de comunicação.

Page 14: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

14 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Quando surgiram os primeiros dentes? E a dentição completa? Utilizou

aparelho corretor dentário?

“Quando surgiram os primeiros dentes? E a dentição completa? Utilizou aparelho

corretor dentário?”. As alterações dentárias estão muitas vezes associadas a

perturbações da fala. Por isso, é importante conhecer a história da criança no que se

refere a dentes, sendo que os primeiros surgem normalmente por volta do oitavo e

nono mês de vida da criança. Caso tal não suceda, deve tentar perceber-se o porquê,

não esquecendo as diferenças individuais de desenvolvimento entre os indivíduos. Em

relação ao aparelho corretor dentário é importante perceber o porquê do seu uso, a

duração e há quanto tempo ocorreu essa utilização. Desta forma ficam a conhecer-se

as alterações existentes no passado, podendo-se relacioná-las com outros fatores. Há

ainda evidências de que o uso de aparelho requer adaptação tanto ao nível da fala

como da alimentação e é pertinente questionar se essa adaptação foi bem-sucedida

ou não.

Quando começou a segurar a cabeça? Quando começou a rolar? Quando

começou a gatinhar? Quando se manteve numa posição sentada?

Quando começou a agarrar e manipular objetos? Quando começou a

andar com apoio e sem apoio?

“Quando começou a segurar a cabeça?” - Em conformidade com o normal

desenvolvimento o controlo da cabeça ocorre por volta dos três a quatro meses de

idade; “Quando começou a rolar? Quando começou a gatinhar?” – habitualmente, as

crianças começam a rolar antes de gatinhar e começam a gatinhar por volta dos dez

meses, se bem que não têm necessariamente que passar pela etapa de gatinhar;

“Quando se manteve numa posição sentada?” - Por volta dos seis meses de idade já

se observa; “Quando começou a agarrar e manipular objetos?” - Ocorre por volta dos

quatro meses e normalmente aos onze meses de idade a criança dá os primeiros

passos com apoio e aos doze meses começa a dar os primeiros passos sem apoio/

começa a andar sozinha.

A criança apresenta movimentos anormais?

Em relação à pergunta “A criança apresenta movimentos anormais?” como por

exemplo tiques e/ou balanceamento é considerado um motivo de preocupação e, por

isso, tem que se descobrir a origem de tal para ajudar na resolução do problema.

Quanto aos movimentos anormais os mesmos também podem ser originados devido

ao baixo tónus que os músculos apresentam o que consequentemente poderá criar

Page 15: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

15 Anamnese e respetivas justificações teóricas

restrições motoras que irão afetar o desenvolvimento da linguagem, ou podem ser

sinais de algumas patologias, como por exemplo síndrome da la Tourette.

Verificaram algum(ns) problema(s) relacionados com a motricidade da

criança?

A pergunta “Verificaram algum(ns) problema(s) relacionados com a motricidade da

criança?” é importante que seja feita, pois dá informação ao terapeuta da fala de que

se os responsáveis pela criança estão atentos à criança e à sua psicomotricidade e se

consideram que existe algum motivo para alarme.

A criança controla os seus esfíncteres: anal, vesical, noturno e diurno?

Por fim, no que diz respeito ao controlo dos esfíncteres é importante que a criança

desde cedo tenha noção que deve preocupar-se com a sua higiene e manter-se limpa,

tendo para tal que aprender a controlar os seus esfíncteres. Ao adquirir esta

capacidade vai influenciar vários níveis e sectores da criança, que segundo Freud irá

ter repercussões na futura personalidade da mesma. É importante que por volta dos

dois anos de idade a criança já comece a ser capaz de controlar os seus esfíncteres

de forma consciente e voluntária pelo menos durante o dia e progressivamente

durante a noite, para que quando chegue à idade escolar já tenha estas capacidades

adquiridas e seja capaz de cuidar da sua própria higiene, por forma a sentir-se

valorizada, autónoma e autossuficiente o que vai influenciar grandemente o seu setor

emocional e a sua autoestima. Por outo lado, o não controlo dos esfíncteres em idades

avançadas também pode estar relacionado com traumas emocionais, o que será

relevante questionar pois trata-se de um marco do desenvolvimento que, não

acontecendo quando esperado, pode indiciar algum problema do foro fisiológico.

Sono

O tópico «sono» é fundamental integrar uma anamnese, pois ao estudar-se o

modo como o sono interfere na maneira de ser e vida da criança poder-se-á

compreender e obter justificações para certos comportamentos por parte da criança, já

que não interessa apenas o número de horas de sono de uma criança mas também a

forma como o sono decorre.

Atualmente com que é que a criança dorme?

Questionar com quem é que a criança atualmente dorme é importante, pois

apesar de uma criança ao nascer ser normal dormir na mesma divisão que os

progenitores, ou os seus responsáveis, para que as suas necessidades básicas sejam

mais eficaz e rapidamente satisfeitas, é essencial que à medida que a mesma cresce

Page 16: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

16 Anamnese e respetivas justificações teóricas

passe a dormir noutro espaço afastada dos pais ou dos seus responsáveis para que

comece a ganhar um pouco de independência e maturidade psico-emocional.

Qual a hora habitual de deitar? Qual a hora habitual de levantar?

No que concerne às questões “Hora habitual de deitar” e “ Hora habitual de

levantar” são pertinentes uma vez que permitem ao terapeuta da fala saber quais os

horários familiares, para que consiga entender a organização familiar e a aptidão para

porem a criança a dormir às horas estipuladas. Ao ter a informação sobre as horas

que normalmente a criança se deita e a que horas a mesma acorda a terapeuta

consegue fazer uma estimativa do número de horas que a criança dorme e comparar

com o número de horas que é suposto uma criança de determinada idade dormir, e

verificar se efetivamente são as horas necessárias para que a criança consiga atingir

um bom desempenho e desenvolvimento intelectual. É importante referir que é

fundamental que uma criança tenha horários para dormir e acordar para que a mesma

tenha um bom desenvolvimento psicológico e simultaneamente para criar rotinas.

A criança tem comportamentos relacionados com o deitar?

Em relação às questões referentes aos comportamentos relacionados com o

deitar, como por exemplo: “Necessita de companhia”, “Tem medo do escuro” são

questões fundamentais que a terapeuta deve fazer, já que esta problemática pode

levar a perturbações ao nível comportamental e psicológico.

A criança tem comportamentos relacionados com o sono?

Questões respeitantes a “Comportamentos relacionados com o sono” são

cruciais existirem numa anamnese, já que é a partir delas que o terapeuta da fala

consegue avaliar vários fatores.

Qual o tipo de sono da criança? A criança é sonâmbula? A criança tem

pesadelos?

“Qual o tipo de sono? Sono agitado ou sono tranquilo?”, Na medida em que o

tipo de sono de uma criança vai influenciar o quotidiano da mesma, pois se uma

criança tiver normalmente um sono agitado vai sentir-se cansada durante o dia o que

vai ter repercussões; já uma criança que tenha um tipo de sono calmo, durante a noite

vai conseguir recuperar as energias, dando-lhe mais força para enfrentar as tarefas do

dia-a-dia. É igualmente importante numa anamnese constarem perguntas

relativamente ao sonambulismo e se a criança tem pesadelos, pois a partir das

respostas consegue-se também identificar o tipo de sono e se a criança dispõe das

condições necessárias para um bom desenvolvimento intelectual.

Page 17: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

17 Anamnese e respetivas justificações teóricas

A criança acorda durante a noite?

Relativamente à pergunta se a criança “Acorda durante a noite?”, se a resposta

for positiva primeiramente deve-se tentar descobrir o motivo já que possivelmente a

criança pode apresentar ansiedade fruto de alguma mudança na sua vida. Se uma

criança não tiver um sono repousante, será muito provável que fique agitada e irá

mostrar comportamentos menos adequados derivados do sono e a nível de

desempenho terá dificuldades de concentração e atenção nas tarefas propostas

relacionadas como por exemplo com a aprendizagem.

A criança ressona durante o sono? A criança dorme de boca aberta? A

criança baba-se na almofada durante o sono?

É de igual importância questionar se a criança ressona, se dorme de boca

aberta e se durante a noite baba-se na almofada, já que estas respostas remetem

para o tipo de respiração da criança durante o sono (se é nasal, ou oral), e isso é um

fator importante que um terapeuta da fala tem que saber e ter em conta. Se a criança

apresentar algum destes pontos, isso poderá significar que o seu tipo de respiração é

oral. Apesar do tipo de respiração variar de criança para criança, o mais indicado é a

respiração nasal, na medida em que o tipo de respiração influencia as estruturas

orofaciais e, se o tipo de respiração for oral a criança poderá ficar com alterações

orofaciais, sendo por isso importante arranjar estratégias que ajudem a criança a ter

uma respiração em grande parte nasal.

A criança tem comportamentos relacionados com o acordar?

Finalizando, “Comportamentos relacionados com o acordar. Dificuldades em

acordar? Não se quer levantar?” são perguntas importantes uma vez que as respostas

dadas pelo informador permitem ao terapeuta da fala entender melhor se o sono da

criança é agitado ou tranquilo, pois se for agitado a criança irá sentir-se cansada e vai

ter dificuldades em acordar, ou se existem horários estabelecidos pelos pais para a

hora de deitar e se os mesmos de acordo com o horário habitual de levantar, perfazem

um número de horas suficientes de sono.

VIII - Alimentação e hábitos orais

A alimentação da criança, em particular nos primeiros anos de vida, é um dos

grandes motores do seu crescimento e desenvolvimento. Não só de um ponto de vista

físico, mas também emocional e psicológico, a alimentação é fundamental em vários

processos naturais do desenvolvimento.

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18 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Assim, o terapeuta da fala deverá inquirir os pais sobre os padrões alimentares

da criança, desde a nascença até à atualidade, a fim de compreender melhor a

etiologia ou fatores que possam contribuir para alterações da linguagem e/ou da fala.

No que se refere aos hábitos orais, como a utilização da chupeta, o terapeuta

da fala deverá estar particularmente atento, pois também estes poderão estar na

origem ou contribuir para alterações, nomeadamente ao nível da fala.

Abaixo se justificam algumas questões relativas a alimentação e hábitos orais

que consideramos pertinentes colocar aos pais em situação de anamnese.

Mamou? Se sim, até que idade? Se não, porquê?

O aleitamento materno é de extrema importância. Segundo Valdés (1996), o bebé

tem a sua boca perfeitamente adaptada para mamar, funcional e anatomicamente, e o

processo de amamentação estimula as várias estruturas orais, promovendo o seu

desenvolvimento.

Além da sua relação com laços afetivos e comportamentos de vinculação, mamar

parece contribuir para o desenvolvimento craniofacial e das estruturas orais, evitando

problemas de oclusão e articulatórios, uma vez que despromove o uso da chucha e

biberão (que abordaremos mais à frente) como constatam Araújo, Silva e Coutinho

(2009).

Mas os benefícios do aleitamento materno vão além da estimulação física das

estruturas. Como sugerem Levy e Bértolo (2008), o leite materno parece ter um efeito

preventivo sobre as infeções gastrointestinais, respiratórias e urinárias e um efeito

protetor sobre as alergias. Assim, se conclui que as propriedades do leite materno

trazem benefício à saúde do bebé, evitando doenças que, quando experimentadas por

um longo período de tempo, podem afetar o desenvolvimento do mesmo.

Apesar de todos estes benefícios, e, novamente, de acordo com Levy e Bértolo

(2008), metade das mães que iniciam o aleitamento materno desiste de dar de mamar

durante o primeiro mês de vida do bebé, o que se entende como desmame precoce.

Marchesan (1998) defende que a amamentação deve ser mantida pelo menos até o

sexto mês de vida da criança. Assim, se justifica questionar até que idade mamou a

mesma.

Do mesmo modo, é de extrema importância perceber os motivos que levaram a

criança a não mamar (que poderão estar relacionados, por exemplo, com dificuldades

de sucção). Tal questão poderá introduzir dados importantes sobre a saúde ou

ambiente da criança, ambos importantes no desenvolvimento da linguagem.

Utilizou biberão até que idade? Utilizou chucha? Até que idade?

Page 19: Anamnese e Just Final

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19 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Com que idade começou a comer sozinho? Qual foi a reação da mãe em

relação à alimentação da criança? Teve alguma dificuldade na

alimentação?

A utilização do biberão e da chucha produzem efeitos semelhantes. Ambos são

concebidos de forma a simular o bico da mama, no entanto, há diferenças

significativas, o que confunde a criança. Esclareça-se que existem diversos tipos de

chuchas, uns mais e outros menos adequados.

Segundo Marchesan (1998), o biberão é responsável pela diminuição da ação

mandibular e alterações de sucção, o que poderá causar alterações no palato,

tornando-o ogival. Estas alterações podem estar na origem de dificuldades

articulatórias. O mesmo acontece com a chucha.

De acordo com Araújo, Silva e Coutinho (2009), tanto o biberão como a chucha

podem causar alterações no fechamento labial, hipotonia dos órgãos fono-

articulatórios e instalação de respiração oral. Referem ainda alterações nas arcadas

dentárias com má oclusão das mesmas. Estas alterações têm repercussões ao nível

da fala numa fase posterior, e por esse motivo o terapeuta da fala deverá interrogar os

pais acerca da utilização do biberão e da chucha.

A literatura disponível mostra-nos que existem alguns fatores que influenciam o

uso da chucha, tais como: as questões socioculturais, a insegurança da mãe em

amamentar, bem como as dificuldades e problemas na amamentação (Mascarenhas,

1999). Assim é pertinente questionar sobre a reação da mãe em relação à alimentação

da criança e dificuldades alimentares, sendo que a última pode ainda acrescentar

informação importante.

Guinsburg (1999) apresenta-nos no entanto alguns benefícios do uso da chucha,

tais como a inibição da hiperatividade e o controlo do desconforto do bebé. Os

movimentos de sucção representam assim uma forma de acalmar a criança, e por

isso, os pais e adultos permitem muitas vezes a utilização da chucha. Outros autores

defendem que a chucha e o biberão estimulam a musculatura, o que pode ser

benéfico.

A chucha e o biberão não são assim vilões indesejados, porém quando utilizados

em excesso e num período longo de tempo, podem ser prejudiciais à criança. Assim, é

opinião de vários autores que a chucha não deve ser utilizada depois dos 2-3 anos e

que o biberão deve ser utilizado só se a mãe não puder amamentar e no máximo até

ao aparecimento dos primeiros dentes (8º-9º mês de vida). Assim, é pertinente

perguntar aos pais a partir de que idade a criança começou a comer sozinha, a fim de

perceber se o biberão se manteve apesar de já não ser necessário (e também para

aferir acerca da autonomia da mesma).

Page 20: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

20 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Quando é que iniciou alimentação pastosa? Quando é que iniciou a

alimentação sólida? A criança foi alimentada por sonda?

Interessa ao Terapeuta da fala perceber quando foi introduzida a alimentação

pastosa e sólida já que “o bebé precisa experimentar consistência e texturas diferentes

que estimulem a proprioceção oral” (Gonzaléz e Lopes, 2000). Assim, fica clara a

importância de experiencias alimentares diferentes, que promovem o desenvolvimento

das estruturas orofaciais. Tome-se por exemplo as crianças com fendas palatinas, que

têm frequentemente falta de experiências orais e problemas alimentares. Estas

crianças podem apresentar dificuldades de utilização do aparelho oral que embora não

limitem o desenvolvimento da linguagem, podem ser importantes para questões de

fala.

Assim, se justifica questionar sobre a alimentação por via de sonda, a fim de

perceber se a criança teve ou não oportunidade de experimentar os alimentos e

estimular os órgãos fonoarticulatórios, como a língua, o palato e outros.

A alimentação sólida pressupõe mastigação, da qual falaremos à frente, mas

desde já se adianta que pode esta ser de extrema importância para o terapeuta da

fala.

A criança tem sensibilidade a algum alimento? Qual a comida preferida?

É importante perceber se existe sensibilidade a algum alimento. Esta informação

pode ser útil ao terapeuta da fala por dois motivos:

a. A criança pode ser sensível a algum alimento particularmente importante no

desenvolvimento das estruturas orofaciais. Tome-se por exemplo as crianças

com fenilcetonuria, que são extremamente sensíveis a qualquer tipo de

proteína e cuja alimentação está por esse motivo profundamente restringida,

não podendo assim experimentar algumas texturas e consistências

alimentares, o que como se viu anteriormente pode resultar em alterações

estruturais.

b. No caso de o terapeuta da fala ter de trabalhar com a criança a deglutição,

deverá ter em conta os alimentos aos quais a criança é sensível ou intolerante.

Do mesmo modo, saber qual a comida preferida da criança tem aplicabilidade já

que constituirá uma estratégia a utilizar, se houver necessidade de intervenção ao

nível da deglutição. Além disso, essa informação, quando cruzada com outras poderá

ajudar o terapeuta a perceber o padrão alimentar da criança ou problemas existentes.

Presentemente, a criança tem horas para comer?

Perceber se a criança tem ou não horas para comer, é importante no sentido em

Page 21: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

21 Anamnese e respetivas justificações teóricas

que avança informação sobre as rotinas e ambiente da criança. A inexistência de

rotinas é muitas vezes responsável por padrões alimentares inadequados.

Como é a mastigação da criança? Lenta/rápida? Unilateral/bilateral?

A mastigação é importante não só na fragmentação do alimento em partículas

menores, mas também no desenvolvimento dos maxilares, músculos e articulação

temporomandibular (ATM), bem como na manutenção das arcadas dentárias e

respetiva oclusão (Molina, 1989).

Tanigute (1998) descreve o desenvolvimento da mastigação em 3 fases distintas,

evidenciando a importância das diferentes estruturas na mesma:

a. Movimentos verticais, a língua amassa o alimento contra o palato;

b. Iniciam-se os movimentos laterais e a língua começa a lateralizar o alimento;

c. A mandíbula já realiza movimentos rotatórios, a mastigação é geralmente

bilateral e efetiva. (a partir de 1 ano de idade)

Os autores Padovan (1976), Wertzner (1990), Haruki, Kanomi, Morita, Kawabata

(1995) e Almeida & Chakmati (1996) defendem que «o tónus muscular, a precisão e a

coordenação dos movimentos dos órgãos fono articulatórios necessários para uma

boa fala, são desenvolvidos a partir da maturação das funções vitais de sucção,

mastigação, deglutição e respiração» (Diniz, 1999), mostrando assim a relação entre

mastigação e fala.

Sendo ponto assente que a mastigação está diretamente relacionada com o

desenvolvimento das estruturas orofaciais e fala, é importante que o terapeuta da fala

perceba o padrão mastigatório da criança, podendo este distinguir-se em

rápido/lento/normal e unilateral/bilateral.

O ritmo de mastigação, quando não normal, poderá evidenciar alguma dificuldade

ou esforço da ATM e outras estruturas.

Quanto a ser uni ou bilateral, a grande maioria dos autores considera que o padrão

ideal é do tipo bilateral alternado, pois proporciona um estímulo harmónico às várias

estruturas e confere eficiência à mastigação.

Algumas crianças poderão apresentar uma mastigação unilateral, com mais ciclos

mastigatórios de um dos lados (direito ou esquerdo), o que poderá causar

desarmonias musculares e dentárias e assimetrias faciais, que posteriormente podem

causar dificuldades de fala ou deglutição. As causas mais citadas para este tipo de

mastigação são: problemas dentários, periodontais, disfunção da ATM e dietas com

base em alimentos pastosos. Assim, o terapeuta da fala também deverá tentar

perceber o que está na origem do problema.

Page 22: Anamnese e Just Final

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22 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Dificuldades na deglutição do bolo alimentar? Engasgos frequentes ou

vómitos?

De acordo com vários autores, a deglutição é dividida em 3 fases: oral, faríngea e

esofágica. Se em alguma dessas fases o processo não ocorrer de acordo com a

normalidade, poderão existir engasgos ou vómitos. É conveniente lembrar que as

estruturas anatómicas das crianças são diferentes das dos adultos e que muitas delas

ainda não estão plenamente desenvolvidas, no entanto as dificuldades de deglutição

podem indiciar alterações anatómicas ou fisiológicas na criança (Brazelton, 1992).

Marchesan (1999) destaca ainda a importância do sistema neurológico no controlo

das várias estruturas associadas à deglutição.

Por estes motivos, o terapeuta da fala deverá tentar compreender como se

processa a deglutição na criança, a fim de perceber potenciais alterações anatómicas

ou fisiológicas, ou ainda neurológicas.

Rói as unhas? Range os dentes? Faz sucção digital, labial ou lingual?

Morde objetos? Briquismo?

Alguns hábitos orais são potencialmente perigosos. A onicofagia, chuchar na

língua, na bochecha, no lábio, no dedo ou em outros objetos, pode interferir no

desenvolvimento da criança (Andrade, 2012).

Como constata Andrade (2012) no seu estudo, as crianças com hábitos orais como

os descritos, e também utilização de chucha e biberão já atrás referidos, apresentam

mais frequentemente perturbações da linguagem, em particular ao nível da fala.

Em geral, as crianças abandonam a necessidade de sucção por volta dos 3 anos,

porém o hábito (especialmente se prolongado, frequente e após os 4 anos) de sucção

digital, lingual ou labial e até mesmo de objetos pode levar a alterações mandibulares,

alterações dentárias e má oclusão dental, hipotonicidade da musculatura labial

superior, alterações do palato, má posição da língua e respiração oral (Moresca e

Feres, 1994).

São problemas associados à onicofagia as disfunções da ATM e da arcada

dentária, bem como infeções.

O bruxismo e o briquismo também estão referenciados como potenciadores de

alterações estruturais por tensões musculares inadequadas.

Assim, torna-se importante perceber se a criança tem algum dos hábitos descritos,

que possam ter relação com a sua perturbação ou alteração.

Como é o encerramento da labial da criança? Unilateral? Bilateral? Não

faz?

Page 23: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

23 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Perceber como é o encerramento labial da criança pode ser de muito interesse, já

que é sabido que o normal é que os lábios cerrem totalmente. Se a criança apresenta

um fechamento unilateral dos lábios, poderemos pensar que existe uma alteração das

estruturas orofaciais, nomeadamente hipotonicidade de um dos lados, o que como

vimos anteriormente poderá ser resultado de uma mastigação unilateral.

Caso a criança não faça fechamento labial ou tenha muitas dificuldades em fazê-

lo, poderemos estar perante um caso de alteração mandibular, como por exemplo

classe III de Angle com má oclusão dentária, ou de respiração oral, que deve ser

considerada com especial atenção.

Segundo Marchesan (1994) a respiração oral, pode provocar alterações

morfológicas na região dentofacial e consequentemente alterações da mordida, como

resultado de tensões musculares inadequadas sobre as estruturas craniofaciais. Ainda

segundo a autora, a respiração oral interfere com a postura da língua em ação e em

repouso, tornando-a inadequada. Quando respiramos pelo nariz, o crescimento e

desenvolvimento facial é estimulado pela ação da musculatura. Se, pelo contrário,

somos respiradores orais, essa estimulação ocorre de modo inadequado, o que pode

gerar desarmonias nas estruturas. (Fayyat, 1999). As probabilidades de existirem

distúrbios miofuncionais são mais elevadas no caso dos respiradores orais. Além

disso, há evidencias de que a respiração oral promove uma inadequada oxigenação, o

que pode justificar défices de atenção e de memória, que comprometem a

aprendizagem.

Salienta-se ainda a importância do encerramento labial durante a mastigação (e

não só em repouso). Se a criança não cerra os lábios durante esse processo, poderá

existir algum constrangimento das estruturas.

IX – Desenvolvimento da linguagem

A aquisição e o desenvolvimento da linguagem são de extrema importância e

devem ser questionados em anamnese. Estes processos evolutivos seguem padrões

universais e são sequenciados em etapas que constituem períodos cruciais. A partir

das respostas recolhidas na anamnese, pode obter-se informação relevante que

explique ou corrobore as dificuldades presentes. Assim, há uma série de questões que

devem ser colocadas aos pais e que se justificam abaixo.

O bebé reagia a estímulos sonoros? Como reagia o bebé quando a mãe

ou outros deixavam de falar?

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24 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Ao questionar os pais ou os prestadores de cuidados da criança acerca da sua

resposta aos estímulos sonoros enquanto bebé, é possível compreender vários

aspetos. Desde muito cedo as crianças reagem aos sons. Além disso, é esperado que

a partir dos 3 meses as crianças dirijam o olhar para a fonte sonora e que a partir dos

seis meses percebam diferentes entoações. Uma criança que não reage a um ruído

alto ou que não procura a fonte sonora, por exemplo, poderá ter algum problema de

audição ou patologia como o autismo, que afetará posteriormente a aquisição e o

desenvolvimento da linguagem.

Do mesmo modo é natural que ao deixar de ouvir a mãe ou outras pessoas, a

criança procure a interação. Por esse motivo, pode ser relevante questionar acerca da

reação do bebé ao silêncio. Salienta-se ainda que desde muito cedo, a criança é

capaz de percecionar os vários sons do seu meio ambiente, de reconhecer padrões

sonoros e de distinguir a voz humana (em particular das pessoas mais familiares) dos

demais sons, o que é um fator determinante do desenvolvimento fonológico.

Palrou? Pegava a vez? Verificaram-se comportamentos de imitação e

atenção conjunta? Verificou-se lalação? Quando surgiram as primeiras

palavras e quais foram? Em que idades se verificaram as etapas

referidas?

De acordo com Sim-Sim (1998), o desenvolvimento da produção de sons divide-se

em quatro etapas: o choro, o palreio e riso, a lalação e por fim, a utilização de silabas

não reduplicadas e cadeias prosódicas. Assim, o terapeuta da fala deverá procurar

compreender como ocorreram estas etapas na criança em questão.

De acordo com a autora anteriormente referida, o bebé com oito semanas de idade

já palra, produzindo cadeias de sons vocálicos e sons consonânticos, essencialmente

[k] e [g]. Também o riso surge por volta desta idade. Por volta das doze semanas,

surge então a «tomada de turno», que constitui uma regra básica da interação

comunicativa (pragmática) e que se manifesta através do palreio. A «tomada de vez»

é ainda considerada uma base cognitiva para o desenvolvimento da linguagem, pelo

que o terapeuta da fala deverá procurar compreender se a criança tinha esse tipo de

comportamento. O mesmo é válido para os comportamentos de imitação e de atenção

conjunta. Segundo Aimard (citado por Célia, 2003), a partir dos 2 meses, a criança é

capaz de fixar o rosto do adulto, perceber os movimentos faciais e imitar as suas

produções.

A lalação é a etapa seguinte, prolongando-se até aos nove/dez meses e

carateriza-se pela reduplicação de silabas, da qual resultam estruturas do tipo

consoante/vogal repetidas em cadeia.

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

25 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Numa última etapa, a criança deixa de reduplicar as silabas, utilizando

monossílabos e protopalavras, que evoluem depois para palavras. As primeiras

palavras produzidas intencionalmente, com significado e de acordo com a convenção

surgem por volta dos doze meses. Assim, é importantes questionar os pais sobre cada

etapa do desenvolvimento da criança, a fim de perceber possíveis alterações. No caso

das primeiras palavras é relevante questionar quais foram, pois muitas vezes os pais

associam-nas à fase de lalação. De acordo com Costa e Santos (2003), existem

alguns critérios que devem ser tidos em conta para compreender se os sons que os

bebés produzem correspondem de facto a palavras. Assim, tem de existir coerência no

uso da palavra, os sons usados para a mesma devem ser de alguma forma

semelhantes à palavra, a produção deve ser espontânea e não resultado de uma

imitação e a palavra deverá ser utilizada para referir diferentes objetos do mesmo tipo,

não existindo subgeneralizações.

Fazia pedidos? A partir de que idade os começou a fazer? Como os fazia?

Fazia perguntas? Com que idade?

As crianças têm diversas formas de formular pedidos – os gestos e a oralidade são

um exemplo. A utilização de uma forma em detrimento da outra dependerá

normalmente da idade da criança e da sua capacidade para se expressar de forma

verbal ou não. De acordo com Sim-Sim (1998), o bebé antes dos 10-15 meses, dirige

a atenção ao objeto que deseja, abre e fecha as mãos e produz sons com um padrão

de entoação característico. Mais tarde, alterna o olhar entre o objeto desejado e o

adulto e produz um som insistente e prolongado, que se acompanha de gestos.

Quando a criança já conhece o nome do objeto, passa a usá-lo. Com o avançar dos

meses, será capaz de pedir não só objetos, mas também informações e clarificações.

Assim, é importante perceber de que forma a criança fazia pedidos e a partir de

que idade os começou a fazer. No caso de a criança utilizar constantemente a

linguagem não-verbal para se comunicar, em particular em idade superior a 3 anos, tal

facto poderá indiciar algum problema no desenvolvimento da linguagem, que deverá

ser explorado. Se por outro lado, a criança não faz qualquer pedido, poderá não existir

intenção de se comunicar, o que pode associar-se a algumas patologias.

É igualmente pertinente questionar os pais se a criança fazia perguntas e a partir

de que idade as começou a fazer. De acordo com Célia (2003), as crianças utilizam

frases interrogativas a partir dos 3 anos, formulando questões frequentemente. É

natural que as crianças as façam e isso revela o seu interesse em conhecer o mundo

e ampliar os seus conhecimentos. Uma atitude apática em relação ao meio deve ser

pesquisada.

Page 26: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

26 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Como é que comunicam com a criança? A criança compreende o que lhe

dizem? Quando não compreende, o que faz (pede esclarecimentos,

ignora...)?

De acordo com vários autores, nomeadamente Costa e Santos (2003), os adultos

têm uma forma característica de falar quando se comunicam com as crianças. Tendem

a usar um tom mais alto, recorrem a frases simples, utilizam muitas vezes a terceira

pessoa do singular, repetem palavras e frases constantemente, referem mais

situações do agora do que outros contextos e têm uma entoação «abebezada». De

acordo com Burnham et all (citado por Blackmore e Frith, 2009), as mães utilizam um

tom mais agudo ao dirigir-se a crianças e animais de estimação do que quando se

dirigem a adultos e prolongam as vogais ao dirigir-se a crianças. De acordo com

Menyuk (citado por Costa e Santos, 2003) não existem estudos sobre a função desta

forma de falar no desenvolvimento linguístico das crianças.

A abordagem da forma de comunicação entre os adultos e a criança é importante

no sentido em que o «maternalês» pode ser considerado um input linguístico

degradado que, se mantido por demasiado tempo, pode constituir dano. Por outro

lado, existem pais cujos esforços para se comunicar com a criança são mínimos, não

respondendo à mesma para que ela compreenda o que lhe é dito. Existem ainda

formas de comunicação alternativas, como a língua gestual, que devem ser

pesquisadas. Assim, torna-se também pertinente questionar se a criança compreende

o que lhe é dito, o que nos pode elucidar tanto sobre os pais como sobre a criança. A

grande maioria dos pais tenderá a responder que a criança tem total compreensão do

que ouve, o que muitas vezes não se verifica, pelo que a análise da resposta deverá

ser cautelosa. Alguns pais entendem que a criança não compreende o que lhe dizem e

nesse caso deverá tentar perceber-se o porquê e qual a reação da criança a essa

situação.

Como é que a criança comunica no seu dia-a-dia? Utiliza gestos, palavras

isoladas, frases simples, frases complexas, outras? Número de palavras

que a criança produz e número de palavras por frase?

É fundamental perceber como é que a criança comunica, tendo em conta os

padrões de normalidade. A partir dos doze meses a criança deverá começar a utilizar

palavras. É certo que existem diferenças temporais nas aquisições dos indivíduos,

porém existem marcos que quando não atingidos até determinada idade são motivo de

alerta.

De acordo com Sim-Sim, Silva e Nunes (2008), o desenvolvimento sintático e o

desenvolvimento lexical estão relacionados e as primeiras produções das crianças são

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

27 Anamnese e respetivas justificações teóricas

holofrásicas, existindo somente uma palavra por frase. Entre os quinze meses e os

dois anos de idade é esperado que o discurso da criança seja telegráfico, no qual se

verifica uma ordem sequencial de 2 a 4 palavras na frase, embora ainda não sejam

utilizados artigos, preposições e verbos auxiliares. A partir dos dois anos, o número de

palavras por frase aumenta e as regras sintáticas e morfológicas são usadas mais

corretamente, verificando-se primeiro processos de coordenação e depois de

subordinação, assistindo-se assim a produções de frases complexas.

Sendo que o desenvolvimento sintático e o desenvolvimento lexical têm uma

relação estreita, poderá ainda questionar-se qual o número de palavras que a criança

produz, assumindo-se desde já que que a criança conhece mais palavras que as que

expressa e que essa questão não será de fácil resposta para os pais. De acordo com

Owens (citado por Sim-Sim, 1998) é esperado que uma criança produza entre 200 a

300 palavras aos seus dois anos, mais de 1000 aos três e mais de 2600 aos seis

anos.

Se uma criança de 5 anos tem dificuldades em utilizar frases complexas, se

comunica essencialmente por gestos ou tem um léxico muito reduzido, poderemos

estar perante alguma perturbação do desenvolvimento da linguagem. A análise das

respostas obtidas dependerá da idade da criança que atende à consulta de terapia da

fala. Deverão ainda ser exploradas outras formas de comunicação.

O discurso que a criança produz é inteligível? Gaguez? Se sim, a partir de

que idade? As pessoas mais próximas compreendem a criança? E as

pessoas sem relação com a criança? Como reage a criança quando não é

compreendida?

O terapeuta da fala deverá questionar os pais ou prestadores de cuidados da

criança sobre a inteligibilidade do seu discurso. Se o discurso da criança é ininteligível,

poderá existir algum problema de fala ou linguagem que o terapeuta deverá procurar

compreender. Deverá ainda questionar-se se as pessoas mais próximas e se as

pessoas sem relação com a criança compreendem o que a mesma diz, para validação

da resposta obtida anteriormente. É natural que os pais compreendam o que é dito

pela criança, pois têm uma relação estreita e quotidiana com a mesma, porém as

pessoas sem ligação direta poderão ter dificuldades em compreendê-la, o que poderá

significar um discurso ininteligível. Cabe ao terapeuta da fala perceber o que motiva

essa ininteligibilidade. Refere-se que os problemas de articulação verbal estão muitas

vezes na base da ininteligibilidade e que por volta dos 5-6 anos a criança deverá ser

capaz de produzir todos os sons da língua. Também é pertinente compreender qual a

reação da criança quando não é percebida pelos demais e cruzar essa informação

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

28 Anamnese e respetivas justificações teóricas

com outros dados da anamnese para uma análise mais eficaz.

No caso particular da gaguez, o terapeuta da fala deverá abordar os pais sobre a

idade em que esta se tornou percetível. De acordo com Reis (s.d), a gaguez é um

«distúrbio da linguagem em que o individuo repete silabas, faz prolongamentos ou

pausas ao pronunciar as palavras». Ainda de acordo com a autora, existem dois tipos

de gaguez: a gaguez fisiológica e a de desenvolvimento, sendo que só a última é

patológica e merece atenção redobrada por parte do terapeuta da fala. Cerca de 75%

das criança entre os dois e os quatro anos apresentam gaguez fisiológica, explicada

pelo rápido fluxo de pensamentos que não é acompanhado pela produção de fala.

Quais são os parceiros comunicativos da criança? (pais, professora,

colegas, outras crianças…) Consegue manter o tópico de conversa?

O terapeuta da fala deverá procurar saber quem são os parceiros comunicativos

das crianças. Estes poderão ser os seus modelos linguísticos, o que já adianta alguma

informação sobre a linguagem da criança e também sobre as suas interações sociais.

Se o convívio social se restringe a poucos adultos, poderão ocorrer atrasos de

desenvolvimento (Célia, 2003). Os dados obtidos devem ser cruzados com outros para

melhor analise.

No que diz respeito à manutenção do tópico de conversação, este só é mantido se

o individuo possuir conhecimento acerca do mesmo e se tiver confiança e motivação

para o fazer. Se a criança é incapaz de manter o tópico, o terapeuta da fala deverá

procurar perceber o que motiva tal situação, que poderá ser por exemplo falta de

intenção de se comunicar, dificuldades de expressão ou compreensão, baixa

autoestima, vergonha, atrasos no desenvolvimento cognitivo, hiperatividade, entre

outras.

X -Escolaridade e socialização

A escolaridade e a socialização são fatores determinantes do desenvolvimento

da criança, nomeadamente do desenvolvimento da linguagem.

Numa primeira fase, o mundo da criança centra-se na família, mas a partir de

determinada idade, as relações de amizade com os colegas e com os educadores de

infância e/ou professores adquirem importância. Salienta-se que a família é o

elemento com maior responsabilidade no processo de socialização da criança, através

da qual a mesma aprende os comportamentos, habilidades e valores apropriados e

desejáveis na sua cultura (Steinber, citado por Reppold, Pacheco, Bardagi e Hutz,

2002).

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

29 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Em Portugal, a criança entra para a escola primária com 6 anos, mas antes

disso, já a maior parte das crianças frequentou o jardim-de-infância, tendo tido

experiências muito vastas e interagido com os colegas.

Ao ser submetidas a um ensino formal, desenvolvem-se cognitiva e

psicologicamente. Ao terapeuta da fala cabe entender este desenvolvimento e

perceber a resposta a estímulos por parte da criança, bem como a sua reação ao meio

que a rodeia.

Abaixo se justificam algumas questões relativas a escolaridade e socialização

que consideramos pertinentes colocar aos pais em situação de anamnese

Como é o relacionamento familiar? Com quem tem a criança relações

mais significativas? Como é a relação com irmãos/irmãs? Existe

alguma dificuldade específica de relacionamento?

Caraterizar o relacionamento familiar permite perceber o meio em que a criança

está inserida. É aceite que o meio ambiente, especialmente o meio linguístico, tem

grande importância no desenvolvimento da linguagem.

Muitos autores têm também mostrado que os filhos de pais perturbados são

também frequentemente perturbados a vários níveis. Os conflitos familiares, situações

de divórcio, entre outros, são fatores que interferem grandemente no desenvolvimento

da criança. (Smith, Cowie & Blades, 1998)

Do mesmo modo, é pertinente perguntar com quem a criança tem relações mais

significativas, a fim de aferir quem é o modelo da mesma, o que nos pode elucidar

acerca de alguns aspetos linguísticos e não só.

Se existem irmãos/irmãs, poderemos questionar-nos como é a relação entre eles.

Alguns estudos têm mostrado que existe uma competição natural entre irmãos, por

vezes inconscientemente fomentados pelos próprios pais (Ex: «o teu irmão tem boas

notas e tu não, porquê?», «o teu irmão consegue»), que quando levada ao extremo

pode ser prejudicial a um ou aos dois, verificando-se muitas vezes baixa autoestima, o

que pode inibir os comportamentos verbais.

Podem ainda existir dificuldades específicas de relacionamento, como por exemplo

com um avô em particular, que devem ser estudadas.

Habitualmente, quanto tempo gastam os pais por dia em atividades

conjuntas com o filho (fazer jogos, a conversar, etc.)?

Vários estudos comprovam que as crianças inseridas em ambientes estimulantes

têm geralmente mais facilidade de aprendizagem e desenvolvem-se mais rapidamente

que aquelas que têm pouco estímulo. Por isso, é conveniente perguntar aos pais

Page 30: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

30 Anamnese e respetivas justificações teóricas

quanto tempo por dia dedicam a atividades com a criança, já que estas além de

fortalecer os laços entre pais e filhos, são estímulos importantes.

Requer muita atenção parental? Adapta-se facilmente às situações?

Expressa as suas necessidades e sentimentos? Faz muitas “birras”?

Chora excessivamente? É muito dependente dos adultos?

As questões acima apresentadas são relevantes, no sentido em que nos informam

da autonomia da criança. Se a criança requer muita atenção parental ou é muito

dependente dos adultos, provavelmente tem pouca autonomia na realização de tarefas

e exploração do meio, o que pode condicionar o seu desenvolvimento linguístico,

especialmente se os pais «colaborarem» com a criança, não a deixando experimentar

por si mesma várias situações, ou se a ignorarem. Assim, também é importante

perceber se os pais se preocupam exageradamente com a criança, incorrendo em

comportamentos de «mimo exagerado» que comprometem também a autonomia da

criança. De acordo com Rota (1991) há dois fatores implicados no equilíbrio das

crianças: o amor e autoridade. Assim, os pais devem estabelecer regras e promover a

realização de tarefas por parte da criança, e isso não anula de forma alguma o seu

amor pelos filhos.

Se a criança não é capaz de expressar as suas necessidades e/ou sentimentos, os

pais são obrigados a inferi-los, agindo muitas vezes antes de a criança ter de o fazer.

Assim, a criança deixa de ter motivação para se expressar, já que o adulto a

«percebe». As birras e o choro excessivo são uma forma inadequada de expressão, e

além de introduzirem dados sobre o desenvolvimento pragmático da criança

(especialmente as birras), podem também denotar alterações

psicológicas/comportamentais, que podem estar associadas a patologias, como por

exemplo o autismo. De acordo com Rota (1991), a birra representa uma manifestação

de impotência, quando a criança tem a sensação de não ser compreendida, o que

também pode relacionar-se com questões linguísticas.

Ri, mostra-se contente e satisfeita? Apresenta agressividade, apatia ou

teimosia? Parece desconfortável quando conhece pessoas novas? Perde

o auto controle frequentemente? Como é a criança no dia-a-dia? Adapta-

se facilmente às situações?

Perguntar acerca do psicológico da criança é de grande importância. Saber se a

criança está geralmente contente ou infeliz pode ajudar-nos a perceber a dimensão do

seu problema e como este a afeta no dia-a-dia. Será importante perceber o que motiva

essas emoções. Questionar as suas reações (agressividade, apatia, teimosia,

desconforto perante pessoas novas, descontrolo, etc.), pode ser-nos bastante útil a fim

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

31 Anamnese e respetivas justificações teóricas

de compreender o seu nível de adaptação às situações. Segundo Piaget, o

desenvolvimento intelectual é fruto das várias adaptações ao meio ambiente.

Além disso, alguns padrões comportamentais parecem estar associados a

algumas perturbações.

Costuma brincar onde e com quem? Quais as brincadeiras preferidas? E

os brinquedos preferidos?

É incontestável. A brincadeira tem um valor terapêutico na vida de uma criança.

Enquanto brinca, uma criança socializa, liberta energias, aprende… Sendo parte

integrante da vida dos mais novos, o terapeuta da fala deve explorá-la. Em primeiro

lugar, deve procurar saber onde e com quem costuma a criança brincar – se com

colegas da escola, se com os pais, se com primos… As brincadeiras serão diferentes

consoante o tipo de relação entre os dois que brincam e onde brincam.

O tipo de brincadeira exibida pela criança e os brinquedos preferidos surgem aqui

em destaque. Desde muito novas, as crianças gostam de brincar com base no que

conhecem da vida dos adultos. É o jogo simbólico, e para o terapeuta da fala é um

dado importantíssimo, já que nos dá informação relevante sobre a compreensão do

mundo por parte da criança. Além disso, estes dados podem ser úteis para efeitos de

intervenção terapêutica, funcionando como estratégia.

Frequentou creche? Se sim, a partir de que idade? Como foi a adaptação?

Se não, com quem ficou nos primeiros meses?

O terapeuta da fala deve questionar os pais sobre a frequência da criança em

creche e a partir de que idade. Alguns estudos têm evidenciado que a criança não

deve ser separada da mãe antes dos 6 meses, já que separação acarreta questões

emocionais, entre outras, porém a realidade é que as mães são obrigadas a fazê-lo

por motivos financeiros e profissionais. Esta separação levanta muitas implicações,

como o desmame precoce ou diminuição da frequência de aleitamento materno.

Assim, importa também compreender com foi a adaptação da criança à creche.

Se a criança não frequentou a creche, é importante saber com quem ficou nos

primeiros meses – se com a mãe, se com os avós, ama… - a fim de compreender as

implicações inerentes.

Com que idade entrou para o jardim-de-infância? Qual a instituição e

quem o educador(a)? Como foi a sua adaptação ao jardim-de-infância? Se

não frequentou o jardim-de-infância, com quem ficou?

De acordo com Sim-Sim (2008) “a educação pré-escolar, ainda que facultativa, é o

primeiro degrau de um longo caminho educativo com um peso decisivo no sucesso

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

32 Anamnese e respetivas justificações teóricas

escolar e social dos jovens”. No jardim-de-infância são introduzidos vários conceitos

que facilitam as aprendizagens posteriores. Estas instituições seguem as linhas

nacionais orientadoras das práticas educativas e introduzem às crianças algumas

noções como as letras, os números, as sílabas, entre outros, promovendo a

consciência fonológica e linguística e consequentemente a aprendizagem posterior da

leitura e da escrita.

Constituem ainda um local que facilita as interações sociais entre as crianças, a

atividade física e os momentos lúdico-didáticos, contribuindo assim para o

desenvolvimento global dos mais pequenos.

Por estes motivos, o terapeuta da fala deve questionar os pais acerca da

frequência ou não de jardim-de-infância. Deve ainda procurar saber que instituição

frequentou a mesma e quem foi o educador responsável, pois as atividades

desenvolvidas dependem desses fatores, entre outros. Além disso, o Terapeuta da

fala, poderá ter necessidade de entrar em contato com o educador para recolher

alguma informação.

Se a criança não frequentou o jardim-de-infância, é importante saber com quem

ficou. Esta informação pode explicar muitos dos comportamentos, linguísticos ou não,

da criança. Se a mesma ficou, por exemplo, com uma avó é provável que apresente

expressões inadequadas ou incorretas, típicas de pessoas mais idosas, como «eu di-

te» em vez de «eu dei-te».

Com que idade entrou para o 1º ciclo? Qual a escola? Qual o nome do

professor?

Em Portugal, as crianças entram geralmente para a escola primária com seis anos,

já que esta é a idade em que se pressupõe que a criança tenha concluído alguns

marcos do desenvolvimento e esteja, portanto, preparada. Por esse motivo, é

importante perceber com que idade entrou a criança no 1º ciclo, uma vez que algumas

crianças entram mais cedo (ou são submetidas ao ensino formal da leitura e da escrita

mais cedo, como no colégio João de Deus, p.e.) ou mais tarde do que o normal. Tanto

para as crianças que iniciam mais cedo a escola primária, como para as que iniciam

mais tarde, os motivos devem ser questionados.

O nome da escola e do professor é importante caso seja necessário que o

terapeuta da fala se reúna com o mesmo, com o objetivo de recolher dados ou

transmitir informação orientadora. Além disso, o ensino depende das escolas e dos

professores.

Como foi a sua adaptação ao 1º ciclo? A criança gosta de ir à escola?

Falta frequentemente à escola? Mudou de escola por alguma razão?

Page 33: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

33 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Houve mudança de professor por algum motivo? Como é a relação com

professor?

Tem alguma ideia acerca da qualidade da escola e dos professores?

Algumas crianças têm dificuldades em adaptar-se à nova instituição. Esta

dificuldade pode levar as crianças a não querer ir à escola e pode conduzir à

desmotivação, que por sua vez pode comprometer as aprendizagens. Faltar à escola

pode no entanto ter outros motivos que não a desmotivação ou má adaptação. É por

isso conveniente questionar se a criança falta frequentemente à escola e se sim,

porquê?

Por outro lado, se a criança já estava adaptada a uma escola e por algum motivo,

houve necessidade de mudar, poderá ter que se adaptar de novo, e corre o risco de

não conseguir. Além disso, pressupõe-se que a criança já estava habituada ao

professor. Alguns estudos psicopedagógicos mostram que, com a entrada na escola

primária, o professor torna-se modelo da criança e pode ser particularmente

desagradável ter que se separar do mesmo. Uma outra situação possível é que a

criança não tenha mudado de escola, mas tenha mudado de professor. Neste caso é

fundamental perceber o porquê.

Posto isto, fica claro que a relação professor-criança e vice-versa é muito

importante. Assim, justifica-se perguntar acerca do caráter da mesma.

Também pode ser útil perguntar aos pais se têm alguma ideia acerca da qualidade

da escola ou dos professores. Poderá existir algo importante a apontar, como o meio

social da grande maioria das crianças ou outras questões pertinentes.

Alguma vez reprovou? (Se sim, em que ano?) Alguma vez saltou um ano?

Se sim, em que ano? Tem mau aproveitamento escolar? A criança tem

dificuldades em que áreas?

A reprovação denota dificuldades ao nível da aprendizagem e deve ser tomada em

conta. O mau aproveitamento escolar também. Mas por si só, essa informação é

pouco relevante. O terapeuta da fala deve procurar saber quais as dificuldades da

criança. É diferente ter dificuldades de leitura e dificuldades de cálculo.

Mas nem só a reprovação é um caso que foge ao percurso normal. Algumas

crianças pulam um ou dois anos, por sugestão do professor. Entende-se que já

tenham adquirido as competências que são propostas adquirir no ano que frequentam.

No entanto, este salto é potencialmente perigoso, porque nem sempre as

aprendizagens estão consolidadas e por esse motivo, a criança pode sentir-se confusa

e ter dificuldades posteriores. Além disso, ocorre a mudança de professor e de

colegas, que já abordámos antes.

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

34 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Foi avaliado para a educação especial? Tem ou teve apoio(s)

educativo(s)? Se sim, em que área?

Saber se a criança foi avaliada para a educação especial ou se usufrui de apoios

educativos ajuda-nos a conhecer as condições de educação da criança e se estão ou

não a ser dadas à mesma as ajudas necessárias, de acordo com as suas

características.

No caso de a criança não ter sido avaliada para a educação especial, poderá estar

a ser prejudicada na sua aprendizagem e avaliação (como nos casos de dislexia).

Qual a relação da criança com os colegas? Luta regularmente com os

colegas? Brinca com os colegas? Prefere brincar sozinha? Tem facilidade

em fazer amigos?

A relação da criança com os colegas é importante, uma vez que nos informa

acerca da sua socialização. Algumas crianças mostram-se muito tímidas, preferindo

brincar sozinhas, enquanto outras revelam comportamentos agressivos perante os

colegas.

Tanto um padrão como o outro pode indiciar alguma alteração psicológica ou

emocional, ou outras, e deve ser considerado. A agressividade em particular é uma

forma de expressão que deve ser devidamente analisada, uma vez que é

característica de algumas patologias frequentemente associadas à terapia da fala. O

isolamento por sua vez pode ser o retrato das dificuldades das crianças.

Frequenta atividades extracurriculares na escola? Frequenta algum

centro de atividades de tempos livros ou centro de estudo? (Se sim,

qual? Existem nessa instituição técnicos que ajudem a criança, com um

plano individual para a mesma? Se não, com que fica?)

Onde é que a criança faz os trabalhos de casa? Tem iniciativa para

realizar os trabalhos de casa? É ajudada a realizar os trabalhos de casa?

(Se sim, quem a ajuda? De que modo?)

A frequência em atividades extracurriculares pode promover a vivência de novas

experiências e aprendizagens, além de fomentar a interação com outras crianças. A

frequência de um centro de atividades de tempos livres ou centro de estudo têm o

mesmo valor, especialmente se existirem técnicos – professores, psicólogos, etc. –

que ajudem cada criança individualmente, de acordo com as suas características.

Caso a criança não frequente nenhum centro nem atividades extracurriculares, é

pertinente perguntar com quem fica, por motivos já bastante marcados ao longo de

toda a justificação.

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

35 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Relativamente aos trabalhos de casa, são de grande importância, porque

constituem a consolidação do trabalho feito em aula. É importante saber onde os faz,

se existe iniciativa e se é ajudada. Uma criança que não tem motivação ou autonomia

para realizar os trabalhos de casa pode estar a dar-nos um sinal de que algo não está

bem. Tome-se o exemplo das crianças com perturbações da leitura e da escrita, que

geralmente se recusam a fazer qualquer tipo de trabalho que envolva a leitura e a

escrita.

Se a criança faz os trabalhos de casa num centro de atividades de tempos livres, é

provável que os faça com ajuda. A grande questão é: que ajuda está a ser dada à

criança? É apropriada? A criança tem a oportunidade de realizar os exercícios ou a

ajuda dada retira-lhe essa chance? Se, por outro lado, a criança não tem ajuda

alguma, é possível que tenha dificuldades…

XI – Atitudes

São informações preciosas na medida em que é explícito o comportamento da

criança em contexto, são recolhidas informações acerca da comunicação verbal e não-

verbal que são parte integrante e imprescindível para uma correta avaliação.

Atitudes comportamentais da criança

Ao observar como se comporta a criança durante a sessão podemos adquirir

dados adicionais muito importantes e relevantes. Por exemplo neste primeiro item

conseguimos perceber certas características da personalidade e comportamento da

criança, que nos poderão ser uteis nas futuras sessões terapêuticas. Uma criança que

não para quieta durante toda a sessão, mesmo com repreensão dos pais, pode ter um

problema de hiperatividade ou sofrer de défice de atenção, o que pode interferir na

eficácia nas sessões terapêuticas.

Segundo Barkleym R. A. “A maioria das crianças hiperativas apresenta

dificuldades na aprendizagem, (…) as suas dificuldades de atenção, a falta de reflexão

e a incessante inquietação motora não favorecem a aprendizagem.”

A criança é comunicativa e estabelece contacto?

Alguns aspetos observáveis como o desviar do olhar da criança, o facto de

usar mais comunicação não-verbal do que verbal, ou resistir à comunicação são

características específicas de certos problemas, que nos podem dar indícios de

algumas patologias.

Interação com os prestadores de cuidados

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36 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Quando existem relações sólidas, empáticas e afetivas, as crianças aprendem

a ser mais afetuosas e solidárias e acabam por ser mais comunicativas e por

desenvolver o seu relacionamento com outras crianças e com adultos. (T. B.

Brazelton, 2002)

Quando a criança tem um bom relacionamento com os pais, tem mais segurança

interior, que faz com que seja mais atenta, mais terna, confiante, facilita a capacidade

de estabelecer intimidade com os adultos e outras crianças.

Crianças que evitam o contacto com os pais, que são muito tímidas e não

estabelecem contacto visual, podem ter problemas emocionais importantes que

condicionam a sua atenção e interação social, dificultando assim a nossa futura

abordagem terapêutica.

A criança tem consciência do problema?

É importante saber se a criança tem conhecimento do seu problema, e em que

medida a afeta. Se a criança sabe qual o motivo da sua ida à Terapia da Fala e tem

consciência do seu problema, será mais fácil trabalhar com ela, pois à partida está

mais motivada e orientada para ultrapassar o problema.

Atitudes comportamentais dos pais/cuidadores

Os pais/cuidadores têm consciência do problema?

Atitudes Dos pais/cuidadores com a criança

Neste ponto é importante ter em atenção as atitudes dos pais, para

percebermos o seu envolvimento com o problema da criança, a sua consciência e a

motivação em resolve-lo. Também podemos inferir sobre o ambiente familiar,

agressividade, superproteção da criança ou o contrário, entre outros. Devemos tomar

atenção á relação com a criança, a má relação pode tornar mais lento o

desenvolvimento das habilidades mentais e sociais da criança e pode provocar

incapacidade de desenvolvimento (T. Barry Brazelton, 2002)

Podemos também neste ponto estar particularmente atentos á linguagem e

comunicação dos pais/cuidadores, a fim de perceber como interfere em algum

possível problema na criança, ou até descobrir a etiologia despistando algumas

patologias.

Quais as espectativas da criança em relação à Terapia da Fala?

Quais são as espectativas dos pais/cuidadores em relação à Terapia da

Fala?

É importante saber quais são as espectativas das crianças e dos

pais/cuidadores acerca das sessões e objetivos da Terapia da Fala.

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37 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Espectativas muito altas para um problema grave deverão ser revistas, e

deverá ser explicado o problema da criança e o grau de funcionalidade esperado.

O Terapeuta da Fala não deve dar prazos, nem estabelecer um número certo

de sessões de tratamento, pois tudo depende da recetividade, motivação e evolução

da criança ao longo das sessões.

Em relação às espectativas da criança, é bom saber que esta está motivada e

tem boas espectativas, pois certamente será mais participativa e em princípio será

mais fácil trabalhar o seu problema.

Page 38: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

38 Anamnese e respetivas justificações teóricas

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Rigolet, S. (2000). Os Três P: Precoce, Progressivo, Positivo – Comunicação e

Linguagem para uma Plena Expressão. Porto: Porto Editora

Rota, M. (1991). Comunicar com a criança: Lisboa: Terramar.

Silva, A.M. & Da Silva, K.P. & Oliveira, R.C.P.S. & Assencio-Ferreira, V.J.

(2004). A influência da mastigação na alimentação das crianças. Revista

Fonoaudiologia Brasil, 4(1), 1-3

Sim-sim, I. (1998). Desenvolvimento da Linguagem. Lisboa: Universidade

Aberta.

Smith, P.K. & Cowie, H. & Blades, M. (1998). Compreender o desenvolvimento

da criança: Lisboa: Instituto Piaget.

Torrescasana, J. (1989). Os Nossos Filhos: Guia dos Cuidadores para uma

Educação Integral das Crianças. São Paulo: Verbo.

Page 40: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreiro

40 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Apontamentos da disciplina de Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem,

lecionada pela docente Alexandra Mendonça, no ano letivo 2012/2013 – curso

de Terapia da fala, 1º ano - UalgESS

Page 41: Anamnese e Just Final

ANEXOS

PROPOSTA DE ANAMNESE

Page 42: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira

42 Anamnese e respetivas justificações teóricas

I – FOLHA DE REGISTO

Nome do observador: ____________________________________________

Data da observação: ___/___/___

Local da observação: ____________________________________________

Número do processo: ____________________________________________

Encaminhamento por:____________________________________________

Motivo do envio:_________________________________________________

Informações fornecidas por: _______________________________________

II – IDENTIFICAÇA O

Nome da criança:_________________________________________________

Data de nascimento: ___/___/___ Idade: ___A___M Sexo: F __ M __

Morada:_________________________________________________________

Nacionalidade:________________ Naturalidade:_________________

Lateralidade:

Destra ( ) Canhota ( ) Ambidestra ( )

Prestador de cuidados:

Nome:__________________________________________________________

Idade: _______ Grau de parentesco:_______________ Contacto:___________

Outros contactos importantes:_______________________________________

Filiação:

Nome do pai: ____________________________________________________

Idade: _______ Naturalidade:_________________________________

Habilitações:________ Profissão: ____________________________________

Local de Trabalho: ___________________________ Contacto:____________

Nome da mãe: ___________________________________________________

Idade: _______ Naturalidade:_________________________________

Page 43: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira

43 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Habilitações:________ Profissão: ____________________________________

Local de Trabalho: ___________________________ Contacto:____________

Estado Civil dos Pais: Casados___ Divorciados___

Outro: ____________

Fratria:

Tem irmãos: Sim ___ Não ___

Nº de irmãos: ___________ Idade (s): ___/___/___/___/___/___

Nome dos irmãos:

A: _____________________________________________________________

B: _____________________________________________________________

C: _____________________________________________________________

D: _____________________________________________________________

E: _____________________________________________________________

F: _____________________________________________________________

Ano(s) de escolaridade dos irmãos:

A: ____________________ D: ____________________

B: ____________________ E: ____________________

C: ____________________ F: ____________________

Agregado familiar:

Com quem vive:

Pai/Mãe ___ Pai ___ Mãe ___ Irmãos ___ Avós ___

Outros:_____________

Situação escolar atual:

Escola:_________________________________________________________

Ano que frequenta:_______ Contacto da escola:_____________

Page 44: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira

44 Anamnese e respetivas justificações teóricas

III – MOTIVO DA CONSULTA

Época do aparecimento do problema:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Há quanto tempo persiste?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Quem notou o problema:

Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Avós ( ) Educadores/Professores ( )

Outros: _________________________________________________________

Como verificou o problema?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

O que fizeram para lidar com essa situação?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Quais pensam ser a(s) causa(s) desse problema?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Notou evolução do problema? Sim ( ) Não ( )

Page 45: Anamnese e Just Final

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45 Anamnese e respetivas justificações teóricas

A criança tem consciência do seu problema? Sim ( ) Não ( )

Se sim:

Qual a sua reação e atitude face ao problema?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Qual a atitude dos pais face ao problema?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Qual a atitude do educador/professor; colegas face ao problema:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Recorreu anteriormente a consulta de terapia da fala? Sim ( ) Não ( )

Se sim:

Qual o motivo?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Qual o Terapeuta e local:

_______________________________________________________________

Duração da intervenção:

_______________________________________________________________

Page 46: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira

46 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Que trabalho foi desenvolvido?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Houve melhorias? Sim ( ) Não ( )

Porque deixou anteriormente a terapia da fala?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Porque quis voltar a ter consultas de terapia da fala?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Outras informações relevantes:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

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Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira

47 Anamnese e respetivas justificações teóricas

IV – ANTECEDENTES FAMILIARES

Consanguinidade: Sim ( ) Não ( )

Existem familiares que possuam Perturbações de Fala ou de Linguagem?

S ( ) N ( )

Se respondeu sim, quem?

Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Avós ( ) Outros: _________________

Que tipo de dificuldades?___________________________________________

_______________________________________________________________

Existe algum familiar com doenças hereditárias? S ( ) N ( )

Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Avós ( )

Outros ( ) Quais? _______________________________________________

Existe algum familiar com epilepsia? S ( ) N ( )

Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Avós ( ) Outros ____________________

Existe algum familiar com Paralisia Cerebral? S ( ) Não ( )

Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Avós ( ) Outros ____________________

Observações:____________________________________________________

_______________________________________________________________

Existe algum familiar com algum dos problemas abaixo descritos? Se sim,

quem?

Visuais: ________________________________________________________

Auditivos: _______________________________________________________

Motores:________________________________________________________

Neurológicos: ____________________________________________________

Psicológicos: ____________________________________________________

Outros: _________________________________________________________

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48 Anamnese e respetivas justificações teóricas

V – ANTECEDENTES PESSOAIS

Desenvolvimento Pré-Natal – Gravidez

Primeira gravidez? S ( ) N ( ) ______________________________________

Planeada? S ( ) N( ) _____________________________________________

Foi aceite? S ( ) N( ) ____________________________________________

Se não, Qual o estado emocional da mãe? Pensou em abortar?

_______________________________________________________________

Vigiada? S( ) N( ) _______________________________________________

De Risco? S( ) N( ) ______________________________________________

Ameaça de aborto? S( ) N( ) _______________________________________

Medicamentos: S( ) N( )

Quais?__________________________________________________________

Tempo de gestação: ___ semanas

Ocorreram complicações durante a gravidez? S( ) N( )

( ) Acidentes ( ) Doenças infeciosas ( ) Medicações ( ) Raio-X

( ) Hemorragias ( ) Psicológicas

( ) Outros: ____________________________

Tinha hábitos de tabagismo/ álcool/ drogas? S( ) N( )

Com que frequência?__________________________________

Período Peri-Natal - Parto

Parto: Local_______________ Duração ____________________________

Natural ( ) Provocado ( ) Eutócico ( ) Distócito ( ) - Fórceps ( ) Ventosa ( )

O Parto foi assistido? S( ) N( )

Complicações____________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Periodo Pós-Natal – Pós-Parto

Page 49: Anamnese e Just Final

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49 Anamnese e respetivas justificações teóricas

O 1º choro foi imediato? S( ) N( )

Coloração da pele ao nascer: Rosada ( ) Roxa ( ) Amarela ( )

Peso à nascença: ________________

Comprimento à nascença: __________________

Perímetro cefálico:_______________

APGAR: 1ºm ______ 5ºm ______ 10ºm ______

Houve necessidade de reanimação? S( ) N( )

Necessitou de incubadora? S( ) N( ) Motivo__________________________

Duração________________________

Sinais traumáticos? S( ) N( )

Quais?________________________________________

Existiram complicações com a mãe e/ou com a criança? S( ) N( )

Se Sim, quais?___________________________________________________

VI – HISTO RIA CLINICA

Médico de Família______________ Contacto_______________

Pediatra___________________ Contacto___________________

A criança foi, ou é acompanhada por outros profissionais de saúde? S( ) N( )

Quais?__________________________________________________________

Exames/Relatórios________________________________________________

A criança já apresentou/apresenta alguma destas situações patológicas?

Meningite ( )___________________Rubéola ( )________________________

Rinite ( )______________________ Amigdalite ( )______________________

Sinusite ( )_____________________ Faringite ( )_______________________

Asma ( )______________________ Laringite ( )_______________________

Page 50: Anamnese e Just Final

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50 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Alergias ( )____________________ Bronquite ( )_______________________

Doenças neurológicas ( )__________________ Outras ( )

_______________________________________________________________

Audição:

( ) Otites

_______________________________________________________________

( ) Problemas auditivos

_______________________________________________________________

( ) Tubos nos tímpanos

_______________________________________________________________

Já fez algum exame auditivo? S ( ) N ( )

Se sim, quando? __________________________

Resultado do teste:________________________________

Visão:

Problemas visuais: S ( ) N ( )

Já fez algum exame visual? S ( ) N ( )

Se sim, quando? ___________________________________________

Resultado:________________________________________________

Uso de óculos: S ( ) N ( )

Uso de lentes de contacto: S ( ) N ( )

A criança já sofreu quedas/traumatismos? S( ) N( )

Quais?_________________________Quando?_________________________

Intervenções cirúrgicas? S( ) N( )

Quais?_________________________Quando?_________________________

A criança já esteve internada? S( ) N( )

Motivo:_______________________

Quando e quanto tempo?____________________

Page 51: Anamnese e Just Final

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51 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Já tomou, ou toma algum tipo de medicamentos? S( ) N( )

Qual a medicação e motivo?________________________________________

As vacinas estão em dia? S( ) N( )

_____________________________________

VII – DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E SONO

Desenvolvimento psicomotor

Como era em bebé?

Apático ( ) Calmo ( ) Agitado ( )

Por volta de que idade é que a criança adquiriu os seguintes comportamentos:

- Primeiro Sorriso __________

- Primeiros dentes __________

- Dentição completa__________

- Reflexo de sucção __________

- Segurar a cabeça __________

- Rolar __________

- Gatinhar __________

- Sentar-se com apoio __________ Sem apoio __________

- Pôr-se de pé com apoio __________ Sem apoio __________

- Primeiros passos __________

- Subir escadas ___________

- Agarrar e manipular objetos __________

A criança apresenta movimentos anormais? S ( ) N ( )

Se sim, quais?

Tiques ( ) Balanceamento ( )

Outros:

_______________________________________________________________

Page 52: Anamnese e Just Final

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52 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Lateralidade

A criança prefere uma mão em relação à outra? S ( ) N ( )

Se sim, qual? __________

Controlo dos esfíncteres

- Anal: Nocturno ( ) Diurno ( )

- Vesical: Nocturno ( ) Diurno ( )

- Existiram regressões? Sim ( ) Não ( )

Verificaram algum(ns) problema(s) relacionado(s) com a motricidade da

criança? S ( ) N ( )

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Utilizou aparelho corretor dentário? S ( ) N ( )

Se sim, qual o motivo?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Outras informações relevantes:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Sono

Em bebé dormia bem? S ( ) N ( )

A criança atualmente dorme:

- Em quarto individual ( ) Se sim, desde que idade __________

- No quarto dos pais ( )

- Conjuntamente com os irmãos ( ) Se sim, desde que idade ___________

Page 53: Anamnese e Just Final

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53 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Hora habitual de deitar __________

Hora habitual de levantar __________

Comportamentos relacionados com o deitar:

- Necessita de companhia ( )

- Utiliza algum objeto para adormecer ( )

- Tem medo do escuro ( )

- Tem algum hábito especial para dormir? Sim ( ) Não ( )

Se sim, qual?

_______________________________________________________________

- Outros:

_______________________________________________________________

Comportamentos relacionados com o sono:

- Acorda durante a noite ( )

- Baba-se na almofada ( )

- Dorme de boca de aberta ( )

- Ressona ( )

- Fala durante o sono ( )

- Tem pesadelos ( )

- Sonambulismo ( )

- Sono agitado ( )

- Sono tranquilo ( )

- Outros:

_______________________________________________________________

Comportamentos relacionados com o acordar:

- Dificuldades em acordar ( )

- Não se quer levantar ( )

Page 54: Anamnese e Just Final

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54 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Outras informações relevantes:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

VIII – ALIMENTAÇA O E HA BITOS ORAIS

Alimentação

Mamou? S ( ) N ( )

Se sim, até que idade? ____________________

Se não, porquê?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Utilizou biberão até que idade? ______________________

Quando é que iniciou alimentação pastosa?

_______________________________

Quando é que iniciou a alimentação sólida?

__________________________________

A criança foi alimentada por sonda? S ( ) N ( )

( ) Gástrica ( ) Naso gástrica ( ) Oro gástrica

Quando? ____________________

Com que idade começou a comer sozinho?

___________________________________

Qual foi a reação da mãe em relação à alimentação da

criança?________________________________________________________

Page 55: Anamnese e Just Final

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55 Anamnese e respetivas justificações teóricas

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Sensibilidade a algum alimento?

_______________________________________________________________

Teve alguma dificuldade na alimentação?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Presentemente, a criança tem horas para comer? S ( ) N ( )

Tipo de mastigação:

( ) Lenta ( ) Rápida

( ) Unilateral ( ) Bilateral

( ) Ruidosa

Dificuldades na deglutição do bolo alimentar?

( ) Engasgos frequentes ( ) Vómitos

Hábitos orais

Onicofagia (roer as unhas): S ( ) N ( )

Bruxismo (ranger os dentes): S ( ) N ( )

Sucção digital, labial ou lingual: S ( ) N ( ) _____________________________

Morder objetos: S ( ) N ( )

Briquismo? S ( ) N ( )

Utilizou chucha? S ( ) N ( )

Até que idade?

__________________________________________________________

Encerramento labial:

( ) Bilateral ( ) Unilateral

Page 56: Anamnese e Just Final

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56 Anamnese e respetivas justificações teóricas

IX – DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

O bebé reagia a estímulos? S ( ) N ( )

Como reagia o bebé quando a mãe ou outros deixavam de falar?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Palreio? S ( ) N ( ) Idade: ________________

Pegar a vez? S ( ) N ( ) Idade: _________________

Imitação? S ( ) N ( )

Atenção conjunta? S ( ) N ( )

Lalação? S ( ) N ( ) Idade: ________________

Primeiras Palavras:

Quais? _____________________________________

Idade _____________

Fazia pedidos? S ( ) N ( ) Idade _____________

Como?:

Oralmente? S ( ) N ( )

Gestos? S ( ) N ( )

Outros. Quais?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Fazia perguntas? S ( ) N ( ) Idade _____________

ATUALMENTE

Como é que comunicam com a criança?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

A criança compreende o que lhe dizem? S ( ) N ( )

Quando não compreende, o que faz (pede esclarecimentos, ignora...)?

Page 57: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira

57 Anamnese e respetivas justificações teóricas

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Como é que a criança comunica no seu dia-a-dia?

Gestos: S ( ) N ( )

Palavras isoladas: S ( ) N ( )

Frases simples: S ( ) N ( )

Frases complexas: S ( ) N ( )

Outras? Quais?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

O discurso que a criança produz é inteligível? S ( ) N ( )

Gaguez? S ( ) N ( ) Idade _____________

As pessoas mais próximas compreendem a criança? S ( ) N ( )

E as pessoas sem relação com a criança? S ( ) N ( )

Como reage a criança quando não é compreendida?

Observações:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Quais são os parceiros comunicativos da criança? (pais, professora, colegas,

outras crianças…)

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Consegue manter o tópico de conversa? S ( ) N ( )

Observações:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Page 58: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira

58 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Número de palavras que a criança produz: __________________

Número de palavras por frase: ____________________________

X – ESCOLARIDADE E SOCIALIZAÇA O

Como caracteriza o relacionamento familiar?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Com quem tem a criança relações mais significativas?

_______________________________________________________________

Particularmente, como é a relação com irmãos/irmãs?

_______________________________________________________________

Existe alguma dificuldade específica de relacionamento?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Habitualmente (mãe e/ou pai), quanto tempo gasta por dia em atividades

conjuntas com o vosso filho (fazer jogos, a conversar, etc.)?

_______________________________________________________________

Requer muita atenção parental? S ( ) N ( )

Adapta-se facilmente às situações? S ( ) N ( )

Ri, mostra-se contente e satisfeita? S ( ) N ( )

Apresenta agressividade, apatia ou teimosia? S ( ) N ( )

Expressa as suas necessidades e sentimentos? S ( ) N ( )

Faz muitas “birras”? S ( ) N ( )

Parece desconfortável quando conhece pessoas novas? S ( ) N ( )

Perde o auto controle frequentemente? S ( ) N ( )

Chora excessivamente? S ( ) N ( )

É muito dependente dos adultos? S ( ) N ( )

Page 59: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira

59 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Como é a criança no dia-a-dia:

( ) Distraída ( ) Irrequieta ( ) Insatisfeita ( ) Desinteressada ( ) Impulsiva

( ) Hiperativa ( ) Atenta

Costuma brincar onde e com quem?

_______________________________________________________________

Quais as brincadeiras preferidas?

_______________________________________________________________

E os brinquedos preferidos?

_______________________________________________________________

Frequentou creche? S ( ) N ( )

Se sim, a partir de que idade?

__________________________________________________________

Como foi a adaptação?

__________________________________________________________

__________________________________________________________

__________________________________________________________

__________________________________________________________

Se não, com quem ficou nos primeiros meses?

____________________________

Com que idade entrou para o jardim-de-infância? ________________________

Nome da instituição: _________________

Nome do educador(a): ________________

Como foi a sua adaptação ao jardim-de-infância?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Se não, com quem ficou? __________________________________________

Com que idade entrou para o 1º ciclo? ________________________________

Escola: _______________________ Professor: ________________________

Como foi a sua adaptação ao 1º ciclo?

Page 60: Anamnese e Just Final

Daniela Romba, Eva Viegas, Joana Santos & Mariana Guerreira

60 Anamnese e respetivas justificações teóricas

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Mudou de escola por alguma razão? S ( ) N ( )

Se sim, qual?

_______________________________________________________________

Houve mudança de professor por algum motivo? S ( ) N ( )

Se sim, qual?

__________________________________________________________

Alguma vez reprovou? S ( ) N ( )

Se sim, em que ano?

__________________________________________________________

Alguma vez saltou um ano? S ( ) N ( )

Se sim, em que ano?

__________________________________________________________

Tem mau aproveitamento escolar? S ( ) N ( )

Se sim, em que áreas?

______________________________________________

Foi avaliado para a educação especial? S ( ) N ( )

A criança gosta de ir à escola? S ( ) N ( )

Tem alguma ideia acerca da qualidade da escola e dos professores?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Falta frequentemente à escola? S ( ) N ( )

Se sim, porquê?

__________________________________________________

Verifica-se dificuldades em:

( ) Ler ( ) Coordenação motora ( ) Contar ( ) Calcular ( ) Memorização

( ) Escrever ( ) Atenção ( ) Concentração ( ) Distinguir cores

( ) Distinguir números ( ) Distinguir letras

Como é a relação com:

Professor(a): ( ) Boa ( ) Razoável ( ) Difícil

Colegas: ( ) Boa ( ) Razoável ( ) Difícil

Page 61: Anamnese e Just Final

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61 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Luta regularmente com os colegas? S ( ) N ( )

Brinca com os colegas? S ( ) N ( )

Prefere brincar sozinha? S ( ) N ( )

Tem facilidade em fazer amigos? S ( ) N ( )

Tem ou teve apoio(s) educativo(s)? S ( ) N ( )

Se sim, em que área? _______________________________

Frequenta atividades extracurriculares na escola? S ( ) N ( )

Frequenta algum centro de atividades de tempos livros ou centro de estudo? S

( ) N ( )

Se sim, qual?

______________________________________________________

Existem nessa instituição técnicos que ajudem a criança, com um plano

individual para a mesma? S ( ) N ( )

Se não, com quem fica?

____________________________________________

Onde é que a criança faz os trabalhos de casa?

______________________________

Tem iniciativa para realizar os trabalhos de casa? S ( ) N ( )

É ajudada a realizar os trabalhos de casa? S ( ) N ( )

Se sim, quem a ajuda?

___________________________________________

De que modo?

________________________________________________

XI – ATITUDES

Atitudes comportamentais da criança: Tímida ( ) Alegre ( ) Triste ( ) Motivada ( ) Indiferente ( ) Atenta ( ) Irrequieta ( ) Outras ( ) _______________________________________________________________ A criança é comunicativa e estabelece contacto? S( ) N( ) _______________________________________________________________

Page 62: Anamnese e Just Final

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62 Anamnese e respetivas justificações teóricas

Interação com os prestadores de cuidados _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ A criança tem consciência do problema? S( ) N( ) _______________________________________________________________

Atitudes comportamentais dos pais/cuidadores: Autoritários ( ) Alegres ( ) Motivados ( ) Comunicativos ( ) Indiferentes ( ) Outras ( ) _______________________________________________________________ Os pais/cuidadores têm consciência do problema? S( ) N( ) _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

Atitudes dos pais/cuidadores com a criança _______________________________________________________________ _______________________________________________________________

Quais as espectativas da criança em relação á Terapia da Fala?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________ Quais as espectativas dos pais/cuidadores em relação á Terapia da Fala? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________